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1.

Compreender os fundamentos da organização político-social do Antigo


Regime
Entre o séc. XVI e no fim do séc. XVII, a europa vive uma época chamada Antigo
Regime. Múltiplos aspetos de vida das populações, é na esfera político-social
sociedades hierarquizadas em ordens ou estados. A ordens correspondem a uma
categoria social definida quer pelo nascimento quer pelas funções sociais que
desempenham. A cada ordem um estatuto jurídico próprio e os seus elementos
distinguem-se, de imediato, pelo traje e pela forma de tratamento.
São 3 as ordens ou estados em que basicamente se divide a sociedade do Antigo
Regime: o clero, a nobreza e o terceiro estado (ou povo). Herdada da Idade
Média, esta estratificação social mantém vivos muitos dos privilégios e atributos
que, nessa época, se conferiam às ordens. No entanto, com o correr as ordens
foram-se fracionando numa pluralidade de grupo diferenciados.

2. Diferenciar as três ordens, a sua composição e estatuto


O clero mantém-se, em teoria, como o estado mais digno, porque é o mais
próximo de Deus. Ele é o primeiro estado da nação com numerosos privilégios:
• Está isento de impostos/ prestação militar
• Possuem foro (leis) e tribunais próprios
• Não esta sujeito a lei comum
• Recebia os dizimas
O alto clero constitui-se com os filhos-segundos da nobreza e agrupa todo um
conjunto hierarquizado de arcebispos, bispos e o seus séquitos.
O baixo clero partilhava a vida mais simples dos mais desfavorecidos. Competia-
lhe oficiar os serviços religiosos, a escola local.
A nobreza é de facto a ordem de maior prestígio. Eles cedem ao clero os seus
membros mais destacados e que ocupa, na administração e no exército, os cargos
de poder.
As velhas famílias, cuja origem nobre mergulha no passado, constituem a nobreza
de sangue ou nobreza de espada dedicada à carreira das armas, a espada é o seu
símbolo, que usa orgulhosamente. Os membros de sangue subdividem-se em
categorias diversas e hierarquizadas. No topo, ficam os príncipes, duques.
A nobreza rural é uma nobreza administrativa (ou de toga), destinada a satisfazer
as necessidades burocráticas do Estado.
O Terceiro lugar é ocupado pelo povo pelo povo/ Terceiro Estado. À cabeça do
Terceiro Estado encontram-se os homens de letras, muito respeitados pelo saber
que adquiriram nas universidades. Muitos destes homens dependendo do seu
trabalho podiam usar o título de burguês e, embora em escalões diferenciados,
constituem a elite do Terceiro Estado.
Depois de hierarquizados todos os que produzem, restam ainda aqueles que não
cumprem a função social do Terceiro Estado, isto é, que não trabalham:
mendigos, vagabundos são os mais desprezados membros da sociedade.

3. Reconhecer nos comportamentos, os valores da sociedade de ordens


A diferenciação social refletia-se no comportamento dos indivíduos e no
tratamento que os outros lhes dispensavam. Identificado pelo traje e pelas
insígnias, cada um esperava receber o tratamento a que tinha direito.
• Traje (só o clero podia usar purpura nas suas vestes, só a alta nobreza se
podia vestir de seda e usar brocados e douradas nas suas vestes).
• Pela maneira como se apresentavam em público (nobres sempre
acompanhados da sua criadagem).
• Pelas formas de tratamento que adotavam uns para com os outros e a que
tinham direito legal pela sua condição social e pela hierarquia da sua
ordem (o clero por sua Eminência, Excelência ou sua Senhora e a respetiva
vénia com beijo na mão, os nobres de acordo com os seus títulos, tratados
por Excelência, Senhoria, vossa Mercê ou Dom).
• Pela maneira como conviviam uns com os outros, sobretudo nos espaços
públicos (o povo se dirigia aos Senhores quando solicitado e com cara
baixa, sem levantar os olhos).
Esta diversidade de estatuto está plenamente consignada no exercício da justiça.
Os elementos das ordens privilegiadas estão isentos de penas em compensação,
os seus crimes são punidos com pesadas multas, em caso de pena máxima, são
executados por decapitação.
4. Distinguir vias de mobilidade social
Porém, mesmo numa estrutura rígida, onde tudo parecia previsto, a mobilidade
social existe e, a longo prazo, o Antigo Regime saldava-se por uma ascensão do
Terceiro Estado e pela decadência dos critérios sociais baseados no nascimento.
Foi o dinheiro que abriu à burguesia os caminhos que conduzem ao topo. A
burguesia procurava meios de superar o estigma que pesava sobre os novos-ricos,
encontrando-os no estudo, na dedicação aos cargos do Estado e no casamento.
Já a nobreza de toga oriunda do Terceiro Estado e elevada graças ao desempenho
de cargos administrativos que, muitas vezes, consolidava a sua ascensão social
através do casamento, já o sentido de superioridade da velha nobreza não
conseguia resistir à atração que lhe despertavam as grandes fortunas e casava
filhos e filhas com elementos da burguesia. Foi, pois, a sua diferente postura
perante a vida e a sociedade que ditou o percurso da nobreza e da burguesia.

