Guerra Fria: a repercussão da Crise dos Mísseis na
imprensa brasileira
Resumo— Este projeto analisa a Guerra Fria, mais
especificamente os acontecimentos ocorridos durante a Crise dos
Mísseis de Cuba. Destacando as fundamentações para ocorrido e
a importância desse evento para os países envolvidos, a fim de
demonstrar a relevância para um cenário global e para o Brasil.
O problema de pesquisa tem a finalidade de entender e
apresentar como a imprensa brasileira representou a
participação dos Estados Unidos, União Soviética, República de
Cuba e outros países envolvidos na Crise de Outubro e seus
episódios políticos e militares, assim como seu valor diplomático.
Escolhemos como fonte primária os jornais Última Hora e Correio
da Manhã do Rio de Janeiro que destacam tanto a perspectiva do
conflito de influências políticas entre as superpotências, quanto o
conflito militar causado pelas bases nucleares no exterior de
ambas as potências, que foi a real ameaça durante os dias da
crise.
Palavras-chave: Guerra Fria, Crise dos Mísseis, História e
Imprensa.
I. INTRODUÇÃO
Escolhemos a Crise dos Mísseis por ser uma das fases
mais incertas da Guerra Fria e de toda a história,
representando um perigo real para os países envolvidos e
para o resto do mundo. Ela retrata bem os assuntos como o
abuso do poder presente nas potências, o medo mundial para
desastres ou conflitos militares, usando armamentos
nucleares apresentados na Segunda Guerra Mundial, em
Hiroshima e Nagasaki e a corrida para estabelecer sua
ideologia como superior entre as potências.
Acreditamos que a magnitude da crise está tanto nos
episódios e relações políticas quanto nas frentes militares
deste conflito, transformando assim, o seu final em um
marco para a diplomacia. Devido a isso escolhemos como
problema de pesquisa como a imprensa brasileira
representou a Crise dos Mísseis, a fim de demonstrar a
relevância deste momento na política internacional e na
brasileira, para procurar e destrinchar padrões sobre os seus
pontos de vistas apresentados pela imprensa brasileira da
época. Analisando o posicionamento ideológico presente nas
matérias. Junto ao tema, delimitar as relações políticas e
militares entre as potências e países envolvidos na crise com
o objetivo de entregar um maior entendimento sobre o
ocorrido.
Esse artigo tem como objetivo analisar a importância da
Crise dos Mísseis durante a Guerra Fria, como a imprensa
brasileira retrata o fato ocorrido e compreender o seu
contexto. Iremos analisar como a crise afetou os países
envolvidos e o mundo, evidenciando a queda da América do
seu grandioso pedestal militar, de prestigio e autoridade.
II. TRABALHOS RELACIONADOS
Para a realização desta pesquisa, utilizamos as obras: “O
lado negro de Camelot: Sexo e corrupção na Era Kennedy”
escrito por Seymour Hersh e “Fim do Mundo: Guerra,
Destruição e Apocalipse na História e no Cinema” organizado
por Cesar Guazzelli.
Ao ponto mais agravante da Crise os Estados Unidos, com
sua força militar totalmente mobilizada, já havia efetuado um
bloqueio militar e econômico na República Cubana,
controlando sem direito águas internacionais. Cuba estava
completamente isolada, com poucos aliados e nações
simpatizantes na América Latina, espionada constantemente
pela nação americana. A União Soviética, pela primeira vez,
acaba demonstrando parte do medo e da falta de segurança
presente desde as instalações americanas na Europa. Uma
opressão nunca respondida, até agora.
Ao final da Crise, os Estados Unidos já haviam cercado a
Ilha de Cuba completamente. Usando as Repúblicas da Costa
Rica e Porto Rico como base para Marinha e Aeronáutica, com
o interesse de mobilizar um bloqueio do sul à oeste, assim
como utilizaram o estado de Flórida para uma mobilização, da
maior parte das forças americanas, e efetuando um bloqueio
marítimo constante sobre águas internacionais, a fim de cortar
o envio dos materiais econômicos e bélicos da União
Soviética, assim, efetuando pressão pelo norte e leste. A
República de Cuba já não havia forças militares para se igualar
ao poderio americano, embora a tempos estivesse sendo
tratada, pelos americanos, como um inimigo. Quem sabe isto
não tenha sido motivo para uma aliança com o Bloco
Soviético? Embora sua desvantagem clara, muitas nações
latina Americanas a considerava uma forte ameaça a todos.
