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O MÉTODO EM PIERRE BOURDIEU /

Pensar e pesquisar com Bourdieu

1º Encontro: 11/10/2023
Básica:
OLIVEIRA, João F.; PESSOA, Jadir de Morais. O método em Bourdieu. In: PESSOA, Jadir de Morais;
OLIVEIRA, João F. (Orgs.). Pesquisar com Bourdieu. Goiânia: Cânone Editorial, 2013, p.15-30.

BOURDIEU, P. Introdução a uma sociologia reflexiva. In: O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand do
Brasil, 1989, p. 17-58.

Complementar:
CATANI, A. M. et alii. Pierre Bourdieu: as leituras de sua obra no campo educacional brasileiro. In: TURA,
Maria de L. R. (Org.). Sociologia para educadores. Rio de Janeiro: Quartet, 2001, p. 127-160.

SILVA, Tomaz T. Bourdieu e a educação. In: Identidades terminais: as transformações na política da


pedagogia e na pedagogia da política. Petrópolis: Vozes, 1996, p. 229-235.

A sociologia é um esporte de combate (Pierre Bourdieu):


https://www.youtube.com/watch?v=TlbAd2hwQms&t=1s&ab_channel=FilosofandoCi%C3%AAnciashumanas
emdebate
Lançamento: Editora Vozes (Sociologia geral – Vol. 1, 2 e 3): cursos no Collège de France (de
1981 a 1984) + Sobre o Estado

Questão 1
Que aspectos você destacaria como mais importantes na construção da pesquisa ou objeto de estudo,
tendo por base a sociologia da prática (crítico-reflexiva) de Pierre Bourdieu ou, em outras palavras,
qual deve ser a postura, posição e disposição do pesquisador?
A TRAJETÓRIA DE BOURDIEU (Curiculum Vitae)....
- A trajetória do autor é importante para compreender sua sociologia. A sociologia de Bourdieu...é
sempre um diálogo crítico com o campo da sociologia, uma espécie de sociologia da sociologia.
- Também é uma análise crítica da produção intelectual/científica de outros campos de conhecimento
e uma espécie de “esboço de autoanálise”.
- Ao ler Bourdieu voce vai sendo contaminando, no bom sentido, por uma forma de “ler e compreender
o mundo social”
- Bourdieu Nasceu a 1 ago. 1930 em Denguin (departamento de Pyrénées-Atlântiques – sul da
França). Nascido em uma família campesina

1930 - Nasceu a 1 ago. 1930 em Denguin (departamento de Pyrénées-Atlântiques – sul da


