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irmão bastardo de D. Fernando, o mestre de Avis D João I.

PARTE II: Esse processo, conhecido como a Revolução de Avis, as-


HISTÓRIA GERAL segurou não apenas a autonomia portuguesa como também
a influência da burguesia nesse Estado, dando continuida-
UNIDADE 01: de à idéia de expansão marítima e comercial para o
continente africano.
A CONTRUÇÃO DO MUNDO MODERNO
Esse pioneirismo lusitano se mostraria decisivo no
contexto das grandes navegações, determinando que os
portugueses se lançassem ao mar antes dos espanhóis,
A FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS MODERNOS que insistiam nas lutas contra os mouros.
Já a formação do Estado espanhol tem sua origem
As inúmeras fragilidades do sistema feudal, que já nas lutas dos reinos cristãos, como Leão, Navarra, Aragão
vinham se tornando evidentes desde o Renascimento Co- e Castela contra a presença muçulmana no sul da penín-
mercial no século XI, tornaram-se crônicas com a crise do sula ibérica, onde já haviam formado o Califado de
século XIV. Se por um lado, a economia dava sinais de es- Córdoba. A medida que estes reinos cristãos se uniam na
tagnação devido à falta de metais para a cunhagem de luta contra os mouros e, gradativamente, iam reconquis-
moedas acompanhar a retomada do comércio, por outro as tando territórios, conseguiam se fortalecer a partir das
constantes guerras e a peste desestruturaram a produção terras e riquezas conquistadas. O reino de Castela, em
na Europa. Esse clima de insegurança gerava frequentes especial, era o mais poderoso e influente, devido a sua
revoltas camponesas e demonstravam a necessidade de hegemonia territorial na península.
exércitos mais organizados e preparados do que aqueles
gerados pelas relações de vassalagem.
A burguesia em ascensão também reclamava maio-
res padronizações (no que diz respeito a moedas, línguas,
pesos e medidas) e o fim de tantos impostos e taxas esta-
belecidos pela nobreza feudal, como forma de assegurar a
continuidade do crescimento das atividades comerciais. Até
mesmo o resgate dos valores culturais da Antiguidade
Clássica, promovidos pelo Renascimento Cultural, já indi-
cavam as vantagens e a eficiência dos Estados
centralizados, tendo muitas vezes a estrutura romana como
matriz de referência.
Surge então uma relativa convergência de interesses
entre os grupos dominantes naquele momento de crise, que
se submetem a um novo ornamento jurídico de um Estado
centralizado, como forma de preservar seus privilégios. A
nobreza desgastada submetia-se ao poder real e até mes-
mo financiava o Estado e seus exércitos, em troca de uma
Quando os reis Fernando de Aragão e Isabel de
ordem e unidade favoráveis à retomada do comércio. A
Castela se uniram por meio de um casamento, os exércitos
nobreza passou a compor os quadros da burocracia estatal
se unificaram em definitivo e conquistaram Granada, o últi-
e reconheceu a soberania do rei, mantendo suas posses e
mo reduto dos mouros na península. A partir de então, em
sua legitimidade, apoiada pelo poder real, diante dos cam-
1492, a Espanha estava unificada e se lançaria no proces-
poneses. Nasciam assim, os Estados Nacionais Modernos,
so de expansão marítima.
legitimados ainda em grande medida pela esfera religiosa.
Os pioneiros desse processo foram os Estados
Nacionais surgidos na península ibérica. A retomada da
região por cristãos durante as guerras de reconquista e a
tentativa de expulsão dos muçulmanos, ainda por influência
das cruzadas, foi o primeiro passo para a constituição dos
reinos que originariam os Estados de Portugal e Espanha.
No caso português, a primeira afirmação de sobera-
nia do antigo condado de Portucale, feita ainda no século
XII por Afonso Henriques, não assegurava em definitivo o
afastamento das ambições de Castela em controlar a re-
gião. Somente com a disputa pela sucessão de D. Fernando
em 1383 é que a formação do Estado português caminhou
para sua consolidação. A posse de Beatriz, filha do rei mor-
to e casada com D. João I de Castela, assustou a burguesia
lusitana, que temia o retorno da influência castelhana. Mo-
bilizando as camadas populares da chamada arraia miúda,
os comerciantes derrotam Castela e entregam a coroa ao Os reis católicos: Fernando de Aragão e Isabel de Castela
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O nascimento de Estados Nacionais estimulou o 3. THOMAS HOBBES
surgimento de diversos teóricos que buscaram legiti-
mar e propor as estruturas desses novos Estados.

OS TEÓRICOS DO ESTADO NACIONAL MODERNO


Os pensadores que se debruçaram sobre a nature-
za, legitimidade e forma dos Estados Nacionais, apresentam
particularidades entre si.
Por isso é preciso compreender, em linhas gerais, a
visão de cada um desses principais pensadores.

1. NICOLAU MAQUIAVEL

Maquiavel é considerado
por muitos estudiosos o pai da
ciência política moderna. Isto
porque sua obra busca analisar
as relações políticas e formular
uma teoria de estado à luz da
racionalidade, inspirado pelo mo-
vimento renascentista de
Florença, onde nasceu. Para
Maquiavel, a política não pode
ser entendida como fruto da von-
tade divina, e sim das ações e
das capacidades do soberano. A imagem utilizada na capa da obra
Em sua principal obra, “O prínci- “O Leviatã”, de Thomas Hobbes.
pe”, defendeu que o governante
deve ter força e talento (virtú) para conduzir suas ações e
Muitos autores afirmam que o fato de Hobbes ter
não permitir que a sorte ou o acaso (fortuna) determinas-
vivenciado a turbulenta guerra civil da chamada Revolução
sem seus rumos.
Para isso, não deveriam existir limites éticos, morais Puritana foi decisivo para sua obra. Em seu Livro “O Leviatã”,
ou religiosos ao exercício de sua autoridade. Este livro, a de 1651, Hobbes afirma que a natureza humana é egoísta,
princípio apenas uma forma de aconselhar o Duque violenta e impulsiva. Essa condição nos tornaria natural-
Lorenzo de Médici na manutenção de seu poder, acabou mente inaptos à vida social, pois, na tentativa de se fazerem
se transformando em uma espécie de manual político, que prevalecer sobre os demais, cada um dos homens faria uso
muitos entendem como defesa do absolutismo da própria força, criando um caos generalizado que Hobbes
monárquico. Embora Maquiavel admirasse a república denominou de “guerra de todos contra todos”.
como forma de governo.
Para evitar esse quadro desolador, os homens teriam
como única opção o estabelecimento de um pacto, através
2. JACQUES BOSSUET do qual todos se submeteriam ao Estado, que passaria a
deter o monopólio da força. Este ato representaria o fim do
O bispo Jacques Bossuet buscou legitimar o Estado
caótico estado de natureza e a constituição do estado civil,
e o poder do soberano com base nas escrituras bíblicas,
sendo por esta razão o teórico do chamado “Direito Divino no qual os homens abrem mão da liberdade em troca da
dos Reis”. Para o autor, o trono real não pertence aos ho- preservação da vida e da ordem, garantidas por um sobe-
mens e sim a Deus, sendo o monarca o ministro da vontade rano de poderes plenos e ilimitados.
divina que a personifica em suas ações. Quaisquer institui- Outros nomes, como Jean Bodin (1530-1596) e Hugo
ções ou homens que se
Grotius (1583-1645), também deram suas contribuições no
opusessem às determinações re-
campo teórico. Bodin notabilizou-se por defender a tese de
ais estariam se opondo à vontade
do próprio Deus. Assim como no que o rei era a expressão do poder e autoridade do Estado,
caso de Maquiavel, é preciso sendo, portanto, absoluto e inquestionável. O rei não pode-
compreender essa obra dentro ria se sujeitar às leis do Estado uma vez que ele seria sua
de seu contexto, em que, como própria representação física. Já Grotius debruçou-se sobre
conselheiro de Luis XIX, Bossuet as relações entre os Estados Nacionais, o que leva muitos
precisava de uma teoria que as- a considerar esse pensador o fundador do direito internaci-
sociasse o poder real às onal. Suas obras defendem que as relações entre os
tradições católicas, diminuindo a Estados devem se pautar pela soberania, independência e
influência papal na coroa france- igualdade, além de afirmarem a existência de guerras jus-
sa.
tas e legítimas entre as nações, para solucionar impasses
que o direito e os tribunais não conseguem harmonizar.
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O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO
O processo de consolidação dos Estados Nacionais
modernos esteve intimamente associado ao fortalecimento 01 (UEPG) Formados a partir da crise política e social
da figura do rei. O monarca era entendido como um símbolo que pôs fim ao feudalismo, os Estados Nacionais Mo-
do Estado, ou mesmo uma de suas principais instituições. dernos emergiram na Europa trazendo consigo novas
Esse gerou a concepção de que o rei concentraria todos os
organizações e estratégias econômicas, sociais e,
poderes e funções do Estado em si mesmo. Valendo-se das
especialmente, políticas. É, portanto, neste cenário,
obras dos teóricos que legitimaram os estados modernos,
que nasceram as chamadas monarquias absolutis-
alguns monarcas se apresentavam como detentores do tro-
tas.
no por direito divino, sendo assim dono de uma autoridade
inquestionável, à qual nenhum súdito ou instituição poderia A respeito desse tema, assinale o que for correto.
se opor. Esta concentração de poder nas mãos do rei era 01) Em "O Príncipe", Nicolau Maquiavel considera
vista como demonstração de força do próprio reino, já que que não há limites morais ou éticos nas ações
monarca e Estado se confundiam nessa concepção. Desta de um monarca, desde que os atos praticados
forma, a medida que os estados organizavam seus impérios por ele tivessem como objetivo manter o Esta-
ultramarinos e enriqueciam com as práticas mercantilistas, o do funcionando de modo pleno.
poder do rei aumentava na mesma proporção.
02) Os Estados Modernos estão assentados no prin-
Embora não tenha sido único (D. Miguel em Portugal, cípio do contrato social, ou seja, o princípio de
Felipe II da Espanha e Jaime I na Inglaterra são outros ex- que todos são iguais perante as leis e que ne-
poentes deste modelo), a grande expressão dessa teoria nhum grupo social poderia ter privilégios em
foi o absolutismo francês durante o governo do rei Luis XIV. relação a outros. Além disso, o contrato social
O monarca, que se autoproclamava o “rei sol”, recusou a estabelece que os meios de produção perten-
figura de um primeiro-ministro, afastou a influência dos par- cem exclusivamente ao Estado e não aos indi-
lamentos locais e governou por todo o seu reinado de 72 víduos.
anos, sem convocar a assembléia dos Estados Gerais. O
monarca instituiu uma etiqueta própria para sua corte, que 04) O principal vínculo social dos monarcas absolu-
vigorou mesmo depois de sua morte e influenciou outras tistas foi com as camadas mais empobrecidas
casas reais de toda a Europa. Habitou o suntuoso Palácio da sociedade. Em todos os Estados Modernos
de Versalhes, que acabou se tornando um símbolo de gran- percebe-se um forte vínculo entre o rei e os cam-
deza e de seu próprio poder. poneses, por exemplo. Ao mesmo tempo, há um
nítido distanciamento entre o soberano e a bur-
No entanto é preciso perceber que o poder absoluto guesia nascente.
estava muito mais no plano teórico do que numa realidade
de fato. Ainda que cooptasse parte da nobreza, mantivesse 08) Formulada a partir das ideias de Jean Bodin e
os privilégios clericais e obtivesse grande respaldo dos gru- Jacques Bossuet, a teoria do direito divino dos
pos dominantes, o absolutismo monárquico criava uma reis partia do princípio que o poder real tem ori-
estrutura que sobrecarregava a burguesia e os populares gem divina e, portanto, voltar-se contra um rei
com os altos impostos, necessários para a manutenção do era o mesmo que se voltar contra Deus.
poder real e dos privilégios do clero e da nobreza. Essa 16) Uma das características centrais dos Estados
contradição seria o cerne das revoluções burguesas, em Nacionais Modernos foi o não investimento na
especial na França. formação de exércitos. Na medida em que os
reis centralizaram o poder e que as fronteiras
nacionais foram definidas, as estruturas milita-
res foram consideradas desnecessárias.

02 (UEM) Assinale o que for CORRETO sobre a confi-


guração política do Estado Moderno.
01) A Alemanha e a Itália foram os dois primeiros
países que adotaram o Estado Moderno Abso-
lutista como regime político.
02) Houve um processo de secularização da políti-
ca com o afastamento da influência da Igreja
nos assuntos do governo.
04) O poder nacional, centrado na figura do rei, es-
tava acima dos poderes regionais.
08) A criação de um exército permanente, assim
como a unificação das leis, fazia parte da confi-
guração do Estado Moderno.
16) Como um dos principais teóricos do Estado Mo-
derno, Jean Bodin defendia que a tirania era a
Luis XIV, o rei sol, tornou-se símbolo do melhor forma política para manter a harmonia
absolutismo monárquico social.
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03 (UEM) Sobre o absolutismo e a formação dos Esta- 05 (UEPG) Os Estados Modernos (ou Estados Nacio-
dos Modernos, assinale o que for CORRETO. nais Modernos) surgiram a partir do processo de
01) A oligarquia foi a primeira forma de governo do gradual centralização de poder na Europa e possuem
traços específicos adaptados à correlação de forças
Estado Moderno.
entre as classes sociais típicas da sociedade moder-
02) O mercantilismo foi o modelo econômico mais na. A respeito desse tema, assinale o que for correto.
significativo do período moderno. 01) O respeito à pluralidade étnica e às diversida-
04) O absolutismo é um regime em que o monarca des culturais dos povos são características en-
possui o poder absoluto, podendo decretar leis, contradas nas origens dos Estados Modernos.
02) Os Estados Modernos, em praticamente todas
criar e cobrar impostos, nomear funcionários e
as situações em que se configurou plenamen-
manter exércitos permanentes.
te, se estruturaram a partir de monarquias ab-
08) Para consolidar o Estado Moderno, as monar- solutistas.
quias nacionais adotaram algumas medidas 04) A centralização de poder levou ao aparecimen-
para garantir o controle político, tais como uma to de um corpo de funcionários, o qual ficou res-
ponsável pela execução de serviços públicos.
burocracia administrativa, leis e justiça
08) O estabelecimento preciso de fronteiras
unificadas e um sistema tributário centralizado.
territoriais serviu como forma de definição do
16) A política monetária dos Estados Modernos era espaço onde um determinado Estado exercia a
conhecida como monofisismo, ou seja, a ado- sua soberania.
ção de uma moeda única para toda a Europa. 16) Nos Estados Modernos, tanto as classes soci-
ais quanto os indivíduos possuem um conjunto
de direitos garantidos pelo próprio Estado.
04 (UEPG) Os chamados Estados Nacionais Modernos
emergiram na Europa a partir do final da Idade Mé- 06 (UEM) Assinale o que for CORRETO sobre os Esta-
dia, sendo que os primeiros casos datam do século dos Nacionais Europeus da Época Moderna.
XII e apresentam características bastante peculiares. 01) A ideia de que o poder dos monarcas é delega-
A respeito desse tema, assinale o que for correto. do por Deus está na base da fundamentação
01) A ascensão dos Estados Nacionais Modernos teórica do Estado Nacional.
correspondeu ao fim do absolutismo, uma for- 02) No processo de formação dos Estados Nacio-
ma secular de monarquia existente na Europa. nais, a burguesia e a nobreza se uniram para
A partir de então, todos os monarcas passaram combater o poder do rei e os privilégios dos se-
nhores feudais.
a governar sob os limites de constituições que
delimitavam os direitos e as funções dos reis. 04) Na Inglaterra e na França, os Estados Nacio-
nais fortaleceram o poder político e militar dos
02) A partir das unificações regionais que deram ori- príncipes e dos barões feudais.
gem aos Estados Nacionais Modernos, as for- 08) Thomas Hobbes figura como um dos teóricos
ças militares acabaram perdendo espaço. Na do Estado Nacional Absolutista.
medida em que a figura do monarca simboliza- 16) Para Nicolau Maquiavel, a plenitude do poder
va a ideia de nação e a identidade nacional, os do Estado Nacional se completaria com a sub-
exércitos perderam sentido e foram paulatina- missão do poder político ao poder da Igreja Ca-
mente enfraquecendo ao longo dos séculos XVII tólica.
e XVIII.
04) Portugal foi o primeiro país europeu a se unifi- 07 (IFSC) A monarquia fortalecida dos Estados Moder-
car em torno do que se entende por um Estado nos foi chamada de absolutista, ou seja, passou por
Nacional Moderno. Tal primazia se deu pelo es- um processo de centralização política. Sobre o abso-
forço coletivo dos portugueses na reconquista lutismo, assinale a soma da(s) proposição(ões)
cristã da Península Ibérica, então marcada pela CORRETA(S).
presença dos árabes. 01) Com a formação dos Estados Nacionais, os reis
08) A não formação de quadros burocráticos passaram a dispor de recursos para a formação
de exércitos regulares.
especializados foi um fator decisivo para o fra-
02) O regime absolutista estabeleceu a última de-
casso dos Estados Nacionais Modernos e que
marcação já vista de fronteiras entre os países
levou aos processos revolucionários dos sécu-
europeus.
los XVIII e XIX que puseram ao fim tal modelo.
04) O absolutismo foi construído por meio de uma
Geralmente, os monarcas indicavam parentes
crescente e complexa burocracia real.
ou amigos para a gestão pública.
08) Absolutismo e Estados Nacionais são sinônimos.
16) A organização administrativa, a unificação de ta- Não há Estado Nacional sem a adoção de regi-
xas e leis e a liberdade comercial no espaço do me absolutista.
reino, são fatores que explicam o apoio da nas- 16) Apesar do crescente controle promovido pelos
cente burguesia aos processos de centraliza- reis absolutistas, a cobrança de impostos era
ção política que levou a formação dos Estados ineficiente e mais desorganizada que nos esta-
Nacionais Modernos. dos feudais.
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08 (UEM) A respeito das manifestações populares, o fi- Quando virás, ó Encoberto,
lósofo Nicolau Maquiavel (1469-1527) afirma: "Eu digo Sonho das eras português,
que aqueles que condenam os tumultos entre os no- Tornar-me mais que o sopro incerto
bres e a plebe parecem reprovar aquelas coisas que De um grande anseio que Deus fez?
foram a causa primeira da liberdade em Roma. Con- Ah, quando quererás voltando,
sideram mais os rumores e os gritos que nasciam de Fazer minha esperança amor?
tais tumultos que os bons efeitos que eles provoca- Da névoa e da saudade quando?
vam e não veem que há em toda república dois Quando, meu Sonho e meu Senhor?
humores diversos, quais sejam, aquele do povo e
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/
aquele dos grandes, nem também que todas as leis texto/pe000004.pdf. Acesso em abril de 2018.
que são feitas em favor da liberdade nascem desta
desunião. [...] Não se pode com alguma razão cha- É correto afirmar que o poema de Fernando Pessoa
mar esta república de desordenada quando nela (A) retoma uma concepção mítica que, ao remon-
existem tantos exemplos de virtù, porque os bons tar ao desaparecimento de D. Sebastião, no sé-
exemplos nascem da boa educação, a boa educação culo XVI, possui raízes históricas em Portugal.
das boas leis e as boas leis daqueles tumultos que (B) vincula a resolução das dificuldades, até então
muitos condenam inadvertidamente" enfrentadas pela coroa portuguesa, ao apego
(MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a primeira ao Cristianismo, adquirindo um caráter
década de Tito Lívio. In: MARÇAL, Jairo.
messiânico.
Antologia de textos filosóficos, Seed-PR, p. 432).
(C) corrobora a visão, até então predominante em
Com base no texto citado, assinale o que for correto. Portugal, de que o retorno de D. João VI para a
01) Aquilo que é preconizado pelo filósofo como cau- Europa possibilitaria a superação das dificulda-
sa da liberdade política apenas caberia para o des reinóis.
contexto da Roma republicana e não para toda (D) esclarece, sem fundamentos místicos e históri-
e qualquer república. cos, os motivos do fim da dinastia e Avis e a
02) Os tumultos referidos no trecho expressam a ascensão dos Habsburgo ao trono português.
possibilidade de luta política de um povo, a sua (E) enaltece as Grandes Navegações portuguesas,
liberdade de participação na vida política do Es- cujo sucesso seria explicado pela união de fato-
tado. res religiosos e políticos.
04) Os tumultos, na medida em que geram benefí-
cios para a cidade, não podem ser recrimina- 02 (UNICAMP) Na formação das monarquias
dos, apesar do temor que provocam em um pri- confessionais da Época Moderna houve reforço das
meiro momento. identidades territoriais, em função de critérios de ca-
08) Os tumultos revelam a presença de dois grupos ráter religioso ou confessional. Simultaneamente,
políticos ou de dois humores antagônicos, quais houve uma progressiva incorporação da Igreja ao
sejam, aqueles que desejam a paz na cidade e corpo do Estado, através de medidas de caráter
patrimonial e jurisdicional que procuravam uma maior
aqueles que desejam a desunião entre os cida-
sujeição das estruturas e agentes eclesiásticos ao
dãos.
poder do príncipe. Na busca pela homogeneização
16) Os tumultos não são sinais de fraqueza de uma
da fé dentro de um território político, a Igreja cumpria
república, mas um índice de força política, na também papel fundamental na formação do Estado
medida em que revelam o engajamento político moderno por meio de seus mecanismos de
dos cidadãos de todas as classes políticas disciplinamento social dos comportamentos.
(Adaptado de Frederico Palomo, A Contra-Reforma em
Portugal, 1540-1700. Lisboa:Livros Horizonte, 2006, p.52.)

