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Universidade do Algarve

Faculdade de Economia

Curso de Sociologia: 1º ano – 2º semestre

A Crise dos Mísseis de Cuba

Unidade Curricular:

História Contemporânea

Docente: Prof. Doutor José Carlos Vilhena Mesquita

Aluna: Diana Batista Brazão Lourenço

Junho de 2022
Índice
A Crise dos Mísseis de Cuba (16/10/1962 – 28/10/1962) 4

1. Como tudo começou?4-5

2. A entrada da União Soviética no problema de Cuba-EUA 5-6

3. O Sábado Negro 6-7

4. O começo de um Desfecho 7

5. As consequências pós-conflito 7

6. Conclusões finais 7-8

7. Bibliografia 9

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Resumo

Vivemos num ano de incertezas, perigos e medos e o tema deste trabalho vem nos lembrar disso mesmo, fala
do tempo em que o mundo quase passou por uma Guerra Nuclear. É curioso que nada parece ter mudado
desde então para além da atenção dos decisores políticos em relação a leis relacionadas com armas
nucleares, que é algo percetível ao longo deste trabalho. A escolha do tema vem do seguimento das seguintes
questões: Estava Nikita Krushchev realmente disposto a ir até ao fim e usar as armas nucleares de que
dispunha, caso os Estados Unidos atacassem ou invadissem Cuba? Ou se bloqueassem os seus navios,
mesmo os comerciais, a caminho de Cuba? O porquê o interesse num país comunista tão distante do seu raio
de ação, quando os verdadeiros confrontos da Guerra Fria, à data, se situavam na consolidação do leste da
Europa e especialmente em Berlim?

Palavras-chave: Guerra; Armas nucleares; União Soviética; EUA; John Kennedy; Nikita Krushchev.

Abstract

We live in a year of uncertainties, dangers, and fears, and the theme of this paper reminds us of just that, it
speaks of the time when the world almost went through a Nuclear War. It is curious that nothing seems to
have changed since then other than the attention of policy makers towards nuclear weapons related laws,
which is something perceptible throughout this paper. The choice of topic follows from the following
questions: Was Nikita Krushchev really willing to go all the way and use the nuclear weapons at his
disposal, should the United States attack or invade Cuba? Or if they blocked his ships, even commercial
ones, on their way to Cuba? Why the interest in a communist country so far from its range, when the real
Cold War confrontations at the time were in the consolidation of Eastern Europe and especially Berlin?

Keywords: War; nuclear weapons; Soviet Union; USA; John Kennedy; Nikita Krushchev.

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Crise dos Mísseis de Cuba (16/10/1962 – 28/10/1962)

A Crise dos Mísseis de Cuba foi um dos momentos mais tensos da Guerra Fria e o momento mais próximo
de uma Guerra Nuclear que o mundo já passou. Foram 13 dias de incertezas e inseguranças, desde o dia 16
de outubro de 1962 até 28 de outubro de 1962, a qualquer momento uma Guerra Nuclear poderia acontecer.
Isto traz-nos uma retrospetiva do uso das armas nucleares e o quão dominada está a humanidade na mão de
decisores políticos, no momento em que se fala da Guerra da Rússia e da Ucrânia no ano de 2022 e de uma
possível Terceira Guerra Mundial. O que é engraçado de uma maneira sarcástica é pensar que a Crise dos
Mísseis de Cuba foi exatamente a mesma coisa e também principalmente entre dois países. Aquilo que no
ano de 2022 é a Rússia e a Ucrânia foi os Estados Unidos da América e a União Soviética em 1962. Então a
pergunta é: como é que neste caso tudo desencadeou para que chegasse a esse ponto?

