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GUERRA FRIA

No início dos anos 60, as relações EUA-URSS são as piores na história da Guerra Fria. Após a
revolução cubana, as tropas soviéticas ficam a apenas 100km da Flórida. Em outubro de 1962,
o Presidente Kennedy tem conhecimento de silos em cuba e do aumento de atividades
militares soviéticas. Aparentam ser preparativos para a guerra.

A NUCLEAR GLOBAL WAR UMA GUERRA NUCLEAR GLOBAL

A crise dos mísseis de Cuba foi o conflito mais perigoso da Guerra Fria. Entre americanos e
soviéticos. Em 1987, Reagan e Gorbachev assinaram o tratado INF para eliminar armas
nucleares de certo alcance na Europa e acabou a Guerra Fria. Até agora, o mundo tem estado
a salvo de ameaças nucleares entre os EUA e a URSS…

Em fevereiro de 2019, a Casa Branca anunciou a saída do tratado INF devido à violação
unilateral por parte da Rússia. O Presidente russo Vladimir Putin anunciou que o Kremlin sairá
do tratado como resposta à saída americana do tratado.

“A nossa exigência moral é trabalhar para o dia em que as crianças do mundo cresçam livres
do medo da guerra nuclear.”

Ronald Reagan

Com o fim da II Guerra Mundial emergiram duas


superpotências mundiais, nomeadamente, os Estados Unidos da
América e a União Soviética que, com diferentes sistemas de
organização social, política e económica, entraram em conflito,
pois ambos pretendiam expandir a sua influência no mundo.
Esse período, que se prolongou até ao princípio dos anos 90,
ficou conhecido como Guerra Fria...
Perdida a influência europeia no mundo, devido ao desgaste
resultante da II Guerra Mundial, ganharam força internacional
os Estados Unidos da América e a União Soviética, ambas
vencedoras do conflito como aliadas, mas com visões do mundo
muito distintas. O choque tornou-se inevitável e, apesar de
nunca se terem confrontado diretamente, criaram uma tensão
militar que se manteve até ao princípio dos anos noventa do
século passado e que ficou conhecida como Guerra Fria.
Com o fim da II Guerra Mundial e o surgimento de tensões
entre as novas superpotências, os Estados Unidos da América e
a União Soviética, outros países procuraram associar-se a um
ou a outro - consoante os seus interesses sócio-económicos -
formando aquilo que se designou por blocos.

Os EUA lideraram o Bloco Ocidental e a URSS o Bloco de Leste, criando


organizações de âmbito político, militar e económico para prolongar a sua
influência. Foi neste quadro que surgiram o Plano Marshall e a Organização
do Tratado do Atlântico Norte (NATO) no primeiro bloco, ou o Plano
Molotov e o Pacto de Varsóvia no segundo. .

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO na sigla


original) foi criada, em 1949, como resposta dos países
ocidentais à expansão do comunismo a leste. A União Soviética
e os seus aliados responderam com o Pacto de Varsóvia.

Após a Segunda Guerra Mundial os aliados começaram a discutir a


possibilidade de manter uma aliança militar, mas a expansão do bloco
comunista levou a uma rutura entre os aliados. Em 1947 a rutura ficou
consumada quando a União Soviética abandonou os objetivos definidos para
uma Conferência que decorria em Moscovo.

Os países da Europa ocidental e os Estados Unidos uniram-se para criar a


Organização do Tratado do Atlântico Norte, oficializada em 4 de Abril de
1949, em Washington. A NATO tinha como objetivo a a interajuda na defesa
dos seus membros no caso de surgir uma potencial ameaça soviética.

Em resposta, os países do leste europeu uniram-se sob tutela de um tratado


militar semelhante, o Pacto de Varsóvia, assinado em 14 de Maio de 1955.

Os dois blocos dividiram o mundo conforme os seus interesses e, apesar de se


terem envolvido em conflitos regionais, nunca se enfrentaram diretamente. A
dissuasão, em resultado do potencial bélico acumulado pelos dois lados,
serviu de travão ao surgimento de qualquer guerra à escala total.
A Guerra Fria, como ficou conhecido este período, esmoreceu com a queda do
Muro de Berlim, em 1989, e o desmantelamento da União Soviética, nos anos
seguintes. O Pacto de Varsóvia ruiria de seguida, enquanto a NATO se
mantém ativa com objetivos diferentes, do que os inicialmente definidos.

A Guerra Fria foi o conflito político-ideológico responsável pela


polarização do mundo na segunda metade do século XX. EUA e
URSS foram os protagonistas desse conflito.

A Guerra Fria teve os


Estados Unidos e a União Soviética como seus grandes protagonistas.
A Guerra Fria foi um conflito político-ideológico que foi travado
entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS), entre 1947 e
1991. O conflito travado entre esses dois países foi responsável por
polarizar o mundo em dois grandes blocos, um alinhado ao
capitalismo e outro alinhado ao comunismo.

Ao longo da segunda metade do século XX, a polarização


mundial resultou em uma série de conflitos de pequena e média
escala em diferentes locais do mundo. Esses conflitos contavam,
muitas vezes, com o envolvimento indireto de EUA e URSS, a partir do
financiamento, da disponibilização de armas e do treinamento
militar.

Contudo, nunca houve um confronto aberto entre americanos e


soviéticos, sobretudo pela possibilidade de destruição do planeta em
larga escala caso houvesse um conflito entre os dois. Apesar dos
discursos afiados e da intensa atuação estratégica para manter sua
zona de influência, americanos e soviéticos foram cautelosos ao
extremo e evitaram um conflito contra o outro.
Causas da Guerra Fria

A Guerra Fria foi iniciada logo após a Segunda Guerra Mundial e


existe um debate acirrado entre os historiadores a respeito de como
foi iniciado esse conflito político-ideológico. De toda forma, existe um
certo consenso de que o marco que iniciou a Guerra Fria seja o
discurso realizado pelo presidente americano, Harry Truman, em
1947.

