ção inere no sujeito, ao modo de tendên- tulada De Ia Division du travail social,
cia do mesmo para algo de exterior. juntamente com a tese complementar La BIBLIOGRAFIA: J. Koch, Durandi de S. Porciano Contribution de Montesquieu à Ia consti- O. P. Quaestiode natura cognitioniset disputatio tution de Ia sciencesociale. Em 1895pu- cum anonymo quodam necnon Determinatio Her- vaei Natalis O. P., Minster, Aschendorff, 1929;In blicou Les Rêgles de Ia méthode sociolo- Sententias Theologicas Petri Lombardi Libri IV gique. Em 1896 0 curso de Sociologia (Veneza, 1572; reimpressão: 1963). T. Takada, que leccionavaé transformado em cáte- A Doutrina da Relação em Durando de Saint- -Pourçain, 1972(em japonês); L. Ott, Die Lebre des dra e, no ano seguinte,publica Le Sui- Durandus de S. Porciano O P vom Weihesakra- cide. Em 1902 transfere-se para a Sor- mcnt, 1972. bona como suplente da cadeira de Peda- João Morais Barbosa gogia, de que se tornou titular em 1906 e que, em 1913,recebeu o nome de «Cáte- DURÃO Alves (Paulo) dra de Sociologia da Sorbonne». Um ano Professor português (n. Mendiga, antes publicara Les Formes élémentaires Porto de Mós, 18.12.1893-m.Braga, de Ia vie religieuse. Desde o regresso da 9.8.1977).Em 1908,entrou na Compa- Alemanha, publicou também outras nhia de Jesus, ordenando-se sacerdote em obras e artigos vários, primeiro na Révue 1923. Estudou Filosofia em Stonyhurst Philosophiquee, depois, em L 'Année So- (Inglaterra) e Teologia na Univ. Grego- ciologique,que fundou em 1896. riana, onde se doutorou. Foi provincial 2. Se o contexto familiar parece ter in- da sua Ordem de 1933 a 1940e dirigiu a fluído na escolha de temas de religião, dado que era filho de um rabino, e o con- rev. Brotéria de 1930 a 1933e de 1954a texto social, marcado pela questão social 1958. Leccionou Língua e Literatura e pela laicização, na sua preocupação em Portuguesa e, a partir de 1958,foi profes- restaurar o espírito de disciplina e con- sor na Fac. de Filos. de Braga, de que foi ciliar a crescente autonomia dos indiví- reitor (1947-1952; 1958-1962).Director duos com a necessidadede laços de soli- da VELBC (secção de Filos.). dariedade, o contexto intelectual mar- OBRAS: Além de colaboração dispersa em actas de cou-o de modo bastante diversificado. congressos e revistas, v. g. Brotéria e Rev. Port. Filos., focando principalmente temas de cultura e li- Homem culto, é difícil estabelecercom teratura inglesa, salientamos os seguintes livros: clareza uma hierarquia dos contributos A Comunidade Internacional, Leiria, 1942; Filosofia dos autores que leu. E certa, porém, a in- Políticade Suárez, Braga, 1949;Direitos e Deveres fluência de Rousseau na distinção entre da Igreja na Educação, Lisboa, 1952;Santo Inácio de Loiola — Sua Psicologia, Espiritualidade e Men- fenómenos sociais e psicológicos; de sagem, Porto, 1955. Montesquieu,na ideia de inter-relação dos fenómenos; de Comte, no conceito DURKHEIM, (Emile) de consciência colectiva. Indirecta parece I. Sociólogo francês (n. Epinal, Alsá- ter sido a influênciade filósofos tradicio- cia 1858-m. Paris, 1917). Em Paris fre- nalistas como Bonald, Maistre e Haller. quentou o Liceu Louis-le-Grand para De entre os pensadores contemporâneos poder ingressar, em 1879,na Ecole Nor- destacam-se os franceses Fustel de Cou- male Supérieure, onde teve como profes- langes, Boutroux, Renouvrier, G. Tarde sores, entre outros, Fustel de Coulanges e A. Espinas; os anglo-saxónicos Spencer e Boutroux. Em 1882 formou-se em e W. Robertson Smith e os germânicos Filosofia, que ensinou em liceus dos ar- Kant, Simmel, Schaeffle, Glumplowickz, redores de Paris. Insatisfeito com o con- Tonnies e Wundt. tributo da Filos. para clarificação da 3. Durkheim sobressai entre os mes- questão moral, em 1885-1886estudou tres do pensamento sociológico. embora Ciências Sociais em Paris e na Alemanha, a sua formação de base fosse a filos. com Wundt. Em 1887foi nomeado pro- Neste domínio apenas avultam três en- fessor de Pedagogia e Ciência Social na saios: «Représentations individuelles et Fac. de Letras de Bordéus. Pode dizer-se représentations collectives» (1898), «Dé- que foi este o primeiro curso de Sociolo- termination du fait moral» (1906)e «Ju- gia criado numa univ. francesa. Em 1893 gements de réalité et jugements, de defendeu a tese de doutoramento inti- valeur» (1911), reunidos sob o título So- 1499 DURKHEIM 1500
