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ESCOLA ESTADUAL

“PROFESSORA VERIDIANA CAMACHO CARVALHO GOMES”


Sociologia

ÉMILE DURKHEIM:
Vida e Teorias

LIVIA LAVINHA DE ANDRADE ESTEVAM

NADIR

SÃO PAULO
2022

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SUMÁRIO

1) Introdução......................................................................................................03
2) Biografia.........................................................................................................04
3) Influências......................................................................................................05
4) Principais Teorias..........................................................................................06
▪ Sociabilidade.................................................................................................06
▪ Fato Social...............................................................................................06, 07
▪ Instituição Social e Anomia............................................................................07
5) As Regras do Método Sociológico...........................................................08, 09
6) O Suicídio......................................................................................................10
7) Principais Obras...........................................................................................11
8) Conclusão.....................................................................................................12
9) Bibliografia....................................................................................................13

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1. INTRODUÇÃO:

É possível acreditar que a sociologia de antigamente não era nada parecida com a
que estudamos atualmente? Pois é, a tempos atrás esta ciência era bem diferente
do que conhecemos atualmente, e o divisor de águas para que toda essa
repaginação acontecesse com toda certeza foi Émile Durkheim.
Francês, de família tradicional judia, Durkheim possuía ideias muito à frente de seu
tempo, principalmente em relação a sociedade, o que fez o mesmo se voltar para a
área da sociologia mesmo se formando em filosofia. Suas teorias em relação a
tradições, regras, e até mesmo tabos, como o suicídio, revolucionou grande parte da
ciência sociológica dando a ela uma “nova era” que a impulsionou para um melhor
desenvolvimento.
Neste trabalho serão apresentadas informações sobre a vida e teorias do filósofo e
sociólogo em relação a sociedade de sua época. Tenha uma boa leitura!

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2. BIOGRAFIA:

David Émile Durkheim nasceu em Épinal, na França, em 15 de abril de 1858, em


uma família tradicional judia, mas mais tarde se afastou de tal comunidade. Aos 21
anos de idade, estudou no Liceu Louis-Le-Grand e na Escola Normal Superior de
Paris, instituições tradicionais. A formação das instituições francesas da época foi
alvo de crítica por Durkheim, que, mais tarde, afirmou haver nas escolas uma
formação muito literária e pouco científica.
Seus estudos incluíam Direito e Economia (sua formação acadêmica inicial),
Filosofia (disciplina que lecionou em liceus franceses), Ciências da Natureza,
principalmente a Biologia de Herbert Spencer, pensador que marcou profundamente
os seus estudos em relação aos modelos biológicos de aplicação sociológica, e a
Psicologia, por meio do Laboratório de Psicologia Experimental, de Wilhelm Wundt.
Seus estudos variados induziram Durkheim a procurar modelos biológicos e sociais
conjuntos e também a tecer um olhar diferenciado para a Antropologia. O conjunto
de fatores resultou na formulação da teoria dos fatos sociais, que afirmaria a
primazia do entendimento de fatos gerais que marcam as sociedades (como leis),
os quais seriam maiores e mais facilmente explicáveis que as questões individuais
psicológicas.
A maior ambição (e mais tarde o maior fato consumado) do pensador na época era
criar um campo de estudos das Ciências Sociais totalmente autônomo, que não
dependesse dos domínios de outras ciências, como a Biologia e a Psicologia, e não
dependesse dos modelos demasiadamente abstratos da Filosofia que Comte tinha
legado ao trabalho sociológico.
Aos 29 anos de idade, Durkheim passou a integrar o corpo docente da Universidade
de Bordeaux, como encarregado de cursos, criando e ocupando a primeira cátedra
de Sociologia no ensino superior. A partir daí foi marcado o início oficial da
Sociologia enquanto disciplina e ciência autônoma, apesar das primeiras ideias e o
nome terem surgido anos antes com o filósofo francês Auguste Comte.
Toda a produção intelectual de Durkheim, a partir de 1887, voltou-se para o estudo
da Sociologia e do entendimento do que ele chamou de Fatos Sociais, que seriam
leis gerais que regem as sociedades e conferem ao cientista a chave para o estudo
sociológico. Reuniu em torno de si colaboradores especializados em história,
etnologia, jurisprudência, etc. Fruto de este esforço foi a publicação da revista
"L'Année Sociologique", de 1898 a 1925, que é considerada uma das revistas de
sociologia mais científicas que se publicaram.
Em 15 de novembro de 1917, Durkheim faleceu na cidade de Paris, onde encontra-
se enterrado no Cemitério de Montparnasse.