Esse discurso de Truman foi realizado no Congresso americano e,


nessa ocasião, o presidente americano solicitava verbas para que os
Estados Unidos pudessem se engajar para evitar o avanço do
comunismo na Europa. Na visão de Truman, era papel dos EUA liderar
a luta contra o avanço do comunismo no continente europeu.

Esse discurso deu início ao que ficou conhecido como Doutrina


Truman, que consistiu no conjunto de medidas tomadas pelos EUA
para conter o avanço do comunismo. A primeira ação tomada por
essa doutrina foi o Plano Marshall, plano de recuperação econômica
da Europa com o qual os americanos forneceriam grandes somas de
dinheiro para os países interessados.

A atuação dos Estados Unidos na Europa por meio da Doutrina


Truman justifica-se única e exclusivamente pelo discurso alarmista
que apresentava a URSS como uma potência expansionista e que
procuraria conquistar todo o continente europeu sob a égide do
comunismo. Os americanos sabiam que os problemas econômicos da
Europa no pós-guerra eram um campo fértil para o crescimento da
ideologia comunista lá.

Ainda assim, historiadores como Eric Hobsbawm e Isaac Deutscher


argumentam que a União Soviética não era uma nação
expansionista e não demonstrava interesse em atuar fora da sua
zona de influência (o Leste Europeu). Esses historiadores apontam
que a União Soviética não tinha interesses em financiar e apoiar
movimentos comunistas armados em outras partes do mundo e que a
postura soviética no pós-guerra era abertamente defensiva por causa
da destruição do país como consequência da Segunda Guerra
Mundial.
A ideia por trás da ação americana em impor-se como nação
hegemônica na Europa e no mundo é explicada pelos interesses de
Truman em manter elevados os índices de crescimento econômico do
país. Assim, o discurso maniqueísta praticado pelos americanos
começou a ser praticado também pelos soviéticos, e as relações dos
dois países em nível internacional passaram a ser baseadas no
boicote.

Além disso, existem evidências que apontam que o governo soviético


não tinha interesse em expandir-se territorialmente e tinha o objetivo
de assegurar apenas a sua área de influência. Isso de fato aconteceu e,
na Segunda Guerra, os locais invadidos pelo Exército Vermelho, que
era o exército soviético, foram transformados em Estados-satélites do
regime comunista de Moscou.

Características

A Guerra Fria estendeu-se de 1947 a 1991 e algumas características


desse período podem ser destacadas.

 Polarização do mundo: a disputa travada entre americanos e


soviéticos resultou em uma forte polarização do mundo que
afetava as relações internacionais dessas nações como um todo.
Houve uma tentativa de criar um movimento não alinhado em
que algumas nações procuravam seguir um caminho
independente sem necessariamente se vincular com alguma das
duas potências.

 Corrida armamentista: a procura pela hegemonia internacional


fez com que as duas potências investissem bastante no
desenvolvimento de novas tecnologias bélicas. Assim, no
período, o número de armas nucleares e termonucleares
produzidas disparou.

 Corrida espacial: a corrida espacial foi um dos campos de


disputa entre americanos e soviéticos e, ao longo da década de
1960, inúmeras expedições espaciais foram realizadas.

 Interferência estrangeira: tanto americanos quanto soviéticos


interferiram em assuntos internos de diferentes países do
planeta. Dois exemplos são a interferência americana na política
brasileira na década de 1960 e a interferência militar no
Afeganistão na década de 1980.

Acontecimentos importantes da Guerra Fria

A Guerra Fria criou um clima de forte tensão internacional a respeito


da possibilidade de um conflito aberto entre americanos e soviéticos.
A existência de armamentos nucleares e termonucleares sob a
posse desses países tornava essa expectativa de um conflito muito
mais pavorosa, pois um conflito desse tipo causaria a aniquilação da
humanidade. Ao longo das décadas da Guerra Fria, houve inúmeros
momentos de tensão que serão destacados a seguir.

 Revolução Chinesa

Soldados comunistas chineses durante a Guerra Civil Chinesa, em 1946.

A Guerra Civil Chinesa, que se arrastava desde a década de 1920,


retornou com força depois da Segunda Guerra Mundial, e o
fortalecimento dos comunistas, liderados por Mao Tsé-tung, levou os
americanos a apoiar os nacionalistas, liderados por Chiang Kai-shek.
A vitória dos comunistas, conhecida como Revolução Chinesa, em
1949, alarmou os americanos sob a possibilidade de que o
comunismo fosse disseminado pelo continente asiático por meio da
influência chinesa.

 Guerra da Coreia

Primeiro momento de grande tensão após a Segunda Guerra Mundial.


Esse conflito iniciou-se em 1950, quando os comunistas norte-
coreanos, apoiados por chineses e soviéticos, invadiram o território
sul-coreano, apoiados pelos americanos. O objetivo era reunificar a
Península da Coreia sob a liderança dos comunistas.

Esse conflito contou com o envolvimento direto de soldados


americanos, mas ao longo do conflito nenhum dos dois lados
sobressaiu-se e o conflito teve fim, em 1953, com um armistício que
ratificou a divisão das Coreias – divisão que existe até hoje. Os
soviéticos também participaram desse conflito, mas os americanos
não tomaram nenhuma ação, pois queriam evitar um conflito direto.

 Crise dos Mísseis em Cuba

Mísseis soviéticos sendo escoltados por embarcação americana durante a Crise dos Mísseis, em
1962.
A Crise dos Mísseis foi o momento de maior tensão entre as duas
potências da Guerra Fria e se passou em 1962. Naquele ano, o
serviço de inteligência dos EUA descobriu que a URSS estava
instalando uma base de mísseis em Cuba, país que havia passado por
uma revolução nacionalista em 1959. A inteligência americana sabia
que os mísseis soviéticos representavam pouca ameaça para os EUA,
mas o presidente americano sabia que a questão teria repercussão
negativa sob seu governo e decidiu intervir.