ciologie et philosophie e que esclarecem o tando do seu espírito as prenoções, deli-
seu pensamento sobre a relação entre ma- mitará o objecto do seu estudo pelos téria e espírito, consciência e natureza, caracteres exteriores e distintivos, consi- razão e sensibilidade,que concebe de derando-o isolado das suas manifestações forma nova. A sua formação filosófica individuais e buscando a explicaçãoou repercute-se em toda a obra, a ponto de causa do facto social exclusivamente alguns o considerarem mais filósofo do noutro .facto social. Isto consegue-se que sociólogo e pensarem que o que es- aplicando o método das variações conco- creveu com a designação de sociologia é mitantes, pois se dois factos interligados antes uma filos. social. Sem perfilhar variarem de modo semelhante quer dizer tais extremos, não poderá negar-se que que têm entre si uma relação de causa a tanto nos objectivos que seguia como nos efeito. Consequentemente, pode afirmar- métodos que usou, em seus estudos sub- -se que a moral, nesta perspectiva, é rela- jazem pressupostos filosóficos, nomea- tiva. A ciência moral que D. visa cons- damente o do realismo social e o do posi- truir tem como fim prático levar os ho- tivismo social. mens a conhecer e a conformar-se com as O realismo é evidente na sua concep- leis da sua existência social, o que se con- ção de sociedade como entidade real sui segue através da educação. Quanto à sua generis com características próprias, dis- teoria do conhecimento, baseada nos tintas das dos elementos que a compõem mesmos princípios, leva-o a afirmar que e regulada por leis especiais. A sociedade as ideias têm também apenas uma origem é a origem e explicaçãodo carácter de social, remontando o pensamento cientí- obrigação de que se reveste a moral con- fico a formas elementares do pensamento siderada como facto social. Como ser religioso. Será assim a análise das repre- distinto e superior ao indivíduo, a socie- sentaçóes e crenças colectivas e não a abs- dade é fonte de bem, objecto de respeito tracção que conduzirá à descoberta da e de amor, e de controle e sançãopara verdade.Conceptualista, identifica con- com os seus membros. O princípio do ceitos com realidades; pragmatista, con- positivismo podemos vê-lo consubstan- sidera que a verdade não é estática e aca- ciado na afirmaçãode que o estudo do bada, mas coisa viva e humana, ainda que homem na sua dimensão moral e social afirme a necessidade de verdades neces- deve proceder metodologicamentepor sárias. O sociologismo que adopta como meio da observação científica aplicada no explicaçãodo dualismo humano é factor, domínio das ciências da natureza, se- em boa parte, da polémica que suscitou e gundo o princípio radical do positivismo das interpretações contraditórias que que afirma que só podemos conhecer os foram dadas do seu pensamento. fenómenos sensíveis e as suas leis e que 4. No seu tempo, D. influenciou recusa a explicaçãopor causas últimas. directamente o sistema educativo francês Quanto a outros objectos de ordem es- e a sua doutrina moral foi base dos cursos piritual, nomeadamente a alma humana e de moral cívica nas escolas francesas. Deus, afirmam os positivistas que não há A sua influência é sobretudo notória no em nós qualquer faculdade espiritual ca- campo intelectual, onde levou à criação paz de os conhecer. D. explica-os como de uma escola sociológica francesa em meros produtos sociais. A moral subjec- que se inscrevem Marcel Maus, Faucon- tiva ou metafísicaque procura partir de net, Davy, Halbwacks, Simiand, Bouglé, uma análise a priori da natureza humana Lalo, Duguit, etc. O pensamento de D. e na sua dimensão individual e social, pres- dos seus discípulos marcou também a cindindo da experiência, é para ele estéril. historiografia, antropologia, psicologia e O determinismo das leis da natureza, que linguística de França. No domínio socio- exprimem uma conexão regular entre lógico, porém, a influência de D. ultra- duas ou mais classes de fenómenos, de- passou as fronteiras do seu país e é, hoje, verá alargar-se aos factos sociais, ca- juntamente com Weber e Marx, consi- bendo à Sociologiadesvendá-lo. O mé- derado um dos clássicos cuja metodolo- todo que esta deverá usar será o positivo gia favorece a tendência empírica da in- ou experimental. O investigador, afas- vestigação.