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DEUS É FIEL

CENTRO UNIVERSITÁRIO SUMARÉ

TATUAPÉ-SP

2021

NOME: Andrei Bastos Mariano

RA: 1920024

LICENCIATURA EM HISTÓRIA

ESTAGIO VIRTUAL DE LICENCIATURA

MODALIDADES

 ENSINO FUNDAMENTAL II
 ENSINO MÉDIO
 EJA

1
SUMÁRIO

 INTRODUÇÃO........................................................................................................3

PARTE I: MODALIDADE I – ENSINO FUNDAMENTAL II


 A IMPORTÂNCIA DE TRABALHAR FONTES HISTÓRICAS EM SALA DE
AULA........................................................................................................................4
 ENTREVISTA............................................................................................................6
 ANALISE DO FILME: A SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS...........................9

PARTE II: MODALIDADE – ENSINO MÉDIO

 COMO DESENVOLVER EM SALA DE AULA A COMPREENSÃO DA


FORMAÇÃO ÉTNICO-CULTURAL
BRASILEIRA............................................... .....................................................11
 ENTREVISTA...............................................................................................13
 ANÁLISE DO FILME: ESCRITORES DA
LIBERDADE........................................................................................................15

PARTE III: MODALIDADE III – EJA

 A CONCEPÇÃO DO ALUNO COMO UM SUJEITO CULTURAL COM


SABEDORIA DE VIDA E A NECESSIDADE DE ARTICULAR O
CURRÍCULO TORNANDO-O CULTURALMENTE
SIGNIFICATIVO..............................................................................................17
 ENTREVISTA......................................................................................................19
 ANÁLISE DO FILME: O SORRISO DE MONALISA.....................................22
 CONCLUSÃO......................................................................................................24

1
Introdução

Este trabalho de estágio virtual tem como intuito reunir as experiências


necessárias de um estágio presencial em arquivo digital, este trabalho foi feito
através de pesquisas em diversas fontes históricas tais como textos, filmes,
entrevistas e os conteúdos disponíveis no AVA da Universidade Sumaré.

Este trabalho conta com três capítulos, cada um irá apresentar um texto, uma
entrevista e a análise de um filme em suas diferentes modalidades de ensino
( Ensino Fundamental, Ensino Médio e EJA). Os temas dos textos
desenvolvido foram os deixados no Card História do Modulo Estágio Virtual do
AVA Sumaré e os filmes também, as entrevistas seguiram as respectivas
perguntas que foram deixadas como orientação no AVA.

 Ao ler esse trabalho de estágio poderá refletir sobre temas como diversidade
cultural, o ser humano com construtor da própria história e os desafios
enfrentados pela grande maioria de professores e professoras do nosso país.
Também vai notar os fundamentos básicos da docência pelo ponto de vista de
três professores em modalidades diferentes e através da reflexão das análises
dos filmes verá como a Educação pode ser extremamente importante para a
vida de muitas pessoas.

1
Parte I

Modalidade I - Ensino Fundamental II

A importância e diferentes formas de trabalhar as fontes históricas em


salas de aula.

Para começarmos é bom relembrar o que são fontes históricas, são as


evidencias que o ser humano pode ou inseriu na história, elas vão desde os
tempos antigos com pinturas rupestres e ferramentas e artefatos feitos pelo ser
humano, passando pela era em que foi inventada a escrita na Mesopotâmia, a
partir daí surgindo textos, documentos, cartas, receitas e uma infinidade de
dados escritos pelas pessoas em pedras, pergaminhos, tabuas de madeira,
papiro e papel ao longo da existência humana. Além destes nos últimos dois
séculos surgiram fontes históricas em formato de áudio e vídeo que são os
filmes, programas de televisão, documentários e também músicas gravadas em
CDs, fitas e outros formatos de armazenamentos de dados, todos esses tipos
de fontes hoje podem ser acessadas através da internet. Também não
podemos deixar de citar as fontes históricas usadas por povos que não utilizam
a escrita com forma de passar seus conhecimentos mas sim praticam a
tradição oral e representação de suas crenças através de danças, canções e
rituais, esse tipo de transmissão de conhecimento é chamado de educação
difusa, entre esses povos podemos citar os aborígenes africanos e os
indígenas do Brasil.O termo fonte histórica ganhou destaque no século XIX
com Van Ranke, que usou o termo para indicar de onde deveriam vir os
argumentos usados pelos historiadores em seus textos. Van Ranke é
considerado o homem que elevou a história de caráter de lenda para uma
ciência que pode e deve ser estudada. A maneira que ele estabeleceu para
investigar a história cientificamente foi classificar as fontes históricas como
fontes primárias e secundárias. A fonte histórica primaria é aquele que foi
produzida durante o momento que o historiador está abordando. Já a fonte
secundária é a avaliação ou pesquisa de outro historiador que o antecedeu em
seu estudo pela fonte primária.

1
Mas foi com a Escola dos Annales no século XX que a fonte histórica
passou a ter uma nova forma de consideração, com os Annales todo vestígio
do ser humano na história, seja esse ser humano de qualquer nação, credo,
etnia ou classe social e posição política deveria ser considerado como fonte
histórica. A partir daí também não foi mais considerada a neutralidade do
historiador mas sim que tudo aquilo que o ser humano produz contém um
objetivo, intenções, parcialidade e influencia. Com isso a história se tornou
menos restritas aos povos “vencedores” e em destaque na história, podendo
assim abranger novos pontos de vista sobre um mesmo período ou
acontecimento na história.

Dito isto, as fontes podem ser usadas de diversas formas em sala de


aula, podendo ser usadas em aulas mais tradicionais com leituras e
interpretações de texto e também com aulas mais expositivas e dinâmicas
como a citada no card da plataforma de aprendizagem no tópico “Na Prática”
onde a professora solicita que seus alunos (as) tragam suas fontes históricas
familiares e pessoais, com as fontes foi possível criar uma feira histórica.

