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SOBRE O COMUNISMO
1
O QUE TODO CIDADÃO PRECISA SABER
SOBRE O COMUNISMO
1ª edição: abril/1986
2ª edição: abril/1987
APRESENTAÇÃO
2. Protestos e utopias;
6. O movimento revolucionário;
7. A alternativa à barbárie;
Os comunistas e a revolução
Karl Marx e Friedrich Engels
O fim do Estado
Friedrich Engels
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Socialismo e comunismo
Henri Lefebvre
4
APRESENTAÇÃO
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Tudo isso coloca as pessoas numa situação difícil: por um
lado, elas, que não sabem exatamente o que é comunismo, ouvem
diariamente que se trata de algo “ruim” ou “mau”; por outro lado,
não entendem bem como essa coisa “ruim” e “má” tem tido tantos
êxitos e encontra tantos defensores abnegados, apesar dos ataques
de que são objeto.
Agora mesmo, no Brasil, vive-se uma conjuntura que põe
essas dúvidas no dia-a-dia das pessoas. Por quase vinte anos, os
comunistas foram alvo predileto da perseguição e da repressão
policial-militar. Contra eles falaram e agiram os generais-
presidentes, ministros, empresários, padres, delegados de polícia,
militares, professores e jornalistas bem pagos; os comunistas foram
obrigados à clandestinidade, presos, torturados, “desaparecidos” e
exilados – em suma, a “revolução de 1964” foi feita contra a
“corrupção” e a “infiltração comunista”.
Pois bem: ao fim de vinte anos, todos descobrem que
tivemos duas décadas de corrupção generalizada, de
arbitrariedades contra os direitos humanos e que o país foi
mergulhado numa crise econômica e social sem precedentes na sua
história – há uma dúvida externa monstruosa, existem cerca de 35
milhões de menores carentes, o desemprego é brutal, a miséria
cresceu e, em todo esse processo, os pobres se empobreceram mais,
e os ricos ficaram mais ricos (a distribuição de renda nacional, hoje,
é de tal ordem que 51% dela estão concentrados nas mãos de
apenas 10% de brasileiros). Diante disto, as pessoas honestas se
indagam se o anticomunismo desses vinte anos não foi somente o
pretexto para impor aos brasileiros um regime ditatorial, que
organizou a economia e a sociedade em benefício dos poderosos e
dos exploradores do povo.
A resposta é mesmo esta: o anticomunismo é sempre um
verniz, uma cobertura para disfarçar interesses antidemocráticos e
antipopulares. A democracia não pode conviver com o
anticomunismo, que é a arma dos reacionários e dos fascistas.
Naturalmente, isto não quer dizer que todos os democratas sejam
adeptos do comunismo ou simpáticos a ele; conservadores,
democrata-cristãos, liberais, trabalhistas, social-democratas e
socialistas não são comunistas, mas compreendem que a defesa das
suas ideias deve ser feita através de argumentos políticos e não do
6
uso da força e da repressão. É preciso diferenciar os não
comunistas dos anticomunistas. Há muitos democratas não
comunistas; os anticomunistas, porém, jamais são democratas.
Voltemos, todavia, às pessoas “normais”, iguais a todos nós,
a quem os comunistas foram apresentados como “agitadores” ou
“traidores da pátria”. Como explicar a elas que notáveis brasileiros
tenham sido comunistas – um intelectual como Astrojildo Pereira,
um romancista como Graciliano Ramos, um médico como Samuel
Pessoa, um pintor como Cândido Portinari, teatrólogos como
Oduvaldo Vianna (o pai e o filho)? Ou que sejam comunistas
historiadores como Caio Prado Jr., cientistas como Mário
Schemberg, arquitetos como Oscar Niemeyer e comentaristas
esportivos como João Saldanha?
Este livrinho quer ajudar a solucionar algumas destas
dúvidas. Escrito para o leitor iniciante, não pretende “fazer a
cabeça” de ninguém: seu objetivo, numa linguagem simples e
direta, é fornecer uma noção clara do pensamento e do ideal
comunistas e da razão da sua influência no mundo de hoje.
Obviamente, ele não é mais que um ponto de partida: a questão
comunista é muito complexa para ser tratada com profundidade em
tão poucas páginas. A pretensão do autor, fiel ao espírito desta
coleção, é oferecer ao leitor tão-somente um marco de referência
para que ele possa localizar-se minimamente na discussão que é a
mais decisiva do nosso tempo.
Finalmente, é preciso dizer que este livrinho não é
“imparcial”: nos embates da sociedade, não há “imparcialidade”;
quem defende posições “neutras” está enganado ou enganando.
Como facilmente se pode verificar, quem assina estas linhas
escolheu o seu lado há muito tempo. Mas esse posicionamento
definido não vai prejudicar a análise do leitor: entre tantos que
falam do comunismo a partir de uma opção anticomunista, é útil
ouvir uma voz dissonante.