Considerando o texto acima e seus conhecimentos


sobre a Europa Moderna, assinale a alternativa cor-
reta.
01 (MACKENZIE) Analise o poema abaixo, composto
por Fernando Pessoa e disponível em sua obra Men- (A) Cada monarquia confessional adotou uma iden-
sagem. tidade religiosa e medidas repressivas em rela-
ção às dissidências religiosas que poderiam
'Screvo meu livro à beiramágoa. ameaçar tal unidade.
Meu coração não tem que ter. (B) Monarquias confessionais são aquelas unida-
Tenho meus olhos quentes de água. des políticas nas quais havia a convivência pa-
Só tu, Senhor, me dás viver. cífica de duas ou mais confissões religiosas,
num mesmo território.
Só te sentir e te pensar (C) São consideradas monarquias confessionais os
Meus dias vácuos enche e doura. territórios protestantes que se mostravam mais
Mas quando quererás voltar? propícios ao desenvolvimento do capitalismo
Quando é o Rei? Quando é a Hora? comercial, tornando-se, assim, nações
enriquecidas.
Quando virás a ser o Cristo (D) As monarquias confessionais contavam com a
De a quem morreu o falso Deus, instituição do Tribunal do Santo Ofício da
E a despertar do mal que existo Inquisição em seu território, uma forma de con-
A Nova Terra e os Novos Céus? trole cultural sobre religiões politeístas.
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03 (PUCSP) "(...) a instituição social da monarquia che- 05 (UFJF-PISM) Leia o texto a seguir e observe com
ga a seu maior poder na fase histórica em que uma atenção a imagem da pintura a óleo de um rei francês
nobreza em decadência já está obrigada a competir em um campo de batalha. Os dois estão relaciona-
de muitas maneiras com grupos burgueses em as- dos ao período dos Estados Absolutistas Modernos:
censão, sem que qualquer um dos lados possa "Como é importante que o público seja governado por
derrotar inapelavelmente o outro. A aceleração da um só, também importa que quem cumpre essa fun-
monetarização e da comercialização no século XVI ção esteja de tal forma elevado acima dos outros que
deu aos grupos burgueses um estímulo ainda maior ninguém se possa confundir ou se comparar com ele;
e empurrou fortemente para trás o grosso da classe não se pode retirar do seu chefe a mínima marca da
guerreira, a velha nobreza. Ao fim das Iutas sociais superioridade que o distingue...".
nas quais essa violenta transformação da sociedade RIBEIRO, R. J. A ética no Antigo Regime.
encontrou expressão, crescera consideravelmente a São Paulo: Moderna, 1999. p. 54.
interdependência entre partes da nobreza e da bur-
guesia."
ELIAS, Norbert. O processo civilizador.
Rio de Janeiro: Zahar, vol. II, p. 152.

O texto considera que o regime monárquico na Euro-


pa moderna
(A) resulta da competição e da crescente
interdependência entre a nobreza e a burgue-
sia. Assim, a monarquia se equilibrava numa
situação na qual nenhum dos grupos em luta
poderia ainda tornar-se vencedor.
(B) atinge sua força máxima com a ascensão e a
vitória dos grupos burgueses. Dessa forma, a
monarquia pôde deixar de mediar as lutas entre
a nobreza e os camponeses, e passou a apoi-
ar-se na burguesia.
(C) expressa a capacidade da nobreza vitoriosa para “Luís XIV diante de Maastricht” –
financiar a estrutura política, e a da burguesia Pierre Mignard (1673)
em fazê-la funcionar. De fato, a força do regime
Sobre os Estados Absolutistas, assinale a alternativa
foi maior onde as transformações econômicas
CORRETA:
foram mais aceleradas.
(A) a formação de exércitos permanentes, profissio-
(D) representa exclusivamente os interesses do pró-
nais e centralizados era o objetivo militar de
prio monarca. Na verdade, o poder real pode Estados Absolutistas que pretendiam defender
afirmar-se no contexto da vitória da burguesia suas fronteiras estabelecidas.
sobre a velha nobreza guerreira, que tinha man- (B) os exemplos mais característicos de Estados Ab-
tido o rei como seu representante. solutistas, nos quais o poder do monarca era
concentrado efetivamente na Europa, eram a
Itália e a Alemanha.
04 (FGVRJ) Soberania popular, igualdade civil, igualda-
(C) a política econômica dos Estados Absolutistas
de perante a lei - as palavras hoje são ditas com tanta
combatia as propostas que defendiam a unifi-
facilidade que somos incapazes de imaginar seu ca-
cação de impostos, moedas, pesos e medidas
ráter explosivo em 1789. Não conseguimos nos em todo seu território.
imaginar num mundo mental como o do Antigo Regi- (D) diferentes representações artísticas traziam a
me... imagem idealizada de monarcas dos Estados
DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette. Mídia, Absolutistas, caracterizando-os como indivídu-
cultura e revolução. Trad., São Paulo:
os semelhantes aos seus súditos.
Companhia das Letras, 2010, p. 30.
(E) a justificativa do poder exercido pela nobreza
As sociedades europeias do chamado Antigo Regi- nos Estados Absolutistas buscava se afastar do
me baseavam-se princípio da origem divina que lhe conferiria um
(A) no princípio da igualdade social e econômica e caráter ilimitado.
no direito divino de seus monarcas.
(B) na ordenação social hierárquica e em concep- 06 (ENEM PPL) O garfo muito grande, com dois dentes,
ções filosóficas ligadas a religiões. que era usado para servir as carnes aos convidados,
é antigo, mas não o garfo individual. Este data mais
(C) na perspectiva da desigualdade social e em dou-
ou menos do século XVI e difundiu-se a partir de
trinas religiosas democráticas.
Veneza e da Itália em geral, mas com lentidão. O uso
(D) na liberdade de expressão religiosa e no senti- só se generalizaria por volta de 1750.
mento nacionalista. BRAUDEL, F. Civilização material, economia e
(E) na efetivação da igualdade jurídica e na menta- capitalismo: séculos XV-XVIII; as estruturas do cotidiano.
lidade clerical. São Paulo: Martins Fontes, 1977 (adaptado).

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No processo de transição para a modernidade, o uso (C) pelo fortalecimento do poder político da Igreja
do objeto descrito relaciona-se à Católica, resultado de um processo de crescen-
(A) construção de hábitos sociais. te mercantilização de suas terras e de sua
(B) ntrodução de medidas sanitárias. consequente adequação ao mercado.
(C) ampliação das refeições familiares. (D) pelo processo de cercamento dos campos, com
(D) valorização da cultura renascentista. o consequente fortalecimento da nobreza feu-
(E) incorporação do comportamento laico. dal, a qual, com os altos impostos que pagava,
contribuiu decisivamente para o fortalecimento
do poder real.
07 (UNESP) Deveis saber, portanto, que existem duas
formas de se combater: uma, pelas leis, outra, pela
força. A primeira é própria do homem; a segunda, dos
animais. Como, porém, muitas vezes a primeira não
seja suficiente, é preciso recorrer à segunda. Ao prín-
cipe torna-se necessário, porém, saber empregar 01 (UERJ)
convenientemente o animal e o homem. [...] Nas ações
de todos os homens, máxime dos príncipes, onde não
há tribunal para que recorrer, o que importa é o êxito
bom ou mau. Procure, pois, um príncipe, vencer e
conservar o Estado.
Nicolau Maquiavel. O príncipe, 1983.

O texto, escrito por volta de 1513, em pleno período


do Renascimento italiano, orienta o governante a
(A) defender a fé e honrar os valores morais e sa-
grados.
(B) valorizar e priorizar as ações armadas em detri-
mento do respeito às leis.
(C) basear suas decisões na razão e nos princípios
éticos.
(D) comportar-se e tomar suas decisões conforme
a circunstância política.
(E) agir de forma a sempre proteger e beneficiar os
governados. Versalhes seria largamente imitado por monarcas por
toda a Europa, de Potsdam a Hampton Court, e da
Escandinávia a Nápoles. Era o centro de uma espé-
08 (UFU) A tranquilidade dos súditos só se encontra na cie de "estado teatral" no qual o ator principal, o próprio
obediência. [...] Sempre é menos ruim para o público monarca, interpretava uma série de rotinas. A manei-
suportar do que controlar incluso o mau governo dos ra de viver no palácio - a grande ostentação familiar,
reis, do qual Deus é único juiz. Aquilo que os reis pa- os rituais nos espaços públicos, o teatro do cotidiano,
recem fazer contra a lei comum funda-se, geralmente, até as atividades mundanas de acordar, fazer refei-
na razão de Estado, que é a primeira das leis, por ções e ir dormir - era imitada por nobres e monarcas
consentimento de todo mundo, mas que é, no entan- rivais.
to, a mais desconhecida e a mais obscura para todos Adaptado de JONES, C. The Cambridge Illustrated
History of France. Citado por KOPPER, M. E. Arquitetura,
aqueles que não governam. poder e opressão. Porto Alegre: UFRGS, 2004.
LUÍS XIV, Rei da França. Memorias. (Versão espanhola
de Aurelio Garzón del Camino). México: Fondo de Cultura Do século XVIII ao XIX, a construção de diversos pa-
Económica, 1989. p. 28-37 (Adaptado). lácios na Europa inspirados no Palácio de Versalhes
As palavras do rei Luís XIV exemplificam um comple- significou mais do que uma influência arquitetônica.
xo e longo processo sociopolítico, identificado com o Denomine esse modelo político inspirado em
que comumente chamamos de Idade Moderna e que Versalhes. Aponte, ainda, dois objetivos políticos dos
podia ser caracterizado. governantes europeus ao construírem palácios inspi-
rados na monumentalidade de Versalhes.
(A) por um crescente deslocamento do poder políti-
co da burguesia, que passou a ver a ascensão
da nobreza feudal, cada vez mais próxima do 02 (UNESP) É necessário a um príncipe, para se man-
poder e ocupando importantes cargos políticos. ter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou
deixe de valer-se disso segundo a necessidade. Dei-
(B) pela centralização administrativa sobre os xando de parte, pois, as coisas ignoradas
particularismos locais e pela crescente unifica- relativamente aos príncipes e falando a respeito das
ção territorial, ainda que os senhores de terra que são reais, digo que todos os homens, máxime os
não perdessem inteiramente seus privilégios. príncipes, por estarem mais no alto, se fazem notar
333
através das qualidades que lhes acarretam reprova- 04 (UFG) Leia o texto a seguir.
ção ou louvor. Isto é, alguns são tidos como liberais, A ilha de Utopia tem cinquenta e quatro cidades gran-
outros como miseráveis; alguns são tidos como pró- des e magníficas, onde todos falam a mesma língua,
digos, outros como rapaces; alguns são cruéis e outros têm os mesmos hábitos e vivem sob as mesmas leis
piedosos; perjuros ou leais; efeminados e pusilâni- e instituições. O governador conserva o cargo por toda
mes ou truculentos e animosos; humanitários ou a vida, a menos que se suspeite que o titular deseja
soberbos; lascivos ou castos; estúpidos ou astutos; instituir uma tirania. Uma lei proíbe que as questões
enérgicos ou indecisos; graves ou levianos; religio- de interesse público sejam discutidas durante menos
sos ou incrédulos, e assim por diante. E eu sei que de três dias, sendo crime de morte deliberar sobre
cada qual reconhecerá que seria muito de louvar que assuntos de Estado fora do Senado ou da Assembleia
um príncipe possuísse, entre todas as qualidades re- Popular. Aparentemente, isso é feito para impedir que
feridas, as que são tidas como boas; mas a condição o governador e os representantes das famílias cons-
humana é tal, que não consente a posse completa de pirem para ignorar os desejos da população e alterar
todas elas, nem ao menos a sua prática consistente; a Constituição.
é necessário que o príncipe seja tão prudente que MORE, Thomas. Utopia. São Paulo:
saiba evitar os defeitos que lhe arrebatariam o gover- Editora Martins Fontes, 2009. p. 82 e seq. (Adaptado).
no e praticar as qualidades próprias para lhe assegurar
a posse deste, se lhe é possível; mas, não podendo, Este texto integra a obra de Thomas Morus, publicada
com menor preocupação, pode-se deixar que as coi- em 1516, na Inglaterra governada por Henrique VIII.
sas sigam seu curso natural. Ao narrar a vida cotidiana em um país fictício, chama-
(Maquiavel. O Príncipe, 1983. Adaptado.) do Utopia, o autor descreve instituições políticas que
projetam um governo voltado à vida comunitária ide-
Identifique, exemplificando com passagens do texto, al. Com base no texto apresentado, explique como
a concepção de Maquiavel acerca da maneira como essa vida comunitária ideal
o governante deve se comportar. Indique dois elemen- a) revela os princípios que sustentam o processo
tos, presentes ou não no texto, que permitam associar de formação do Estado nacional moderno;
o pensamento de Maquiavel à visão de mundo dos b) expressa um elemento de crítica ao governo ab-
humanistas. solutista.