O uso das fontes históricas em salas de aula também pode ser estudada em
analises de filmes e músicas que retratem ou tragam a reflexão sobre temas
abordados em sala de aula. O próprio ambiente escolar também pode ser
usado como fonte histórica de estudo com sua arquitetura (sempre foi assim?
Ocorreu expansões ou modificações?) e como se deu o processo da história da
instituição de ensino dede a idéia e construção até os desafios e marcos de
sua trajetória.

Lembro que em meus anos no Ensino Fundamental, isso no quinto ano,


quando tinha treze anos em 2014, na escola E.M.E.F Carlos Corrêa Mascaro
que fica no Jardim da Conquista na região de São Mateus, zona leste de São
Paulo, havia uma professora de história por nome Kátia, um dia ela propôs uma
atividade que fez com que eu admirasse a ciência história como minha ciência
predileta. A atividade era conversar com os pais e descobrir qual era o objeto
mais antigo em casa e depois escrever sobre a história daquele objeto e ler
diante da classe.

Entre os objetos dos meus colegas havia vasos, relógios, roupas,


talheres, xícaras e muitas outras coisas e cada explicação de cada colega me
fascinava em ver que algo tão simples continha uma história tão interessante.
Eu levei um livro da enciclopédia Conhecer da década de setenta que minha
mãe usava para poder estudar, pois na escola dela não havia livros didáticos
gratuitos. Aquela atividade me transformou intelectualmente, me fez curioso e
despertou em mim uma reflexão crítica sobre as coisas, fez me ver que assim
como minha mãe cada pessoa carregava consigo fontes de sua história, isso
me fez ver os outros com mais valor.

1
Há também como possibilidade se a escola tiver material informático
pedir para que os alunos acessem as fontes pela internet ou que trabalhem
pesquisas sobre a tradição oral e apresentem uma aula oral sobre determinado
tema para a turma como contar sobre um aniversário, feriado ou férias
apresentando fotos ou apenas narrando como foi fazendo assim uma aula bem
dinâmica sobre as fontes históricas que os próprios alunos carregam consigo.

No campo da educação a ciência história já superou ou está quase


superando o caráter de memorização e está se tornando a ciência que
desperta nos alunos o pensamento crítico e pessoal através das fontes
históricas, para isso o professor deixou de ser detentor do conhecimento para
ser mediador do aluno e do conhecimento da fonte histórica. Isto é o professor
desvelar que o aluno é um agente da história, que os pais dos alunos, sua
cultura, sua origem contém sua própria história e isso tudo pode ser
encontrados em documentos, fotos, álbuns de família e gravações importantes.
A fonte histórica tem o poder de despertar o aluno para sua própria história, o
fazer refletir sobre o passado, a perceber problemas em seu presente que até
então estavam mascarados por parecerem comuns, pode fazer refletir sobre o
futuro e principalmente o faz notar que sua vida faz parte da história como
ciência.

Entrevista com Professor de História em Ensino Fundamental II

A entrevista por motivo da pandemia e o risco de contágio da doença Covid-19


foi realizada através do chat da rede social Instagram, eu após conversar com
o professor lhe mandava as perguntas e ele me respondia, segue a entrevista:

Nome: Vagner Aparecido Marques.

O que te levou a escolher essa profissão?

- Durante o Ensino Médio, fui tomado por aquela angustiante necessidade de


decidir o que faria após o termino da Educação Básica. Neste processo,
procurei observar as áreas que eu mais gostava e quais delas eu poderia
exercer, entretanto, sempre tive uma relação de aproximação com as Ciências
Humanas, com destaque, a História.

Minha mãe foi militante política, presa e torturada durante a Ditadura Militar
Brasileira e o debate político me acompanham desde minha infância.

A escolha pelo curso de História foi ocorrendo em um processo de forma


natural, mas, a docência não era de imediato o meu foco de interesse. Fui fazer
cursinho já sabendo que iria prestar o vestibular para o curso de História e

1
exclusivamente na PUC-SP, Universidade onde minha mãe foi presa. No final
do ano do cursinho, os debates políticos me levaram a encarar a educação
como espaço fundamental para a formação humana e cidadã, por essa razão,
escolhi a docência.

Como é sua relação com seus alunos?

- Atualmente a relação entre meus alunos e eu é absolutamente horizontal,


construir perspectivas onde a relação professor e aluno deva ser igualitária,
aberta e horizontal, foi um processo de maturação na carreira.

Nos primeiros anos de docência, estabelecia uma relação hierarquizada e de


poder, isso me conferia bons resultados técnicos, mas péssimos resultados
humanos. Estar com meus alunos, é antes de tudo, um favor gratuito de Deus
para que eu aprenda cada dia a me tornar uma pessoa melhor e aprender, na
diversidade, pluralidade e no coletivo que sou uma parte do processo e não o
processo em si.

Hoje, a relação que desenvolvo com os alunos é madura, os pais são


imprescindíveis, pois juntos, alunos, pais e eu construímos pontes. Vou à casa
dos meus alunos, temos grupos em aplicativos de mensagens. Nossa relação é
dialógica e intensa e demanda muita entrega e quanto mais eu entrego, mais
eu recebo, portanto, no final, sou privilegiado.

Das experiências que presenciou no campo da educação, qual delas


considera mais significativa no seu trabalho?

-Tenho duas experiências que são marcantes em minha carreira. A primeira,


ainda no inicio, quando tinha uns seis anos de docência. Um aluno do 7º ano
não estava contente com minha aula, meu posicionamento e o confrontei. Por
muito pouco não o agredi e esse episódio foi marcante para que eu pudesse
virar a chave. Até então, era distante dos alunos, impessoal, indiferente aos
seus desafios e aquele episódio me levou a querer descobrir as razões que me
levou ao confronto.

Descobri que o aluno era vítima de violência em sua casa e a figura masculina
era uma ameaça a ele, e eu, com posicionamento autoritário reforçava esse
medo. Aquilo foi um choque e a partir disso eu ressignifiquei meu trabalho a
ponto de toda e qualquer relação, com os alunos, pais e colegas de trabalho
ser construída no diálogo, na horizontalidade e sem a expressão do poder.

