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9º Ano do Ensino Fundamental II • Volume 02

PARTE 05

5. PERÍODO ENTRE GUERRAS E A CRISE DE 1929

5.1 Situando no tempo e no espaço


Logo após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) a Europa viveu um
período de violenta crise econômica. Nos anos 20, a economia se recuperou,
mas por pouco tempo. Em 1929 começou a crise que mergulhou o mundo
capitalista na Grande Depressão dos anos 30.
Os comunistas culpavam a burguesia pela crise. Recordavam que Karl
Marx já tinha apontado as fragilidades do sistema capitalista e lembravam
que o único país que escapou da crise foi a URSS de orientação comunista.
Os grandes empresários ficaram com medo que uma revolução socia-
lista poderia acontecer a qualquer momento. De que forma então essa re-
volução poderia ser evitada? A única saída era acabar com o regime político democrático. Queriam
uma ditadura que botasse os comunistas na cadeia, proibisse as greves e restaurasse a segurança
dos investidores. Foi justamente nesse contexto que surgiram os Estados Totalitários, uma nova
forma de exercício de poder característico do período entre guerras.

5.2 O Período entre guerras (1918-1939)


Como vimos anteriormente, o período que vai do
final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, ao início da
Segunda Guerra Mundial, em 1939, é chamado de en-
tre guerras e caracteriza-se pelas grandiosas dificulda-
des enfrentadas por países de todo o mundo, com des-
taque para aqueles que foram derrotados na Primeira
Grande Guerra.
A maioria dos países envolvidos na Grande Guerra
teve prejuízos materiais e humanos, e o quadro geral
era de desânimo e frustração. Aqueles que sobrevive- Cemitério inglês em território de soldados mortos
ram tinham diante de si governos fragilizados, campos na Batalha do Somme que ocorreu na Primeira
e cidades destruídos, um grande número de mortos e Guerra Mundial, entre 01 de julho e 21 de novem-
um contingente ainda maior de feridos e inválidos, além bro, 1916. Mais de 600.000 aliados e 465.000 sol-
de péssimas condições sociais e intensa exploração dos dados alemães perderam vida na batalha.
trabalhadores. Esses fatores levaram a Europa a um qua-
dro de instabilidade social e política.
Ao final da Grande Guerra, vários países europeus mantiveram ou adotaram formas liberais de
governo constitucional. Pressões populares e atuações políticas fizeram com que, em diversos des-
ses Estados, os direitos de participação política dos indivíduos fossem ampliados.
No decorrer do período, esse movimento liberalizante se enfraqueceu em consequência à crise
econômica, às agitações de grupos políticos de direita e às ameaças de revoluções socialistas e
tentativas de golpes de Estado.
Segundo o historiador Eric Hobsbawm, em 1920 havia, no mundo, cerca de sessenta e cinco países
independentes que compartilhavam instituições básicas do regime liberal constitucional. Em 1938, ano
que antecedeu o início da Segunda Grande Guerra, apenas dezessete deles sobreviviam com essas
formas de governo, caracterizando o recuo do liberalismo e o avanço do autoritarismo no mundo.
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Durante o período em questão, no único Estado comunista, a URSS, as relações democrática,


os direitos dos cidadãos e o respeito às diferenças eram sistematicamente abolidos sob o comando
do Partido Comunista, que impunha uma única diretriz de pensamento e ação.
Estudando esse período poderemos observar de que forma a humanidade caminhou para a
mais completa negação de valores como democracia, liberdade, direito à vida, igualdade e paz.

5.3 EUA: O "American way of life"


A Europa foi à região mais afetada pela Grande Guerra.
Já os Estados Unidos saiu do conflito enriquecido e
prestigiado. Prestigiados porque sua participação foi decisi-
va para o resultado da guerra. Enriquecidos porque fornece-
ram armas, alimentos a vários países europeus.
Os capitais acumulados durante a guerra e as leis que
aumentavam os impostos sobre os produtos estrangeiros fa-
voreceram o desenvolvimento norte-americano. Na década
de 1920, a produção industrial dos EUA aumentou cerca de 64%. Os Estados Unidos eram a maior
economia mundial. O comércio exterior também acompanhou esse crescimento. Para boa parte dos
americanos a década de 1920 marcou tempos de muita prosperidade e desenvolvimento.
O crescimento industrial norte-americano foi favorecido pela introdução de linha de montagem,
pelo investimento em pesquisa científica e pelo uso generalizado de novas fontes de energia. Todos
esses fatores contribuíram para a produção e o consumo em massa.
A confiança nessa prosperidade levava os norte-americanos a consumir cada vez mais. O ideal
das famílias era possuir o último modelo de carro, geladeira, fogão, rádio, aspirador de pó, toca-
discos, além de todos os outros aparelhos domésticos que fossem sendo produzidos. Essa era a
essência do estilo de vida americano, isto é, "American way of life". Era defendida a ideia de que
consumir era um ato de patriotismo: ajudava os Estados Unidos a continuar crescendo e
consequentemente se desenvolvendo.
A indústria do cinema surgiu durante esse período e contribuiu para a difusão do estilo de vida
americano em todo o mundo, inclusive no Brasil. Foi nos anos 1920 que Hollywood, na Califórnia,
ganhou a fama de capital mundial do cinema, e milhares de salas de projeção foram abertas em
várias partes do mundo.

5.4 EUA: A Grande Depressão e o crash de 1929


A prosperidade dos anos de 1920 nos Estados Unidos foi acompanhada por uma avalanche de
investimentos na Bolsa de Valores. Dizia-se que a melhor forma de se ganhar dinheiro era comprar
ações, esperar algumas semanas e, então, vendê-las com grande lucro. Durante algum tempo foi
isso mesmo que aconteceu: os investidores, pequenos, médios ou grandes, assistiam seu dinheiro
crescer e multiplicar a olhos vistos. A especulação parecia não ter fim. Onde quer que as pessoas
estivessem seja em restaurantes, trens, quadras de esporte, etc. buscavam sempre um rádio ou
telefone para acompanhar as cotações na Bolsa de Valores.
Com o aumento da especulação financeira, as ações foram subindo de preço vertiginosamente.
Ocorreu, porém, que, no final dos anos 1920, o preço das ações já não correspondia à situação real
das empresas. Mesmo as ações das empresas com estoques encalhados continuavam subindo de
preço. Até que, em um dado momento, uma grande empresa faliu e os investidores, temerosos,
correram para vender suas ações. Descobriram que possuíam milhões de ações para as quais não
havia compradores. Os preços das ações começaram a diminuir. Em 24 de outubro de 1929, uma
quinta-feira (negra), começou a queda que atingiria o auge na segunda e terça da semana seguinte,
28 e 29 de outubro: era o crash (quebra) da Bolsa de Valores de Nova York. Tinha início, assim a
Grande Depressão (1929-1933).
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Depois da 'quinta-feira negra' no mercado de ações de Nova York, a


polícia montada se posiciona em frente à bolsa de valores de Nova
York, EUA, 02 de novembro de 1929.

Os historiadores divergem sobre quais seriam os fatores da Grande


Depressão. Um dos fatores de maior destaque é a concentração de rique-
za nas mãos de poucos. Em 1929 o crescimento dos salários não acompa-
nhava o aumento do lucro das indústrias, sendo assim, os ricos ficavam
cada vez mais ricos e o número de pessoas pobres aumentou o que limita-
va bastante a capacidade de compra da maior parte da população.
Em 1925, os países europeus começaram a se recuperar e voltaram a
produzir o que antes importavam dos EUA. E mais: voltaram a concorrer
com os Estados Unidos no mercado internacional.
Por fim, note-se que a prosperidade dos anos 20 estava ligada à in-
dústria, e não à agricultura, que esteve em crise durante toda a década.
Com a mecanização e a eletrificação ocorridas no campo, produzia-se muito
acima da capacidade de consumo. Assim, os preços dos produtos agrícolas mantinham-se baixos e
os agricultores eram obrigados a pedir dinheiro emprestado aos bancos.

Isso tudo pode ser traduzido:


• Na concentração capitalista, isto é, muito dinheiro nas mãos de poucos;
• A concorrência europeia, reduzindo o mercado dos produtos americanos;
• A crise agrícola contribuindo para que houvesse muito mais mercadorias do que pessoas com
dinheiro para comprá-las – crise de superprodução e de subconsumo.

Os agricultores começavam a perder suas terras por não ter como pagar as dívidas com os
bancos: os industriais, por sua vez, diminuíam a produção e despediam trabalhadores. Com menos
pessoas comprando, a crise se agravou ainda mais. A crise atingiu muitos outros países, especial-
mente aqueles que tinham maior ligação com a economia americana. Isso porque os EUA diminuí-
ram ao máximo suas compras no exterior, cortaram os investimentos externos e pararam de em-
prestar dinheiro a outros países. A consequência mais terrível da crise foi o desemprego.

5.5 EUA: o New Deal


Enquanto a crise de espalhava pelo mundo, nos Estados Unidos, em 1932, o líder do Partido
Democrata, Franklin Delano Roosevelt, foi eleito presidente da República. Roosevelt governaria o
país por doze anos. A equipe econômica no novo presidente era admiradora das ideias do economis-
ta britânico John Maynard Keynes, que tinha previsto a crise e propunha soluções para enfrentá-la.
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Keynes defendia a continuação do capitalismo, mas com uma dife-


rença: o Estado deveria intervir na economia, fazendo investimentos
maciços e planejando-a de modo a garantir o emprego. Assim, no início
do seu governo, Roosevelt lançou o New Deal ("Novo Acordo"), uma
nova forma de gerenciar a economia.

As principais medidas do New Deal foram:


⇒ A realização de obras públicas: o governo destinou quatro bi-
lhões de dólares à construção de usinas hidrelétricas, barragens,
pontes, hospitais, escolas, aeroportos etc. Tais obras rederam mi-
lhões de novos empregos;

⇒ A concessão de empréstimos aos agricultores: com o compro-


misso de que se reduzisse a produção. O governo interveio tam- Franklin Delano Roosevelt.
bém destruindo milhões de fardos de algodão e de sacas de trigo
e milho, com objetivo de conter a queda dos preços desses gêneros agrícolas;

⇒ O controle sobre os preços e a produção: de produtos industrializados e de gêneros agrícolas;

⇒ A diminuição da jornada de trabalho, fixação do salário mínimo, criação do seguro-desemprego


e do seguro velhice para os maiores de 65 anos.

Com essas medidas o desemprego diminuiu, a indústria e a agricultura se recuperaram parcial-


mente, os salários pararam de cair e, a partir de 1934, a renda nacional voltou a crescer.

O keynesianismo e o Welfare State


Para Keynes, a crise do sistema capitalista estava associada, principalmente, à queda
do consumo, ou seja, à impossibilidade das pessoas de comprarem as mercadorias. As-
sim, defendia a política de “dinheiro barato”, isto é, empréstimos a baixos juros como meio
de reerguer o poder aquisitivo. Propunha ainda o aumento dos gastos públicos, cujo fim
exclusivo deveria ser o pleno emprego.
Em síntese, Keynes defendia medidas como a realização de obras públicas, a adoção de
salário-desemprego e a elevação da massa salarial do país. Essas medidas implicariam maior
demanda do consumo, estímulo à produção e, consequentemente, desenvolvimento econômico.
Esse programa, inovador para a época, viria constituir uma política substituta ao libe-
ralismo, tida como remodeladora do capitalismo. A adoção das teorias keynesianas acon-
teceu primeiro nos Estados Unidos e, posteriormente, nos diversos países da Europa e da
América Latina.
A aplicação dessas ideias junto com outras formulações econômicas posteriores re-
sultou na instalação do Estado de Bem-Estar Social em países capitalistas desenvolvi-
dos, também conhecido como Welfare State, termo largamente utilizado a partir de 1940.
O Welfare State trouxe melhorias nas condições de vida dos trabalhadores dos pa-
íses desenvolvidos, principalmente depois de 1945, com o fim da Segunda Guerra Mun-
dial. Surgia assim uma alternativa ao comunismo dentro do próprio siatema capitalista,
procurando assegurar garantias mínimas de condição de vida a todos os cidadãos, como
renda, saúde, assistência, segurança e educação. Quadro que serviu para alguns teóri-
cos destacarem o lançamento dos pontos fundadores de uma nova ordem, denominada
de neocapitalismo.
O neocapitalismo contrapôs-se ao modelo do Estado liberal, que defendia o Estado
mínimo, ou seja, o mínimo indispensável de intervenção estatal na economia. Também se
opunha ao Estado socialista, que controlava toda a economia e abolia a propriedade privada.
De forma geral, o intervencionismo formulado a partir do keynesianismo teve predomí-
nio internacional até o final dos anos 1970. Na década seguinte, diante das novas crises do
capitalismo, a doutrina liberal voltou a ganhar espaço. Denominada neoliberalismo, tal polí-
tica propõe a completa liberdade de mercado ea redução das ações do Estado na economia.
Em 2008 e início de 2009, diante de nova situação de crise capitalista internacional que
colocou em xeque o poder autoequilibrante do mercado, novas medidas intervencionistas
estatais foram adotadas, tidas como indicadoras do colapso da ordem neoliberal.
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5.6 EUA: o Jazz, a Lei Seca e o crime organizado