03 (UERJ)
05 (UERJ) Nos gráficos abaixo, as setas sugerem um
conceito fundamental na organização de uma pirâmi-
de social: o da mobilidade, ou seja, do deslocamento
de indivíduos ou grupos dentro da pirâmide.

Os séculos XVI e XVII marcaram a afirmação do ab-


solutismo político na Europa, embora com
particularidades em cada reino. Dois exemplos de reis
absolutistas são Felipe II, cujos domínios eram tão
vastos que se dizia que neles "o sol nunca se punha", No Antigo Regime, a tradição era um dos elementos
e Luís XIV, conhecido como "rei sol". fundamentais na definição da mobilidade na socieda-
Indique duas medidas estabelecidas pelo poder real de estamental.
que tenham auxiliado a afirmação do absolutismo Identifique a forma de mobilidade, vertical ou horizon-
político e dois fatores que funcionaram como resis- tal, que mais caracterizou a sociedade estamental e
tência ao processo de centralização política. explique como ela funcionava no Antigo Regime.
334
OS SISTEMAS COLONIAIS NO NOVO MUNDO
PARTE II:
HISTÓRIA GERAL A América colonizada conheceu, a partir do século
XVI, a implantação de diferentes modelos coloniais. Os
UNIDADE 02: objetivos de cada uma das metrópoles, a geografia de cada
O MERCANTILISMO E OS SISTEMAS COLONIAIS NA
área colonial e a própria conjuntura européia de então de-
AMÉRICA terminavam as particularidades da colonização de cada
região e suas mudanças com o passar do tempo. Via de
regra, podemos indicar três modelos a serem estudados,
Os mecanismos e práticas para promover suas eco- sempre observadas suas variações internas: a colonização
nomias. Embora cada país tenha desenvolvido suas portuguesa na América (objeto de estudo de outro capítulo
próprias ações, é possível estabelecer que, de um modo do presente material) a apresentação dos modelos coloni-
geral, essas práticas passavam pela intervenção do Esta- ais que vigoraram nas Américas espanhola e inglesa (que
do na esfera econômica, gerando monopólios e barreiras serão aqui estudados.)
alfandegárias. Também é importante ressaltar que não exis-
tiu uma teoria consistente sobre essas práticas até o século 1. A COLONIZAÇÃO ESPANHOLA
XVIII, quando os liberais nomearam esse conjunto de ações
econômicas do Estado para criticá-las. Os primeiros contatos entre os espanhóis e os nati-
Uma preocupação presente nas ações mercantilistas vos devem ser entendidos sob os dois ponto de vista. Os
era a defesa da economia nacional contra a concorrência espanhóis, geralmente particulares que dispunham de re-
estrangeira. Neste sentido, o protecionismo alfandegário foi cursos próprios para organizar as primeiras ocupações com
essencial, pois estabelecia taxas e impostos sobre os pro- o consentimento da coroa, desde que pagassem os impos-
dutos estrangeiros, afim de encarecê-los e torná-los menos tos devidos ao rei, vinham atraídos pelos relatos de
competitivos, estimulando a compra da produção nacional. abundância de metais. Mitos como o “El dourado” aguça-
Ainda é preciso perceber que os impostos, tanto sobre os vam a cobiça dos primeiros conquistadores como Cortez e
produtos estrangeiros quanto sobre a renda nacional, eram Pizarro que, em busca de saciar sua sede de ouro, promo-
a origem das receitas do próprio Estado. veram um verdadeiro genocídio dos nativos. Alguns
Essa prática também estava associada à constante historiadores falam em 3 milhões de indígenas mortos pe-
busca por uma balança comercial favorável, onde as expor- las doenças, armas de fogo, guerras e escravidão, impostas
tações deveriam superar as importações, em busca de um pelos espanhóis.
superávit comercial. A criação de empresas monopolistas No tocante aos povos nativos, a considerável superi-
também teve grande destaque no mercantilismo, principal- oridade numérica destes em relação aos espanhóis e o
mente, no que diz respeito à exploração dos mercados domínio que possuíam sobre o território tornam difícil a com-
coloniais e seus respectivos produtos. preensão da conquista espanhola, a menos que analisemos
O caráter da economia mercantilista variou de acor- alguns aspectos. Em primeiro lugar, precisamos lembrar
do com cada Estado. No caso dos Estados da península que os povos nativos não constituíam um grupo homogê-
ibérica (Portugal e Espanha) a orientação era no sentido neo. A civilização Maia ,por exemplo, era constituída por
da acumulação primitiva de riquezas, denominada Cidades-Estados autônomas e, ao que tudo indica, esta-
metalismo e bulionismo, respectivamente. É importante vam em conflitos entre si quando os espanhóis chegaram,
observar que esses países que não estimularam a produ- o que teria facilitado a conquista. No caso do Império Asteca,
ção manufatureira, acabaram gerando, a longo prazo, havia uma dominação sobre vários povos, que eram sub-
economias vulneráveis e dependentes. metidos a tributos e até mesmo a sacrifícios humanos. Esse
Em contrapartida, nações como Holanda, Inglaterra quadro estimulava o desejo de liberdade de alguns povos,
e França adotaram práticas bastante distintas do modelo que foi habilmente explorado pelos europeus. Por fim, o
ibérico. Os holandeses investiram na criação de empre- império Inca vivenciava uma grave disputa interna pelo po-
sas monopolistas como a WIC (Companhia das Índias der, que havia lançado o império em uma espécie de guerra
Ocidentais) estimulando os comerciantes do país, geral- civil, enfraquecendo suas defesas. Além disso a varíola
mente com fortes ligações com os grandes banqueiros. O espalhou-se violentamente entre a população nativa, no
mercantilismo francês, sobretudo durante o período em mesmo momento em que a ofensiva de Pizzaro e seu efe-
que Jean-Batiste Colbert atuou como ministro do rei Luis tivo militar atacaram aquele que fora o maior império nativo
XIV, estimulou a produção manufatureira de artigos de luxo, na América pré-colombiana. As mitologias e lendas dos
além de investir na tentativa de conquistar maiores espa- indígenas sobre uma possível vinda de deuses à América,
ços para suas companhias comerciais na América. No caso que os nativos teriam associado aos espanhóis e seus ca-
do mercantilismo inglês, houve um intenso desenvolvimen- valos, também é frequentemente apontada como um fator
to da indústria naval, mercantil e militar, principalmente que teria diminuído a resistência dos povos conquistados.
durante a gestão de Cromwell que adotou os Atos de Na- Após o momento inicial de conquista, a coroa espa-
vegação em 1651. Além disso, a mentalidade nhola tratou de organizar efetivamente a colonização de
empreendedora do mercantilismo inglês, somada à parti- seus domínios no “Novo Mundo”, que foram estabelecidos
cipação política da burguesia a partir do século XVII, pelo tratado de Tordesilhas de 1494. Para isso, constituiu o
estimulariam cada vez mais os caminhos da industrializa- Conselho das Índias, como órgão que assessorava o
ção inglesa, colocando a Inglaterra bem à frente de monarca na administração da empresa colonial, inclusive
monarquias pioneiras, como Portugal e Espanha. quanto à nomeações.
335
A sociedade da América espanhola estava politica-
mente dividida em vice-reinos e capitanias, onde o poder
político era exercido pelos Chapetones, representantes da
metrópole e nela nascidos. Os descendentes desses
Chapetones, mas nascidos na América eram os Criollos,
que compunham uma elite econômica dona das terras, que
se fazia representar politicamente pelos Cabildos, que eram
órgãos de administração local. Mestiços,de um modo ge-
ral, desempenhavam algumas atividades livres, como o
comércio e o artesanato, estando socialmente acima de A Inglaterra, por sua vez, via nesse desenvolvimento
nativos e negros. algumas vantagens. A coroa acreditava que a autonomia
No tocante à questão comercial e tributária, os reis conferida aos colonos estaria estimulando um desenvolvi-
espanhóis também buscaram a centralização administrati- mento que geraria lucros para a Inglaterra, pois considerava
va através da Casa de Contratação e do sistema de Porto ter a lealdade dos súditos da colônia e estava confiante de
Único, que visava combater o contrabando e assegurar o que a qualquer momento poderia estabelecer claramente
monopólio de comércio. Outro aspecto fundamental é com- os limites do pacto colonial sobre suas 13 colônias ameri-
preender as relações de trabalho que se estabeleceram na canas. Essa postura inglesa ficaria conhecida como
América espanhola. Algumas dessas relações se aprovei- “negligência salutar”.
taram de práticas conhecidas pelos povos pré-colombianos
como a Mita, onde os nativos exerciam um trabalho tempo-
rário e compulsório em minas ou plantações, em troca de
comida, aguardente ou metais. Havia também a
Encomienda, onde os nativos eram profundamente explo-
rados em troca apenas de “instrução religiosa”. 01 (UEM-PAS) "As práticas mercantilistas variaram no
tempo e no espaço, ou seja, não foram as mesmas
2. A COLONIZAÇÃO INGLESA para todos os Estados nem foram adotadas em con-
junto no mesmo período. Mesmo assim, no geral,
A história da colonização inglesa na América conserva apresentam características comuns, como a interven-
profundas diferenças com relação ao modelo espanhol. A ção do Estado na economia (com o objetivo de
começar pelo fato de que a coroa inglesa não dispunha, no regulamentá-la), a busca da balança comercial favo-
início do século XVI, de recursos ou mesmo de população rável, o metalismo e o protecionismo alfandegário
para organizar a implantação de um eficaz modelo de colo- visando ao fortalecimento do Estado e da riqueza na-
nização na América, sob a tutela do Estado. As cional"
(BRAICK, P. R.; MOTA, M. B. História: das cavernas
transformações políticas, econômicas e religiosas vividas pela
ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 2012, p.191).
Inglaterra no século XVII é que viriam a estimular o fluxo
migratório para o outro lado do Atlântico, levando Sobre o mercantilismo, assinale o que for CORRE-
TO.
gradativamente (a primeira delas foi a Virgínia, em 1607, que
recebe este nome como uma homenagem à rainha Elizabeth 01) A exploração colonial portuguesa procurou pro-
I “a rainha virgem”) à formação de treze colônias inglesas na mover superavit na balança comercial, no perí-
odo entre os séculos XVI e XVIII, por meio do
faixa atlântica do norte do continente americano.
monopólio do comércio do pau-brasil e de es-
As condições climáticas da parte sul dessas colôni- peciarias orientais.
as, por serem favoráveis ao cultivo de gêneros interessantes 02) O metalismo foi a característica central do
à metrópole, como o tabaco e o algodão, acabaram se de- mercantilismo nos países ibéricos, principalmen-
finindo sob o modelo tradicional de Plantations (grandes te na Espanha. A riqueza estava diretamente
latifúndios, escravistas e monocultores, voltados para a relacionada à capacidade de acumular ouro e
exportação de produtos para a metrópole). Já as colônias prata no reino. Entre os séculos XVI e XVII, a
da faixa norte, desenvolveram considerável autonomia em descoberta de metais preciosos na América
Espanhola levou os espanhóis a adotarem uma
relação à metrópole, e não estavam submetidas, ao menos
política de entesouramento.
na prática, a nenhum efetivo controle da Inglaterra. Essa
04) As conquistas ultramarinas produziram transfor-
região buscou, gradativamente o desenvolvimento mações tanto na Europa como nas Américas. O
manufatureiro e conservou o predomínio de relações de comércio se tornou mundial, deslocando o eixo
trabalho livre ou assalariadas, embora houvessem casos econômico do Mediterrâneo para o Atlântico. Os
de escravidão e servidão temporária para alguns recém- italianos perderam de vez o monopólio comer-
chegados e de poucos recursos. cial.
Esses núcleos de povoamento ao norte, em geral for- 08) Na Holanda, a burguesia desenvolveu política
mados ou influenciados pelo pensamento puritano de mercantilista bem sucedida baseada na Com-
panhia das Índias Orientais e na das Índias Oci-
estímulo ao trabalho, experimentaram um bom desenvolvi-
dentais (ambas com frota mercante capacitada
mento interno, aproveitando-se da autonomia que usufruíam
para transportar cargas pesadas ao longo das
em relação à metrópole, chegando inclusive a desenvolver rotas marítimas), encarregadas de explorar o
comércio com outras regiões, como no clássico “Comércio comércio, com suporte do Banco de Amsterdã.
Triangular”. Embora houvesse vários modelos de comércio 16) O protecionismo foi a política mercantilista ado-
triangular, envolvendo inclusive a própria Inglaterra, o mo- tada pela Inglaterra para proteger o mercado in-
delo clássico desse comércio pode ser representado como terno e sua indústria têxtil da concorrência dos
na figura a seguir: produtos industrializados italianos e alemães.
336
02 (UEPG) O século XVI ficou conhecido como o perío- primeiro momento de expansão transoceânica da his-
do das Grandes Navegações e significou o momento tória ocidental. Com o descobrimento dos caminhos
em que a América foi ocupada e dominada por na- marítimos, para o controle do comércio oriental, e a
ções europeias como Portugal e Espanha. A respeito colonização da América, formaram-se os impérios
da colonização no século XVI, assinale o que for cor- mercantilistas dos séculos XVI, XVII e XVIII."
reto. (LINHARES, M. Y. Em face do Imperialismo e do
Colonialismo. In: SILVA, F. C. T; CABRAL, R.;
01) As Capitanias Hereditárias correspondem a uma MUNHOZ, S. (org.). Impérios na História.
das primeiras formas de administração portu- Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, p. 235)
guesa no território americano.
01) Com o objetivo de preservar a economia
02) A plantation, caracterizada pelas vastas propri- mercantilista, os monarcas ingleses do século
edades monocultoras e pelo uso do trabalho es- XVII incentivaram o desenvolvimento de fábri-
cravo, foi um dos modelos de colonização des- cas que utilizavam a energia a vapor como for-
se período. ça motriz.
04) Diferentes dos portugueses, os espanhóis não 02) O fortalecimento dos Estados Nacionais vincu-
combatiam a prática de outras religiões em suas la-se às determinações e às práticas
colônias, estabelecendo, por conta disso, uma mercantilistas estabelecidas pelos Reis.
relação bastante amistosa com os ameríndios.
04) Ao longo do período de predomínio das ideias e
08) Nas colônias espanholas, os adelantados eram das práticas mercantilistas, ocorreu, na Ingla-
os beneficiados da Coroa que vinham para a terra, um crescimento da produção e do comér-
América em busca de riquezas. cio de produtos têxteis.
16) Tanto portugueses como espanhóis priorizaram 08) Com a exportação de produtos manufaturados
o uso da escravidão indígena em suas colôni- para a Europa, houve uma maior distribuição de
as, usando o trabalho escravo negro apenas renda nas colônias.
como complementar ou acessório.
16) As ideias dos iluministas da Revolução France-
sa serviram de base para fundamentar os Esta-
03 (UEM) A colonização da América pelos europeus, na dos Absolutistas e a prática da economia
época moderna, assumiu distintas configurações. A mercantilista.
esse respeito, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) Em países como Estados Unidos, Austrália e An- 05 (UFSC) Leia.
gola, a colonização foi caracterizada pelo de- IMPERIALISMO ECOLÓGICO
senvolvimento de lavouras modernas, com a
utilização intensa de tecnologia. Os emigrantes europeus e seus descendentes estão
02) Em algumas regiões da colonização inglesa da em toda parte, e isso exige uma explicação. Mais do
América do Norte, predominaram a grande pro- que qualquer outra, é difícil explicar a distribuição pelo
priedade agrícola e o trabalho escravo; em ou- mundo dessa subdivisão da espécie humana. A loca-
tras, prevaleceram a pequena propriedade e o lização das outras subdivisões faz sentido que é óbvio.
trabalho familiar com uma produção É na Ásia que vive a maior parte das muitas varieda-
diversificada. des de asiáticos. Os africanos negros vivem em três
continentes, mas a maioria concentra-se nas latitu-
04) Em regiões onde as condições ambientais im-
possibilitavam as atividades agrícolas, foram de- des originais, os trópicos, situando-se face a face com
senvolvidas atividades manufatureiras, como, o oceano de permeio. Os ameríndios, com poucas
por exemplo, nas Antilhas. exceções, vivem nas Américas, e praticamente todos
os aborígenes australianos habitam a Austrália. Os
08) Na colonização francesa do Canadá, foi adota-
esquimós vivem nas terras circumpolares, e os
do o sistema de Capitanias hereditárias. Inspi-
melanésios, polinésios e micronésios espalham-se por
rada no modelo português, a França concedia
ilhas de um só oceano, por maior que seja este. To-
grandes propriedades à Alta Nobreza.
dos esses povos expandiram-se geograficamente —
16) Na colonização do litoral nordestino brasileiro,
cometeram, se assim quisermos, atos de imperialis-
predominou a produção mercantil voltada - prin-
mo —, mas expandiram-se por áreas adjacentes ou
cipalmente, mas não exclusivamente - para o
pelo menos próximas àquelas em que já viviam, ou,
mercado externo.
no caso dos povos do Pacifico, foram para a ilha mais
próxima e desta para a seguinte, não importa quantos
04 (UEM) Leia o fragmento abaixo e assinale a(s) quilômetros de água houvesse entre uma e outra. Os
alternativa(s) correta(s) sobre os Tempos Modernos. europeus, ao contrário, parecem ter brincado de pu-
"Os chamados Tempos Modernos que, para os paí- lar carniça por todos os quadrantes do globo.
ses do Mediterrâneo Ocidental e da orla atlântica do CROSBY, Alfred W. Imperialismo ecológico:
continente europeu, nasceram da crise do sistema a expansão biológica da Europa. 900-1900.
feudal e da gestação do capitalismo conheceram o São Paulo: Companhia das Letras. 1993. p. 13.
337
O texto de Alfred Crosby nos remete aos impactos 07 (UEPG) A expansão europeia na Idade Moderna atin-
sociais, econômicos, culturais e, também, ambientais giu o mundo todo, mas de diferentes maneiras. A
da expansão e dominação europeia sobre as Améri- expansão compreendeu desde viagens isoladas de
cas. Considerando isso, assinale a(s) proposição(ões) aventureiros, que apenas revelavam a existência de
CORRETA(S). lugares até então não assinalados no mapa, até a
01) No processo de dominação das Américas pelos conquista e ocupação de territórios que se incorpora-
europeus, ocorreu o genocídio da população ram, como colônias, aos estados europeus. Sobre este
ameríndia, tanto através das armas quanto de tema, assinale o que for correto.
doenças como a varíola e a gripe, transmitidas 01) Muitas vezes o equilíbrio do continente europeu
pelos conquistadores. dependia e se decidia nas colônias ultramari-
02) Como resultado da dominação europeia nas nas e na disputa pelas rotas comerciais e de
Américas, está a introdução de espécies ani- navegação.
mais, como o cavalo e a vaca, e vegetais, como 02) Mais do que a curiosidade, o desejo de novas
o trigo e a cevada. descobertas e uma carência de especiarias, o
04) O plantation, sistema adotado pelos europeus que movia as grandes viagens marítimas
em suas colônias de exploração nas Américas, europeias em direção a espaços desconheci-
era muito utilizado na Europa pelos produtores dos era a "sede de ouro", grave mal-estar eco-
rurais das mais diversas regiões do continente nômico que acometia a sociedade ocidental
desde a Idade Média. desde os finais do século XV.
08) A cana-de-açúcar e o milho são exemplos de 04) O Estado moderno, através da atividade comer-
culturas agrícolas nativas das Américas domes- cial que caracterizava as grandes empresas
ticadas pelos europeus e, posteriormente, trans- europeias, buscava a balança comercial favo-
formadas em produtos básicos do sistema de rável.
plantation adotado no continente durante o pe- 08) A política econômica dos Estados modernos eu-
ríodo colonial. ropeus se fundava nas práticas da livre concor-
16) A introdução de diversas espécies vegetais nas rência, do metalismo e da restrição às importa-
Américas durante o período colonial demonstra ções.
a preocupação dos colonizadores europeus com 16) As relações de trabalho caracterizavam-se pelo
o desmatamento das florestas no Novo Mundo. uso generalizado da mão de obra livre e assala-
32) Durante o período colonial, os europeus riada, especialmente nas colônias ibéricas da
desconsideraram completamente os conheci- América.
mentos das populações ameríndias e acabaram
implantando nas Américas as mais modernas
técnicas agrícolas adotadas na Europa. 08 (UNIOESTE) A modernidade abriu um cenário onde
a Europa buscou novas fronteiras através da
internacionalização dos mercados, sendo que
06 (UEPG) Recentemente o Papa Bento XVI afirmou que ( ) o mercantilismo foi considerado uma política a
aconteceram "sofrimentos" e "injustiças" durante o
serviço do Estado.
processo de colonização da América. A respeito da
colonização ibérica no continente americano, assina- ( ) o mercantilismo se caracterizou pela balança
le o que for correto. comercial favorável, pelo protecionismo e pelo
monopólio comercial.
01) Na prática, o "pacto colonial" consistia em um
instrumento que prendia política e economica- ( ) as colônias deviam organizar a produção de
mente a colônia à metrópole. acordo com as demandas do comércio das me-
trópoles.
02) A valorização das culturas nativas da América
por parte de espanhóis e portugueses resultou ( ) os governos intervinham nos mercados para pro-
num claro processo de integração social e cul- teger a economia nacional.
tural entre América e Europa após o fim do perí- ( ) as políticas protecionistas buscavam amparar
odo colonial. os interesses dos produtores de matérias-pri-
04) A escravidão somente passou a ser empregada mas.
nas colônias portuguesas e espanholas a partir ( ) os estados e as empresas buscavam, acima de
do século XVIII, momento em que foram encon- tudo, o bem-estar social.
tradas as primeiras reservas minerais no conti-
nente americano.
08) Do ponto de vista econômico, o projeto colonial
ibérico se baseou principalmente na
estruturação de atividades artesanais e indus-
triais nas colônias. 01 (UFRGS) Após a Conquista da América, o governo
16) A Igreja Católica e as coroas ibéricas estiveram espanhol implementou a "encomienda", um sistema
intimamente associadas no processo de coloni- de exploração do trabalho indígena em benefício da
zação da América. emergente elite conquistadora.
338
Assinale a alternativa que indica características da 03 (UPF) Na conquista europeia da América, muito mais
"encomienda". do que na guerra, os processos de trabalho e o
consequente controle disciplinar imposto pelos espa-
(A) Divisão do território conquistado em pequenas
nhóis resultaram na mortandade da população nativa.
propriedades a serem trabalhadas de forma con- Dentre os processos de trabalho impostos aos indí-
junta por ameríndios e espanhóis. genas e que resultaram em sua dizimação, podemos
(B) Escravização comercial dos ameríndios através apontar
do incentivo ao tráfico transatlântico de cativos (A) o assalariamento, que era pago em valores muito
indígenas, organizado pelo Coroa espanhola. baixos e geralmente em espécie.
(C) Permissão para a utilização do trabalho com- (B) a peonagem, na qual os indígenas trabalham
em troca de comida, embora essa fosse racio-
pulsório indígena e extração de tributos dos
nada.
ameríndios por parte dos espanhóis.
(C) a escravidão imposta aos indígenas, semelhante
(D) Implementação de grandes propriedades rurais à dos africanos trazidos para América para tra-
onde estava formalmente proibida a utilização balhar na extração de metais.
do trabalho compulsório indígena. (D) a encomienda, forma de trabalho compulsório
imposto a toda uma tribo para executar serviços
(E) Consolidação de relações laborais, baseadas na
agrícolas e de mineração.
adoção do trabalho assalariado como forma
(E) a parceria, na qual os indígenas eram obriga-
mais comum de exploração da mão de obra dos a trabalhar na agricultura e nas minas, des-
ameríndia. tinando dois terços da produção aos espanhóis.