5. Caracterizar o poder absoluto


A hierarquia social era ocupada pelo Rei, nos séc. XVII e XVIII era percorrido um
longo caminho da centralização política, o poder real atingiu o auge da sua força.
Ao Rei foram lhe atribuídos todos os poderes e toda a responsabilidade do
Estado.
O poder supremo só poderia se encontrada na vontade de Deus.
Foi o clérigo francês Bossuet quem melhor teorizou os fundamentos e atributos
da monarquia absoluta. Com os seus escritos procurou legitimar o estilo de
governação de Luís XIV, modelo de todos os reis absolutos e, até, do próprio
absolutismo.
Segundo Bossuet, o poder real conjuga quatro características básica
• É sagrado porque o poder do Rei provém de Deus;
• É paternal porque este poder está em conformidade com a natureza
humana, o Rei deve satisfazer as necessidades do seu povo;
• É absoluto o Rei assegura o respeito pelas leis e pelas normas de justiça, de
modo a evitar uma anarquia;
• Está submetido à razão, a sabedoria que faz o povo feliz. O Rei escolhido
por deus tem que possuir algumas qualidades inerentes.
O rei absoluto concentra em si toda a autoridade do Estado: ele legisla, ele
executa, ele julga. Na prática, o Rei tomou o lugar do Estado, com qual se
identifica.
Uma vez que as suas ações estão legitimadas por si próprias, os monarcas
absolutos dispensam o auxílio das outras forças políticas.
O Rei torna-se, assim, o garante da ordem social estabelecida e é nessa
qualidade que recebe, das mãos de Deus, o seu pode. Qualquer tentativa feita no
sentido de a alterar é vista como um desrespeito do direito consuetudinário e
quebra do juramento prestado.

6. Conhecer o papel desempenhado pela corte no regime absolutista


Não foi o absolutismo que inventou a corte mas foi ele que a transformou no
espelho do poder. Tal como Luís XIV é o paradigma do Rei absoluto, Versalhes é o
paradigma da corte real. O palácio e a vida que nele se desenrolava identificam-se
como a própria realeza.
O grande palácio foi construído à imagem do Rei Sol. Desde 1682, que aí
coexistiam os serviços da governação e o bulício da vida galante. Quem pretendia
um cargo ou uma mercê só podia obtê-los no palácio. Quem não frequentava a
corte virava as costas ao poder e ao dinheiro que o próprio Rei lhos distribuía,
pois o luxo da corte arruinara a nobreza que rivalizava nos trajes, nas cabeleiras,
na ostentação, esquecendo de que a sua influência política se esvaíra nas mãos
do soberano.
Nobres, conselheiros “privados do Rei”, funcionários viviam na corte e para a
corte, seguindo as normas impostas por uma hierarquia rígida e uma etiqueta
minuciosa. Esta sociedade da corte servia de modelo aos que aspiravam à
grandeza, pois representava o cume do poder e da influência. Ela era, em grande
medida, a imagem que, do país, irradiava para o estrangeiro.
7. Caracterizar a sociedade portuguesa no Antigo Regime
Em 1640, a nobreza portuguesa recuperou do rude golpe que lhe vibrara Alcácer
Quibir. Lisboa tinha, de novo, uma corte e Portugal um Rei que não dividia com
o país vizinho. Foram os nobres que restauraram a monarquia portuguesa, como
foram os nobres o suporte para levar a bom termo a longa guerra em Castela que
se seguiu à Restauração. Até aos meados do séc. XVIII a nobreza de sangue
manteve, quase em regime de exclusividade, o acesso aos cargos superiores da
monarquia: comandos das províncias militares, presidência dos tribunais de
corte, vice-reinados da Índia e Brasil.
O mesmo acontecia com os cargos ligados ao comércio ultramarino como forma
de agradecimento aumentando, deste modo, os seus rendimentos e prestígio. Na
grande parte maioria dos casos a nobreza pouco percebia de negócios, deixando a
burguesia como segundo plano.
Na administração do Império, a fidalguia portuguesa juntava os rendimentos que
tirava das terras, dos cargos e exercia e das dádivas reais, àqueles q provem do
comércio. No império, os nobres enriqueciam à custa das sedas, canela, escravos,
e do açúcar. Fruto destas atividades, a nobreza mercantiliza-se, dando origem a
um tipo social específico: o cavaleiro-mercador.
Embora ligado ao comércio, o cavaleiro-mercador nunca foi um verdadeiro
comerciante no sentido económico e social. A mercancia foi sempre para os
nobres, um modo fácil de adquiri riqueza a partir das suas terras.
Boa parte dos lucros do comércio marítimo português não contribuía para o
desenvolvimento para uma burguesia enriquecida, devido a isso a burguesia teve
sérias dificuldades em se afirmar pelo protagonismo excessivo da coroa e da
nobreza. Na segunda metade do séc. XVIII a burguesia portuguesa adquiriu um
peso significativo na ação política e económica do reino.
8. Caracterizar o Absolutismo joanino
O governo Joanino foi iniciado em 1707, correspondeu a um período de paz e
abundância. Foi no reinado de D. João V, que o absolutismo em Portugal atingiu o
seu ponto alto. Inspirado em Luís XIV, o Rei-Sol, o monarca português realçou a
figura do rei, ou seja, a sua própria figura, através do luxo, do ouro e diamantes
vindos do Brasil.
Por outro lado, D. João V destacou-se com outras “encenações de poder” como:
• O Rei era um mecenas das artes e das letras, ele apoiava bibliotecas,
promoveu a impressão de obras e fundou a Real Academia da História;
• Mandou edificar igrejas cujos interiores eram de talha dourada, Remodelou
a Paço da Ribeira e mandou construir o Palácio Convento de Mafra;
• Distribuição de moedas de ouro pela população;
• Tal como Luís XVI, D. João realça a figura régia através da etiqueta;
• Acomodou-se à moda francesa nos fatos, nas cerimónias e nos espetáculos;
• O Rei era o centro das atenções e do poder.
Reformas Políticas e governação de D. João V:
• Fortalecimento do poder com submissão da nobreza;
• Nunca convocou as cortes;
• Imagem do Rei Absoluto fez dele um monarca cioso do seu poder e com
obsessão de controlar tudo;
• Em termos de política externa, o Rei procurou a neutralidade face aos
conflitos europeus, salvaguardando, os interesses do nosso império e do
nosso comércio.

