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21/03/23, 00:02 UNINTER

FILOSOFIA DA RELIGIÃO
AULA 2

Prof. Marcos Henrique de Araújo

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21/03/23, 00:02 UNINTER

CONVERSA INICIAL

ORGANIZAÇÃO DA AULA

Conceitualização

Tema 1 – Religião egípcia

Tema 2 – Religião sumeriana

Tema 3 – Religião cananeia


Tema 4 – Religião persa

Tema 5 – Religião greco-romana

Na Prática

Finalizando

Por religiões antigas devemos entender aquelas religiões que surgiram antes do Cristianismo,

tanto no Oriente Médio (Egito e Mesopotâmia) como também aquelas que tendo surgido no Oriente

são igualmente milenares. Essas religiões possuem um conjunto de crenças que influenciam a

conduta de seus adeptos, além de ritos e costumes que caracterizam o modo de vida desses povos.

TEMA 1 – RELIGIÃO EGÍPCIA

A religião egípcia associa suas divindades aos elementos da natureza, dentre eles os fenômenos

do céu e da terra. Dessa forma, os egípcios antigos divinizavam tanto a realidade cósmica como

também certos elementos pertencentes à criação. A religião egípcia antiga é complexa e muitas

vezes, em função dos muitos mitos e lendas que a compõe, é até mesmo contraditória.

O antropomorfismo e o zoomorfismo são características específicas dessa religião. Os deuses

egípcios eram também retratados antropopaticamente, pois a eles eram atribuídas afeições,

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pensamentos e sentimentos humanos além da capacidade de falar. Todavia, essas atribuições eram

maximizadas e consideradas superiores quando conferidas a eles.

Traunecker observa o seguinte:

A religião egípcia não se apoia nem sobre uma revelação divina nem sobre uma tradição profética;

não há, portanto, nem doutrina codificada nem texto canônico no sentido estrito do termo.
(Traunecker, 1995, p. 17)

Havia entre os deuses alguns que eram ligados ao bem, e outros ligados ao mal. Essa dualidade

era vista com certa naturalidade e a coexistência deles era vista como essencial, pois, como se dizia,

“o deserto não existe sem o vale fértil” (Dos Santos, 2003, p. 24).

Não houve, por parte dos antigos egípcios uma preocupação em “estabelecer um inventário de

seus deuses” (Traunecker, 1995, p. 18), alguns aparecem e desaparecem, outros mudam de nome a

até de função dentro do complexo panteão egípcio.

1.1 ELEMENTO MÍSTICO

Textos antigos dão conta de que houve uma divindade primitiva chamada Rá, o deus supremo.

Essa entidade divina é quem cria todas as coisas. Rá é o grande responsável pelo ciclo. Dele é que

surgem as divindades e a própria humanidade. Rá usa sua palavra, que é revelada por meio de Toth

(deus representado pela ave íbis, a ave da sabedoria). As ondas sonoras da voz de Rá têm poder

criador.

No princípio de tudo havia também as Neteru (energia da natureza), às vezes retratadas como

deuses, porém, mais comumente vistas como energias divinas. As Neteru procedem de Rá e são

manifestações de seu poder. A manutenção do ciclo é feita pelas Neteru.

Todos os deuses, tanto superiores como inferiores, são emanações de Rá. Alguns deuses são

estáticos e outros são dinâmicos. Os deuses locais coexistem em harmonia com os deuses superiores,

cuja devoção era mais ampla.

A partir do mito de Osíris, seu irmão Seth, que antes era visto como um guerreiro virtuoso, passa

a ser visto como “aquele que gera desordem e confusão” sendo associado aos elementos negativos

do ambiente e ao deserto” (Silverman, 2002, p. 56-57 citado por Dos Santos, 2003, p. 24).

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Seth, movido por inveja, matou Osíris e assumiu o trono do Egito. Ísis e Anúbis (representado na

figura de um chacal) se juntaram e ressuscitaram Osíris. Todavia, uma vez ressurreto, Osíris não pôde

retornar ao convívio dos humanos. Por essa razão, o faraó o representa no mundo dos humanos.

Ao ressuscitar Osíris por meio de ritos e palavras mágicas, Ísis, transformada em um falcão, cria o

sopro de vida e concebe de Osíris, dando a ele um sucessor. Osíris, impedido de reinar no mundo

dos humanos, desce ao Duat e se torna o Senhor da Eternidade.

