Você está na página 1de 17

Sínteses dos trabalhos

PRIMEIRO TRABALHO

Capitulo I:

0. A sociedade estamental
Para Ferrari (1983 p.11), Sociedade é uma associação entre indivíduos que compartilham valores
culturais e étnicos e que estão sob um mesmo regime politico e económico, em um mesmo
território e sob as mesmas regras de convivência.

De acordo com Herculano (2006 p. 33), Estratificação social é a divisão dos elementos da
comunidade ou sociedades de acordo com a sua actividade e o seu nível de riqueza.

Para Weber (1974, p.220), Tal como as castas, os estamentos também não são definidos somente
ao nível da apropriação econômica do poder. Categorias socioculturais como tradição, linhagem,
vassalagem, honra e prestígio estão presentes na orientação das relações e das classificações de
seus membros. Sendo assim, considerar os elementos citados é fundamental para a conceituação
típico-ideal do estamento.

Segundo Ferrari (1983 p.396), o estamento é um sistema fechado de estratificação social que
predominou sobre tudo na sociedade feudal ate o sec. XVI na Europa mas que tem sobrevivido
em muitas áreas da sociedade actual da América latina, África e Ásia. O termo estamento tem
vários significativos, pode ser empregados para significar várias acepções, como status, grau,
posição do mundo, estado, publico, propriedade, profissão e classe social.

Para Herculano (2006 p.75), A sociedade estamental é um termo usado para caracterizar uma
sociedade dividida por estamentos, ou seja, um sistema baseado em privilégios que não se
modificam ao longo da vida. Assim, a palavra “estamento” vem de “estado” ou “status”. Esse
conceito descreve geralmente a Idade Média e a organização feudal na Europa.

Quanto a origem O sistema estamentário vigorou na sua forma mais completa no feudalismo
entre os séculos IX e XIV. A história do aparecimento do sistema estamenário está relacionada a
um processo cronologicamente amplo e lento que se desencadeou na Europa após a
desintegração civilização urbana que acompanhou e seguiu a decadência do império romano.
( Ibid., p. 79)

Segundo Weber (2019 p.104), A sociedade estamental é caracterizada por ser uma sociedade
em que o nascimento é determinando para a atribuição do status social. O status social é relativo
ao estamento, ou segmento da sociedade, em que a pessoa nasce, portanto, a mobilidade social é
bastante baixa neste modelo de sociedade. É uma sociedade característica da Idade Média, porém
não restrita a mesma. Modelos estamentais podem ser observados em outros locais em diferentes
tempos, porém com suas próprias particularidades e com intensidades e mobilidades diferentes
do caso da Europa medieval, ou seja, a sociedade estamental era uma Sociedade organizada em
rígidos estamentos (grupos) sociais onde não há mobilidade social( mudança de classe social),
isto é, quem nasce servo morre servo, quem nasce nobre morre nobre. Existia o teocentrismo
(Crença de que todos os acontecimentos estão diretamente ligados a Deus, de modo que Deus é
colocado no centro de tudo).

A sociedade estamental se efetiva pelos grupos de status, os quais são determinados por uma
estimativa específica da honra e se estratificam pela usurpação dessa honraria, ditando regras
quanto ao estilo/tom de vida aos pertencentes de um mesmo círculo. (Idem)

A Sociedade Estamental ou de Estados representa a estrutura social típica do sistema feudal


medieval, dividida nos estamentos (grupos sociais), onde quase não existe mobilidade social, ou
seja, a posição do indivíduo na sociedade dependerá de sua origem familiar, por exemplo: nasceu
servo, morrerá servo. Idem

O Feudalismo seria um exemplo direto desse modelo de organização social (WEBER, 1974). A
estratificação dos estamentos relaciona-se com o monopólio de bens ou oportunidades materiais
e ideais, ou seja, a propriedade torna-se uma regularidade que influencia as qualificações
estamentais, garantindo restrições ao relacionamento social. “Essas restrições podem limitar os
casamentos normais ao círculo de status e podem levar a um completo fechamento endógamo”
(WEBER, 1974, p.220).