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I. COMUNISMO, DESIGUALDADES SOCIAIS E
DIFERENÇAS INDIVIDUAIS
13
II. PROTESTOS E UTOPIA
18
III. A REVOLUÇÃO BURGUESA E A CRÍTICA
SOCIALISTA
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A dinâmica da sociedade burguesa aparece claramente como
uma sucessão de contradições. Propiciando a produção massiva de
bens, ela a realiza concentrando num polo a riqueza e noutro a
penúria – a abundância caminha ao lado da miséria; o progresso se
acompanha, inexoravelmente, de barbaridades. Ao mesmo tempo
em que afirma que todos os homens são legalmente iguais,
estabelece na prática da vida um rosário de desigualdades – a
igualdade formal corre paralela à desigualdade real. A períodos de
prosperidade industrial seguem-se períodos de crise e depressão –
a instabilidade e a insegurança fazem parte da sua existência.
Criando requisitos para que todos os homens participem das
decisões políticas, cria igualmente os dispositivos que restringem
as liberdades e tornam o exercício do poder só acessível a poucas
elites. Essas contradições – e infinitas outras – não são episódios
ou acidentes: elas constituem o próprio ser da sociedade burguesa.
E justamente elas fornecem a base para que os homens possam
entender a vida social não mais como processos equilibrados e
harmônicos, e sim como o cenário inevitável de conflitos, lutas e
dramas.
Por outra parte, e em estreita conexão com essa dinâmica
contraditória, a sociedade burguesa possibilita aos homens pensá-
la como fenômeno social com parâmetros antes desconhecidos: a
sociedade pode aparecer aos homens não como fato dado,
acabando como a natureza, mas como algo em desenvolvimento e
que tem muito a ver com a própria atividade deles. Torna-se
possível compreender que os deuses, o destino ou forças extra-
humanas não regem a vida social, e sim que ela é, essencialmente,
produto da intervenção, da interação e do choque das vontades
humanas. Vale dizer: os homens podem chegar à compreensão de
que a vida social (e, pois, as suas vidas mesmas) não está pré-
determinada; podem compreender que a vida social é passível de
ser mudada por eles. A sociedade burguesa coloca na vida dos
homens uma realidade nova: através das contradições que
constituem a vida social, a dimensão da história converte-se em
componente perceptível – deixa de ser algo remoto para tornar-se
a resultante das suas lutas.
Em síntese: com a revolução burguesa, a crítica da sociedade
pôde romper com as suas formas anteriores (os discursos
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religiosos, filosóficos ou literários, de natureza utópica) e ganhar
um novo estatuto – o estatuto de teoria social, à qual se prendem o
pensamento e o movimento comunistas.
Esta transformação, é óbvio, não ocorreu repentinamente.
Produto da dinâmica contraditória da sociedade burguesa, ela surge
na intercorrência de vetores políticos e culturais.
No plano político, a sua base é a formação do movimento
operário, que se ergueu na Europa Ocidental na metade inicial do
século XIX. Se, desde os primeiros momentos da revolução
burguesa, os operários apoiaram a burguesia em seu combate à
nobreza feudal e aos absolutismos, também desde os primeiros
momentos da industrialização levantaram o seu protesto contra a
exploração burguesa e a miséria a que esta os condenava.
O protesto operário resgatava lutas sociais anteriores e teve
muito a ver com os movimentos radicalizados dos finais do século
XVIII – como a “conspiração dos iguais”, que Babeuf (1760-1797)
animou na França de 1797. No início do século XIX, tomava a
forma de revolta contra as máquinas (o luddismo inglês, por volta
de 1810). Pouco a pouco, transitando por sociedades secretas e
conspirativas – como as estruturadas pelo francês Blanqui (1798-
1854), logo depois da revolução de 1830, ou as “ligas” dos
operários alemães no exílio –, ele avançava pelas formas
associativas que vieram derivar no sindicalismo, de que é exemplo
relevante o cartismo (que se desenvolveu na Inglaterra entre 1836
e 1850). Quanto mais forte foi esse movimento operário – exigindo
a limitação e a redução da jornada de trabalho, melhores condições
salariais, reclamando o direito ao sufrágio universal e à liberdade
de associação –, maiores foram as conquistas democráticas
alcançadas pelas massas populares. Aliás, a democracia burguesa
só foi construída graças a essas lutas; a burguesia, derrotada a
nobreza feudal, sempre fez o possível para restringir as instituições
democráticas por que ela mesma pugnara.
Progressivamente, as vanguardas mais combativas do
movimento operário perceberam que não bastava lutar no interior
dos marcos da sociedade burguesa. Passaram a compreender que,
nessa sociedade, embora fosse possível, através da mobilização e
da organização dos trabalhadores, melhorar as condições de vida
das massas, era inviável a supressão, a superação, das
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desigualdades sociais. Assim, o protesto operário deixou de ser
simplesmente negativo e passou a ser a exigência positiva de uma
nova ordem social, que suprimiria as bases das desigualdades – o
movimento operário passou a propor soluções socialistas, isto é,
fundadas na liquidação da propriedade privada dos meios de
produção (terras, fábricas, usinas).