França)
- Pai: funcionário público (funcionário dos correios)
- Estudou no Liceu de Pau e, em Paris, no Liceu Louis-le-Grand (1948-1951)
1951-1954 - Aluno da École Normale Supérieure (ENS)
1954 - Graduação em Filosofia
1954-1955 - Professor Assistente de Filosofia no Liceu de Moulins (França)
1955-1958 - Serviço Militar na Argélia
1958-1960 - Professor Assistente na Faculdade de Letras de Argel
1960-1961 - Professor Assistente na Faculdade de Letras de Paris
1961-1964 - Professor na Faculdade de Letras de Lille
1962 - Casou-se em 2 nov. 1962 com Marie-Claire e desta união nasceram 3 filhos (Jérôme,
Emmanuel, Laurent)
1964 - Professor na Escola de École des Hautes Études em Sciences Sociales (EHESS) -
https://www.ehess.fr/fr
- Diretor de estudos na École des Hautes Études em Sciences Sociales
- Diretor do Centro de Sociologia da Educação e da Cultura (Paris) – 1967
- Coordenador dos cursos na École Normale Supérieure
- Diretor de coleção nas Éditions de Minuit
1967 - Montou o Centro de Sociologia Européia
1970 - Publica “A Reprodução”
1972-1973 - Visiting member no Institute for Advanced Studies (Princeton, EUA)
1973 - Universidade de Chicago e Universidade de Havard
1974 - Membro do Conselho Científico do Max Plank Institut fur Bildungsforschung (Berlim)
- Editor de Theory and society
1974 - Criou e tornou-se Diretor da Revista Actes de la Recherche em Sciences Sociales
1975 - Editor consultivo do American Journal of Sociology
1975 - Membro do Conselho Editorial da The Sociological Reviw
1980 - membro do Conselho Editorial de Media, Culture and Society
1981 - Eleito professor Titular da Cadeira de Sociologia do Collège de France, ocupada por
Emille Durkheim (https://www.college-de-france.fr/fr)
- Collège de France: criado em 1930. Teve outros nomes, mas o atual é de 1870. As aulas
são conferencias; o curso não tem regulação. Está sob a responsabilidade do Estado
(Ministério da Educação). É organizado em Cátedras. Havia 38 Cátedras. Há uma
Assembleia de professores, que decide sobre política do Colégio, as Cátedras e sobre
eleição de candidatos. É autônomo e independente e possuí grande prestígio. (ALMEIDA,
1999). Possui escola de doutorado desde 2006. “Une Maison unique au monde” (site).
1982 - Aula inaugural no Collège de France
1989 - Cria Liber: revista europeia de livros
1993 - Condecorado com a medalha de outro do Centre National de la Recherche Scientifique
(CNRS)
- Publica a Miséria do Mundo
1996 - Inaugura nova Editora: Liber-Raisons d`Agir (https://www.raisonsdagir-editions.org/)
1996-1997 - Intervenções contra o neoliberalismo
1998 - Publica a Dominação Masculina
2001 - 28 de março – ministra sua última aula no Collége de France
2002 - Morreu no dia 23 jan. 2002, em Paris
ENSINO SUPERIOR NA FRANÇA
https://www.bresil.campusfrance.org/descubra-ensino-superior-franca

A França possui mais de 3.500 instituições públicas e privadas de ensino superior:


72 universidades
25 grupos de universidades e instituições
271 escolas de pós-graduação
227 escolas de engenharia,
220 escolas de comércio e gestão,
45 escolas superiores e públicas de arte,
22 escolas de arquitetura;
3.000 escolas e institutos privados.

G R AN D E S É C O L E S : C U L T U R A D E E X C E L Ê N C I A À L A F R AN Ç A I S E
No total, 20% dos estudantes estrangeiros realizam cursos nas grandes escolas. Écoles normales
supérieures (ENS), Institut d’études politiques (IEP), escolas de engenheiros, escolas de comércio e gestão,
escolas veterinárias e demais escolas.
As grandes escolas são estabelecimentos de ensino públicos ou privados reconhecidos pelo
Estado que emitem diplomas de nível bac+5, alguns deles conferem o nível de pós-graduação
(Master). Nestas instituições, diversas formações podem ser oferecidas ministradas em inglês.
A admissão nas Grandes Escolas é bastante seletiva e pode acontecer por concurso após dois anos de
classe preparatória, por análise de diplomas e percurso acadêmico ou diretamente após o baccalauréat ou
equivalente no caso das escolas que propõem um ciclo preparatório integrado. O custo das formações e
processo de candidatura são mais elevados em relação aos praticados pelas universidades.

F O R M AT O S D E AU L A N O E N S I N O S U P E R I O R F R AN C Ê S
Nas universidades francesas, os professores e pesquisadores propõem dois tipos de aula aos alunos:
- Aulas Magistrais (CM – cours magistraux): Ministrados em um anfiteatro de capacidade para 100 a 1000
alunos, os cours magistraux são aulas unicamente expositivas nas quais o estudante apenas toma nota da
matéria. Ao fim do curso, o professor disponibiliza uma apostila para que os alunos possam se preparar para
os exames finais.
- Trabalhos Dirigidos (TD – travaux dirigés) e Trabalhos Práticos (TP – travaux pratiques): São aulas
ministradas em salas menores, para um número limitado de alunos. Estes tipos de aulas ilustram e
complementam os cours magistraux através da prática e do aprofundamento dos conhecimentos teóricos. A
presença nos TD e TP é obrigatória e podem ser incluídos estágios em empresas.
OLIVEIRA, JOÃO F.; PESSOA, JADIR DE MORAIS. O MÉTODO EM BOURDIEU. IN: PESSOA,
JADIR DE MORAIS; OLIVEIRA, JOÃO F. (ORGS.). PESQUISAR COM BOURDIEU. GOIÂNIA:
CÂNONE EDITORIAL, 2013, P.15-30.