Mas como chegou a este ponto?
Os eventos ocorridos durante a Invasão da Baía dos
Porcos, no ano de 1961, foram decorrências do plano
governamental Estadunidense (ZR/RIFLE), com o principal
objetivo de extinguir definitivamente o governo de Fidel
Castro sobre Cuba e assim liquidar um possível regime
comunista na América Latina.
Durante o governo do presidente norte americano Dwight
D. Eisenhower a Agência Central de Inteligência (CIA)
considerava uma maior vulnerabilidade a uma adoção de um
possível regime de ideais socialistas no Congo, na República
Dominicana, e em Cuba. A suspeita americana sobre um
possível surgimento do sistema comunista tão próxima a
América do Norte realmente se tornava uma ameaça, sendo
capaz de influenciar outras nações latino-americanas a adotar
uma ideologia Marxista. Isso influenciou, junto ao grande prontos para o disparo, poderiam explodir sobre
orgulho estadunidenses um coexistir com uma possível Washington em 13 minutos. [2]
“ameaça socialista” tão próxima à própria nação.
O mundo era o tabuleiro de xadrez das potências e a URSS
Influenciaram a criação de um programa governamental
fez a jogada mais perigosa. Os mísseis soviéticos na ilha de
extremamente sigiloso, denominada “Ação Executiva”, porém
Cuba nada mais eram que uma resposta direta a existência de
recebendo o real nome de ZR/RIFLE, com o objetivo de
bases estadunidenses na Itália, Inglaterra e principalmente na
posteriormente dizimar líderes estrangeiros que possivelmente
Turquia. As potencias sabiam que a existência de bases
seriam simpatizantes a ideais socialistas. Dentre esses líderes
inimigas tão próximas era um convite para guerra.
estava Fidel Castro, atual primeiro ministro de Cuba.
O presidente americano, John F. Kennedy movimentou
Em 1959, Fidel Castro tomava o poder da República de
uma enorme quantidade de homens e instrumentos para uma
Cuba, localizado há apenas 166 km do estado da Florida nos
possível invasão a ilha de Cuba, e provavelmente iniciar o
Estados Unidos, se tornando assim o nome principal dentro da
primeiro conflito nuclear da raça humana. O Pentágono previa
lista executiva de Eisenhower, que visava dissolver possíveis
uma baixa devastadora de pelo menos 18,5 mil soldados
regimes de esquerda, considerados como ameaças em
americanos nas primeiras semanas de confronto, porém se
potencial. Após dois anos da conquista de Castro sobre o
houvesse um confronto, a principal frente dessa possível
controle de Cuba, a CIA e o governo estadunidense
guerra seria utilizando o arsenal nuclear. A nação americana
preparavam os refugiados cubanos para uma invasão, a uma
apresentava uma vantagem gritante em comparação com sua
obscura parte do litoral de Cuba nomeada como Baía dos
rival soviética. Durante o período da crise a nação anglo-
Porcos. Dentre os objetivos impostos ao ataque estava
saxônica tinha a seu dispor três mil ogivas, por volta de três
dissolver o governo de Castro, promover uma revolta e
centenas de lançadores de mísseis. Enquanto sua oponente
liquidar o primeiro ministro Cubano, porém o resultado não
tinha sobre seu controle 250 ogivas e um número não
foi o esperado pelo governo americano.
conhecido de lançadores de mísseis, porém com quantidade
Em sua biografia, Fidel Castro, Fidel, o jornalista estimada em cerca de 24 a 44 lançadores.
TadSzulc escreveu que Ramiro Valdés que montara o
27 de outubro de 1962, o penúltimo dia da Crise dos
serviço secreto de Cuba depois da revolução de
Mísseis ficou conhecido como sábado negro, nome digno para
1959, teria dito que seus agentes conseguiram seguir
o momento, pois talvez possa ter sido o ponto mais perigoso
os planos da Cia para Baía dos Porcos passo a
de toda a história da raça humana. Enquanto Kruschev estava
passo, desde os primeiros dias de treinamento na
tendo que lidar ao mesmo tempo com o fanatismo de Fidel
Guatemala. Havia tanta informação saindo de
Castro, a tensão entre a URSS e os EUA beirava a guerra. O
Miami, disse Valdés, que era difícil saber o que era
risco incomparável naquele momento levou Kruschev a
verdade e o que era boato. [1]
oferecer uma saída ao presidente americano, nele expressava
Em 17 de Abril de 1961, milícias, junto ao exército do as condições de que se o governo americano garantisse que se
primeiro ministro cubano, Fidel Castro, triunfaram sobre a não houvesse nenhuma espécie de retaliação, na ilha de Cuba
tropa de exilados, que era formada por 1400 homens. por parte dos EUA, isso mudaria completamente a situação..