A segunda experiência mais marcante foi a morte de um aluno, vítima de


câncer. Quando soube que ele estava em fase terminal da doença, ele já não
freqüentava a escola e eu ia a sua casa passar um tempo com ele, fazer
companhia e ele sempre dizia que estava perdendo a aula do professor que ele

1
mais gostava. A cada dia a morte se aproximava e tentava não perder o
controle por conta disso, procurei em Deus entender o porquê de um garoto tão
jovem, tão alegre e amável ser acometido com essa doença. Quando ele
faleceu, estive por um longo período de tempo no velório e a cena de meu
aluno, meu parceiro, meu amigo dentro do caixão me feriu de tal modo que até
hoje a cicatriz não foi fechada.

Qual é a principal dificuldade que um docente, uma docente enfrenta no


dia a dia?

- Há várias dificuldades, lamentavelmente, em nosso país enfrentamos, entre


outras coisas, dois desafios, 1º o baixo investimento do Estado em Educação e
o segundo é o diminuto valor simbólico da educação.

Segundo o Censo Escolar de 2017, 58% das escolas do país não possuem
rede de esgoto, 11% não tem água encanada, 53% não dispõe de laboratório
de informática, 65% de acesso à internet, 45% biblioteca e 69% espaços de
acessibilidade. Esse panorama é um impeditivo para as aprendizagens dos
alunos e para o trabalho docente, somado a precarização do trabalho, baixos
salários e pouca perspectiva de plano de carreira.

Você faz uso de novas tecnologias em suas aulas? Quais os benefícios e


as dificuldades encontradas?

- Em tempos de pandemia e aulas remotas, as novas tecnologias tornaram-se


dominantes na educação. As utilizo antes mesmo da pandemia e agora, muito
mais.

De que forma você interage com as famílias?

- Vou regularmente à casa de meus alunos, todos eles, tenho o endereço de


todos, os contatos telefônicos dos pais e além de aplicativos de mensagens, eu
ligo, envio cartas e vou às casas.

O que te motiva a dar aulas?

- O amor, não como sentimento romântico, mas como ato e potência. O amor
como condição de transformação humana, forma potencializar o coletivo, como
forma de criar poesia, como forma de levar a paz, a diversidade e ao mesmo
tempo alcançar o impossível. Sou professor porque sou motivado ao amor,
minha relação com os alunos é a mesma no Ensino Fundamental, no Cursinho
Pré-Vestibular, nos cursos de graduação da Universidade ou na Pós-
Graduação.

1
Sou professor porque a docência está relacionada com o privilégio de semear o
amor e volto a repetir que não me refiro a forma romantizada, mas sim, a
potencia política que destrona os poderosos, resgata a dignidade do ser,
perdoa o imperdoável e cria o impossível.

Em sua opinião a figura do professor, professora é valorizada?

- Professores assumem 2 a 3 jornadas de trabalho para conseguirem nutrir


suas necessidades básicas e isso é um enorme desafio, pois há
conseqüências como doenças, pouco tempo de preparo das aulas, baixos
salários, cansaço excessivo, etc.

Como você se vê daqui 5 anos?

- Como um professor aprendendo com as novas turmas que chegarão e


realizado em ter concluído mais de duas décadas como docente.

Com agradecimentos aqui findou a entrevista com o professor Vagner


Marques.

Entrevista realizada em 18\03\21

.Dados do Entrevistado:

Telefone: 11 995980159

Escola onde leciona: EMEB Professor Primorosa Jorge do Nascimento

Análise do Filme: A Sociedade Dos Poetas Mortos

O filme A Sociedade Dos Poetas Mortos se trata da representação de


uma escola estadunidense do meio do século XX, essa escola é uma escola
que apresenta várias normas como uniforme, punições físicas para os alunos
que apresentarem comportamentos inapropriados e lá só estudam alunos do
sexo masculino, tem o ensino padronizado e apresenta bastante rigidez na
intenção de proteger sua reputação de melhor escola preparatória. A trama é
iniciada com bastante seriedade e mesmice em relação ao modo de falar e
vestir das personagens além do filtro de filmagem cinzento e escuro que dá a
pensar que tudo mostrado é velho e sem vida. Com a chegada do novo
professor de inglês, o carinhosamente chamando “Capitão, meu capitão” por
seus alunos, interpretado por Robin Willians, ele iniciará um tipo de ensino
diferente daquele que está estruturado por aquela instituição de ensino.

1
Esse professor irá iniciar um ensino não voltado a decoração do que é
certo e errado em sua matéria mas sim o que levou a considerarem ser certo
ou errado, os ensina a pensar por si mesmos e revela aos alunos que eles são
construtores de sua própria história, eles (os alunos) são inspirados desde a
primeira aula com o novo professor onde são ensinados a famosa frase de
Horácio: “Carpe Diem” que em tradução livre significa “aproveite o momento”,
isso os levou a reverem a vida que estavam vivendo, os despertando para suas
verdadeiras paixões e vocações. A cada aula o professor transformava cada
vez mais os alunos, os inspirava e os levava ao pensamento crítico que os fez
ver os problemas presentes em suas vidas.

O filme tem grande relação com a educação real ensinada nas escolas.
É evidenciado de forma que inspira o verdadeiro papel do professor como
construtor intelectual da sociedade e principalmente em sala de aula. O modo
como o cinzento e escuro filtro do filme ganha vida nos momentos em que os
alunos passam de aprender por obrigação para realmente quererem aprender
da a sensação de que houve uma transformação no aluno a partir da aula
ministrada pelo professor e principalmente como a sensação de liberdade e
incomodo com a realidade vivenciada pelos alunos que passam a pensar por si
mesmos leva a crer que a educação quando bem aplicada é libertadora,
transformadora e poderosa.