O governo americano disse aos soviéticos que se os mísseis não


fossem retirados, seria declarada guerra. As negociações arrastaram-
se durante semanas e os dois lados chegaram a um acordo. Os
soviéticos decidiram retirar os mísseis de Cuba e os americanos
aceitaram retirar seus mísseis instalados na Turquia.

 Guerra do Vietnã

A Guerra do Vietnã foi um conflito travado entre 1959 e 1975 entre


Vietnã do Norte e Vietnã do Sul e ambos lados procuravam unificar o
país sob seu controle. Os americanos entraram nesse conflito, em
1965, e enviaram milhares de soldados ao Vietnã. Essa guerra foi
extremamente impopular nos EUA, e os americanos retiraram-se do
conflito, sem alcançar seus objetivos, em 1973. Os comunistas
tomaram o controle do país, em 1976, logo após vencerem a guerra.

 Guerra do Afeganistão de 1979

O Afeganistão é mencionado por muitos como o “Vietnã da União


Soviética”. Esse conflito foi travado entre 1979 e 1989 e se iniciou
quando os soviéticos invadiram o Afeganistão para apoiar o governo
comunista daquele país contra rebeldes islâmicos. A invasão soviética
levou os americanos a financiarem e treinarem os rebeldes islâmicos e
esse conflito foi extremamente penoso para os soviéticos que se
retiraram em 1989.

Cooperação política e militar


Ao longo dos anos da Guerra Fria, americanos e soviéticos procuraram
coordenar ações para concentrar o seu poder sob sua zona de
influência. Uma das estratégias utilizadas foi a criação de formas de
cooperação econômica e militar dos quais destacam-se o Plano
Marshall e a Comecon, no âmbito econômico, e a OTAN e o Pacto de
Varsóvia, no âmbito político-militar.

 Plano Marshall e Comecon

O Plano Marshall, conforme mencionado, foi um plano de


cooperação econômica mediante o qual os americanos
disponibilizavam grandes somas de dinheiro para financiar a
reconstrução dos países destruídos por conta da Segunda Guerra
Mundial. O projeto defendia a ideia que apoiar o desenvolvimento
econômico de determinados países ajudaria a conter o avanço do
comunismo.

Em contrapartida, os soviéticos criaram o Conselho para Assistência


Econômica Mútua, mais conhecido como Comecon (sigla em inglês).
Nesse plano, as nações do bloco comunista, agrupadas sob a
liderança dos soviéticos. Esse plano foi criado pelos soviéticos para
evitar que o Plano Marshall seduzisse as nações do bloco comunista a
aliarem-se com os americanos.

 Otan e Pacto de Varsóvia

No campo militar, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico


Norte (Otan), em 4 de abril de 1949. A ideia da OTAN era criar uma
aliança militar de países alinhados aos Estados Unidos visando a
impedir uma posição de agressão dos soviéticos. A OTAN foi uma
forma de os EUA imporem a sua hegemonia sobre o continente
europeu.

Na mesma proposta, os soviéticos criaram o Pacto de Varsóvia, em


1955. A ideia era garantir a segurança das nações do bloco comunista
e evitar uma possível agressão realizada pelos estadunidenses. Assim,
se uma nação fosse agredida, todas as outras se mobilizariam em
defesa dela.
Alemanha na Guerra Fria

No caso da Alemanha, a Guerra Fria teve impactos muito maiores do


que em grande parte do mundo. Isso porque ao final da Segunda
Guerra a Alemanha foi dividida em zonas de influência de soviéticos,
americanos, franceses e britânicos. Essa divisão teve reflexos no
futuro do país que acabou sendo dividido em duas nações:

 República Democrática Alemã (RDA), alinhada à União


Soviética e conhecida como Alemanha Oriental;

 República Federal da Alemanha (RFA), alinhada aos Estados


Unidos e conhecida como Alemanha Ocidental.

A cidade de Berlim também foi dividida e transformou-se na capital


das duas Alemanhas. O lado oriental era comunista e o lado ocidental
era o capitalista. Ao longo da década de 1950, milhares de cidadãos
da Alemanha Oriental começaram a mudar-se para Berlim Ocidental.
Para impedir essa fuga de cidadãos, as autoridades da União Soviética
e da Alemanha Oriental decidiram construir um muro isolando Berlim
Ocidental.

Durante 28 anos, o Muro de Berlim separou os dois lados da cidade de


Berlim e, por isso, converteu-se em um grande símbolo da Guerra Fria.

Acesse também: Conheça a história do Kremlin de Moscou

Fim da Guerra Fria

A Guerra Fria teve fim com a dissolução da União Soviética que


ocorreu em 26 de dezembro de 1991. O fim da URSS foi resultado da
grande crise econômica e política que atingiu aquele país a partir da
década de 1970. A falta de ações para resolver os problemas do bloco
comunista foram responsáveis por levar o país ao fim.

A economia soviética demonstrava, já na década de 1970, claros sinais


de esgotamento e o país era mais atrasado em relação às grandes
potências. A indústria soviética estava em queda, a produção agrícola
era insuficiente e os indicadores sociais começaram a regredir
demonstrando um claro empobrecimento do país.
A disparada no valor do petróleo criou uma falsa sensação de
prosperidade no começo da década de 1980 e, por isso, o país não
passou por reformas importantes em sua economia. Além disso, a
sociedade soviética não tinha acesso a tecnologias que garantiam
avanço na qualidade de vida no ocidente e a corrupção tornava tudo
pior.

