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LUÍS XIV:

o retrato do rei absoluto de direito divino


LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino
Encenação e poder na corte de Luís XIV: o absolutismo régio
Monarquia absoluta (…) A autoridade real é sagrada. Deus estabeleceu os reis como
Poder do rei: sagrado, seus ministros e reina, através deles, sobre os povos. (…) É por
paternal, absoluto e isso que nós vemos que o trono real não é o trono de um homem
submetido à razão mas o trono do próprio Deus. (…) A pessoa dos Reis é sagrada.
 
Bossuet, A Política Tirada das Sagradas Escrituras, 17
Luís XIV - França
Por muito mau que possa ser um príncipe, a revolta dos seus
O Rei é garantia da
súbditos é sempre infinitamente criminosa. Deus, que enviou o rei
ordem estabelecida
aos homens, quis que eles o respeitassem (…), apenas Ele
(poder executivo,
reconhece o poder de julgar os seus atos.
legislativo e judicial)
Luís XIV, Mémoires pour l’année, 1667

Absolutismo régio
Poderes
• Executivo: administração
do reino, controlo da economia,
Origem do poder Apoiantes
comando do exército Divina Complexa rede de funcionários régios
• Legislativo: promulgação das (o poder vem de Deus) na corte e espalhados por todo o reino
leis
• Judicial: aplicação da justiça

Monarquia absoluta: Sistema político que vigorou na Europa no período correspondente ao Antigo
Regime. Consistia numa forma de governo concentrada na pessoa do rei. Segundo os teóricos do
absolutismo, o monarca recebia o poder das mãos de Deus, que lhe conferia a legitimidade para
governar em seu nome. No entanto, o rei estava obrigado a respeitar a propriedade e direitos dos
súbditos e das corporações.
LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino

Luís XIV assume o PODER Segundo Bossuet:


ABSOLUTO, o poder
supremo, próximo de Deus O REI
e por Ele legitimado.
É o representante
de Deus na Terra
O poder absoluto difere do
poder tirânico ou A sua autoridade é sagrada
arbitrário. O exercício do poder tem três
características básicas:
O principal teorizador do • é sagrado, isto é, tem origem
divina,
“Direito Divino” foi
Jacques-Bénigne Bossuet. • é paternal, ou seja, está ao
serviço do bem do povo e dos
fracos,
• é absoluto, mas não arbitrário.
LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino
A corte régia
• Morada do rei A autoridade dos reis enquanto senhores da sua
• Local central de funções corte tem o seu correspondente no caráter
representativas do patrimonial do Estado absolutista cujo órgão
Estado absoluto central é a «casa do rei» no sentido amplo do
• Polo de atração e palco termo, ou seja, a «corte»
de encenação do poder
Norbert Elias, A Sociedade de Corte, Editorial Estampa, 1995 (adaptado)

A Corte de Versalhes
• Modelo de todas as
principais cortes régias
europeias da época
• Grandiosidade, luxo e
riqueza
• Modelo de encenação
do poder

Palácio de Versalhes, gravura da época


LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino

Encenação e poder na corte de Luís XIV: O papel da sociedade de corte


Sociedade de corte
• Vida quotidiana ao serviço do rei
• Hierarquia rígida
• Etiqueta minuciosa
• Honras e privilégios
• Reconhecimento público

Sociedade de corte – formação social típica


do Antigo Regime organizada em torno da vida
do palácio e do poder patriarcal do rei de
quem eram fiéis servidores. Estes cortesãos
(funcionários, conselheiros, diplomatas,
criados e outros) estavam ligados entre si por
uma rede de obrigações definida numa ordem
hierárquica mais ou menos rígida e por uma
etiqueta minuciosa que os posicionava numa
complexa rede de relações de dependência
em que o grupo mais respeitado era a alta
nobreza de corte.
LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino

Instrumentos do poder absoluto


A CORTE é o centro do culto monárquico; é usada como um
instrumento de governo; é o local onde o rei controla os
“Grandes”, segundo o cerimonial e a etiqueta.
O Absolutismo transformou a corte num espelho do poder, num
símbolo de propaganda e da imagem real.
Na corte, o rei torna-se o garante da ordem estabelecida.
LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino

Instrumentos do poder absoluto


A ADMINISTRAÇÃO CENTRAL
Toda a “máquina” é supervisionada pelo rei; os conselhos têm um
caráter consultivo.

A FISCALIDADE RÉGIA
É um instrumento para fazer face ao aumento das despesas do
Estado (guerras, fausto da corte e complexidade da máquina
administrativa e burocrática).