Antes do mito de Osíris não havia uma noção de presença do mal. Tudo era visto como

intrinsecamente bom. A razão disso é que o bem e o mal eram vistos como harmonizados, formando

uma unidade procedente de Rá. O culto a Osíris teve início no período Gerzeano, por volta do ano

3000 a.C. Nesse período se finda um ciclo canibal para dar início a um ciclo agrícola. Além dos deuses

já mencionados, os antigos egípcios cultuavam também a Hórus, o filho de Osíris que vingou a morte

de seu pai.

Além do mito de Osíris, há outros, como “A Destruição da Humanidade”, as “Batalhas de Hórus e

Seth”. Na cidade de Heliópolis foi encontrada uma lista contendo o nome de nove deuses, incluindo

Rá, Shu, Tefnut, Geb, Nut, Osíris, Ísis, Seth e Néftis. Suas teorias culminaram com a produção do Texto

das Pirâmides na V e VI dinastia.

1.2 ELEMENTO ESTÉTICO

A religião egípcia manteve laços profundos com a sociedade e com a natureza. Esses dois

aspectos fazem da religião egípcia antiga uma religião arraigada à vida do ser humano em seu

próprio habitat e ethos.

O Egito era dividido em nomos – áreas distintas, com suas tradições e costumes específicos.

Cada nomos tinha suas divindades próprias e seus ritos de adoração. Algumas divindades eram

cultuadas em mais de um nomos, algumas até nacionalmente.

Osíris, o Imaculado, filho de Nut (a deusa do céu) e Geb (o deus terra), seus irmãos Seth (o deus

vermelho) e suas irmãs Ísis (consorte de Osíris) e Néftis (consorte de Seth) são deuses superiores, cuja

devoção era nacional. Esses deuses ensinaram os homens a arte do cultivo de toda sorte de grãos.

Eles também estabeleceram os principais ritos da religião egípcia e ordenaram as prescrições

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familiares. Em síntese, eles trouxeram ao mundo dos humanos o senso de ordem e harmonia, a

civilidade.

O culto a Ísis e Osíris possuía rituais bem elaborados, contendo lamentos, e contava com a

participação de sacerdotes de hierarquias variadas. No Egito antigo havia templos dedicados aos

deuses principais. Animais eram sacrificados nesses templos pelos sacerdotes. O animal sacrificado

representava o próprio deus a quem se oferecia o sacrifício. Alguns sacrifícios eram oferecidos ao
sacerdote. Havia sacrifícios para diversos motivos, políticos, para evitar secas prolongadas ou em

função de alguma calamidade.

O Jubileu de Sed era um ritual restrito e cheio de significados:

O ritual era realizado numa sala onde somente estariam presentes os sacerdotes de alto escalão. O

rei deitava-se sobre seu leito para morrer ritualmente e renascer como Osíris. Quanto aos rituais
fúnebres, envolvia o processo de mumificação e todo um aparato mágico-religioso, como

amuletos, estátuas, textos de instrução e uma morada para o falecido que garantissem a
preservação do seu corpo para a outra vida. Ambos os rituais tinham como característica a

associação a Osíris na busca pela eternidade, garantindo que todos os meios para essa busca

fossem cumpridos, tanto em vida como na morte. (Dos Santos, 2003, p. 32)

1.3 ELEMENTO ÉTICO

No plano ético, a religião egípcia prescreve que, no exercício de qualquer atividade humana,

esteja debaixo e em harmonia com as Neteru. Assim, cada indivíduo pertencente a essa religião deve

fazer o que lhe compete fazer como ato de subordinação às Neteru. Isso é o que agrada aos deuses.

A devoção ao príncipe era um elemento importantíssimo na religião egípcia. O faraó era visto

como um representante (sacerdote) de Osíris e deve ser obedecido como se fosse o próprio Osíris

entre eles. O faraó era adorado como uma divindade encarnada. Para os egípcios antigos, a

obediência aos preceitos divinos, o que inclui obediência ao príncipe, era de vital importância para a

manutenção da estabilidade e conservação do mundo.

Ma´at, a deusa da justiça, decide o destino dos mortos. Aquele coração que pesar mais que a

pena é por ela condenado a ser devorado pelo monstro que é parte hipopótamo, parte leão e parte

crocodilo. Somente podem sobreviver no Duat (morada dos mortos – algo semelhante ao Hades dos

gregos) aqueles cujo coração for mais leve que a pena.