- Momentos / passagens na vida do autor, que ele percebe como continuidades:


- Origem social (e relação/postura com o mundo intelectual contra o pensamento dominante
- Formado em Filosofia pela École Normale Supérieure
- 1º Bourdieu: Realizou Trabalhos de Antropólogo (na Argélia), quando serviu ao Exército francês,
aonde começou a pesquisar a situação dos camponeses argelinos.
- 2º Bourdieu: Voltou à França e a partir de 1964 tornou-se professor na Escola de École des
Hautes Études em Sciences Sociales. Desde então foi se tornando um Cientista social
(Sociólogo), produzindo uma singular sobre Teoria do Mundo Social. Fase de constituição do seu
método de trabalho entre 1960 e 1980 (conhecimento praxiológico / teoria da prática). Anos 1980
(principais cursos sobre o trabalho do sociólogo e sobre sua teoria no Collège de France)
- 3º Bourdieu: O intelectual sociólogo engajado nas lutas contra o neoliberalismo a partir de
meados dos anos 1990. Torna-se um símbolo da esquerda na luta pela constituição do “estado
social” como luta internacional. Assume uma postura mais política. (Livros: Miséria do mundo;
contrafogos) Documentário: A sociologia é um esporte de combate
AS APROPRIAÇÕES DA OBRA DE PIERRE BOURDIEU NO CAMPO EDUCACIONAL
BRASILEIRO, ATRAVÉS DE PERIÓDICOS DA ÁREA - Afrânio Mendes Catani; Denice Bárbara Catani;
Gilson R. de M. Pereira

Modalidades e características da apropriação (ver texto):


- Apropriação incidental
- Apropriação conceitual tópica
- Apropriação do modo de trabalho
- Considerações (p.9)
SILVA, TOMAZ T. BOURDIEU E A EDUCAÇÃO. IN: IDENTIDADES TERMINAIS: AS
TRANSFORMAÇÕES NA POLÍTICA DA PEDAGOGIA E NA PEDAGOGIA DA POLÍTICA.
PETRÓPOLIS: VOZES, 1996, P. 229-235.
PAPEL E POSTURA NA COMPREENSÃO DO MUNDO SOCIAL E NA PRODUÇÃO DE UMA
SOCIOLOGIA REFLEXIVA. NO LIVRO...

BOURDIEU, P. Introdução a uma sociologia reflexiva. In: BOURDIEU, Pierre. O poder


simbólico. Trad. Fernando Tomaz. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 1989, p. 17-58.

OBS: Introdução a um seminário da Ecole des Hautes Etudes em Sciences Sciales (out. 1987)

Sociologia (crítico-reflexiva) → Sociólogo → Pesquisa (Objeto de estudo)


Como construir o objeto de estudo?

Papel, postura, posição, disposição

Conhecimento/compreensão do mundo social
(Campos sociais – Habitus → Mecanismos e relações de dominação)

COMO CONSTRUIR A PESQUISA OBJETO DE ESTUDO):

Ensinar um ofício (17) (intensões pedagógicas de Bourdieu):


- Atitude essencial: Aprender a pesquisa como atividade racional (18); Pesquisa ≠ busca mística,
show/exibição (Correr risco; se expor) (18).
- Mostrar o estado nascente, confuso e inacabado da pesquisa (19). Como se processa a pesquisa;
hesitações, embaraços, renúncias (19).
- Por em jogo “coisas teóricas” (20) a respeito de objetos (discurso consagrado)
- O que conta na realidade é a construção do objeto e a eficácia do método de pensar (20):
construção da realidade; desconfiar dos objetos consagrados (20)
- Saber converter problemas abstratos em operações científicas práticas (20).
- Por em causa objetos pré-construídos (21).
- Aprender o modus operandi (21 e 22): modo de percepção, produção/ habitus científico (sentido
do jogo).
- Aprender fazendo; modos de aquisição práticos (22).
- Sociologia (disciplina avançada): método, técnicas, regras próprias (22);
- Não se pode automatizar o pensamento - ciência normal (23);
- Habitus científico: modus operandi em estado prático (23)