Imediatamente Castro comunicou através da imprensa cubana
A segunda carta do Premier Soviético ofereceu uma
a sua vitória diante a Nação Estadunidense.
proposta de uma “troca de favores”. Kruschev retiraria o
Toda via o fracasso de John F. Kennedy, na época, armamento nuclear presente na ilha de Cuba, se o governo
presidente dos Estados Unidos da América, também lhe serviu estadunidense retirasse de suas bases na Europa seus mísseis
muito bem publicamente. Após o povo americano descobrir júpiters, que eram descritos como estrategicamente inúteis.
sobre a possibilidade de uma nação comunista tão próxima a
O ápice da tensão ocorreu na tarde do dia 27 de outubro de
costa, esse fato incomodou a população, que aumentou
1962 quando um avião espião americano foi tombado por um
drasticamente os índices de popularidade do jovem presidente
míssil soviético, durante um vôo rotineiro com fim de obter
que tentará parar o socialismo nas Américas, porém Castro
informações sobre a ilha.
estava perto de se tornar muito mais que uma simples pedra no
sapato do governo dos EUA. O mundo estava agora a beira de um holocausto nuclear,
com os generais americanos indignados com o ocorrido. Antes
Após os acontecimentos ocorridos na Crise de Berlim, as
do pior, o presidente Kennedy enviou seus termos ao primeiro
relações entre a URSS e os EUA se encontravam fragilizadas,
ministro soviético:
conforme o planeta presenciava ambas as superpotências
culminava a um conflito nuclear. [...] A pedido do presidente, a cópia de [uma] carta
foi entregue ao embaixador soviético por Robert
[...] Foram descobertas diversas bases de mísseis
Kennedy, acompanhada de uma forte mensagem
nucleares sendo construídos em cuba , “segundo a
verbal : o grau de escalada bélica ainda estava sob
CIA, os mísseis tinham um alcance de 1.600 Km e
controle ; os Estados Unidos poderiam proceder
tinham capacidade de atingir grande parte da orla
rumo à paz e ao desarmamento, ou, como procurador
marítima oriental do pais [EUA]. Uma vez armados e
geral descreveu posterior mente, poderíamos adotar,
 forte e esmagadora ação retaliadora... a menos que
[o presidente] fosse informado imediatamente que os
mísseis fossem retirados. [1]
Pouco tempo depois foi anunciado que os termos de
Kennedy teriam sido aprovados. Marcando o governo de
Kennedy pela eternidade. Assim encerrando a Crise dos
Mísseis.
III. DESENVOLVIMENTO
Para fins de desenvolvimento desta pesquisa utilizamos os
jornais Correio da Manhã, que foi fundado em 1901 por
Edmundo Bittencourt e Paulo Bittencourt e utilizamos também
o jornal Última Hora, fundado em 1951 pelo jornalista Samuel
Wainer. Utilizamos também o texto da autora Tânia Regina de
Luca para um melhor amadurecimento em respeito a utilização
de jornais como fonte de pesquisa acadêmica.
A imprensa não era utilizada como fonte de pesquisa
primária para projetos de pesquisa por que os fatos poderiam
ser facilmente alterados com a finalidade de favorecer a quem
redigia a matéria.
Nesse contexto, os jornais pareciam pouco
adequados para a recuperação do passado, uma vez
que essas “enciclopédias do cotidiano” continham
registros fragmentários do presente, realizados sob o
influxo de interesses, compromissos e paixões. Em
vez permitirem captar o ocorrido, dele forneciam
imagens parciais, distorcidas e subjetivas. [3]
Em 1970, com a mudança do conceito na utilização
de jornais como fonte de pesquisa, podemos ver o
desenvolvimento de projetos utilizando periódicos. E partindo
desse conceito fizemos a leitura do texto da Tânia Regina de
Luca com o objetivo de compreender a história por meio de
periódicos. A autora descreve que para uma notícia ser
transmitida ela precisa obrigatoriamente ter uma grande
importância e consequentemente um conflito significativo.
