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MITOLOGIA EGÍPCIA

A ORIGEM

O Mito da criação
 Lucas Ferreira20/01/2020
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Como visto na cosmogonia egípcia, existiram diferentes mitos de criação ao longo da história egípcia.
Esses mitos não podem ser encarados como formas contraditórias.
O que ocorre é que nas principais cidades havia grupos de sacerdotes que tentavam fazer com que seus
deuses e mitos prevalecessem em todo o território. Por isso, ao longo da história, alguns deuses vão se
destacando mais e em vários casos vão se fundido com divindades populares de outros períodos, como o
exemplo de Ré (Ra), deus do sol.

Alguns mitos de criação foram muito populares entre a civilização egípcia. O primeiro vem da
cidade de Heliópolis e inicialmente constituía um mito com nove deuses. Os egípcios diziam que no início
do mundo nada existia além de um enorme oceano chamado Nun. Desse oceano surgiu Atum (a forma
como ele surgiu varia de um mito para outro), que imediatamente fez Shu, deusa do ar, e Tefnut, o deus da
umidade. Eles, por sua vez, fizeram Geb, deus da terra, e Nut, a deusa do céu. Geb e Nut eram os pais de
Osíris, Set, Ísis e Néftis
A Eneáde de Heliópolis foi um dos três mitos que surgiram durante o Império Antigo na tentativa de
explicar o surgimento do mundo. Foi desenvolvida pelos sacerdotes de Ré. A fonte mais completa que
existe sobre a Eneáde vem dos textos das pirâmides. Atum foi associado a Ré e essa fusão era explicada
pelos sacerdotes como um adicional de poder a Atum. Os principais mitos envolvem a Enéade de
Heliópolis e sem dúvida ela foi a mais popular em todo o antigo Egito
Uma enéade era na mitologia egípcia um agrupamento de nove divindades, geralmente ligadas entre
si por laços familiares.[1][2][3] A palavra enéade é de origem grega;[4] em egípcio usa-se a
palavra Pesedjete.
Conhecem-se várias enéades, sendo a mais importante a da cidade de Heliópolis,[3] cidade do Baixo
Egito.
De acordo com o mito elaborado pelos sacerdotes da cidade, no princípio existia apenas as águas
de Nun, das quais emergiu a colina primordial. Nesta colina encontrava-se um deus que se tinha
gerado a si próprio, Atum. Através do sémen produzido pelo acto de masturbação do deus, nasceram
outras divindades, Chu (o ar) e Téfnis (a umidade). Esta casal procriara e dele surgem Geb (a terra)
e Nut (o céu). Estes últimos geram quatro filhos: Osíris, Ísis, Seti e Néftis. Completando, assim, os
nove principais deuses da mitologia egípcia.

Embora pareça estranho, nem todas as enéades egípcias eram constituídas por nove deuses.[1][2]
[3] Por exemplo, a Enéade de Abidos era composta por sete deuses e a de Tebas por quinze. A razão
para tal encontra-se na perda do sentido etimológico inicial de enéade como um grupo de nove
deuses; o conceito passou a ser um mero agrupamento de divindades.[1][2]
Existiu igualmente uma "Pequena Enéade de Heliópolis" composta pelos
deuses Tote, Anúbis, Maat e Quenúbis