Essa passagem das vanguardas operárias, do puro protesto
às propostas socialistas, ficou nítida depois de 1848: nesse ano,
eclodiram insurreições operárias na Europa continental, que foram
brutalmente reprimidas pela burguesia. Então, ficou claro que os
interesses burgueses chocavam-se frontalmente com os dos
operários e que as belas palavras que empolgaram e catalisaram as
massas populares na revolução burguesa (liberdade, igualdade e
fraternidade) eram retórica para a nova classe dominante. Já na
metade do século XIX, as fronteiras de classe apareceram
meridianamente, e a antiga bandeira da justiça social se transferia
para as mãos daqueles que se confrontavam com a força do capital.
A passagem das vanguardas operárias do protesto negativo
(o anticapitalismo) às propostas positivas (o projeto de uma nova
ordem social, socialista) constituiu um dos elementos que
propiciou o aparecimento do comunismo, fundado na teoria social
de Marx. Trata-se mesmo, como indicamos, do seu pressuposto
político.
Mas esse componente político, por si só, não teria conduzido
a crítica da sociedade à teoria social, para o que concorreu
vigorosamente o elemento cultural que se desenvolveu
paralelamente a ele. Esse elemento, muito complexo e
diferenciado, remonta à preparação da revolução burguesa no
plano das ideias – ao Iluminismo e a seus filósofos, que
combateram as superstições, o obscurantismo e o absolutismo,
defendendo a liberdade de pensamento e expressão.
No imediato desdobramento da revolução burguesa, ele
evoluiu para investigações sobre o caráter da sociedade emergente.
De uma parte, procurava-se o entendimento das suas estruturas
econômico-sociais – surgiu a economia política na Inglaterra, com
os extraordinários estudos de Adam Smith (1723-1790) e David
Ricardo (1772-1823); de outra, pesquisava-se como se poderia
pensar as novas realidades na perspectiva de constantes e contínuas
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modificações, cujo eixo eram as contradições – surgiu a filosofia
clássica alemã, cujo maior representante é Hegel (1770-1831).
Em estreita conexão com a economia política e a filosofia
clássica, o período pós-revolucionário viu surgir a crítica socialista
da sociedade burguesa: eram elementos de denúncia da miséria da
sociedade emergente, expressões de protesto contra as promessas
defraudadas da revolução – como, por exemplo, a importante obra
do médico inglês Charles Hall (1740-1820), Os Efeitos da
Civilização, publicada em 1805.
Mas essa crítica da sociedade burguesa não se limitou à
recusa: propôs uma nova ordem social, a socialista – a denúncia
dos males atuais se conectava à exigência de uma sociedade
alternativa. Nessa exigência é que se observa o que ela trazia de
novo em face das propostas utópicas anteriores, inspiradas por
Morus: agora, levavam-se em conta as realidades postas pela
revolução industrial – desde os conflitos entre nobres, burgueses e
proletários até a organização da produção com o auxílio das
máquinas. No entanto, essa crítica socialista continuou, em escala
considerável, defrontando-se com o problema da viabilização dos
seus projetos e não conseguiu estabelecer indicações seguras para
a ultrapassagem da sociedade burguesa – por isso a sua
contribuição ficou conhecida como socialismo utópico.
São três os mais importantes “socialistas utópicos”: Saint-
Simon (1760-1825) e Charles Fourier (1772-1837), franceses, e o
inglês Robert Owen (1771-1858). Para Saint0Somin, a sociedade
moderna vive o conflito entre os ociosos (todos os que devem a sua
existência ao parasitismo e às rendas, sem participar da produção
ou do comércio) e os trabalhadores (categoria que inclui operários,
empresários, comerciantes). Na sua ótica, a regeneração social só
seria possível se os trabalhadores assumissem a direção da
sociedade, vinculando a ciência e a indústria num “novo
cristianismo”.
As ideias de Sain-Simon assinalavam o surgimento do
socialismo utópico, mas ainda estavam longe de defini-lo com
clareza. Esse é o conteúdo da obra de Fourier: espírito irônico e
mordaz, ele elabora uma crítica impiedosa da sociedade burguesa
e é um dos primeiros a reconhecer que, nela, “a pobreza brota da
própria abundância”. Para superar a sociedade burguesa, Fourier
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propunha uma organização social baseada nos falanstérios,
comunidades de natureza cooperativa nas quais, ainda que se
mantivessem as diferenças de classes (capitalistas, administradores
e operários), reinaria a felicidade: os homens tornar-se-iam sábios,
o casamento seria substituído por uniões livres, a educação das
crianças seria da responsabilidade da comunidade, e a cultura, um
bem público.
