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CENTRO UNIVERSITÁRIO SUMARÉ

LICENCIATURA EM HISTÓRIA

HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA II – NOVA ORDEM MUNDIAL

  

ANÁLISE: O POSICIONAMENTO DO BRASIL DO CENÁRIO GLOBAL DA GUERRA


FRIA NOS ANOS 60

ANDREI BASTOS - RA: 1920024

BARBARA VITORIA - RA: 1922758

ESTER EVANGELISTA – RA:


1916447

GUILHERME RENAN - RA: 1922744

GREGORY FRANÇA - RA: 1922375

LARISSA SANTOS - RA: 1922740

TATUAPÉ-SP
2021
CENTRO UNIVERSITÁRIO SUMARÉ

LICENCIATURA EM HISTÓRIA

ANÁLISE: O POSICIONAMENTO DO BRASIL DO CENÁRIO GLOBAL DA GUERRA


FRIA NOS ANOS 60

“O DIA QUE DUROU 21 ANOS”, DIR: CAMILO


TAVARES (2013)

“GUERRA FRIA” IN: HOBSBAWM, ERIC. A


ERA DOS EXTREMOS: O BREVE SÉCULO
XIX. SÃO PAULO: CIA DAS LETRAS, 1997, P.
223-252.

TATUAPÉ-SP
2021
Sumário

1. Introdução..................................................................................................4

2. Contexto global dos anos 60.....................................................................5

2.1. O posicionamento do Brasil no cenário global da Guerra Fria..................8

3. Conclusão................................................................................................10

4. Referências bibliográficas........................................................................11
1. Introdução

Através da leitura do capítulo “Guerra fria” do livro Era dos Extremos de Eric
Hobsbawm, podemos observar que o autor desenvolve seu texto descrevendo os
diversos aspectos referente ao fato histórico, falando sobre o que foi a guerra fria,
seu contexto, suas consequências políticas e econômicas, e as mudanças que
ocorreram na esfera internacional devido aos desdobramentos desse período.

O documentário “ O dia que durou vinte e um anos “ apresenta as situações e


o contexto que levaram a ocorrer o golpe militar em 1964 no Brasil. Em paralelo a
esse acontecimento revela também os conflitos que estavam acontecendo na
comunidade internacional causados pelas tensões pós-guerra que surgiram pelo
domínio ideológico mundial que estava sendo disputado pelo comunismo soviético e
a liberdade democrática capitalista dos EUA, assim originando a guerra fria.
2. Contexto global dos anos 60

