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Revolução Cubana

A Revolução Cubana ocorreu em 1º de janeiro de 1959 e foi


liderada por Fidel Castro e Ernesto Che Guevara, com outros
rebeldes, para derrubar Fulgêncio Batista do governo de Cuba.
Baseados em Sierra Maestra, os revolucionários derrotaram
os soldados fiéis ao governo e, em 8 de janeiro, chegaram a
Havana, dando início a um governo hostil aos Estados Unidos e
próximo da União Soviética.
Fidel se tornou governante de Cuba por mais de 50 anos,
estatizando a economia e incentivando outros países a seguirem
o mesmo caminho de janeiro de 1959. As consequências da
revolução foram a presença soviética na América Latina e as
ações dos Estados Unidos para manter sua influência e combater
o comunismo no continente.
Leia também: Socialismo e comunismo, existem diferenças?

Antecedentes da Revolução Cubana

Desde a sua independência, em 1898, Cuba manteve-se


alinhada com os Estados Unidos. Antiga colônia espanhola, a
ilha caribenha se tornou independente com ajuda dos norte-
americanos. Contudo, essa liberdade não se concretizou na
realidade, pois os cubanos deixaram de ser dependentes
economicamente da Espanha para ser dos Estados Unidos.
Ao longo das primeiras décadas do século XX, a Emenda
Platt confiou aos norte-americanos liberdade para intervir em
Cuba quando achasse necessário. Nesse período, a Casa
Branca ordenou a construção de bases navais na ilha e que os
cubanos vendessem ou alugassem terras para que os Estados
Unidos explorassem o carvão da região.
De 1952 até 1959, Cuba foi governada por Fulgêncio Batista,
um ditador aliado dos Estados Unidos e que governava de forma
autoritária, perseguindo opositores e censurando a imprensa.
Essas ações violentas do governo cubano motivaram Fidel
Castro, Ernesto Che Guevara e outros a unirem forças contra
Fulgêncio Batista.
Em janeiro de 1959, os revolucionários saíram de Sierra
Maestra, onde estavam escondidos, para derrubar o governo
cubano e encerrar o domínio norte-americano na região. A
princípio, Fidel Castro não se apresentou como um comunista
determinado a formar um governo aliado dos soviéticos, mas sim
como um nacionalista interessado em acabar com um governo
autoritário e subserviente aos interesses dos Estados Unidos.
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A Revolução Cubana

As primeiras tentativas de derrubar Fulgêncio Batista do


poder começaram alguns anos antes da revolução. Em 26 de
julho de 1953, Fidel Castro e seus companheiros organizaram
uma invasão ao Quartel de Moncada, mas o governo conseguiu
acabar com a invasão e os rebeldes foram mortos ou presos.
Castro foi detido e condenado a 15 anos de prisão, mas foi
libertado dois anos depois e se exilou no México, onde
conheceu Ernesto Che Guevara. Os dois fundaram o
Movimento 26 de Julho, uma referência à invasão fracassada,
para retornar a Cuba e novamente atacar o governo de Fulgêncio
Batista.
Os rebeldes voltaram a Cuba e, de 1956 a 1959, entraram em
confronto contra o exército do governo. Eles se esconderam em
Sierra Maestra e, no dia 1 de janeiro de 1959, conseguiram
derrotar o governo cubano, quando Batista fugiu da ilha. Fidel
Castro e seu grupo chegaram a Havana, capital cubana, em 8 de
janeiro daquele ano.
As primeiras medidas do novo governo foram acabar com a
dependência econômica dos Estados Unidos por meio
da reforma agrária e da estatização de empresas estrangeiras.
Os norte-americanos tentaram derrotar o governo de Fidel
Castro, mas sem sucesso. Em 1961, os Estados Unidos
romperam relações diplomáticas com Cuba e impuseram um
bloqueio econômico à ilha.
Com esse rompimento diplomático, os cubanos se
aproximaram da União Soviética e receberam auxílio financeiro
até 1991, quando a superpotência comunista foi extinta. A
deposição de um governo aliado dos Estados Unidos e a
aproximação de um país tão próximo dos soviéticos fizeram com
que os norte-americanos olhassem com mais atenção para os
seus vizinhos.
Veja também: Operação Condor – articulação entre os EUA e as
ditaduras da América Latina

Líderes da Revolução Cubana

Fidel
Castro governou Cuba por mais de 50 anos. [1]
Primeiramente, os líderes da Revolução Cubana se tornaram
símbolos nacionalistas e de combate ao imperialismo norte-
americano. Com a aproximação de Cuba com a União Soviética
foi que suas imagens se tornaram referência da ideologia
comunista. Três líderes se destacaram e são, até hoje, as
principais referências da Revolução de 1959.
Os primeiros são Fidel e Raul Castro. Os irmãos lideraram tanto
a invasão ao Quartel de Moncada quanto a revolução que
derrotou Fulgêncio Batista. Fidel, ao assumir o governo cubano,
tornou-se a figura central da revolução. Seus longos discursos
contra a interferência dos Estados Unidos nos países latino-
americanos ganharam força entre os mais jovens, que desejavam
seguir o mesmo caminho dos rebeldes de Sierra Maestra.
Ernesto Che Guevara, ao lado de Fidel, é outro rosto conhecido
da revolução. Apesar de não ser cubano, ele se tornou símbolo,
no mundo todo, do 1º de janeiro de 1959 em Cuba. Logo após o
encontro com Fidel Castro no México, ele se juntou aos rebeldes
para derrubar um governo subserviente aos interesses dos
Estados Unidos.
Com a vitória da revolução, Che Guevara expressou seu desejo
de levar para os outros países os mesmos ideais cubanos. Ao
tentar fazer isso na Bolívia, em 1967, foi preso e morto pelas
tropas governamentais, com o apoio da Agência Americana de
Inteligência (CIA).
Foto que recorda os 35 anos da morte de Ernesto Che Guevara.
Ao lado de Fidel, ele foi outro líder importante e conhecido da
Revolução Cubana. [2]