Quanto a Robert Owen, seu itinerário foi distinto:
empresário que se sensibilizou com o movimento operário, não se
limitou à crítica teórica – avançou para experiências práticas,
vinculou-se aos dirigentes sindicais da época, exerceu grande
influência entre os trabalhadores ingleses e muitos dos seus
discípulos tiveram papel de relevo no movimento socialista (aliás,
ao que tudo indica, o termo socialismo foi empregado pela primeira
vez por seguidores de Owen). Até 1823, Owen procurou soluções
de reformas nos marcos da sociedade burguesa, inclusive criando
bases do cooperativismo moderno (ele fundou várias cooperativas
de produção e consumo). Depois, já atuando junto de dirigentes
operários, Owen patrocinou a instauração de comunidades
socialistas (colônias) na Inglaterra e nos Estados Unidos – ideia
que, levada à prática, revelou-se um fracasso.
Com a ascendência quase tão forte como a de Owen sobre
os operários, deve-se mencionar o francês Pierre-Joseph Proudhon
(1809-1865). Célebre por afirmar que “a propriedade é um roubo”,
Proudhon advogava a cooperação entre os produtores e a
substituição do poder estatal centralizado burguês por uma
federação de comunas, nas quais inexistiriam desigualdades de
riquezas e de posses. Suas concepções, mais tarde, foram
retomadas por algumas correntes do movimento anarquista.
O desenvolvimento do movimento operário, de um lado, e,
de outro, o desses componentes culturais ocorreram durante toda a
primeira metade do século XIX; e os anos que vão de 1840 a 1850
foram extremamente ricos em experiências nos dois planos, o
político e o cultural – as lutas populares entraram num crescendo,
até chegarem ao ápice em 1848, e a elaboração da crítica socialista
também avançou a ponto de, no mesmo ano, desembocar na
primeira formulação do projeto comunista. Com efeito, meses
25
antes da eclosão das revoluções de 1848, publicava-se o Manifesto
do Partido Comunista.
26
IV. MARX E A FUNDAÇÃO TEÓRICA DO
COMUNISMO
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aplicada a outros objetos, gera exatamente aquele valor cuja
magnitude ultrapassa largamente o salário.
É no segredo da produção de mercadorias (produção
mercantil) da sociedade capitalista que se esconde o mecanismo da
exploração do trabalho – que não pode ser suprimido por qualquer
“salário justo”. E é no desenvolvimento dessa mesma produção que
a exploração essencialmente econômica transita para a opressão
social e política: para sustentar e gerir o sistema de exploração da
força de trabalho, a sociedade burguesa engendra formas de
controle do poder político que criam as condições para a
reprodução daquela exploração.
Assim, é à classe explorada pela extração do mais-valor e
impedida de fazer valer a sua vontade política que se reserva a
tarefa de suprimir, tanto as condições da exploração (a propriedade
privada dos meios de produção, que possibilita a apropriação do
excedente pelos proprietários) quanto as condições que asseguram
a continuidade da exploração (o poder político controlado pelos
capitalistas).
O proletariado tem a missão histórica de derrocar a
sociedade burguesa, não só porque é explorado e oprimido, mas,
sobretudo, porque a sua posição nessa sociedade faz dele o sujeito
revolucionário por excelência: a disciplina do trabalho, a
concentração que permite a organização num partido político
autônomo etc. Mais ainda: para libertar-se de toda opressão e
exploração, o proletariado tem de promover o fim de todas as
opressões e explorações. Quer dizer: na luta proletária contra a
opressão e a exploração convergem as lutas de todos os explorados
e oprimidos.
Contudo, para tornar-se sujeito revolucionário, o
proletariado tem de descobrir e reconhecer os seus interesses
históricos gerais – o que não é fácil, pois o sistema social burguês
produz representações ideológicas que ocultam e mistificam a
realidade. É numa luta árdua contra essas mistificações que o
proletariado atinge a sua consciência de classe, o que se efetiva
quando compreende que as reformas sociais possíveis no interior
da sociedade burguesa podem melhorar as suas condições de vida
(e, por isso, são valiosas), mas que são insuficientes para superar
as bases da opressão e da exploração.
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A revolução entra na ordem do dia quando o proletariado,
através da ação dos seus segmentos de vanguarda, atinge aquela
consciência e, pela sua organização, polariza outros segmentos
sociais explorados e/ou oprimidos. Para tanto, é necessário que a
própria sociedade burguesa se tenha desenvolvido a ponto de criar
um proletariado numeroso e concentrado (o que supõe um alto grau
de industrialização) e articular formas políticas que possibilitem à
classe operária alguma margem de ação política organizada (o que
implica a vigência de direitos cívicos).