A educação apresentada por esse professor faz lembrar que cada aluno
contem suas fontes históricas e é uma fonte histórica, moldando o jeito de
como eles se auto enxergavam. Essa educação, esse tipo de aula, esse tipo de
objetivo representado no filme sim pode transformar a sociedade, pode quebrar
barreiras ideológicas e construir pontes de tolerância e convivência, evidencia o
valor do professor e a influencia que ele tem, por fim o filme deixa claro que a
vida é mais do que cumprir padrões estabelecidos por outras pessoas para
nossa vida e a chave para abrir as mentes fechadas é o conhecimento que só
é muitas vezes alcançado através da educação.

1
Parte II

Modulo II – Ensino Médio

Como desenvolver em sala de aula a compreensão da formação étnico-


cultural brasileira?

O Brasil é um país muito diverso culturalmente e etnicamente, isto é


resultado de séculos de miscigenação e processos migratórios que ocorreram
aqui. Desde a chegada dos portugueses com as tribos indígenas que já eram
muitas e distintas culturalmente umas das outras, somada com a grande
quantidade de africanos de diversas etnias que havia no continente África
durante os séculos XVI, XVII e XVIII que foram trazidos para o Brasil
forçosamente e desumanamente para serem escravizados. Além disso, houve
as invasões holandesas no nordeste, a presença dos franceses no Rio de
Janeiro, a migração européia no século XIX que trouxe muitos alemães,
italianos e poloneses para cá principalmente para o sul do país, judeus e
árabes que foram banidos de Portugal para o Brasil e recentemente a
imigração de pessoas dos nossos países vizinhos Venezuela, Haiti e Bolívia
que vem para o Brasil e a grande onda de refugiados da África e do Oriente
Médio que fugindo de conflitos e guerras em seus países acharam abrigo no
Brasil nesse conturbado fim do século XX e inicio do século XXI.

Toda essa mistura etino-cultural forma o tecido social brasileiro, e isso


se reflete na culinária, nos dialetos, nas religiões, nos costumes e na
diversidade. Porém existem também muitos estereótipos, preconceitos e
ignorância dentro dessa grande diversidade que forma o nosso país. Essa
diversidade é principalmente encontrada em nossas salas de aula, é um
desafio levar os alunos a compreender essa diversidade étnico-cultural que
temos em nosso solo nacional para quebrar as barreiras criadas pelos
estereótipos, preconceitos e pela falta de conhecimento.

Para desenvolver essa compreensão em sala de aula é necessário


primeiramente criar uma atmosfera harmoniosa entre os alunos para que se
conheçam e se respeitem, depois desenvolver atividades que apresente aos

1
alunos e alunas a complexidade das muitas etnias do Brasil, como por
exemplo, propor pesquisas sobre a presença de alguma etnia como os
japoneses ou descendentes de africanos, sobre suas crenças, seus costumes
e valores. Pode se também pesquisar sobre as influencias que esses povos
têm no nosso dia após dia, assim notarão, por exemplo, que coisas como
narguilê, tabacarias, as esfirras e quibes entre outras coisas são herança do
Oriente Médio que se misturou a cultura brasileira, fazendo parte da nossa
diversidade cultural.

Visitas à museus e alugares históricos como o Pátio Do Colégio, lugar


onde os padres jesuítas catequizavam e educavam as crianças indígenas em
São Paulo ou também exposições de filmes e músicas em sala de aula que
representem essa diversidade cultural. Até trabalhos como pesquisarem sua
árvore genealógica onde perguntariam aos seus parentes sobre seus
antepassados, isso faria com que os alunos aprendessem que carregam em
suas veias sangue de diversas etnias diferentes como indígenas, povos
africanos, europeus entre outros, gerando assim mais empatia em questão as
etnias presentes em nossa sociedade.

Uma atividade que eu realizei sobre a diversidade etino-cultural na


história ocorreu no meu primeiro ano do Ensino Médio, meu professor de arte
propôs que em grupos os alunos visitassem específicos lugares em São Paulo,
tirássemos fotos e gravássemos vídeos da nossa visita e depois
apresentássemos depoimento da nossa descoberta. O meu grupo ficou com o
bairro Liberdade, lá descobrimos que além de seus habitantes serem em sua
maioria de origem japonesa, o que representava muito a cultura oriental no
bairro, ele também foi um antigo cemitério de escravos, pois como se
localizava na direção das costas da Catedral da Sé e por conta da segregação
racial do século XVI e XVII os escravos não deveriam ser enterrados próximos
ou nos terrenos da catedral ou em vista das pessoas que a freqüentavam como
costume daquela época, então os escravos mortos eram enterrados onde hoje
se localiza o bairro Liberdade com a Catedral da Sé de costas para eles
trazendo assim um simbolismo que retrata a exclusão e desumanização do
negro no Brasil. Essa atividade abriu os meus olhos para ver que as áreas em
que vivemos são palco e reflexo da diversidade cultural e étnica, dos conflitos
que foram e ainda são travados hoje a respeito da liberdade cultural.

O desenvolver atividades com essa temática de diversidade étnico-


cultural em sala de aula é extremamente importante na formação do aluno,
tanto intelectual como humanamente. Fala sobre as etnias, conversar em aula
com os alunos sobre como eles enxergam e como notam esse tema em suas
vidas faz com que o ambiente escolar seja um lugar de acolhimento, empatia e
solidariedade, pois a escola para a maioria das pessoas é o primeiro lugar de
fato a se depararem com a diversidade social. Além de cumprir coma Lei Nº
11.645 que valoriza o multiculturalismo também nos fazem crescer como

1
profissionais e como seres humanos. Então o desenvolver a compreensão
étnico-cultural na sala de aula é um processo revolucionário que durante muito
tempo foi ignorado, mas que agora vem abrindo olhos e corações em nossos
alunos, em nosso tempo, esse ato de expansão da compreensão do
conhecimento étnico-cultural amplia o poder da educação, transformando vidas
na sala de aula.

Entrevista com professor do Ensino Médio


A entrevista por motivo da pandemia e o risco de contágio da doença Covid-19
foi realizada através do chat do app Whatsapp, eu após conversar com o
professor lhe mandava as perguntas e ele me respondia, segue a entrevista:

Nome: Clécio Rodrigues de Souza

-O que te levou a escolher essa profissão?