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TEMA 2 – RELIGIÃO SUMERIANA

A religião sumeriana se distingue da religião egípcia por possuir deuses diferentes com

características bem distintas.

2.1 ELEMENTO MÍSTICO

Na teogonia da religião sumeriana estão presentes os deuses Apsu (deus das águas doces) e

Tiamat (deusa das águas salgadas e representante do caos e do perigo), irmã e consorte de Apsu.
Ambos com formas tiradas da junção de um dragão e serpente. Seus filhos Lahmu e Lahamu são

retratados como serpentes. Lahmu e Lahamu dão origem a Anshar (princípio masculino) e Kishar
(princípio feminino). Além desses deuses, havia também An (deus do céu). An originou Enki (deus da

sabedoria).

Os deuses, filhos de Apsu e Tiamat, que representavam os diversos aspectos do mundo físico,
constantemente promoviam festas e se envolviam em guerras entre si, o que provocou a ira de Apsu,

que queria dormir. Apsu intentou matar seus filhos. O Enki tomou conhecimento dos planos de Apsu
e se antecipou a ele, matando-o. Depois de matar Apsu, Enki e sua consorte Dankina fizeram morada

dentro do corpo de Apsu, que são as águas doces. Nesse ínterim, Dankina dá à luz Marduk, (deus do
sol e do trovão), filho de Enki.

Tiamat ficou enfurecida e planejou vingar-se de Enki. Para isso, ela deu origem a diversas bestas

que pudessem ajudá-la em seus planos. Tiamat mobilizou os Anunaki (deuses inferiores), espécie de
guardiões dos deuses, para dar auxílio a ela em sua vingança.

Enki, apoiado pelos Igigis, enfrentou a fúria de Tiamat. Enki formou um conselho para escolher

quem deles lutaria contra Tiamat, e todos escolheram Marduk. Marduk aceitou a missão com a
condição de, em caso de vitória, tornar-se o deus supremo. Marduk derrotou Tiamat e partiu o corpo

da deusa em duas partes, de uma formou a abóbada celeste e da outra a terra. Dos olhos de Tiamat
surgiram os rios Tigre e Eufrates.

Depois de sua vitória sobre Tiamat, Marduk assumiu a posição suprema entre os deuses. Marduk
construiu um palácio para os deuses e designa 300 Igigis como guardiões celestiais e 300 Anunnaks

para serem guardiões do submundo. O submundo é um lugar intransponível com sete muros.

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Os seres humanos foram criados para distração dos deuses. Marduk se propôs a criar os seres

humanos a partir de seu sangue, mas Enki se opôs e sugeriu que um Anunnaki, um dos deuses
vencidos, fosse sacrificado para essa finalidade. Kingu, consorte de Tiamat e general de seus

exércitos, foi escolhido para ser sacrificado. Nintu, Senhora do Nascimento misturou argila ao sangue
de Kingu e assim criou o homem com sua natureza dupla, possuindo corpo e alma.

Um escrito importante da religião sumeriana é a Epopeia de Gilgamés. Essa obra é considerada


por muitos como a obra literária mais antiga da história humana. Ela tem o poder de auxiliar-nos na

compreensão os costumes dos povos mesopotâmicos, bem como sua visão de mundo, além de
entender alguns aspectos da religião suméria, como também alguns aspectos de ordem política e
social. Desbravando os versos do poema, pode-se retirar uma análise da sociedade daquela época.

2.2 ELEMENTO ESTÉTICO

Todos os deuses mencionados anteriormente eram cultuados pelos sumérios, porém, Marduk
era o mais venerado. Caso os sacrifícios e cultos fossem negligenciados, os deuses davam permissão

aos demônios para que atormentassem os humanos de variadas formas. Animais e até mesmo
pessoas eram oferecidas em sacrifício aos deuses.

2.3 ELEMENTO ÉTICO

Embora não houvesse uma noção clara de vida além dessa vida, os deveres de culto aos deuses
eram uma garantia de boas colheitas, de paz e segurança. Uma boa vida dependia das oferendas e
sacrifícios oferecidos regularmente aos deuses.

Os sumérios usavam amuletos para invocar espíritos bons que supostamente os protegeriam
dos demônios. Um dos espíritos invocados com certa frequência era Pazuzu, que representa o vento

sul e é retratado como uma espécie híbrida composta de partes de vários animais.