1. Como tudo começou?

Tudo começou com a Revolução Cubana que teve o seu fim em 1959. Para entendermos melhor esta
Revolução é necessário voltar até à Independência de Cuba que aconteceu no Século XIX. Cuba era uma
colónia espanhola e no final do Século XIX os Estados Unidos da América já tinham passado pela Guerra
Civil ou Guerra de Secessão onde pregavam a doutrina conhecida como “América para os Americanos”,
nesta doutrina os Estados Unidos não queriam nenhuma influência europeia no continente americano, foi
então aqui que eles começaram a apoiar Cuba para tornar-se independente. Certo dia um navio norte-
americano teria sofrido um acidente perto do Porto de Havana, isto fez com que os americanos colocassem
automaticamente culpa deste naufrágio nos Espanhóis e com isto abriam-se as portas para a Guerra Hispano-
Americana, esta Guerra tem como vencedor os Estados Unidos da América, com esta vitória eles declararam
a independência do povo Cubano retirando de vez a influência europeia no continente americano. Porém
quando o povo cubano decidiu criar a sua constituição os Estados Unidos acabam influenciando alguns
políticos cubanos a criarem uma emenda que ficou conhecida como “Emenda Platt” que dizia que em caso
de desrespeito a qualquer interesse norte-americano em território Cubano os EUA tinham por direito invadir
Cuba e isto passava a constar na constituição. Após este acontecimento Cuba passa por uma série de
revoluções que levou ao poder um general chamado Fugêncio Batista, o mesmo passou a ser ditador e
durante a sua ditadura, Cuba passa a ser a “Las Vegas fora dos Estados Unidos da América” pois o seu
litoral era cheio de casinos e hotéis e além disso na ditadura Fugèncio Batista promete abrir as eleições,
contudo isso não acontece e ele não cumpre com as promessas que tirão sido feitas, mas continua no poder e
isto deixava muitos jovens indignados. Entre esses jovens destacava-se um advogado chamado Fidel Castro.
Fidel tenta fazer primeiramente um movimento jurídico que foi o movimento de lei que serviu para tentar
tirar Fugêncio Batista do poder, mas ele não obtém o seu objetivo nesta ideia e ainda cria outra para a

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questão armada. É então neste momento que Fidel Castro decide invadir um quartel denominado de “Quartel
de Moncada”, mas nesta tentativa ele e alguns companheiros são presos e julgados e é neste julgamento
histórico que Fidel Castro diz a famosa frase: “A História me absorverá”. Após isto ele é exilado com o seu
irmão no México, lá ele conhece um jovem guerrilheiro conhecido como Che Guevara, a partir daí eles
tentam ir para Cuba. Roubam dinheiro, armas, formam um bando e alugam um velho iate, contudo esse
velho iate afunda a 100 metros da praia e eles são obrigados a fazer o resto do caminho nadando. Ao
chegarem na praia eles são intercetados pelo exército Cubano e acontece uma troca de tiros, sendo que nesta
situação metade dos seus homens morrem e outros conseguem fugir para a floresta que é conhecida como a
“Floresta de Sierra Maestra”. Partindo daí eles começam a organizar uma comunidade de guerrilha, ou seja,
começam a criar uma pequena comunidade revolucionária, decidem ir para o interior cubano que era a parte
mais pobre de Cuba, enquanto o litoral cubano era muito rico devido a muitas terras compradas pelos
empresários norte-americanos, já a população do interior cubano era muito pobre, passavam fome e os
índices de mortalidade infantil eram altíssimos. Com isso eles conseguem aproveitar-se da situação.
Conseguem fazer uma grande força revolucionária e reivindicam as principais cidades de Cuba, instalando
um Governo Revolucionário sob o controle de Fidel Castro. Ou seja, basicamente transformam a ilha de
Cuba num país comunista.

Como era de esperar os americanos ficaram descontentes com esta ideia e por isso resolveram treinar
alguns cubanos que estavam presos, armá-los e mandá-los para Cuba, este acontecimento ficou conhecido
como a invasão da Baía dos Porcos que falhou miseravelmente. Foi basicamente uma tentativa frustrada de
invadir a costa sudoeste de Cuba. Através da CIA o governo americano treinou 1297 exilados cubanos, a
maioria deles baseados em Miami com o apoio das forças armadas. O objetivo da operação era derrubar o
governo socialista de Fidel Castro, o plano foi lançado menos de 3 meses depois que John Kennedy assumiu
a presidência. A riscada ação terminou num fracasso pois as forças armadas cubanas treinadas e equipadas
pelas ações do bloco leste derrotaram os combatentes do exílio em 3 dias e a maior parte dos agressores
rendeu-se. O ataque à Baia dos Porcos fazia parte da chamada “Operação Mongoose” que tinha como
objetivo derrubar o recém-formado governo comunista e assassinar o líder da Revolução Cubana. No entanto
os Cubanos sabiam que os EUA não iriam desistir tão facilmente e pediram ajuda à União Soviética, os
Soviéticos com isso viram uma oportunidade imensa de resolver um problema.