Os anos de 1920 nos Estados Unidos também fica-
ram conhecidos como a Era do Jazz. Assim como o rap
e o hip-hop, o jazz é um gênero musical que surgiu en-
tre a comunidade negra e pobre dos EUA. Muitas das
letras do jazz eram inspiradas nas experiências sociais
dos seus compositores e intérpretes: negros pobres que
buscavam na música formas de expressão de sua con-
dição humana, quase nunca reconhecida.
No final dos anos de 1920 o jazz ainda dividia opini-
ões. Os grupos mais conservadores o consideravam uma
música indecente, ligada a marginais, alcoólatras e pros-
titutas. Com o passar do tempo o jazz foi encantando
muitos ouvintes com seu ritmo, suas melodias, e fez a fama de seus intérpretes dentro e fora dos
EUA, com maior destaque na Europa. Assim, o jazz começaria a fazer sucesso entre plateias forma-
das por indivíduos brancos e ricos. Durante a Grande Depressão, as vendas de discos de jazz nos
Estados Unidos caíram aproximadamente 95%, mais uma prova de que a crise atingiu com mais
força os mais pobres.
Em janeiro de 1920 como resultado da pressão
de grupos religiosos e políticos puritanos, entrou em
vigor nos EUA uma lei federal que proibia a fabricação,
a venda e o consumo de bebidas alcoólicas, apelidada
de "Lei Seca".
O crime organizado se aproveitou desse contexto
para produzir, contrabandear e vender bebidas alcoóli-
cas, um negócio milionário graças a Lei Seca. Aliás, a
maior parte dessas bebidas ilegais eram produzidas
em destilarias clandestinas e em condições muito ru-
ins, o que tornava ainda mais prejudiciais à saúde.
A Crise de 1929 e a Grande Depressão levaram a
falência grande parte dos chefes do crime organizado.
Na campanha presidencial de 1932, o candidato vitori- Produção caseira de bebida alcoólica durante a
oso Roosevelt prometia "bebida para todos". Em cinco
vigência da "Lei Seca" em 1920. Nos EUA.
de dezembro de 1933, a Lei Seca foi anulada. Muitos
norte-americanos aproveitaram para comemorar nos bares.

PARTE 05 – Período Entre Guerras e a Crise de 1929

01 (G1) Qual o significado da expressão "American way of Life"?

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02 (Unicamp – adaptada) Em 1929, o mundo foi abalado por uma profunda crise econômica e o
Brasil sofreu diretamente os seus efeitos.

Cite duas características dessa crise na economia mundial.

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03 (Cesgranrio) A política do "New Deal" (1933-39), implementada nos Estados Unidos pelo pre-
sidente Franklin Roosevelt, significou um (a):

(A) Combate ao liberalismo através da contenção dos níveis de consumo interno.


(B) Estímulo à política de criação de empregos com grandes investimentos em infraestrutura.
(C) Proibição da emissão monetária, o que impediu o crescimento da inflação.
(D) Retração da produção industrial, o que provocou o recrudescimento da economia.
(E) Redução acentuada dos gastos governamentais, o que estabilizou as finanças públicas.

04 (Faap) A "Lei Seca". Entrou em vigor a emenda constitucional XVIII, conhecida como "Lei Seca",
que proibia a fabricação e venda de bebidas alcoólicas. Motivou o contrabando, a falsificação e o
aparecimento do gangsterismo, em algumas cidades norte-americanas, no governo de:

(A) Roosevelt
(B) Woodrow Wilson
(C) Truman
(D) MacArthur
(E) Lincoln

05 (Ufsm) Observe a figura:

Super-Homem. "Super Inte-


ressante", jun. 2002. p. 40.

Quanto ao Super-Homem, criado em 1938, pode-se afirmar que cumpriu o papel de:

(A) Estimular a conciliação entre americanos e nazistas.


(B) Restabelecer os valores que orientaram a formação dos EUA.
(C) Difundir o ideário da participação coletiva própria do capitalismo liberal.
(D) Produzir reflexão crítica a respeito do individualismo burguês.
(E) Fortalecer a autoestima da sociedade abalada pela depressão econômica.

01 (G1) A Crise de 1929, com a queda da Bolsa de Nova York e a Grande Depressão nos EUA,
começaram a ser superadas com a política do NEW DEAL (protecionismo alfandegário, sub-
venção às empresas privadas e aumento dos gastos públicos). Essa política representou um
marco na passagem do:

(A) Capitalismo clássico, liberal e concorrencial para o capitalismo monopolista e estatal.


(B) Capitalismo monopolista e estatal para o capitalismo clássico, liberal e concorrencial.
(C) Capitalismo monopolista e estatal para o socialismo cooperativista.
(D) Do capitalismo clássico, liberal e concorrencial para o mercantilismo monopolista.
(E) Do capitalismo clássico, liberal e concorrencial para o capitalismo humanitário sem inter-
venção do Estado na economia.
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02 (G1) O New Deal, foi o plano de recuperação econômica dos Estados Unidos, adotado pelo
presidente Roosevelt e teve como principais medidas, exceto:

(A) A estatização dos bancos, das grandes indústrias e das grandes propriedades rurais.
(B) O tabelamento de preços de produtos industriais e agrícolas.
(C) Criação de várias obras públicas para geração de empregos.
(D) Elevação de salários, diminuição da jornada de trabalho e fixação de salários mínimos.
(E) Concessão de empréstimos a fazendeiros e industriais.

03 (G1) No período chamado de Entre Guerras, um acontecimento norte-americano alcançou


repercussão mundial. Trata-se da Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em outubro de
1929. Foram causas dessa crise econômica:

(A) Intervenção do Estado na economia, contrariando o ideal do liberalismo, profundamente


arraigado na cultura norte-americana.
(B) Retomada da produção europeia, aumento do preço do petróleo no mercado internacional
e redução do consumo interno.
(C) Explosão do consumo, aumento das taxas de juros e uma sequencia de nacionalizações
de empresas estrangeiras.
(D) Aumento das exportações e dos preços dos produtos, sem que houvesse um aumento de
produção de matérias-primas.
(E) Superprodução agrícola e industrial, diminuição nos níveis de exportação e queda nos
preços no mercado interno.

04 (Ufpe) Após a Primeira Guerra Mundial, a febre de negócios baseada na especulação provo-
cou a Crise de 1929. Identifique, nas alternativas a seguir, os principais fatos que a produziram.

(A) Aparecimento de ideologias como o Fascismo e o Nazismo.


(B) Superprodução de mercadorias e saturação dos mercados consumidores.
(C) Retraimento do crédito e proibição das exportações.
(D) Equilíbrio entre a agricultura e o comércio.
(E) Má colheita e demanda ilimitada da indústria.

05 (Puccamp) Em linhas gerais, pode-se dizer que a Grande Depressão (1929) resultou principalmente:

(A) Da queda da exportação, desemprego e aumento de consumo interno.


(B) Da desvalorização da moeda, com o objetivo de elevar os preços dos gêneros agrícolas.
(C) Do fechamento temporário dos bancos e a requisição dos estoques de ouro para sanear as
finanças.
(D) Da superprodução industrial e agrícola, que foi se evidenciando quando o mercado não
conseguiu mais absorver a produção que se desenvolvera rapidamente.
(E) Da emissão de papel-moeda e o abandono do padrão-ouro que permitiram ao Banco Cen-
tral financiar o seguro-desemprego.

01 (Unesp)

Em seu discurso de posse na presidência dos Estados Unidos, Roosevelt, em 1933,


acusava a profunda crise econômica e social: "... grande quantidade de cidadãos desem-
pregados vê surgir à sua frente o problema sinistro de existência, e um número igualmente
grande labuta com escassa remuneração." Ao mesmo tempo, Roosevelt propunha: "Esta
nação exige ação, e ação imediata."
(Franklin Delano Roosevelt, DOCUMENTOS HISTÓRICOS DOS ESTADOS UNIDOS).

Esta ação deu-se através de uma nova política econômica, o New Deal.
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Apresente duas características desta política.

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02 (Ufrj)

"NOVA YORK, 29 (U.P.) - Os diretores de meia dúzia das maiores instituições financei-
ras desta cidade, com recursos que somam aproximadamente sete bilhões de dólares,
reuniram-se às primeiras horas da noite de ontem (... ) para discutir a situação da Bolsa,
em face das últimas baixas das cotações dos títulos. Foi noticiado, que nessa reunião foi
deliberado prepararem-se planos de mobilização de toda a potencialidade financeira da-
quelas instituições, a fim de evitar novos desastres. (...) A Bolsa de Títulos abriu com uma
baixa de proporções sem precedentes. (...)
BERLIM, 29 (A.B.)
A crise verificada nas praças de Nova York e Amsterdam causou nova inquietação na Bolsa de Berlim."
"Folha da Manhã". São Paulo, 30 de outubro de 1929

(A) Cite dois fatores que contribuíram para a crise de 29 nos EUA.

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(B) Explique as razões da internacionalização da crise de 29.

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03 (Unesp)

Encontrando-se o Estado em situação de poder calcular a eficiência (...) dos bens de


capital a longo prazo e com base nos interesses gerais da comunidade, espero vê-lo assu-
mir uma responsabilidade cada vez maior na organização direta dos investimentos.
(J. M. Keynes. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. 1936.)

O ponto de vista de Keynes opõe-se a uma teoria econômica que predominou na política governa-
mental dos Estados Unidos da América nos anos imediatamente anteriores à crise de 1929. Basean-
do-se nestas informações, responda.

(A) A que teoria econômica Keynes se opunha?

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(B) Exemplifique, com duas medidas implementadas pelo New Deal, o esforço do governo Roosevelt
para superar os efeitos sociais da crise econômica de 1929.

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04 (Unirio) Explique um fator relacionado com a origem da crise de 1929.

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05 (Ufpr) A crise econômica de 1929, por sua profundidade e extensão, atingiu todo o mundo
ligado ao capitalismo. Quais foram os efeitos dessa crise no Brasil, sob os aspectos econômico
e político?

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01 (Enem 2012)

TEXTO 1

A Europa entrou em estado de exceção, personificado por obscuras forças econômi-


cas sem rosto ou localização física conhecida que não prestam contas a ninguém e se
espalham pelo globo por meio de milhões de transações diárias no ciberespaço.
ROSSI, C. Nem fim do mundo nem mundo novo. Folha de São Paulo, 11 dez. 2011 (adaptado)

TEXTO 2

Estamos imersos numa crise financeira como nunca tínhamos visto desde a Grande
Depressão iniciada em 1929 nos Estados Unidos.
Entrevista de George Soros. Disponível em: WWW.nybooks.com.
Acesso em: 17 ago. 2011 (adaptado)

A comparação entre os significados da atual crise econômica e do crash de 1929 oculta a principal
diferença entre essas duas crises, pois:

(A) O crash da Bolsa em 1929 adveio do envolvimento dos EUA na I Guerra Mundial e a atual
crise é o resultado dos gastos militares desse país nas guerras do Afeganistão e Iraque.
(B) A crise de 1929 ocorreu devido a um quadro de superprodução industrial nos EUA e a atual
crise resultou da especulação financeira e da expansão desmedida do crédito bancário.
(C) A crise de 1929 foi o resultado da concorrência dos países europeus reconstruídos após a
I Guerra e a atual crise se associa à emergência dos BRICS como novos concorrentes
econômicos.
(D) O crash da Bolsa de 1929 resultou do excesso de proteções ao setor produtivo estadunidense
e a atual crise tem origem na internacionalização das empresas e no avanço da política de
livre mercado.
(E) A crise de 1929 decorreu da política intervencionista norte-americana sobre o sistema de
comércio mundial e a atual crise resultou do excesso de regulação do governo desse país
sobre o sistema monetário.
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PARTE 06

6. A FORMAÇÃO DOS ESTADOS TOTALITÁRIOS

6.1 Situando no tempo e no espaço


Nos países atingidos pela Grande Depressão, a exceção da recém-formada URSS, uma onde
de insatisfação e de contestações passou a assustar as camadas dominantes e as classes médias.
O medo de que essa efervescência social se transformasse em soluções de caráter socialista, a
exemplo da URSS (que veremos logo a seguir), fez com que as elites de diversos países apoiassem
grupos de extrema-direita que se mostraram eficazes em conter o avanço da esquerda. Deu-se,
dessa forma, a consolidação do governo de Benito Mussolini na Itália e a ascensão de governos
totalitários, como de Adolf Hitler na Alemanha, Franco na Espanha e Salazar em Portugal.
Os partidários de ultradireita, conhecidos como fascistas, propunham a construção de um Esta-
do forte, centralizado, nacionalista, anticomunista e totalitário. Para chegar ao poder, utilizava-se de
práticas violentas e intensa propaganda política.
A maioria dos Estados fascistas formados nas décadas de 1920 e 1930 receberam o apoio
quase que incondicional da burguesia que temia a violenta crise socioeconômica e o perigo das
revoluções sociais.