Para Marx, a revolução exigia a ascensão do proletariado, à
frente de um bloco de forças anticapitalistas, ao poder político: a
desestruturação do Estado burguês abriria a via à nova sociedade,
num período de transição denominado socialismo. Essa transição
(que Marx também chamou de primeira fase da sociedade
comunista) seria o lapso de tempo para a reorganização da
sociedade, com a supressão das classes sociais e seus fundamentos
(especialmente a propriedade privada dos meios de produção) e do
Estado como instância coatora; a transição seria caracterizada por
uma democracia de massas dirigida, hegemonizada, pelo
proletariado (o que, umas poucas vezes, Marx chamou de ditadura
do proletariado) e criaria as condições para a ordem social isenta
de exploração e opressão, o comunismo. Essa sociedade não
configuraria a meta final da evolução da humanidade, não
assinalaria um harmonioso fim da história, mas seria a forma da
organização social verdadeiramente humana. Para Marx, o
comunismo não seria uma espécie de reino dos céus na terra, mas
o rico espaço em que a promessa da felicidade social seria possível
com o florescimento da personalidade de todos e cada um dos
homens, à base da livre associação de livres produtores.
A revolução proletária aparecia a Marx como um processo
necessariamente violento. Não uma violência pessoal ou
individual, mas resultante da resistência que os opressores e
exploradores compulsoriamente haveriam de opor às
transformações – tratar-se-ia, pois, da violência da maioria sobre a
minoria. E a revolução (que, segundo Marx, se iniciando
primeiramente nos países capitalistas avançados, logo se estenderia
a todos os outros, num dimensionamento mundial) não se
produziria através de golpes de mão promovidos por grupos de
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conspiradores; seria, antes, um processo que implicaria a
participação política consciente de massas de milhões de
trabalhadores.
Quanto à sociedade comunista, Marx absteve-se de qualquer
“previsão” que definisse suas formas e suas características. Seu
rigor teórico mostra-se também aqui: ao contrário dos utopistas,
que chegaram a descrever minuciosamente a sociedade futura,
Marx não se dispôs a fazer profecias ou a propor receitas e
fórmulas. Sua hipótese central era a de que, libertos da exploração
(para o que era necessária a supressão da propriedade privada dos
meios de produção) e da opressão (para o que era necessária a
supressão do Estado e de todos os instrumentos de coação), os
homens instaurariam novas formas de convivência e ingressariam
num estágio de desenvolvimento social e individual impensável
segundo os padrões culturais anteriores. Qualquer antecipação
dessa nova socialidade seria futurologia e especulação –
exatamente o que Marx sempre evitou.
36
V. A EXPERIÊNCIA HISTÓRICA DO
COMUNISMO
45
VI. O MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO
––––––––––––
53
Ø Atentar-se a que este livro foi escrito nos anos
80, isto é, muito antes da liberação e
divulgação de documentos historiográficos,
antes mantidos sob sigilo, que dão luz ao que se
passou durante o período stalinista. Para saber
mais sobre tais documentos e acontecimentos,
ler Stalin – História Crítica De Uma Lenda
Negra, de Domenico Losurdo.
54
VII. A ALTERNATIVA À BARBÁRIE
55
I) em que as desigualdades sociais são suprimidas para abrir a via
ao florescimento das diferenças individuais. A sua característica é
que a igualdade social se revela como o suporte da liberdade
pessoal.
De outra parte, significa que qualquer esforço válido para
transformar a sociedade burguesa deve estar subordinado ao
conhecimento sistemático das suas estruturas profundas e do seu
funcionamento peculiar. Vale dizer: a ultrapassagem desta
sociedade não é o simples resultado de uma vontade
revolucionária, mas depende do empenho para tornar conscientes a
sua dinâmica e a sua lógica. A vontade revolucionária que não se
alicerçar na investigação e na pesquisa – na busca teórica da
verdade social – está condenada ao fracasso. Não haverá revolução
sem teoria revolucionária.
Finalmente, o comunismo é, antes de tudo, um projeto
social. Esta afirmação significa que, por mais favoráveis que sejam
as condições factuais objetivas para a sua realização, ele é uma
possibilidade – não é algo fatal. Ainda e mesmo que seja uma
necessidade para a classe operária, do ponto de vista da sua
definitiva libertação, não há nenhuma garantia de que a
organização social burguesa será ultrapassada por uma lógica
“natural” ou “inevitável” da evolução histórica. A viabilidade do
comunismo é também uma função da consciência de classe do
proletariado, da sua capacidade de mobilização, organização e luta.
Estas determinações dizem respeito ao comunismo como
proposta teórica, como pensamento revolucionário que tem seu
ponto de arranque na elaboração de Marx. Mas o comunismo,
como vimos, não é só uma proposta teórica: hoje, é mais, é um
movimento e um conjunto de experiências.
Enquanto movimento, ele envolve os partidos comunistas,
operários e revolucionários que, inspirados em Marx, combatem o
capitalismo e propõem a sua substituição por uma ordem social que
requer, no plano econômico, a socialização dos meios de produção
e, no político, o controle das instâncias de poder, com vistas a
suprimi-las, pelo proletariado. O movimento comunista é parte do
movimento operário – parte mais revolucionária, convive e
interage nele com correntes reformistas (especialmente
56
socialdemocratas). E é parte também, a mais combativa, do amplo
movimento revolucionário anticapitalista.
