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74 Módulo 4 - A Europa nos séculos XVII e XVm - apodere

Unidade 2 A Europa dos estados absolutos e a Europa dos


parlamentos

SUMÁRIO

2.1 Estratificação social e poder político nas sociedades de Antigo Regime'


2Z A Europa dos parlamentos: sociedade e poder político

APRENDIZAGEN5 RELEVANTES

-Compreender os fundamentos e as formas da organização político-social do Antigo


Regime*".

- Reconhecer a importância da afirmação de parlamentos numa Europa de estados abso­


lutos"*.

C0NCEIT05/N0ÇÕE5
Antigo Regime""; Monarquia absoluta""; Ordem/estado'"; Estratificação social*"; Mobilidade

* Antigo Regime: do social; Sociedade de corte; Parlamento""


francês, Ancien Régime,
* Conteúdos de aprofundamento
expressão pejorativa
** Aprendizagens e conceitos estruturantes
criada nos anos anteriores
à Revolução Francesa para
designar d conjunto das
instituições políticas,
sociais e jurídicas que os
revolucionários pretendiam
substituir: monarquia 2.11. Estratificação social e poder político nas sociedades de
absoluta, privilégios da
nobreza e do clero, direitos
Antigo Regime
senhoriais, etc. Por
extensãD e analogia, é um - A sociedade de ordens assente no privilégio e garantida pelo absolutismo régio
conceito utilizado pela de direito divino
historiografia para
designar d período da
A sociedade europeia de Antigo Regime* (sécs. XVI-XVIII) organiza-se em três ordens oll
história europeia do séculD
XVI às revoluções liberais estados*: o clero, a nobreza e o terceiro estado. A cada ordem corresponde um determi­
[sécs. XVIII ou XIX,
nado estatuto, que comporta ao mesmo tempo obrigações e privilégios, justificados pelo
segundo os países],
nascimento ou pela função atribuída a cada ordem. A riqueza não é um critério decisivo.
* Ordem?estado: categoria
ou corpo social tendo por
ü dero ocupa o primeiro lugar na hierarquia social. O prestígio e o poder espiritual e
base a funçãD
desempenhada na temporal da Igreja junto dos poderes políticos e das sociedades modernas permitiram ao
sociedade e o nascimento,
clero beneficiar da proteção dos monarcas absolutos e preservar os seus tradicionais pri­
definia-se por critérios
como a honra, o estatuto vilégios (direito canónico, imunidades, cobrança do dízimo) e manter o seu ascendente
e o prestígio atribuídos
social, cultural e religioso junto das populações.
a essa função.

* Mobilidade social: A nobreza, elite militar e fundiária, constitui o segundo estado e usufrui também de
possibilidade de alteração uma situação privilegiada na estrutura política e social do Antigo Regime.
do posicionamento ou
estatutü social de um Ao terceiro estado, a maioria da população, cabia-lhe a produção de subsistências e
indivíduo. Apesar da
relativa rigidez da o peso dos impostos. Trata-se de uma ordem não privilegiada, muito heterogénea na sua
hierarquia social, no Antigo
composição e nos níveis de rendimento.
Regime abriam-se ao
terceiro estado várias vias
Apesar da rigidez desta hierarquia, a verdade é que a sociedade do Antigo Regime
de ascensão social:
a entrada nü ciem desenvolveu uma relativa mobilidade social*. A aquisição de títulos ou de terras cuja
e o enobrecimento [por
posse enobrecesse o acesso a lugares superiores na administração do Estado ou o casa­
concessão ou aquisição de
títulos). mento eram vias possíveis de ascensão social.
Unidade 2 - A Europa dos estados absolutos e a Europa dos parlamentos 75

- Pluralidade de estratos sociais, de comportamentos e de valores

A sociedade de ordens de Antigo Regime foi adquirindo uma crescente complexidade

e uma maior mobilidade relativamente ao modelo feudal. Com efeito, a estratificação

social* englobava no interior de cada uma das ordens um conjunto diversificado de estra­ * Estratificação social:
divisão da sociedade em
tos ou classes. No clero, encontramos 0 clero secular (papa, cardeais, bispos e párocos)
estratos, classes du
e 0 clero regular (ordens religiosas masculinas e femininas), 0 alto clero (cardeais, bis­ categorias sociais
distintas.
pos e abades ou abadessas) e 0 baixo clero (párocos ou curas e monges).

