Você está na página 1de 14

A ESTRUTURA SOCIAL E AS DESIGUALDADES SOCIAIS

Estrutura e estratificação social

Sociologia, Professor: Ivanilson Alfredo


A estrutura social e as desigualdades. As desigualdades sociais
aparecem, de imediato, em elementos materiais, como a moradia, as
roupas, os meios de locomoção. Mas elas também se manifestam no
acesso à educação e aos bens culturais, os chamados bens
simbólicos. As desigualdades se evidenciam no dia a dia pelos
contrastes entre a riqueza e a pobreza, que podemos constatar com
nossos próprios olho sou mediantes as estatísticas e os meios de
comunicação. Estrutura e estratificação social Estrutura social é o
que define determinada sociedade. A estrutura social se constitui da
relação entre os vários fatores – econômicos, históricos, sociais,
religiosos, culturais – que caracterizam cada sociedade. Uma das
características da ESTRUTURA DE
UMA SOCIEDADE é sua ESTRATIFICAÇÃO, ou seja, a maneira como os diferentes
indivíduos e grupos são classificados em estratos(= camadas) sociais e o modo
como ocorre mobilidade de um nível para outro. A estratificação social foi
analisada, em diferentes sociedades, com base na forma como os indivíduos
organizam a produção econômica e o poder político . Para estudar a
estratificação é necessário que se verifique COMOSE ORGANIZAM AS
ESTRUTURAS DE APROPRIAÇÃO (ECONÔMICA) EDOMINAÇÃO
(POLÍTICA).Entretanto, essas estruturas são atravessadas por outros elementos
–como a religião, a etnia, o sexo, a tradição e a cultura -, que, de uma forma ou
de outra, influem no processo de divisão social do trabalho e no processo de
hierarquização. A estratificação social e as desigualdades decorrentes são
produzidas HISTORICAMENTE, ou seja, são geradas por situações diversas e se
expressam na organização das sociedades em sistemas de castas, de
estamentos ou de classes.
AS SOCIEDADES ORGANIZADAS EM CASTAS
O sistema de castas é uma configuração social de que se tem registro em
diferentes tempos e lugares, mas é na Índia que está a expressão mais acabada
desse sistema. A sociedade indiana começou a se organizar em castas e sub
castas há mais de 3 mil anos, adotando uma hierarquização baseada em religião,
etnia, cor, hereditariedade e ocupação, que definem a organização do poder
político e a distribuição da riqueza gerada pela sociedade. Apesar de haver na
Índia, hoje, uma ESTRUTURA DE CLASSES, o sistema de castas permanece
mesclado a ela. O sistema sobrevive por força de tradição, pois legalmente foi
abolido em 1950. Existem QUATRO grandes castas na Índia:- BRÂMANES: casta
sacerdotal, superior a todas as outras;- XÁTRIAS: casta intermediária, formada
formalmente pelos guerreiros, que se encarregam do governo e da
administração pública;- VAIXÁS: casta dos comerciantes, artesãos e camponeses,
que se situam abaixo dos xátrias;- SUDRAS:
casta dos inferiores, na qual se situam aqueles que fazem trabalhos
manuais considerados servis. Os PÁRIAS são os que não pertencem
a nenhuma casta e vivem, portanto, fora das regras existentes.(Há,
ainda, um sistema de castas regionais que subdividem em outras
tantas sub castas). O sistema de castas caracteriza-se por relações
muito ISOLADAS. Não há, portanto, MOBILIDADE SOCIAL nesse
sistema. Os elementos mais visíveis da IMOBILIDADE SOCIAL são:-
Hereditariedade;- Endogamia (casamentos só entre membros da
mesma casta);- Regras relacionadas à alimentação (só pode-se ter
refeições com os membros da própria casta e alimentos preparados
por elas mesmas);-Proibição do contato físico entre membros das
castas inferiores e superiores.
As palavras chaves para definir o sistema de castas são REPULSÃO,
HIERARQUIA E ESPECIALIZAÇÃO HEREDITÁRIA. Embora seja proibido, as
castas inferiores adotam costumes, ritos e crenças dos brâmanes, e isso cria