TEMA 3 – RELIGIÃO CANANEIA

Os cananeus, moradores da região denominada posteriormente como Palestina, tinham uma

teogonia própria. Os ritos eram semelhantes ao da religião sumeriana e possuíam elementos rituais
fortemente ligados à natureza como a religião egípcia.

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3.1 ELEMENTO MÍSTICO

Segundo a teogonia cananeia, El (o deus supremo) era o único Deus, no sentido pleno do termo.
Porém, com o passar do tempo os cananeus incorporaram outros deuses. Com a chegada dos

amorreus, a identidade de El passou a ser confundida com Dagon, que posteriormente ficou
conhecido como o Deus dos filisteus, inimigos dos hebreus nos tempos bíblicos.

Dagon era visto como um deus tirano. Adad derrotou Dagon e assumiu o trono entre os deuses.
Adad reinava juntamente com sua irmã e consorte Anat. Adad desafiou Mot, o deus da morte, e foi

derrotado numa batalha no reino dos mortos. Anat se vingou de Mot matando-o e devolvendo a
vida a Adad. Na narrativa bíblica, o deus Adad é identificado como Baal (dono) e Anat como Astarte,
a consorte de Baal. Os cananeus interpretam que, nos períodos de seca, Baal está morto no mundo

dos mortos, e nos períodos de chuvas, Astarte o ressuscita dentre os mortos.

Havia dois mitos de Baal. O primeiro denominado Conflito com o Príncipe do Mar e Juiz do Rio,

em que Baal derrota o príncipe e assume para si o direito de reger o mar e os rios. O segundo mito,
Conflito com o Mot, narra a morte de Baal e sua ressurreição pela ajuda e Astarte, sua consorte

(Champlin; Bentes, 1995, p. 417).

3.2 ELEMENTO ESTÉTICO

Anat (Azera) era adorada por meio dos postes ídolos, também chamados de Astarotes. Numa
alusão à descida de Anat (Azera) ao submundo na intenção de trazer seu marido Adad (Baal) de volta

à vida, os cananeus realizavam rituais com sacerdotes e mulheres pagas (às vezes homens, os
prostitutos cultuais). Para isso, realizavam ritos de fertilidade em que havia a cópula como

representação do ressurgimento da vida e da volta das chuvas à terra, representado pela emissão do
sêmen do corpo do sacerdote para o ventre dessas mulheres.

Champlin e Bentes (1995) afirmam que no baalismo havia festividades que visavam “promover o

sentimento religioso do povo e honrar os deuses”. Nessas festividades, havia um impulso procriador
e apelos à licenciosidade. Havia nisto atos promíscuos tanto masculinos quanto femininos (Champlin;

Bentes, 1995, p. 416-417).

3.3 ELEMENTO ÉTICO

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Não havia entre eles uma crença na vida após a morte. O destino dos humanos estava nas mãos

dos deuses. Os sacrifícios eram oferecidos para garantir o ciclo das chuvas e assim possibilitar que
houvesse colheitas abundantes.

TEMA 4 – RELIGIÃO PERSA

O zoroastrismo é uma religião com ênfase dualista. Zoroastro, ou Zarathushtra, deve ter nascido
em cerca de 650 a.C., na Pérsia, atual Irã. Segundo uma tradição, ele era filho de um negociante de

camelos. Bem cedo em sua vida se interessou por religião. Aos 20 anos abandonou a sua casa. Aos
30 anos recebeu uma iluminação às margens do rio Daitya, onde lhe apareceu uma figura enorme

que se identificou com Vohu Manah, o “bom pensamento”. Essa figura o apresentou ao sábio e
senhor Ahura Mazda, que o instruiu a respeito da verdadeira religião.

Zoroastro, por dez anos, teve pouco sucesso em seu empreendimento de propagar os
ensinamentos da nova religião. Com a conversão do príncipe Vishtaspa, a nova religião se espalhou

rapidamente. Zoroastro morreu com 77 anos em uma guerra. Seus adeptos destruíram as artes
mágicas e estabeleceram o monoteísmo na Pérsia.

Depois da morte de Zoroastro, houve a introdução de figuras que representavam deuses

inferiores, demônios e gênios bons e maus.

4.1 ELEMENTO MÍSTICO

Há, segundo a revelação dada por Vohu Manah a Zaratustra, dois seres poderosíssimos que se

opõem desde a eternidade, sendo que por fim Ahura Mazda (O Bem Supremo) irá triunfar sobre o
outro ser, a saber, Angra Mainyu (Deus da Destruição).