2. A entrada da União Soviética no problema de Cuba-EUA.

Os americanos tinham instalado armas nucleares na Itália e na Turquia, que facilmente poderiam atingir
cidades importantes da União Soviética como por exemplo Moscovo e Leningard (que é hoje chamado de
São Petersburgo), ideia que era nada positiva para os Soviéticos. Com isso, eles resolveram pagar na mesma

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moeda e resolveram levar Mísseis nucleares para Cuba, esta era obviamente uma operação secreta, os
Americanos notaram a movimentação de vários Navios Soviéticos na ilha de Cuba e sabiam que era
armamento, porém as bombas nucleares foram bem escondidas. Os americanos sabiam que algo grande
estaria a acontecer em Cuba, eles só não sabiam exatamente o que era.

Então um dia um avião espião americano conseguiu fotografar uma base e com a análise das imagens,
eles descobrem que não se tratava de qualquer arma e sim de Armas Nucleares, que poderiam facilmente
atingir pontos importantes do país, como por exemplo a Capital, Washington D.C. Alguns desses mísseis
eram tão avançados que poderiam atingir boa parte do país, isto deixou-os muito assustados. Durante as
últimas guerras que os EUA teriam participado, como as duas guerras mundiais, por exemplo, a parte
principal do país era sempre protegida pela distância dos acontecimentos, desta vez a ameaça estava próxima
aos olhos dos americanos, isso fez que com eles declarassem o DEFCON 2, pela 1ª vez na história, um passo
atrás do DEFCON 1 que significa guerra nuclear. De início os oficiais americanos pensaram em bombardear
as bases e invadir Cuba rapidamente, antes que conseguissem armar as bombas, porém montar um exército
tão rápido assim não era fácil, mesmo para os EUA e algo que eles não sabiam era que as bombas nucleares
já estavam praticamente prontas para o uso. Foi assim que os EUA decidiram bloquear a entrada de navios
com armas nucleares na ilha de Cuba, o que os americanos chamaram de “Quarentena”, para não usar o
termo “Bloqueio” que geralmente é usado em guerras e bloqueia toda a entrada no país, neste caso eles não
bloquearam a entrada de comida ou outras coisas necessárias, apenas a entrada dos Mísseis. Os soviéticos,
no entanto, consideravam isto um ato de guerra e de agressão, pois são águas internacionais, os americanos
não tinham este direito.

3. O Sábado Negro.

Tudo isto deixou o Mundo em uma tensão imensa, os EUA exigiam a retirada dos Mísseis
imediatamente, mas os Cubanos e os Soviéticos insistiam que os Mísseis eram apenas para defesa, muitas
pessoas do governo americano defendiam a invasão de Cuba, porém John Kennedy, queria tentar uma
melhor saída. É então a partir daqui que começam as longas negociações entre o presidente Kennedy e o
líder da União Soviética Nikita Krushchev, porém enquanto isso, todos esperavam pelo pior. Mas apesar
disto ter sido algo positivo a guerra estaria longe de acabar. A 27 de Outubro de 1962, conhecido por Sábado
Negro o Mundo nunca esteve tão próximo de uma Guerra Nuclear. Um avião espião americano estava a
sobrevoar Cuba e ele foi derrubado por um Míssil Soviético, o piloto morreu. Isso deixou o exército
americano ainda mais revoltado, enquanto isso os navios americanos começaram a atacar submarinos
soviéticos, não era um ataque para destruir o Submarino e sim para fazê-lo subir à superfície e identificá-lo,
esse Submarino em questão tinha um torpedo militar e eles estavam em uma profundidade em que não se

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conseguiam comunicar com Moscovo há alguns dias, portanto no momento em que a bomba de
profundidade os atingiu eles começaram a pensar que a guerra estaria a começar e queriam usar a sua bomba
nuclear em alguns dos navios, porém para fazer isso eles precisavam de uma decisão unânime de os 3
oficiais a bordo, 2 deles concordaram em lançar o torpedo, porém Vasili Arkhipov disse que Não e
basicamente salvou o Mundo.