02 (MACKENZIE) Ao analisar o processo de conquista 04 (ENEM) O encontro entre o Velho e o Novo Mundo,
da América pelos espanhóis, o historiador Héctor Bruit que a descoberta de Colombo tornou possível, é de
afirmou: um tipo muito particular: é uma guerra - ou a Conquis-
"O que mais chama a atenção em todo esse proces- ta -, como se dizia então. E um mistério continua: o
so da conquista americana é a atitude dos indígenas resultado do combate. Por que a vitória fulgurante, se
em relação ao cristianismo. Documentos diversos os habitantes da América eram tão superiores em
atestam que os índios simulavam ser cristãos por meio número aos adversários e lutaram no próprio solo?
dos significados das formas, rituais e gestos da nova Se nos limitarmos à conquista do México - a mais es-
religião, mas no fundo a simulação lhes permitia en- petacular, já que a civilização mexicana é a mais
brilhante do mundo pré-colombiano - como explicar
cobrir suas crenças idólatras"
que Cortez, liderando centenas de homens, tenha
Héctor Hernan Bruit. Bartolomé de las Casas e a conseguido tomar o reino de Montezuma, que dispu-
simulação dos vencidos. Campinas/São Paulo:
nha de centenas de milhares de guerreiros?
Editora da UNICAMP/Iluminuras, 1995, p.16.
TODOROV. T. A conquista da América. São Paulo:
É correto afirmar, pela análise do excerto, que Martins Fontes. 1991 (adaptado).
(A) a conquista militar dos espanhóis possibilitou a No contexto da conquista, conforme análise apresen-
imposição do cristianismo no continente ameri- tada no texto, uma estratégia para superar as
cano. Por isso, tentativas de sobrevivência e disparidades levantadas foi
ressignificação de símbolos religiosos, por par- (A) implantar as missões cristãs entre as comuni-
te dos indígenas, não surtiram efeito. dades submetidas.
(B) a conquista da América envolveu complexas re- (B) utilizar a superioridade física dos mercenários
lações entre conquistadores e conquistados. africanos.
Nessas relações, concepções religiosas, estra- (C) explorar as rivalidades existentes entre os po-
tégias de domínio e sobrevivência e vos nativos.
ressignificação de símbolos se fizeram presen- (D) introduzir vetores para a disseminação de do-
tes. enças epidêmicas.
(E) comprar terras para o enfraquecimento das
(C) as relações entre espanhóis e indígenas foram
teocracias autóctones.
permeadas por conflitos e estranhamentos cul-
turais. Daí a necessidade europeia de impor o
cristianismo aos nativos e, com isso, angariar 05 (FUVEST) A imagem representa a morte de
Atahualpa, o último imperador inca, em 1533, após a
fundos pecuniários à Igreja na América.
conquista espanhola comandada por Francisco
(D) os conquistados, ao ressignificar símbolos cul- Pizarro.
turais dos conquistadores espanhóis, simularam
a sobrevivência de sua própria cultura. Daí a
facilidade com que as populações nativas fo-
ram aculturadas durante a conquista.
(E) os embates culturais foram constantes em todo
o processo da conquista. Nesses embates, o
consenso pela autodeterminação das popula-
ções indígenas ajuda a explicar o sucesso do
empreendimento espanhol na América.
339
Analise as quatro afirmações seguintes, a respeito da Assim, os costureiros que atendiam à nobreza passa-
empresa e da conquista colonial espanhola no Peru e ram a apresentar uma coleção de roupas no inverno
da representação presente na imagem. e outra no verão - sem se esquecer de incluir acessó-
I. A conquista foi favorecida pelo conflito interno rios como leques, capas, sombrinhas, casacos etc.
entre os dois irmãos incas, Atahualpa e Huáscar, entre os itens.
aproveitado pelas forças espanholas lideradas O rei decretou ainda que os nobres que desejassem
por Francisco Pizarro. visitá-lo no Palácio de Versalhes deveriam se vestir
II. A produção agrícola das plantations escravistas apenas com modelos da última moda, e teve a ideia
constituiu-se na base econômica do vice-reina- de financiar a produção de catálogos que apresenta-
do do Peru, controlado pelos espanhóis. vam as novas coleções. Dessa forma, a aristocracia
III. Do lado esquerdo da pintura, há uma movimen- francesa e do resto da Europa podia selecionar os
tação conflituosa, na qual as mulheres incas são itens que desejava comprar."
contidas por guardas espanhóis, contrastando Você sabia que Rei Luís XIV da França foi o inventor
com a expressão ordenada e solene do lado di- da alta costura? Por Maria Luciana Rincon.
reito, composto por religiosos e autoridades es- Disponível em: http://www.megacurioso.com.br/
personalidades/75642-voce-sabia-que-rei-luis-xiv-da-franca
panholas em torno do corpo do imperador inca.
-foi-o-inventor-da-altacostura.htm. Acesso em: 12 fev 2017.
IV. A pintura revela o resgate de elementos históri-
cos - importante para a construção do ideário O Mercantilismo foi uma série de práticas de enrique-
nacionalista no século XIX, no processo pós-in- cimento dos Estados Nacionais entre os séculos XV
dependência e de formação do Estado nacional e XVIII, como exemplo, na França o Rei Luís XIV e
peruano -, mas retrata os personagens indíge- seu ministro Colbert tentaram ampliar os ganhos da
nas com trajes e feições europeus. coroa com o aumento de taxas e também do comér-
Estão corretas apenas as afirmações cio de artigos de luxo, o chamado Colbertismo.
(A) I, II e III. Acerca das práticas mercantilistas dos Estados Naci-
(B) II, III e IV. onais, marque a afirmativa CORRETA:
(C) I, III e IV. (A) O protecionismo era aumentar as taxas dos pro-
(D) I e II. dutos exportados e diminuir dos importados, as-
(E) III e IV. sim ganharia mais com a venda e facilitaria a
compra.
06 (ACAFE) A formação dos Estados Modernos, o Ab- (B) Uma das práticas do Mercantilismo, usada ain-
solutismo Monárquico e o Mercantilismo da hoje para equilibrar as finanças dos países,
caracterizaram a centralização política em várias par- é a balança comercial favorável que consiste em
tes da Europa, em oposição ao poder político exportar mais do que importar para evitar o
descentralizado do sistema feudal. Nesse sentido é endividamento e aumentar os ganhos.
correto afirmar, exceto: (C) Espanha e Portugal foram as primeiras a con-
(A) O mercantilismo foi caracterizado pelo controle quistar colônias e extrair metais para enrique-
estatal da economia e priorizava o domínio de cer, assim conseguiram um excedente que pro-
colônias para fornecer matérias-primas e criar piciou serem pioneiras no investimento industri-
mercados consumidores para a metrópole. al.
(B) O casamento de Fernando, herdeiro do trono (D) O metalismo foi uma prática portuguesa que con-
de Aragão, com Isabel, do trono de Castela, con- sistia em acumular metais através da extração
solidou a formação do território que corresponde de ouro e prata das colônias ultramar, primeira-
à Espanha. mente descobertos no Brasil.
(C) O processo de fortalecimento do poder real atin- (E) A Inglaterra e a França se destacaram no co-
mércio de artigos luxuosos, enquanto os ingle-
giu seu ápice com o absolutismo. O monarca
ses produziam os ricos tecidos, os franceses os
passou a exercer o controle total sobre o co-
compravam para usar em suas roupas, uma es-
mércio, as manufaturas e sobre a máquina ad-
pécie de colaboracionismo que perdurou durante
ministrativa.
todo o período.
(D) As Guerras da Reconquista, ao expulsarem os
muçulmanos da Europa, contribuíram decisiva-
08 (UPE-SSA) O exercício do mercantilismo pressupõe
mente para a formação da Monarquia francesa
a existência de um Estado forte, capaz de planejar
numa aliança com setores da nobreza.
aspectos importantes da economia e de realizar, pos-
teriormente, a prática dessa planificação.
07 (PUCPR) "Acontece que Luís XIV provavelmente ti-
POMER, Leon. O surgimento das nações.
nha excelente faro para os negócios - sem falar que o
São Paulo: Atual, 1987, p. 28.
monarca devia achar muito sem graça ver todo mun-
do vestido de preto constantemente -, pois ele No contexto descrito pelo texto, o poder do Estado
convocou seu Ministro das Finanças, Jean-Baptiste Moderno estaria ligado à
Colbert, para uma conversinha sobre indumentárias. (A) capacidade tributária da sociedade.
Aconselhado pelo político, o rei proibiu a importação (B) possibilidade de exercício da guerra.
de tecidos estrangeiros e estabeleceu uma gigantes- (C) amplitude da utilização de mão de obra escra-
ca indústria têxtil no país para suprir as necessidades va.
da população mais abastada. Além disso, Luís XIV e (D) habilidade de mediação de conflitos internacio-
Colbert determinaram que novos modelos de roupas nais.
fossem criados duas vezes ao ano com tecidos inédi- (E) quantidade de transações no comércio intercon-
tos. tinental.
340
Com base em seus conhecimentos e levando em con-
sideração que a colonização de europeus na América
não foi uniforme, responda ao que se pede:
01 (UERJ)
a) Identifique UMA semelhança ECONÔMICA en-
tre o processo de colonização realizado pelos
ingleses e pelos espanhóis na América.
b) Identifique UMA característica que evidencie di-
ferenças entre o processo colonizador realiza-
do por ingleses e espanhóis na América.

03 (PUC-RJ) "Sem dúvida, aqui exponho meus pensa-


mentos (...) porque o comerciante é justamente
chamado 'o administrador do patrimônio do reino'(...)
Para obter aquelas habilidades que tornem mais efi-
cazes sua prática, apresentarei brevemente as
qualidades que se requerem num perfeito comercian-
te (...). O comerciante deve conhecer as aduanas, as
passagens, impostos, tributos, manejos e outras car-
gas, e como e porque são providos delas. Deve saber
que mercadorias estão proibidas para a exportação
ou importação nos países estrangeiros, para que não
perca dinheiro com a volta do navio cheio".
MUN, Thomas. La riqueza de Inglaterra por el comercio
exterior. México/Buenos Aires, Ed. Fondo de
Cultura Económica, 1996. Adaptado.

Thomas Mun escreve a seu filho John Mun (1664).