Entende-se como guerra fria o período que se estendeu de 1947 a 1991,


durando então 45 anos, momento pós segunda guerra mundial, que possui essa
descrição por marcar o momento de grande conflito ideológico, no qual duas
grandes figuras estão no centro, EUA e URSS. De acordo com as ideias
apresentadas no texto de Hobsbawm, podemos notar que foi um período marcado
por uma grande tensão entre EUA e URSS, que apesar de não se confrontarem
diretamente, estavam sempre em disputa para estar um à frente do outro, seja por
uma corrida armamentista, tecnológica ou política. Como apresentado pelo autor, o
perigo de um conflito iminente tinha como uma de suas prerrogativas o poder bélico
que ambas as nações detinham, com a possibilidade de uma destruição em massa,
o que assombrou gerações.
“Infelizmente, a própria certeza de que nenhuma das superpotências iria de
fato querer apertar o botão nuclear tentava os dois lados a usar gestos
nucleares para fins de negociação, ou (nos EUA) para fins de política
interna, confiantes em que o outro tampouco queria a guerra”.
(A era dos extremos; Eric Hobsbawm – Guerra fria, pag. 227, 2º parágrafo)
A guerra fria também se baseava numa disputa por poder político, na qual os
EUA tinham medo do capitalismo estar em risco, por conta do avanço do
comunismo. No contexto pós-guerra os países beligerantes se encontravam
destruídos, radicalizados, e com fortalecimento dos partidos comunistas, suas
condições de devastação eram mais propensas a radicalização, pois havia uma
tendência natural dos partidos comunistas locais se fortalecerem. Os EUA não
aceitavam perder essa disputa para a URSS e o comunismo, o que motivou as
várias alianças com essas nações por medo de se aliarem aos comunistas e com
isso o capitalismo e a nação americana vir a sucumbir.
“Além disso, o sistema internacional pré-guerra desmoronara, deixando os
EUA diante de uma URSS enormemente fortalecida em amplos trechos da
Europa e em outros espaços ainda maiores do mundo não europeu, cujo
futuro político parecia bastante incerto - a não ser pelo fato de que qualquer
coisa que acontecesse nesse mundo explosivo e instável tinha maior
probabilidade de enfraquecer o capitalismo e os EUA, e de fortalecer o
poder que passara a existir pela e para a revolução.”
(A era dos extremos; Eric Hobsbawm – Guerra fria, pag 228, 2º parágrafo
Devido a tais circunstâncias o autor então nos fala a respeito das
consequências políticas e econômicas que a guerra fria trouxe, entre as
consequências políticas está a total exclusão do outro dentro da ideologia e política
do conflito entre URSS versus EUA, regimes de partido único como comunistas,
anticomunistas (Japão e Itália) etc. Entre as consequências político-econômicas a
criação do Plano Marshall, padrão dólar-ouro, União Europeia e OTAN.
Houve também uma união Europeia, na qual a França tinha como finalidade o
entrelaçamento dos laços com a Alemanha Ocidental, com o objetivo de evitar
conflitos.
“O melhor que os franceses podiam fazer era entrelaçar os negócios
alemães ocidentais e franceses de tal como que o conflito entre os dois
velhos adversários fosse impossível”
(A era dos extremos; Eric Hobsbawm – Guerra fria, pag. 238, 1º parágrafo)
Esses entrelaçamentos deram então origem à Comunidade Europeia do
Carvão e do Aço (1950), Comunidade Econômica Europeia ou Mercado Comum
(1957), Comunidade Europeia e a partir de 1993 “União Europeia”.
Outro ponto destacado pelo autor é a então chamada Segunda Guerra Fria,
que vem a ser uma segunda etapa desse conflito, na qual é apresentada as tensões
políticas e militares entre blocos geopolíticos opostos no mundo, os conflitos foram
diversos; Crise dos Mísseis de Cuba 1962, Telefone vermelho 1963, Fim do Padrão
Ouro 1971, Guerra do Yom Kipur 1973, Início da Crise Econômica Global 1973, Fim
da Guerra do Vietnã 1975 (1965-1975), Terceira Onda de revoluções 1974-1979.
A Guerra Fria teve seu fim historicamente definido quando o líder dos
soviéticos Mikhail Gorbchev convenceu os EUA de que essa corrida armamentista
era uma loucura.
“[A Guerra Fria acabou quando uma ou ambas as superpotências
reconheceram o sinistro absurdo da corrida nuclear, e quando uma
acreditou na sinceridade do desejo da outra de acabar com a ameaça
nuclear...]”
(A era dos extremos; Eric Hobsbawm – Guerra fria, pag. 246, 1º parágrafo)
A Guerra Fria terminou com um largo estágio de governos centristas e
socialdemocratas moderados. Por volta de 1980, governos de direita ideológica,
comprometidos com uma forma extrema de egoísmo corporativo e laissez-faire,
chegaram ao poder em vários países.