6.2 Contra a corrente: a União Soviética (URSS) de Joseph Stalin


A grave crise que atingiu a Europa no pós-guerra, não atingiu
diretamente a recém-criada União Soviética. Com o objetivo de con-
solidar o socialismo, Stalin desenvolveu um programa de socializa-
ção e estatização total da economia, fechando-a para o mercado
internacional.
Os chamados "planos quinquenais" substituíram a Nova Po-
lítica Econômica (NEP) de Lênin, promoveram a rápida industrializa-
ção do país e a modernização da agricultura. As áreas rurais foram
coletivizadas, sendo para isso criados os Kolkhozes (cooperativas)
e os Sovkhozes (fazendas estatais). Ao final dos anos 1930, a União
Soviética era uma das principais potências mundiais em termos eco- Joseph Stalin (1879-1953)
nômicos e militares.
Politicamente, o governo de Stalin foi marcado pela extrema centralização exercida pelos pode-
rosos burocratas da administração
pública (nomenklatura) sob o controle direto do PC (Partido Comunista).
A oposição ao governo stalinista foi violentamente reprimida por meio de prisões, execuções e
imposições governamentais que atingiram milhões de pessoas. Inúmeros líderes políticos e cida-
dãos comuns foram presos, mortos ou mandados para prisões em regiões distantes, como a Sibéria.
O crescimento e o poderio soviético se manifestariam em caráter internacional durante a após
a Segunda Guerra Mundial. Com a vitória sobre a Alemanha de Adolf Hitler, Stalin estendeu o domí-
nio soviético a diversas nações do Leste Europeu. Nessas regiões, impôs também o socialismo
centralizador sob as ordens de um partido único, isto é, o Partido Comunista.
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Leste Europeu entre os anos de 1945 e 1989.

6.3 A Formação do Fascismo na Itália


O Partido Fascista Italiano foi organizado por Benito Mussolini logo após
a Grande Guerra. Contou com o apoio de industriais amedrontados com o
desenvolvimento dos movimentos de esquerda na Itália.
Para assegurar a atuação e a expansão fascista, Mussolini criou as
Esquadras, formadas por soldados do partido conhecidos como camisas
negras, atacavam os adversários nas cidades e no campo.
Apoiado por boa parte da população italiana, Mussolini realizou a Mar-
cha sobre Roma, em 1922, quando mais de 50 mil camisas negras se
dirigiram ao rei Vítor Emanuel III, exigindo o poder.
Benito Mussolini

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Enfraquecido politicamente, Vítor Emanuel III, não ofereceu


resistência a nomeou Mussolini chefe do ministério italiano, com a
função de organizar um novo governo. No poder, os fascistas
gradativamente eliminaram seus adversários, com eleições frau-
dulentas, prisões e torturas.
Em 1925, Mussolini adotou o título de Duce (do latim, chefe), o
condutor supremo da Itália, apoiado pela burguesia italiana e pela
OVRA, a polícia política fascista. No ano seguinte, após sofrer al-
guns atentados, Mussolini fechou partidos políticos, dominou a im-
prensa e acabou com o Parlamento, substituindo-o por um órgão
atrelado ao partido fascista.
Seu regime já era, então, um Estado Totalitário bastante violento.
Em 1929, obteve a adesão do clero italiano, quando criou, dentro de
Roma, o Estado do Vaticano, por meio do Tratado de Latrão. Resol-
via uma antiga pendência com a Igreja Católica, existente desde a
unificação italiana no século XIX. Acordo e assinatura do Tratado de
Em seguida, Mussolini desenvolveu uma política de desen- Latrão – publicação de capa do jor-
volvimento agrícola, industrial e militar, além da expansão territorial, nal francês "Le Petit Journal".
com a invasão da Etiópia, na África, em 1936. Por fim, se aliou à
Alemanha nazista de Adolf Hitler.

6.4 A Formação do Nazismo na Alemanha


A esmagadora derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial e os efeitos devastadores e
humilhantes do Tratado de Versalhes contribuíram decisivamente para o nascimento e desenvolvi-
mento do nazismo alemão.
O movimento nazista foi organizado por Adolf Hitler com base no Partido Nacional Socialista
dos Trabalhadores Alemães, chamado de Nazi (nacional) em oposição aos partidos de esquerda,
os sozi (socialistas-comunistas).
Os nazistas atuavam na Alemanha com o auxílio de um grupo de paramilitares chamados de SA
(Seções de Assalto). Vestindo camisas pardas, eles intimidavam e perseguiam seus adversários.
O período de instabilidade e dificuldades do governo alemão chegou ao seu ponto máximo em
1923, quando o país viveu o descontrole financeiro e uma inflação superior a 17000%. Aproveitando-
se da crise, Hitler tentou um frustrado golpe de Estado, que ficou conhecido como Putsch (golpe) de
Munique. Preso, escreveu o livro Mein Kampf (Minha luta), no qual expôs suas ideias políticas com
base nos princípios do totalitarismo, nacionalismo, racismo e expansão territorial.
Após o golpe, os nazistas perderam força política, pelo menos
até o final dos anos 1920. Durante esse período, anterior ao crack de
Nova York, a situação política e econômica se estabilizou com apoio
econômico estrangeiro, especialmente dos EUA.
Porém, ao eclodir a crise de 1929, a economia da Alemanha
voltou ao caos. As sucessivas falências, a repatriação do capital nor-
te-americano e o número de desempregados, superior a seis milhões,
aumentaram a miséria do povo alemão e contribuíram para agitações
sociais e políticas.
Diante do avanço dos partidos de esquerda, uma parcela da elite
alemã aumentou o apoio às propostas extremistas dos nazistas, au-
mentando também a popularidade de Hitler. Nas eleições de 1932, o
partido nazista conseguiu a maioria dos votos para o Parlamento
(Reichstag). Em janeiro de 1933, o presiden- Guerra entre a Itália e a Etiópia
te alemão Von Hindenburg nomeou Hitler chanceler, isto é, chefe do
publicada no suplemento do jornal
governo alemão.
Em fevereiro de 1933, Hitler acabou com o Partido Comunista italiano "Il Corriere de la Sera".
através de uma farsa: incendiaram o Reichstag e culparam
os comunistas, fechando o partido e perseguindo seus simpatizantes. O novo governo eliminaria
sistematicamente seus opositores.
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Após a consolidação do Partido Nazista no poder, Hitler proibiu a exis-


tência de demais partidos políticos, sindicatos e jornais de oposição. O Esta-
do nazista, por meio da Gestapo, a polícia secreta de Hitler, estabeleceu o
terror, a censura, a perseguição aos judeus, eslavos e negros, além de pro-
vocar uma intensa política armamentista.
Em 21 de março de 1933, Hitler inaugurou o Terceiro Reich Alemão,
em referência aos dois impérios germânicos existentes anteriormente. O pri-
meiro tinha sido o Sacro Império Romano-Germânico, surgido na Idade
Média; o segundo foi organizado após o processo de Unificação Alemã, em
1871. Em 1934, com a morte do presidente Von Hindenburg, Hitler se trans- Cartaz da propaganda na-
formou no Füher, chefe supremo do Terceiro Reich.
zista de 1935. Hitler apa-
Hitler no governo conseguiu estabilizar a economia e, contrarian-
rece em destaque, segu-
do as decisões dos tratados do pós-guerra, iniciou o rearmamento
rando a bandeira com o
alemão, passando a almejar o que chamava de espaço vital: a ane-
símbolo do Nazismo.
xação de territórios vizinhos considerados, por ele, necessários pa-
ra a formação da Grande Alemanha.

Quem foi Hitler?


Adolf Hitler nasceu na Áustria em 1889, de família pobre. Queria
ser artista, mas foi reprovado na Academia de Viena. Como tantos
austríacos, Hitler se considerava alemão.
Depois de sua morte em 1945, Hitler apareceu diversas vezes
na televisão e nos livros e talvez seja o homem mais conhecido do
século XX. Ao contrário do que se pensa, era um orador que sabia
ser bem humorado e se mostrava afável, misturando a aparente ter-
nura com uma agressividade implacável.
No governo, Hitler adotou medidas semelhantes ao New Deal
dos EUA. Depois, uniu a Alemanha e a Áustria num mesmo país e
deu início a Segunda Guerra Mundial. Por ordens diretas do Füher,
os nazistas cometeram terríveis atrocidades, torturando e executan-
do em massa milhões de seres humanos, na maioria judeus.
O Nazismo não foi o resultado da personalidade individual de
Hitler. O Nazismo surgiu das condições sociais da Alemanha nos anos de 1930: a Crise de
1929, os receios da alta burguesia e da classe média alemã, o desgaste do Parlamento etc.

6.5 A Guerra Civil Espanhola


Na Espanha os fascistas venceram depois de uma ter-
rível guerra civil contra as forças republicanas. Tudo come-
çou quando diversas forças políticas antifascistas se junta-
ram para concorrer às eleições parlamentares. O resultado
foi à vitória da Frente Popular, que assumiu o governo.
Os falangistas (fascistas), comandados pelo General
Francisco Franco, se rebelaram contra o governo republi-
cano (da Frente Popular). Tentaram dar um golpe de Esta-
do, mas os republicanos não cederam. Distribuíram armas
para o povo resistir e assim teve início a Guerra Civil Espa-
nhola (1936-1939). Encontro entre Francisco Franco e
As Forças Armadas republicanas contavam com os co- Hitler em 1940.
munistas stalinistas, comunistas trotskistas, socialdemocratas
e anarquistas.
A guerra acabou se internacionalizando. Batalhões de voluntários de diversos países embarca-
ram para a Espanha com o objetivo de lutar contra os fascistas. Formavam as Brigadas Internaci-
onais. A União Soviética enviou armas para ajudar os republicanos. O General Franco era apoiado
por latifundiários, por grande parte da classe média e pela Igreja Católica. Mussolini enviou tropas
italianas para a Espanha e a aviação nazista alemã bombardeou as posições republicanas. O resul-
tado foi a vitória dos fascistas liderados pelo General Franco em 1939.
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A arte contra o fascismo: Guernica de Picasso


Os franquistas tiveram apoio militar da Alemanha e da Itália fascistas. Em 1937, a aviação
nazista agrediu a cidadezinha de Guernica. O mundo ficou chocado com as bombas incendiárias.
Hospitais em escombros, crianças desesperadas, corpos em chamas, gritos: eis ai uma amostra do
que o fascismo iria fazer com o mundo na Segunda Guerra Mundial.
Pablo Picasso, o maior artista plástico do século, segundo Mário Smith, pintou o famoso painel
Guernica, lembrando o sangrento episódio. Picasso era comunista e apoiava os republicanos.

As figuras deformadas expressam o horror causado pelo ataque fascista. A falta de colorido é
magistral, reforçando a dramaticidade. O cavalo ao centro representa o povo espanhol sofrido. Veja
que até a lâmpada no teto parece horrorizada. Esta é talvez a obra maior importância do século XX.

PARTE 06 – A Formação dos Estados Totalitários

01 (Fuvest) Caracterize o regime político a que a figura se refere e analise suas consequências.

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02 Aponte algumas das características da ideologia Nazista.

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03 (G1) Em 1923, os nazistas promoveram, sem sucesso, um golpe de Estado, para derrubar o
governo alemão. Hitler foi condenado à prisão e, enquanto estava detido, escreveu a primeira
parte do livro "Mein Kampf" que se tornou a obra-prima do nazismo.
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Com base no exposto, cite e explique três dos ideais contidos em tal obra que se tornaram funda-
mentais para o fortalecimento daquele regime.

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04 (Ufrj – adaptada) Cite duas consequências geopolíticas da Primeira Guerra para a Europa
entre 1918 e 1939.

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05 (Unicamp) Em 1933, o movimento nazista assume o poder na Alemanha, transformando Hitler


no chefe da nação e fundador do III Reich. O Estado alemão deixa de ser nazista somente ao
fim da Segunda Guerra Mundial.

(A) Quais os princípios nazistas que levaram à união do povo alemão num único Reich?

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(B) Qual o papel da guerra na política do III Reich?

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01 (Fuvest) O período entre as duas guerras mundiais (1919-1939) foi marcado por:

(A) Crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia e polarização ideológica entre fascis-


mo e comunismo.
(B) Sucesso do capitalismo, do liberalismo e da democracia e coexistência fraterna entre fas-
cismo e comunismo.
(C) Estagnação das economias socialista e capitalista e aliança entre os EUA e a URSS para
deter o avanço fascista na Europa.
(D) Prosperidade das economias capitalista e socialista e aparecimento da guerra fria entre os
EUA e a URSS.
(E) Coexistência pacífica entre os blocos americano e soviético e surgimento do capitalismo
monopolista.
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02 (Unitau) O Nazismo e o Fascismo surgiram:

(A) Do desenvolvimento de partidos nacionalistas, com pregações em favor de um Executivo


forte, totalitário, com o objetivo de solucionar crises generalizadas diante da desorganiza-
ção, após a Primeira Guerra Mundial.
(B) Da esperança de conseguir estabilidade na união das "doutrinas liberais" de tendên-
cias individualistas.
(C) Com a instituição do parlamentarismo da Itália e na Alemanha, agregando partidos populares.
(D) Com o enfraquecimento da alta burguesia e o apoio do governo às camadas lideradas
pelos sindicatos e socialistas.
(E) Do coletivismo pregado pelos marxistas.