Pai e filho foram sócios de várias companhias de co-
Em 1983, as ruínas de San Ignacio Miní, na Argenti- mércio e Thomas Mun foi um dos idealizadores da
na, e de São Miguel das Missões, no Brasil, foram Companhia das Índias Ocidentais.
declaradas patrimônio cultural mundial pela Unesco. Tendo como base o texto acima, faça o que se pede.
Representam importante testemunho da ocupação sis- a) Cite duas práticas econômicas desenvolvidas
tematizada do território e das relações culturais que pelos estados europeus nos séculos XVI e XVII.
se estabeleceram entre os missionários europeus e
os povos nativos, que eram em sua maioria do grupo b) Explique o papel das companhias de comércio
étnico Guarani. nas práticas mercantis desenvolvidas pelos es-
Adaptado de brasil.gov.br. tados modernos europeus nos séculos XVII e
XVIII.
As fotografias das ruínas permitem visualizar parcial-
mente algumas das ações colonizadoras ibéricas na
América nos séculos XVII e XVIII. 04 (UFJF-PISM) Observe as figuras e as informações
abaixo e, em seguida, atenda ao que se pede em re-
Identifique um fator que explique de que modo essas
lação à chegada dos europeus na América.
ações colonizadoras contribuíram para a "ocupação
sistematizada do território" na América. Identifique,
também, uma consequência dessas ações para as
populações indígenas locais.

02 (UFJF-PISM) Leia o texto a seguir:


"Os termos 'colônia de exploração' e 'colônia de po-
voamento' ainda são amplamente utilizados. Nessa
perspectiva, as chamadas colônias de exploração são
o resultado do esforço econômico coordenado pelos
novos Estados modernos, as colônias se constituem
em instrumento de poder das respectivas metrópo-
les. (...) É nesse contexto, e só neste contexto, que
se torna possível compreender o modo como se or-
ganizam nas colônias as atividades produzidas e as
suas implicações sobre os demais setores da vida
social".
Fernando Novais, citado por BICALHO, M. F. Dos 'Estados
nacionais' ao 'sentido da colonização': história moderna e
historiografia do Brasil colonial. In: ABREU, M, SOIHET, R.,
GONTIJO, R. (orgs). Cultura política e leituras do passado:
historiografia e ensino de História. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2007. p. 77-78.
341
(...) Sabemos, graças aos textos da época, que os
índios dedicam grande parte de seu tempo e forças à PARTE II:
interpretação das mensagens, e que essa interpreta- HISTÓRIA GERAL
ção tem formas extremamente elaboradas,
relacionadas às diversas espécies de adivinhação. (...) UNIDADE 03:
Em todos os casos, esses presságios e adivinhações • O RENASCIMENTO CULTURAL
gozam de enorme prestígio e, se for preciso, arrisca- • REVOLUÇÃO CIENTÍFICA
rão a vida para obtê-los, sabendo bem que a
recompensa vale o risco.
TODOROV, Tzvetan. A conquista da América:
a questão do outro. São Paulo: Martins CONCEITUAÇÃO DO RENASCIMENTO
Ainda na baixa idade média, diversos fatores promo-
05 (UNESP) No concernente à mão de obra, a econo- veram uma importante mudança de mentalidade na Europa.
mia colonial hispano-americana baseou-se em A visão dominante durante a idade média atribuía a Deus o
variadas formas de trabalho compulsório [...]. papel de referência para a compreensão de todas as estru-
(Ronaldo Vainfas. Economia e sociedade turas da sociedade, inclusive o próprio homem. Esse fato
na América Espanhola, 1984.) gerava uma percepção de que o mundo estava posto de
maneira perfeita, cabendo ao homem apenas uma visão
Cite e caracterize duas formas de trabalho compulsó-
contemplativa com relação à criação divina, levando a uma
rio presentes na América Hispânica colonial.
tendência ao imobilismo.
A partir do resgate de valores da Antiguidade Clássi-
ca Greco-Romana (Classicismo), e de importantes trocas
culturais promovidas através das novas rotas comerciais,
construiu-se uma nova visão de mundo. Nela, enfatizava-
se o papel transformador do homem e a sua condição
............................................................................................. privilegiada no mundo (antropocentrismo), como alguém
dotado de capacidade de compreensão e poder de utilizar
............................................................................................. a natureza em seu proveito (naturalismo). Havia ainda nas
obras renascentistas a valorização do hedonismo, que con-
............................................................................................. cebia um homem livre para gozar seus prazeres, diferente
do engessado homem medieval.
............................................................................................. Construiu-se assim uma visão humanista e
valorizadora de um homem ativo, que ocupava lugar de
............................................................................................. destaque na criação, como ilustra o fragmento abaixo:

.............................................................................................
“Eu não te dei, Adão, nem um lugar predetermina-
............................................................................................. do, nem quaisquer prerrogativas.... Tu mesmo fixarás as
tuas leis sem estar constrangido por nenhum entrave,
............................................................................................. segundo teu livre arbítrio, a cujo domínio te confiei....
Poderás degenerar à maneira das coisas inferiores, que
............................................................................................. são os brutos, ou poderás, segundo tua vontade, te re-
generar à maneira das superiores, que são as divinas.”
............................................................................................. (SOBRE A DIGNIDADE DO HOMEM, Pico della
Mirandola, 1463 - 1494)
.............................................................................................

............................................................................................. É fundamental que possamos entender que o


Renascimento de uma vida urbana e a intensificação das
............................................................................................. atividades intelectuais não seriam compatíveis com a velha
mentalidade teocêntrica. O comércio e as cidades favore-
............................................................................................. ceram a criação de instituições de ensino e o
desenvolvimento e difusão de um humanismo intelectual,
............................................................................................. que buscava compreender e valorizar os homens e sua
capacidade. Por sua vez, as grandes rotas de comércio pro-
............................................................................................. porcionavam um intercâmbio cultural com a intelectualidade
árabe e bizantina, entre outras, propiciando o desenvolvi-
............................................................................................. mento dessa nova visão.
Mesmo a Igreja Católica foi sensível a essas mudan-
............................................................................................. ças. As universidades ligadas ao clero assimilavam os novos
tempos e promoviam estudos impensáveis séculos antes,
.............................................................................................
como determinadas ciências naturais, ou mesmo as idéias
de São Tomás de Aquino, que buscou aproximar a teologia
.............................................................................................
católica e o pensamento racionalista de Aristóteles
342
Para o desenvolvimento desse processo de trans-
formação cultural, foi fundamental a pratica do mecenato.
Os mecenas eram homens ricos e influentes que promo-
viam a Renascença através do patrocínio e proteção de
seus artistas e pensadores. Embora tenham existido
mecenas inclusive no seio da igreja católica, em geral,
esses homens eram ligados à burguesia e às atividades
mercantis, e acreditavam que essa nova mentalidade se-
ria mais adequada aos valores dos tempos modernos que
o teocentrismo medieval.
A península itálica foi o berço, ainda no século XIV,
desse Renascimento, que se difundiu por boa parte da Eu-
ropa nos séculos seguintes. Isso porque havia ali uma forte
herança cultural greco-romana, essencial ao movimento.
Além disso, a riqueza de cidades como Gênova, Veneza e
Florença proporcionavam um forte mecenato. Porém, é pre-
Leonardo da Vinci e o Homem Vitruviano
ciso reafirmar que autores e pensadores de diversas partes
da Europa possuem uma produção marcada pelos valores
renascentistas, seja na influência greco-romana, na valori-
zação do homem e suas emoções e pensamentos, ou na
exatidão científica em que basearam seus estudos, experi-
mentos ou invenções. É o caso de Luis de Camões, em
Portugal e Miguel de Cervantes, da Espanha, na península
ibérica, François Rabelais na França, Albrecht Dürer nos
estados germânicos e William Shakespeare, na Inglaterra.

“A criação” afresco de Michelangelo na Capela Sistina

A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA
Entre os séculos XVI e XVII, o mundo ocidental
redefiniu seus conceitos sobre ciência. Até então, a ciência
ainda estava fortemente vinculada à especulação filosófica
e mesmo à religiosidade, o que limitava seu alcance diante
da complexidade dos novos tempos. Porém seguindo a
estrada aberta pelo Renascimento Cultural, valendo-se do
fortalecimento da burguesia em ascensão e do impacto pro-
vocado pela reforma protestante e pelos descobrimentos
William Shakespeare Miguel de Cervantes da expansão ultramarina, a ciência se reorganizou a partir
de uma estrutura metódica e prática. O conhecimento pode
Dentro da própria península itálica, merecem desta-
valer-se de novas ferramentas e descobertas, proporcio-
que os nomes de Dante Alighieri, Leonardo da Vinci e
Michelangelo Buonarroti. Os dois últimos talvez sejam os nando uma verdadeira revolução e permitindo um
maiores expoentes do Renascimento italiano e autores de gigantesco salto no saber científico da Europa. A este perí-
obras imortais como La Gioconda (famosa por Mona Lisa) odo, o filósofo francês do século XX, Alexandre Koyré,
e as pinturas dos afrescos da Capela Sistina, respectiva- chamou de Revolução Científica.
mente. Da Vinci, em especial, merece destaque pelo espírito A mudança de mentalidade promovida pela Renas-
curioso e inquieto que o caracterizou, levando-o a um lega- cença, levou a valorização da capacidade da razão humana
do que passa pela pintura, engenharia, poesia, pintura, de compreender as leis da natureza. O mundo havia deixa-
anatomia e engenharia militar. do de ser um lugar místico e inalcançável, passando a ser
Embora a Igreja tenha assimilado essa nova mentali- um grande laboratório e despertando infinitas possibilida-
dade, gerando inclusive os chamados “papas mecenas”, o des. Os novos tempos estabeleciam que uma das formas
aumento das críticas no início do século XVI, que levariam de adorar a Deus era compreendendo sua criação e as “leis”
à reforma de Lutero, fez a Igreja recrudescer e rechaçar o
naturais que regiam seu funcionamento. O uso da mate-
novo pensamento. A censura foi amplamente praticada pelo
mática como forma de compreender e comprovar o
clero, assim como a perseguição aos homens ligados ao
movimento humanista. Mesmo as novas igrejas cristãs pro- funcionamento de tais leis, deu à ciência uma exatidão nunca
testantes, conceitualmente mais conservadoras, antes experimentada por ela. Outro fator de relevância nesse
reprovavam o Renascimento por seu hedonismo e valori- processo, foi o desenvolvimento das novas técnicas de im-
zação do humanismo em sua arte de temática religiosa. O pressão, promovidas por Johannes Gutemberg, que permitiu
resultado da reação católica e do avanço da mentalidade reproduzir e divulgar rapidamente as novas descobertas e
protestante foi o declínio da renascença, trazendo nos sé- teorias, sem as imprecisões e erros de interpretação dos
culos seguintes a ascensão do estilo barroco. antigos copistas.
343
das obras mais importantes da história da ciência, os três
volumes de “Principia”, ou “Os princípios matemáticos
da filosofia natural”,de grande influência para vários avan-
ços que seguiram o rastro da revolução científica. O rigor
de suas investigações na busca por compreender as leis
da física, levou-o a desenvolver novas ferramentas ma-
temáticas, como o cálculo diferencial e o cálculo integral,
que são ainda hoje parâmetros para a análise científica.

Copérnico e seu modelo heliocêntrico

Um dos principais pontos dessa revolução foi a críti-


ca que se estabeleceu à teologia tomista, que então se
apresentava como uma ciência, devido à capacidade de
apresentar a crença em um Deus criador e revelador à lógi-
ca aristotélica. Essa “ciência” orquestrada nas idéias
tomistas, deram credibilidade ao modelo geocêntrico (que
estabelecia a Terra como corpo celeste estático e central
do universo) de Aristóteles dentro da visão teocêntrica me-
dieval. Entretanto, as novas descobertas e métodos
começavam a questionar essa visão.
O polonês Nicolau Copérnico, astrônomo, matemá-
tico e católico iniciou a revolução que derrubaria o modelo
aristotélico ao conceber um universo heliocêntrico (tendo
o Sol como centro e a Terra orbitando ao seu redor), em
Galileu Galilei
sua obra “De revolutionibus oribium coelestium” (“Das re-
voluções das esferas celestes”). Copérnico publicou sua
revolucionária obra pouco antes de morrer, pois temia re-
taliações papais. Embora revolucionária, a obra tinha erros
que só foram corrigidos pelo dinamarquês Tycho Brahe,
sendo ainda reformulada pelo astrônomo alemão Johannes
01 (UEPG) Movimento que se originou na Itália por volta
Kepler, autor de obras fundamentais sobre a astronomia
do século XIV, o Renascimento Cultural se estendeu
moderna (que embasariam a teoria newtoniana sobre a
pelo continente europeu e projetou o trabalho de es-
gravitação universal), e inventor do telescópio que Galileu
critores, pensadores e artistas que expressaram novas
Galilei usaria para comprovar diversas teorias e avançar
concepções sobre a humanidade, sobre o mundo e
no campo das descobertas. Galileu, no entendo, enfrenta-
sobre a cultura.
ria um processo da igreja católica por suas publicações
defendendo o heliocentrismo e a orbitação da Terra ao A respeito desse tema, assinale o que for correto.
redor do sol. 01) Mecenas é a denominação dada às pessoas que
financiaram o desenvolvimento das artes plásti-
cas, da literatura, da arquitetura e outras mani-
festações renascentistas.
02) O hedonismo (defesa do prazer individual), o na-
turalismo (princípio do retorno à natureza) e o
neoplatonismo (ideia da aproximação com Deus
por meio de uma interiorização) foram caracte-
rísticas do movimento renascentista.
04) Cinquecento foi uma fase na qual Roma se con-
figurou como um dos principais centros da arte
renascentista. A basílica de São Pedro, no
O astrônomo Johannes Kepler
Vaticano, foi construída nesse período.