Pensar relacionalmente (em termos de relações) na construção do objeto (23):


- Realizar análise relacional na construção do objeto (23, 27, 28, 29, 33)
- Recusar a divisão/oposição entre teoria x metodologia. Teoria e metodologia são inseparáveis na
construção do objeto (24).
- Cuidado com escolas, tradições de uma técnica de recolha de dados (25). O dado é sempre
construído. Cuidado com adesão a métodos, procedimentos etc.
- Combinar diferentes formas de recolha dos dados e modos de análise e correspondências
(análises estatísticas, observações, entrevistas, análise de discursos etc.). Recursos de sociologia,
etnologia, economia, história.
- É proibido proibir: livrai-vos dos cães / amarras/cães metodológicas (26), mas com extrema
vigilância das condições de utilização das técnicas e adequação ao problema posto e às condições
de emprego.
- Por os conceitos em ação; fazer funcionar X contra o feiticismo dos conceitos/teoria.
- Noção de Campo para orientar as ações práticas da pesquisa (conjunto de relações) (27). O
objeto é um conjunto de relações (27). O real é relacional. Pensar relacionalmente os espaços de
relações (28).
- Ex: Campo do poder (28, 29): distribuição de propriedades entre os agentes, população
verdadeiramente real (relações de força entre as posições sociais e que garante aos seus
ocupantes um quantum de força/capital social, que permite entrar nas lutas pelo monopólio do
poder) (29).
- Análise relacional dos espaços sociais: Como fazer? O que investigar (percurso)? (29).
Distribuição de propriedades; buscar construir o quadro dos caracteres pertinentes de um
conjunto de agentes ou instituições). Aproximações (constituição do objeto - 29)
- Ex: pesquisa sobre o campo das Instituições escolares/superior (rede de relações de oposição e
concorrência e posições no campo do poder.
- Estudar o objeto na extensão ou na profundidade? Estratégia de pesquisa: ver os limites do
campo / efeito do campo. (31). O limite de um campo é o limite dos seus efeitos
- Construir o objeto: Postura ativa e sistemática (32): Construir um sistema coerente de relações
(32);
- Raciocínio analógico / usar o método comparativo / homologias entre campos ou estados
diferentes do mesmo campo no passado e presente (pensar relacionalmente um caso particular);
interrogar o caso particular/ do possível: retirar as propriedades gerais ou invariantes (32, 33); leis
dos campos.

Ter uma dúvida radical (34):


- Construir um objeto de estudo: Romper com o senso comum / representações partilhadas por
todos / pré-construído / pressupostos já definidos (34).
- Objeto da sociologia: mundo social (estruturas objetivas + estruturas subjetivas) (34).
- Romper com a agenda oficial dos problemas legítimos (35, 36) pela ciência ou pelo estado.
- Produzir ou compreender a história social dos problemas, objetos, instrumentos; construção de
problemas legítimos (36, 37, 38).
- Romper com Problemas/temas oficiais/agenda oficial (36): História social dos problemas, objetos,
instrumentos de pensamento (36); trabalho coletivo de construção da realidade; surgimento de
outros objetos) (37).
- Estado (objetos de estudo oficiais): demandas (38) x tarefa do sociólogo
- Dúvida radical: pôr-se fora da lei (39)
- Pré-construções naturalizadas por meio de conceitos, palavras, métodos, linguagem, categorias
de entendimento (39)
- Rupturas epistemológicas / rupturas sociais. Ex. Noção de profissão (Sociólogo) e de campo (39,
40, 41) questionar, correr riscos... cientificidade...objeto construído (41, 42). Evitar aparências de
cientificidade (42).
- Reflexividade da ciência rigorosa (42). Crítica aos etnometodólogos (43)