-Eu sempre gostei de matemática, era considerado um bom aluno, com notas
altas desde o ensino fundamental (6º ano até 9º ano) e no ensino médio, tive
um professor chamado Luiz (apelidado de Luizão), que conversamos algumas
vezes e ele me falou da faculdade, em dar aula e apreender “de verdade” a
matemática, com isso me incentivou e ai iniciei a graduação licenciatura plena
em matemática e física (4 anos de duração), e quando eu passei para o meu
segundo ano de graduação eu estava lecionando, para o ensino fundamental e
médio.

-Como é sua relação com seus alunos?

-Sempre tive uma boa relação, primeiro comecei a dar aula com 19 anos,
falávamos a mesma “linguagem” e com passar do tempo, fui apreendendo a
lidar com a questão da adolescência e juventude, e hoje, tenho um projeto que
falo com meus ex-alunos (as) por meio de um bate papo entrevista (live) e
tenho a satisfação de muitos deles quererem conversar.

-Das experiências que presenciou no campo da educação, qual delas


considera mais significativa no seu trabalho?

-Tive várias experiências fantásticas na educação, estou colhendo muitos


frutos hoje, eu era coordenador e professor de um curso preparatório - dentro
da escola pública gratuito para os alunos e eu era voluntário - para faculdades

1
e muitos alunos que passaram por lá, estão formados e com sucesso na sua
profissão, isso dá um orgulho enorme como docente e entendendo que fiz
parte da vida escolar deles.

-Qual é a principal dificuldade que um docente, uma docente enfrenta no


dia a dia?

-É entendo que é extraclasse, pois o conceito de escola que tenho é amplo,


ultrapassa as salas de aula, assim toda a comunidade faz parte da escola, o
“tio” que vende bala na porta da escola ele também faz parte da escola, por
exemplo, com isso vejo que o docente se enfrenta a partir daí, não entender
esse conceito, e com isso, vêm, choque de cultural, violências, cognitivos, entre
outros.

-Como você encontra novas idéias para aulas?

-Eu me cobro muito sobre melhorar e me preparar para as aulas, por isso, eu
me capacito em sites, cursos, leituras de livro, revistas e artigos científicos,
com isso, fiz a graduação em matemática e física, pós-graduação em
matemática pura, pós-graduação em física, pós-graduação em educação em
designer instrumental, participação em congresso de matemática e educação,
e com isso a interação e a troca por meio de compartilhamento ajuda vim
novas idéias para as aulas.

-Você faz uso de novas tecnologias em suas aulas? Quais são os


benefícios e as dificuldades encontradas?

-Sim, eu tenho uma afinidade com a tecnologia, com isso, leciono algumas
aulas pelo meu canal do Youtube (que criei e dou muitas vezes aula por lá) e
dentro das minhas capacitações foco muitas vezes em atividades voltadas para
tecnologia.

Hoje, os benefícios estão diretamente ligados ao lado pessoal, da satisfação


pessoal de lecionar e poder colaborar desenvolvendo pessoas pela educação
(matemática), as minhas dificuldades estão relacionadas as “políticas” que
envolve o professor, com isso vem desvalorização profissional, e escolas com
poucos recursos pedagógicos.

1
-De que forma você interage com as famílias?

-Como leciono na mesma escola pública, por mais de 20 anos, eu lecionei para
o aluno, que teve filho, e hoje até o neto lecionei, ou seja, eu tenho junto com
os alunos uma parceria muito satisfatória com a família e a comunidade.

-O que te motiva a dar aulas?

-Acordo todos os dias às 6h da manhã, leciono de manhã, tarde e noite,


durante mais de 20 anos, com isso, o que me motiva é a troca de aprendizado,
entre os colegas de profissão, da minha área e de outra área, aprendizado com
os alunos. Ver os alunos se desenvolver os assuntos de matemática, e os
alunos crescendo como pessoa.

-Na sua opinião, a figura do professor, professora é valorizada?

-É muito pouco valorizada, infelizmente, por muitas questões como: questões


políticas dentro da educação, e vejo cada ano poucos jovens indo para a área
da educação (cursos de licenciatura), muitos profissionais vêm a educação
(professor) como “bico”, e com isso começa a ter profissionais que não estão
envolvidos e isso reflete na sala de aula e com isso envolve todos os outros
profissionais da área de educação e reflete na sociedade, outro ponto, é a
questão financeira, mau remuneração e para o professor ter um salário “digno”
tem que trabalhar mais de um turno.

-Como você se vê daqui a 5 anos?

-Eu me vejo próximo da minha aposentadoria, na educação escolar, mas isso


não quer dizer que não estarei “parando” de lecionar, pois tenho projetos
encaminhados de daqui a 5 anos, estarei colocando em prática, espero
grandemente que dê certo.

Dados do Entrevistado:

Telefone: 11 989766483

Escola onde leciona: EE Vila Bela

1
Análise do Filme: Escritores Da Liberdade

O filme Escritores Da Liberdade (2007) é uma obra cinematográfica


baseada em fatos reais que favorece a importância da Educação e também
nos mostra o valor dos professores e professoras e de cada aluno em sala de
aula. A trama do filme é a relação alunos-professora que se desenvolve entre a
professora Gruwell, vivida pela atriz Hilary Swank, e os seus alunos que ao
longo do filme estão no primeiro e segundo ano do colégio americano
( correspondente ao nosso Ensino Médio), esses alunos estão inseridos em
diversas gangues de viés racial na década de 1990 nos Estados Unidos. O
maior desafio da professora é fazer com que seus alunos deixem seus antigos
valores que os levaram ao mundo das gangues e a romantização que eles
tinham sobre matar, morrer, lutar e viver por essas gangues e suas questões
raciais de ódio ao diferente.