Dois acontecimentos na década de 1980 acabaram agravando a


situação do país. A invasão do Afeganistão forçou a União Soviética a
gastar milhões na luta contra os rebeldes islâmicos e, em 1986,
o acidente nuclear em Chernobyl causou morte e destruição, além de
forçar os soviéticos a gastarem altas somas para conterem os efeitos
do acidente nuclear.

A situação econômica ruim contribuiu para aumentar a insatisfação


da sociedade com os governos comunistas. Em todo o bloco, a pouca
liberdade de expressão e o autoritarismo manifestado pelos governos
comunistas era uma realidade, e a insatisfação com a crise econômica
e a questão política fizeram surgir movimentos de oposição por todo
o bloco comunista.
A queda do Muro de Berlim, em 1989, simbolizou o fim da Alemanha Oriental e deu início à
reunificação alemã.[1]

Os primeiros sinais manifestaram-se na Alemanha Oriental, Hungria e


Polônia. Os alemães derrubaram o Muro de Berlim, no final de 1989, e
promoveram a reunificação da Alemanha, os húngaros abriram as
fronteiras do país com o Ocidente e os poloneses elegeram o primeiro
governo não comunista desde a Segunda Guerra.

A União Soviética começou a promover a abertura da sua economia


no governo de Mikhail Gorbachev por meio da Glasnost e Perestroika.
Logo, as nações que formavam a URSS começaram a se mobilizar pela
sua independência. Em 25 de dezembro de 1991, Gorbachev
renunciou e, no dia seguinte, a União Soviética foi dissolvida.

Em sequência, uma série de países conquistaram a sua


independência, tais como Ucrânia, Bielorrússia, Armênia etc. Esses
países reuniram-se na Comunidade dos Estados Independentes (CEI)
e realizaram a transição para o capitalismo.
A perda de influência da Europa

Ouando a 2º Guerra Mundial terminou, a Europa estava arruinada e empobrecida. Vencedores


e vencidos enfrentavam pesadas perdas humanas e materiais. Era necessário reconstruir as
cidades e infraestruturas, mas a maior parte dos países europeus não dispunha de meios para
o fazer.
Neste contexto de dificuldades, a Europa e o Mundo, de um modo geral, vão assistir ao
crescimento da importância e influência de duas grandes potências económicas e políticas,
com ideias opostas: os EUA e a URSS.

As novas potências mundiais os EUA e a URSS

Os EUA e a URSS tiveram um papel importante na vitória dos Aliados e mantinham, no pós-
guerra, um forte poder militar.
O EUA afirmava-se como a maior potência económica do Mundo. A economia americana
tinha-se desenvolvido durante a guerra, a indústria avançou em tecnologia e capacidade de
produção e a agricultura prosperava, pois os outros países estavam devastados e sem
capacidade de produção.
A URSS, apesar de ter sofrido grandes perdas, saiu da guerra como um dos países que
contribuíram para libertar a Europa do nazismo, o que lhe trouxe prestígio internacional e
contribuiu para aumentar a influencia do socialismo não só na Europa como em outros partes
do Mundo. Ocupava militarmente a Europa oriental e parte da Europa central e a sua
influência estendera-se ao Extremo Oriente — à China.
A nova "ordem mundial" saída da 2º Guerra será marcada pelo acordo feito pelas grandes
potencias para a divisão da Europa em duas Zonas de influência; os países da Europa de Leste,
incluindo parte da Alemanha e os países bálticos (Estónia, Letónia e Lituánia, que passaram a
ser repúblicas soviéticas), ficaram sob a influencia da URSS, formando o bloco de Leste,
marcado pela comunismo; os restantes países europeus ficaram sob a influência dos EUA,
formando um bloco ocidental, marcada pelo capitalismo.

A hegemonia americana e o Plano Marshall

Após a 2a Guerra, a Europa estava numa situação de fragilidade. Face ao quadro de


dificuldades, de devastação e pobreza, os americanos temiam que os Estados europeus
aderissem ao comunismo. Para tentar impedir que isso acontecesse, e para reforçar a sua
influência sobre a Europa, os EUA lançaram um programa de ajuda para a reconstrução e a
recuperação económica dos países ocidentais que ficou
conhecido como Plano Marshall O. Constitui-se, então, a OECE (Organização Europeia para a
Cooperação Económica - atual OCDE), formada pelos países que aderiram ao Plano Marshall,
com o objetivo de organizar a repartição de fundos. Através do Plano Marshall foram
concedidos biliões de dólares de empréstimos a diversos países europeus, sobretudo os que
foram mais afetados pela guerra.

Entretanto, o Governo americano desenvolveu esforços no sentido de restaurar a


independência e o poder económico da Alemanha (RFA), de modo a conter o desejo da URSS
de expandir o comunismo a esse território. A Europa, e parte do Mundo, vão dividir-se em dois
blocos antagónicos.

A expansão do mundo socialista

Apesar das pesadas consequências da 2.a Guerra Mundial, a URSS entrou, rapidamente, num
período de recuperação e desenvolvimento da sua economia, contando para isso com as
matérias-primas e as infraestruturas dos países europeus do Leste.
A URSS e os países da Europa de Leste que ficaram sob a sua influência recusaram a ajuda dos
EUA, constituindo, em 1949, uma organização de cooperação económica, o COMECON —
Conselho de Assistência Económica Mútua.
A expansão do socialismo ultrapassou as fronteiras da Europa chegando à China. Após libertar-
se da ocupação japonesa, em 1945, a China passou por um período de guerra civil que acabou
com a vitória de Mao Tsé-Tung, que implementou uma revolução comunista e proclamou a
República Popular da China em 1949. A URSS passou a contar com mais um poderoso aliado e
a influência do comunismo na Ásia alastrou-se a outras áreas, como a Coreia do Norte e a
Indochina.