O conjunto de direitos e deveres, inerente aos estamentos, fundamenta hierarquias. As distinções


são mantidas por convenções ou leis que garantem aos grupos de status privilégios emonopólios.
“Existe monopólio desde que o agrupamento impõe um fechamento, em limites variáveis, com
vistas a aumentar as oportunidades de sua atividade contra os que ficam do lado de fora”
(FREUND, 1987, p.115).

0.1. Mobilidade Social


Contudo, diferentemente das castas, a sociedade estamental permite, mesmo de modo bastante
reduzido, algum nível de mobilidade social com ascensões verticais. Os grupos de status se
condensam em comunidades e são ou não contemplados com o status social. Aqueles que o
possuem usufruem-no no presente por serem considerados “dignos” para tal, já os grupos com
prestígio reduzido, entendem esse descrédito como uma dignidade posterior que Deus proverá.
(WEBER, 1974, p.231).

0.2. A organização/hierarquia social


Segundo Ferrari (1983 p.76), a sociedade estamental na Idade Média da Europa funcionava da
seguinte maneira: todas as pessoas faziam parte de uma das quatro categorias sociais: rei, clero,
nobreza e servos. Essa separação de indivíduos era, em geral, baseada na origem de nascimento e
não podia mudar ao longo da vida; ou seja, não havia mobilidade social.

Fig. Organização social de uma sociedade estamental


0.3. Função de cada classe social

Rei

Embora com papel enfraquecido no feudalismo, em diferentes localidades o rei possuía uma
força política e simbólica importante na sociedade. Em alguns casos, como na Europa Central,
alguns reis se tornaram senhores feudais.

Clero

Uma vez que uma das marcas do feudalismo era a presença do teocentrismo, ou seja, o Deus
cristão no centro de todas as coisas, o clero desempenhava um papel importante, sendo também
proprietário de terras. O clero era composto pelos homens da igreja, grupo fundamental não
apenas para a manutenção do poder ideológico do ponto de vista religioso, mas porque
desempenhavam um papel estratégico e fundamental para o apoio e manutenção do status quo do
poder real. A função deste estamento era a de rezar, ou seja, zelar pela vida espiritual das
pessoas.

Nobreza

Era o grupo que constituía os senhores feudais, concentrando o poder militar da época. Assim, os
nobres davam apoio ao rei e exerciam seu poder político sobre os servos, tinham por função o
combate, a defesa do reino em batalhas.
Servos

Considerado o grupo mais baixo na hierarquia da sociedade estamental, os servos trabalhavam,


sendo responsáveis pela produção do sustento material dos demais na hierarquia. (Ibd., p.242)

Para Huberman (2014, p.14), a sociedade estamental é organizada a partir das tradições e dos
valores sociais que fazem com que determinados grupos sejam privilegiados e outros não. Nesse
modelo, não há mobilidade social, um servo dificilmente se tornaria, por exemplo, um nobre.
0.4. Dignidade
O sentimento de dignidade que caracteriza os estamentos positivamente privilegiados relaciona-
se, naturalmente, com seu “ser” que não transcende a si mesmo, isto é, relaciona-se com sua
“beleza e excelência”. Seu reino é “deste mundo”. Vivem para o presente e explorando seu
grande passado. O senso de dignidade das camadas negativamente privilegiados naturalmente se
refere a um futuro que está além do presente, seja desta vida ou de outra. (WEBER, 1974,
p.126).

Em outras palavras, deve ser nutrido pela crença numa “missão” providencial e por uma crença
numa honra específica perante Deus (WEBER, 1974, p.222). A noção de estima pelo trabalho
acarreta desqualificação de alguns grupos entre as sociedades estratificadas via estamentos.
Sendo assim, efeitos econômicos interferem na organização de tais sociedades, pois “a
desqualificação frequente das pessoas que se empregam para ganhar um salário é resultado direto
do princípio de estratificação estamental” (WEBER, 1974, p.224).