A fim de uso escolar podemos definir a utilização da
mídia como um modo de compreendermos como a
sociedade procedeu e como procede nos dias hoje a
respeito dos fatos que ocorreram em tempos de
censura e em época de liberdade de expressão,
trazemos a discórdia em cada período. A variedade
das fontes da imprensa é enorme e as suas
possibilidades de pesquisa são amplas e variadas.
Assim não é viável sugerir um procedimento
metodológico ou mesmo técnicas de pesquisa que se
deem conta de tantas possibilidades. Entretanto, vale
destacar alguns pontos muito gerais para quem
deseja iniciar uma pesquisa nesse campo. Afinal,
onde se começa? [3]
A partir da leitura do texto, do entendimento dos
integrantes do grupo e das dicas do nosso orientador
utilizaremos o site da Hemeroteca Digital para analisarmos os
jornais com a finalidade de estudar e aprofundar a discussão,
tentando retratar como a imprensa brasileira transmitiu a Crise
dos Mísseis.
IV. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Crise dos Mísseis foi um dos momentos mais tensos da
Guerra Fria e o Brasil teve uma grande importância nessa fase
da história.
Durante o primeiro dia da Crise dos Mísseis, 16 de outubro
de 1962, podemos notar pela notícia apresentada no jornal que
os Estados Unidos estavam preocupados com o comércio de
Cuba. Principalmente os navios da URSS, depois da
descoberta de bases soviéticas em Cuba, foi ordenando um
bloqueio em Cuba, seguido da notícia do dia 17 outubro de
1962, que descrevia a visita de Ben Bella, o primeiro ministro
da Argélia, a Cuba. O momento que Cuba estava enfrentando
era de uma hostilidade e medo de qualquer retaliação por parte
dos Estados Unidos, o que foi considerado como “Ato de
Valentia”, onde discutiam sobre as chantagens e os subornos
aplicados a República de Cuba por parte dos norte-americanos.
Além do bloqueio econômico aplicado a Cuba em águas
internacionais.
No dia 18 de outubro de 1962, a entrega da “medalha de
honra” a Fidel Castro pelo Primeiro-Ministro Argelino, Ben
Bella, gerou uma grande repercussão, então enquanto Cuba
lutava contra o bloqueio, os Estados Unidos defendiam suas
ações perante a ONU, dizendo que suas ações não passavam
de uma medida de segurança e não atentava contra o regime
fideísta. Todas essas notícias foram passadas publicadas pelo
jornal Última Hora durante os dias de 16 a 18 de outubro do
ano de 1962, onde se percebe que o jornal em diversas
situações publica informações repetitivas em suas matérias
para aumentar o tamanho de suas notícias.
No dia 19 de outubro de 1962, na página 3 do jornal, temos
a primeira questão colocada de forma severa. Esse realismo
político é o dever desse jornalista, defender os intelectuais do
povo e perguntar ao jovem presidente americano: [...] “Quer
repedir em relação a Cuba no ano de 1962 a política de Teddy
Roosevelt ou de Macmillan?... E logo esclarecer, com
franqueza natural: - Não conte com o Brasil para a criminosa
tarefa.” [4]
No dia 20 de outubro, os Estados Unidos melhoraram sua
defesa antiatômica no litoral da Florida, a apenas 165 km da
capital cubana, a cidade de Havana. Esse reforço consiste em
mais dois misseis.
Dia 22, o presidente Kennedy revelou para todo o mundo,
em cadeia aberta por rádio e televisão, que Cuba havia sido
armada pelo bloco soviético, com armas que poderiam
transformar a ilha numa base, e que ameaçava diretamente os
Estados Unidos. O que os obrigou a montar a chamada
“Quarentena”, que proibiu todo e qualquer embarque militar
de entrar em Cuba. Kennedy convocou a organização dos
Estados Unidos e a ONU, para fazer um apelo ao primeiro
ministro soviético, pedindo a retirada dos mísseis soviéticos
em Cuba.
O Brasil, no dia 24 de outubro de 1962 tomou a público
seu apoio as nações unidas pelo oitavo tratado do Rio de
Janeiro, verificar desde que não houvesse bloqueio total dos
navios em Cuba e nem a invasão, e confirmariam que o
problema seria encaminhado para a manutenção da paz.