No principio nada existia alem de Nu, uma alusão ao sagrado Nilo, em torno de Nu
reinavam o silêncio, as trevas e o caos. Nu foi criado em primeiro lugar pelo demiurgo, isto é, o
criador do mundo inferior, o Hibridismo. “tu criastes o nu”. (Papiro de Hunefer, museu britânico);
“Tem que saiu do abismo”, ”Atum que existiu só no Nu” ou ainda “Eu sou o único que criou o Nu”.
(Livro dos mortos), este Nu ainda se encontrava em repouso. Ele e o próprio universo se
confundiam, já que ele não passava de um grande espelho liquefeito de água imparcial, que refletia
o nada. Nunca fora construído templos para Nu, 61 Discrição hipotética da criação do mundo
entretanto, encontra-se em diversos santuários um lago sagrado que simboliza a “nãoexistência”.
Um dia Nu desperta de seu sono profundo e começa a se mover, das profundezas do mar revolto
surge uma ilha, que seria o próprio Egito. Agora existe duas trevas ao invés de uma, no centro desta
pequena ilha brota uma flor de lótus, aquela pequena flor, frágil e solitária faz surgir no universo
seu primeiro momento de beleza, do centro da flor lentamente começa a emanar finíssimos raio de
luz, as pétalas do lótus se abre lentamente, dele finalmente nasce uma nova divindade: Tem, Tum ou
Atum, o principio do Deus sol. O lótus era um símbolo de esperança, salvação e renascimento.
Assim, a oferenda da flor de lótus era considerada um ato sagrado e, por isso, aparece
freqüentemente na arte, (sechen, em egípcio) simbolizava o brasão do alto Egito. A tendência
característica dessas flores, de crescer para fora da água, abrir as pétalas pela manha e fechá-las a
noite, pode ter inspirado este mito. O lótus em si foi mais tarde identificado com o Deus Nefertum
(cultuado em Mênfis), uma das mais belas representações pode ser admirada no museu do Cairo,
que mostra uma flor de lótus de madeira pintada com a cabeça do Deus sol quando criança
irrompendo no meio das pétalas. Este objeto foi encontrado no vale dos reis, tratava-se de uma
identificação iconográfica de Tutankhamon com Atum. O primeiro ato do criador, que culminou
com a criação, extraído dele próprio o verbo Rá, dando nascimento ao sol.

“Sou a alma divina de Ra que vem do Deus Nu, a divina alma que é Deus[...] Eu dou forma a mim
mesmo com o Nu. Eu sou luz[...] Eu chego grande alma, minha alma e meu corpo são os ureaus;
meu futuro é a eternidade[...] Eu sou a alma criadora do abismo celeste, autor de sua morada na
divina região inferior”.( Livro dos mortos, Cap.: LXXXV)
Riscando o horizonte negro faz tudo se tornar claro, a luz é separada finalmente das trevas. Assim
que Ra vislumbra a beleza do mundo diante de seus olhos, deixa uma gota de lagrima cristalina cair
de seus olhos brilhantes, indo penetrar a terra dura e seca, 113 dessa gota divina, um dia, surgirá a
humanidade. Diz um texto: “Tudo o que existe saiu de seus olhos e de sua boca”

“Eu criei todas as formas com o que saiu da minha boca, quando não havia nem céu, nem terra”.
(Texto do papiro de Nesiansu). “Eu sou Atum, que criou o céu, que modelou os seres saídos da
terra, que fez aparecer o grão semeado, senhor de tudo o que existe, que gera os deuses. O grande
(único) Deus que criou a si mesmo, senhor d

A associação de Atum vem antes da época do livro das pirâmides. “Ra” é uma simples palavra para
designar o Deus sol, indicando sua presença física no céu; Khepri é a imagem do sol movido por
um escaravelho, representava o Deus sol de manha ou daquele que desaparece no horizonte e se
prepara para atravessar a noite para renascer. O hábito de empurrar bolas de esterco, próprio do
escaravelho, foi comparado com o movimento de Khepri ao girar o disco solar pelo céu. O seu
nome significa “transformar-se”, “suceder”, “nascer”; Heracti é o falcão pairando bem alto no
horizonte, longe e distante como o próprio sol. Os nomes se combinam: por exemplo Atum-Ra ou
Heracti-Ra, cada nome é uma tentativa de capturar um aspecto do deus sol criador. Na fonte a
seguir, é interessante perceber que no mito não existe uma preocupação com o real e nem com o
tempo, Nu continuava assombrando os egípcios, pois estes acreditavam que ele poderia romper os
céus e inundar a terra.

“Os deuses e as deusas provem de Nu” e Ra dirigindo-se a Nu fala: “Tu o mais velho dos deuses, do
qual sou oriundo”. Nu lhe responde: “Meu filho, Ra, maior que seu pai e mais velho do que aquele
que te criou”. (Papiro de Qenna). “Túmulos serão as cidades e cidades se converterão em tumulos,
onde manção destruirá manção”.(Livro dos mortos, formula mágica 1130).

