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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL

Ismael Rohlfs Almeida

Montes Claros/MG
2022
Síntese: Capítulo 8 Era Dos Extremos – Eric Hobsbawm

A Guerra Fria é um período de 45 anos que ocorre após a segunda guerra


mundial, onde a emergência de duas superpotências (a União Soviética e os Estados
Unidos) cria um clima tenso de paranóia e medo de uma guerra nuclear que traria
graves consequências para a humanidade.
Gerações que nasceram neste período foram marcadas pelo medo de uma
eventual guerra, trazendo consigo até hoje o medo do comunismo, por exemplo.
Havia uma grande retórica apocalíptica e maniqueísta que construiu o medo na
população mundial, apesar do risco real da guerra se desenrolar só aconteceu em
poucos momentos, como a crise cubana dos mísseis.
A maior parte do mundo, apesar de não necessariamente gostarem dos
Estados Unidos, não eram comunistas mas sim anti-comunistas. E além disso
haviam muitas manobras políticas realizadas pela KGB “Por trás das cortinas”,
junto da CIA. Essas organizações aumentavam o clima de paranóia e
particularmente a CIA teve grande influência no Brasil (Assim como em outros
países de terceiro mundo) organizando o golpe militar de 1964.
Então, apesar das populações estarem com medo do conflito, países com os
EUA estavam mais preocupados em evitar uma grande crise economica de
acontecer anovamente, como havia acontecido em 1929. A URSS Não se mostrou
expansionista e desmobilizou cerca de três quartos do seu exército em três anos
após o fim da segunda guerra mundial. A URSS também não via o sistema
capitalista em crise, afinal sua riqueza tinha aumentado (representando o
capitalismo na figura dos EUA, neste caso), enquanto a URSS tinha sofrido sérios
prejuízos e deixada em ruínas pós-guerra. “Em suma, enquanto os EUA se
preocupavam com o periogo de uma possível supremacia mundial soviética num
dado momento futuro, Moscou se preocupava com a hegemonia de fato dos EUA.”
A União Soviética então, buscou conter o avanço dos EUA, já que era a
única potência mundial á nível de poder se tornar uma grande ameaça. E os EUA
por sua parte, incentivavam o sentimento anticomunista em seus habitantes, o que
não era difícil já que a idéia de não possuir propriedade privada dentro de um país
construído em cima do individualismo era abominável.
Assim em um cenário de empate diplomático, ambas as potências começam
a competir na disputa armada por armas de destruição em massa, para ter relevância
e poder de negociação internacional. O medo das bombas e da destruição mútua
assegurada (Sigla MAD em inglês) fez com que outros países também
desenvolvessem bombas atômicas, como a Inglaterra, Israel, Africa do Sul e outros
países.
Então, é discutido de quem é a verdadeira culpa pela guerra. Em uma
dinâmica que se assemelhava á um jogo de pingue pongue, ambas as potências
internacionais culpavam uma á outra, utilizando do pânico coletivo como arma
política para aprovar decisões que em tempos de paz não seriam aprovadas, sendo
essa uma estratégia especialmente dos EUA.
Nesse embate, houve a divisão política e econômica do mundo. Potências
europeias que lutaram na guerra se dividiram em opinião, representantes
comunistas no ocidente foram marginalizados politicamente e tanto EUA quanto
URSS planejaram e realizaram golpes e intervenções estatais para ter a certeza que
seu poder não seria desestabilizado em determinada região, sem importância para o
custo de vida dessas práticas. Aqui é reforçado então que apesar de muitos países
serem anticomunistas, eles ainda não gostavam dos EUA, que era considerado um
aliado traiçoeiro. Porém pela dinâmica de poder, estes países então eram
categorizados como capitalistas e portanto parte da expansão do poder dos Estados
Unidos.
Os EUA então colocam em prática o Plano Marshall, que era um plano de
re-estruturação da Europa pós guerra, com objetivo de criar a confiança nestes
países e também para estabilizar a economia e criar um mercado consumidor viável
para seus produtos. Isso, e outras políticas dos EUA, garantiram apoio ás decisões
políticas do país durante um determinado período, porém com a reestruturação da
Europa cada vez mais essa influência diminuia, pela volta das capacidades
militares, econômicas e políticas dos países arrasados pela segunda Guerra.
Com sucessos do comunismo na corrida espacial e na revolução cubana, os
EUA começam a se tornar aflitos. Mas a URSS também tinha suas razões para