Segundo Weber (1974), a estratificação por estamentos tende a ser favorecida quando as bases
da aquisição e distribuição de bens são mantidas de modo estável. Contudo, quando as
transformações econômicas, advindas de processos tecnológicos, modificam a dinâmica de tais
bases, a situação de classe (como apresentado a seguir) passa a ser evidenciada em relação aos
grupos de status. “E toda diminuição no ritmo de mudanças nas estratificações econômicas leva,
no devido tempo, ao aparecimento de organizações estamentais e contribui para a ressurreição do
importante papel das honras sociais”

0.5. A igreja no período feudal


A Igreja era uma parte muito importante do sistema feudal por ser a instituição mais poderosa
que as demais. Ela detinha uma enorme quantidade de terras, principal fonte de riqueza da época.
Todos os membros da sociedade doavam terras para a Igreja por motivos diversos, desde a busca
pela salvação a vitórias em guerras. Idem
A Igreja também aumentou seus domínios por meio da cobrança de dízimos.
O clero e a nobreza constituíam as classes governantes. Controlavam a terra e o poder que delas
provinha. A igreja prestava ajuda espiritual, enquanto a nobreza, ajuda militar. Em troca, exigiam
pagamento das classes trabalhadoras, sob a forma de cultivo das terras. Idem
Capitulo II

1. Bases fundamentais dos Estamentos


De acordo com LEMOS (s /d., p.7), tal como as castas, os estamentos também não são definidos
somente ao nível da apropriação económica do poder. Categorias socioculturais como tradição,
linhagem, vassalagem, honra e prestígio estão presentes na orientação das relações e das
classificações de seus membros Sendo assim, considerar os elementos citados é fundamental
para a conceituação típico-ideal do estamento

1.1. Elementos da estrutura dos Estamentos


Na perspectiva de Ferrari (1983., p. 144). O sistema estamentário està organizado de cima para
baixo, a partir de que quem detém a dominação e se estende para os grupos que estão
subordinados. O sistema estamental apresenta como fundamentais os seguintes elementos:
Casamento e a luta em torno dele (endogamia estementária); serviços militares e sacerdotais; o
despenho de cargos públicos; a propriedade territorial; os títulos de nobreza; o conceito espacial
de honra e os privilégios decorrentes, ainda de acordo com o mesmo autor tais elementos
possuíam as seguintes particularidades:

a) Endogamia estamentária: esta não é tão rígida como as castas, mas é de certo modo
hermética, no sentido de regular a manutenção do estamento impedindo o acesso de
algum elemento de estamento mais baixo;

b) Serviços militares e sacerdotais: estavam nas mãos da nobreza, embora os sacerdotes


não serem auto-produtivos ao ponto de herdarem seus cargos, tal facto dava-se dentro do
contexto parentesco, assim como os militares;

c) O desempenho de cargos públicos: aqui o senhor estamental pela sua condição de


magnata local, pequeno governante passava efectivamente a exercer funções de governo
no interior do seu património. Tal cenário ainda prevalece nas sociedades actuais
subdesenvolvidas caracterizadas pela monopolização da propriedade pública;

d) Propriedade territorial: condição de um homem era condicionada pela sua relação com
a terra. Possuir terra era sinónimo do poder e da liberdade e ser destituído dela é ser
reduzido a escravidão.

e) Nobreza: constitui o estamento dirigente, preocupado em manter a distância social e a


conservação dos seus títulos, e no processo de aumentar a sua heraldice para crescer em
prestigio e poder.

f) Conceito espacial de Honra: cada estamento exige que os seus membros vivam de
acordo com um código especial de honra que não devem violar se desejarem manter a sua
posição.

g) Privilégios. Estão implícitos em relação directa à natureza da oposição que ocupa e


estamento no sistema de hierarquias estamentárias, (Ibid.,298).