Ahura Mazda também é conhecido como Ormuz-Mazda e, ainda, como era referido pelos

poetas gregos, Oromasdes. Angra Mayniu era conhecido também como Arimã. Ahura Mazda criou os
homens e deu a eles a felicidade. Angra Mayniu trouxe desgraça à humanidade ao introduzir o mal,

frustrando assim a felicidade humana (Bulfinch, 2006, p. 302).

4.2 ELEMENTO ESTÉTICO

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Os cultos geralmente eram realizados ao ar livre, já que não havia templos. Geralmente o ritual
era feito em frente a um altar em chamas. Acreditava-se que o fogo purifica as almas humanas. A

contemplação do fogo é um dos rituais mais importantes da religião persa. Os sacerdotes (magos)
conduziam o ritual sagrado.

4.3 ELEMENTO ÉTICO

Todos os seres humanos têm liberdade de escolher a quem deveriam servir, se a Ahura Mazda,

pela prática da justiça e do bem, ou a Angra Mainyu, praticando a injustiça e o mal. A prática da
justiça e do bem é a manifestação de obediência a Ahura Mazda.

Em um tempo futuro, Ahura Mazda virá à terra e vencerá Angra Mainyu, e então estabelecerá um
reino de justiça em que os ímpios (servos de Angra Mainyu) serão punidos, e os justos (servos de

Ahura Mazda) serão galardoados. Os servos de Ahura Mazda serão levados ao reino das infinitas
luzes, onde serão servidos por uma virgem cheirosa; já os servos de Angra Mainyu serão lançados
num mundo de trevas e conviverão com uma velha fedida.

TEMA 5 – RELIGIÃO GREGO-ROMANA

5.1 ELEMENTO MÍSTICO

Homero (Ilíada, 14.201-246) nos dá a saber que no princípio de tudo estava Oceano (o deus-rio),
o curso das águas e um deus ao mesmo tempo. Ele não estava sozinho, com ele estavam outros
deuses-rios. De posse de poderes inexauríveis, ele gerou todas as coisas. Sendo um deus-rio

incomum, continuou a fluir até a orla mais extrema da terra, indo e vindo sem nunca cessar esse
circuito em si mesmo.

Tétis associava-se a Oceano como Mãe e Originadora. Por muito tempo, o casal se recusou a
procriar-se. A respeito de Tétis pouco se disse e pouco se sabe, somente que foi a mãe das filhas de

Oceano (Teogonia de Hesíodo, 337).

Homero e Hesíodo não forma os únicos escritores gregos que se ocuparam com os mitos em
que se encontra algum traço da teogonia grega.

Outra história do começo das coisas foi transmitida nos escritos sagrados preservados pelos
discípulos e devotos do cantor Orfeu. Posteriormente, porém, só foi possível encontrá-la nas obras

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de um autor de comédias e em algumas referências feitas a elas por filósofos. De início, era mais

comumente contada entre caçadores e habitantes de florestas do que entre os povos da costa
marinha. (Kerényi, 2015, p. 30)

Segundo outra teogonia, no princípio era Nyx – a Noite (Orphei Hymmi 24) — à qual o próprio

Zeus dedicava temor sagrado e respeitoso (Ilíada 14.261). Nyx é retratada como um pássaro de asas
negras. Ela concebeu o Vento e botou seu Ovo de prata no colo do gigante Escuridão. Do Ovo

procedeu o impetuoso filho do Vento, um deus de asas de ouro. O filho do Vento chamava-se Eros, o
deus do amor. Esse Eros não deve ser confundido com um dos filhos de Zeus. Esse deus Eros é

denominado na mitologia como Protógono, o primeiro, primogênito de todos os deuses.

A história de Nyx e Eros é contada como anterior à de Oceano. Conta-se que acima da cabeça de
Ros havia o vazio, o vasto Céu, e abaixo dele o Repouso. Por obra de Eros o Céu e a Terra se casaram.

Dessa união surgiram Oceano e Tétis.