03 (Ufes) A Guerra Civil Espanhola (1936-1939), em que perderam a vida mais de 1 milhão de
pessoas, terminou com a derrota dos Republicanos e com a subida ao poder de Francisco
Franco, militar espanhol.

O Estado Espanhol, após a vitória de Franco, caracterizou-se como:

(A) Democrático com tendências capitalistas.


(B) Democrático com tendências socialistas.
(C) Populista de esquerda.
(D) Totalitário de direita.
(E) Totalitário de esquerda.

04 (Uece) O Fascismo pode ser definido como uma ideologia e um sistema político. Foi introduzi-
do na Itália por Mussolini e vigorou no período de 1922 a 1945.

Assinale a alternativa que apresenta suas principais características.

(A) Anti-arianismo e nacionalismo exacerbado.


(B) Corporativismo, totalitarismo, nacionalismo e anticomunismo.
(C) Tolerância religiosa e pluralismo cultural.
(D) Desenvolvimento econômico e não intervenção do Estado.

05 (Ufu) Considere o texto a seguir.

O filme "300", que chegou aos cinemas no início do ano de 2007, provocou nos meios
de comunicação discussões e inquietações acerca das diferenças entre Ocidente e Orien-
te, tendo a "democracia" como um dos principais aspectos diferenciadores entre os dois
polos. Mesmo com a derrota momentânea diante dos persas, os gregos são exaltados no
filme e na mídia como aqueles que jamais aceitariam o "domínio de um só homem que
estivesse acima da lei" ("Superinteressante", n.238, abr. 2007, p.72.). No entanto, a Demo-
cracia no mundo ocidental nem sempre esteve na ordem do dia, especialmente com rela-
ção às duas décadas que antecederam a II Grande Guerra Mundial.

Sobre esse assunto, pode-se afirmar que:

(A) A forma de governo adotada na Itália foi seguida por diversos países, entre eles Portugal,
cuja longa tradição republicana mostrava-se abalada em tempos de crise.
(B) Nas nações ocidentais a exacerbação das desigualdades políticas, econômicas e sociais
geradas pelo liberalismo favoreceu a ascensão de regimes antidemocráticos.
(C) A democracia adotada pelas nações ocidentais, tal qual o modelo das cidades gregas,
privilegiava a participação direta dos cidadãos nas decisões do Estado.
(D) O surgimento da república de Weimar e do governo de Franco são exemplos da ascensão
de regimes não democráticos na Europa.
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01 (Unirio)

(NOVAIS, Carlos Eduardo e RODRIGUES, Vilmar. CAPITALIS-


MO PARA PRINCIPIANTES. São Paulo, Ática, 1991)

A charge anterior reflete um momento crucial do período entre guerras, onde a burguesia capitalista
faz, em alguns países da Europa, a opção por salvaguardar a sua posição de classe dominante a
qualquer custo. De que forma podemos traduzir esse momento?

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02 (Fuvest) Como se deu a ascensão de Hitler na conjuntura alemã, no período entre guerras, e
quais as conseqüências do nazismo?

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03 (Unicamp) Na década de 1920, o fascismo surge como uma posição política de crítica às
democracias liberais e ao comunismo soviético por considerar que essas duas formas de go-
verno destroem o valor supremo da nação e da pátria, quer pela corrupção econômica e políti-
ca, que pregando o internacionalismo proletário que enfraquece as forças do Estado nacional.

Sobre quais ideais se forma o fascismo e em que países consegue se impor como forma de governo?

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04 (Uerj – adaptada) Há setenta anos iniciava-se a Guerra Civil Espanhola, que se estendeu até
1939 e foi uma das mais violentas lutas civis ocorridas no período entre guerras.

Descreva, em linhas gerais, a Guerra Civil Espanhola e um dos posicionamentos adotados por
países europeus em relação a esse conflito.

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05 (G1) Destaque as principais semelhanças entre o Fascismo de Mussolini e o Nazismo de Hitler.

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01 (Enem 2009) Os regimes totalitários da primeira metade do século XX apoiaram-se fortemente


na mobilização da juventude em torno da defesa de ideias grandiosas para o futuro da nação.
Nesses projetos, os jovens deveriam entender que só havia uma pessoa digna de ser amada e
obedecida, que era o líder. Tais movimentos sociais juvenis contribuíram para a implantação e a
sustentação do nazismo, na Alemanha, e do fascismo, na Itália, Espanha e Portugal.

A atuação desses movimentos juvenis caracterizava-se:

(A) Pelo sectarismo e pela forma violenta e radical com que enfrentavam os opositores
ao regime.
(B) Pelas propostas de conscientização da população acerca dos seus direitos como cidadãos.
(C) Pela promoção de um modo de vida saudável, que mostrava os jovens como exemplos
a seguir.
(D) Pelo diálogo, ao organizar debates que opunham jovens idealistas e velhas lideran-
ças conservadoras.
(E) Pelos métodos políticos populistas e pela organização de comícios multitudinários.

02 (Enem 2009) A primeira metade do século XX foi marcada por conflitos e processos que a
inscreveram como um dos mais violentos períodos da história humana.

Entre os principais fatores que estiveram na origem dos conflitos ocorridos durante a primeira meta
de do século XX estão:

(A) A crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo e do totalitarismo.


(B) O enfraquecimento do império britânico, a Grande Depressão e a corrida nuclear.
(C) O declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e a Revolução Cubana.
(D) A corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o expansionismo soviético.
(E) A Revolução Bolchevique, o imperialismo e a unificação da Alemanha.

03 (Enem 2002) A leitura do poema "Descrição da guerra" em Guernica traz à lembrança o famo-
so quadro de Picasso.
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Entra pela janela


o anjo camponês;
com a terceira luz na mão;
minucioso, habituado
aos interiores de cereal,
aos utensílios que dormem na fuligem;
os seus olhos rurais
não compreendem bem os símbolos
desta colheita: hélices,
motores furiosos;
e estende mais o braço; planta
no ar, como uma árvore
a chama do candeeiro.
(...)
(Carlos de Oliveira in ANDRADE, Eugenio. "Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa". Porto: Campo das Letras, 1999.)

Uma análise cuidadosa do quadro permite que se identifiquem as cenas referidas nos trechos
do poema.

Podem ser relacionadas ao texto lido as partes:

(A) a1, a2, a3.


(B) f1, e1, d1.
(C) e1, d1, c1.
(D) c1, c2, c3.
(E) e1, e2, e3.

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PARTE 07
7. A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)

7.1 Situando no tempo e no espaço


Os países fascistas, Itália, Alemanha e Japão, deram início aos ataques
que conduziram o mundo a Segunda Guerra Mundial.
Veremos que no início, a Alemanha venceu muitas batalhas e chegou a ocu-
par a França. A grande virada aconteceu quando os nazistas foram derrotados
pelos soviéticos em Stalingrado (URSS). A partir daí, a vitória dos Aliados (Ingla-
terra, EUA e URSS) foi inevitável. O Japão se rendeu depois de sofrer o ataque
das bombas atômicas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki pelos Estados Uni-
dos.
Já o Brasil participou modestamente da guerra. Depois que a Segunda
Guerra acabou, ficou impossível aceitar a ditadura do Estado Novo Varguista
(veremos na próxima unidade). Os militares afastaram Getúlio Vargas do governo. O Brasil iniciava
um período democrático.
Portanto entre os anos de 1939 e 1945 aconteceu a mais violenta guerra que já houve até hoje
no mundo. Nenhuma guerra matou tantas pessoas nem destruiu tantos lares. Além daqueles que
morreram em combate, milhões de judeus, ciganos, russos, comunistas e homossexuais foram
mortos nos campos de concentração e extermínio nazistas.

7.2 A formação do Eixo Roma-Berlim


Ao longo da década de 1930, os Estados Totalitários da Itália, Alemanha e Japão, passaram a
desrespeitar de forma clara os tratados de paz firmados após o termino da Primeira Guerra Mundial
e começaram a ampliar seus domínios, invadindo territórios na Ásia, África e na própria Europa.
Cada agressão expansionista confirmava a fraqueza da Liga das Nações, criada para mediar às
relações internacionais, com o objetivo de evitar uma nova guerra mundial.
Em 1931, o governo japonês ordenou a invasão da Manchúria, região que pertencia à China, e
recebeu um simples protesto da Liga das Nações. Em seguida, se desligou da Liga. Em 1935, os italia-
nos invadiram a região da Abissínia, atual Etiópia, sem que ocorresse qualquer reação significativa con-
tra Mussolini e os fascistas. Ainda em 1935, Hitler, impunemente reincorporou à Alemanha o território do
Sarre, na fronteira com a França, e determinou o serviço militar obrigatório na Alemanha, contrariando
severamente o Tratado de Versalhes.
Em 1936, o governo alemão recuperou a
Renânia, zona de fronteira com a França desen-
cadeando um desenfreado armamentismo nos pa-
íses vizinhos. Nessa época teve início a Guerra
Civil Espanhola e foi selada a aliança entre os go-
vernos da Itália e da Alemanha, chamada de Eixo
Roma-Berlim, também chamado de Pacto de
Aço. Pouco tempo depois o Eixo passou a contar
com o Japão, passando a ser então - Roma -
Berlim - Tóquio.
Ainda em 1936, os três países do Eixo, tendo
como alvo conter o avanço comunista no mundo
Hitler e Mussolini em Munique durante o Pacto de Aço.
assinaram o Pacto Antikomintern.

7.3 O início da Segunda Guerra Mundial


Adolf Hitler, o Füher alemão, fortalecido com a formação do Eixo e o com o sucesso crescente
na Guerra Civil Espanhola, sentiu-se seguro para promover a anexação de novos territórios. Em
1938, com a justificativa de unir os povos de origem germânica, anexou a Áustria. O próximo passo
seria a anexação da região tcheca dos Sudetos, onde também predominava a população de origem
germânica. Como os franceses e os ingleses apoiavam a Tchecoslováquia, estabeleceu-se um
impasse. A política de expansão territorial era justificada pela ideologia nazista como necessária
para a formação de um "espaço vital" para o povo germânico, chamado de Grande Alemanha.
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9º Ano • Volume 02

Sem a participação do representante da


Tchecoslováquia, os primeiros-ministros da Inglaterra e
da França se reuniram com o Füher e o Duce, na Confe-
rência de Munique, em 30 de setembro de 1938 e deci-
diram que os Sudetos passariam para o domínio alemão,
em troca da promessa do governo nazista de pôr fim à
expansão territorial e a novas agressões. O acordo ficou
conhecido como a Política do Apaziguamento que de-
terminava que as nações liberais respondessem com
acordos e concessões às agressões alemãs impedindo
novos conflitos mundiais. Entretanto, além de permitir a
expansão nazista, esse sistema isolava cada vez mais a
Europa ocidental da União Soviética.
Após anexar a região dos Sudetos, os alemães
tomaram toda a Tchecoslováquia e passaram a de-
sejar o corredor polonês, faixa de terra que permitia
a ligação da Polônia com o mar e que incluía o Porto
de Dantzing. A região havia sido tirada da Alemanha
após sua derrota na Primeira Guerra Mundial e incorporada à Polônia pelo Tratado de Versalhes.
Dantzing, hoje Gdask, era um porto estratégico para a Inglaterra. A ameaça alemã levou os
ingleses a se aproximarem da França, prometendo apoio à Polônia. No mesmo período, o governo
alemão aproximou-se do governo soviético de Stalin. Os dois países assinaram, em agosto de 1939,
um pacto de não agressão e neutralidade, chamado de Pacto germânico-soviético.
Stalin garantiria por cinco anos sua neutralidade em caso de guerra no Ocidente. Em troca,
Hitler pode anexar à parte Oriental da Polônia e os países bálticos (regiões estratégicas).
Com o pacto, o governo alemão ficou livre para invadir a Polônia, o que ocorreu em 1º de
setembro de 1939. Dois dias depois, os governos de Inglaterra e França declaravam guerra à Ale-
manha. Era o início da Segunda Guerra Mundial.