Ra fecha seus olhos e se dedica a criar outras divindades, ele cria Tefnut, a deusa do vazio e Chu, o
deus do ar, eles irão morar no firmamento. Pode-se perceber na passagem do livro das pirâmides
que o deus Atum se masturbou em Heliópolis:

“Tomando seu falo em seu punho e ejaculando para gerar os gêmeos Chu e Tefnut”. (Texto das
pirâmides, declaração 527). “E Tem disse: - Eis minha filha Tefnut, a chama vivente, que dividirá o
leito com seu irmão Chu. A ele eu chamei vida, ela se chama ordem. Vida e ordem repousam
juntos”. (Texto dos sarcófagos).

Chu é representado por uma pluma que tinha a leveza do ar, ele é o sopro de Ra. Tefnut, por sua
vez, significava o principio de Nut, é o pai da abobada celeste, ele representa o vazio que o ar se
propaga

Do mito da criação arquitetado pelos sacerdotes de Heliópolis podemos observar um inteligente


vinculo entre as deidades cósmicas junto com os deuses e as deusas que figuram na estória da
transmissão da realeza. Ra deixou para o mundo uma nobre descendência. Dentre elas estavam Geb,
a terra, e Nut, o céu, contudo Ra estabeleceu que a união deles dois jamais poderia ocorrer,
proibindo assim nova geração divina desses deuses. Geb “Filho de Deus e pai dos Homens”, era a
personificação da vida concreta, a primeira manifestação de ordem puramente material. Nut é a
abobada celeste e também aparece no panteão egípcio como a deusa criadora do universo físico e
como a reguladora do movimento dos astros. Foi adorada por todo o Egito, embora não tenha sido
encontrado qualquer templo dedicado a ela.
A atitude de proibir a copulação entre Geb e Nut se deu por conta do medo do sol de perder o poder
absoluto que possuía. Entretanto no inicio dos tempos os dois filhos de Ra se uniram, o poderoso
Deus fica sabendo e manda separá-los. Eles permaneciam 115 rigorosamente próximos, a terra vivia
deitada sob o leito do mundo, enquanto o céu se situava encurvada acima dele, apoiada somente na
ponta dos dedos das mãos e dos pés. Atum designa Chu, o ar, para impedir a união dos dois
amantes, ele suspende com seus braços o corpo de Nut, tirando-a do alcance de Geb. O céu em
lamento, afastada de seu amante, provoca lagrimas que acarretou em uma verdadeira inundação
sobre o corpo de Geb. Ra tinha sido claro, durante o ano inteiro eles seriam vigiados, essas palavras
fizeram Nut perceber que não sabia exatamente o significado da palavra ano. Resolve então visitar o
Deus mais sábio de todos. Pede a seu pai Ra que a deixe visitar Thot, que a permite. Chegando lá,
ela se depara com o Deus escrevendo em um pergaminho, este estava terminando o calendário, era
de fato uma inédita maneira de se medir o tempo, poder-se-ia contabilizar o tempo não mais pela
mera alternância do dia e da noite. Thot era o deus da escrita, das bibliotecas, da língua e senhor das
palavras divinas. Representava a matemática, a agrimensura, a astronomia e as ciências em geral,
alem disso, era advogado e deus das leis. Outra característica era ser uma divindade lunar, Como a
lua era uma das bases do calendário egípcio, Thot era o “contador dos anos” e o “senhor do tempo”,
pois a ele se atribuía a sua medição. Pelo fato de a lua substituir o sol durante a noite, na época
baixa o deus Thot era chamado “Atom de prata”. O calendário religioso dividia o ano em três
períodos de quatro meses e, estes, em três décadas, cada uma presidida por uma constelação
diferente, em um total de 360 dias. Nut sabendo disso desafia Thot para um jogo, aquele que ganhar
poderia fazer um pedido ao outro. Thot aceita o desafio. Nut logo arruma um jeito de passar a perna
em Thot, mesmo ele sendo o inventor do jogo e das regras, ela não ficava atrás. Ganhando o jogo,
faz o pedido para que fossem acrescidos cinco dias ao calendário, Thot mesmo sem entender aceita.
Na realidade esses dias foram introduzidos no calendário para se aproximar da duração real do ano,
marcadas pelas cheias do Nilo, acrescentavam cindo dias no fim do quarto mês, denominados
epagômenos (“acrescentados”).