O antagonismo dos dois blocos

A Europa e o Mundo estavam divididos em duas zonas de influência política, económica e


militar.
Em 1949, os EUA, o Canadá e alguns países da Europa capitalista criaram a OTAN, Organização
do Tratado do Atlântico Norte (a NATO) Esta era uma aliança militar criada com o objetivo de
proteção internacional do bloco ocidental, marcado pela ideologia liberal capitalista. A URSS,
em resposta à NATO, juntou-se com os seus aliados e criou o Pacto de Varsóvia (1955) O,
unindo as forças da Europa oriental, ou seja, do bloco socialista. O antagonismo entre os dois
blocos afirmou-se, claramente, nestas duas alianças militares.

O equilíbrio pelo terror


Os dois blocos desenvolveram uma política de "corrida aos armamentos", desenvolvendo-se o
armamento nuclear nos dois lados. Em 1949, os soviéticos produziram a sua primeira bomba
atómica, dois anos depois os americanos fabricaram a primeira bomba de hidrogénio, 500
vezes mais destrutiva do que a de Hiroxima. Foram logo seguidos pelos russos.
O facto de ambas as potências possuírem este tipo de armamento e mísseis intercontinentais,
criou a possibilidade de uma guerra que seria tão destrutiva que, a acontecer, dificilmente
teria vencedores O. A posse de armas de destruição massiva deu a estes países um potencial
destrutivo que gerou um equilíbrio pelo terror: nenhuma das partes avançava pois tinha noção
das consequências. As duas potências nunca chegaram a confrontar-se diretamente, por isso
se chamou a este período Guerra Fria.
Os anos da Guerra Fria foram também marcados pela intensa espionagem, através das polícias
secretas (os EUA com a CIA e a URSS com a KGB). Os dois países vigiavam-se continuamente,
competindo no armamento, na inovação tecnológica e na expansão das suas ideologias. Os
serviços secretos atuavam também dentro dos seus territórios, vigiando e perseguindo os que
se opunham à ideologia política do seu bloco. Estaline exerceu uma violenta repressão contra
os que se opunham ao comunismo. Nos EUA, o Governo empreendeu uma campanha
anticomunista que levou à perseguição de milhares de cidadãos, acusados de atividades
consideradas "antiamericanas".

Conflitos da Guerra Fria

O confronto entre os dois blocos não era direto, mas tornava-se visível no apoio que davam
aos seus aliados em conflitos regionais, fornecendo armas, soldados e conselheiros militares.
Durante esta Guerra Fria, a paz esteve ameaçada por diversas vezes.
O primeiro incidente grave deu-se em 1948-49, quando Estaline bloqueou o acesso de ajuda
americana à parte ocidental de Berlim, provocando um conflito que ficou conhecido como
Bloqueio de Berlim. Os Aliados conseguiram ultrapassar este bloqueio, abastecendo a
população por via aérea. Mais tarde, em 1961, foi construído o Muro de Berlim, separando a
cidade em dois setores, o que simbolizava também a divisão da Alemanha e do Mundo em
duas zonas: a ocidental — República Federal Alemã (RFA), influenciada pelos países
capitalistas, liderados pelos EUA e a oriental — República Democrática Alemã (RDA), sob
domínio da URSS.
Entre 1950 e 1953, durante a Guerra da Coreia O, o mundo voltou a temer um conflito nuclear.
Os EUA apoiaram a Coreia, que tinha sido invadida pela China, país comunista que ocupara a
parte norte do país. A URSS não se envolveu diretamente no conflito, mantendo uma política
de contenção devido ao medo das armas nucleares dos EUA.
Após a morte de Estaline, em 1953, registou-se uma melhoria nas relações entre os blocos,
iniciando-se um período marcado pela coexistência pacífica.
Contudo, em 1962 um novo incidente agita a ordem mundial: a crise dos mísseis de Cuba. Fidel
Castro liderou uma revolução comunista em Cuba e, como as suas políticas colidiam com os
interesses americanos, os EUA decretaram um embargo comercial a Cuba. Dada a sua posição
estratégica, próxima dos EUA, Cuba contou com a proteção militar da URSS que instalou
rampas de lançamento de mísseis apontados aos EUA. A guerra parecia inevitável, mas ambos
optaram pela paz: a URSS retirou os mísseis e os EUA comprometeram-se a não atacar Cuba.
Outros conflitos, como a Guerra no Vietname, na qual os EUA se foram envolvendo desde
1965 até serem derrotados, em 1975, as Guerras em Angola e no Afeganistão são também
exemplos de conflitos em que os dois blocos mediram forças, apoiando fações opostas, sem se
confrontarem diretamente.

A Guerra Fria e os movimentos de descolonização

Os EUA e a URSS, as duas potências que rivalizavam entre si no período do após-guerra, eram
ambas, por diferentes razões, contra o colonialismo:
• os EUA porque tinham nascido num processo de emancipação face à Inglaterra e porque os
mercados coloniais eram um entrave ao liberalismo económico que defendiam;
• a URSS porque considerava o colonialismo uma forma de exploração dos povos por parte das
estruturas capitalistas, contrárias aos princípios do comunismo.
Durante os 30 anos que sucederam à 2a Guerra as duas superpotências apoiaram a
independência de várias colónias, movidas pelas razões acima indicadas, mas também pelo
objetivo de alargarem as suas áreas de influência.
Os movimentos de descolonização foram conduzidos por diferentes motivações: políticas,
culturais, ideológicas ou económicas. Neste contexto, surgiram líderes e formaram-se grupos
que iniciaram processos de luta de libertação nacional. Esta luta teve diferentes caminhos, uns
pacíficos outros violentos.