uma certa homogeneidade de costumes entre castas. A rigidez das regras
também é relativizada por casamentos entre membros de castas diferentes
(menos com os brâmanes), o que não é comum, mas ocorre.
A urbanização e a industrialização crescentes e a introdução dos padrões
comportamentais do Ocidente têm levado elementos de diferentes castas a
se relacionarem, o que vai contra a persistência dos padrões mais
tradicionais, pois, no sistema capitalista, no qual a Índia está fortemente
inserida, a estruturação societária anterior só se mantém se é fundamental
para a sobrevivência do próprio sistema. Assim, no caso da Índia, o sistema
de castas está sendo gradativamente desintegrado, o que não significa,
entretanto, que as normas e os costumes relacionados com a diferenciação
em castas tenham desaparecido do cotidiano das pessoas.
Isso é confirmado pela existência de programas de cotas de inclusão
para as castas consideradas inferiores nas universidades públicas. Nas
palavras de BOUGLÉA palavra “CASTA” não faz pensar, apenas, nos
trabalhos hereditariamente divididos, e sim também nos direitos
desigualmente repartidos. Os vários grupos dos quais essa sociedade
é composta se repelem, em vez de atrair-se, que cada um desses
grupos se dobra sobre si mesmo, se isola faz quanto pode para
impedir seus membros de contrair aliança ou, até, de entrar em
relação com os membros dos grupos vizinhos. Repulsão, hierarquia,
especialização hereditária, o espírito de casta reúne essas três
tendências. Cumpre retê-las a todas se se quiser chegar a uma
definição completa do regime de castas.
AS SOCIEDADES ORGANIZADAS POR ESTAMENTO.
O sistema de ESTAMENTOS ou ESTADOS constitui outra forma de
ESTRATIFICAÇÃO.(Ex. SOCIEDADE FEUDAL. França no século XVIII era dividida
em três estados: nobreza, clero e terceiro estado, que incluía todos os outros
membros da sociedade.). A sociedade estamental não se revela e explica
apenas no nível das estruturas de poder e apropriação. Para compreender os
ESTAMENTOS (em si e em suas relações hierárquicas), é indispensável
compreender o modo pelo qual categorias tais como tradição, linhagem,
vassalagem, honra e cavalheirismo parecem predominar no pensamento e
na ação das pessoas. Assim, o que identifica um estamento é também o que
o diferencia, ou seja, um conjunto de direitos e deveres, privilégios e
obrigações que são aceitos como naturais e são publicamente reconhecidos,
mantidos e sustentados pelas autoridades oficiais e também pelos tribunais.
Em uma sociedade estamental, a condição dos indivíduos e dos grupos em
relação ao poder e à participação na riqueza produzida pela sociedade não é
só uma questão de fato, mas também de direito. Assim, a desigualdade,
além de existir, torna-se um direito. A possibilidade de MOBILIDADE de um
estamento para outro existia, mas era muito controlada – alguns chegavam a
conseguir títulos de nobreza, oque, no entanto, não significava obter o bem
maior da época, a TERRA. A propriedade da terra definia o prestígio, a
liberdade e o poder dos indivíduos. Os que não a possuíam eram
DEPENDENTES, economicamente e politicamente além de SOCIALMENTE
INFERIORES.O que explica, entretanto, a relação entre os estamentos é a
reciprocidade.(Ex. SOCIEDADE FEUDAL: Obrigação dos servos para com os
senhores(trabalho) e destes para com aqueles (proteção), ainda que os
camponeses e servos estivessem sempre em uma condição de inferioridade).
Entre os proprietários de terras, havia uma relação de outro tipo: um senhor
feudal (suserano) exigia serviços militares e outros dos senhores a ele
subordinados (vassalos). Formava-se, então, uma REDE DE OBRIGAÇÕES
RECÍPROCAS, como também de fidelidade, observando-se uma HIERARQUIA
EM CUJO TOPO ESTAVAM OS QUE DISPUNHAM DE MAIS TERRAS E MAIS
HOMENS ARMADOS.

