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Trabalho de História – O absolutismo régio

O Absolutismo foi um sistema político que em geral defendia o poder absoluto do


monarca sobre o Estado e foi muito comum a partir do século XVI até meados do século
XIX em diversas partes da Europa. Esta forma de governo estava diretamente ligada com
o processo de formação dos Estados Nacionais e com a ascensão da classe mercantil
conhecida como burguesia. Assim, era determinado pelo rei a organização das leis, a
criação dos impostos, e a delimitação e implantação da justiça. Neste poder supremo só
podia ser encontrada a vontade de Deus, dela provinham, por escolha e dádiva, não só a
autoridade real como as qualidades necessárias ao exercício de tão importante cargo.

Os fundamentos do poder real


Á medida que o poder real era fortalecido, uma série de teóricos escreveram sobre a
justificativa do poder absoluto, entre eles, destacou-se o clérigo francês Jacques Bossuet.
Com os seus escritos procurou legitimar o estilo de governação de Luís XIV, modelo de
todos os reis absolutos e, até do próprio absolutismo, segundo Bossuet, o poder real
conjuga quatro características básicas:
-É sagrado, porque provém de Deus que deu esse cargo aos reis para que estes o exerçam
em seu nome, mas esta origem divina do poder real também lhe impõe limites, pois os
reis devem honrar o poder que Deus lhes deu, usando-o para o bem público.
-É paternal, pois a autoridade paterna é a mais natural e a primeira que os homens
conhecem, e por isso, o rei deve satisfazer as necessidades do seu povo como se fosse
"pai do povo".
-É absoluto, uma vez que o rei assegura, com o seu poder supremo, o respeito pelas leis
e pelas normas da justiça, de forma a evitar que seja retirado aos homens os seus direitos.
- Está submetido à razão, isto é, à sabedoria, pois Deus escolheu os reis de capacidades
que lhes permitem decidir bem e fazer o povo feliz, tendo qualidades como bondade,
firmeza, força de carácter, prudência, capacidade de previsão, porque são elas que
asseguram o bom governo.

Neste documento, Bossuet reforça


o caráter sagrado da autoridade e da
pessoa do rei, justificando-a com o
facto dele ser «ministro de Deus».

Fig.1 – Doc.8, pág. 25


O exercício da autoridade
O rei absoluto legisla, executa e julga, pois é nele que se concentra toda a autoridade do
Estado. Nunca se estabeleceu qualquer órgão para se controlar a atuação régia, pois se o
rei estava obrigado a respeitar os costumes do reino, nunca se estabeleceu qualquer órgão
que controlasse a atuação régia.

Neste documento, Luís XIV reivindica


uma autoridade absoluta, em que não
partilha com ninguém, nem com
nenhuma instituição o seu poder, pois
só ele é que manda.

Fig. 2 – Doc.9B, pág. 26

Visto que as suas ações estavam legitimadas por si próprias, os monarcas absolutos
dispensavam a ajuda das outras forças políticas. Em França, os Estados Gerais, estiveram
quase cem anos sem se reunirem, tendo-os considerados "abolidos" o ministro dos
negócios estrangeiros. E apenas se reuniram pela última vez em 1614, perto do fim do
reinado de Luís XIV antes da revolução industrial.
Mas na verdade nunca nenhuma instituição foi abolida, nem os Estados Gerais em França,
nem as Cortes em Portugal, pois abolir qualquer instituição seria uma afronta aos
privilégios estabelecidos que cabiam ao rei conservar.

No entanto, na monarquia absoluta existiam limitações do direito régio como: a


proibição de alienar bens públicos e as leis gerais do reino, e respeitar a ordem de sucessão
ao trono (por morte do rei deveria suceder-lhe o filho mais velho).
E o rei também tem deveres como, manter a ordem; organizar a defesa do país; exercer
a justiça de forma imparcial; fazer-se obedecer ainda que recorrendo à força;
responsabilizar-se pela vida económica do reino.

Na cerimónia de coroação e sagração o rei jurava manter o reino em direito e em justiça,


até mesmo em França, modelo do absolutismo régio europeu, qualquer desobediência
dele às leis fundamentais era olhada com desagrado e condenação.
O rei é o defensor da ordem social estabelecida, e é assim que recebe o seu poder "das
mãos de Deus". E qualquer tentativa feita com a intenção de o alterar é vista como um
desrespeito do direito consuetudinário e quebra do juramento prestado.

A encenação do poder: corte régia

Da encenação do poder absoluto destaca-se a corte régia, pois era nela que se organizava
o poder. Era ela que representava o espaço físico adequado à centralização político-
administrativa, baseado no luxo e a magnificência dos espaços onde se movimentam o rei
e os cortesãos, a hierarquia e a cadeia social de primazia.
Na corte encenava-se o poder e a grandeza do rei, e o conjunto de pessoas que o rodeavam
obedeciam a regras e a um ritual (maneiras de estar, de vestir, de falar, de gesticular, etc.),
que tinham como objetivo a divinização do rei. Este controlava, fiscalizava e disciplinava
os cortesãos.

Fig.3 – Doc.13, pág. 31

As cortes eram centros políticos e o rei admirava quem fazia parte dela, Versalhes é o
paradigma da corte real, por isso, a vida em Versalhes era, quotidianamente, uma
encenação do poder e da grandeza do soberano, cada gesto que o rei realizasse tinha um
significado social ou mesmo político e diplomático. Todos se encontravam pendentes
dele: de um sorriso, de um pequeno agrado, de uma expressão mais dura. Todos ansiavam
por um convite para assistir ao levantar, ao almoço ou ao baile do rei. O monarca e a sua
família representavam o poder em todas as circunstâncias e mesmo os mais banais atos
do dia a dia se transformavam em cerimónias semipúblicas.
Toda a vida da corte tinha como único objetivo
a exaltação do rei como senhor absoluto. O
paradigma da exaltação da pessoa do rei
absoluto é Luís XIV, que se apresentava como
o Rei Sol, baseado no Deus do Sol, Apolo.

Fig.4 - Luís XIV, representando


Apolo, Deus do Sol

Lara Pacheco
Nº17 11ºD

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