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Aton, o Deus único do Egito

Durante o governo do faraó Amenófis IV, houve a


aclamação de Aton, o Deus único do Egito. Isso provocou
uma reviravolta teológica e política.

O Deus Aton era


representado, no Egito Antigo, pelo Disco Solar
O Egito Antigo caracterizou-se, durante seus vários séculos de
vigência civilizacional, por ter uma cultura de grande impacto,
construções monumentais, como as grandes pirâmides do vale
de Gizé, e sistemas de significação bastante complexos, como as
forma de escrita hieroglífica e hierática. Contudo, essa cultura
também teve por característica um sistema religioso também
bastante complexo, indo do culto a várias divindades, tanto para
o mundo dos vivos quanto para o mundo dos mortos, ao culto de
um Deus central, para o qual tudo passou a convergir. Esse
Deus, representado pelo disco do Sol, era Aton.
Todas as atividades da sociedade egípcia eram, até o reinado
de Amenófis IV, que durou de 1323 a 1336 a.C., ligadas a um
deus específico. Havia uma divindade para a prática médica, para
a arte, para o mundo dos mortos etc. Havia, inclusive, uma
divindade associada ao Sol, o Deus Rá, ou Ré, como também era
designado. Amenófis IV passou então a promover uma reforma
religiosa que tinha por objetivo reduzir a ampla gama de deuses a
um só Deus principal. Um dos objetivos do faraó era cercear o
poder dos sacerdotes que estavam diretamente associados ao
culto politeísta.
Amenófis IV, então, mudou seu nome para Akhenaton e passou a
fixar o culto ao Deus Aton, a divindade representada pelo Sol,
que reunia em si todas as funções que os outros deuses
possuíam, inclusive a do deus Rá, como explicita o pesquisador
Eduardo S. Passos:
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“As especulações teológicas, que se iniciaram com


a unificação dos diversos deuses-Sol como
particularidades do deus Ré, atingem um novo
patamar durante o reinado de Amenófis IV, com a
sobreposição do deus Aton à Ré. Apesar de Ré
continuar sendo a parte visível do Sol, há uma
ruptura radical, pois Aton transforma-se no senhor
do Sol. Pela primeira vez na teologia egípcia, a
mais alta divindade é uma força invisível capaz de
iluminar toda a criação, inclusive as antigas
divindades. Para contemplar está nova ordenação,
o próprio rei muda seu nome para Akhenaton, o
espírito de Aton. Deste modo, o domínio de Deus e
do faraó já não são apenas o Nilo, mas todo o
mundo visível.” [1]
Vê-se que Aton era, de fato, o Deus do universo visível, e não
apenas daquilo que habitava a região dos vales do rio Nilo.
Houve, portanto, não apenas uma alteração teológica, mas
também uma transformação no seio da “religião política” egípcia,
haja vista que o faraó passou a ser considerado também o
principal mediador entre Aton e os demais viventes. O termo
“Akhenaton” significa “espírito de Deus”.
NOTAS
[1] PASSOS, Eduardo S. Eric Voegelin e as Religiões Políticas: o
substrato comum entre a religião e a política. SOL NASCENTE –
Revista do Centro de Investigação sobre Ética Aplicada [CISEA].
Província de Huambo, Angola. p. 4.
Publicado por Cláudio Fernandes

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