1.2. Relação entre feudalismo e a sociedade estamental


Para Huberman (2004, p.49), A sociedade estamental, representa a estrutura social típica do
sistema feudal mediaval, dividida nos estamentos, onde quase não existe mobilidade social, ou
seja, a posição do individuo na sociedade dependera de sua origem familiar.

Na Idade Média, a sociedade feudal era hierárquica, dividida basicamente em quatro estamentos
ou estados: Rei, Nobreza, Clero e Servos, sendo que os dois primeiros possuíam privilégios em
relação ao último grupo subordinado. (Idem)

Sendo assim, no feudalismo o Rei era o maior poder concentrado nas mãos de uma só figura e a
nobreza representava os detentores das terras e riquezas, na época, denominados de "senhores
feudais"; o clero, formado por homens da Igreja, representava o poder da religião; e, por fim, o
último estamento, os servos ou plebeus trabalhavam nas terras dos senhores feudais, tendo em
troca segurança e alimentos, tal como acontecia nos estamentos. (Ibid., p.56)
1.3. A relação entre a riqueza da igreja católica e a sociedade estamental
Segundo Ferrari (1983), A Igreja Católica teve papel preponderante na formação do feudalismo;
além de grande proprietária de terras, estruturou a visão de mundo do homem medieval. Na
realidade, foi a instituição que sobreviveu às inúmeras mudanças ocorridas na Europa no século
V e, ao promover a evangelização dos bárbaros, concretizou a simbiose entre o mundo romano e
o bárbaro.

Tal fato a tornou herdeira da cultura clássica, pois no universo medieval a Igreja Católica
monopolizava o conhecimento. Sem dúvida alguma sua estrutura fortemente hierarquizada
colaborou para que ultrapassasse todas as crises, concentrando o saber e o poder. Internamente
havia uma divisão entre o alto clero, membros da nobreza que exerciam cargos de direção, e o
baixo clero, composto por pessoas originárias dos seguimentos mais pobres da população. O
comando de toda essa estrutura lentamente concentrou-se nas mãos do bispo de Roma, que se
tornou papa no século V. (Idem)

2.4. A Idade Média e o fim da Sociedade Estamental


Para Huberman (2014 p.68), Na Idade Média, a sociedade feudal era hierárquica, dividida
basicamente em quatro estamentos ou estados: Rei, Nobreza, Clero e Servos, sendo que os dois
primeiros possuíam privilégios em relação ao último grupo subordinado.

Num período marcado pelo Teocentrismo, as pessoas aceitavam as condições em que viviam


uma vez que para eles, “Deus” havia escolhido aquele destino. Idem

Essa estrutura social fixa foi transformada no final da Idade Média e no início da Idade Moderna,
com a crise do sistema feudal, o fortalecimento do comércio e das cidades medievais bem como
dos avanços científicos (renascimento científico) e do humanismo renascentista. Idem

Em outras palavras, a visão teocêntrica (Deus como centro do Universo) foi substituída por uma
visão antropocêntrica (Homem no centro do Universo), pondo fim a Sociedade Estamental,
dando início a Sociedade de Classes. Idem

SEGUNDO
diferentes tipos de formações Sociais
Capitulo: Contextualização

1.1.Estratificação social
Segundo Cardoso (2018) a estratificação social é a classificação diferencial dos
indivíduos que compõem um sistema social dado e a sua qualificação de superiores ou inferiores
uns em relação aos outros, segundo valores importantes para a sociedade.
Para Ferrari (1983), a estratificação representa a distribuição desigual de direitos e
obrigações numa sociedade. Ora, a sociedade tem a necessidade de dinamizar a estrutura social e
para tal distribui de forma diferenciada o prestígio pelas diversas posições da sociedade e pelas
pessoas que ocupam essas posições. Religião, a raça, a militância partidária, etc.