Na nobreza encontramos também diferenças substanciais entre uma alta nobreza e


* Monarquia absoluta:
uma baixa ou pequena nobreza muito inferior àquela em níveis de vida e até de esta­
regime monárquico no qual
tuto, nobreza de corte, nobreza provincial, nobreza de toga (administração) e da nobreza 0 soberano se considera
legitimado por Deus
de espada (exército), por oposição à velba nobreza de sangue ou de linhagem que pro­ (origem divina do poder
cura desesperadamente conservar a sua proeminência tradicional. real] para exercer 0 püder
soberano e absoluto, isto
é, a jurisdição suprema,
No terceiro estado 0 principal fator de diferenciação é 0 critério de rlqueza/pobreza,
livre de controlos du
destacando-se a burguesia ligada às atividades mais lucrativas, como 0 comércio, a limitações e a centralização
düs poderes na sua pessoa
banca, a indústria e as profissões liberais e os proprietários fundiários. Abaixo desta,
(sagrada).
situa-se a multidão dos explorados e subjugados pelas elites urbanas e rurais: os peque­

nos comerciantes, artífices, camponeses e os vagabundos e mendigos.


* Sociedade de corte:
A hierarquia social expressava-se também nos valores e comportamentos na vida quo­ designa 0 conjunto
numerDSD de pessoas que
tidiana. Os indicadores de diferenciação são muito diversificados e constatam-se em viviam na residência e em
domínios tão vulgares como o do vestuário, dos hábitos alimentares, da habitação, das volta do soberano (corte)
e a organização da vida
diversões, dos modos de tratamento, etc. Cada ordem possui um código de conduta pró­ cortesã que se tornou
muito complexa,
prio que a identifica com a sua função e estatuto social. As diferenças obviamente mais
cerimoniosa e protocolar
nítidas distinguem os membros das ordens privilegiadas do clero e da nobreza dos não com 0 absolutismo
monárquico. A corte na
privilegiados do terceiro estado. Idade Moderna era d centro
do poder político da
monarquia, objeto de
- Os modelos estéticos de encenação do poder
atração da nobreza
e símbolo dü poder
A centralizaçao político-administrativa da monarquia absoluta* e a natureza sagrada e prestígio do soberano.
de um rei, que comunga da Majestade e da proteção divinas e que dispõe da jurisdição U Palácio de Versalhes
constituiu d modelo dos
suprema sobre todos os seus súbditos, exigiam um espaço físico adequado. Assim, nos palácios reais. A sua
centros urbanos mais importantes dos estados, as capitais, começam a erguer-se impo­ dimensão (chegou
a albergar 20 000
nentes e luxuosos palácios para albergar a casa real e 0 numeroso séquito dos cor­ pessoas) e luxo incomuns
impressionaram todas as
tesãos.
cortes europeias.

A corte* e a vida cortesã adquiriram, com 0 absolutismo real, uma dimensão e impor­
tância proporcionais à imagem do poder absoluto e da autoridade suprema que os sobe­
Questões
ranos reivindicavam para si, pretendendo inculcar nos seus súbditos e projetar para 0
exterior das fronteiras do seu Estado. A corte absolutista assentava em dois pilares 1. Caracterize a sociedade
dü Antigo Regime.
essenciais: 0 luxo e magnificência dos espaços onde se movimenta 0 rei e os cortesãos;
2. Identifique modelos
a hierarquia regulada por uma etiqueta rigorosa englobando as maneiras de estar, de estéticos de encenação
ou representação do poder
vestir, de falar e de gesticular, as precedências e até os divertimentos correspondendo a
absoluto na Europa nos
outras tantas formas de encenação ou representação do poder. séculos XVII e XVIII.
76 Módulo 4 - A Europa nos séculos XVII e XVin - sociedade, poder e dinâmicas coloniaÊ

- Sociedade e poder em Portugal: preponderância da nobreza fundiária


e mercantilizada

A organização e a vida da sociedade portuguesa do Antigo Regime foram profunda­


mente influenciadas por dois fenómenos que marcaram o início dos tempos modernos:
a expansão ultramarina, que transformou Portugal numa potência comercial-marítima; e
a progressiva afirmação do absolutismo régio que, sem pôr em causa a hierarquia social