As duas teogonias referidas acima disputavam entre si o lugar de primeva e, portanto, mais

verdadeira. Porém, a teogonia mais conhecida é a de Hesíodo. Segundo esse poeta grego, primeiro

surgiu o Caos (Teogonia de Hesíodo, 116). Depois disso surgiu Gaia, a deusa de vastos seios firmes e
terna morada de todas as divindades. Até mesmo o belo deus Eros nela vivia. Do caos procederam

Érebo, a escuridão sem luz das profundezas; e Nyx, a noite. Do leito de Nyx e Érebo nasceram Éter, a

luz do céu; e Hêmera, o dia. Gaia também gerou de Érebo o céu estrelado Urano. Gaia deu origem às
grandes montanhas e seus imensos vales, lar das suas deusas favoritas, as Ninfas.

Gaia gerou ainda o Mar espumante, o Ponto. De Urano, ela concebeu e deu à luz aos Titãs, entre
os quais Hesíodo inclui Oceano e Tétis. De Urano e Gaia também vieram os três Ciclopes (Estéropes,

Bronteu e Argeu) e três gigantes com uma centena de braços e cinquenta cabeças (Coto, Briareu e

Gias).

Urano todas as noites descia ao leito de Gaia e com ela teve inúmeros filhos. Dentre eles,

Hesíodo denomina além de Oceano, também Ceos, Crio, Hyperíon, Jápeto e, como o mais moço,
Crono. Esses seis irmãos tinham seis irmãs: Teia, Reia, Têmis, Mnemósina, Febe, a engrinaldada de

ouro, e a doce Tétis.

Crono, o filho mais novo de Gaia, juntamente com sua mãe se vingou de Urano por seu ódio

gratuito para com os filhos dela. Crono decepou o falo de Urano e assim ele nunca mais voltou ao

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leito de Gaia e dela se afastou de uma vez por todas. Do sangue que verteu do falo de Urano
nasceram as temidas Erínias, gigantes e ninfas.

Kerényi sintetiza a parte seguinte da narrativa mítica de Hesíodo:

Do número total de doze Titãs e Titânidas, três irmãos tomaram três irmãs por esposas – ou, mais

corretamente, três irmãs tomaram três irmãos por maridos. Nesses casos Hesíodo sempre
menciona a divindade feminina primeiro. Teia deu a seu marido Hyperion, Hélio, o sol, Selene, a lua,

e Eos, a aurora. Febe deu a Ceos uma soberba raça de deuses, e as deusas Leto, Ártemis e Hécate, e
um deus masculino, Apolo. Reia foi consorte de Crono, a quem deu três filhas e três filhos: as

grandes deusas Hétia, Démeter e Hera, e os grandes deuses Hades, Posídon e Zeus.

Hesíodo continua narrando a saga de Crono, que tinha o hábito odioso de devorar seus filhos.
Ele reinava entre os deuses e temia ser deposto por algum rival à altura. Gaia já o havia avisado da

possibilidade de isso acontecer. Reia escondia de Crono seus filhos para que não fossem por ele

devorados. Enganado por Reia, Crono ingeriu uma grande pedra, julgando ser um de seus filhos

recém-nascidos. Zeus aproveitou-se da dor de seu pai e o feriu de modo que, subjugado, devolvesse
até mesmo os filhos que houvera devorado. Zeus conduziu seu pai aprisionado para extrema borda

da terra, na Ilha dos Bem-aventurados, onde ainda reina juntamente com sua consorte Reia.

Zeus assumiu o poder e juntamente com seus irmãos Posídon e Hades passou a governar sobre

o céu, o mar e o mundo inferior.

Sobre a origem da humanidade, embora muitos afirmassem que a humanidade é eterna como

os deuses, segundo Hesíodo, esta remonta aos filhos de Jápeto, um dos titãs, filhos de Urano. Seus
nomes eram Prometeu e Epimeteu. De Clímene, consorte de Jápeto lhe deu Atlas, Menécio, Prometeu

e Epimeteu. Os filhos de Jápeto eram adversários de Zeus.

Os filhos de Jápeto receberam a incumbência, dada pelos deuses, de criar o homem e os

animais. Epimeteu se prontificou a realizar o trabalho e Prometeu de examiná-lo depois de pronto.

Assim, Epimeteu concedeu aos animais variadas habilidade e dons, tais como coragem, força,

velocidade, sagacidade, asas, couro resistente, garras, dentes fortes e assim por diante. Quando
chegou a vez de criar o homem os recursos disponíveis eram escassos. Daí ao homem Epimeteu

quase nada pôde dar.