Mesmo com a falta de harmonia existente em sala de aula e a falta de


auxilio da administração escolar a professora Gruwell não se dá por vencida e
usa métodos de ensino que revelem aspectos humanos que os alunos em sua
diversidade étnica de brancos, negros, latinos e cambojanos em sala de aula
tinham em comum. Revela a eles a realidade que foi o holocausto e a
crueldade e falta de humanidade que a disputa e a idéia de superioridade racial
causaram na Segunda Guerra Mundial. Com isso os alunos se uniram e
deixaram para trás os motivos que os impediam de conviver uns com os outros.
Agora os alunos têm sede de aprender mais, sede por educação, porém a
administração escolar desacredita do potencial dos alunos e não fornece os
materiais necessários para a professora Gruwell, o que a leva trabalhar em
outros dois empregos para pagar por livros, excursões e para marcar encontros
da turma com sobreviventes do holocausto.

Um dos livros trabalhados pela professora foi o Diário De Anne Frank,


livro que os alunos se identificaram muito, pois uma de suas tarefas consistia
em escrever em um diário todos os dias sobre suas realidades, também se
identificaram com Anne (autora do livro) pelo contexto em que vivem, o de
guerra de gangues. Ao final do filme vemos uma turma bem diferente da do
inicio do filme, agora respeitam as identidades étnico-culturais e conseguem
viver e formar amizades em meio a essa diversidade, e tudo isso graças à
Educação transmitida pela professora Gruwell.

Esse filme além de inspirador é o modelo de empatia, respeito e


dedicação que os professores e professoras precisam ter frente a grande
diversidade de nossas salas de aula. A paciência, a solidariedade e a busca de
fazer os alunos e alunas compreenderem a necessidade de respeito com a
diversa étnico cultura da sociedade como porta para a paz, convívio social e
esperança de um futuro melhor é o modelo de Educação.

1
Parte III

MÓDULO III – EJA (Ensino para Jovens e Adultos)

A concepção do aluno como um sujeito cultural com sabedoria de vida e


a necessidade de articular o currículo tornando-o culturalmente
significativo

O Ensino EJA é uma modalidade educacional em que os alunos são


jovens e adultos que não puderam ou por algum motivo não concluíram os
estudos (Ensino Fundamental e Ensino Médio) de forma regular em sua
infância ou adolescência. O sistema de Ensino para Jovens e Adultos (EJA)
tem por objetivo garantir o direito de educação para todos, sejam eles jovens,
adultos ou e até mesmo idosos que queiram concluir o Ensino Fundamental ou
o Ensino Médio. Essa modalidade educacional tem por característica uma
menor duração de tempo em relação ao ensino regular e também ser muito
significativo para os alunos que nela ingressam.

A didática usada para ensinar as turmas que necessitam concluir o


Ensino Fundamental assemelha-se a didática usada em turmas do ensino
infantil. Já as turmas que necessitam concluir o Ensino Médio usam a didática
para tornar o aluno ativo politicamente e a praticar sua cidadania. Essas
didáticas usadas são as mesmas usadas no ensino regular, porem é ignorado
que o aluno do Ensino EJA não é mais uma criança que para aprender a ler
(embora a alfabetização de adultos seja freqüente) necessita de temas infantis
pois isso acontece no ensino infantil para que a criança relacione o ler e o
escrever com seu cotidiano infantil ou como um jovem ou uma jovem do Ensino
Médio que necessita aprender assuntos relacionados a política e cidadania por
estarem em uma fase que antecede a vida a adulta, para que eles entrem
nessa parte da vida mais conscientes.

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O aluno do EJA não se relaciona com temas infantis por não condizerem
com sua realidade e tudo o que é ensinado no Ensino Médio como forma
preparatória para a vida adulta o aluno do EJA já aprendeu formalmente ou
informalmente na vida através de suas experiências pessoais. A falta de
relação entre o ensino proposto pelo currículo tradicional e a realidade
vivenciadas pelos alunos é um dos principais motivos da evasão do EJA e é
responsável pela desmotivação da entrada de mais alunos ao EJA.

A pessoa que participa do EJA já é mais velha, já contém uma bagagem


de experiências pessoais, muitas já formaram família, sofrem com traumas,
preocupações, alguns trabalham em empregos muito desgastantes e outros até
já se aposentaram mas tem o sonho de se formar (tirando os alunos
aposentados os outros modelos também existem no ensino regular, porém, em
menores números de casos. O principal a se considerar é que enquanto o
aluno do ensino regular tem como maior responsabilidade os estudos enquanto
o aluno do EJA tem outras preocupações além dos estudos. O aluno da EJA
também deve ser concebido como sujeito cultural que contém suas crenças,
seus hábitos, seus costumes e suas tradições e tudo isso deve ser respeitado e
considerado em sala de aula.

O sujeito cultural que é o aluno deve ser entendido como tal, como
portador e construtor da própria história e como protagonista de sua própria
vida, isso tem que ser considerado em sala de aula, subjetivar o aluno
deixando ele em segundo plano mediante o currículo que tem como primeira
intenção transmitir saberes que muitas vezes nada acrescentam no cotidiano
dos alunos. Os conteúdos teóricos não atendem as soluções ou resoluções
que são necessárias na vida dos alunos, podemos lembrar que as questões de
taxas de cartão de crédito, a estruturação do sistema de classes e seu impacto
na vida deles, a formação histórica do lugar onde vivem e problematizar a falta
de respeito e indiferença mediante a diversidade cultural existente na nossa
sociedade e principalmente em sala de aula.

Subestimar o aluno do EJA por estar no EJA também está associado a


desistência de muitos alunos. Um professor e amigo meu relatou que durante
lecionava uma aula de história do Brasil para sua turma de EJA mostrou a foto
de trabalhadores em um canavial, essa foto mostrava como era sofrido o
trabalho na industrialização da cana de açúcar. Ele acreditava que iria
aterrorizar os alunos com a foto, de repente uma mulher que era aluna daquela
turma se identificou na fotografia e começou a contar com detalhes como era a
vida de quem trabalhava em um canavial para o professor e seus colegas de
classe, no fim quem ensinou foi uma aluna e quem aprendeu foi o professor.