9. Relacionar a eficiência do Aparelho burocrático com a efetiva


centralização do poder
É a concentração de poderes obriga à sua organização, por isso os monarcas
absolutos sentiram a necessidade de reestruturar a burocracia do Estado,
redefinindo as funções do órgãos, capazes de se ocuparem dos múltiplos assuntos
que era necessário resolver. Embora dotados de autonomia, todos estes órgãos
andavam sob o controlo direto do rei.
Em Portugal o aparelho burocrático iniciou-se antes do advento da monarquia
absoluta. Nos primeiros anos do seu reinado, D. João IV cria um núcleo
administrativo central- as secretarias:
• Finanças
• Defesa
• Justiça
Na segunda metade do séc. XVII a estrutura governativa foi-se aperfeiçoando, o
Rei tomou com mais firmeza as rédeas da governação. O reforço do poder real
esbateu o peso político da nobreza e conduziu também ao apagamento do
papel das cortes como órgão de Estado.
Coube a D. João V encarnar em Portugal, a imagem do Rei absoluto. No sentido
de melhorar o núcleo central da governação, o rei procedeu, em 1736, à reforma
das três secretarias existentes, redefinindo as suas funções e alterando-lhes o
nome.
Mesmo com as suas ausências de Lisboa D. João V dava audiência pelo menos três
vezes por semana e reunia-se frequentemente com os seus secretários. Embora
os esforços para aperfeiçoar, em meados do séc. XVIII, a máquina burocrática do
Estado continuava pesada, lenta e insuficiente.

10. Reconhecer o parlamento como um órgão de limitação efetiva do


poder real
O parlamento no sec. XVII era uma assembleia política o qual limitava o rei do
seu poder absoluto (exerciam o poder legislativo e o rei poder executivo). As
suas origens remontam à carta de Magna. O rei e o parlamento agudizaram-se no
reinado de Carlos I. Jaime I –era adepto do Absolutismo, mas este não era bem
aceite pelos ingleses que negavam ao rei o direito de fazer leis e aumentar os
impostos, sendo obrigado a convocar o Parlamento, para aí serem votadas as leis
e serem concedidos os subsídios pedidos pelo monarca. Jaime I era seguidor do
anglicanismo e perseguiu católicos que foram excluídos das suas funções.Jaime I
deixou de convocar o Parlamento durante 7 anos. À sua morte, sucedeu-lhe seu
filho Carlos I que adotou as medidas despóticas e intolerantes do seu pai. O
parlamento novamente recusou os impostos solicitados pelo rei e apresentou-lhe
a Petição dos Direitos (soberania do Parlamento em matéria de impostos).
11. Compreender a recusa do absolutismo na sociedade inglesa à luz da
fundamentação do parlamentarismo na filosofia política de Locke

12. Contrapor o modelo sociopolítico absolutista com o modelo


parlamentar
13. Realçar a importância da afirmação dos parlamentos numa Europa de
Estados Absolutos
14. Conhecer o significado dos diversos conceitos apresentados no
manual

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