O racionalismo do francês René Descartes, o 08) Pietá, Moisés e Davi são esculturas referenciais
empirismo e o método dedutivo de Francis Bacon e os de Michelangelo, um dos artistas mais represen-
estudos de sir Isaac Newton sobre a ótica, a mecânica e tativos do Renascimento Cultural.
a gravitação universal completam esse processo. Sobre 16) Escrita por Boccaccio, a obra Decameron narra
Newton, é preciso destacar o rigor matemático de suas em linguagem alegórica a trajetória de seu au-
investigações, criando condições inclusive para demons- tor do inferno ao paraíso, passando pelo purga-
trar as leis elaboradas por Kepler. Newton é autor de uma tório.
344
02 (UEM-PAS) Sobre o Renascimento, assinale o que 04 (UEM) Leia o fragmento a seguir:
for correto.
"A palavra renascença significa nascer de novo ou
01) Foi um movimento de renovação cultural, que ressurgir, e a ideia de tal renascimento ganhava ter-
surgiu principalmente na Península Itálica e se
reno na Itália desde a época de Giotto. Quando as
estendeu por outras regiões da Europa, nos
pessoas desse período queriam elogiar um poeta ou
séculos XIV a XVI.
um artista, diziam que sua obra era tão boa quanto a
02) Os renascentistas inventaram a escrita
dos antigos. Giotto fora assim exaltado como um mes-
cuneiforme, que revolucionou a imprensa a par-
tir do século XVII. tre que liderara um verdadeiro ressurgimento da arte;
as pessoas queriam significar com isso que a arte de
04) O humanismo foi uma das expressões culturais
Giotto era tão boa quanto a daqueles famosos mes-
do Renascimento, por colocar o homem como o
centro das preocupações dos pensadores, e tres cujas obras eram louvadas pelos antigos da
representou uma forte oposição ao pensamen- Grécia e de Roma."
to teocêntrico da Igreja Católica. GOMBRICH, E. H. A conquista da realidade:
Início do século XV. In: A história da arte.
08) O Renascimento estimulou o surgimento das Rio de Janeiro: 2008, p. 223
universidades, com a fundação da Universida-
de de Bolonha (Itália, no ano de 1088 - a primei- Assinale o que for correto sobre a arte renascentista.
ra universidade do mundo), da Universidade de 01) O desenvolvimento mercantil e as transforma-
Paris (França, no ano de 1170), da Universida- ções sociais nas cidades italianas foram fatores
de de Oxford (Inglaterra, no ano de 1249) e da que contribuíram para o renascimento cultural
Universidade de Coimbra (Portugal, no ano de naquele período.
1308). 02) O século XV marcou a decadência da arte góti-
16) O Príncipe, tratado que faz uma reflexão sobre ca e o início da arte românica inspirada em pin-
a natureza do poder político, escrito por Nicolau tores da Grécia e da Roma clássicas.
Maquiavel, representa uma das obras mais sig- 04) Ao se oporem a uma cultura de inspiração
nificativas do Renascimento. teocêntrica e aos valores cristãos, os artistas do
Renascimento passaram a valorizar o realismo
na criação do homem ocidental.
03 (UEPG) Movimento artístico, cultural e científico ocor- 08) Detentores de grandes senhorios, os senhores
rido na passagem da Idade Média para a Moderna, o feudais foram os principais patrocinadores do
Renascimento provocou transformações de grande desenvolvimento da arte renascentista.
porte na maneira de o homem compreender o mundo 16) Abordando temáticas religiosas, Giotto figura
e de interagir socialmente. A respeito do como um dos principais artistas do humanismo
Renascimento, assinale o que for correto.
renascentista.
01) A riqueza gerada pelas conquistas marítimas e
pelo comércio das grandes navegações (sécu- 05 (UFSC)
los XV e XVI) contribuiu para que fossem desti-
nados capitais para a produção artística e para
o conhecimento científico, dando origem ao
Renascimento.
02) Mecenas era o nome dado aos homens que in-
vestiam em artistas e intelectuais durante o
Renascimento. Comerciantes, príncipes, bispos
e banqueiros figuram entre aqueles que dispu-
seram capitais e estimularam a produção
renascentista.
04) Diferente das artes plásticas, a literatura teve
pouco destaque durante o Renascimento. Ape-
sar de obras pontuais, como Os Lusíadas, es-
crita por Luis de Camões, houve pouquíssimo
investimento nesse segmento cultural, o qual No final do século XV, a reprodução de materiais es-
permaneceu dominado por obras medievais. critos começou a transferir-se da escrivaninha do
08) Classe social em ascensão no século XV, a bur- copista para a oficina do impressor. Essa mudança,
guesia combateu o avanço renascentista por que revolucionou todas as formas de aprendizado, foi
compreender que os capitais ganhos por meio particularmente importante para o estudo da história.
das grandes navegações deveriam ser, Desde então, os historiadores passaram a dever mui-
prioritariamente, investidos na produção econô- to à invenção de Gutenberg: a imprensa intervém no
mica e não em atividades culturais. seu trabalho desde o início até o fim, desde a consul-
16) Em razão do grande volume de capitais concen- ta aos fichários até a revisão do texto final.
trado em cidades como Florença, Veneza e EISENSTEEIN, Elisabeth L.
Gênova, o Renascimento Cultural se iniciou na A revolução da cultura impressa.
Itália e se espalhou por outros países europeus, Os primórdios da Europa Moderna. São Paulo:
como, por exemplo, a Espanha. Ática, 1998. p. 17.
345
Sobre a revolução da imprensa e seus impactos, é 07 (UFSC)
CORRETO afirmar que:
01) a invenção dos tipos móveis de metal por
Johannes Gutenberg tornou possível a rápida
difusão de livros e, consequentemente, dos ide-
ais do Humanismo e do Renascimento.
02) com a invenção da Imprensa, a Igreja Católica
passou a ter acesso a diversas obras, já que
até então as bibliotecas eram praticamente um
monopólio das realezas europeias.
04) a transformação proporcionada pela revolução
da imprensa foi facilitada, principalmente, pelo
fato de a grande maioria da população europeia
já ser alfabetizada no século XVI.
08) antes dos tipos móveis de Gutenberg, a ativida-
de dos monges copistas era de fundamental im-
portância para a preservação e a reprodução
das mais diferentes obras.
16) a revolução da imprensa estava diretamente
conectada às transformações sociais Sobre o Renascimento, é CORRETO afirmar que:
desencadeadas pelos pensadores iluministas, 01) uma das características mais importantes do
fato que contribuiu para que a primeira obra im- Renascimento foi a ruptura com a Antiguidade
pressa com tipos móveis por Johannes Clássica.
Gutenberg fosse O contrato social, de Jean- 02) os estudos astronômicos desenvolvidos por
Jacques Rousseau. Nicolau Copérnico durante o Renascimento per-
mitiram a conclusão de que os planetas gira-
32) como resultado das novas técnicas de impres-
vam em torno da Terra.
são, as gravuras desapareceram para dar lugar
04) os mecenas foram personagens importantes no
a uma nova manifestação de arte gráfica: as
Renascimento, pois sua oposição aos artistas
iluminuras. fez com que estes exercessem com mais afinco
sua criatividade.
08) Leonardo da Vinci, artista de grande versatilida-
06 (UFPE) Sobre o movimento historicamente reconhe-
de e inúmeros interesses, é um representante
cido como Renascimento, que se difundiu na Europa
do Humanismo.
a partir do final do século XV, analise as proposições 16) o período renascentista se beneficiou da pre-
abaixo. servação de textos antigos pelos monges e da
( ) o mercantilismo foi considerado uma política a criação de universidades.
serviço do Estado. 32) as cruzadas, que incrementaram o intercâmbio
( ) Em contraposição à teoria geocêntrica, de entre muçulmanos e cristãos, bem como o do-
mínio mouro na Península Ibérica, contribuíram
Ptolomeu, difundida nas universidades medie-
para o Renascimento.
vais, a teoria heliocêntrica, de Copérnico, repre-
sentou uma revolução no conhecimento huma-
no. 08 (UFPE) O Renascimento - um importante período na
história da vida europeia - trouxe:
( ) A expansão marítima europeia do século XV está
( ) a ruptura da nobreza com o poder da Igreja, re-
diretamente relacionada aos novos conceitos de
forçando o fim do domínio político do papa e o
homem e de mundo que caracterizam o movi-
crescimento das aspirações republicanas, rela-
mento renascentista. cionadas com as reflexões de Maquiavel.
( ) Embora tenha sido um movimento restrito ao ( ) as redefinições no mundo das artes, com mu-
campo das artes plásticas, o Renascimento pro- danças na sensibilidade e na percepção do pen-
vocou grandes mudanças no modo de pensar samento e dos valores da época.
de homens e mulheres da Europa. ( ) o fortalecimento do saber científico, com mudan-
ças nas concepções da astronomia e da mate-
( ) Com o Renascimento, o comércio europeu via mática, que contribuíram para a secularização
Mediterrâneo foi alargado, propiciando um mai- da cultura.
or intercâmbio de mercadorias e ideias entre ( ) a aceitação incondicional de crenças religiosas
Oriente e Ocidente. próprias do Cristianismo, anulando as tradições
( ) A visão de mundo renascentista era também ca- clássicas predominantes no mundo das artes.
racterizada pelo antropocentrismo, o que signi- ( ) a busca por espaços literários renovadores, com
fica que o homem ocupava uma posição central obras expressivas, como Dom Quixote de La
Mancha, importantes para afirmação das línguas
nas preocupações humanas.
nacionais europeias.
346
(C) A técnica da perspectiva inventada no
Renascimento encontra-se ainda presente em
recursos atuais de produção de imagens, tais
01 (UFJF-PISM) Leia atentamente os documentos abai- como a fotografia e o cinema.
xo: (D) Durante a Renascença, a fotografia era uma téc-
nica disseminada enquanto recurso voltado à
DOCUMENTO 1
representação de lugares, pessoas e paisagens.
(E) As técnicas utilizadas na pintura de tipo
renascentista originaram-se na América e expan-
diram-se para a Itália e França após o século
XIV.

02 (FUVEST) Tanto no desenvolvimento político como


no científico, o sentimento de funcionamento defeitu-
oso, que pode levar à crise, é um pré-requisito para a
revolução.
T. S. Kuhn. A estrutura das revoluções científicas.
São Paulo: Perspectiva, 1989.

Analise as quatro afirmações seguintes, acerca das


revoluções políticas e científicas da Época Moderna.
I. A concepção heliocêntrica de Nicolau Copérnico,
sustentada na obra Das revoluções das esferas
celestes, de 1543, reforçava a doutrina católica
DOCUMENTO 2
contra os postulados protestantes.
II. A Lei da Gravitação Universal, proposta por Isaac
Newton no século XVII, reforçava as radicais
perspectivas ateístas que haviam pautado as
ações dos grupos revolucionários na Inglaterra
à época da Revolução Puritana.
III. Às experiências com eletricidade realizadas por
Benjamin Franklin no século XVIII, somou-se sua
atuação no processo de emancipação política
dos Estados Unidos da América.
IV. Os estudos sobre o oxigênio e sobre a conser-
vação da matéria, feitos por Antoine Lavoisier
ao final do século XVIII, estavam em consonân-
cia com a racionalização do conhecimento, ca-
racterística da Ilustração.
DOCUMENTO 3 Estão corretas apenas as afirmações
"Foi no Renascimento que se sistematizou uma for- (A) I, II e III.
ma de representar o espaço real e tridimensional (B) II, III e IV.
(realidade) partindo de uma abstração matemática que (C) I, III e IV.
(D) I e II.
ficou conhecida como perspectiva. Na Renascença,
(E) III e IV.
quase toda pintura obedecia a esse método de repre-
sentação. A perspectiva era um expediente geométrico
que produzia a ilusão da realidade, mostrando os ob- 03 (PUC-RS) A cidade, na época do Renascimento, é
jetos no espaço em suas posições e tamanhos um ser de razão. Não é só vivida como também é
corretos. A perspectiva capta os fatos visuais e os es- pensada. (...) A cidade não deve ser apenas prática.
tabiliza, transformando o ponto fixo de um observador É conveniente que seja também bela.
para o qual o mundo todo converge." (DELUMEAU, Jean. A Civilização do Renascimento.
Lisboa: Editorial Estampa, 1994, p. 258-261).
Disponível em https://goo.gl/814GFE

Ao comparar os três documentos apresentados, é Com base na citação acima, que aponta para o novo
CORRETO afirmar que: contexto político, social, econômico e cultural da Eu-
ropa nos séculos XVI e XVII, analise as afirmativas a
(A) Os pintores do Renascimento desconheciam as seguir, preenchendo os parênteses com V (verdadei-
correlações possíveis entre a Geometria e a pro- ro) ou F (falso).
dução artística.
( ) Os arquitetos projetaram tanto a forma urbana,
(B) A busca da tridimensionalidade realista foi a tô- a partir de formas geométricas belas ideais,
nica da arte usada na construção de Igrejas du- quanto construíram, para a comodidade dos ha-
rante a Idade Média, aspecto perpetuado pela bitantes, os palácios, as praças, as fontes e os
Renascença. monumentos.
347
( ) A centralização do Estado e a ampliação da má- Assinale a alternativa que apresenta o movimento
quina burocrática para a administração dos ne- cultural do qual Leonardo da Vinci fez parte.
gócios públicos, o comércio, a aplicação da jus- (A) Renascimento Carolíngio.
tiça e a cobrança dos impostos exigiram que a (B) Renascimento Italiano.
nobreza se abrisse para o exercício de novas (C) Semana da Arte de 1922.
profissões.
(D) Cubismo.
( ) Foram criadas editoras, academias e bibliote- (E) Revolução dos Pincéis.
cas, que permitiram a expansão da cultura le-
trada e a circulação de novas ideias nas princi-
pais cidades europeias. 06 (UECE) A historiografia recente não aceita mais uma
ideia negativa sobre a Idade Média, porque conside-
( ) A laicização da cultura urbana provocou o aban- ra essa ideia um juízo de valor do humanismo
dono de práticas religiosas na vida cotidiana e a renascentista que pretendia ligar-se diretamente ao
perda de importância da Igreja Católica na polí- pensamento clássico da antiguidade greco-romana.
tica.
Atente ao que se diz a seguir em relação à Idade
O correto preenchimento dos parênteses, de cima para Média, e assinale com V o que for verdadeiro e com F
baixo, é o que for falso.
(A) V-F-V-F ( ) Nesse período foram extintas algumas línguas
(B) V-V-F-F e literaturas.
(C) F-F-V-V ( ) Ocorreu aumento demográfico causado por mai-
(D) F-V-F-V or produtividade.
( ) Houve dinamismo social impulsionado pelos co-
04 (UNESP) Ainda hoje a palavra Renascimento evoca merciantes e artesãos.
a ideia de uma época dourada e de homens libertos ( ) Foram criadas as primeira universidades.
dos constrangimentos sociais, religiosos e políticos Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência:
do período precedente. Nessa "época dourada", o in-
(A) F, V, V, V.
dividualismo, o paganismo e os valores da Antiguidade
(B) V, F, V, F.
Clássica seriam cultuados, dando margem ao
(C) V, V, F, F.
florescimento das artes e à instalação do homem como
(D) F, F, F, V.
centro do universo.
(Tereza Aline Pereira de Queiroz.
O Renascimento, 1995. Adaptado.) 07 (PUC-RJ) Os humanistas e artistas do Renascimento
O texto refere-se a uma concepção acerca do italiano apregoavam a "volta aos Antigos" como fun-
Renascimento cultural dos séculos XV e XVI que damento de suas ações no presente.
(A) projeta uma visão negativa da Idade Média e Assinale a alternativa que expressa o que era enten-
identifica o Renascimento como a origem de va- dido por "volta aos Antigos".
lores ainda hoje presentes. (A) Dar continuidade ao pensamento medieval, em
(B) estabelece a emergência do teocentrismo e re- particular aos preceitos da Escolástica que apre-
afirma o poder tutelar da Igreja Católica Roma- goava a conciliação da fé cristã com a razão
na. fundada na tradição grega de Platão e
(C) caracteriza a história da arte e do pensamento Aristóteles.
como desprovida de rupturas e marcada pela (B) Tomar como fundamento exclusivamente as Es-
continuidade nas propostas estéticas. crituras Sagradas - o Antigo e o Novo Testamento
(D) valoriza a produção artística anterior a esse pe- - na medida em que as formas culturais deveri-
ríodo e identifica o Renascimento como um mo- am estar a serviço da religião.
mento de declínio da criatividade humana. (C) Inspirar-se na arte e na cultura da civilização
(E) afirma o vínculo direto das invenções e inova- greco-romana que teria sido desvalorizada pelo
ções tecnológicas do período com o pensamento pensamento medieval, o qual limitava a liberda-
mítico da Antiguidade. de do indivíduo.
(D) Imitar fielmente as atitudes dos homens da anti-
05 (G1 - UTFPR) Leonardo da Vinci foi o autor de impor- guidade, em seu modo de escrever, falar, escul-
tantes obras como a Gioconda, mais conhecida como pir, pintar, construir, se vestir, entre outras. As-
Mona Lisa e o Homem Vitruviano, considerado sim, sentiam-se alcançando as glórias do pas-
emblemático da simetria do corpo humano, que teve sado.
como base um trecho da obra de De Architectura, do
(E) Reagir ao movimento que defendia a autorida-
romano Vitruvios Paliio, o qual viveu no século I a. C.,
de do presente em relação ao Antigo e exigia
em que foram tratadas as proporções da estrutura
uma ruptura total com o passado.
masculina.
348
08 (UNESP) "afinal, quantas vezes não ouvimos críticas àqueles
que porventura têm um comportamento fora daque-
les tidos como "civilizados" serem chamados de
"bárbaros"? Quantas vezes não encontramos o adje-
tivo medieval ser usado para definir comportamentos
violentos? Ou ainda, quem nunca ouviu alguém dizer
"não vivemos mais na Idade Média" desejando exal-
tar a mudança de comportamentos para atitudes
"inovadoras" ou "modernas"?"
OLIVEIRA, N. S. O estudo da Idade Média em livros
didáticos e suas implicações no Ensino de História.
Cadernos de Aplicação. n. 1. v. 23.
jan/jun. 2010, p.101-125.

A respeito dessas afirmações que a autora cita, res-


ponda aos itens a seguir.
a) Por que se construiu a ideia de Idade Média
como a autora coloca?
b) Pode-se ou não contestar essa noção sobre a
A pintura representa no martírio de Cristo os seguin- Idade Média? Justifique sua resposta.
tes princípios culturais do Renascimento italiano:
(A) a imitação das formas artísticas medievais e a 03 (FGV-RJ) Observe atentamente a imagem abaixo e
ênfase na natureza espiritual de Cristo. responda às questões propostas.
(B) a preocupação intensa com a forma artística e
a ausência de significado religioso do quadro.
(C) a disposição da figura de Cristo em perspectiva
geométrica e o conteúdo realista da composi-
ção.
(D) a gama variada de cores luminosas e a concep-
ção otimista de uma humanidade sem pecado.
(E) a idealização do corpo do Salvador e a noção
de uma divindade desvinculada dos dramas hu-
manos.

a) Aponte duas características da pintura que per-


mitam identificá-la com o movimento cultural co-
nhecido como Renascimento.
01 (FUVEST) O grande mérito do sábio toscano estava b) Explique por que o Renascimento pode ser as-
exatamente na apresentação de suas conclusões na sociado ao processo de transição da Idade Mé-
forma de "leis" matemáticas do mundo natural. Ele dia para a Idade Moderna.
não apenas defendia que o mundo era governado por
essas "leis", como também apresentava as que havia 04 (UFJF-PISM) Observe as seguintes figuras e leia o
"descoberto" em suas investigações. texto a seguir:
Carlos Z. Camenietzki, Galileu em sua órbita.
01/02/2014.www.revistadehistoria.com.br.

Considerando que o texto se refere a Galileu Galilei


(1564-1642),
a) identifique uma das "leis" do mundo natural pro-
posta por ele;
b) indique dois dos principais motivos pelos quais
ele foi julgado pelo Tribunal da Inquisição.