O currículo que futuramente direcionado ao EJA é um currículo que


atenda as aflições e acrescente soluções que se relacionem com o dia após dia
dos alunos, que os motive a não desistirem dos seus sonhos, a respeitar a

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diversidade, a compreender a sociedade, a ver os benefícios da Educação na
vida deles, a serem cidadãos de pensamento crítico e reflexivo e a progredir
profissionalmente, intelectualmente e humanamente. É preciso que o currículo
tenha em vista os saberes que causem em efeito o sentimento de fraternidade,
a consciência da desigualdade e que evidencie como é importante o respeito e
a solidariedade, é preciso que os alunos se tornem contrários a todo tipo de
opressão, racismo, perseguição, homofobia e outros fatores que causam
tragédias e conflitos em muitas vidas na sociedade e nas salas de aula. Nessa
diversidade étnico-cultural é preciso sobre tudo conceber o aluno com sujeito
cultural e que cada aluno tem sua etnia, sua religião, sua classe social, sua
liberdade de gênero, sua origem e dialeto. O currículo deve os tornar, se caso
não forem, conscientes dessa diversidade e de todas essas culturas e
enfatizara necessidade de respeito, acolhimento e empatia que todas as
pessoas devem ter.

Entrevista com Professor do Ensino EJA

Confesso que os professores de EJA que eu conhecia não tinha modo de


entrevistar eles devido a pandemia ou havia perdido o contato. Então conversei
com um amigo meu que havia feito EJA e ele me passou o contato de um dos
seus professores, no caso o professor de Língua Portuguesa Cícero, então
após nos conhecemos marcamos e realizamos a entrevista. Como essa
entrevista aconteceu diferente das outras usei um modo diferente para digitá-la,
essa entrevista aconteceu no meio de uma conversa então sublinhei os
momentos em que as perguntas do questionário de base para a entrevista
foram citadas. Segue a Entrevista.

Comecei:

- Me fale sobre você, sua apresentação e Qual é o seu nome?

- Sou José Cícero, minha primeira faculdade foi de Comunicação Social.


Depois fiz licenciatura e pós-graduação em Língua Portuguesa. Também sou
pós-graduado em Gestão Escolar. As duas últimas escolas em que trabalhei
com EJA são E.E Adhemar Antonio Prado e E.E Professor Mozart Tavares De
Lima. Hoje estou só na escola Adhemar.

- O que te levou a escolher essa profissão? Tanto no EJA como fora dele.

1
- Respondendo a sua pergunta, digo o seguinte: ser professor para mim é uma
realização pessoal e profissional. Trabalhar com a EJA é um prazer, pois esse
público além ser mais adulto, é um pessoal que tem como objetivo concluir
seus estudos ganhando mais tempo.

- Falando nisso, como é a sua relação com seus alunos?

- Para muitos a EJA é uma forma de retornar aos estudos, pois sabem que irão
concluir em pouco tempo. Isso faz com que muitos se interessem por esse tipo
de ensino.

Isso me faz ter um carinho muito especial para ajudá-los.

- Das experiências que vivenciou no campo da educação, qual delas


considera que foi mais significativa em sua vida?

- Devo confessar que o maior privilégio é reencontrar muitos alunos ou ex


alunos e ouvir deles "você é muito importante para nós. Obrigado por ser nosso
professor." Isso não tem preço. É emocionante.

- Imagino, deve ser realmente demais ouvir isso.E Qual é a principal


dificuldade que um docente, uma docente enfrenta no dia a dia?

- A maior dificuldade é s falta de objetividade e compromisso por parte de


alguns. É também a falta de uma organização mais adequada em algumas
escolas.

- Dos professores que tenho conversado essas são as dificuldades que


vocês compartilham em comum.

Como você encontra novas idéias para sua aula?

- Procuro dar uma dinâmica além do conteúdo da minha disciplina. Trabalho


com jogos lúdicos com material que tem tudo a ver com a matéria para tornar
as aulas mais atrativas. Isso faz com que haja maior interesse. Isso mesmo
ajuda muito.

Rodas de conversas, bate-papo. Falo de outros assuntos. Falo de animais


(risos), tenho alguns. Cada um conta um pouco de si.

- Entendo, deve abri o leque de idéias com os alunos isso.

Sobre tecnologia, você faz uso de novas tecnologias em sala de aula?


Quais são os benefícios e dificuldades encontradas?

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- Não tinha muita afinidade com a tecnologia. Tive de me reinventar com ajuda
de outros colegas. Aprendi muito e até hoje continuo aprendendo, agora, hoje
com menos dificuldades.

- A pandemia praticamente nos forçou a aprender essas coisas.

- Verdade.

- De que forma você interage com as famílias?

- Há uma interação, sim, com as famílias dos educandos, mas de forma ainda
sem muita efetividade. Ou seja, são poucas as famílias que acompanham. Por
mais que escola tente trazê-las, ainda há alguma resistência.

- A relação das famílias na vida escolar dos alunos ainda é pauta de


grande discussão.

- Não é de agora.

- O que te motiva a dar aulas?

- É algo que me fascina e, principalmente, quando você percebe que de


alguma forma você contribui para o progresso e sucesso do seu aluno. Numa
entrevista de emprego, numa redação, nos vestibulares. O aluno chega até
você é diz que aquele conteúdo, aquela orientação dada o ajudaram muito.

- Falo isso de coração. O Wesley (amigo que me apresentou o professor) foi


meu aluno, sabe do carinho que tenho por todos.

- Na sua opinião, a figura do professor é valorizada ?

- Hoje o professor é meio "marginalizado" por muitos, mas isso só me faz


crescer ainda mais como profissional. Quando você se orgulha daquilo que
realiza, nada deve interferir na sua profissão.

Isso não quer dizer que eu seja perfeito. Longe disso. Tenho meus defeitos
como qualquer outro. Somos humanos.

- Agora pra finalizar, como você se vê profissionalmente daqui 5 anos ?

- Aposentado!(risos)

Finalizei aqui a Entrevista.