Estratificação social refere-se a uma arrumação hierárquica entre os indivíduos ou


grupos, em divisões de poder e riqueza, numa certa sociedade. É a diferenciação hierárquica
entre indivíduos e grupos, segundo suas posições (SILVA, 1981, P. 8).

A Estratificação Social indica a existência de diferenças, de desigualdades entre pessoas


ou grupos de uma determinada sociedade. Ela indica a existência de grupos de pessoas que
ocupam posições diferentes, principalmente nos âmbitos económico e profissional

Na perspectiva do mesmo autor acima citado as castas são comunidades fechadas, de língua ou
local (embora não delimitadas territorialmente), que compartilham características sociais
hereditárias, quase sempre relacionadas à divisão do trabalho.

A Estratificação social descreve a forma como diferentes grupos de pessoas são


colocados na sociedade, isto é, é o sistema hierárquico por meio do qual a sociedade categoriza
seus membros. Em uma sociedade estratificada, as vantagens e recursos, propriedade, poder e
prestígio são distribuídas de forma desigual. Geralmente, propriedade (riqueza), poder
(influência) e prestígio (status) andam juntos. As pessoas são, portanto, categorizadas
hierarquicamente de acordo com quanto possuem das vantagens e recursos da sociedade. O
status das pessoas é frequentemente determinado pela forma como a sociedade é estratificada, de
acordo com os seguintes factores: Riqueza e renda, Classe social, Etnia, Género (masculino ou
feminino), Status político, Religião, (PONCE, 2005, p. 28).
1.2.Casta
Casta é uma forma de estratificação social que se vincula às culturas do subcontinente
indiano e se fundamenta no reconhecimento de status e prestígio atribuídos por hereditariedade,
típicos das prescrições da crença hindu. Esta apresentava o tabu de que, se o indivíduo não fosse
fiel aos rituais e aos deveres de sua casta, renasceria em uma posição inferior na próxima
encarnação (WEBER, 1972, p. 44).

As castas são comunidades fechadas, de língua ou local (embora não delimitadas


territorialmente), que compartilham características sociais hereditárias, quase sempre
relacionadas à divisão do trabalho.
Casta coloca em evidência a importância da endogamia (convívio e casamento restritos a uma
mesma casta), pressupõe uma verticalidade (disposição hierárquica entre as castas) e a noção de
repulsão e de poluição, rejeitando-se misturas e mudanças, que são fatores de contaminação. O
termo, segundo Max Weber, é de origem portuguesa, remetendo à noção de pureza, sendo a
palavra indiana "varna" um designativo de cor, raça. As castas se originaram de duas "varnas":
os Arya, arianos dominadores que submeteram os Dasa, aborígenes de tez mais escura (idem).
Capitulo II:
O presente capítulo tem por objectivo principal, expor as características do sistema de
castas na Índia, já que o mesmo constitui as bases da nação indiana, permeando a organização da
sociedade desde a sua génese até os dias atuais, na Índia politicamente democrática.

2.1.O sistema de castas na Índia


Na perspectiva de Ferrari (1983, p. 395), as castas têm sua origem histórica remota há
muitos milénios, aproximadamente a 3.000 anos, os seus portadores por um lado presume-se ser
os arianos que invadiram a península indiana. Por outro, outras fontes indicam a que a palavra
casta é de origem portuguesa e espanhola. O termo parece ter sido usado pelos espanhóis no
sentido de raça a posteriormente aplicado pelos portugueses na Índia em meados do século XV.
Quando os portugueses visitaram a índia traduziram o conceito varna (cor em hindú) pelo termo
casto. Por ai em diante a designação de casta se difundiu e se popularizou, antes da conotação
apropriada de varna ou até da dominação actual jati.1