7.4 A Escalada do Eixo (1939-1941)


A primeira fase da Segunda Guerra se caracterizou pela rápida ofensiva (escalada) nazista. Em
1939, os exércitos alemães submeteram a Polônia. No ano seguinte, teve início uma guerra relâm-
pago (Blitzkrieg), com ataque em massa contra o inimigo, usando tanques e a força aérea alemã
(Luftwaffe). Após os bombardeios seguia-se a ocupação dos blindados.
O avanço alemão foi avassalador, tendo sido ocupadas a Dinamarca, a Noruega, a Holanda e a
Bélgica. Em junho de 1940, o território francês também foi dominado pelas tropas nazistas.
O alvo alemão seguinte foi à Inglaterra, onde foram travadas inúmeras batalhas aéreas entre a
Luftwaff alemã e a RAF (Royal Air Force) inglesa. Enquanto isso, Mussolini atacou o norte da África,
com objetivo de conquistar o Canal de Suez e cortar as relações da Inglaterra com suas inúmeras
colônias. O Eixo ainda ocupou toda a Região dos Bálcãs, países como Grécia, Bulgária e Iugoslávia.
Em junho de 1941, a guerra ganhou proporções ainda maiores. Em busca de minérios, petróleo
e cereais, o governo nazista pôs em prática o Plano Barba Ruiva, isto é, rompeu o Pacto Germânico-
Soviético e invadiu a União Soviética sem declarar guerra a Stalin. No início a ação nazista foi
arrasadora, chegando aos subúrbios de Moscou. No final de 1941, Stalin começou a reagir, movi-
mentando o Exército Vermelho e impondo severas e decisivas derrotas ao exército do Eixo.
Ainda em 1941, ano bastante movimentado e decisivo para os rumos da guerra, o Japão bom-
bardeou a base naval norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí, o que fez os Estados Unidos
entrarem na guerra. Com o ataque, os japoneses buscavam consolidar seu domínio na região do
Pacífico Sul.
A entrada da União Soviética e dos Estados Unidos na guerra deram às Forças Aliadas o impul-
so necessário contra os países do Eixo.

Política de extermínio
Os campos de concentração eram prisões, grandes áreas cercadas de arame farpado
eletrificado para impedir fugas. Na Europa sob domínio nazista, cerca de 11 milhões de
pessoas, entre adultos e crianças, especialmente judeus, ciganos, comunistas e homosse-
xuais, foram aprisionados em campos de concentração.
Para controlar a população que ficava nesses campos, foram desenvolvidas medidas
de terror, degradação e aviltamento do ser humano. Eles estavam de acordo com o projeto
nazista de purificação racial, de extermínio de grupos humanos tidos como inferiores e
ameaçadores à pretensa superioridade ariana.
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Torturas, experiências médicas monstruosas, des-


nutrição, execuções, regime intenso de trabalho nos
próprios campos ou em empresas privadas alemãs
provocaram milhões de mortes.
Diversos empresários não só utilizaram o trabalho
forçado dos prisioneiros como se apropriaram de seus
recursos econômicos. No extremismo do terror, os so-
breviventes eram assassinados nas câmaras de gás e
seus corpos incinerados nos fornos crematórios. Essa
política de extermínio foi chamada de solução final.
Milhares de pessoas e diversas instituições, algu-
mas com participação direta, outras por simpatia, con-
descendência e até mesmo omissão, tanto na Alemanha Sobreviventes do campo em Buchenwald, na
como fora dela, tiveram responsabilidades nesse genocídio. Alemanha, talcomo foram encontrados em
16 de abril de 1945, dia de sua libertação.

Campos de concentração e de extermínio

Das centenas de campos de concentração, alguns ficaram tristemente famosos como Buchenwald
e Dachau na Alemanha, Mauthausen na Áustria, Auschwitz, Treblinka e Sobibor na Polônia. Na
Alemanha, vários campos ficavam próximos das cidades, visíves para os alemães, ou seja, era
uma prática instituída, nada se fazia para escondê-la.

Referência do texto - VICENTINO, Claudio. História 9º ano. São Paulo: Scipione, 2009. Pág. 149.

7.5 O Refluxo do Eixo ou o Avanço Aliado (1941-1945)


Com o insucesso em Moscou, os alemães se viram obrigados a recuar. A grande e decisiva
batalha entre alemães e soviéticos ocorreu em Stalingrado, URSS. A partir de 1942, os soviéticos
expulsaram os invasores e avançaram rumo ao Ocidente. Nascia a primeira frente aliada contra o
Eixo na Europa.
No Oriente, os EUA assumiram a ofensiva contra as tropas do Eixo em 1942. Vencendo as
forças japonesas nas batalhas do Mar de Coral e Mydway, ainda no final desse ano, ingleses e norte-
americanos bateram os exércitos alemão e italiano no norte da África.
Em 1943, mais precisamente julho, os Aliados chegaram à Itália e abriram a segunda frente
aliada contra o Eixo na Europa. A Itália se rendeu em setembro, apesar da luta continuar no norte do
país. Em junho de 1944, os Aliados desembarcaram na Normandia, norte da França, acontecimento
chamado de Dia D, iniciando a terceira frente de avanço contra o Eixo.
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Finalmente, em agosto de 1944, Paris foi libertada do domínio nazista. No final do ano, as três
frentes aliadas marcharam sobre a Alemanha, chagando à Berlim em abril de 1945. Em sete de
maio, os nazistas se renderam definitivamente.
No Oriente, os Estados Unidos foram sufocando as forças japonesas. Em seis de agosto de
1945, com o Japão praticamente derrotado, o presidente norte-americano Harry Truman ordenou o
lançamento, sobre as cidades de Hiroxima e depois Nagasaki, as primeiras bombas atômicas da
História, a mais devastadora arma de destruição em massa até então produzida.
A justificativa para o lançamento das bombas foi pressionar o Japão à rendição. Porém, muitos
historiadores discutem que o objetivo real norte-americano era demonstrar o seu poder bélico peran-
te o mundo, especialmente para os soviéticos. Menos de dois meses depois o Japão assinou sua
rendição incondicional, pondo fim na Segunda Guerra Mundial.

A tragédia de Hiroxima
Em 6 de agosto de 1945, uma bomba atômica destruiu
Hiroxima. O artefato foi lançado pelo avião Enola Gay e deto-
nado a 500 metros de altitude, liberando uma energia equiva-
lente a 20 mil toneladas de dinamite. O calor no centro da ex-
plosão foi enorme e queimou tudo num raio de um quilômetro,
transformando os metais em gases, as construções em pó e os
seres humanos em cinzas.
Depois do calor veio o deslocamento de ar, varrendo tudo
ao seu redor, com a força de um furacão soprando a mais de
800 quilômetros por hora. Formou-se um círculo de três quilô-
metros em que tudo foi reduzido a escombros. Minutos depois
da explosão começou a cair uma chuva estranha, com gotas
grandes e negras. A seguir, o vendaval arrancou as árvores e A enorme nuvem em forma de
tudo que estivesse no caminho. Mais da metade da cidade foi cogumelo que se formou
destruída, deixando um saldo superior a 100 mil mortos e mi- quando a bomba atômica caiu
lhares de mutilados pela radiação. Três dias depois, em 9 de sobre Hiroxima em 6 de agosto
agosto, outra bomba atômica foi lançada pelos norte-america- de 1945.
nos, agora sobre a cidade de Nagasáqui.
Referência do texto - VICENTINO, Claudio. História 9º ano. São Paulo: Scipione, 2009. Pág. 151.

7.6 Os acordos de paz


Antes mesmo de a guerra acabar, alguns acordos foram feitos entre os principais países que
lutaram contra o Eixo. Neles, os países vencedores definiram partilhas e definiram o panorama do
mundo pós-guerra.
Na Conferência de Ialta, em fevereiro de 1945, na União Soviética, estavam presentes o pre-
sidente Roosevelt dos EUA, o primeiro ministro inglês Churchill e o líder da URSS, Josef Stalin. Ali,
as potências definiram a partilha mundial, cabendo a União Soviética o predomínio sobre o leste
europeu. Da URSS até a Polônia, todos os Estados, anteriormente sob o domínio alemão passariam
a ser controlador pela URSS. Esse acordo permitiu a Stalin impor a povos e países da região o
regime comunista. A Europa Ocidental ficaria sob influência dos Aliados, com a liderança norte-
americana e a Europa Oriental de orientação comunista.
Na Conferência de Potsdan, em agosto de 1945 na Alemanha, se reuniram o novo presidente
norte-americano Truman, Churchill depois substituído por Clement Attle, vitorioso nas eleições ingle-
sas e Stalin pela URSS. Nessa conferência, as potências decidiram pela desmilitarização da Alema-
nha, pelo fechamento das grandes empresas que subsidiaram o nazismo e pela criação do Tribunal
de Nuremberg, para julgar os crimes de guerra.
A principal decisão da Conferência de Potsdan foi a divisão da Alemanha e de sua capital
Berlim, em quatro zonas de ocupação: inglesa, francesa, norte-americana e soviética. Mais tarde as
áreas inglesa, francesa e norte-americana transformaram-se na República Federal da Alemanha, a
Alemanha Ocidental. A parte soviética transformou-se na República Democrática da Alemanha, a
Alemanha Oriental. Essa divisão sobreviveu até 1989 com a queda do Muro de Berlim.
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Divisão da Alemanha

Muro de Berlim

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A criação da ONU
Durante a Conferência de São Francisco, realizada em
junho de 1945 nos Estados Unidos, representantes de 50 paí-
ses redigiram a Carta das Nações Unidas, ato que abriu espa-
ço para a criação da Organização das Nações Unidas (ONU),
que passou a existir oficialmente em 24 de outubro de 1945.
O organismo criado teria por função manter a paz e a
segurança internacionais, desenvolver a cooperação entre os
povos, buscando soluções para problemas econômicos, soci-
ais, culturais e humanitários e promovendo o respeito aos di-
reitos humanos e às liberdades fundamentais. Criada em subs-
tituição à Liga das Nações, tinha por fundamento a igualdade
entre todos os países membros. Em decorrência da
estruturação de seus órgãos, porém, prevaleceu o predomí-
nio das grandes potências.
O Conselho de Segurança da ONU é atualmente com-
posto por cinco membros permanentes e dez eleitos de dois em Cartaz da ONU, feito em 1947.
dois anos. Os países permanentes são: Estados Unidos, Rússia,
Inglaterra, França e China. Cada um desses Estados tem o direito de veto, isto é, de anular
qualquer decisão do Conselho, o que lhes garante a supremacia sobre as decisões.
Outro órgão de importância da ONU é a Assembleia Geral. Composta por todos os
países membros é nela que se debatem os problemas internacionais e se apresentam
sugestões e recomendações.
O Secretariado é o órgão administrativo da ONU. O secretário-geral é escolhido pelo
Conselho de Segurança e confirmado pela Assembleia Geral.
A ONU possui ainda um Conselho Econômico e Social, constituído de diversos departa-
mentos responsáveis por temas específicos (mulheres, infância, direitos humanos etc.).Abriga
ainda agências especializadas, como a FAO (Organização Alimentar e Agrícola); a Unesco
(Organização Educacional, Científica e Cultural); a OIT (Organização Internacional do Traba-
lho); a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina). Vale destacar ainda que a ONU
abriga também uma Corte Internacional de Justiça. composta por 15 juízes eleitos e com
sede em Haia, nos Países Baixos, definidora de normas de Direito Internacional.
Referência do texto - VICENTINO, Claudio. História 9º ano. São Paulo: Scipione, 2009. Pág. 151.

PARTE 07 – A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

01 (G1) Uma das causas da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi a (o):
(A) Fortalecimento do antagonismo entre as potências europeias e o crescimento da expansão
norte-americana na Ásia.
(B) Necessidade de barrar o expansionismo soviético que avançava sobre o leste da Europa,
ameaçando a Alemanha.
(C) Aumento das rivalidades interimperialistas em virtude das disputas de territórios coloniais,
nas regiões da Ásia e da África.
(D) Intensificação da propaganda nacionalista nas colônias africanas e asiáticas, provocando
a eclosão das guerras de libertação nacional.
02 (Fuvest – adaptada) A afirmativa abaixo confirma a continuidade latente de problemas não
solucionados na Primeira Guerra Mundial que contribuíram para alimentar os antagonismos e
levaram à eclosão da Segunda Guerra Mundial.
"Esta guerra, de fato, é uma continuação da anterior."
(Winston Churchill, em discurso feito no Parlamento em 21 de agosto de 1941).

Que problemas são esses?


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03 (G1) A Segunda Guerra Mundial teve como consequências:

(A) Alteração do poder político mundial e formulação da Doutrina Trumam.


(B) Proclamação da República na China e decadência política da "Cortina de Ferro".
(C) Intervenção de tropas estrangeiras na Guerra Civil Espanhola e vitória do franquismo.
(D) Divulgação das ideias da "Coexistência Pacífica" e propagação do movimento neutralista.

04 (G1) Qual a importância histórica da Batalha de Stalingrado na Segunda Guerra Mundial?

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05 (G1) Que acontecimento marca oficialmente o fim da Segunda Guerra Mundial?

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01 (Ufpr) Em 1935, a Alemanha havia reiniciado a produção de armamentos e restabelecido o


serviço militar obrigatório, contrariando o Tratado de Versalhes. Em 1938, anexou a Áustria;
logo em seguida incorporou a região dos Sudetos, que abrigava minorias alemãs, na
Tchecoslováquia, e assinou um acordo de não agressão e neutralidade com a União Soviética.
Estava plantada a semente da Segunda Guerra Mundial, que eclodiu em 1º de setembro de
1939, com o (a):

(A) Participação efetiva de tropas nazistas na Guerra Civil Espanhola, por meio da invasão
de Madri.
(B) Invasão da Polônia por tropas nazistas e a ação da Inglaterra e da França em socorro dos
seus aliados, declarando guerra ao Terceiro Reich.
(C) Rompimento do Pacto Germânico-Soviético com a invasão do território russo por
tropas nazistas.
(D) Saída dos invasores alemães do território dos Sudetos na Tchecoslováquia para invadir
a Hungria.
(E) Tomada do "corredor polonês", que desembocava na cidade livre de Dantzig, pelos aliados
nazistas, principalmente italianos.