Dados do Entrevistado:

Telefone: 11 953931829

Escola onde leciona: EE Professor Adhemar Antonio Prado

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Análise do Filme: O Sorriso de Monalisa

O filme se passa em colégio feminino da década de 1950 e conta os


desafios enfrentados tanto pelas alunas quanto pela professora Katherine
Watson, interpretada pela atriz Julia Roberts, ela leciona a matéria de História
da Arte no Colégio Wellesley que famoso por ser um colégio extremamente
tradicionalista e por conter matriculadas alunas extremamente inteligentes,
essa foi a causa da recém formada senhorita Watson desejar trabalhar naquela
instituição. Katherine é uma professora com a mente aberta, bem a frente do
tempo da sociedade estadunidense da década de 1950 como, por exemplo, ser
uma mulher que preferiu ser bem sucedida profissionalmente ainda que isso
atrapalhe seus relacionamentos ou por ser uma mulher mais velha que decidiu
não se casar até aquele momento, seu modo de pensar era considerado
extravagante e fugia dos padrões daquela época, isso lhe fará ser duramente
criticada e foco de fofocas entre as alunas e pela parte administrativa da
escola. As alunas são muito inteligentes, na verdade beiram a perfeição
quando se trata de intelectualidade, mas apesar de todo o conhecimento
conformam-se e sonham em serem donas de casa vida de esposa-mãe
tradicional e isso foi várias vezes combatido pela professora que via grande
potencial em suas alunas.

Em suas aulas Katherine Watson percebe que o dia a dia, o


pensamento, o modo de ver o mundo e interpretar a vida de suas alunas é
muito diferente do seu isso faz com que ela mude sua metodologia de ensino e
comece a usar técnicas de ensino mais impactantes e marcantes que não
estavam no currículo da escola Wellesley, isso faz com que a diretoria da
escola a veja com maus olhos. Ela decide fazer essa alteração no seu modo de
ensino por que percebeu que o currículo não atendia e não trazia reflexão
sobre a vida das alunas mas somente prorrogava cada vez mais o pensamento
popular sobre o lugar da mulher na sociedade que no caso era como dona de
casa. Porém a vidas das alunas era muito diferentes entre, haviam as que viam
a vida de dona de casa como auge de sua felicidade, havia aquela que temia
não viver o amor e tinha isso como pior coisa para uma mulher, havia a aluna
que era má vista pelas outras alunas por apresentar características que iam
contra o matrimonio e havia a que estava entre o viver o sonho de ser dona de
casa e o sonho de ser advogada.Todas essas alunas contém suas histórias,

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suas perspectivas e seus sonhos e a trama retrata exatamente o impacto de
todas essa diversidade de cultura e pensamentos com a educação.

Katherine se envolve em duas grandes questões, uma com a aluna Joan


(Julia Stiles) e a outra com a aluna Betty (Kirsten Dunst). Joan está prestes a
se casar e viver a vida almejada pela maioria das garotas de sua sociedade
mas também tem o sonho de cursar Direito, após confessar sua situação para
a professora que a explicou que era possível realizar os dois sonhos e a
incentiva a não deixar seu sonho profissional pelo casamento. No fim do filme
ela decidi se casar e não ir a universidade, apesar de ter sido aprovada, o que
deixa a professora Watson bem chateada, então há uma conversa entre elas
onde Joan explica que ensinar ao aluno sem respeitar a cultura dele, nesse
caso os sonhos, transgredi a Educação então a professora compreende que
além de fazer com que suas alunas pensem de um jeito novo e revolucionário
também é necessário respeitar o pensamento cultural de suas alunas.

Com a aluna Betty aconteceu ao contrario, Betty sempre foi oposta as


idéias de Katherine e até mesmo perseguiu como pode a professora e seu
modo de agir. Seu casamento aconteceu no inicio do filme, mas no decorrer do
filme vê que a professora estava certa que apenas se casar não garantiria uma
vida de felicidades, após ser traída pelo marido arrepende-se de não ter
escutado a professora e se aproxima de sua colega Gisele Levi para tentar
uma vida onde ela não imaginava estar, divorciada e tentando cursar Direito,
por fim reconhece que o que a professora ensinou sobre buscar ser
independente, ver que a vida era mais que um casamento e que não é
saudável nem necessário viver como a maioria das pessoas acham que se
deve viver foi muito importante para ela.

Esse filme deixa claro o papel do professor diante da diversidade


cultural, quando ser imparcial e quando não ser, até onde o professor deve
tentar moldar o pensamento social do aluno e se moldar foi realmente bom
para o aluno e para a sociedade dele. É uma obra com grande importância
educacional e humanística, que inspira a qualquer professor a poder ajudar
algum aluno seja o moldando, seja o aceitando como ele ou ela é.

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Conclusão

Este trabalho de estágio para Licenciatura em História feito de forma digital


devido aos acontecimentos como fechamentos das escolas e isolamentos da
população devido a pandemia do Corona Vírus em 2020-2021 foi uma
experiência muito importante para mim, sonhava muito com o estágio mas
devido a situação foi necessário esse modo de estagiar, apesar disso não me
desanimei e o sentimento que pulsava em mim e ainda pulsa aumentou
grandemente graças a esse trabalho, aos textos que me foi necessário
desenvolver, as fontes históricas que tive que usar como fonte de estudo e
reflexão, os filmes assistidos e principalmente as entrevistas com os
professores Clécio, Vagner e Cícero.

Assim como despertou em mim o desejo de ensinar cada vez mais e ser útil
para alguém espero que esse trabalho possa também causar esse efeito a
quem o ler. Ao leitor ou leitora desse trabalho sobre a ciência história espero
que as abordagens e as temáticas tenham grande poder sobre o vosso modo
de pensar, sobre cada uma que tenta por algum modo trazer a si o lado mais
humano em cada pessoa, tentado desvendar paradigmas e sobressair sobre as
tempestades da ignorância, do racismo, do preconceito e do desamor.

Com muita gratidão ao meu Deus encerro aqui este trabalho de estágio.

Andrei Bastos.

Universidade Sumaré- Unidade Tatuapé I

Licenciatura em História- 4º semestre

2021

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