Enquanto conjunto de experiências, o comunismo encontra-
se em estágios diferenciados de transição socialista. Se há países
que já avançaram bastante na criação de alguns dos requisitos para
a construção da sociedade comunista (nomeadamente a URSS e a
RDA), ao passo que outros desenvolvem formas sociais que, não
capitalistas, estão ainda bem distanciadas daqueles requisitos (por
exemplo, a Albânia e a República Democrática Popular da Coreia),
o fato é que nenhum dos componentes do bloco de países
socialistas realizou o complexo de transformações requeridas para
a passagem ao comunismo.
A constatação desse fato inquestionável não tem nada a ver
com uma pretensa dimensão “utópica” (no sentido de irrealizável)
do projeto comunista, como querem alguns de seus adversários.
Realmente, o que tal fato revela são dois dados que não podem ser
perdidos de vista. O primeiro refere-se às dificuldades da
construção da nova sociedade: seu erguimento se defronta com
novos e inesperados problemas, situando o contexto da transição
socialista como um processo complexo e nada idílico. Hoje, está
claro que a transição socialista cobre todo um período histórico
longo e acidentado e que só se realizará plenamente em escala
mundial.
O segundo dado se relaciona a um fenômeno mais inclusivo
– relaciona-se à emergência da transição socialista em países
periféricos do sistema capitalista (os “elos” mais fracos da
corrente”, na expressão de Lênin). As hipóteses de Marx
projetavam a revolução como mais provável nos países capitalistas
avançados; se isto tivesse ocorrido, a transição socialista se
operaria num lapso de tempo mais curto e já contando com a base
material do capitalismo desenvolvido. Mas não foi este o curso real
seguido pela história – irrompendo primeiro em países periféricos,
a revolução teve de realizar uma dupla tarefa: aquela que teria sido
própria do desenvolvimento capitalista e aquela da sua
ultrapassagem. Emergindo em países subdesenvolvidos, a
transição socialista herdou todo o legado do subdesenvolvimento.
Este fenômeno essencial esclarece muitos dos problemas
das atuais experiências da transição socialista. E permite observar
57
que, tendo sido mais fácil quebrar a dominação burguesa nos “elos
mais fracos”, a construção de novas formas sociais mostrou-se aí
mais difícil. E a inversa parece ser igualmente verdadeira: se é
difícil romper os quadros do capitalismo nos “elos fortes”, os
países avançados, será mais fácil promover neles o erguimento de
novas instituições.
Cabe também assinalar que este fenômeno evidenciou que
os caminhos da evolução social são mais intrincados,
diversificados e ricos que qualquer antecipação teórica dos seus
rumos. Em Marx, o projeto comunista implica a ideia da superação
do capitalismo, da evolução no sentido de um estágio social
diferente – e, aqui, não se entende evolução como processo linear,
obrigatório, como passagem necessária e automática de algo
inferior e algo superior; compreende-se a evolução social como
trânsito a um estágio estruturalmente novo, determinado pelas
contradições objetivas e também pela vontade política das classes
sociais. A superação projetada por Marx, todavia, adquiriu formas
inesperadas: não apenas se instaurou com os regimes de transição
socialista em países atrasados como, também, inspirou regimes não
capitalistas de Estados recém-libertados – e deve-se distinguir
claramente, por exemplo, o socialismo reclamado pelos alemães
orientais do projeto defendido pelos angolanos. No primeiro caso,
o projeto comunista se põe a partir de elementos históricos
constituídos como a civilização urbano-industrial e as classes
sociais; no segundo, dada a ausência desses elementos, aquele
projeto denota muito mais a opção por uma via não capitalista do
que propriamente a transição socialista.
De qualquer forma, o nosso tempo se caracteriza pelo
enfrentamento que contrapõe, à realidade do capitalismo maduro e
avançado, tanto as experiências de transição socialista quanto o
projeto comunista. Se estas ainda não permitem vislumbrar como
tal projeto se concretizará na prática histórica, uma coisa já está
clara, tornando-se evidente a cada dia, para um número cada vez
maior de homens: a organização burguesa da vida social está
exaurida e esgotada.
A experiência que a humanidade tem hoje assegura que, se
as formas da transição socialista ainda não garantem com inteira
segurança a viabilidade do comunismo, está garantido que o
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capitalismo nada mais tem a oferecer além da reprodução ampliada
das desigualdades e das opressões.
A realidade do capitalismo atual tem todas as características
de um novo tipo de barbárie, a barbárie civilizada. O projeto
comunista, com todos os seus riscos, é a única alternativa a ela.
59
LUTA DE CLASSES E LUTA POLÍTICA
Karl Marx
60
Isto significa que, após a ruína da velha sociedade, haverá
uma nova dominação de classe, resumindo-se em um novo poder
político? Não.
A condição da libertação da classe laboriosa é a abolição de
toda classe, assim como a condição da libertação do terceiro estado,
da ordem burguesa, foi a abolição de todos os estados [aqui, estado
significa ordens da sociedade feudal] e de todas as ordens.