0 período pós-2.a Guerra Mundial ficou marcado pela divisão do Mundo em


duas áreas de influência política e económica: o mundo capitalista, dominado pelos EUA, e o
mundo socialista, dominado pela URSS. Este antagonismo conduziu a um clima de Guerra Fria
que se prolongou até aos finais da década de 1980.

«Uma sombra desceu sobre o cenário tão recentemente iluminado pela vitória dos aliados.
Ninguém sabe o que a Rússia soviética e a sua organização internacional comunista pretendem
fazer num futuro imediato, nem quais serão os limites, se é que existem, das suas tendências
expansionistas e proselitistas. De Stettin, no Báltico, a Trieste, no Adriático, desceu sobre o
continente (europeu) uma cortina de ferro. Atrás dessa linha, encontram-se todas as capitais
dos antigos estados da Europa central e oriental...»
Winston Churchill. Discurso no WestminsterCOIIege 'Missouri), 1946
O bloqueio de Berlim representou a tendência da União Soviética de controlar rigorosamente
os territórios da Europa central e oriental que tinha ajudado a libertar do domínio da
Alemanha nazi. Reflete igualmente o início de uma política de oposição e contestação à
influência que os EUA tentavam estabelecer no Continente europeu.
Como veremos, esta rivalidade originará a chamada Guerra Fria. A Soviética tomou a iniciativa
de impedir todos os contactos terrestres entre a parte ocidental de Berlim e o restante
território alemão, tentando levar os seus ex-aliados ocidentais a abandonarem a cidade.

QUAL FOI O PAPEL DOS PAÍSES EUROPEUS NO MUNDO DO APÓS GUERRA?

A II Guerra Mundial contribuiu para a quebra do prestígio e para a continuação do declínio


político, económico e militar das potências europeias tradicionais. A França e o Reino Unido,
aparentemente vencedores, encontravam-se enfraquecidos. Mesmo a sua autoridade sobre os
respetivos impérios coloniais foi abalada pela afirmação do princípio da autodeterminação dos
povos, promovido pela ONU. Pareciam apenas restar duas alternativas aos países europeus:
aceitar o apoio americano, e aderir aos seus projetos políticos e económicos, ou aceitar o
domínio soviético, aderindo à ideologia comunista e à sua conceção de sociedade e economia.

PORQUE SE AFIRMARAM OS EUA E A URSS COMO SUPERPOTÊNCIAS?

Fortalecidos pelo seu papel na derrota das forças alemãs e suas aliadas, contavam, para além
da sua dimensão, com população, capacidade industrial e recursos naturais abundantes,
refletidos no poder militar que possuíam e que contribuía para o reforço das respetivas
posições.
Olhando-se com crescente desconfiança, norte-americanos e soviéticos passaram rapidamente
de aliados a rivais na luta pelo controlo político e estratégico do continente europeu e mesmo
de outras regiões do mundo.

COMO EXPLICAR O ANTAGONISMO ENTRE OS EUA E A URSS?

Os Estados Unidos da América e a União Soviética representavam dois modelos diferentes


para os países saídos da guerra e também para aqueles que, a partir desse momento, viessem
a tornar-se
independentes. Ambos os países, e respetivos aliados, consideravam os adversários como
promotores e defensores de um sistema política e economicamente errado e humana e
socialmente injusto.
O modelo americano capitalista e liberal baseava-se, e ainda se baseia, na liberdade individual,
na livre expressão do pensamento, no papel da iniciativa privada na economia e no direito de
os cidadãos escolherem em eleições os partidos e os políticos que os representam e os
governam. Basicamente, neste modelo, o papel do Estado é o de elaborar e fazer cumprir as
leis, garantindo os direitos e a segurança dos cidadãos.
O modelo soviético procurava estabelecer o socialismo de tipo marxista-leninista e construir
uma sociedade comunista, O Partido Comunista, considerado representante dos operários e
dos camponeses, dirigiria o Estado, afirmando a ditadura do proletariado e rejeitando o
multipartidarismo. O Estado devia dirigir toda a vida social, política e económica, controlando
terras, fábricas e estabelecimentos comerciais e garantindo a igualdade entre os cidadãos. A
iniciativa privada e o capitalismo eram vistos como formas de exploração do Homem pelo
Homem, contrárias aos interesses do povo.

A nova ordem mundial do após guerra

Como afirmaram os EUA a sua hegemonia no bloco ocidental?

Por não terem tido o seu território diretamente afetado pela guerra, e devido à elevada
procura dos seus artigos, os EUA desenvolveram a produção de alimentos, matérias-primas e
armamento, fortalecendo a economia do país. Os EUA terminaram, assim, a II Guerra Mundial
numa posição favorável a nível mundial. Durante a mesma concederam empréstimos,
alugaram e venderam material de guerra e outros produtos às potências aliadas.
Concentrando grande parte das reservas de ouro mundiais, os Estados Unidos da América
impuseram a sua moeda, o dólar, como referência e meio de troca no comércio internacional.

Que blocos económicos se formaram?

Os EUA, liderando o bloco ocidental ou «mundo capitalista», recearam que a crise do após
guerra empurrasse os países europeus para o comunismo. Procuraram, por isso, ganhar
parceiros económicos e travar a expansão do modelo soviético no continente europeu. Com
estes objetivos foi criado um plano de assistência económica, o Plano Marshall. Para
coordenar a distribuição desses fundos e promover a colaboração entre os beneficiários, criou-
se a OECE -Organização Europeia de Cooperação Económica. Estas medidas foram
patrocinadas pelo presidente Truman. Os países aderentes estavam obrigados a respeitar os
princípios da liberdade económica (livre produção e livre circulação de bens), da liberdade de
expressão e da democracia, baseada no multipartidarismo. A URSS, controlando os países do
bloco de Leste através dos partidos comunistas que neles triunfaram, impediu-os de aderir ao
Plano Marshall e à OECE, considerados instrumentos do domínio americano e capitalista. Em
compensação, dirigiu a criação do COMECON abrangendo os países da Europa oriental, os
quais deveriam auxiliar-se mutuamente. A União Soviética assegurava a defesa do seu bloco e
contribuía com a maior parte da produção de combustíveis e matérias-primas.