Segundo OST (s/d, p. 2), a Índia se caracteriza pela diversidade étnica, cultural e
religiosa, decorrente de inúmeras invasões. A cada nova invasão se estabelecia uma nova casta
ou religião, criando complexas hierarquias, divisões de trabalho e papéis sociais. O autor defende
ainda que não se sabe com certeza a origem exacta do sistema de castas na Índia. Acredita-se que
seu surgimento deu-se no período Védico2, entre os anos 1500 a.C. e 600 a.C. quando foram
escritos os textos religiosos Vedas. A codificação deste sistema teria se dado por volta do século
IV d.C., com a criação de um código de conduta denominado Manusriti. 3Inicialmente existiam
somente quatro castas organizadas em uma ordem hierárquica tal como se abordará ao longo do
trabalho. Portanto tal como se pode notar dos aspectos acima descritos a origem do sistema não é
muito precisa, mas antigos textos hindus indicam que a sociedade era dividida em varnas (cor da
pele, em sânscrito). A palavra casta surge apenas no século XV.

TERCEIRO

3
Estratificação social

Conceitos básicos

De acordo com Stavenhagen (2004), Estratificação = estrato = camada. Distribuição de


pessoas e grupos em camadas hierarquicamente superpostas dentro de uma sociedade. Na
sociedade capitalista contemporânea, as posições sociais são determinadas basicamente pela
situação dos indivíduos no desempenho de suas actividades produtivas.
Para Cohen (1980), o conceito de estratificação social é usado geralmente na definição de
estruturas socialmente fixas, como classe, raça e sexo. O nome provém de uma terminologia
usada em geologia, que estuda a disposição e composição das rochas em camadas sob a
superfície terrestre.

De Almeida (s/d), considera estratificação social como ordenação diferencial das pessoas
que constituem um determinado sistema social, no qual se estabelece uma ordem de
superioridade e inferioridade recíprocas, sobre assuntos que são socialmente importantes. Na
mesma senda Giddens (2005) escreveu de maneira bastante simples que “a estratificação social
pode ser definida como as desigualdades estruturadas entre diferentes agrupamentos de pessoas”.
Resumindo, podemos dizer que estratificação social é um recurso heurístico que auxilia no
estudo das diferenças e das desigualdades entre pessoas e grupos em uma dada sociedade ou em
uma parte dela, permitindo identificar a posição que cada um ocupa na estrutura social, de
acordo com um critério estabelecido teoricamente.

Mobilidade social

Ferrari (1983), entende mobilidade social como um fenómeno em que indivíduos ou


grupos se deslocam de uma classe social para outra. Ou o deslocamento de indivíduos e grupos
entre posições socioeconómicas diferentes.

Cohen (1980), reitera que mobilidade social é um campo de estudo da sociologia bastante
usado para a compressão de formas pelas quais os diferentes grupos humanos diferenciam os
integrados de uma cultura ao possibilitar mudanças de posições sociais, acarreta
consequentemente alterações sociais e novos papéis sócias. A mobilidade tem importância
função de pensar as vias e possibilidades de troca, ascensão ou rebaixamento que um
determinado indivíduo possui no meio em que estabelece suas relações.

Mocelin & Gehlen, (2009) definem mobilidade social como o movimento de indivíduos e
grupos de um estrato social a outro, de uma posição de classes ou status a outro, ou mesmo como
uma mudança de ocupação ou profissão. Em qualquer desses casos, a mobilidade social
implicará o deslocamento entre posições socioeconômicas diferentes.

Tipos de Mobilidade social

De acordo com Stavenhagen (2004), a mobilidade social implica um movimento


significativo na posição económica, social e política de um indivíduo ou grupo. Essa mobilidade
pode ser observada de modo individual ao longo da vida de uma única pessoa, ou pode ser vista
de modo colectivo, como a mobilidade realizada por uma família, um grupo social, uma região
ou mesmo uma nação inteira. Isso implica reconhecer que há diferentes tipos de mobilidade
social.

