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Norbert Elias no livro “A sociedade dos indivíduos”, “parte III- mudanças na balança nós -
eu”, busca fazer uma análise na relação entre indivíduo e sociedade. Através de uma
sociologia processual e histórica. O que é o indivíduo? E a sociedade? Como acontece essa
relação indivíduo e sociedade?
Norbert Elias tenta explicar essa relação indivíduo e sociedade a partir de um processo de
desenvolvimento da humanidade, desde a era primitiva, medieval, até o período
contemporâneo. Os conceitos foram se aprimorando de acordo com o tempo, a relação
entre indivíduo e sociedade, modifica-se de modo característico. Cada indivíduo possui sua
identidade – eu, e sua identidade – nós, em algumas sociedades e dependendo do tempo,
uma prevalece mais que a outra.
Nos países ditos em desenvolvimento, as pessoas são mais ligadas à família, a identidade –
nós, visto que nos países desenvolvidos, a identidade – eu, é quem prevalece. Elias faz até
uma crítica com relação a chamar um país de “em desenvolvimento”, será que os países
desenvolvidos não estão sempre em constante desenvolvimento?
O homem contemporâneo, involuntariamente, sem perceber coloca uma barreira entre ele e
o homem “primitivo”, quando usa expressões como “homem das cavernas”, querendo ou
não, ele se acha melhor por causa do conhecimento por ele obtido. Apresentando certo
egoísmo. Norbert Elias cita o habitus, que Bourdieu o denomina como a relação entre as
práticas do cotidiano e as condições de classe produzidas por uma sociedade. Na visão de
Elias é um saber ligado à vida em sociedade, ou seja, uma segunda natureza.
O autor tenta mostrar como o processo civilizador se deu a partir da passagem da Idade
Média para a Modernidade com um período fundamental de transição ocorrido na sociedade
cortesã. Diz ele que os hábitos mais grosseiros e desinibidos da sociedade medieval são
suavizados, civilizados na sociedade posterior. A guerra e a violência deixam de ser a
prática comum para conquistar favores e terras, para dar espaço a aspectos relativamente
menos violentos, como a diplomacia e intriga. A sociogênese do absolutismo ocupa, de fato,
uma posição decisiva no processo global de civilização (p. 19)
O aspecto fundamental a ser destacado nesse resgate histórico feito por Elias é como se
deu a formação do monopólio da violência e o econômico. Sendo inicialmente, em tempos
medievais, conquistado por quem tinha maior capacidade de dominação, de vencer guerras
e conquistar terras, isso evoluiu a um passo que o suserano, através da taxação de
impostos, tornou-se o que mais detinha guerreiros para defender suas terras. Com isso,
desenvolveu seu monopólio militar. No declínio da feudalização e na concentração de terras,
a nobreza que, outrora, era guerreira, torna-se cortesão, “sem função”, a não ser aquela de
diferenciação da classe em ascensão, a burguesia.
A estabilidade peculiar do aparato de autocontrole mental que emerge como traço decisivo,
embutido nos hábitos de todo ser humano “civilizado”, mantém a relação mais estreita
possível com a monopolização da força física e a crescente estabilidade dos órgãos centrais
da sociedade. Só com a formação desse tipo relativamente estável de monopólios é que as
sociedades adquirem realmente essas características, em decorrência das quais os
indivíduos que as compõem sintonizam-se, desde a infância, com um padrão altamente
regulado e diferenciado de autocontrole; só em combinação com tais monopólios é que esse
tipo de autolimitação requer um grau mais elevado de automatismo, e se torna, por assim
dizer, uma “segunda natureza”.
Elias diz que em todos os grandes processos civilizadores, uma das transições decisivas é a
de guerreiros para cortesãos