Cronologia tradicional, determinou alterações significativas nos comportamentos sociais, na compo­


sição das ordens e nas relações destas com o poder.
17DB-175D
Reinado de D. JDão V. Aos nobres que se adaptaram aos novos tempos, instalando-se nas cidades, em espe­
1720
cial na capital, na vizinhança da corte régia, o lugar ideal para obter cargos, títulos, remu­
Fundaçãü da Academia
Real da Historia. nerações e outras dádivas reais, abriram-se novas fontes de enriquecimento e de valori­
1730 zação social através dos negócios, do exército e da administração do Estado. Definem-se
Construção dü Mosteiro
desta forma no seio da nobreza diferentes categorias funcionais: a nobreza mercantilizada
de Mafra.
1732 (cavaleiro-mercador), ligada ao tráfico marítimo, a nobreza de espada, com funções essen­
IníciD da construção da cialmente militares, e a nobreza de corte, com altas funções administrativas. Numa situa­
Igreja düs Clérigos (Porto).
ção bem diferente encontram-se os fidalgos que continuam agarrados ao preconceito sobre
1733
Conclusão da Torre da o trabalho manual, vivendo na província de rendimentos fundiários (nobreza provincial).
Universidade de Coimbra.
Talha dourada barroca
da Igreja de S. Francisco - Criação do aparelho burocrático do Estado absoluto no século XVII
[Porto].
Primeira ópera portuguesa Em Portugal, o absolutismo real apresenta idênticas tendências gerais de centraliza­
em estilo italiano. ção e burocratização. As tendências centralizadoras do poder real começam a afirmar-se
174 B
ainda na Baixa Idade Média e no início da Idade Moderna:\ mas o absolutismo português
Publicação do Verdadeiro
Método de Estudar, de só se estruturou verdadeiramente na segunda metade do século XVII e no século XVIIL
Verney.
Essa estruturação assentou, em primeiro lugar, na reorganização da justiça. Os prin­
1747
IníciD da construção dü cipais tribunais do Reíno - a Casa da Suplicação, a Casa do Cível, o Tribunal (ou Mesa)
palácio de Queluz.
do Desembargo do Paço e a Mesa da Consciência e Ordens - foram objeto de diversas
174 B
Inauguração do Aqueduto reformas com vista a um controlo régio mais eficaz sobre o exercício da justiça.
das Águas Livres (Lisboa).
No que respeita à governação, o papel das cortes apagou-se quase completamente.
O infante D. Pedro - futuro D. Pedro II - dissolveu-as em 1674 por suposta ingerência
nos negócios do governo, tendo sido reunidas pela última vez em 1697-1698 para jura­
rem herdeiro da coroa 0 príncipe D. João.

Relativamente aos conselhos, depois de um período mais ativo que se seguiu à res­
tauração da independência, perderam a sua importância em favor de um número restrito
de secretários, favoritos do rei que trabalhavam na sua dependência direta.

A política de centralização e burocratização estendeu-se também aos assuntos econó­


micos e financeiros. Foram introduzidas profundas reformas no sistema das finanças
públicas com 0 objetivo de uma fiscalização mais apertada, nomeadamente sobre as
alfândegas e a arrecadação dos impostos. A criação de companhias privilegiadas e de
monopólios, tanto para o comércio como para a indústria, serviu também os objetivos de
controlo e centralizaçao económica do absolutismo régio.

ri- Recorde a instituiçaij das sisas gerais pur D. João I, a Lei Mental de D. Duarte, as Ürdeneções Afonsinas publicadas
pelu regente Ü. Ikedru [1433-1340] e a disciplinação da iMjbreza por D. João II.
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- 0 absolutismo joanino Cronologia

A conjuntura económica Favorável da primeira metade do século XVIII, proporcionada 156B


pelo ouro do Brasil e pela exportação do vinho para Inglaterra, deu a D* João V (1706-1750) Sublevação do príncipe
Guilherme de Orange
os meios financeiros necessários para se rodear do aparato exterior, à imagem do monarca contra 0 domínio espanhol:
francês Luís XIV. Enriqueceu 0 Paço da Ribeira, residência real á beira Tejo, em Lisboa, e início da luta dos Países
Baixos pela independência.
promoveu a construção de novos espaços palacianos, como o palácio dito “dos Bichos7*,
1579
em Belém, 0 convento-palácio de Mafra e 0 monumental Aqueduto das Águas Livres llnião de Utrecht:
constituição das Províncias
(Lisboa). Pela riqueza ornamental e decorativa sobressaem a Biblioteca da Universidade de
Unidas (Províncias do
Coimbra e a Capela de S. João Baptista da Igreja de S. Roque, em Lisboa. Norte, calvinistas],
1581
Ao mesmo tempo, D. João V proporcionou à sua corte o luxo adequado à exaltação Declaração de
da figura de um monarca absoluto e ele próprio assumiu o papel de mecenas da vida Independência das
Províncias Unidas.
cultural, financiando o teatro, a Academia Real de História, a publicação e aquisições de
livros e a construção de bibliotecas.