Quanto aos tipos de mobilidade Socila Mocelin & Gehlen (2009), avançam que existem
diferentes tipos de mobilidade social, denominados: mobilidade vertical e mobilidade
horizontal.

Mobilidade social horizontal

A mobilidade horizontal refere-se a um deslocamento significativo dentro do mesmo


nível social, isto é, que não implica a alteração da situação de estrato social. Esta se refere
principalmente a deslocamentos geográficos entre bairros, cidades ou regiões, que podem ser
identificados como movimentos migratórios. Muitas vezes, a mobilidade vertical e a horizontal
se combinam (JANUZZI, 2000)

Implica mudança de ocupação sem que haja mudança de classe social, é como mudar de
emprego e continuar na mesma faixa de renda. Também abrange a mudança de posição dentro de
um grupo que confere autoridade e prestígio no campo simbólico, mas não muda a condição
económica, em suma, não existem mudanças na sua classe social. Idem
Ex1:

Um exemplo disso ocorre em uma comunidade eclesial, em que os membros mais


dedicados tornam-se auxiliares voluntários do líder religioso e, por isso, recebem uma honraria
por meio de um título que os diferencia dos demais, como os diáconos nas comunidades cristãs.

Ex1: Quando um trabalhador da construção civil que ganha dois salários mínimos muda de
ocupação e passa a trabalhar como segurança em um posto de gasolina ganhando a mesma
quantia, temos uma mobilidade horizontal. Quando um agricultor vende sua propriedade de
terra e vai para a cidade trabalhar como comerciante, temos uma mobilidade horizontal
combinada com a vertical; esta será ascendente ou descendente, conforme os resultados dos
rendimentos monetários, do status e do poder que isto lhe proporcionar.

Mobilidade social vertical


A mobilidade vertical refere-se às mudanças de subida ou descida de um estrato social a
outro, quando um indivíduo passa de uma classe social para outra, de uma posição de prestígio
ou poder para outra. A Mobilidade Social Vertical é notória em todas as sociedades abertas,
embora em graus diferentes. Ela consiste em um indivíduo ou grupo passar de uma classe para
outra, adquirindo um novo status. Esta passagem pode significar descida ou subida de escala.
(SCALON, 1999)

Implica mudança de posição socioeconómica, portanto, envolve não só a dimensão


simbólica e social, mas também o poder aquisitivo. Numa sociedade industrial moderna,
estratificada conforme as profissões e com classes sociais definidas conforme a renda, a
mobilidade vertical ocorre quando, por meio da ascensão profissional, o indivíduo consegue
mover-se de uma faixa de renda para outra. Idem

Martins (2004) reitera que a mobilidade social vertical pode ser classificada em: ascendente e
descendente.

A mobilidade ascendente
Quando um indivíduo ou o grupo cresce na hierarquia é ascende uma classe superior a
que estava antes, por outra corresponde ao deslocamento de indivíduos e grupos das camadas
mais baixas para os estratos elevados como, por exemplo, uma pessoa passa em um concurso
público e ascende na pirâmide social, tendo uma condição financeira melhor do a que estava
antes; Ocorre quando uma pessoa desloca-se para uma posição superior na pirâmide
socioeconómica. Idem

A mobilidade descendente
Quando um indivíduo ou o grupo decresce na hierarquia e passa a integrar uma classe
social inferior à que estava antes. Por exemplo, uma família de três pessoas na qual ambos os
pais possuem trabalho, caso um dos pais perca o emprego e a família passe a viver com o salário
de somente um deles, isso pode fazer com que eles decresçam na pirâmide social. Ocorre quando
alguém perde posições e desloca-se para uma posição social inferior. Por outra ocorre quando as
pessoas e grupos não podem manter-se nas suas posições elevadas, ou nas classes em que
nasceram, sendo obrigados a descer na escala social. Se as pessoas permanecerem firmemente
fixadas na posição de classe de seus pais, então está-se perante uma sociedade de classe fechada.
Idem

Ex1:

Quando um agricultor que não tem terra e trabalha em regime de parceria na área de
terceiro consegue capitalizar-se e adquire uma área de terra sua, passando a ser o proprietário
desse meio de produção, observamos uma mobilidade vertical ascendente. Por outro lado,
quando um agricultor, por diferentes motivos, se descapitaliza a ponto de ter de vender sua
propriedade e tem que trabalhar como assalariado, deparamo-nos com uma situação de
mobilidade vertical descendente.