A guerra fria foi uma guerra política e ideológica de duas vertentes que
influenciam o mundo ainda hoje. Essa luta era importante para os EUA pois quanto
mais se expandi-se o capitalismo no disputado terceiro mundo melhor seria para as
grandes empresas ocidentais que garantiam grande parte do poder econômico dos
EUA, isso se dá pela mão de obra barata, expansão de consumidores e pela
valorização da moeda americana. A URSS pretendia introduzir sua ideologia
globalmente na intenção de alcançar o fim da luta de classes findando assim o
capitalismo. Essa disputa que interferiu no mundo inteiro não findou com a queda do
muro de Berlim em 1989 ou com o fim da URSS em 1991. Ela ainda continua, não
com a mesma força, mas continua, até os dias de hoje no cenário político global.
Quando voltamos o olhar para o Brasil no período do governo de João
Goulart, somos apresentados aos conflitos que estavam ocorrendo nessa época.
Goulart foi eleito presidente do Brasil em 1961, seu governo se estendeu até 1964,
período no qual estabelece alianças com a China, uma aliança indesejada pelos
Americanos que também eram aliados do Brasil. Os EUA não apoiavam essa
aliança por serem capitalistas e os Chineses serem comunistas, tinham medo de
que o Brasil fizesse como Cuba, e assim perder o território brasileiro para o
comunismo.
Tal desaprovação dos EUA fez com que o então presidente John Fitzgerald
Kennedy em contato com a embaixada dos EUA no Brasil e seu representante
Lincoln Gordon com quem mantinha contato constante, começassem a traçar planos
para o então golpe de 1964, que durou 21 anos, uma ditadura militar que contou
com apoiadores no Brasil, para o que veio a se tornar anos de tortura e repressão a
qualquer tentativa de ir contra a forma de governo que havia sido imposta. Após a
morte de Kennedy, o plano foi colocado em prática e seguido por Lyndon B.
Johnson, os EUA não mediram esforços para que seu plano fosse executado.
A trama começa quando o Presidente brasileiro João Goulard faz alianças
políticas com a China, que havia adotado ao comunismo e se aliado aos soviéticos.
Essa aliança representava grande ameaça ao capitalismo então foi interpretado
como uma das razões pela qual os EUA, presidido então por Kennedy, deveria
encontrar um meio de derrubar o governo Goulard. O Brasil era muito mais
ameaçador que Cuba para os EUA se caso se torna-se comunista, isso por conta de
sua grande influência na América do Sul.
Os EUA financiaram opositores de Goulard, os quais realizaram o golpe
militar que se prolongou de 1964 à 1985. Entre as formas indiretas de confronto
podemos citar que após a China e Cuba se tornarem comunistas o Brasil se
deixaria levar por essa ideologia, é mostrado no documentário O dia que durou vinte
e um anos que os EUA avançavam suas tropas em guerras como na Coréia, Vietnã
e Afeganistão sobre o pretexto de estarem levando a democracia a esses povos que
estavam em assaz esperança de terem liberdade e direitos humanos. No Brasil,
porém foi diferente, o país já gozava de democracia e direitos humanos, mas estava
pendendo para a política de esquerda, comunista e soviética isso é evidenciado
quando João Goulard luta pela causa dos trabalhadores sem terra e reformas
agrarias.
Enquanto as ações de Jango, representavam perigos aos Estados Unidos
que passou a financiar obras no Brasil os EUA criaram ferramentas para o controle
da população, como:
 Aliança para o progresso;
 IPES (criar propaganda para que a população aceitasse o que estava por vir;
 IBAD (ação do governo americano para derrubar João Goulart, conspiração
para compra de Deputados e Governadores).
As duas pessoas mais importantes para a instauração do governo militar
foram: Lincoln Gordon, embaixador norte-americano e Vernon Walters, general e
agente secreto norte-americano. Vernon Walters foi o organizador de grupos
militares para derrubar Goulart. E nos dias 31 de março e 1 de abril de 1964, foi
instaurada a ditadura militar, Jango e Leonel Brizola fogem para o Uruguai, sem
entrar em guerra, sendo um processo fácil, sem qualquer necessidade do uso das
forças navais dos EUA. A partir desse ponto, a ditadura militar foi instaurada o Brasil
começou a sofrer interferências diretas do governo norte-americano, que até mesmo
reconheceu o governo que havia se instaurado.
No período de 21 anos foram cometidos atos que nem mesmo foram
imaginados pelos EUA e a ditadura fugiu de qualquer controle. Houve atos
inconstitucionais, sendo o AI-5 mais opressivo, como fechamento do congresso.
Graves crimes contra a democracia, contra a liberdade e contra os direitos humanos
foram cometidos durante esse periodo.