preocupação, já que o discurdo bélico dos EUA contra a União Soviética estava
mais intenso do que nunca, e havia ocorrido a perda de um importante aliado
comunista: A China, que se separou da URSS por alegar que a União estava se
tornando passiva frente aos avanços capitalistas dos EUA. Nesse cenário, já havia
sido instalada a “linha quente” entre URSS e EUA, e o muro de Berlin já havia sido
erguido. Os EUA retomava suas trocas com o mundo e a URSS porém entra em um
período de vinte anos de pouco crescimento econômico, apesar de ter descoberto
jazidas de gás e petróleo (nesta época acontecia a crise do petróleo, quadruplicando
seu preço). Outro elemento dessa crise do preço do petróleo é, além da revolução
Iraniana, foi a articulação da OPEP em embargos e descisões relacionadas ao
petróleo para controlar seu preço mundialmente, deixando até mesmo os EUA sem
a capacidade de resolver o problema, já que o presidente Nixon estava sofrendo
risco de um impeachment. E apesar do preço do petróleo, guerras no oriente médio
e a guerra do Vietnã, nada disso abalou a posição internacional dos EUA.
Vendo a Europa estabilizada, as superpotências levaram sua competição
Capitalismo X Comunismo para países de terceiro mundo. Utilizando desses países,
das alianças já formadas e de embargos e estratégias políticas, os EUA planejavam
derrotar a URSS através da bancarrota econômica. Não ajudou a situação da URSS
que eles investiam em um programa de armamentos que causava grandes prejuízos
ao país até 1984. Não fora conquistado nenhum território relevante para a URSS
com esse investimento em armamentos, garantindo apenas demonstrações de
armamento que provocaram os EUA e novamente causam histeria, apesar da
vantagem óbvia dos EUA na balança de poder mundial. E afinal a URSS poderia
sim ter sido a maior econômia mundial em 1980, mas a inflexibilidade de adotar
novas práticas e tecnologias além das alianças econômicas fez com que o fato de
que produziam quase o dobro de aço de qualquer outro país fosse mal aproveitado.
Assim, o comunismo foi continuamente sendo usado como arma política
nos EUA, mesmo após a URSS ter perdido sua oportunidade de se tornar uma
grande potência mundial, no nível dos EUA. Não apenas nos Estados Unidos, mas
nos países aliados á ele o discurso anticomunista também era utilizado como arma
política, criando um sentimento anticomunista que se alastrou mundialmente,
isolando ainda mais a URSS. Assim, quando a eventual queda da URSS ocorreu, os
EUA não haviam previsto esse evento nem se preparado, mas prontamente criaram
propagandas que alegavam que essa queda do comunismo se deu graças aos
esforços militares e políticos dos EUA, através de grandes disputas contra a outra
potência. Isso também deixou sua marca nos EUA, que se tornou o maior devedor
do mundo, graças aos grandes gastos com desenvolvimentos militares, que permitiu
á outras regiões do mundo como a Europa e Japão se tornarem os países com maior
produção de renda mundial.
Então, Hobsbawm nos diz o que mudou com a guerra fria. Primeiro, ocorreu
a resolução de conflitos que existiam no panorama mundial antes da segunda guerra
mundial, causando um apaziguamento geral. Segundo, congelou a situação
internacional. Determinados países estão em sua posição de poder desde essa época,
como a Alemanha, Coréia, Vietnã, países que estavam divididos pelo embate
Capitalismo X Comunismo. Porém claro, a política interna de países não se
congelou dessa forma, com mudanças ainda ocorrendo dentro de cada um dos
países do mundo, houve sim o congelamento da posição de poder internacional. E
claro, o aumento de armas no mundo. Estes quarenta anos de competição
armamentista e tecnológica alimentaram um mercado violento que existe até hoje,
já que armas eram distribuídas para países aliados das superpotências e também
vendidas para outros países, como forma de recuperar alguns dos astronomicos
gastos com desenvolvimento armamentista.
Em suma, 1990 foi uma grande virada da perspectiva mundial. Os grandes
poderes que antes existiam agora agiam de forma diferente, com outras potências
agora em meio as competições internacionais. Nesta época o futuro era incerto, a
certeza era apenas de que o mundo havia passado por grandes mudanças durante o
século XX, mudanças estas que foram tanto econômicas, quanto políticas e até
mesmo sociais, afetando a forma que o próprio ser humano se compreende e vê.

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