A classe laboriosa substituirá, no curso do seu
desenvolvimento, a antiga sociedade civil por uma associação que
excluirá as classes e seu antagonismo, e não haverá mais poder
político propriamente dito, já que o poder político é o resumo
oficial do antagonismo na sociedade civil.
Entretanto, o antagonismo entre o proletariado e a burguesia
é uma luta de uma classe contra outra, luta que, levada à sua
expressão mais alta, é uma revolução total. [...] Não se diga que o
movimento social exclui o movimento político. Não há, jamais,
movimento político que não seja, ao mesmo tempo, social.
Somente numa ordem de coisas em que não existam mais
classes e antagonismos entre classes as evoluções sociais deixarão
de ser revoluções políticas. Até lá, às vésperas de cada
reorganização geral da sociedade, a última palavra da ciência social
será sempre: “o combate ou a morte: a luta sanguinária ou o nada.
É assim que a questão está irresistivelmente posta” (Georg Sand).
61
OS COMUNISTAS E A REVOLUÇÃO
62
O proletariado utilizará a sua supremacia política para
arrancar pouco a pouco todo capital à burguesia, para centralizar
todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado, isto é, do
proletariado organizado em classe dominante, e para aumentar, o
mais rapidamente possível, o total das forças produtivas.
Isto, naturalmente, só poderá realizar-se, a princípio, por
uma violação despótica do direito de propriedade e das relações de
produção burguesas, isto é, pela aplicação de medidas que, do
ponto de vista econômico, parecerão insuficientes e insustentáveis,
mas que, no desenrolar do movimento, ultrapassarão a si mesmas
e serão indispensáveis para transformar radicalmente todo o modo
de produção.
Estas medidas, é claro, serão diferentes nos vários países.
Todavia, nos países mais adiantados, as seguintes medidas poderão
geralmente ser postas em prática:
1. Expropriação da propriedade latifundiária e emprego
da renda da terra em proveito do Estado;
2. Imposto fortemente progressivo;
3. Abolição do direito de herança;
4. Confiscação da propriedade de todos os emigrados e
sediciosos;
5. Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio
de um banco nacional com capital do Estado e com o
monopólio exclusivo;
6. Centralização, nas mãos do Estado, de todos os meios
de transporte;
7. Multiplicação das fábricas e dos instrumentos de
produção pertencentes ao Estado, arroteamento das
terras incultas e melhoramento das terras cultivadas,
segundo um plano geral;
8. Trabalho obrigatório para todos, organização de
exércitos industriais, particularmente para a
agricultura;
9. Combinação do trabalho agrícola e industrial,
medidas tendentes a fazer desaparecer gradualmente
a distinção entre cidade e campo;
10. Educação pública e gratuita de todas as crianças,
abolição do trabalho das crianças nas fábricas, tal
63
como é praticado hoje. Combinação da educação com
a produção material, etc.
Uma vez desaparecidos os antagonismos de classe, no curso
do desenvolvimento e sendo concentrada toda a produção
propriamente dita nas mãos dos indivíduos associados, o poder
público perderá seu caráter político. O poder público é o poder
organizado de uma classe para a opressão da outra. Se o
proletariado, em sua luta contra a burguesia, se constitui
forçosamente em classe, se se converte por uma revolução em
classe dominante e, como classe dominante, destrói violentamente
as antigas relações de produção, destrói, juntamente com estas, as
condições dos antagonismos entre classes, destrói as classes em
geral e, com isto, a sua própria dominação como classe.
Em lugar da antiga sociedade burguesa, com suas classes e
antagonismos de classe, surge uma associação na qual o livre
desenvolvimento de cada um é a condição do livre
desenvolvimento de todos.
64
O FIM DO ESTADO
Friedrich Engels
66
REINO DA LIBERDADE E A MISSÃO DO
PROLETARIADO
Friedrich Engels
68
SOCIALISMO E COMUNISMO
Henri Lefebvre
70
PCB: UM BALANÇO DA EXPERIÊNCIA DO
SOCIALISMO
71
possam assegurar uma correlação de forças mundial favorável à
paz e à distensão e para honrar os seus deveres internacionalistas.
Tudo isso reduz em muito os recursos destinados ao
desenvolvimento econômico e social e força os países socialistas a
uma vigilância e a uma luta permanentes contra toda forma de
ataque externo e interno, que vise enfraquecer a coesão do sistema
em seu conjunto e cada país socialista em particular.
Nessas condições, ocorrem processos negativos e erros nos
países socialistas que problematizam tanto a construção, neles, da
nova sociedade como o conjunto do movimento revolucionário
mundial.
Com efeito, a experiência real e histórica da construção da
nova sociedade tem revelado que o socialismo abriga dificuldades
e contradições e que o sistema socialista mundial padece inclusive
de fraturas. [...]