2.1. O posicionamento do Brasil no cenário global da Guerra Fria

Ao analisarmos o livro de Hobsbawm, A era dos Extremos podemos notar o


caos causado mundialmente pelos conflitos de duas grandes potências que não
podiam se enfrentar diretamente, pois as duas tinham armas nucleares e um conflito
nuclear em escala global não seria ético nem lucrativo para nenhuma das duas
nações, porém o medo do outro utilizar de armas nucleares impedia ambos os lados
de um conflito direto, uma guerra entre EUA e URSS. Nessa situação passaram a
buscar aliados que adotassem seus ideais, suas culturas e seu modo de pensar
social, política e economicamente. A corrida armamentista e a corrida espacial são
grandes características desse período, mas o que marcou mesmo a guerra fria
foram os confrontos indiretos e interferências em outros governos como forma de
anexar ou proteger sua influência internacional.
Dentro do cenário da Guerra Fria apresentado por Hobsbawm uma
característica que predominou esse período foi a espionagem. No contexto brasileiro
apresentado no documentário o Diplomata americano Lincoln Gordon irá exercer
esse papel autenticar no meio político e conspirar secretamente e diariamente contra
o João Goulart. Os relatórios apresentados por ele ao governo estadunidense
apresentavam provas de que Goulart era simpatizante do comunismo na América do
Sul. Essas informações fazem os Estados Unidos tomaram suas providências,
financiando a oposição no Brasil, estreitas relações com grupos militares brasileiros
foram criadas, grandes incentivos empresariais como forma de fortalecer o
capitalismo também ocorreram no Brasil e por fim após toda essa conspiração
fulminou que foi elaborado o golpe de Estado em 31 de março de 1964 contando até
mesmo com apoio de um navio americano em litoral brasileiro para pressionar o
governo Goulart, em 9 de Abril se concretiza o golpe de Estado, Brasil agora é uma
ditadura sobre o poder do Presidente Castelo Branco.
Hobsbawm nos fala que a Guerra Fria foi a maior causadora de conflitos
internos causados entre as nações no pós-guerra, esses conflitos civis ocasionados
pela guerra ideológica do comunismo versus o capitalismo é o resultado da
interferência internacional americana ou Soviética nesses países. No Brasil não foi
diferente, a ditadura militar de 1964 ainda quem encarada como branda aos olhos de
internacionais causou muitas mortes no Brasil, e exerceu grande proibição dos
direitos humanos como liberdade de ir e vir ou a liberdade de expressão, também
fez muitos prisioneiros de guerra que eram pessoas que não tinham crime algum
apenas lutavam por seus direitos que um dia foram confiscados. Causando assim
conflitos que no Brasil não era esperado além do extremo medo daqueles que
deveriam nos proteger que pairava sobre o ar brasileiro.
Ao final de uma análise a fundo, fica claro que o Brasil não apresentava risco
ao capitalismo liberal dos Estados Unidos da América. Mas a superpotência decidiu
prevenir-se e fortalecer seu controle no maior país da américa do sul, ajudando a
estabelecer uma ditadura que teria seu apoio e daria seu apoio incondicional a
qualquer custo. Custo que se tornou vidas, liberdade e vinte e um anos de ditadura.
3. Conclusão

O mundo do ano de 1964, se encontrava em meio a Guerra Fria, um dos seus


grandes embates era a disputa entre capitalismo versus comunismo, uma de suas
principais figuras, representando o capitalismo era os EUA que não media esforços
para que se mantivesse sempre à frente das demais nações.
Os EUA possuíam um grande medo de que o comunismo dominasse o Brasil,
por isso investiu todos os seus recursos possíveis para que isso não ocorresse.
Chamava de aliança para o progresso o que estava fazendo, aliança que se
baseava em idealismos, com investimentos milionários em diversas áreas;
educação, agricultura, infraestrutura, finanças.
Ao perceber que poderia estar perdendo os EUA faz uso então da força bruta
para atingir seus objetivos, com o golpe militar põe em xeque o governo de João
Goulart como uma tentativa desesperada de afastar o Brasil do que eles
acreditavam ser a ameaça comunista. Para que isso ocorresse estava até mesmo
disposto a fazer uso do seu poder bélico, o qual vinha se desenvolvendo cada vez
mais com o avanço da guerra na grande corrida armamentista presente no período.
Ou seja, é possível notar no Brasil reflexos do conflito da Guerra Fria que
Hobsbawm fala em seu livro, no qual a luta por supremacia causou interferências e
mudanças em diversos níveis da sociedade.
O texto de Hobsbawm e o documentário O Dia que durou 21 Anos nos dizem
que todo o conflito que aconteceu no Brasil, todas as mortes, todos os sequestros, a
espionagem, a falta de verdade, a falta de informação e sobretudo o golpe militar
são resultados não do Brasil ou de seus interesses pelo contrário é resultado de
uma guerra internacional ideológica que atendia a interesses das grandes potências
mundiais no caso do Brasil os Estados Unidos para se defender do comunismo
soviético.
4. Referências bibliográficas

“GUERRA FRIA” IN: HOBSBAWM, ERIC. A ERA DOS EXTREMOS: O BREVE


SÉCULO XIX. SÃO PAULO: CIA DAS LETRAS, 1997, P. 223-252.

“O DIA QUE DUROU 21 ANOS”, DIR: CAMILO TAVARES (2013).

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