Ex2:

O indivíduo da classe C que ingressa no Ensino Superior forma-se, torna-se um


profissional liberal e migra para a classe B. O principal caminho para galgar mobilidade social
vertical é a educação formal.

Factores da mobilidade social

Na óptica de Bobbio (1997), ainda que a mobilidade social ascendente seja muito maior
no sistema de classes quando o comparamos com outros tipos de estratificação – de castas ou de
escravidão, por exemplo – é preciso identificar os factores que possibilitam tal movimento. No
início do processo de industrialização, quando os direitos trabalhistas ainda não existiam ou eram
precários, o sentimento que movia os operários era o medo da miséria e da fome que poderiam
irromper caso não trabalhassem com ardor. Uma vez estabelecidos os sindicatos e,
consequentemente, os direitos básicos dos trabalhadores, passou-se a impulsionar a ideia de
mobilidade social como um estímulo para o trabalho. Ou seja, através da ideia de meritocracia, a
promessa de ascensão social por meio do esforço trabalho transformou-se em um dos pilares
fundamentais das sociedades modernas.

A mobilidade social é firmada por uma série de factores ou causas que


determinam o sucesso ou o fracasso, a estima ou a reprovação, o aumento ou a
diminuição do poder e prestígio, a concentração da riqueza ou o empobrecimento.
Assim os factores da mobilidade social podem ser extrapolados em dois conjuntos:
factores colectivos e factores individuais.
Os factores colectivos são decorrentes: i) da própria estrutura ocupacional e; ii) do
intercâmbio de posições. Os factores individuais da mobilidade social são: educação,
adiamento de gratificação, família, casamento, inteligência, motivação e etnicidade.
(SCALON, 1999)

Factores individuais

Entre as características individuais que facilitam a promoção de um posto para o


outro estão os factores como: inteligência, constância ou dedicação, educação,
gratificação adiada, família, casamento e etnicidade. O factor educacional representa
valioso canal de ascensão social, principalmente nas sociedades em que predominam
os analfabetos. O factor adiamento da gratificação, no sentido de mobilidade, significa
apenas adiar a fim de obter vantagens numa meta posterior. A família é mobilidade
social devido à sua grande influência na sociedade. O casamento é um factor de
mobilidade social quando se considera o sistema de heterogamia, ou seja, casamento
entre desiguais. A inteligência como factor de mobilidade social, não obstante existir
uma adequada correlação, é vista entre as possibilidades de sucesso. A motivação é
fundamental para a mobilidade social porque as pessoas motivadas aspiram posições
mais elevadas. Quanto à etnicidade como factor da mobilidade social, encontra uma
forte ligação com a cor da pele de uma pessoa, pois esta pode representar uma
barreira ou uma facilitação para a mobilidade social de um indivíduo (FERRARI, 1983).

Formação social grupal

Factores colectivos

A estrutura ocupacional e a mobilidade social relacionam-se com o incremento de novas


profissões, devido aos influxos económicos e tecnológicos da industrialização. As profissões que
oferecem melhor remuneração e mais prestígio propiciam a passagem para o status mais
valorizado (FERRARI, 1983).

O intercâmbio de posições é outro factor que permite a mobilidade social. Neste caso, a
sociedade proporciona aos membros dos estratos mais baixos meios para competir com os que
estão numa estrutura social mais alta, a partir da abertura de oportunidades para mudança de
profissões ou cargos no mercado de trabalho.

Você também pode gostar