Esta verificação não pode surpreender aos marxistas. Afinal,
o socialismo não é uma “idade de ouro”: é um regime de transição
para o comunismo. A sua estrutura social possui defeitos e não está
inteiramente liberada das sequelas herdadas do passado próximo,
ele se constrói sob o fogo da reação e do imperialismo e ainda não
pôde (inclusive por razões de tempo, já que existe há apenas três
gerações) solucionar todos os problemas materiais e espirituais –
embora um desenvolvimento avançado seja uma realidade na
União Soviética e em outros países socialistas. Pensar o socialismo,
nestas condições, como isento de problemas estruturais e da
possibilidade de conflitos e crises, evidentemente, é uma operação
idealista e ingênua. [...]
Reconhecendo os problemas existentes, não podemos
aceitar que a experiência do socialismo esteja “exaurida” nem,
muito menos, que se possa falar de “caducidade”, quer do
marxismo-leninismo, quer do forte apelo ideológico das
experiências socialistas em curso. Na verdade, a problemática do
socialismo não pode ser reduzida às suas dificuldades. O que é mais
essencial não reside aí; numa apreciação histórica correta, essencial
é o conjunto de tendências permanentes que operam no
desenvolvimento das experiências socialistas.
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Precisamente estas tendências permanentes do
desenvolvimento socialista é que respondem por êxitos incontestes
do sistema socialista mundial.
A União Soviética e os países socialistas, com exceção da
China e da Albânia, contribuem decisivamente à luta pela
distensão, tudo fazem para deter a corrida armamentista, conjurar
a ameaça de guerra e preservar a paz – o problema crucial da
humanidade. Os sucessos alcançados nesta direção deveram-se, em
primeiro lugar, a estes países, à União Soviética especialmente.
Eles constituem a maior força oposta ao imperialismo e têm
impedido a realização dos seus planos belicistas.
Não menores foram os sucessos alcançados pelos países
socialistas nas modificações sociais que envolvem um terço da
humanidade, com repercussões decisivas para as conquistas dos
trabalhadores do mundo do capital.
O sistema econômico soviético e o dos demais países
socialistas encontra-se numa nova etapa de profundas
transformações, relacionadas com o desenvolvimento intensivo
(apoiado numa aplicação sem precedentes da ciência e da
tecnologia à produção) e com a gestão. Na maioria dos países
socialistas, nos últimos vinte anos, cresceu de tal modo a
capacidade produtiva que os métodos de gestão tiveram de ser
modificados no sentido de uma exigência produtiva maior, em
detrimento das administrativas, e de um papel sempre mais amplo
dos coletivos de trabalhadores. Estas modificações ocorrem por
iniciativas dos próprios partidos e dos trabalhadores, operam em
meio a extraordinários programas de desenvolvimento das forças
produtivas e para solucionar problemas sociais radicalmente
complexos. Um dos primeiros objetivos é o de realizar um grande
avanço técnico-científico, uma verdadeira transformação, que
permita, inclusive na agricultura, fazer frente às adversidades
naturais, paralelamente a uma elevação da participação dos
cidadãos na gestão econômica, social e política.
No terreno da democracia política e da cultura, não são
menores os progressos, à base da propriedade social dos meios de
produção – o primeiro critério para definir como real a democracia
– e do poder de todo o povo, expresso na mais ampla participação
dos trabalhadores na gestão da sociedade e do Estado. Em nenhum
73
país capitalista, mesmo nos mais democráticos, existe algo
semelhante: dezenas de milhões de cidadãos organizados como
Estado. [...]
A União Soviética e os países de socialismo avançado
constroem as bases materiais e culturais do comunismo. Cuba
alcança êxitos em seus esforços para construir o socialismo em
nosso continente. Os países recentemente liberados do
imperialismo, orientados ao socialismo, transformaram as
condições de vida do povo e seu papel na sociedade. A todos os
países socialistas são alheias as mazelas de que são vítimas
inevitáveis os países capitalistas, ainda quando erros e
insuficiências produzem crises.
Nos países socialistas, aumenta o bem-estar das massas,
alcançam-se novas conquistas sociais. Aprofunda-se e amplia-se a
democracia: milhões de cidadãos incorporam-se à direção e ao
controle da economia e do Estado e participam ativamente da vida
social. Reduzem-se as distâncias entre as economias nacionais dos
diversos países socialistas e, no interior de cada um deles, progride-
se no sentido do desenvolvimento harmônico e de uma distribuição
sempre mais equitativa da riqueza produzida, material e espiritual.
A divisão socialista do trabalho avança. As diversas nacionalidades
convivem cada vez mais em pleno respeito pela cultura de cada
uma – desapareceram para sempre as subordinações sociais e
políticas derivadas de diferenças de nacionalidade.
O crescimento do poderio dos países socialistas, a sua
consequente política pacifista e o seu internacionalismo – aos
quais, especialmente, a humanidade deve a conjuração da guerra
mundial, desde 1945 – afirmam-se mais e mais como a base
principal de apoio a todos os que se batem contra a guerra, pela
democracia e o processo social.
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