Prometeu ficou perplexo com o erro cometido por seu irmão e, com a ajuda de Minerva, subiu

ao céu e acendeu sua tocha no carro do sol, trazendo fogo para o homem. Com essa dádiva de

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Prometeu, o homem assumiu sua posição de superioridade em relação aos animais. Por essa ousadia,

Zeus condenou Epimeteu e Prometeu com duras penas. O homem também foi punido por Zeus por
haver aceitado a dádiva do fogo (Bulfinche, 2006, p. 24).

A religião grega era politeísta, havendo deuses superiores e deuses inferiores. Zeus era o
supremo entre os deuses com os quais os adoradores tinham algum tipo de relacionamento. Theos,

o Deus primevo, era inacessível e não interferia na vida dos humanos. Os gregos tinham a crença de

que fenômenos bons e ruins estavam ligados ao agir dos deuses, assim, uma enfermidade era
resultado da ira de Apolo, tempestades eram ordenadas por Zeus e desastres no mar era a

manifestação da ira de Posídon.

5.2 ELEMENTO ÉTICO

A religião grega adota como crença a reencarnação como bem atesta o mito de Er (A República,

10.614–10.621):

Mas aqui está o resumo, segundo Er. Por determinado número de injustiças que tinha cometido em

detrimento de uma pessoa e por determinado número de pessoas em detrimento das quais tinha
cometido a injustiça, cada alma recebia, para cada falta, dez vezes a sua punição e cada punição

durava cem anos, ou seja, a duração da vida humana, a fim de que a expiação fosse o décuplo do

crime. Por exemplo, os que tinham causado a morte de muitas pessoas, seja traindo cidades ou
exércitos, seja reduzindo homens à escravidão, seja se prestando a cometer qualquer outro tipo de

maldade, eram atormentados dez vezes mais por cada um desses crimes. Os que, em vez disso,
tinham praticado o bem à sua volta, tinham sido justos e piedosos, recebiam, na mesma proporção,

a recompensa merecida. [...] Três outras mulheres, sentadas ao redor a intervalos iguais, cada uma

num trono, as filhas da Necessidade, ou seja, as Moiras, vestidas de branco, com a cabeça coroada
de grinaldas. Elas cantam acompanhando a harmonia das Sereias, e são três: Láquesis canta o

passado, Cloto, o presente, e Atropo, o futuro. E Cloto toca de vez em quando com a mão direita
no círculo exterior do fuso, para fazê-lo girar, enquanto Atropo, com a mão esquerda, faz girar os

círculos interiores. Quanto a Láquesis, toca alternadamente no primeiro e nos outros, com uma e

outra mão. Assim, quando chegaram, tiveram de se apresentar imediatamente a Láquesis.

Embora os filósofos Sócrates e Aristóteles discordem, a religião grega é fortemente fatalista. O

destino dos homens está nas mãos dos deuses, das Parcas e das Moiras.

A asserção aristotélica de que o agente moral é responsável por seus atos voluntários e

consequentemente pela formação de seu caráter, por meio das disposições morais que o agente
moral desenvolve, reforça o ensino platônico. Platão na República (X. 616b~617e) na narrativa do

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Mito de Er; ao referir-se às Parcas e seu modo de agir conferindo às almas o destino que lhes cabe;

afirma que elas não conferem às almas as disposições de caráter “por ser forçoso que este mude,
conforme a vida que escolhem”. Ao dizer assim Platão conclui que “a virtude não tem senhor; cada

um a terá em maior ou menor grau, conforme a honrar ou desonrar. A responsabilidade é de quem


escolhe. O deus é isento de culpa”.

A respeito das origens da religião romana, Champlin e Bentes (1995, p. 649‑650) nos dizem que

incialmente houve em Roma uma religião indigenista.

Os moradores de Roma e seus arredores, de acordo com o Fasti de Ovídio, praticavam uma

religião animista que reconhecia a divindade em presenças espirituais e não em deuses

antropomórficos. Esses espíritos habitavam os rios, os bosques e as fontes das águas. Eles podiam

ajudar ou prejudicar e eram reverenciados pelos que com eles tinham algum contato.

Netuno era o espírito das águas; Portuno, o espírito dos portos; Jano o espírito das portas; Vesta
o espírito da lareira e os penates eram os guardiães do alimento guardado.

Os romanos, por não serem muito criativos, aos poucos foram assimilando o panteão grego.