A BUROCRACIA
É um sistema administrativo assente na multiplicidade de funções
interligadas.
LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino

Instrumentos do poder absoluto


A ADMINISTRAÇÃO LOCAL
O rei nomeia cada vez mais
funcionários a fim de
garantir uma maior eficácia
na ligação com a
administração central.

PRINCIPAIS PROBLEMAS DA
ADMINISTRAÇÃO:
• a venalidade (venda ou
arrendamento dos
cargos);
• pouco zelo e corrupção;
• dificuldades de
comunicação entre os
órgãos administrativos.
LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino

ro d e Lu í s XI V,
e do qua d
A n á l is e R i ga u d .
de Hyacin th

Hyacinthe Rigaud, Luís XIV em traje


de sagração, 1685.
LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino
Nesta obra, Rigaud representa a
monarquia absoluta de direito
divino, na pessoa de Luís XIV.

A cortina vermelha coloca o rei no


centro da cena.

Ao rei estão ligados os atributos do


seu poder:
• o cetro;
• a espada;
• a mão da justiça;
• a coroa;
• o manto.

Trata-se de uma pintura do estilo


barroco. O tratamento dos
panejamentos, a exuberância das
cores, os elementos decorativos, a
sinuosidade das linhas e a própria
representação da figura real estão
associados a este estilo.
LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino

As cores dos elementos


decorativos:
• o cortinado, pesado e
luxuoso, surge em
vermelho, púrpura e
bordado a ouro, cores
que simbolizam a
realeza.
LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino

O traje do rei está representado


de forma pormenorizada.
O interior do manto é forrado
de pele de arminho e o exterior
é bordado a ouro.

O rei usa uma peruca, ao estilo


do século XVII, e meias.

Os sapatos com salto vermelho,


os laços e as rendas finas
revelam a sua superioridade.
O rei dita a moda.
LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino

O monarca está de pé numa


atitude de majestade.
As pernas de jovem, em posição
de dança, contrastam com o
seu rosto envelhecido, pois
tinha 63 anos quando o seu
retrato foi feito.

O rei não enverga os símbolos


do poder real, os quais estão
colocados ao lado da sua figura.
Apenas tem consigo a espada.

Na composição é o monarca
que se destaca.
LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino
• Personalidade forte, a olhar
diretamente para o
espetador, numa atitude
majestosa.
Simbologia das cores
• Revela o seu poder pessoal,
governando sem primeiro
Azul: cor da monarquia
ministro.
francesa.
• Controla a nobreza na corte,
privando-a
Vermelho: cor do
do seu poder
poder desde
político, mas
o Império Romano.mantendo o
seu estatuto social.
Branco: cor também da
monarquia francesa, ilumina o
rei.

Ouro: símbolo da riqueza.


Poucas eram as pessoas na
corte autorizadas a usar objetos
de ouro.
LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino
• O colar da ordem da
cavalaria do Espírito
Santo.
• A coluna simboliza o
poder e a estabilidade
do reino.
• A representação da
deusa Tétis, deusa
grega, simboliza a
ordem e a justiça.

Símbolos da realeza
• O cetro.
• A coroa real.
LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino
Símbolos da realeza
• O cetro, símbolo do
poder de vida e morte,
colocado na mão direita
do rei, significa que ele
indica o caminho a
seguir.
• A coroa real apresenta-
-se em coroa fechada,
equivalente à de um
imperador (usada desde
Francisco I, no século
XVI).
• A mão da justiça, vara
de ouro revestido de
marfim, simboliza a
bênção do rei sobre os
seus súbditos e a
aplicação da justiça.
LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino
Símbolos da realeza
• A espada simboliza o
poder militar do rei.
• As luvas, que segura na
mão, simbolizam a
pureza.
• Pormenor do vestuário
com rendas e seda.
• O colar da Ordem de
Cavalaria do Espírito
Santo.
Era a distinção mais
elevada da corte
francesa. Criada com
Henrique III, rei de
França, entre 1574 e
1589. Este símbolo
representava que o rei
seguia uma política sábia
e sensata.
LUÍS XIV: o retrato do rei absoluto de direito divino
• O trono, símbolo do poder.

• O manto, simboliza o poder


de direito divino.

O manto bordado a ouro,


com flor de lis, símbolo da
realeza francesa.

O manto de veludo azul,


forrado no interior de
arminho.

Segundo a tradição da
monarquia francesa, o
manto fora dado pela Virgem
Maria aos antigos reis da
Dinastia Capetíngia de
França (século X).
LUÍS XIV:
o retrato do rei absoluto de direito divino

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