Dupla ligação (vínculo) e conversão (44): Desconfiar incessantemente (duas mensagens


conflitantes: dominar os instrumentos do pensamento orientados da tradição douta / examinar
criticamente as categorias/conceitos doutos). Antinomia da pedagogia da pesquisa (45).
Situação mais favorável: ter uma cultura douta x certa revolta contra essa cultura
- Ter cuidado com as oposições fictícias de autores, métodos, conceitos e com as falsas sínteses
(46).
- Pensamento preguiçoso: exemplo: classes sociais em Marx (47). Marxismo (pre-construído douto)
- Ruptura com o pré-construído: converter o olhar do ensino da sociologia: mudança na visão do
mundo social (49).
- Ruptura com o pré-construído, pre-noções, ruptura epistemológica, modos de pensamento,
conceitos, métodos (visão crítica: objeto pré-construído x objeto construído) (49)

Objetivação participante (51)... tornar real, materializar.


- Trabalho de objetivação participante (relações, interação, estratégias de luta). (51-55).
- Sociologia reflexiva. Trabalho de objetivação (Ex: Homo academicus). (51)
- Estrutura como espaço de relações objetivas (54).
- Agentes, lutas, estratégias, interações... espaço de interação. Ex: Interação entre Campos
(político, jornalístico, universitário etc.) (55-56).
- Luta nos campos (relações de força, interesses, estratégias, posições, poder, recompensas etc.).
- Objetivação da relação do sociólogo com seu objeto (visão global do jogo); renunciar a tentação
de servir a ciência para intervir no objeto (operar uma objetivação participante; interesse a objetivar
(posição no jogo) (58)
JOAO (FEUFG)

BOURDIEU... E A PRODUÇÃO DE UMA SOCIOLOGIA REFLEXIVA

- Ele produz uma ciência social reflexiva, uma sociologia reflexiva, que se distingue pela análise
relacional. Para ele é preciso apreender a pesquisa como uma atividade racional, o que contribui
para quebrar doutrinas e teorias cristalizadas. O real é sempre relacional.
- A ciência deve recusar as certezas do saber definitivo. Evitar as aparências da cientificidade,
contradizer mesmo as normas em vigor e desafiar os critérios correntes do rigor científico.
- O cientista possui um grande papel na sociedade, pois cabe a ele destruir as pré-noções e o
senso comum, buscando elaborar novas maneiras de compreender suas instituições, suas
relações, seu modo de vida, sua sociedade e a si próprio.
- A compreensão das estruturas de poder e de como elas agem no indivíduo possibilitariam, para
Bourdieu, a modificação dos limites do campo social. Sua sociologia é um convite a compreender
profundamente os mecanismos de dominação social.
- Para Bourdieu, a pesquisa deve ‘desnaturalizar’ e ‘desfatalizar’ o mundo social e ‘requerer
condutas’ por meio da descoberta das causas objetivas e das razões subjetivas que fazem as
pessoas fazerem o que fazem.
- Para ele, um dos instrumentos mais poderosos de ruptura com o senso comum é o estudo da
história social dos problemas, dos objetos e dos instrumentos de pensamento.
- É preciso apreender o fenômeno cultural de maneira dependente do sistema das relações
históricas e sociais no qual ele está inserido; realizar uma análise das relações objetivas nas quais
os indivíduos estão envolvidos. Compreender o sistema de relações objetivas nas quais os
indivíduos estão inseridos.
BOURDIEU, P. Lições da aula: aula inaugural proferida no Collége de France em 23 de abril
de 1982. São Paulo: Ática, 2001. p.1-63

- Collège de France (https://www.college-de-france.fr/fr): criado em 1930. Teve outros nomes, mas o


atual é de 1870. As aulas são conferencias; o curso não tem regulação. Está sob a
responsabilidade do Estado (Ministério da Educação). É organizado em Cátedras. Havia 38
Cátedras. Há uma Assembleia de professores, que decide sobre política do Colégio, as Cátedras e
sobre eleição de candidatos. É autônomo e independente e possuí grande prestígio. (ALMEIDA,
1999). Possui escola de doutorado desde 2006. “Une Maison unique au monde” (site).