02 (UEL) A respeito do período conhecido como Idade


Média, durante muito tempo, historiadores e literatos
referiam-se a esses séculos como "Idade das Trevas".
Segundo a historiadora Nuncia S. de Oliveira, por mais
que se tenha repensado essas ideias, elas ainda per-
sistem na atualidade. Para a autora,
349
PARTE II:
HISTÓRIA GERAL
UNIDADE 04:
• A REFORMA PROTESTANTE
• CONTRARREFORMA

INTRODUÇÃO
Embora a igreja católica tenha sido a força dominan-
te durante o período medieval, ela sempre teve que conviver
com questionamentos internos e externos. Fossem as di-
vergências por razões teológicas ou disputas políticas, o
fato é que a hegemonia católica foi, em diversos momen-
tos, posta a prova. Mesmo durante a Idade Média, quando
seu poder era colossal, havia na realidade um abismo en-
tre as práticas oficiais e a religiosidade popular, sempre
influenciada por simbologias e rituais de origem pagã, que
continuavam vivos na tradição dos camponeses. A afirma-
ção católica da Vulgata, tradução da bíblia feita no século V
por são Jerônimo, como única fonte legítima do Cristianis-
mo oficial fortaleceu doutrinariamente o Cristianismo
católico, mas afastava-o da realidade popular. Além disso,
o Renascimento Comercial e Urbano afirmava práticas que
a igreja de Roma formalmente condenava, mas que se es-
tabeleciam de modo cada vez mais irreversível.
A cultura renascentista entre os séculos XIV e início
do XVI aprofundou o avanço do humanismo e as críticas à
Igreja católica, evidenciando inclusive contradições entre
alguns de seus discursos e práticas. A crescente necessi-
dade da igreja de se fortalecer enquanto instituição para
No final da Idade Média, a Europa Ocidental passou fazer frente às transformações em curso desde a baixa ida-
por transformações sociais, políticas e econômicas de média levou à intensificação de uma riqueza material
relacionadas ao desenvolvimento do comércio e das nas mãos do clero, e expunha práticas como a desmedida
cidades. E, no âmbito da cultura, as cidades italianas venda de indulgências. Havia ainda debates teológicos no
constituíam um ambiente propício para a consolida- seio da própria Igreja, envolvendo a questão da salvação
ção de um movimento de transformação cultural, o da alma e os limites do livre-arbítrio, ou mesmo a concep-
chamado Renascimento. ção tomista e a visão agostiniana.
a) Disserte sobre uma transformação Homens como John Wycliffe e Jan Huss já haviam
socioeconômica que possibilitou a afirmação da concebido duras críticas à igreja católica no século XIV, mas
cultura renascentista na Península Itálica. foram duramente reprimidos. O início do século XVI, por tudo
o que foi apontado, parecia estar maduro para um movimen-
b) Cite e analise um aspecto da cultura
to contundente capaz de desafiar a hegemonia católica.
renascentista que entrava em conflito com os
ensinamentos da Igreja.
c) Analise um aspecto do Renascimento no âmbi-
O DESENCADEAR DA REFORMA LUTERANA
to das artes. Na região dos estados alemães, o monge agostiniano
Martinho Lutero vinha trabalhando em uma interpretação
crítica dos textos bíblicos que concebia importantes críti-
05 (UNESP) [...] tudo que os renascentistas pretendiam
cas e formulações teológicas distintas das defendidas por
era assumir a condição humana até seus limites, até
Roma. A visão luterana questionava a infalibilidade papal,
as últimas consequências. Nem Deus e nem o demô-
sobretudo quanto à interpretação das escrituras, a venda
nio; todo o desafio consistia em ser absolutamente,
radicalmente humano, apenas humano. de indulgências, o celibato, a vulgata e a própria opulência
material ostentada pela cúpula do clero católico. Lutero de-
(Nicolau Sevcenko. O Renascimento, 1985.)
fendia ainda a fé como o único elemento para a salvação.
Explique a caracterização que o texto faz do Estas e outras interpretações foram sintetizadas em suas
Renascimento e dê exemplo de uma obra artística em 95 teses que pregou na porta da catedral de Wittenberg em
que tal intenção se manifeste. 1517, principiando a reforma protestante.
350
O Luteranismo, como ficou conhecida a visão teológi- É fundamental ressaltar que, embora tivessem pon-
ca de Lutero, defendia um sacerdócio universal, que tos em comum, Lutero e os anabatistas adotaram
ameaçava a estrutura da hierarquia católica, assim como re- posições inconciliáveis devido às críticas feitas pelos ra-
conhecia a autoridade dos príncipes germânicos. A relação dicais à nobreza, da qual a sobrevivência de Lutero e
entre Lutero e os príncipes alemães foi de apoio mútuo, e se suas idéias dependiam.
mostraria decisiva para o sucesso da reforma, diante da per- A paz na região só seria restabelecida em 1555, quan-
seguição papal. Por sua vez, a nobreza enxergava em Lutero do foi assinada a paz de Augsburgo, assegurando que cada
um meio de enfraquecer o projeto do imperador Carlos V de príncipe teria a prerrogativa de determinar a religião em seu
restabelecer um grande império católico na Europa, que lhes reino, mantendo uma autonomia que conservou os esta-
tiraria a autonomia política, e algumas vantagens econômi- dos germânicos fragmentados por longos séculos. Dessa
cas, como a suspensão do pagamento de alguns tributos ao forma, o Protestantismo se consolidava em diversas regi-
clero, que só seria possível com a cisão. ões da Europa central e do norte, o que, apesar da paz de
Augsburgo, voltaria a gerar intensos conflitos religiosos no
A perseguição da Igreja católica a Lutero foi impla-
continente, além de viabilizar a expansão do movimento
cável. Após se recusar a negar suas teses, Lutero foi
para outras regiões.
excomungado pelo papa na dieta de Worms, sentença
confirmada pela dieta de Augsburgo. A oposição da no-
breza alemã a estas sentenças e a proteção pessoal que A REFORMA CALVINISTA
Lutero recebeu do príncipe Frederico, o sábio, da A região de Genebra também produziu um impor-
Saxônia, iniciaram um longo período de guerras religio- tante movimento reformista. Já em 1522, Huldrych Zwingli
sas na Europa central. Neste clima de agitação e conflito, (frequentemente traduzido como Ulrico Zwinglio), estabe-
surgiu ainda uma nova vertente do protestantismo lide- leceu duras críticas ao papa e a diversas práticas católicas,
rada por Thomas Munzer, conhecida como a reforma chegando inclusive a combater as forças católicas militar-
anabatista. Esta, de caráter radical, se espalhou entre mente. Apesar deter morrido na luta contra os católicos, as
os camponeses e criticava duramente o poder e a rique- idéias de Zwinglio atraíram seguidores como Jean Cauvin,
za dos nobres, levando Lutero a se opor ao movimento ou Calvino, que contou com amplo apoio da burguesia.
que levou a execução de Munzer e ao massacre de di- Além do desejo de se livrar dos impostos católicos, a
versos camponeses anabatistas. burguesia se aproximara de Calvino em função de sua teo-
A leitura dos dois fragmentos abaixo ilustra bem es- logia, que enaltecia o trabalho e a prosperidade por ele
sas posições antagônicas entre Lutero e os anabatistas: gerada. O calvinismo sedimentava uma noção de
predestinação absoluta, onde a moral cristã incorporava a
valorização do lucro e do trabalho construindo uma nova
ética protestante, afeita aos princípios burgueses.
“ – Tem sido hábito, até agora, de certos homens Porém, a reação católica a essa doutrina foi particu-
segurar-nos como propriedade sua, visto que o Cristo larmente violenta, fazendo da França palco de inúmeras
nos libertou (...). Por isso, julgamos estar garantido que batalhas entre calvinistas (chamados na França de
seremos libertados da servidão.” huguenotes) e católicos, além de verdadeiros massacres,
Manifesto dos Camponeses Alemães como o emblemático massacre de calvinistas na noite de
Revoltados, 1525. São Bartolomeu. Esses conflitos foram refreados com a
ascensão de Henrique IV ao trono francês. Huguenote a
princípio, o rei se convertera ao catolicismo por conveniên-
cia política, mas instituiu o Édito de Nantes, que assegurava
“Deus prefere que existam governos, por piores que liberdade de culto para os protestantes.
sejam, do que permitir à ralé que se amotine,por mais A doutrina calvinista ganhou muitos adeptos, princi-
razão que tenha.” palmente entre os burgueses de várias partes da Europa,
LUTERO, Martinho. Primeira metade do século XVI. chegando inclusive a América do Norte, por meio dos pu-
ritanos ingleses que migraram fugindo das perseguições
religiosas.

Henrique IV, que ao se


converter ao catolicismo, por
razões políticas, teria dito
que “Paris bem vale uma
missa.”

Jean Cauvin

Martinho Lutero
351
A REFORMA ANGLICANA Além disso, foram reforçados os mecanismos de
controle sobre o avanço protestante, com o estabeleci-
O governo do monarca inglês Henrique VIII, segundo mento do “Index librorum prohibitorum”, que francamente
da dinastia Tudor, convivia com muitos temores. A situação censurava livros e textos que pudessem desafiar ou re-
econômica da Inglaterra não era nada confortável após uma presentar uma ameaça aos dogmas católicos. Por fim, a
sucessão de guerras e conflitos internos. Politicamente, ordem da Cia de Jesus, fundada por Ignácio de Loyola,
Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão, filha dos ganhava a missão de propagar a fé católica. A empresa
reis católicos da Espanha, o que gerava o constante receio colonial ibérica no novo mundo, teve forte atuação des-
de uma interferência excessiva do papado ou mesmo da ses jesuítas, encarregados da catequese dos nativos e
monarquia espanhola nos assuntos internos da Inglaterra. da educação da elite colonial.
A questão com a Igreja católica era particularmente
preocupante devido às grandes posses de terras e bens da
igreja em solo inglês.
Por fim, o rei desejava um herdeiro, homem, que pu-
desse ser seu sucessor no trono. Dessa forma, é possível
perceber que os objetivos e temores envolvendo a Refor- 01 (UFSC) O ano de 2017 marca os 500 anos da publi-
ma anglicana são muito mais políticos e econômicos do cação do documento considerado o marco fundador
que propriamente religiosos. Diante desse quadro, em ple- da Reforma Protestante: as 95 teses de Martinho
na efervescência da Reforma pela Europa, Henrique VIII Lutero.
forçou uma ruptura com o papado ao pedir a anulação de Sobre a Reforma Protestante e seus desdobramen-
seu casamento com Catarina, o que foi, evidentemente, tos, é correto afirmar que:
negado pelo Papa.
01) Martinho Lutero recusava o princípio católico de
O rei decreta então o Ato de Supremacia, pelo qual as-
que a salvação dependia da fé, das obras hu-
sume o controle da igreja, institui o divórcio, e confisca terras
manas e da graça divina porque, na sua con-
e bens do clero católico. Essa ato fundava a igreja anglicana,
cepção, apenas a fé levava à salvação.
concentrando imenso poder nas mãos do rei inglês.
02) ao contrário do que defendia a Igreja Católica,
Henrique VIII só não conseguiria um sucessor mas-
Lutero sustentava que todas as pessoas, religi-
culino que efetivamente governasse a Inglaterra por
osas ou leigas, deveriam ter acesso à Bíblia para
longo período. Seu filho e herdeiro Eduardo VI morreria
que compreendessem individual e livremente a
de maneira precoce, e Mary Tudor, sua filha católica com
palavra de Deus.
Catarina de Aragão e casada com o monarca espanhol
04) de acordo com o sociólogo Max Weber, há uma
Felipe II teria um reinado marcado por guerras e confli-
adequação entre a atitude protestante e a atitu-
tos religiosos. Apenas em 1558, sua filha com Ana
de capitalista.
Bolena, Elizabeth I se estabeleceria como uma das mais
08) como consequência imediata da Reforma Pro-
importantes rainhas da história inglesa, governando por
testante, os camponeses, estimulados pelas pa-
quase meio século, consolidando o anglicanismo, o ab-
lavras de Lutero contra a autoridade da Igreja
solutismo monárquico e inaugurando um período que
Católica, iniciaram uma série de levantes con-
lançaria as bases para o desenvolvimento inglês nos
tra a nobreza e o clero.
séculos seguintes. 16) o movimento luterano, apesar de toda a sua crí-
tica reformista, mantinha a defesa da negocia-
ção das indulgências (perdões) para os peca-
dos que os infiéis cometessem.
32) a Igreja Católica permitia que os cristãos ade-
rissem à Reforma Protestante, desde que obe-
decessem politicamente ao papado.
64) o movimento conhecido como Reforma Protes-
tante é encabeçado pela própria Igreja Católica
na tentativa de se antecipar ao movimento cres-
cente que, internamente, começava a questio-
nar algumas condutas e dogmas da instituição.
Henrique VIII e sua segunda esposa Ana Bolena
02 (UEM) Max Weber considerou a Reforma Protestan-
te fundamental para a construção do mundo ocidental
A CONTRARREFORMA OU REFORMA CATÓLICA moderno. Sobre esse tema, assinale o que for corre-
Apesar de subestimar o movimento protestante num to.
primeiro momento, a igreja católica logo percebeu que pre- 01) Inicialmente, a Reforma foi um movimento para
cisaria se reorganizar internamente, para deter o avanço ajustar algumas práticas da Igreja Católica, e
protestante e retomar a expansão do catolicismo. Para isso, não para romper com ela.
diversas medidas foram adotadas, sobretudo a partir de 02) O ideal dos reformadores não era flexibilizar o
1545, quando foi convocado o “Concílio de Trento”. A partir cristianismo, mas sim fazer que a doutrina fos-
de então, a igreja reafirmou todos os seus dogmas e sacra- se cumprida plenamente por todos os cristãos.
mentos, embora tenha proposto uma relativa moralização 04) O calvinismo, uma das doutrinas religiosas
de suas práticas a partir da criação de seminários para edu- surgidas durante a Reforma, teria sido central
car seus clérigos e um controle mais criterioso sobre práticas para o desenvolvimento do capitalismo moder-
como a venda de indulgências. no.
352
08) Ao analisar a formação do mundo ocidental mo- 05 (UEPG) Pode-se afirmar que o tema das Reformas
derno, bem como do capitalismo, Max Weber Religiosas (protestante e católica) pertinente ao iní-
percebeu que os significados dados ao traba- cio da Idade Moderna apresenta efeitos para além das
lho no período Pré-Reforma foram mantidos pelo mudanças eclesiásticas do século XVI, relacionando-
protestantismo. se com aspectos culturais, econômicos e políticos
16) Para Max Weber, essa Reforma foi um marco
daquele e dos próximos séculos. Sobre a Reforma
fundamental para o "desencantamento" do mun-
Protestante e da Contrarreforma Católica, assinale o
do e para o avanço do processo de racionaliza-
ção. que for correto.
01) A Reforma Protestante inaugurou o que se pode
03 (UEPG) Episódios ligados a acontecimentos comuns, chamar de uma nova ética religiosa, a qual rea-
a reforma protestante e a contrarreforma católica pro- firmava os princípios católicos medievais que
vocaram alterações profundas nas sociedades condenavam o lucro excessivo (usura) e defen-
modernas. A respeito desse tema, assinale o que for dia a noção de preço justo.
correto.
02) O Concílio de Trento reagiu às ideias protestan-
01) Promovida pelo rei Henrique VIII, a reforma
tes e reafirmou pontos da doutrina católica como
Anglicana teve como um dos seus motivos uma
a crença na salvação humana a partir da conju-
questão pessoal (a negação papal ao divórcio
do monarca) e foi apoiada pelo parlamento e gação entre fé e obras, negando a teoria da
pelo alto clero católico inglês. predestinação.
02) Criada com o objetivo de estabelecer um diálo- 04) Na origem, o movimento de Reforma foi com-
go entre os adeptos da religião católica e os pro- posto por fiéis descontentes com os rumos da
testantes, a Ordem dos Jesuítas teve importan- Igreja Católica, notadamente pela corrupção e
te papel na catequização das regiões coloniais
pelos privilégios do alto clero.
e na disseminação dos princípios do
ecumenismo. 08) O Index Librorum Prohibitorum foi uma das prin-
04) O suíço John Calvin (João Calvino) foi um dos cipais criações da Reforma Protestante. A ne-
principais nomes da reforma protestante. Entre gação aos textos religiosos produzidos pelo clero
suas ideias encontram-se a de que a salvação na Idade Média foi a estratégia adotada pelos
humana seria obtida por meio do trabalho e a protestantes para afastar católicos de sua fé ori-
de que o enriquecimento deveria ser compre- ginal.
endido como uma predestinação divina.
08) Autoridades máximas do Tribunal do Santo Ofí- 16) A Reforma Protestante encontrou grande resis-
cio, os inquisidores acumulavam as funções de tência nas monarquias nacionais, uma vez que
investigador e juiz, concentrando grande poder os reis encaravam a Igreja Católica como uma
e, muitas vezes, decidindo o destino dos julga- instituição universal que não interferia nas ques-
dos a partir de motivações pessoais e não de tões políticas, sociais e culturais dos países
uma legislação específica. europeus.