Neste ponto, a crise já é repercutida mundialmente, e
países como Cingapura, Austrália, Venezuela, Argentina
apoiavam o firmamento americano. Países como o México não
chegaram a escolher um lado, pois não apoiavam que houvesse
uma ajuda injusta contra Cuba.
Enquanto isso no Brasil, muitos brasileiros se colocaram a
decisão de apoio aos Estados Unidos. Entre esses brasileiros
estava:
[...] O bloqueio econômico e militar imposto à Cuba
mais tarde referendado pela OEA repercutiu
desfavoravelmente no seio do povo fluminense, que
sempre se manifestou adepto da política de não
intervenção e autodeterminação dos povos. Políticos,
Advogados, estudantes, líderes sindicais foram
unânimes em condenar a agressão taxando-a de "ato
de violência e desrespeito ao direito internacional".
[5]
Foi apresentado nos jornais no dia de 25 de outubro de
1962 que Cuba, apesar de tudo que estava passando, resistia a
crise. Os cubanos já estavam tão acostumados com o
totalitarismo americano que suas ameaças não os assustavam
mais. Além de colocar que os Estados Unidos usava a
cumplicidade dos latino-americanos para encará-los: [...] "Os
imperialistas já não o donos mais poderosos do mundo,
capazes de provocar uma guerra de extermínio Mundial". [6]
No dia 29, após o fim da Crise dos Mísseis, os jornais
levantaram as dúvidas sobre as mensagens trocadas pelas
superpotências, onde contavam exigências feitas uma para a
outra, a defesa da União Soviética, motivo de terem colocados
mísseis na ilha de Cuba, além de que comentar sobre a zona
proibida do Caribe.
Além de buscarmos informações do jornal Ultima Hora,
também pesquisamos por dados no periódico Correio da
Manhã. O mesmo nos apresentou as seguintes informações:
O primeiro dia da Crise de Outubro, com as duas
superpotências em estado de acirramento, o jornal já estava
representando a arriscada Crise em Berlim de forma matinal.
Com essa concentração de notoriedade, o que resultou com o
primeiro dia do viria a ser como “Um dos momentos mais
perigosos do Século XX”. Reduzido a apenas uma matéria
revelando cargas com “Produtos Soviéticos” em direção à Ilha
de Cuba, que viria a atracar no México. A desconfiança sobre
a chegada de produtos de fabricação soviéticos, a uma nação
recém-declarada Socialista tão próxima aos Estados Unidos
seria mais do que fundamental a existência de um bloqueio
marítimo.
Após a declaração que o regime Cubano assumiria um
caráter socialista, rapidamente o governo americano já havia
considerado Cuba como possível simpatizante com os ideais
de esquerda. Justo a isto, a potência anglo-saxônica iniciou um
enfretamento a seu opositor no continente americano, quanto
mais rápido o regime cubano viesse a ser extinta e a vida de
Castro se esvaísse menores as chances de outras nações da
América Latina se aproximar da mesma ideologia que
doravante tornará Cuba uma ameaça.
No dia 18 de outubro, o jornal, já representando de forma
habitual a preocupante Crise de Berlim, agora teria que
representar os dias mais perigosos do século XX. Com
“Produtos Soviéticos” e o conhecimento americano da
existência de bases capacitadas, o armazenamento de mísseis
na Ilha de Cuba, o presidente Kennedy declarar uma
“Vigilância sem caráter ofensivo”, desta forma mantendo-se
totalmente informado sobre atividades econômicas e navais
envolvendo Cuba.
O Jornal explica a forte precisão dos militares americanos
para um ataque aéreo as bases cubanas, que era acreditado ser
o suficiente para a destruição da maioria das bases. O
presidente Kennedy se encontrava andando ao fio de uma faca
e qualquer resposta equivocada a ação socialista poderia
desencadear um holocausto nuclear.
A cruzada americana na busca de pôr um fim a influência
do socialismo Cubano teve sua primeira derrota quando Bem
Bella, primeiro ministro da Argélia se uniu a causa de Fidel
Castro. O jornal havia afirmado que uma aliança entre os dois
ministros poderia vir a existir.
Depois será uma conversa longa com Fidel Castro.
Essa conversa não se resumir área a um encontro de
poltronas. Visitará a Ilha. Receberá manifestações.