Não obstante, as realizações joaninas tiveram sobretudo um caráter formal, espetacu­


lar e ornamental, não trazendo grandes inovações ao ambiente cultural tradicional no
País, onde a influência dominante dos jesuítas e da Inquisição se manteve. As novas
ideias que chegavam até nós deviam-se fundamentalmente a um grupo restrito de inte­
lectuais portugueses emigrados, os chamados ^estrangeirados17.

No plano da governação, D. João V reforçou 0 papel da coroa, recrutando um maior


número de burocratas e intelectuais para a administração do Reino, ao mesmo tempo que
controlava a nobreza com a concessão de tenças e de outras dádivas. Restringiu a
influência política dos conselhos, transferindo esse poder para secretários. Para os finais
do seu remado, e com a quebra nas remessas do ouro do Brasil, a crise económica, a
corrupção e a desorganização administrativa, 0 poder do Estado fragilizou-se e a nobreza
fortaleceu 0 seu poder pondo em causa os objetivos da sua política absolutista.

2.2. A Europa dos parlamentos: sociedade e poder político


- Afirmação política da burguesia nas Províncias Unidas, no século XVII

Consumada a libertação política, as Províncias Unidas, criadas em 1579 pela União de


Utrecht, integrando sete províncias do norte dos Países Baíxos^, maioritariamente calvi­
nistas, transformaram-se num espaço de Liberdade e de oportunidade para todos aque­
les que eram vítimas da intolerância política e religiosa: protestantes, mouriscos, judeus,
intelectuais e políticos perseguidos pelas monarquias absolutistas europeias. Com a imi­
gração de pessoas vieram também conhecimento e capitais, preciosas maís-valías para 0
seu desenvolvimento.

O sistema de monarquia absoluta dominante na Europa não se ajustava a uma socie­


dade burguesa liberal e empreendedora. A luta pela independência e a prosperidade
económica exigiam um sistema político liberal, capaz de conjugar a autonomia das cida­
des e províncias e as necessidades gerais de um Estado unificado. No címo da hierarquia
política estavam os Estados Gerais, que se reuniam em Haia e que agrupavam os dele­
gados das diferentes províncias.

,e) Holanda. Zelândia, UtreLht. Frísia, Groninya, Üverijbbel e Gueldres.


78 Módulo 4 - A Europa nos séorios XVII e XVm - sociedade, poder e dinám

Apoiada numa burguesia empreendedora e no papel de Amesterdão, centro econó­


mico e financeiro da Europa, e numa rede de rotas marítimas à escala mundial, as Pro­
víncias Unidas tornam-se uma república burguesa e liberal.

- Grócio e a legitimação do domínio do5 mares

Afastada dos portos ibéricos, a Holanda, a mais ativa das sete Províncias Unidas,
encontrou uma alternativa: cruzar os mares e constituir um império coloniaL

Fiç. 1. Hugo GróciD [1583- Mas esta tarefa não era de realização pacífica. Portugal e Espanha reivindicavam, com
-1645]. Jurista e diplomata
holandês. Nd seu Mare base na prioridade da descoberta e na doação pontifícia (reconhecidos, de uma maneira
Liberum [16091 defendeu geral, pelos outros estados europeus), o direito de exclusividade de navegação e do
a liberdade de navegação
e comércio, contra comércio com as terras e os povos integrados nos respetivos impérios coloniais.
a doutrina do Mare
Clausum, legitimada pela Mas, confiante nas capacidades da sua poderosa marinha e armada, liberta de deve­
Santa Sé, segundo a qual res morais de respeito pelas determinações papais (era protestante, maioritariamente cal-
mares e territórios
pertenciam aos seus vínísta), a Holanda avançou com o seu projeto colonial. Um incidente surgido em 1603,
descobridores. a sul da península de Malaca, entre um navio português - a nau Santa Catarina - e dois
navios holandeses da poderosa Companhia Holandesa das índias Orientais, esteve na ori­

gem da obra de Hugo Grócio {1583-1645) (Fig. i), De Jure Praedae, onde defendeu a liber­
dade de navegação e comércio para todos os povos (doutrina do mare líbefum}, contes­
tando as pretensões de Portugal e de Espanha ao direito de monopólio da navegação
(mare clausum).