Para que foram criados a NATO e o Pacto de Varsóvia?

Ainda no âmbito da «doutrina Truman», o poderio económico e a Influência política dos EUA
serviram para promover uma política de contenção do comunismo na Europa. Em 1949, os
EUA criaram com o Canadá e vários aliados europeus uma aliança militar destinada a defender
os seus interesses mútuos: a Organização do Tratado do Atlântico Norte - OTAN, ou NATO.

Por seu turno, e para fazer face à OTAN-NATO, a URSS liderou em 1955 a criação do Pacto de
Varsóvia, englobando os países da Europa oriental e central sob sua influência.

O que foi a Guerra Fria?

Chama-se Guerra Fria ao período de tensão política e militar que se estabeleceu entre as duas
superpotências, os EUA e a URSS, acompanhadas pelos respetivos aliados. Iniciou-se pouco
depois do termo da II Guerra Mundial e prolongou-se, com períodos de maior ou menor
tensão, até 1991. Os dois blocos adversários competiam na quantidade e qualidade do seu
armamento, incluindo grandes arsenais nucleares que contribuíam para o «equilíbrio do
terror». Essa competição alargava-se à exploração espacial e era apoiada pela disputa
ideológica e por eficientes serviços de espionagem, tais como a CIA e o KGB (Entre passado e
presente).

Em que consistiu a coexistência pacífica?

Apesar dos conflitos indiretos entre os EUA e a URSS durante o período da Guerra Fria, os dois
países souberam sempre evitar a utilização de armas nucleares e a confrontação direta. O líder
soviético Nikita Krustchev, sucessor de Estaline, propôs o princípio da coexistência pacífica e
visitou os EUA, iniciando um período de relações menos tensas. Outra nova fase de
desanuviamento abrangeu boa parte dos anos 70. Contudo, diversos conflitos iam ocorrendo
por todo o mundo, apoiados pelas superpotências e, por isso, a tensão entre eles nunca foi
completamente eliminada.

Quais foram os momentos mais conflituosos da Guerra Fria?


Além do bloqueio de Berlim, já referido, diversos acontecimentos contribuíram para o
ambiente da Guerra Fria:
 Guerra da Coreia. Expulsos os japoneses, em 1945, o território foi dividido numa área
de influência soviética, a norte, e noutra de influência norte-americana, a sul. Com o
auxílio do exército chinês e o apoio logístico da União Soviética, a Coreia do Norte
invadiu a Coreia do Sul, em 1950. Esta recorreu ao apoio de forças da ONU e do
exército dos EUA. A guerra terminou em 1953, com o regresso aproximado às
fronteiras iniciais, estabelecidas no paralelo 38;
 Guerra do Vietname. Os guerrilheiros vietnamitas, apoiados pela União Soviética e
pela República Popular da China, obtiveram a independência em relação a França, que
colonizava a região. Os norte-americanos e seus aliados concederam apoio aos não
comunistas e o país dividiu-se de acordo com o paralelo 17. Os comunistas,
concentrados no Norte, atacaram o Governo do Sul, acabando por triunfar quando,
após vários reveses, e com a opinião pública dos EUA cada vez mais oposta ao conflito,
os diplomatas norte-americanos abandonaram o Vietname em 1975;

 a crise dos mísseis em Cuba. Nesta ilha triunfou, em 1959, uma revolução inspirada
pelos ideais socialistas que depôs o presidente pró-americano Fulgêncio Batista. A
revolução despertou a oposição dos Estados Unidos da América, que apoiaram uma
revolta, fracassada, contra o novo Governo. Em consequência, Fidel Castro aproximou-
se da União Soviética, procurando um aliado forte face aos norte-americanos. Os
soviéticos instalaram mísseis nucleares em solo cubano. O presidente americano John
F. Kennedy ameaçou Cuba e a URSS com a guerra, conseguindo a retirada dos mísseis,
em 1962;

 Guerra Civil de Angola. Ao obterem a sua independência de Portugal, os movimentos


de libertação angolanos envolveram-se numa guerra pelo poder. O MPLA, de ideologia
marxista, recebeu apoio soviético e de países como Cuba, que enviou milhares de
soldados que o ajudaram a conquistar o poder, opondo-se-lhes os guerrilheiros da
UNITA, que recebeu apoio direto da Africa do Sul e indireto dos EUA;

 Guerra do Afeganistão. Em 1978, um governo de inspiração marxista chegou ao poder


com a colaboração dos soviéticos. Em 1979, as tropas soviéticas entraram no
Afeganistão e os EUA apoiaram os mujahedin, rebeldes oposicionistas. Os soviéticos
retiraram em 1989 e os rebeldes derrubaram o Governo, continuando a Guerra Civil e
tendo os fundamentalistas talibã acabado por dominar o país.

A Guerra Fria contribuiu para a manutenção das ditaduras ibéricas?

Em 1943, sentindo a tendência para a vitória dos aliados, e a pedido destes, o Governo
português concedeu o uso da base aeronaval das Lajes, nos Açores, ao Reino Unido e de
seguida aos EUA. Com a Guerra Fria, continuou a aumentar a importância geoestratégica de
Portugal e dos seus territórios. No contexto da tensão entre o bloco ocidental e o bloco
soviético, Portugal foi admitido como um dos fundadores da NATO, em 1949, tendo o
anticomunismo de Salazar jogado a favor dessa admissão. O país também foi admitido na ONU
em 1955, tendo aí de fazer frente a pressões para descolonizar os seus territórios
ultramarinos. Também a ditadura espanhola dirigida por Franco, abertamente anticomunista,
foi tolerada pelos EUA e seus aliados devido ao seu anticomunismo. Contudo, a Espanha só
seria admitida na NATO após restaurar a democracia.