04 (UEM) Sobre a Reforma Protestante, assinale o que


for CORRETO. 06 (UEM) Identifique o que for CORRETO sobre a Re-
forma Protestante, ocorrida na Europa Ocidental, no
01) A Reforma Protestante foi desencadeada em
século XVI.
1517, quando Martinho Lutero afixou na porta
da Catedral de Wittenberg 95 teses de críticas 01) Reformadores como Lutero e Calvino propuse-
à Igreja Católica. ram uma nova Igreja centrada nos ensinamentos
02) Os principais pontos da doutrina luterana, firma- do Velho Testamento e no abandono do Novo
dos na Confissão de Augsburgo (1530), defen- Testamento.
diam que apenas a fé levava à salvação, que os
fiéis tinham o direito ao livre exame das Escritu- 02) Uma das principais bandeiras políticas dos
ras Sagradas e que todos os cristãos eram reformadores era a necessidade da criação de
iguais. uma Igreja que não interferisse nas questões
04) Os anabatistas, grupo religioso composto por políticas das nações.
camponeses, foram aliados e apoiadores impor- 04) A invenção da imprensa e, com ela, a divulga-
tantes de Martinho Lutero durante o movimento
ção da Bíblia em diferentes línguas nacionais
reformista na região da atual Alemanha.
foram fatores importantes para a divulgação dos
08) As ideias de João Calvino, desencadeador da
Reforma Calvinista, que se fundamentavam no escritos dos teólogos protestantes.
princípio da predestinação absoluta, tiveram boa 08) Opondo-se às concepções religiosas da Igreja
aceitação por parte da burguesia. Católica Romana, muitos capitalistas encontra-
16) Diante da expansão das doutrinas protestantes, ram, na ética protestante, justificativas mais
a Igreja Católica empreendeu a Contrarreforma, apropriadas para legitimar seus lucros.
que teve como uma de suas iniciativas a
reativação dos Tribunais da Inquisição, criados 16) Adeptos do anglicanismo, do luteranismo e do
pela Igreja Católica na Idade Média para punir calvinismo contestavam o poder universal da
os hereges. Igreja Católica Romana.
353
07 (UEPG) Reação organizada pela Igreja Católica ao Analise as afirmativas abaixo.
movimento de Reforma religiosa inaugurado por Martin I. Instituído como religião oficial desde o Império
Lutero, a Contrarreforma marcou um momento de cla- Romano pelo imperador Teodósio, o cristianis-
ra disputa entre católicos e protestantes. A respeito mo gerou discussões irreconciliáveis e a divi-
desse acontecimento histórico, assinale o que for cor-
são, durante o mesmo governo, do Império Ro-
reto.
mano em Ocidental, com sede em Roma, e Ori-
01) As ações da Contrarreforma praticamente não
ental, com sede em Constantinopla.
se fizeram presentes na América colonial.
02) O Concílio de Trento foi o evento que marcou o II. O clero do cristianismo bizantino não se sub-
fim das ações da Contrarreforma e estabeleceu metia ao Papa, e sim ao Imperador. Surgiram
como diretriz um amplo diálogo com as religi- também diversas heresias, como a negação da
ões protestantes. virgindade de Maria. Tal quadro se agravou até
04) O Index Librorium Proibitorium foi um guia cria- a ruptura com Roma e a criação da Igreja Cristã
do para incentivar a leitura de obras religiosas e Ortodoxa.
filosóficas entre os católicos como forma de re-
III. Um dos maiores problemas enfrentados pelo
afirmar a fé na Igreja.
08) A Inquisição foi um dos instrumentos criados cristianismo foi a crise moral de parte do clero,
pela Igreja Católica para perseguir e punir os principalmente durante o século XVI; os abusos
chamados hereges. de poder; a compra de cargos; a venda de in-
16) A Companhia de Jesus cumpriu um intenso pa- dulgências, levando ao surgimento da chama-
pel de catequização, atuando, com destaque, da Reforma Protestante.
em diferentes regiões coloniais. IV. A corrupção e a desmoralização de uma parce-
la do clero católico levaram a um processo cha-
08 (UFPE) A Reforma não foi, apenas, um movimento mado de Cisma do Oriente no século XVI, quan-
de renovação de ideias religiosas que abalaram a Igre- do, após anos de tensão, a Igreja Católica divi-
ja Católica. Sua dimensão atingiu a cultura e a política,
diu-se em Igreja Católica Apostólica Romana e
contribuindo para a modernidade e renovação de cos-
Igreja Cristã Ortodoxa, que negava a autorida-
tumes sociais. De fato, a Reforma atingiu:
de papal, além de condenar a prática da simonia.
( ) o regime das monarquias e favoreceu a liberta-
ção de algumas da tutela dos poderes papais. Marque a alternativa que contém TODAS as afirmati-
( ) a organização econômica com muitas das suas vas CORRETAS.
ideias vinculadas aos anseios da burguesia (A) II e III.
europeia. (B) I e II.
( ) a formação da democracia política moderna, (C) I e III.
sendo solidária com a nobreza e defensora da
(D) II e IV.
teoria do justo preço.
(E) III e IV.
( ) a colonização das terras americanas com sua
rigidez e sua luta contra o capitalismo e suas
práticas. 02 (PUC-SP) A Reforma Protestante, iniciada em 1517
( ) a liberdade dos indivíduos, pois exaltava a obe- com Lutero, espalhou-se pela Europa nas décadas
diência absoluta aos princípios calvinistas e as seguintes, alimentando revoltas sociais e conflitos
práticas da economia burguesa. políticos. Entre os reformadores, Calvino mostrou-se
mais radical em sua crítica ao catolicismo por que
(A) negava qualquer tipo de autoridade religiosa,
pois afirmava a supremacia absoluta do indiví-
duo e da sua capacidade de, ao ler a Bíblia, atin-
gir a graça do conhecimento como caminho para
01 (FAC. PEQUENO PRÍNCIPE - MEDICINA) Leia o a salvação.
excerto a seguir.
(B) criticava as igrejas nacionais e as lideranças dos
[…] Os povos ainda pagãos que se tornarão cristãos reis nos cultos, entendendo que os fiéis atingiri-
ao longo da Idade Média serão convertidos a oeste
am a salvação por meio de boas obras como a
por Roma e a leste por Constantinopla.
conversão dos pecadores pela pregação da
Dessa forma, estabelece-se na Europa uma ruptura,
palavra de Deus.
essencialmente religiosa, mas correspondente sem
dúvida às diferenças mais gerais e mais profundas (C) afirmava a predestinação absoluta dos eleitos
entre os europeus do Oeste e os europeus do Leste. de Deus, reconhecíveis por sinais tais como uma
Outras diferenças virão, ao longo da história, agravar vida simples e austera, a frequência ao culto, o
essa ruptura, mas, dos dois lados, somos cristãos. trabalho árduo e honesto, e o cuidado com a
LE GOFF, Jacques. Uma breve história da Europa. família.
Petrópolis: Vozes, 2010. (D) indicava que a salvação pela fé poderia ser
Uma das instituições mais poderosas do planeta, a conseguida também com o uso da razão, e que
Igreja Católica Apostólica Romana passou por confli- os fiéis que viveram uma vida santa e celibatá-
tos internos que culminaram em rupturas, algumas ria eram modelos a serem discutidos e ensina-
delas definitivas. dos nos seminários.
354
03 (G1 - IFBA) No início do século XVI, Martinho Lutero (C) As ideias protestantes influenciaram a revolta
publicizava suas teses contrárias a alguns rumos que camponesa sob a liderança de Thomas Munzer
a Igreja católica vinha tomando ao longo da idade na Turíngia, que pregava o fim do Estado e da
média. Essa movimentação de Lutero desencadeou propriedade privada.
um movimento que foi chamado de Reforma Protes- (D) Calvino condenava a usura e a doutrina da
tante. predestinação, sendo apoiado por integrantes
A reforma notabilizou muitas críticas à Igreja, dentre do clero secular e da própria burguesia
elas: estabelecida na Suíça.
(A) Recusar a importância da terra para os grandes
proprietários, tirando deles todos o poder divino 06 (ESPCEX - AMAN) No início da Era Moderna, a Igre-
que poderiam reivindicar através da nobreza.
ja Católica foi abalada por uma série de
(B) Ter sido o elemento fundador do iluminismo que
acontecimentos que levaram a significativas mudan-
tanto criticava as ideias mágicas contidas nos
milagres católicos. ças internas e ao surgimento de novas religiões na
(C) O refortalecimento do feudalismo. Europa. Entre as ideias dos principais reformadores
(D) Criticar a prática das indulgências católicas que e contra - reformadores, podemos encontrar a(o):
acarretava na salvação pelo arrependimento e I. Criação do Index.
não pela fé. II. Predestinação.
(E) Criar grande preocupação na Igreja Católica,
III. Criação da Companhia de Jesus.
mantendo sua preocupação centrada na Euro-
pa, o que justificou o tardio povoamento do Bra- IV. Uso da língua inglesa.
sil. V. A Bíblia como fonte de fé e livre exame.
VI. Extinção da hierarquia eclesiástica.
04 (FALBE) No dia 31 de Outubro de 1517, o monge e
Assinale, abaixo, a alternativa que apresenta ideias
doutor em teologia Martinho Lutero publicou em
relacionadas com a Igreja Calvinista.
Wittemberg as suas 95 teses sobre questões a se-
rem debatidas com outros teólogos católicos. Entre (A) III, V e VI.
as posições defendidas, e que acabaram por levar ao (B) I, II e VI.
rompimento de Lutero com a Igreja Católica, estavam (C) II, V e VI.
(D) I, II e V.
(A) a afirmação de que todo cristão batizado pode-
(E) II, IV e V.
ria ser o seu próprio sacerdote, o
questionamento do dogma da infalibilidade pa-
pal e o princípio da salvação pela fé. PARA RESPONDER À QUESTÃO, CONSIDERE O TEX-
(B) o reconhecimento apenas do batismo, da euca- TO ABAIXO.
ristia, do casamento e da extrema unção como
sacramentos cristãos válidos. Regimes que se dizem cristãos e que derivam sua
(C) a reafirmação do culto aos santos locais e da autoridade de um determinado corpo de textos já variaram
Virgem, e a validação do casamento de qual- do reino feudal de Jerusalém aos shakers, do império dos
quer membro da Igreja. tsares russos à República Holandesa, da Genebra de
(D) o uso da Inquisição e do Index como instrumen- Calvino à Inglaterra georgiana. Em épocas distintas, a teo-
tos de combate aos desvios doutrinais e o reco- logia cristã absorveu Aristóteles e Marx. Todos afirmavam
nhecimento da infalibilidade papal na orienta- provir dos ensinamentos de Cristo - embora em geral desa-
ção teológica da cristandade. gradando a outros cristãos igualmente convencidos de sua
cristandade.
05 (ACAFE) "Erram os pregadores de indulgências quan- HOBSBAWM, Eric. Como mudar o mundo.
do dizem que pelas indulgências do papa o homem Marx e o marxismo (1840-2011).
fica livre de todo pecado e que está salvo". Este é um São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 312.
dos pontos das 95 teses divulgadas por Martinho
Lutero na porta da igreja do Castelo de Wittenberg, 07 (PUC-CAMP) No texto de Eric Hobsbawm, há infor-
em 1517, que está completando 500 anos em 2017. mações que nos fazem em lembrar a Reforma
Acerca do contexto da reforma protestante, da atua- Protestante, a qual pôs um fim no monopólio espiritu-
ção de Lutero e do avanço do movimento reformista al da Igreja Católica, oferecendo novas opções
na igreja europeia é correto afirmar, EXCETO: religiosas.
(A) Henrique VIII, rei da Inglaterra, rompeu com o Um dos efeitos do movimento, sobretudo a partir de
catolicismo publicando o Ato de supremacia, do- Calvino, foi
cumento em que se tornava o chefe da Igreja (A) a destruição da maioria das bibliotecas, restan-
da Inglaterra, posteriormente denominada
do algumas pertencentes à Igreja Católica que
Anglicana.
serviam de base para os movimentos heréticos.
(B) Lutero e o teólogo Felipe Melanchton escreve-
ram a Confissão de Augsburgo, fundamentan- (B) o estímulo ao desenvolvimento capitalista, na
do a doutrina luterana. Um dos pontos desta obra medida em que criou uma ética favorável ao lu-
determinava a substituição do latim pela língua cro, ao trabalho árduo e ao enriquecimento pes-
nacional nos cultos religiosos. soal.
355
(C) o fim das promoções eclesiásticas baseadas no Publicado em 1516, o clássico Utopia, do inglês
critério da riqueza pessoal ou familiar dos sa- Thomas More ou Thomas Morus, reflete a visão do
cerdotes, adquirida com a venda das indulgên- autor sobre várias questões de sua época. Quanto às
cias. questões religiosas, tratadas no excerto acima, o li-
(D) a reafirmação da tese que defendia a salvação
vro é bastante significativo de sua época, porque
da alma pela fé e pelas boas obras, contrarian-
do o dogma que determinava a salvação pela (A) na Europa, apenas uma Igreja existiu no século
fé. XVI, a Igreja Católica Romana, portanto essa
(E) o incentivo ao surgimento de movimentos heré- postura hipotética seria ideal apenas para luga-
ticos contra a prática religiosa desenvolvida por res com várias correntes religiosas.
seitas rurais que deram origem às Reformas.
(B) na Inglaterra, a criação de uma igreja nacional -
o anglicanismo - provocou profundos choques
08 (UECE) Leia atentamente o trecho a seguir: e perseguições aos cristãos católicos e
"Antes de chegar à ilha, o rei Utopos tinha conheci- calvinistas pela nova igreja fundada pelo rei
mento de que seus habitantes lutavam continuamente Henrique VIII.
entre si por questões religiosas. De fato, concluiu que
seria fácil conquistar a ilha porque as diferentes sei- (C) estabeleceu um modelo de comportamento que
tas estavam demasiadamente ocupadas, lutando foi plenamente aceito na Europa quando surgi-
umas contra outras, para se oporem às suas forças. ram as igrejas protestantes, o que impediu, pos-
Portanto, tão logo conquistou a vitória, decretou que teriormente, os conflitos entre as crenças cris-
cada um era livre para professar a religião de sua pró- tãs.
pria escolha, podendo fazer proselitismo por sua fé,
(D) definiu uma forma de interação entre diferentes
desde que fosse de forma racional, discreta e mode-
rada, sem agredir outras crenças". religiões, apaziguando os conflitos entre cristãos,
MORE, Thomas. Utopia. trad. Anah de Melo Franco. judeus e muçulmanos no oriente médio até os
Brasília: Editora da Universidade de Brasília: Instituto de dias atuais.
Pesquisa de Relações Internacionais, 2004, p. 115.

01 (UERJ)

O "Muro dos Reformadores" foi construído em Genebra, Suíça, em 1909, em celebração aos 400 anos de nascimen-
to de João Calvino, protagonista das reformas religiosas dos séculos XVI e XVII. O monumento, composto por 10
estátuas, algumas com 5 metros de altura, representa reformadores que atuaram em diversos países, revelando a
difusão e o alcance do movimento.
Considerando a Época Moderna, apresente uma característica - política, social, econômica ou tecnológica - que
tenha contribuído para a difusão das reformas religiosas em diferentes países.
Em seguida, cite uma medida da Igreja Católica, naquela época, que explique o número reduzido de reformadores
vinculados ao continente americano, como se observa no monumento.
356
02 (FGV) Mas por que não falar dos que julgam que, em 03 (UFU) Observe a imagem.
virtude dos perdões e das indulgências, não têm ne-
nhuma dívida para com a divindade? (...) sem recear
erro de cálculo, medem os espaços, os séculos, os
anos, os meses, os dias - assim também, com essa
espécie de falazes remissões medem eles as horas
do purgatório.
(...)
Persuadidos dos perdões e das indulgências, ao ne-
gociante, ao militar, ao juiz, basta atirarem a uma
bandeja uma pequena moeda, para ficarem tão lim-
pos e tão puros dos seus numerosos roubos como
quando saíram da pia batismal.
Erasmo de Roterdã, Elogio da Loucura.
Essa gravura remete a um episódio histórico ocorrido
São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 66-67.
há cerca de cinco séculos na cidade de Wittenberg,
Coleção Os Pensadores. então Saxônia.
a) Aponte as diferenças entre a Reforma Protes- Considerando-se essas informações, faça o que se
tante e a Contrarreforma Católica no século XVI. pede.
a) Relate o episódio histórico relacionado, apon-
b) Identifique e explique uma característica comum
tando seu protagonista e mencionando o princi-
à Reforma Protestante e à Contrarreforma ca-
pal teor de suas reivindicações manifestadas à
tólica no século XVI.
época.
c) Do ponto de vista das monarquias europeias, b) Cite três consequências desencadeadas a par-
explique o contexto de rivalidades na primeira tir desse advento histórico representado pela
metade do século XVI. gravura.

04 (UERJ)

Nos séculos XVI e XVII, o surgimento e a expansão de diversas religiões cristãs, genericamente chamadas de
protestantes, alteraram as condições políticas e sociais do Ocidente europeu.
Identifique dois efeitos políticos da expansão das Igrejas protestantes para as sociedades europeias. Apresente,
ainda, uma das reações da Igreja Católica a essa expansão.

05 (UFES) "Que doravante não haja nem papistas nem luteranos; tomemos todos o nome de Jesus, de quem espera-
mos a salvação. Sejamos todos discípulos de Jesus. Desejaremos então ter como amigos os Judeus e os Ismaelitas,
e até lhes daremos este nome, e, no fim de contas, toda a humanidade".
(POSTEL, Guillaume, apud DELUMEAU, Jean. A civilização do Renascimento. Lisboa: Editorial Estampa, 1984. p. 35).

A frase acima foi proferida por Guillaume Postel, que viveu entre 1510 e 1581, época de grave perseguição religiosa.
Sua utopia de tolerância foi rejeitada em seu tempo e ainda não se consolidou no mundo contemporâneo. Conside-
rando o tema, faça o que se pede.
a) Caracterize a Inquisição e a perseguição aos judeus na Idade Moderna.
b) Explique como a atual guerra entre Israel e os habitantes da Faixa de Gaza pode ser interpretada no contexto
da intolerância religiosa.
357
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