Júpiter (Zeus) incialmente associado aos juramentos, tornou-se o deus da justiça interna. Marte

(Ares), outrora deus da agricultura, tornou-se o deus da guerra. Assim o antigo culto, animista por

natureza e familiar em suas feições, passou a ser controlado pelo Estado.

Desde seus primórdios a península itálica manteve constante intercâmbio cultural com Atenas.

Esse intercâmbio afetou grandemente e prática religiosa dos romanos:

Essa invasão da cultura grega incluiu não somente aspectos como a arte e a literatura, mas fez-se

sentir até mesmo no campo religioso, quando a religião romana tomou uma direção nitidamente
antropomórfica, segundo o gosto dos gregos. Em suas características, fundiram se as divindades

romanas e gregas: Júpiter e Zeus; Juno e Hera; Netuno e Poseidon; Marte e Ares; Minerva e Atena;
Mercúrio e Hermes; Diana e Arternis, etc. Nos escritos de Enio (238-169 A.C.) e de Plauto (251-184

A.C.), dois dos mais antigos autores romanos, cujas obras chegaram até nós, esse processo 'de

identificação já aparece quase completo. A despeito dessa identificação de nomes, no panteão


romano, foram mantidos os cultos italianos, provenientes da primitiva antiguidade, e continuaram a

ser servidos pelo sacerdócio aristocrático. Tudo consistia em um sincretismo de ideias religiosas
mais antigas e mais recentes, em uma confusão tal que, segundo muitos comentadores, esse

sincretismo contribuiu pesadamente para o profundo ceticismo que prevalecia na sociedade

romana.

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A partir de Júlio César os imperadores passaram a receber títulos de Augustus – divino. Ficou

assim instituída na religião romana a adoração ao Divus Julius. Foi Constantino quem pôs fim a essa

prática (Champlin; Bentes, 1995, p. 62).

NA PRÁTICA

Há na investigação das religiões antigas uma ampliação de nossa visão de mundo e uma
compreensão mais plena a respeito das origens de muitas práticas desses povos antigos.

Embora poucas dessas religiões ainda persistam hoje, há traços de suas crenças e práticas
noutras religiões, o que explica a necessidade humana de buscar fora de si o sentido para sua

existência.

As crenças e práticas dessas religiões foram vistas como antagônicas às crenças e práticas

judaico-cristãs. Conhecer os fundamentos dessas religiões antigas nos auxilia na compreensão de

religião judaica e cristã.

FINALIZANDO

A presença dos elementos míticos nessas religiões é de fundamental importância. São os mitos
que conferem a essas religiões a base para suas crenças e práticas. Há um elemento de mistério em

cada uma delas.

Tanto na religião egípcia como nas religiões mesopotâmicas, o fator sacrificial, bem como a

estrutura sacerdotal, fica evidenciado. Se aceitarmos a crítica de Crítias podemos perceber que a

existência dos ritos e da classe sacerdotal bem pode ser uma manifestação de elitismo onde os
sacerdotes (no caso da egípcia os faraós) constituem uma casta superior e dotada de poderes

mágicos. Há nisso uma inserção de aristocracia no âmbito social e político.

Ritos e práticas piedosas davam aos adeptos dessas religiões uma consciência de dever

cumprido diante dos deuses e a segurança de serem bem-sucedidos nas atividades ordinárias da

vida.

Sacrifícios e obediência servil são exigências comuns nas religiões antigas estudadas até o

momento. Assim, o ser humano é servo e os deuses são os senhores de seus corpos, alma e destino

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final.

A servidão humana aos deuses pode ser vista como uma forma de poder exercida pelos
sacerdotes. Os ritos de fertilidade da religião cananeia são exemplos de degradação humana.

BIBLIOGRAFIA

BULFINCH, T. O livro de ouro da mitologia – história de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro,

2006.

CHAMPLIN, R. N.; BENTES, J. M. Enciclopédia da Bíblia, teologia e filosofia. São Paulo: Candeia,

1995.

DOS SANTOS, P. V. Religião e sociedade no Egito Antigo: uma leitura do mito de Ísis e Osíris na

obra de Plutarco (I d.C.). Dissertação não publicada. UNESP, 2003.

KERÉNYI, K. A mitologia dos gregos: a história dos deuses e dos homens. Petrópolis: Vozes, 2015.

TRAUNECKER, C. Os deuses do Egito. Brasília: UNB, 1995.

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