Consequências da Revolução Cubana

A Revolução Cubana foi um evento que teve impacto não


apenas em Cuba mas em toda a América Latina. Em 1959, o
mundo vivia a Guerra Fria, período em que Estados Unidos e
União Soviética buscavam ampliar suas zonas de influência.
Quando Fidel Castro anunciou que o novo governo cubano
estaria alinhado com os soviéticos, acendeu o sinal vermelho na
Casa Branca e mostrou que o perigo comunista estava bem perto
do solo norte-americano. Logo após o ocorrido em Cuba, o
governo dos Estados Unidos voltou suas atenções para a
América Latina, evitando que outros países seguissem o mesmo
caminho da ilha caribenha.
O governo Kennedy apoiou a invasão à Baía dos Porcos, em
Cuba, para derrubar o governo de Fidel Castro, em 1961, mas
não obteve êxito. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos iniciaram
o programa Aliança para o Progresso, um auxílio financeiro
para os países latino-americanos desenvolverem suas economias
e diminuírem a desigualdade social, evitando que o discurso
anticapitalista e antiamericano se espalhasse pelo continente.
Outra medida adotada pelos EUA foi apoiar os golpes militares
contra governos simpáticos ao comunismo e que poderiam se
inspirar na Revolução Cubana para se distanciar dos Estados
Unidos e se aproximar da União Soviética.
Outra consequência da Revolução de 1959 foi a presença
soviética em um país próximo aos Estados Unidos. Dessa
forma, Moscou poderia ameaçar Washington apesar da distância
entre as duas capitais. Em 1962, a Crise dos Mísseis em Cuba,
por pouco, não colocou americanos e soviéticos em uma guerra
de fato, que envolveria armas nucleares.
Portanto, a Revolução Cubana aprofundou a rivalidade entre
as superpotências e trouxe para a América Latina o conflito
ideológico da Guerra Fria e a disputa por zonas de influência
entre Estados Unidos e União Soviética.
Selo que recorda a visita do líder soviético Leonid Brezhnev a
Cuba, em 28 de fevereiro de 1974. [2]

Resumo sobre a Revolução Cubana

 A Revolução Cubana foi um movimento que derrotou o governo


Fulgêncio Batista e encerrou a interferência norte-americana na
ilha, aproximando-a da União Soviética.
 Os principais líderes da Revolução Cubana foram: Fidel e Raul
Castro e Ernesto Che Guevara.
 As consequências da revolução foram: trazer o embate da Guerra
Fria entre Estados Unidos e União Soviética para a América
Latina e as ações das duas superpotências nos países do
continente.
Veja também: Revolução Chinesa – proclamação da República
Popular Chinesa pelos comunistas
Exercícios resolvidos

Questão 1 - “Condenem-me, não importa. A história me


absolverá.” Essa frase foi pronunciada por Fidel Castro, principal
líder da Revolução Cubana, na ocasião em que ele:
A) foi acusado de assassinar o presidente Fulgêncio Batista, em
1959.
B) comandou as execuções de militares americanos partidários
de Fulgêncio Batista.
C) foi julgado pelo assalto ao Quartel de Moncada, em 1953.
D) associou-se à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
E) associou-se ao governo de Hugo Chávez, presidente da
Venezuela.
Resolução
Alternativa C. Fidel Castro foi preso em 1953, após sua tentativa
fracassada de invadir o Quartel de Moncada. Logo após passar
dois anos na prisão, ele se exilou no México, onde conheceu Che
Guevara e arquitetou a revolução de 1959.
Questão 2 - (FGV) A Revolução Cubana, vitoriosa em 1959, teve
como principal característica:
A) A mobilização popular por meio de manifestações de massas
e a organização de seguidas greves gerais que interromperam as
atividades econômicas de Cuba.
B) A prática do “foquismo”, com grupos armados que se
dedicavam à luta armada caracterizada pela tática de guerrilhas.
C) A mobilização internacional por meio de campanhas que
denunciavam o desrespeito aos direitos humanos por parte do
governo cubano.
D) A intervenção soviética, que enviou tropas de apoio aos
revolucionários e bombardeou bases do governo cubano.
E) A vitória eleitoral dos revolucionários no pleito de 1958 e a
gradativa implementação de medidas socializantes por Fidel
Castro.
Resolução
Alternativa B. A guerrilha foi a principal tática usada pelos
rebeldes para derrotar os soldados de Fulgêncio Batista e tomar
o poder em 1º de janeiro de 1959.
Créditos das imagens

[1] emkaplin / Shutterstock

[2] neftali / Shutterstock

Publicado por Carlos César Higa


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