4. O começo de um Desfecho.

Mesmo assim a Crise continuava, muitas pessoas importantes do governo americano queriam invadir
Cuba de uma vez por todas e destruir as armas, eles pressionavam cada vez mais o presidente Kennedy para
concordar com isso. Eles em uma reunião com o embaixador soviético decidiram entrar em um acordo, a
União Soviética removeria os Mísseis de Cuba com a supervisão da ONU para garantir que os Mísseis eram
realmente removidas e em troca os Americanos deveriam dizer em público que deixariam o governo de
Cuba em paz e que não invadiriam o País.

Além disso, secretamente, os Americanos teriam que remover os Mísseis da Turquia e da Itália, os
termos foram enviados para Moscovo e todos esperavam uma resposta positiva da União Soviética. Se eles
se negassem, os Americanos provavelmente iriam tentar uma invasão em Cuba, porém algumas horas depois
a União Soviética anuncia a retirada dos Mísseis dando fim ao conflito.

5. As consequências pós-conflito.

Na década de 1960 havia uma forte tendência à proliferação dos arsenais nucleares. Por esta razão, e
ainda sob o impacto da crise dos mísseis de Cuba, os Estados Unidos da América, a União Soviética e a
Inglaterra decidiram assinar em 1963 um acordo que proibia testes nucleares na atmosfera, em alto-mar e no
espaço, isto fazia com que apenas testes subterrâneos pudessem ser legalmente realizados. Em 1968, as duas
superpotências e os outros 58 países aprovaram o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. O
objetivo deste acordo era nada mais nada menos que tentar conter a corrida armamentista dentro de um certo
limite. Com ele, os países que já possuíssem armamento nuclear comprometiam-se a limitar os seus arsenais
e os países que não os tinham ficavam proibidos de desenvolvê-los, mas, contudo, poderiam requisitar da
primeira tecnologia nuclear para fins pacíficos.

6. Conclusões finais.

E o que é que isto nos diz? Da minha perspetiva e ponto pessoal diz-nos que não houve muito que
mudasse. Vejamos assim: nesta altura a preocupação de John Kennedy não era apenas o lado positivo, ou
seja, não era apenas fazer um acordo para que nenhuma guerra ocorresse porque se pensarmos bem em 1º
lugar quem queria invadir Cuba eram os Estados Unidos da América e isto fez com que a União Soviética se

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fosse pôr num assunto em que não era chamado, com o pedido de Cuba. Mas não é esta a perspetiva que me
preocupa. O que me preocupa é o facto de que nesta altura se faziam acordos significativos, acordos que
realmente faziam diferença na paz do mundo. Vejamos a Turquia por exemplo, nesta altura (no ano de 1962)
este país tinha de facto armas nucleares que depois foram retiradas com o acordo da União Soviética e dos
EUA e também com o Acordo que teria sido feito mais tarde e hoje em dia? Hoje em dia a Turquia não
possui qualquer arma nuclear. Onde é que estão estes acordos? Estes acordos que fazem falta no de 2022
numa guerra, uma Terceira Guerra Mundial, que há muito começou sem necessidade de haver armas. O
grande problema é quando estas armas se juntarem à “festa”.

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7. Bibliografia

BARRETT, David M. Blind over Cuba: The Photo Gap and the Missile Crisis. College Station, Texas A
& M University Press, 2012.

GEORGE, Alice. Cuban Missile Crisis: At the Threshold of Nuclear War. Routledge, 2013.

KENNEDY, Robert F, and Arthur M Schlesinger. Thirteen Days: A Memoir of the Cuban Missile Crisis.
New York, W.W. Norton, 1999.

MCMAHON, Robert J. COLD WAR: A Very Short Introduction. S.L., Oxford Univ Press, 2003.

GASPAR, Carlos. Raymond Aron e a Guerra Fria. Lisboa, Alêtheia, 2018.

MAIA, Cristina. A Guerra Fria Em Manuais de História Europeus. Porto Universidade Do Porto, 2016.

CERQUEIRA, João. A Tragédia de Fidel Castro. Parede, Saída De Emergência, 2008.

RASENBERGER, Jim. The Brilliant Disaster: JFK, Castro, and America’s Doomed Invasion of Cuba’s
Bay of Pigs. New York, Scribner, 2012.

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