02 (G1) Considere a ilustração e o texto.

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"Conheci todos esses sonhadores [os aeronautas], centenas dos quais deram a vida
pela nossa ideia, e jamais passou pela mente que os nossos sucessores pudessem ser
'mandados' a atacar cidades indefesas, cheias de crianças, mulheres e velhos e, o que é
mais, atacar hospitais onde a abnegação e o humanitarismo dos rivais se reúnem, sob o
mesmo teto e o mesmo carinho, os feridos e os moribundos dos dois campos."
(Trecho da carta de Santos Dumont. Adaptado. In: www.biblio.com.br/Templates/santosdumont).

Santos Dumont sofria com os efeitos nefastos da guerra. A ilustração mostra o potencial explosivo
da bomba que devastou a paisagem e dizimou grande parte da população de duas cidades, no final
da Segunda Guerra Mundial. Sobre esse fato, pode-se afirmar que:

(A) Os Estados Unidos lançaram bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki visando a rendi-
ção do Japão.
(B) Os países aliados utilizaram-se das bombas atômicas para destruírem Tóquio e Berlim
visando a rendição dos nazistas.
(C) A Inglaterra e a França explodiram bombas atômicas em Moscou e em Praga para conter
o avanço do comunismo.
(D) Os Estados Unidos venceram a guerra porque ameaçaram utilizar bombas atômicas con-
tra Tóquio e Berlim.
(E) A Alemanha usou bombas atômicas contra Stalingrado e Moscou, em razão dos bombar-
deios aéreos que sofreu da URSS.

03 (G1) Foi o encontro do primeiro ministro inglês Winston Churchill e dos presidentes Truman,
dos Estados Unidos e Stálin, da União Soviética onde se confirmou o desmembramento
da Alemanha:

(A) Conferência do Cairo.


(B) Conferência de Teerã.
(C) Conferência de Ialta.
(D) Conferência de Potsdam.
(E) Conferência de Bandung.

04 (G1) Na II Guerra Mundial, as bombas atômicas de Hiroshima e Nagazaki foram consideradas


crimes de guerras, porque:

(A) O conflito já tinha terminado em agosto de 1945 e a resistência japonesa era mínima em
Pearl Harbour.
(B) As bombas faziam parte de um esquema de testes militares.
(C) Os EUA queriam impor o seu domínio à Alemanha.
(D) Os EUA pretendiam deter o avanço dos soviéticos na Ásia.
(E) As bombas tinham um único alvo: os japoneses no Pacífico.

05 (G1)

"Pensem nas crianças


Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh! não se esqueçam
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor, sem perfume
Sem rosa, sem nada"
"Rosa de Hiroshima" (Gerson Conrad e Vinícius de Moraes)

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9º Ano • Volume 02

Podemos considerar que o texto acima debate:

(A) A herança terrível das bombas atômicas atiradas em Hiroshima e Nagasaky, no final da 2•
Guerra Mundial, levantando a necessidade de sua lembrança para defendermos a paz.
(B) A poesia não trata dos problemas relativos à bomba atômica, à guerra e à paz.
(C) As armas atômicas nunca seriam usadas como forma de poder entre as potências mundiais.
(D) A paz só será garantida com a utilização de armas atômicas.
(E) As armas atômicas deixaram poucas heranças culturais e políticas durante o período da
Guerra Fria.

01 (Puc-rio) Caracterize a conjuntura internacional entre 1942 e 1946, de modo a explicar a sus-
pensão das Copas do Mundo de Futebol nesse período.

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02 (Ufrrj – adaptada) Leia o texto a seguir e responda a questão.

Cerca de 20 líderes mundiais reunidos na França deixaram de lado suas divergências


políticas - sobretudo no que diz respeito à invasão do Iraque - para comemorar ontem os 60
anos do desembarque das tropas aliadas na Normandia. Nas homenagens aos mortos e
aos veteranos de uma das batalhas mais decisivas da História, prevaleceu o espírito de
união que garantiu a vitória sobre os nazistas na II Guerra Mundial.
"JORNAL DO BRASIL", Rio de Janeiro, segunda-feira, 7 de junho de 2004. p. 20.

O texto citado faz referência a dois momentos de grande importância para a política mundial, o dia D
(6 de junho de 1944) durante a 2ª Guerra Mundial (1939/45) e a invasão do Iraque por tropas de uma
coalizão, lideradas pelos Estados Unidos da América em 2004.

Com base nesses acontecimentos, analise a importância do desembarque dos Aliados na Normandia
para a II Guerra Mundial.

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03 (Puc-rio) Em 2005, completam-se 60 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Entre 1939 e
1945, em consequência do conflito que mobilizou o maior poderio bélico já utilizado pela huma-
nidade, morreram mais de 40 milhões de pessoas e diversas cidades ficaram arrasadas. Devi-
do às proporções catastróficas desse episódio, ele representou um divisor de águas na História
do século XX.

(A) Cite duas características do cenário internacional da década de 1930 cujos desdobramentos se
relacionam à eclosão da Segunda Guerra Mundial.

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(B) Caracterize duas instituições criadas após a Segunda Guerra Mundial cujos objetivos eram a
instauração de uma nova ordem internacional.

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04 (Ufrj)

Hiroshima relembra 60 anos do horror

Hiroshima, Japão. No exato momento em que 60 anos antes a primeira bomba atômi-
ca da história devastava a cidade de Hiroshima no Japão, mais de 50 mil pessoas fizeram
um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do ataque. Às 8:15 min [...] o mundo
relembrou a detonação da arma mais poderosa já vista no planeta até então, que matou
cerca de cem mil pessoas diretamente e outras milhares nos anos seguintes.
Fonte: Adaptado de O GLOBO de 06 de agosto de 2005, p.36.

(A) Apresente um argumento do governo norte-americano em defesa da ação que devastou


Hiroshima, no dia 06 de agosto de 1945, e Nagasaki, três dias depois.

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(B) Considerando a situação militar da Ásia Oriental em meados de 1945, mencione uma crítica aos
bombardeios dessas duas cidades japonesas.

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05 (Unicamp) Até 1945, o corpo do Imperador japonês era tido como sagrado e não podia ser
tocado. Quando terminou a II Guerra, o presidente dos Estados Unidos quebrou a autoridade
simbólica do Imperador, no Japão, ao exigir dele um aperto de mão em público.

(A) A partir do acontecimento relatado anteriormente, explique a situação político-econômica dos


Estados Unidos e do Japão ao final da II Guerra Mundial.

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(B) Qual a situação político-econômica desses dois países atualmente?

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01 (Enem 2012)

Com sua entrada no universo dos gibis, o Capitão chegaria para apaziguar a agonia, o
autoritarismo militar e combater a tirania. Claro que, em tempos de guerra, um gibi de um
herói com uma bandeira americana no peito aplicando um sopapo no Füher só poderia
ganhar destaque, e o sucesso não demoraria muito a chegar.
(COSTA, C. Capitão América, o primeiro vingador: crítica. Disponível em: http://revistastart.com.br.
Acesso em: 27 jan. 2012 - Adaptado)

A capa da primeira edição norte-americana da revista do Capitão América demonstra sua associação
com a participação dos Estados Unidos na luta contra:

(A) A Tríplice Aliança, na Primeira Guerra Mundial.


(B) Os regimes totalitários, na Segunda Guerra Mundial.
(C) O poder soviético, durante a Guerra Fria.
(D) O movimento comunista, na Guerra do Vietnã.
(E) O terrorismo internacional, após 11 de setembro de 2001.
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PARTE 08
8. A REVOLUÇÃO DE 1930 E A ERA VARGAS

8.1 Situando no tempo e no espaço


Segundo o historiador Boris Fausto, em 1930 no Brasil ocorreu uma revolução. Houve uma
disputa de poder entre as oligarquias que acabou com a derrota da oligarquia cafeeira paulista e a
vitória das oligarquias lideradas por Minas Gerais e Rio Grande do Sul, aliadas a membros que
haviam participado do Movimento Tenentista. Após 1930, o Estado brasileiro, passou a atuar como
um juiz, conciliando interesses de diferentes grupos sociais: fazendeiros, industriais e operários.
Durante a chamada Era Vargas (1930-1945), o Brasil mudou bastante: a industrialização avan-
çou e as cidades cresceram; O Estado se fortaleceu, interveio na economia e procurou estabelecer
uma nova relação com os trabalhadores urbanos. Enquanto esteve no poder, Getúlio Vargas foi
chefe de um governo provisório (1930-1934), presidente eleito pelo voto indireto (1934-1937) e dita-
dor (1937-1945).

8.2 A Revolução de 1930


De acordo como vimos anteriormente, durante a República Oligárquica no Brasil, prevalecia à
política do café com leite. De acordo com essa política, era a vez de Minas Gerais escolher o presi-
dente nas eleições de 1930. Mas o presidente atual, Washington Luís, eleito pelo Partido Republica-
no Paulista (PRP), decidiu quebrar o pacto eleitoral com Minas Gerais, e indicou o paulista Júlio
Prestes para sucedê-lo.
Essa decisão repercutiu muito mal na elite mineira. O governador de Minas Gerais, Antonio
Carlos, que esperava ser o indicado, reagiu buscando uma nova aliança com às oligarquias do Rio
Grande do Sul e da Paraíba, formando com elas a Aliança Liberal (AL). Para concorrer às eleições
de 1930, a Aliança Liberal lançou o gaúcho Getúlio Vargas para presidente do Brasil e o paraibano
João Pessoa para o cargo de vice-presidente do Brasil. Em seus discursos Getúlio propunha o voto
secreto, incentivo à indústria nacional, leis trabalhistas; com essas propostas, Vargas ganhou gran-
de simpatia popular.
Enquanto isso, a grande crise econômica de 1929 atingiu violentamente o Brasil. A crise arrui-
nou os cafeicultores, empresários e deixou muitos trabalhadores desempregados. Contribuiu tam-
bém para aumentar o descontentamento com o governo de Washington Luís e potencializar a pola-
ridade de Vargas.
Nas eleições de 1930, tanto a situação como a oposição usaram fraudes e violência, práticas
comuns do período oligárquico. A vitória foi do candidato governista, Júlio Preste, pois a "máquina de
fabricar votos", criada pela oligarquia paulista foi mais eficiente.
A Aliança Liberal não se conformou com a derrota nas urnas e, contando com o apoio de parte
dos militares, começou a conspirar contra o governo. Um novo acontecimento acelerou os fatos: em
26 de julho de 1930, João Pessoa, candidato a vice-presidente pela AL, foi assassinado por um rival
na política da Paraíba.
Aproveitando a insatisfação popular, em 03 de outubro de 1930 os revolucionários liderados por
Getúlio partiram do Rio Grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro, dispostos a derrubar o governo
dominado por SP. Mas, antes que chegassem à capital federal, uma junta militar tomou o poder e o
entregou a Getúlio Vargas, dando início assim a Era Vargas.

8.3 O Governo Provisório (1930-1934)


O Governo Provisório corresponde a um período de transição. Após longo perío-
do de uma economia voltada para a agricultura de exportação, se torna necessária
uma reestruturação. No início dos anos 1930, o Brasil já tinha um número considerado
de indústrias. Entretanto, industriais e operários não tinham grande representatividade
política, e a Constituição defendia uma política voltada para a produção industrial.
Getúlio tinha, entre outras funções, a obrigatoriedade de reordenar a economia brasi-
leira, a convocação de uma Assembléia Constituinte e, consequentemente, a elabora-
ção de uma nova Constituição, além de contornar a crise no setor cafeeiro e estimular
a industrialização.
Em relação ao café, Vargas criou, em 1931, o Conselho Nacional do Café, reativando a política
de valorização do produto, com o objetivo de proteger a economia cafeeira. Contudo, a burguesia
cafeeira já não teria os mesmos privilégios, pois arcaria com uma parcela dos prejuízos. Além de
pagar os impostos por saca de café exportada e impostos por novos plantios, os cafeicultores deve-
riam entregar ao Estado o montante de 20% da produção a preços simbólicos. Mesmo assim, quase
80 milhões de sacas foram queimadas, entre 1941 e 1944, para elevar o preço no mercado interna-
cional e diminuir o custeio com a estocagem.
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Os paulistas começaram a temer a política intervencionista de


Vargas e a demora na convocação de eleições. Geralmente, Getúlio
nomeava os interventores estaduais de acordo com seus próprios cri-
térios. Logo após a Revolução de 1930, Getúlio destituiu os presiden-
tes dos Estados (como até então eram conhecidos os governadores) e
empossou interventores (políticos que administrariam de acordo com a
vontade de Vargas).
Sem o apoio de aliados tradicionais, como Rio de Janeiro e Minas
Gerais, São Paulo finalmente rompeu com o governo federal e iniciou
um movimento separatista. Reivindicando maior descentralização políti-
ca, maior autonomia para os Estados e uma nova Constituição, São
Paulo rebelou-se contra o governo de Vargas. Em maio de 1932, em um
confronto entre estudantes e tropas do governo,
quatro manifestantes foram mortos: Martins, Miragaia, Dráuzio e
Camargo. As iniciais de seus nomes se transformaram na sigla que sim-
bolizou o movimento M.M.D.C.
O movimento teve início em 9 de julho de 1932. Foram três me- Revolução Constitucionalista
ses de luta, mas São Paulo perdeu; não teve estrutura armada neces- de 1932 em São Paulo.
sária para enfrentar as tropas do governo e se rendeu às tropas getulistas.
A derrota de São Paulo foi tão-somente militar, pois a vitória se fez presente. O Estado mostrou
a sua força política e a importância econômica: em 1933, convocou-se uma Assembléia Constituin-
te; em 1934, era promulgada a terceira Constituição brasileira. O episódio pode ser conhecido tam-
bém como a Revolução Constitucionalista de 1932.