- Recusa do absolutismo na sociedade inglesa

Apesar da tradição de resistência ao autoritarismo monárquico, cujas raízes remontam


à célebre Magna Carta (1215)^ os monarcas da dinastia Tudor (1485-1603) instauram 0
absolutismo em Inglaterra. Em 1603, Jaime I (1603-1625), rei da Escócia e herdeiro dos
Tudor, proclama-se soberano da Grã-Bretanha e inaugura a dinastia dos Stuart (1603-
-1648), ü seu reinado Inicia um período de lutas violentas motivadas por conflitos de
natureza política e religiosa. Com Carlos I (1625-1649) acentuam-se as divisões entre 0
* Parlamento: assembleia monarca e 0 Parlamento*. Em 1628, o Parlamento exige, mediante a Petição dos Direitos
representativa: na Baixa
(Bill of Rights), garantias face às detenções arbitrárias e aos impostos.
Idade Média e Moderna, ds
parlamentos eram
A sublevação dos católicos irlandeses (“matança do UlsteP, 1641) e a detenção de
compostos por
representantes designados alguns dos principais deputados precipitam a guerra civil (1642-1648), que vai confron­
pelas ordens: na Época
tar os partidários da coroa, os “Cavaleiros’’ e os partidários do Parlamento, conhecidos
Contemporânea,
a representação política por “Cabeças Redondas"^. Desta guerra sai vencedor 0 Parlamento, cujas forças eram
resulta do sufrágiD.
comandadas por Olivier Cromwell (1599-1658). Carlos I ê executado em 1649 e a monar­
quia abolida. Instaurado 0 regime republicano (Commonwealth) (1649-1660), a Ingla­
terra passa a ser governada pelo Parlamento..

Magno Carta [12IbJ: imposta pela aristocracia inglesa ao rei João Sem íerroque ficava obrigado a respeitar as leis
traduciunais e os privilégios da nobreza, a consultar 0 I ribunal du Rei antes de lançar impostos, a não mandar pren­
der ou Londenar alguém sern ser |ulgadu.
fqi 'Cabeças Redondas" .Ruundheads.-. assim designados pelo uso du cabelo muito curto, segundo um uso rnuiio l arrium
entre os puritanos.
Todavia, não por muíto tempo. Em 1653, Cromwell assume □ título vitalício de Lord Cronologia
Protector, dissolve o Parlamento, inicia uma ditadura pessoal. A sua morte, em 1658,
Inglaterra
abriria caminho à restauração da monarquia com Carlos II (1660-1685), filho do rei deca­
1525-1549
pitado em 1649. Recomeçam as tensões entre a Coroa e o Parlamento. Recusa dD absolutismo:
lutas entre a Coroa
A Carlos II sucedeu Jaime II (1685-1688), católico, que tenta a restauração oficial do e 0 Parlamento.
1628
catolicismo. A reação anglicana irrompe de forma violenta, a oposição parlamentar soli­
0 Parlamento impõe
cita a intervenção de Guilherme III de Orange (statouther da Holanda, casado com a filha a Carlos I a Petição de
Direitos [Bill af Rights}.
maís velha do rei inglês) e oferece-lhe a coroa inglesa. Jaime II foge para França. Termi­
1542-154B
nava desta forma a pacifica “Revolução Gloriosa” (Glorious Revolutiori) de 1688, da qual Guerra Civil (Coroa vs.
resultaram importantes consequências: Parlamento).
1649
-a Declaração dos Direitos (Dedaratíon of Rights) de 1689, que impõe importantes Execução de Carlos I
e abolição da Monarquia.
limitações ao poder real;
1549-1660
- a divisão de poderes; Regime republicano
(Common wealth].
- a consagração da superioridade da lei sobre a vontade do rei, isto é, uma monar­
1660-1685
quia controlada pelo Parlamento, ou seja, uma antecipação do regime parlamentar. Restauração da Monarquia
(Carlos II].
1679
- Locke e a justificação do parlamentarismo Publicação do Habeas
Corpus Act.
John Locke151 (1632-1704) refutou a doutrina do direito divino dos reis defendida pelo
1688
absolutismo. Retomou a doutrina do contrato social, que fundamentou com os seguintes Revolução Gloriosa
[Glorious Revolution}.
argumentos:
1689
- o direito de governar vem do consentimento dos governados; Declaração dos Direitos
[Dedaration of Rights].
- se um governo tentar governar de forma absoluta e arbitrária, se violar os direitos
naturais do indivíduo pode ser legitimamente derrubado;

- os direitos do indivíduo são absolutos e universais e, como tal, são sagrados, invio­
láveis.

Paralelamente, defendeu a superioridade do poder Legislativo sobre o poder executivo,


a supremacia das leis naturais (liberdade, propriedade e segurança) sobre as humanas e
a tolerância religiosa.

1 LoeIíe: autor de Üo/s Trotados sobre u óovemo [16B9J, é considerado como teórico dui "Revolução Gloriosa" inglesa
(IÊH8-I&S9) e um defensur do parlamentarismo.

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