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CALENDÁRIO LETIVO: 3ª Etapa DATA: ___/___/___

TIPO DE MATERIAL: Atividade complementar


DISCIPLINA: História ANO/SÉRIE: 1ªEM
PROFESSOR(A): Marisa Ribeiro Silva
Nº. TURMA:
ALUNO(A):
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Estado Moderno

Com a centralização do poder político o rei impôs um único sistema de pesos e medidas e uma só
moeda para o comércio realizado dentro dos feudos que estivessem sob o seu comando. E com isso
conquistou a confiança e o apoio dos burgueses, já que comprar, vender e transportar mercadorias ficou
mais fácil e seguro.
O rei também passou a cobrar impostos e taxas sobre as mercadorias negociadas dentro de seus
domínios. Os recursos acumulados permitiram a organização do exército e da marinha. Dessa forma, o rei
conseguiu vencer as despreparadas tropas feudais, subjugando, assim, os senhores que se opusessem a ele.
Aos poucos o Estado moderno foi se consolidando em torno do poder do rei, cada vez mais
centralizado e forte. O sistema político que sustenta o poder absoluto dos reis é chamado de ABSOLUTISMO.
Por absoluto entendiam o poder centralizado do soberano, mas
IMPORTANTE!
não significava poder ilimitado nem ditatorial ou tirânico. Pelo
contrário, o poder do rei absoluto estava enquadrado pelas leis e É preciso ter em mente que o
costumes do reino. Caberia ao rei garantir a ordem e a justiça e, ABSOLUTISMO assumiu diferentes
para isso, a vontade do rei e do Estado se sobrepunha ao povo. formas, dependendo do Estado onde
Neste processo, firma-se o caráter sacralizado do poder real foi aplicado e que não significa que o
interligando política e religião. O absolutismo apresenta-se, rei governava sozinho ou ditava as leis
assim, como um absolutismo monárquico hereditário na qual o aleatoriamente. O poder do rei era
monarca recebe o poder de Deus e, como tal, é o seu limitado pela tradição, pelos costumes,
representante na Terra. O absolutismo francês foi mais pelo poder econômico da burguesia,
enfatizado pela teoria do direito divino dos reis, defendida por pelo poder político da nobreza, pela
teóricos do absolutismo, filósofos como Jean Bodin e o bispo força da Igreja e, em alguns casos, pelo
Bossuet. Já o inglês Thomas Hobbes defende o absolutismo, mas Parlamento.
não reconhece o direito divino.

TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO
1. JEAN BODIN - O ABSOLUTISMO SOBERANO

Jean Bodin (1530-1596) é considerado o primeiro pensador a estabelecer o conceito de absolutismo


soberano, surgido no final do século XVI junto com o Estado Moderno e personificado no monarca. O poder
soberano do Estado fundia-se, portanto, à pessoa do rei. O pensamento e a obra de Jean Bodin nasceram no
contexto da guerra civil entre católicos e huguenotes (protestantes) que devastou a França na segunda
metade do século XVI. As chamadas guerras religiosas (foram 8 conflitos separados por curtos períodos de
paz) tiveram episódios dramáticos como o Massacre da Noite de São Bartolomeu quando milhares de
huguenotes foram assassinados. A instabilidade política e social fragilizava o poder real e ameaçava a
consolidação da monarquia nacional. Massacre da Noite de São Bartolomeu, ocorrido em 23 e 24 de agosto
de 1572, em Paris. Em sua obra Seis livros sobre a República (1576), Bodin apontava uma saída para o
restabelecimento da ordem social e da prosperidade econômica: o fortalecimento do poder do rei. Bodin
defende uma autoridade forte que se faça obedecer e seja, de fato, obedecido. O soberano reúne os
interesses contrários que existem na sociedade e os ordena. A origem da soberania do rei estava em um
pacto em que o súdito aceita, abrir mão de sua liberdade primordial, porque deseja a paz.

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Para Bodin, a soberania é um poder perpétuo e ilimitado que tem como únicas limitações a lei divina e a lei
natural, isto é, o soberano deve respeitar as leis divinas, a Igreja e o bem da sociedade. O poder do soberano
não é arbitrário e essa é a diferença entre o monarca e o tirano. Nada havendo de maior sobre a terra, depois
de Deus, que os príncipes soberanos, e sendo por Ele estabelecidos como seus representantes para
governarem os outros homens, é necessário lembrar-se com toda a obediência, a fim de sentir e falar deles
com toda a honra, pois quem despreza seu príncipe soberano despreza a Deus, de Quem ele é a imagem na
terra. (BODIN, “Seis Livros sobre a República”. In MARQUES, 1997).