E, depois, assinará um comunicado exaltando o
regime fideísta, afirmando a unidade de pontos de
vista entre seu governo e o da ilha do Caribe. E, por
fim expressará um protesto contra a presença de
tropas americanas na base do Guantánamo. [7]
A resposta americana foi militar, reorganizando sua força
aérea para Key West, a cidade ao sul do território americano
dentro do continente e apenas a 166 km de Havana, e sua
capital.
Com o fim de trazer uma resolução diplomática aos
conflitos em Cuba e Berlim, infelizmente as chances dos
líderes comparecerem a um encontro caíram por terra, pelo
menos pelo neste momento, devido a discussões sem sucesso
do presidente John Kennedy com o ministro soviético Andrei
Gromyko.
A influência americana e o risco de um holocausto nuclear
abeirando o mundo foram mais que suficientes para um abalo
sem igual à imagem de Cuba com as repúblicas latinas. Neste
instante restavam apenas 5 nações latina americanas que
mantinham relações com a ilha do Caribe até então, dentre elas
o Chile.
Forte críticas também saiam do Brasil, porém estudantes e
trabalhadores eram contra medidas de isolamento econômico e
controle de águas internacionais feito pelos Estados Unidos,
mesmo estando fora do seu direito. Inicialmente, o Brasil se
colocou contra as medidas americanas, onde o deputado
Fernando Ferrari se colocou contra as medidas americanas
declaradas, sendo recebido com um samba, o descrevendo
como o valente deputado que defendeu o ponto de vista de
autodeterminação cubano.
Antes de entrarem todos os manifestantes, um grupo
de jovens entoava na calçada do Itamarati, um
samba no qual diziam que o Brasil estava na guerra e
todo mundo era irmão. Acrescentando no samba, que
o Brasil estava mal dominado e povo queria dizer
não. E afirmava que o Brasil teve um ministro valente
que ao invés de dizer sim, disse não. [8]
Porém com o forte declínio e a aproximação de uma guerra
entre as duas potências, o presidente Kennedy se comunicou
com o presidente João Goulart, com o objetivo de conseguir o
apoio brasileiro para com a Crise. O Brasil acabou declarando
sua posição a favor do lado americano no dia 25 de outubro.
Parte das críticas nacionais vieram do Jornal Correio da
Manhã que precariamente assumia os pontos de vista cubana,
assim como sua herança histórica política, muito marcada pelo
controle americano na região. Criticando as afirmações de Ben
Bella e Fidel Castro sobre condenarem uma base americana,
agora clandestina, a existência de “técnicos soviéticos” a
república e o envio de 2 milhões de toneladas de petróleo
soviético a Cuba.
Ao dia 23 de outubro, após a declaração do presidente
Kennedy sobre a existência de bases soviéticas em Cuba,
capazes de salvar a república cubana, e apropriada para o
armazenamento de ogivas nucleares a população americana e
ao mundo. Mostram também que os Estados Unidos não
tinham intenção alguma de retirar suas bases da Europa para
uma resolução diplomática com a URSS.
Nesta mesma edição, foram relatadas medidas impostas
pelos americanos de como iriam proceder com a crise em
Cuba. Dentre estas medidas aplicadas estavam o bloqueio a
qualquer embarque de armamento militar em Cuba, um
aumento a vigilância na ilha, realizar uma convocação com
todos os aliados americanos, o pedido para a retirada de toda
arma soviética presente em Cuba e o estado de alerta constante
a base americana no Guantánamo, no sul de Cuba.
Cuba agora se submeterá a uma peça de valor sem igual à
União Soviética, como sua base mais notória na América. É
uma resposta à altura das tantas bases armadas com mísseis
júpiteres, presentes na Itália, Turquia e Inglaterra. Agora, com
a revelação da existência de bases pertencentes à União
Soviética presentes em Cuba, e que estavam sendo abastecidas
por armas nucleares, a nação americana tinha o pretexto
perfeito para efetuar um verdadeiro bloqueio a república.
Sua resposta foi isolar e cercar Cuba, com o intuito de
intimidar e desestabilizar a república buscando uma reação na
ilha. Em 24 horas, Cuba já estava completamente pressionada.
Os Estados Unidos concentraram totalmente as suas forças em
seu território no sudeste do país, criando uma centralização
sem igual de suas forças com o principal objetivo de apoiar a
quarentena em Cuba. Com o surgimento de um “tufão”, o
departamento de defesa americano informou que manobras de
longa escala, que possivelmente aconteceriam em frente ao
Estado livre de Porto Rico seriam canceladas, os obrigando a
assentar-se na ilha de Vinques, a 950 km a sudeste de Cuba.