A Constituição de 1934
A Constituição promulgada em 1934 foi uma das mais importantes da História do Brasil.
Entre os seus principais artigos, estão:
• A permanência do presidencialismo e a independência entre os três poderes (executivo, legislativo
e judiciário);
• O voto secreto feminino;
• A eleição de parlamentares representando sindicatos de empregados e de operários;
• A nacionalização de empresas estrangeiras de seguros;
• O veto ao controle dos órgãos de divulgação por parte do capital internacional;
• O mandato presidencial de quatro anos.
• A promulgação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), legislação específica que estabe-
lecia as condições de trabalho (Ex.: criação dos salários mínimos regionais; limitação da jorna-
da de trabalho em 8 horas; remuneração de férias anuais e descanso semanal; regularização
das profissões; indenização por demissão sem justa causa; maior controle e fiscalização sobre
o trabalho do menor, proibido aos menores de 14 anos; proibição de diferenças salariais por
discriminação de sexo, idade, nacionalidade ou estado civil; vinculação dos sindicatos ao Minis-
tério do Trabalho).

Getúlio Vargas e outras personalidades na instalação da As-


sembléia Nacional Constituinte, 1934. Rio de Janeiro (RJ).

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9º Ano • Volume 02

8.4 O Governo Constitucional (1934-1937)


O Governo Constitucional foi marcado pela radicalização do conflito entre as ideologias que
abalavam o contexto das relações internacionais.
O capitalismo liberal estava desestabilizado, uma vez que a Crise de 1929 nos Estados Unidos
havia abalado a sua hegemonia mundial. O Brasil sofreu as consequências da crise porque fazia parte
da área de influência dos EUA. A ideologia liberal perdia força para o nazifascismo e o comunismo.
Em 1932, surgia no Brasil a AIB (Ação Integralista Brasileira) – instituição de extrema-direita
que trazia para o país as tendências nazifascistas -, propondo um Estado autoritário e intervencionista.
Contou com integrantes das camadas médias urbanas, do alto escalão da Igreja e militares. Os
grupos armados do Integralismo denominavam-se os camisas-verdes. O "Anauê" era uma espécie
de saudação semelhante à saudação nazista. O sigma era a sua letra-símbolo. A AIB se opunha
ferozmente ao comunismo.
Em resposta a AIB em 1935 surgiu a ANL (Aliança Nacional Libertadora) liderada por Luís
Carlos Prestes. A ANL se opunha às oligarquias, ao capital estrangeiro e ao imperialismo internaci-
onal, chegando a ter mais de 400 mil filiados. O governo, temendo o expansionismo e a força política
dessa frente, em 11 de julho de 1935 decretou sua ilegalidade.
Ainda em 1935, ocorreu no Brasil uma tentativa de revolução comunista. O
levante teve início em Natal (RN) e contou com ramificações em Recife, Olinda
e Rio de Janeiro, onde os integrantes se renderam. Getúlio prendeu os rebel-
des, no episódio que ficou conhecido como a Intentona Comunista.
Em 1937, haveria novas eleições, no entanto, Vargas pretendia se man-
ter no poder: tinha o apoio da maior parte dos Estados sob intervenção, dos
industriais, das oligarquias e dos sindicatos. Mas, como permanecer no po-
der por mais um mandato?
Getúlio montou uma estratégia, do ponto de vista da genialidade de um
estadista. Propagou pelo país, via rádio, que os comunistas colocariam em
prática o Plano Cohen, que teria como objetivo a destruição do regime de-
mocrático e a invasão e ocupação do território nacional. Verdadeiramente
falando, não havia a possibilidade do levante, pois os líderes comunistas estavam presos desde
1935, inclusive Luís Carlos Prestes. O comunismo tão perseguido e cassado provocava temor entre
a população brasileira. Vargas aproveitando-se da situação criada e respaldado pelos militares, em
10 de novembro de 1937 impôs um golpe de Estado, dando início ao Estado Novo ou a Ditadura
Vargas.

8.5 O Estado Novo (1937-1945)


O golpe de 10 de novembro de 1937 empossou um Getúlio centralizador e extremamente auto-
ritário. Essa fase tem como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), sendo impossí-
vel desvincular as ações de Vargas, as tendências de seu governo e conflito.
Entre os anos de 1937 e 1942, o Estado Novo atingiu seu ponto máximo. O avanço dos países
do EIXO (Itália, Alemanha e Japão), justificava ideologicamente a Ditadura Varguista. É importante
dizer que o presidente brasileiro adotava uma posição "dupla" em relação às potências em guerra.
Getúlio procurava obter o máximo de vantagens da condição estratégica do Brasil como alvo de
interesses tanto dos norte-americanos como dos nazistas.
Nessa primeira etapa do Estado Novo, destacou-se a Constituição de 1934, a Polaca, uma das
mais autoritárias da História do Brasil.
A Polaca fortaleceu o poder do executivo e deu plenos poderes ao presidente. A nova Constitui-
ção nacionalizava a extração dos recursos minerais, as fontes de energia, as indústrias de base, as
companhias de seguro e os bancos. Além disso, reafirmava a legislação trabalhista com o salário
mínimo, jornada de trabalho, direito e deveres – bem mais deveres do que direitos – e cassava
inclusive, o direito de greve. Instaurava também, a pena de morte.
O presidente controlou o Ministério da Justiça, criou o DIP (Departamento de Imprensa e Propa-
ganda), e toda produção cultural do país - textos da Imprensa e discursos políticos sofreriam sua
intervenção. O DIP atuava como a mais importante arma ideológica de Vargas, controlando a opi-
nião pública e os veículos de propaganda do governo.
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9º Ano • Volume 02

Vargas criou ainda, seu principal instrumento de propaganda: à Hora do Brasil, um programa de
rádio que era porta-voz do governo.
O DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público), além de burocrático, tinha por fun-
ção a fiscalização sobre os interventores nos estados e no serviço público.
O presidente Vargas, havia abolido os partidos políticos, e a censura tinha destaque. Manifesta-
ções contrárias ao regime eram proibidas pelo autoritarismo varguista.
A partir de 1942, o Estado Novo entrou em um processo de desgaste político intenso e perda de
sua identidade ideológica.
Um ano antes ocorreram dois fatos que alteraram os rumos da Segunda Guerra: a invasão da
URSS pelos alemães, obrigando Stalin a entrar na guerra; e o ataque japonês a base militar norte-
americana no Havaí – Pearl Harbor, colocando os EUA também na guerra. Portanto tempos soviéti-
cos e norte-americanos lutando lado a lado na Segunda Guerra contra um inimigo comum o EIXO.
Tornou-se complicada a posição ideológica de Getúlio. O presidente brasileiro tinha que assu-
mir uma postura, não havia mais como o Brasil se manter neutro.
É sabido historicamente que Vargas pretendia dinamizar a produção industrial brasileira. Fazia-
se necessário o desenvolvimento das indústrias de base. Getúlio tinha um projeto para a construção
de uma usina siderúrgica em Volta Redonda, Rio de Janeiro, a qual negociava com o grupo empre-
sarial alemão Krupp. Mas os norte-americanos, temendo a aproximação entre Brasil e Alemanha, já
que Vargas tinha "tendências fascistas", emprestaram o montante necessário para a edificação da
Usina Siderúrgica de Volta Redonda, criando, assim, em 1942, a estatal Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN).
O governo brasileiro começa a assumir uma posição favorável aos EUA, tendo, inclusive, per-
mitido a construção de bases aéreas e navais norte-americanas na região Nordeste.
Getúlio também criou a FEB (Força Expedicionária Brasileira) e a FAB (Força Aérea Brasileira),
que forneceu aos Aliados alimentos e matérias-primas. Em setembro de 1944, o Brasil entrou ofici-
almente na Segunda Guerra, apoiando os Aliados. Participou das incursões na Itália (Monte Castelo,
Castelnuevo e Montese), e, com o término da guerra, havia enviado ao país 25.300 homens, dos
quais 15.000 participaram diretamente no conflito.
A Segunda Guerra provocou situações internas adversas: o estímulo à produção industrial na-
cional, mediante a necessidade de substituir as importações; o crescimento da inflação; o aumento
do custo de vida; o questionamento do governo ditatorial do Estado Novo - o Brasil, apoiando EUA e
Inglaterra, combatia os países que haviam inspirado o seu regime.

O Brasil na guerra
No início da guerra, Getúlio
Vargas – um político hábil e acos-
tumado a tirar proveito das situa-
ções de conflito – manteve o Bra-
sil neutro e conservou relações
comerciais tanto com os alemães
quanto com os norte-americanos.
Aos poucos, no entanto, foi se tor-
nando cada vez mais difícil para
o Brasil manter a neutralidade.
Em maio de 1941, o Brasil
conseguiu que os Estados Uni-
dos se comprometessem a finan- Ao voltarem para o Brasil, os pracinhas foram recebidos com entusi-
ciar parte da construção da Usi- asmo e desfilaram sob aplausos pelas avenidas das principais cida-
na Siderúrgica de Volta Redonda des em 1945. A participação do Brasil, apesar de modesta, foi signi-
(RJ), essencial ao crescimento ficativa. Além de contribuir para a derrota do nazi-fascismo, colabo-
da economia brasileira. Em tro- rou também para o fim da ditadura implantada pelo Estado Novo. A
ca, o Brasil daria permissão para FEB e a FAB haviam lutado pela democracia lá fora,então não havia
que os Estados Unidos instalas- sentido em apoiar uma ditadura aqui dentro.
sem bases aeronavaia no Nor-
deste. Consultando os arquivos pessoais de Vargas, uma historiadora descobriu que ele
era um estadista preocupado com a soberania nacional.
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9º Ano • Volume 02

Segundo essa historiadora,


“A concessão das bases do Nordeste foi por ele percebida como uma imposição: ou o
Brasil cedia parte de seu território ou seria considerado inimigo dos Aliados. O país era,
segundo Vargas, jogado em uma ‘aventura’ que não escolhera e que não controlaria”.
(D’ARAUJO, Maria Celina, O Estado Novo. p.49.)