José Souza Martins:“ Um nobre pobre, na consciência social da época e na


realidade das relações sociais, valia dezesseis vezes um pobre que não era
nobre, porque as necessidades de um nobre pobre eram completamente
diferentes das necessidades sociais de um pobre apenas pobre”. Basicamente
é isso que distingue estamento de classe social: não se levam em
consideração as origens das pessoas, e sim as condições econômicas.
Atualmente, muitas vezes utilizamos o termo ESTAMENTO
para designar determinada categoria ou atividade
profissional que tem regras muito precisas para que se
ingresse nela ou para que o indivíduo se desenvolva nela,
como um rígido código de hora e de obediência. Assim, usar
as expressões “estamento militar” ou “estamento médico”,
significa afirmar as características que definiam as relações
na sociedade estamental.
POBREZA: CONDIÇÃO DE NASCENÇA, DESGRAÇA, DESTINO A pobreza é a expressão mais
visível das desigualdades em nosso cotidiano, recebendo diferentes explicações ao longo da
história. No período medieval, o pobre era uma personagem complementar ao rico. Não
eram critérios econômicos ou sociais que definiam a pobreza, mas a CONDIÇÃO DE
NASCENÇA, como afirmava a IGREJA CATÓLICA, que predominava na Europa ocidental.
Havia até uma visão positiva da pobreza, pois esta despertava a caridade e a compaixão. E
não se tratava de uma situação fixa, pois, como havia uma moral positiva, podiam ocorrer
situações compensatórias em que o ricos eram considerados “POBRES EM VIRTUDES” e, os
pobres, “RICOS EMQUALIDADES”. De acordo com essa visão cristã de mundo, os ricos
tinham a obrigação moral de ajudar os pobres; Outra explicação paralela, corrente no
mesmo período, atribuía a pobreza a uma DESGRAÇA decorrente das GUERRAS ou
ADVERSIDADES como doenças ou deformidades físicas. Isso tudo mudou a partir do século
XVI, quando se iniciou uma nova ordem, na qual o indivíduo se tornou o centro das
atenções.
O pobre passava a encarnar uma ambiguidade: representava a pobreza de
Cristo e, ao mesmo tempo, era um perigo para a sociedade. Sendo uma
ameaça social, a solução era a DISCIPLINA e ENQUADRAMENTO. Assim, o
Estado herdou a função de CUIDAR dos pobres, o que antes era função dos
ricos. Com o crescimento da produção e do comércio, principalmente na
Inglaterra, houve necessidade crescente de mão de obra, e a pobreza e a
miséria passaram a ser interpretadas como resultado da PREGUIÇA e da
INDOLÊNCIA dos indivíduos que não queriam trabalhar, uma vez que havia
muitas oportunidades de emprego. Essa justificativa tinha por finalidade
fazer com que as grandes massas se submetessem às condições do trabalho
industrial emergente. No final do éculo XVIII, com o fortalecimento do
LIBERALISMO, outra justificativa foi formulado: as pessoas eram responsáveis
pelo seu próprio
DESTINO e ninguém era obrigado a dar trabalho ou assistência aos mais
pobres. Muito ao contrário, dizia-se que era necessário manter o medo à
fome para que os trabalhadores realizassem bem suas tarefas. Segundo
THOMAS MALTHUS, a população crescia mais que os meios de subsistência e,
assim, afirmava que toda assistência social aos pobres era REPUDIÁVEL, uma
vez que os estimularia a ter mais filhos, aumentando assim a sua miséria.
Posteriormente, apareceram recomendações e orientações de abstinência
sexual e casamento tardio para os pobres, pois desse modo teriam menos
filhos. Em meados do século XIX, difundiu-se a ideia de que os trabalhadores
eram perigosos por duas razões:- Eles poderiam transmitir doenças porque
vivam em condições precárias de saneamento e de saúde- Podiam se rebelar,
fazer movimentos sociais e revoluções, questionando os privilégios das
outras classes, que possuíam riqueza e poder.

Você também pode gostar