Enquanto isto, 1.200 homens da marinha americana, os
“Marines”, chegaram a uma região de manobras a República
da Costa Rica a Sudoeste de Cuba. A ilha de Castro estava
cercada por leste a oeste e de norte a sul.
Quando Kennedy revelou ao mundo o abismo que estavam
se aproximando era de se esperar que suas medidas passassem
a se tornar cautelosas para o bem de sua nação e do mundo,
mesmo com a forte pressão demonstrada pelos oficiais
americanos.
Próximo ao auge da Crise, a incerteza de um conflito era
muito mais que compreensíveis, já que ambas as vertentes
pareciam apenas incentivar a crença de um conflito, a criar
uma resolução diplomática tanto sobre os casos das bases
americanas e Cuba, quanto pelos eventos ocorridos fora dos
lados do Muro de Berlim.
O jornal precariamente representava declarações da União
Soviética. Um dos momentos mais importantes representados
foi ao instante que o bloco soviético estava disposto a pôr a
prova os limites do bloqueio americano, que tomará já há tanto
tempo as capas de jornais e reportagens. O risco a Cuba seria
muito maior do que a qualquer parte do mundo, se o conflito
ocorresse era esperado que URSS tomasse a partir desta
aliança quais quer fossem as ações realizadas contra Cuba,
agora seriam tratadas como contra o próprio bloco.
As nações americanas não poderiam se igualar a serventia
de Cuba a União Soviética, porém lhe foram cedidos
aeronaves e portos, importante para a tão conhecida
quarentena americana imposta a nação cubana.
Representado com ênfase no Jornal ao dia 25 de outubro, o
Correio da Manhã trouxe a declaração de que o Brasil
realmente estaria associado ao bloco americano e agora
declarando Cuba como uma real ameaça à paz na América
Latina e ao Mundo.
Nestas condições por culpa de nós, Cuba se
transformou em um problema que transcende o
continente. Perdeu o caráter regional. Além disso,
desde que dispõe de equipamento nuclear,
transformou-se na segunda potência do hemisfério.
Não interessa comparar as diferenças de nível
territorial, econômico ou social. Uma série de
projéteis atômicos dá ao exército cubano um poder
de destruição que compensa, no bélico, todas as suas
deficiências em qualquer outro plano. [9]
No dia 27, a Crise dos Mísseis agora chegava ao seu ápice.
Com a terceira guerra mundial a apenas um desentendimento
de distância, o jornal representará que a casa branca agora
revelará que medidas militares seriam impostas contra as bases
soviéticas presentes na ilha de cuba. O jornal não especifica
quais seriam tais medidas, embora a maior probabilidade
tivesse sido a de um ataque aéreo devastador em Cuba, como o
jornal já revelará como ideia de oficiais americanos. Embora o
clima sombrio, o jornal representará que a União Soviética
aceitará afastar seus barcos temporariamente do bloqueio
marítimo americano, grande parte disto foi graças ao pedido
do secretário geral da ONU, U Thant. Com tudo, o recuo
soviético introduziu agora uma maior possibilidade de uma
resolução pacifica quanto a Crise de Outubro.
Próximos da possibilidade de uma resolução diplomática o
primeiro ministro soviético enviou uma proposta ao presidente
americano para colocar um fim à crise, se as bases americanas
no continente europeu fossem desmanteladas. Inicialmente o
jornal revela que teria sido recusada. Agora era mais claro do
que nunca que uma saída pacífica para o evento que poderia
ter ceifado toda a vida da terra.
Porém a um motivo para receber o título de Sábado Negro,
durante a edição do dia 28, o jornal revela que Fidel Castro
abateu dois aviões americanos que sobrevoavam Cuba, o que
antes poderia vir a ser uma possibilidade de resolução da crise,
virou o seu pico. Com duas aeronaves abatidas, o
departamento de defesa americano transmitia “Todo fogo anti-
aéreo contra aviões americanos dará lugar a contra medidas”.
A atitude de Castro poderia ter sido o estopim para a terceira
guerra mundial ou ao holocausto nuclear. Com os Estados
Unidos e a União soviética tendo que encontrar uma solução
sobre o caso, as únicas soluções possíveis para a resolução da
crise se tornará a guerra ou a destruição das bases em outros
hemisférios de ambas as superpotências. E por sorte e talvez
um pouco de razão a solução fosse à segunda.