2. JACQUES BOSSUET - TEORIA DO DIREITO DIVINO DOS REIS

O Bispo católico Jacques Bossuet defendia a ideia de que o poder dos reis era uma dádiva de Deus. Assim,
nenhuma autoridade poderia contestar esse direito divino ir contra o rei era ir contra Deus. Segundo ele, o
rei agia sob proteção divina e assim seria sempre justo e correto.
O absolutismo de origem divina Jacques Bossuet (1627-1704). Mais de um século depois de Bodin, foi
publicada a obra póstuma Política tirada da Sagrada Escritura (1709) do bispo e teólogo francês Jacques
Bossuet (1627-1704). A obra fora escrita anos antes, quando o bispo era preceptor do filho mais velho de
Luís XIV e herdeiro do trono. Luís XIV, apelidado de “Rei Sol”, era então, a própria encarnação da monarquia
absolutista. Seu governo foi marcado pela glorificação do poder absolutismo exibido nas artes, em peças
teatrais, balés, monumentos públicos e nos palácios magníficos como o Louvre e, especialmente Versalhes
para onde o rei e sua corte se mudaram em 1682. O Rei Sol reuniu à sua volta escritores, sábios e poetas
franceses como também estrangeiros. Assim como os pintores e escultores que decoravam Versalhes, esses
artistas assalariados residiam no palácio e executavam seus trabalhos sob encomenda real, sempre com o
objetivo de exaltar as virtudes do rei. Nas artes, Luís XIV era elevado à categoria das divindades. O bispo
Jacques Bossuet fez parte deste universo de exaltação e engrandecimento do Rei Sol. Foi convidado por Luís
XIV para pregar sermões na corte e residiu no palácio entre 1670 e 1681, quando foi preceptor do Delfim
(título do primogênito e herdeiro do trono francês). Sob esse clima, Bossuet escreveu A Política tirada da
Sagrada Escritura na qual, apoiando-se na Bíblia, explicava a origem do poder e da autoridade do rei. A teoria
do direito divino, que havia tempos era conhecida, atingiu o seu ponto culminante com Bossuet.
“Três razões fazem ver que este governo [monarquia hereditária] é o melhor. A primeira é que é o mais natural
e se perpetua por si próprio (…). A segunda razão (…) é que este governo é o que interessa mais na
conservação do Estado e dos poderes que o constituem: o príncipe, que trabalha para o seu Estado, trabalha
para os seus filhos, e o amor que tem pelo seu reino, confundi com o que tem pela sua família, torna-se-lhe
natural (…). A terceira razão tira-se da dignidade das casas reais (…). A inveja, que se tem naturalmente
daqueles que estão acima de nós, torna-se aqui em amor e respeito: os próprios grandes obedecem sem
repugnância a uma família que sempre viram como superior e à qual se não conhece outra que a possa igualar
(…). O trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus (…). Os reis (…) são deuses e
participam de alguma maneira da independência divina. O rei vê de mais longe e de mais alto; deve acreditar-
se que ele vê melhor, e deve obedecer-lhe sem murmurar, pois o murmúrio é uma disposição para a sedição”.
(BOSSUET, “Política tirada da Sagrada Escritura”. In FREITAS, s/d.).
A teoria do direito divino dos reis entrelaça teologia e política. O poder absoluto do rei expressa a vontade
de Deus e, portanto, é sagrado e os súditos devem obedecer ao príncipe como obedecem a Deus. Qualquer
rebelião contra ele é sacrilégio, isto é, um crime político e religioso. A autoridade real é absoluta, o poder do
príncipe é indivisível e ele não deve prestar contas a ninguém de suas decisões. Em contrapartida, o soberano
deve governar seus súditos como um pai governa e ama a sua família, sem se deixar afetar pelo poder.
Adaptado de: https://ensinarhistoriajoelza.com.br/absolutismo/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues

ATIVIDADES

QUESTÃO 1 - Em 1726, o comerciante Francisco da Cruz contou, em uma carta, que estava para fazer uma viagem à vila
de Pitangui, onde os paulistas tinham acabado de se revoltar contra a ordem do rei. Temeroso de enfrentar os perigos
que cercavam a jornada, escreveu ao grande comerciante português de quem era apenas um representante em Minas

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Gerais, chamado Francisco Pinheiro, e que, devido a sua importância e riqueza, frequentava, no Reino, a corte do rei
Dom João V. Pedia, nessa carta, que, por Francisco Pinheiro estar mais junto aos céus, servisse de seu intermediário e
lhe fizesse o favor de "me encomendar a Deus e à Sua Mãe Santíssima, para que me livrem destes perigos e de outros
semelhantes".
Carta 161, Maço 29, f.194. Apud LISANTI Fo., Luís. "Negócios coloniais: uma correspondência comercial do século XVIII".
Brasília/São Paulo: Ministério da Fazenda/Visão Editorial, 1973. (Resumo adaptado)

Identifique e explique a concepção política do comerciante Francisco da Cruz.

Jacques Bossuet, que defendia o direito divino dos reis apoiado numa visão hierárquica dos homens e da
política, como extensão da corte celestial.