Em janeiro de 1942, o Brasil de Vargas declarou-se a favor de uma união das Améri-
cas contra o Eixo. A Alemanha reagiu, mandando os seus submarinos torpedearem seis
navios mercantes brasileiros, causando a morte de centenas de pessoas. Inconformados
com a violência nazista, milhares de brasileiros saíram às ruas nas principais cidades do
país exigindo que o Brasil entrasse na guerra ao lado dos Aliados.
As pressões populares e do governo norte-americano fizeram com que Vargas decla-
rasse guerra ao Eixo em 22 de agosto de 1942. Para lutar contra os nazi-fascistas, o Brasil
treinou e enviou para a Itália a FEB (Força Expedicionária Brasileira). Formada por 25.334
homens e comandada pelo general Mascarenhas de Morais, a FEB conseguiu vencer ba-
talhas importantes, como as de Monte Castelo, Castelnuovo e Montese. O lema oficial
da FEB era “A cobra vai fumar”, uma resposta bem-humorada aos que afirmavam que era
“mais fácil fazer uma cobra fumar” que o Brasil mandar soldados para a guerra. Morreram
na Itália 450 soldados da FEB, e cerca de 3 mil foram feridos. A Força Aérea Brasileira
(FAB) também participou das operações de guerra na Itália. Nossos pilotos chegaram a
realizar 2.546 missões ofensivas.
Referência do BOXE; BOULOS JR, Alfredo. Coleção sociedade e cidadania, São Paulo, FTD, 2004 página 132

Visando respaldar o seu governo autoritário, fez uso de dois instrumentos em suas práticas
populistas: a política trabalhista (CLT) e o peleguismo (política sindical que atendia aos interesses do
Estado); com tais estratégias, Vargas acreditava influenciar as massas urbanas. Demonstrando cer-
ta abertura política, prometia eleições após o término da guerra.
A partir de 1943 a oposição ao governo foi se fortalecendo. Pressões por medidas democratizantes
partiam da imprensa, de empresários nacionais, de empresas ligadas ao capital externo, de intelec-
tuais e de representantes da política nacional e da sociedade brasileira. Nesse contexto, o presiden-
te marcou as eleições gerais para dia 2 de dezembro do mesmo ano. Entre as medidas democráti-
cas de Vargas, a libertação de presos políticos e a volta do pluripartidarismo foram mais expressivas.
Em 1945, emergiram novos partidos e novas lideranças. A UDN (União Democrática Nacional)
apoiava o brigadeiro Eduardo Gomes para a sucessão, além de fazer oposição a Vargas e combater
o comunismo. Era o partido dos liberais, das elites e do capitalismo internacional.
O PSD (Partido Social Democrático), apoiando o General Eurico Gaspar Dutra, representava os
interesses dos interventores e empresários varguistas.
O PTB (Partido trabalhista Brasileiro), o "partidão" de Getúlio, era apoiado pelo Ministério do
Trabalho e defendia os ideais getulistas.
O PRP (Partido de Representação Popular), liderado por Plínio Salgado, que havia retornado
do exílio, mantinha alguns aspectos da ideologia integralista.
A legalização do PCB (Partido Comunista Brasileiro) fez ressurgir o mais forte partido de es-
querda. Apoiava o engenheiro Yedo Fuíza.
As manobras políticas de Vargas, as suas medidas democráticas e o forte apelo popular contri-
buíram para a emergência de um novo fenômeno varguista: o queremismo. Lideranças trabalhistas
e comunistas mobilizaram as massas populares pela manutenção de Vargas no poder.
O queremismo foi um movimento político desencadeado no Brasil, no início de 1945, que visava
crias condições para a permanência de Vargas no poder, e caracterizava-se pelo refrão "queremos
Getúlio". Tal movimento ameaçava os interesses da UDN, do capital internacional e dos EUA.
Temendo o continuísmo, os militares, respaldados por empresários, obrigaram Vargas a renun-
ciar, o que ocorreu em 29 de outubro de 1945. José Linhares, presidente do Supremo Tribunal
Federal, assumiu interinamente.
As eleições de dezembro definiram o representante do PSD/PTB, o General Dutra, como o
novo presidente nacional, que assumiu em 1946. Vargas candidatou-se pelo senado gaúcho, ele-
gendo-se senador em seu estado natal.
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8.6 Nacionalismo e populismo


Getúlio Vargas é considerado um dos maiores
líderes políticos da América Latina. É inegável a sua
postura autoritária e conservadora, entretanto assu-
miu como bandeira política, como ideologia, a defe-
sa do capital nacional. Nas décadas de 1930 e 1950,
na ausência de um setor privado nacional com uma
produção relevante, o presidente criou o Estado em-
preendedor, em que propunha uma indústria nacio-
nal com capital nacional. Contudo, as tradições his-
tóricas de dependência econômica e tecnológica im-
pediram a realização dos sonhos varguistas.
O nacionalismo foi um aspecto fundamental de suas gestões, tanto na fase 1930-45, como na de
1951-54. Getúlio criou estatais, valorizou a produção interna e impulsionou a industrialização do Brasil.

O populismo no Brasil
"O populismo brasileiro surge sob o comando de Vargas
e os políticos a ele associados. Desde 1930, pouco a pouco, vai
se estruturando esse novo movimento político. Ao lado das me-
didas concretas, desenvolveu-se a linguagem do populismo. Ao
mesmo tempo em que os governantes atendem a uma parte
das reivindicações do proletariado urbano, vão se elaborando
as instituições e os símbolos populistas. Pouco a pouco, forma-
liza-se o mercado de força de trabalho, no mundo urbano-indus-
trial em expansão. Ao mesmo tempo, as massas passaram a
desempenhar papéis políticos reais, ainda que secundários. Assim, pode-se afirmar que a
entrada das massas no quadro das estruturas de poder é legitimada por intermédio
dos movimentos populistas. Inicialmente, esse populismo é exclusivamente getulista.
Depois, adquire outras conotações e, também, denominações. Borghismo, queremismo,
juscelinismo, janguismo e trabalhismo são algumas das modulações do populismo brasilei-
ro. No conjunto, entretanto, trata-se de uma política de massas específica de uma etapa
das transformações econômico-sociais e políticas no Brasil. Trata-se de um movimento
político, antes do que um partido político. Corresponde a uma parte fundamental das
manifestações políticas que ocorrem numa fase determinada das transformações verificadas
nos setores industrial e, em menor escala, agrário. Além disto, está em relação dinâmica
com a urbanização e o desenvolvimento do setor terciário da economia brasileira. Mais
ainda, o populismo está relacionado tanto com o comunismo em massa como com o apa-
recimento da cultura de massa. Em poucas palavras, o populismo brasileiro é a forma
política assumida pela sociedade de massa no país."

8.7 A Cultura na Era Vargas

A Era Vargas, principalmente na fase inicial, foi um


período de acentuado crescimento para a música popu-
lar. O rádio foi o grande protagonista, tornando-se o mais
poderoso veículo de comunicação em massa. Sobres-
saíram, nesse período, Alfredo de Viana Filho, o
Pixinguinha, Noel Rosa e Ari Barroso. Esse último com-
pôs, dentre outros sucessos, Aquarela do Brasil, que
praticamente se tornou um segundo "hino" do Brasil.
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PARTE 08 – A Revolução de 1930 e a Era Vargas

01 (FUVEST) Compare e explique as relações entre o governo brasileiro e o operariado, antes e


depois de 1930.

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02 (UNESP) Depois de muitos movimentos operários; lutas e reivindicações trabalhistas, os sindi-


catos foram legalizados:

(A) No decurso da Revolução Paulista de 1924.


(B) Através do Ato Institucional número 5 de 1968.
(C) No Governo Provisório de Vargas (1930-1934).
(D) Durante a Campanha do Contestado.
(E) Nos primórdios da República Oligárquica.

03 (UNESP)

"A fixação do ano de 1930 como um primeiro marco divisor da História do Brasil con-
temporâneo tem a artificialidade implícita em qualquer periodização, mas se justifica por
razões que se situam além da história política ou da simples tradição".

Sintetize algumas razões dessa periodização historiográfica.

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04 (G1) Por que Getúlio Vargas é conhecido como o "Pai dos pobres"?

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05 (G1) Destaque os aspectos políticos do Estado Novo de Getúlio Vargas, a partir de 1937.

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01 (UFMG) Leia o texto:

"Os deputados das profissões serão eleitos na forma da lei ordinária, por sufrágio
indireto das associações profissionais, compreendidas para este efeito, com os quatro gru-
pos afins respectivos, nas quatro divisões seguintes: lavoura e pecuária; indústria; comér-
cio e transportes; profissões liberais e funcionários públicos.
(BRASIL. Constituição de 1934).

A partir desse texto, pode-se afirmar que a Constituição Brasileira de 1934 inspirou-se no:

(A) Anarquismo.
(B) Comunismo.
(C) Corporativismo.
(D) Sindicalismo.
(E) Socialismo.

02 (UNESP) Decretada a extinção da Aliança Nacional Libertadora em 1935, seus membros, os


não moderados, organizaram a insurreição comunista que foi abafada pelo Governo Vargas.
Assinale a alternativa que apresenta a ação política subsequente e relacionada com a referida
insurreição:

(A) A proposta anti-imperialista e antilatifundiária, contida no programa da ANL, foi completa-


mente abandonada.
(B) Vargas, em proveito de seus planos ditatoriais, explorou o temor que havia ao comunismo.
(C) Dois meses após a Intentona, todos os presos políticos que aguardavam julgamento, fo-
ram colocados em liberdade.
(D) A campanha anticomunista das classes dominantes contribuiu para que Vargas abando-
nasse seus planos continuístas.
(E) Os revoltosos só se renderam depois de proclamada a suspensão definitiva do pagamento
da dívida externa.

03 (G1) A Revolução de 1932 pode ser explicada pela:

(A) Tentativa de recuperação do poder pela oligarquia paulista.


(B) Frustração dos tenentes que foram afastados do poder.
(C) Manipulação política das oligarquias nordestinas.
(D) Luta exclusiva em torno de uma nova Constituição.
(E) Insatisfação contra a ditadura de Getúlio Vargas.

04 (G1) Getúlio Vargas demorou a definir a sua posição em relação à II Guerra Mundial, mas
soube tirar proveito da situação. O seu apoio aos Aliados rendeu ao Brasil:

(A) As honras prestadas à FEB (Força Expedicionária Brasileira).


(B) A construção da Petrobrás.
(C) A perseguição dos submarinos alemães que, comprovadamente, afundaram cinco
navios brasileiros.
(D) O financiamento para a construção da Usina Siderúrgica de Volta Redonda.
(E) O retorno imediato à democracia.
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05 (UFRS) Observe a charge a seguir.

No contexto da evolução do cenário político mundial, esta charge faz alusão:

(A) À radicalização integralista do estado Novo.


(B) Ao processo de esquerdização de Getúlio Vargas.
(C) Ao dogmatismo político de Getúlio Vargas.
(D) À inflexibilidade ideológica do Estado Novo.
(E) Ao pragmatismo político de Getúlio Vargas.

01 (FUVEST)

"Vitoriosa a revolução, abre-se uma espécie de vazio de poder por força do colapso
político da burguesia do café e da incapacidade das demais frações de classe para assumi-
lo, em caráter exclusivo. O Estado de compromisso é a resposta para esta situação. Embo-
ra os limites da ação do Estado sejam ampliados para além da consciência e das intenções
de seus agentes, sob o impacto da crise econômica, o novo governo representa mais uma
transação no interior das classes dominantes, tão bem expressa na intocabilidade sagrada
das relações sociais no campo".
(Boris Fausto, A REVOLUÇÃO DE 1930: HISTORIOGRAFIA E HISTÓRIA)

(A) Explicite o que o autor apresenta como "Estado de compromisso".

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(B) Qual a relação entre "O Estado de compromisso" e a "intocabilidade sagrada das relações
sociais no campo"?

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02 (UNICAMP) Em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas discursava à nação através do rádio:

"A disputa presidencial estava levando o país à desordem. Os comunistas infiltravam-


se dia a dia nas instituições nacionais. A Nação corria perigo de uma luta de classes e os
partidos políticos inquietavam o nosso povo"

(A) Que argumentos Vargas usou para implantar o Estado Novo?

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(B) Cite duas características do Estado Novo.

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03 (UNESP) O Estado Novo (1937-1945) foi marcado pelo seu caráter centralizador, intervencionista
e autoritário. As forças opositoras ao regime valiam-se dessas características para denunciar a
"ação fascista" do governo.

No processo de crise desse Estado, cujo desfecho foi a deposição de Vargas, avalie a importância
da participação do Brasil na Guerra em oposição ao nazifascismo.

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04 (G1) Getúlio Vargas foi normalmente considerado um governante populista. Explique o que foi
o populismo.

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05 (G1) Com que finalidade Getúlio Vargas estimulou a indústria de base, criando empresas como
a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), a Petrobrás e a Companhia Vale do Rio Doce?

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01 (Enem 2009)

O autor da constituição de 1937, Francisco Campos, afirma no seu livro, O Estado


Nacional, que o eleitor seria apático; a democracia de partidos conduziria à desordem; a
independência do Poder Judiciário acabaria em injustiça e ineficiência; e que apenas o
Poder Executivo, centralizado em Getúlio Vargas, seria capaz de dar racionalidade im-
parcial ao Estado, pois Vargas teria providencial intuição do bem e da verdade, além de
ser um gênio político.
CAMPOS, F. O Estado nacional. Rio de Janeiro: José Olympio, 1940 (adaptado).

Segundo as ideias de Francisco Campos,

(A) Os eleitores, políticos e juízes seriam mal intencionados.


(B) O governo Vargas seria um mal necessário, mas transitório.
(C) Vargas seria o homem adequado para implantar a democracia de partidos.
(D) A Constituição de 1937 seria a preparação para uma futura democracia liberal.
(E) Vargas seria o homem capaz de exercer o poder de modo inteligente e correto.

02 (Enem 2009)

A partir de 1942 e estendendo-se até o final do Estado Novo, o Ministro do Trabalho,


Indústria e Comércio de Getúlio Vargas falou aos ouvintes da Rádio Nacional semanalmente,
por dez minutos, no programa "Hora do Brasil". O objetivo declarado do governo era esclare-
cer os trabalhadores acerca das inovações na legislação de proteção ao trabalho.
GOMES, A. C. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: IUPERJ / Vértice.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988 (adaptado).

Os programas "Hora do Brasil" contribuíram para:

(A) Conscientizar os trabalhadores de que os direitos sociais foram conquistados por seu es-
forço, após anos de lutas sindicais.
(B) Promover a autonomia dos grupos sociais, por meio de uma linguagem simples e de
fácil entendimento.
(C) Estimular os movimentos grevistas, que reivindicavam um aprofundamento dos direi-
tos trabalhistas.
(D) Consolidar a imagem de Vargas como um governante protetor das massas.
(E) Aumentar os grupos de discussão política dos trabalhadores, estimulados pelas palavras
do ministro.

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