No dia 29, o jornal revelou que Kruschev teria suas bases
militares em Cuba desmontadas, após um acordo com a nação
norte-americana. Foi decidido que tanto as bases americanas
quanto as bases soviéticas seriam desmontadas como uma
justa e equilibrada forma para a preservação da paz. No dia 29,
no jornal Correio da Manhã, finalmente fora revelado o fim da
crise dos mísseis.
V. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS
O jornal Última Hora procura se mostrar se mostra neutro
em relação aos EUA, e cuba quanto a URSS. Ela retrata
apenas os fatos importantes de cada acontecimento sem haver
mudanças, sem expressar sua opinião sobre os fatos ali
ocorridos e é por isso que o consideramos um jornal neutro,
que não se importou se a notícia era socialista ou capitalista,
mostrando assim tanto um lado quanto o outro.
Sobre o jornal Correio da Manhã, sua representação foi
focada principalmente ao lado latino americano, com uma
forte repercussão em acontecimentos militares presentes entre
as superpotências e Cuba.
A precariedade sobre os pontos de vista cubanos e
soviéticos deu a impressão da falta de neutralidade e de
informação quanto a parte do jornal. A notoriedade da
representação de Cuba como opositor e orquestrador da Crise
dos Mísseis pareceu equivocada e desinformada.
A grande representação sobre a vértice norte-americana
pareceu desproporcional a exposição do bloco soviético e da
República Cubana. Tendo em vista a relevância de ambos a
crise e sua resolução, o jornal variava de descrição que
intercalavam de neutras a unilaterais.
A representação da América Latina foi completa e
importante, tendo em vista a resolução e o peso do caso no
continente americano, com o foco principal nos aliados
americanos e países que ainda mantinham relações
econômicas e sociais com Cuba, enfatizando o Brasil como
principal mediador da crise na América Latina, tendo
relevância nas opiniões políticas durante todo o evento.
A repercussão dos acontecimentos militares e diplomáticos
do jornal foram excepcionais em sua totalidade. Com certeza
sendo uma das melhores e mais completas descrições da mídia
brasileira em geral. Sendo, assim consideramos o jornal
Correio da Manhã como uma das mais completas fontes e
importante para a realização deste artigo.
VI. REFERÊNCIAS
[1] HERSH, Seymour M. In. O Lado Negro de Camelot: Sexo e corrupção
na Era Kennedy. Porto Alegre: L&PM Editores S/A, 1998, p. 9 – 384.
[2] DOMINGOS, Charles Sidarta Machado, RIBEIRO, Luiz Dario Teixeira.
Guerra Fria, horror quente: A bomba, de novo... Mas agora em Dr.
Fantástico, de Stanley Kubrick. In. GUAZZELLI, Cesar Augusto
Barcellos; DOMINGOS, Charles Sidarta Machado; BECK, José Orestes;
QUINSANI, Rafael Hansen. (Orgs). Fim do Mundo: Guerras,
Destruição e Apocalipse na História e no Cinema. Porto Alegre:
Argonautas Editora Ltda, 2012, p. 33 – 42.
[3] LUCA, Tânia Regina de. A História dos, nós e por meio dos periódicos.
In: PINSKY, Carla. Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2006, p.
111 – 153.
[4] ÚLTIMA HORA, “19/10/1962, pág. 03” Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=386030&pasta=an
o%20196&pesq= Acesso em: Dezembro de 2017.
[5] ÚLTIMA HORA, “24/10/1962, pág. 04” Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=386030&pasta=an
o%20196&pesq= Acesso em: Dezembro de 2017.
[6] ÚLTIMA HORA, “25/10/1962, pág. 02” Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=386030&pasta=an
o%20196&pesq= Acesso em: Dezembro de 2017.
[7] CORREIO DA MANHÃ, “11/10/1962, pág. 06” Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=089842_07&pasta
=ano%20196&pesq= Acesso em: Dezembro de 2017.
[8] CORREIO DA MANHÃ, “24/10/1962, pág. 14” Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=089842_07&pasta
=ano%20196&pesq= Acesso em: Dezembro de 2017.
[9] CORREIO DA MANHÃ, “25/10/1962, pág. 06” Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=089842_07&pasta
=ano%20196&pesq= Acesso em: Dezembro de 2017.