- Peso e sentido da aula inaugural no C. de France(3): incorporação e investidura; autoridade


(discurso legítimo); ritual.
- Jogo da aula inaugural sobre a aula inaugural (4). A aula sobre a aula (discurso que reflete a si
mesmo no ato de discurso).
- Entrar na Sociologia (inserção do pesquisador): peso da tradição/ influência do passado (G.
Canguilhem e Foucault), das categorias, dos autores (5, 6). Fazer sociologia? (6).
- Crítica epistemológica: fazer uma crítica social do sistema de ensino / das categorias de
entendimento (Durkheim, Marx)... Fazer a História social dos objetos (7).
- Fronteiras e limites do sagrado (10). Poder de constituição (dizer autorizado do sociólogo...fazer
existir nas consciências e nas coisas as divisões do mundo social) (10)
- Luta pelo monopólio das representações do mundo social (classificações) (11,12).
Monopólio de poder julgar e classificar (categorias sociais de percepção do mundo social).
- Luta, espaço de Classificações (autoridade) (13).
- Trabalho do sociólogo (14)... funções da sociologia; Estado das relações de força. Autoridade
científica (14); Lutas pela representação verdadeira da realidade. Monopólio do poder de
constituição.
- “O capital vai para o capital” (lei da reprodução social) (18 a 20): eliminação escolar.
- O efeito libertador do conhecimento da dominação / conhecer os fundamentos da violência
simbólica, da dominação (19). Pensar o método científico, o mundo científico e intelectual (20).
Apreender o jogo (21)
- O jogo e seu sentido no mundo científico, intelectual, universitário (22); luta no campo.
- Campo científico: lutas pela posse do capital científico (24) / autoridade científica.
- “A verdade é resultado de lutas entre os agentes” (25).... lógica científica. - Riscos de politização
da sociologia (26); ciência autônoma?
- Autonomia para a sociologia / recusar a “demanda social” (28). A demanda científica (33)
- Sociologia e sociólogos (28-31). “Não existe propriamente falando demanda social” (33);
autonomia relativa do campo. Ordem social e distribuição desigual de capital cultural (35)
- Conhecer os mecanismos de dominação (poder) do mundo social (transformação do mundo
social) (36-38)
- Pensar o poder como substancia, que alguns detém, conservam, transmitem (37).
- Falsos problemas / oposições / dicotomias (37-38)
- Tratar os fatos sociais como relações (39).... estrutura de relações.
- Fazer a história estrutural dos espaços sociais (campos sociais) (40)
- Princípio da ação histórica: Relação entre dois estados do social: a história objetivada nas
coisas (sob a forma de instituições) e a Histórica encarnada nos corpos (sob a forma de
disposições duráveis, habitus). Dois modos de existência do social: o habitus e o campo (41); o
corpo está no mundo social, mas o mundo social está no corpo (41). A história feita corpo e a
história feita coisa (41).
- Relação campo-habitus: conhecer as singularidade do campo (caso particular do possível;
estrutura de relações (42; 43).
- Novos objetos (44) e método comparativo (44).
- Noção de campo: relações, interações no espaço social (45-46). Estrutura de relações
constitutivas do espaço do campo.
- Categorias de Estado (mistificações): família, escola, igreja etc. (46).
- O que move o campo; tensões; lutas para manter ou melhorar a posição (48); concorrência,
competição. Dominantes e dominados. Relações de concorrência e conflito (50).
- Funcionamento dos campos sociais (51): campos de força /lutas; jogo; adesão ao jogo (de illusio);
agentes (investir).
- Motor da ação, motivação: relação habitus-campo (53): o habitus contribui para determinar aquilo
que o determina.
- Os investimentos são ilusões bem fundamentadas (54). As funções sociais são ficções sociais.
Agentes dispostos a investir (54)
- A sociedade é deus (Durkheim). “deus não é nada mais do que a sociedade” (Bourdieu) (57-58):
julgamento e exclusão social.
- Sociologia contra a ordem intelectual estabelecida (60): “ciência dos poderes simbólicos, capaz
de restituir aos sujeitos o domínio das falsas transcendências que o desenvolvimento não para de
criar e recriar” (62; 63)
- Sociologia: Liberdade em relação à instituição (62)
JOAO (FEUFG)
O método e a metodologia em Bourdieu: Texto João/Jadir

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