QUESTÃO 2 - (Unicamp)
"Todo o poder vem de Deus. Os governantes, pois, agem como ministros de Deus e seus representantes na terra.
Consequentemente, o trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus".
(Jacques Bossuet, POLÍTICA TIRADA DAS PALAVRAS DA SAGRADA ESCRITURA, 1709)
"(...) que seja prefixada à Constituição uma declaração de que todo o poder é originalmente concedido ao povo e,
consequentemente, emanou do povo".
(Emenda Constitucional proposta por Madison em 8 de junho de 1789)

a) Explique a concepção de Estado em cada um dos textos.


TEXTO 1 - Jacques Bossuet, que defendia o direito divino dos reis apoiado numa visão hierárquica dos
homens e da política, como extensão da corte celestial.
TEXTO 2 – Princípios liberais orientam a ideia de limite ao poder do governante a partir do estabelecimento
de uma constituição que garanta direitos para a população.
b) Explique a relação entre indivíduo e Estado em cada um dos textos.
Na Monarquia Absolutista não há cidadão, apenas súdito. Ou seja, a população não tem direitos e todo o
poder está concentrado nas mãos do monarca.

Já no governo liberal o povo é cidadão e o governo tem o poder limitado.

QUESTÃO 3 –

“Todo poder vem de Deus. Os governantes, pois, agem


como ministros de Deus e seus representantes na terra.
Consequentemente, o trono real não é o trono de um
homem, mas o trono do próprio Deus.
Resulta de tudo isso que a pessoa do rei é sagrada, e que
atacá-lo de qualquer maneira é sacrilégio. (...)
O poder real é absoluto. O príncipe não precisa dar
contas de seus atos a ninguém.”
(Jaques-Bénigne Bossuet, 1627-1704)

“Luís XIV diante de Maastricht” – Pierre Mignard (1673).

Explique a relação entre o texto, a imagem e a Teoria do Direito Divino dos Reis.
A imagem mostra o rei sendo coroado por um anjo reforçando a ideia do poder divino dos reis.

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QUESTÃO 4 – (UESB/2020)
Segundo o pensamento absolutista, o rei deve ter a capacidade de equilibrar devidamente suas ações
mediante a constante necessidade de fortalecer o Estado e, ao mesmo tempo, obter o reconhecimento do
poder por ele exercido. Sob tal aspecto, as doutrinas absolutistas acreditam que o monarca deve habilmente
distinguir a moral das “razões do Estado” para que pudesse alcançar seus objetivos.

Embora em diferentes contextos históricos, a instalação e a queda do absolutismo como sistema de governo
no mundo ocidental apresentam como elemento comum

A) à ascensão do capitalismo financeiro, que fortaleceu os limites geográficos dos grandes impérios coloniais,
dentro dos quais a autoridade monárquica era indiscutível.
B) à expansão do pensamento científico que demonstrou com dados concretos, a validade do conceito do
“direito divino dos reis”, fundamento que persistiu nas monarquias europeias até o final do séc. XIX.
C) à ascensão e ao fortalecimento da burguesia que, na sua feição comercial, precisava da estabilidade de
um Estado forte e que na sua feição industrial, se sentia limitada pelo centralismo monárquico.
D) ao crescente fortalecimento da Igreja que, aliada à nobreza tradicional, exigiu a liberação das terras
feudais para a sobrevivência e emancipação da classe servil.
E) à expansão marítima europeia e a formação dos impérios comerciais que possibilitaram a manutenção do
absolutismo real na Europa Ocidental até o advento da Revolução Bolchevique na Rússia.

QUESTÃO 5 – (Uepg 2019)


Estados Nacionais Modernos é uma expressão utilizada para se referir aos reinos europeus com
características bastante peculiares que surgiram a partir do fim do feudalismo. A respeito desse tema,
assinale o que for correto.

( V ) Apoiados pela burguesia nascente, os reis se fortaleceram política e economicamente. A montagem de


corpos burocráticos e instituições, necessárias para uniformizar regras, criar leis e garantir o pleno
funcionamento da economia, faz parte desse contexto.
( V ) A nobreza, classe social típica do feudalismo, perdeu autonomia, tornou-se submissa aos reis. Ao mesmo
tempo, foi sustentada pelos Estados e alguns de seus membros exerceram cargos e funções importantes
na estrutura estatal.
( V ) Um dos primeiros Estados Nacionais Modernos, Portugal superou a fase do feudalismo, centralizou o
poder na figura do Rei e investiu no conhecimento náutico, que levou ao ciclo das grandes navegações.
( V ) A definição de fronteiras entre os reinos europeus desse período foi um dos elementos fundamentais
para a consolidação dos Estados Nacionais Modernos. Além de fomentar os sentimentos de identidade
e nacionalismo, as fronteiras demarcavam a área de poder dos reis.
( F ) No campo político, uma das características dos Estados Nacionais Modernos foi a adoção de
Constituições que, via de regra, valorizavam princípios democráticos e ampliavam direitos sociais.

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