Quando chega o 361º dia, Chu o deus do ar, foi obrigado a se afastar, já que sua missão se limitava
aos 360 dias que compunham o ano. Os próximos cinco dias não faziam parte de ano algum. O que
acarretou nesses cinco dias de amor foram quatro filhos: dois homens e duas mulheres. Osíris, o
primogênito, dizem que no instante que ele nasceu uma grande voz ecoou no templo de Thot, em
Tebas, profetizando o seu futuro glorioso; a bela Isis; Seth que seria a desgraça de Osíris e a pouca
expressiva Néftis. Osíris e Isis simbolizam a força vivificante, o crescimento. Seth e Néftis a força
coagulante, endurecedora, que permite à matéria permanecer estável e imutável, e é necessária a
toda formação material, é a força involutiva. A primeira geração de Ra eram Chu e Tefnut, esses
dois deuses geraram a segunda, Geb e Nut, que também são considerados filhos de Ra, a terceira
geração simbolizava o mundo dos vivos e sua ordem social. O tema da criação é representado
freqüentemente nos papiros funerários, pois julgava-se que, no além, os mortos convertiam-se em
estrelas e iriam para um lugar com um Nilo no céu e receberiam vida nova a cada manha com o sol.
Podemos explicar agora os diferentes termos de religião, são eles: o Henoteismo, Politeismo,
Monoteismo e kathenoteísmo. Esses termos nos darão uma boa base para podermos entender que a
religião no Egito é um pouco mais complexa vamos em primeiro lugar definir o termo religião:

Agora com o termo explicado, vamos conhecer os termos (Monoteísmo e Politeísmo) o primeiro é a
crença única e exclusiva em um Deus, negando todos os outros deuses. O segundo é a Crença em
vários deuses, todos tendo o mesmo nível de adoração. Então em qual deles o Egito se encaixaria?
Isso é uma pergunta muito complicada de se responder quando usamos só esses dois termos para
representar a religião da humanidade. De acordo com o Dr. Ramses, “Os antigos egípcios
acreditavam em um único Deus sem nome, gênero ou forma. A este poder supremo que criou o céu,
a terra, os mares, os homens, as mulheres, os animais, os pássaros, e tudo mais que existe e existirá,
deram o nome de Emen-Ra (a luz oculta). Os egípcios sofreram um problema de tradução das
palavras nTr e nTrt Deus e Deusa respectivamente, que na verdade deveriam significar Lei natural
masculina e Lei natural feminina.”62 Um famoso egiptólogo, que conheceu D. Pedro II, descreve os
principais monumentos exibidos no Museu Egípcio de Bûlâk no Cairo desta forma “No topo do
panteão egípcio repousa um Deus que é único, imortal, incriado, invisível e oculto nas profundezas
inacessíveis de sua essência. Ele é o criador dos céus e da terra; ele fez tudo que existe e nada foi
feito sem ele; tal é o Deus que é reservado para o iniciado do santuário.”63 Entretanto, muitos
Historiadores ainda afirmam que o Egito é Politeísta pois acreditam em mais de um deus único,
então em qual desses acreditar? Que tal não acreditar em nenhum dos dois? Isso porque para acabar
com problemas desse tipo foi criado novos conceitos de religião um dos mais difundidos hoje em
dia é a monolatria. Ela consiste na concentração de um fiel ou de uma tendência religiosa num
único deus, sem