A emergência dos EUA e a expansão do mundo socialista

Com o fim da 2.a Guerra Mundial, a Europa perdeu a sua influência, enquanto os EUA e a
URSS, que tinham sido aliados durante o conflito, saíram das Conferências de Yalta e de
Potsdam reforçados, mas com posições diferentes no plano político internacional. Passaram a
funcionar como dois blocos antagónicos: um liberai/capitalista (EUA) e outro comunista
(URSS).
Com ideologias e interesses divergentes, estas duas superpotências procuraram dominar os
países com elas alinhados no pós-guerra, formando entre si uma barreira política que ficou
conhecida por cortina de ferro

O poderio económico e militar dos Estados Unidos

O facto de os EUA terem escapado aos efeitos de um conflito que se desenrolou na Europa
possibilitou-lhes a reafirmação do seu potencial industrial e técnico e, por conseguinte, a
obtenção de uma posição económica positiva. Nos anos que se seguiram à guerra, os
americanos asseguravam cerca de 60% da produção mundial (sobretudo a do armamento],
controlavam o comércio internacional e detinham dois terços do stock de ouro mundial,
proveniente do resgate de empréstimos feitos aos seus aliados e dos lucros dos investimentos
no estrangeiro. O dólar tornou-se a moeda padrão internacional. Assim, os EUA emergiam
como a maior potência industrial e comercial do período do pós-guerra, ultrapassando
largamente a URSS.
Em termos militares e estratégicos, a supremacia americana também prevalecia:
desenvolveram a bomba atómica e estabeleceram uma rede estratégica de bases militares que
garantia uma rápida intervenção em caso de conflito.

A expansão do mundo socialista

O pós-guerra confrontou a URSS com duas situações: por um lado, a urgência em restabelecer
a economia, bastante prejudicada pela guerra, e, por outro, a necessidade de afirmação da
doutrina socialista, sobretudo nas zonas que tinham ficado sob a influência política dos
soviéticos e para as quais dirigiram um processo de expansão ideológica:
• na Europa de Leste, entre 1947 e 1952, alguns países, que tinham estabelecido governos de
unidade nacional, foram levados a adotar o modelo político soviético, passando, por isso, a ser
designados democracias populares;
• na Ásia, em 1948, foi proclamada a República Popular da Coreia e, em 1949, na China, Mao
Tsé-Tung proclamou a República Popular da China. Estas duas Repúblicas receberam o apoio
da URSS que reforçava, deste modo, o alargamento do regime comunista no continente
asiático.

Os modelos económicos e políticos dos EUA e da URSS

O ano de 1947 marcou o início da política de blocos e da cortina de ferro. O incessante avanço
comunista a oriente e a ameaça de expansão dos seus ideais sobre outros países, como a
França e a Itália, despertaram os EUA para a necessidade de travar essa tendência. Para conter
esse avanço, o presidente americano Truman chamou a Europa a participar no Plano Marshall,
que visava a recuperação económica, o auxílio financeiro e a estabilidade política dos países
envolvidos no mesmo. A concretização do Plano Marshall, cujos fundos foram distribuídos com
a criação da Organização Europeia de Cooperação Económica (OECE), fortaleceu o chamado
Bloco Ocidental e foi essencial para o reerguer de muitos países europeus, reforçando a
influência americana e dando início à política de blocos.

Numa reação à pressão americana, a URSS criou, no mesmo ano, um organismo que
controlava e coordenava a ação dos partidos comunistas, o Kominform. Em 1949, como
resposta ao Plano Marshall, a URSS lançou o Comecon, cujo objetivo era recuperar não só a
economia soviética, mas também a dos países sob sua influência. Estava assim criado o Bloco
de Leste, liderado pela União Soviética. O Mundo passava a estar organizado em dois blocos:
um liderado pelos EUA e o outro pela URSS.

A Guerra Fria: o antagonismo dos dois blocos

O alargamento das áreas de influência e a discrepância entre os ideais da democracia liberal


americana e os do comunismo soviético colocavam a Europa num equilíbrio instável e na
iminência de um novo conflito mundial. Neste contexto, foram celebradas alianças com vista
ao reforço militar de cada um dos blocos. Os Estados Unidos criaram, em 1949, a Organização
do Tratado do Atlântico Norte (NATO) que reuniu um grupo de países ocidentais contra a
ameaça comunista. Por sua vez, a URSS assinou com os países comunistas, em 1955, o Pacto
de Varsóvia.

A tensão política e militar entre os dois blocos arrastou-se por mais duas décadas após a
guerra e foi agravada pela construção do Muro de Berlim e pela divisão da Alemanha em
Democrática (ROA) e Federal (RFA). Este período ficou conhecido como Guerra Fria. O
avolumar das tensões originou situações de espionagem e uma desenfreada corrida aos
armamentos. Nesta altura, a URSS já possuía a bomba atómica, mas os americanos também já
haviam desenvolvido a primeira bomba de hidrogénio. Os principais conflitos da Guerra Fria
foram o Bloqueio de Berlim; as guerras da Coreia; a Crise dos Mísseis de Cuba; do Vietname,
de Angola e do Afeganistão. Neste último conflito, os dois blocos, conscientes do armamento
do inimigo e da possibilidade de se desencadear uma guerra nuclear, acabaram por adotar
uma política de coexistência pacifica, tendo os EUA iniciado um bloqueio económico à ilha do
presidente Fidel Castro (Cuba). Esse bloqueio só foi levantado em dezembro de 2014, pelo
presidente americano Barack Obama.

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