negar que existam outros, um exemplo interessante é que no início da história do povo Hebreu, a
partir da análise da própria narrativa bíblica, era comum a prática da Monolatria, em que
determinados personagens, embora admitindo a existência de outros deuses, eram devotos de Javé,
seja por temor ou fidelidade, seja por outro motivo qualquer. Um outro conceito não muito
conhecido, porem o mais aceito pelos egiptologos atuais é o de Henoteísmo, criado pelo
ocidentalista e estudioso Max Muller. Durante grande parte do século XIX, a tese dominante seria a
de um monoteísmo mais ou menos afirmado ou secreto, essa era a tese henoteista, cada fiel escolhia
um deus que se tornaria o Único. Ao analizar-se textos, hinos e iconografia, foi possivel perceber
que os deuses se manifestavam na forma da assimilação divina, isto é, o deus Amon, durante o
culto, absorvia como parte de sua natureza atributos e elementos, apriori, exclusivo de outras
divindades; O panteismo é a idéia de que deus é tudo e tudo é deus. Se assemelha ao politeísmo, só
que vai além. Ensina que tudo é deus, como uma arvore um animal, o céu, o sol, até mesmo as
pessoas; Por ultimo o termo kathenoteísmo, que é “a concentração do interesse num deus de cada
vez, também sem negar o politeismo.”64durante o culto do deus, ele é unico para o adorado e
assume o papel de divindade primordial. Esses ultimos conceitos não devem ser comparados com o
monoteismo, que presupões a crença em um unico deus. Conclui-se que a religião egipcia é algo
realmente complicada de entender, contudo a religião trouxe mitos muito interessantes, como o da
criação, um mito que consegue explicar o surgimento da terra, do ar, do céu, e acaba chegando a
humanidade com o deus Horus, o principio da vida. Alem de criar o mundo subterraneo e colocar
nele um “Governador”, Osiris. Alem de mostrar a complexidade de seus mitos.

O monoteísmo foi inventado no Antigo Egito, por Amenófis IV, o mais esquisitão dos faraós. Antes
dele, o panteão era povoado por inúmeras divindades, dentre elas Rá, Isis e Osiris, até hoje muito
lembradas. Pelas mãos de Amenófis IV, todas essas divindades foram preteridas pelo impopular
deus Áton, que só fazia sucesso junto à nobreza.
:: As Forças Armadas e o estado da arte da covardia ::
Em honra à Áton, o faraó mudou o próprio nome para Aquenáton. Casou-se com duas de suas
próprias filhas e promoveu uma das maiores confusões teológicas da história. Para impor Áton,
patrocinou perseguições, assassinatos e repressão religiosa em larga escala, em todo Vale do Nilo.

A similaridade com a atualidade não é mera coincidência.

O monoteísmo de Aquenáton durou 17 anos, tempo do seu reinado. Após a morte do faraó, o
sucessor Tutancâmon restabeleceu o politeísmo. Os múltiplos deuses voltaram, mas a ideologia que
nasceu com o monoteísmo permaneceu e fez sua própria trajetória de caça às bruxas.
:: BNDES injeta recorde de dinheiro em empresas ligadas ao desmatamento ::
O patriarcado predatório
Ainda hoje se observa violência, discriminação, homofobia, perseguições, proibições e assassinatos
cometidos em nome de um Deus criado à imagem e semelhança dos homens. A lista de
perversidades é longa, com destaque histórico para a violência contra mulheres. Se algo no
monoteísmo pós Idade Antiga sobreviveu aos séculos, foi o machismo e a misoginia.

O monoteísmo é fruto do patriarcado, onde Deus é homem. A natureza se separa da cultura e o


divino se torna fruto do binômio espírito/razão.

Em épocas anteriores à experiência egípcia, o culto era à Deusa. Imagens encontradas pela
arqueologia retratam profunda simbiose entre humano e natureza. Estudos de J. Campbell
relacionam a fé na Deusa como entidade transcendente, adorada sob vários nomes, mas sempre no
feminino e com o poder de atuar sobre a vida e a morte.

Com o avanço do patriarcado sobre a fé, as estruturas de controle social se apropriaram com
maestria dos jogos do poder divino, fundado no mais brutal dos afetos: o medo. Um medo
continuamente produzido, incansavelmente mobilizado, cotidianamente renovado.

As religiões monoteístas modernas tiveram papel fundamental no processo de desconexão entre o


ser humano e o mundo natural. Instituíram um antropocentrismo dogmático e comercializam a
suprema mercadoria: a ideologia de que somos “privilegiados”, “filhos de Deus”, “imagem e
semelhança”, “superiores à natureza”

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