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3. INFLUÊNCIAS:

Durkheim foi influenciado por pensadores de sua época, do mesmo modo que
influenciou pensadores do círculo intelectual europeu do século XIX e de tempos
posteriores. Entre as suas influências, podemos citar o biólogo, teórico liberal e pai
da antropologia Herbert Spencer. Também podemos incluir na lista o filósofo liberal,
que durante certo período de sua vida mostrou-se adepto ao positivismo, Alfred
Espinas.
Além de Spencer e Espinas, Durkheim foi influenciado diretamente pelo filósofo
francês considerado o “pai” da sociologia, Auguste Comte. De Comte, Durkheim
colheu a ideia da criação de uma ciência capaz de estudar a sociedade e reconhecer
as suas especificidades. Porém, Durkheim foi além ao produzir uma crítica à teoria
de Comte que consolidaria a sociologia como uma ciência bem fundamentada.
Segundo Durkheim, o que Comte fez não fundou a sociologia como uma ciência bem
definida e nem ultrapassou a filosofia, pois continuou formulando teorias no campo
do ideal metafísico, que eram impossíveis de serem praticadas. Dessa maneira,
Durkheim buscou fundar um método baseado no reconhecimento dos fatos sociais
para inaugurar uma sociologia bem estruturada.
Durkheim criticou algumas ideias de Comte relacionadas à sociologia, o que
demonstra as influências sofridas pelo pensador considerado o criador do método
sociológico por aquele que é considerado o “pai” da sociologia (Comte). Para
Durkheim, apesar da pretensão oposta, o modelo sociológico comtiano é
demasiadamente filosófico, pois a base do positivismo e da sociologia é a Lei dos
Três Estados, que não recorre a um método preciso de observação e estudo rigoroso
de uma sociedade, mas de uma abstração.
Ao contrário disso, Durkheim desenvolveu o conceito de Fatos Sociais, que são
estruturas que tendem a se repetir em diferentes sociedades, mostrando-se
elementos rígidos que podem garantir certo rigor científico ao trabalho sociológico,
uma vez que podem ser analisados empiricamente.

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4. PRINCIPAIS TEORIAS:

Ao afirmar que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas", Durkheim coloca
o objeto sociológico enquanto objeto científico.
Assim, ele considerava que só a ciência e um novo paradigma racionalista poderiam
conduzir a respostas acertadas frente às mudanças sociais cada vez mais rápidas.
Em resumo, sua obra constitui uma “teoria da Coesão Social”, para responder como
as sociedades poderiam manter a sua integridade e coerência na era moderna. No
final do século XIX, quando viveu Durkheim, aspectos como religião, família e
trabalho estável estavam perdendo importância.
Durkheim viveu numa época onde as pessoas abandonavam o campo e iam em
direção à cidade. Ali encontravam melhores condições materiais, mas perdiam sua
identidade e a solidariedade que existe nas zonas rurais. Baseado nisso, criou às
seguintes teorias:

• Sociabilidade:
Segundo ele, o homem seria um animal bestial que só se tornou humano na medida
em que se tornou social e sociável, aprendendo hábitos e costumes para poder
viver coletivamente
Por isso, o processo de aprendizagem, que foi chamado de "socialização" por
Durkheim, é o fator basilar na construção de uma “consciência coletiva”.
Através da educação formal entramos em contato com ideias que nos darão o
sentimento de pertencimento ao grupo, seja ele uma igreja ou a uma pátria.
Desta forma, a vida na cidade e sob o capitalismo, retiraria do ser humano suas
referências identitárias para criar seres sem esperança. Somente com a construção
de uma escola laica e de valores morais seria possível superar este impasse.

• Fato Social:
Uma de suas principais contribuições à sociologia foi determinar o "Fato Social", os
quais nos ensinam como devemos ser, sentir e fazer. A partir disso foi possível
conceber uma definição do normal e o patológico em cada sociedade em termos de
comportamento social. Dentro disso, fica claro que o normal é aquilo que é

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obrigatório e normatizado pela sociedade, de modo que a sociedade e os próprios
padrões morais configuram-se enquanto uma entidade superior ao indivíduo.
O Fato Social é a realidade que já encontramos quando nascemos: escola, governo,
religião, ritos sociais. Resumindo: tudo aquilo que temos que cumprir por obrigação
social ou porque a lei pode nos punir.
Aqui, três propriedades são cruciais: generalidade, exterioridade e coercitividade.
Estas são as leis que conduzem o comportamento social, ou seja, o que governa os
fatos sociais.
O ser humano não é responsável pelos fatos sociais. Afinal, o que as pessoas
sentem, pensam ou fazem não dependem totalmente de suas vontades individuais,
pois são uma conduta instituída pela sociedade.
Sua teoria também ficará conhecida como Funcionalista, uma vez que faz uma
analogia com as funções do organismo. A existência e a qualidade de diferentes
partes da sociedade são decompostas pelos papéis que exercem para manter o
meio social balanceado.

• Instituição Social e Anomia:


A teoria durkheimiana estuda a função da instituição social, sua constituição e seu
enfraquecimento, que o sociólogo chamará de "anomia".
Essas instituições são por exemplo a família, escola, governo, policia, etc.
Instituições consideradas conservadoras e que agem de forma a fazer forca contra
as mudanças. Assim, Durkheim as aponta como instituições pela manutenção da
ordem. Apesar dessa característica claramente conservados desses aparelhos da
sociedade, Durkheim parte em defesa dos mesmos, partindo do pressuposto que os
homens necessitam sentir-se seguros e respaldados, e isso é oferecido por essas
instituições.
O sociólogo faz essa defesa justamente por acreditar que o homem mantém sua
humanidade a partir do momento em que se torna sociável e que essa vida em
sociedade só é possível em um ambiente onde existem regras claras, limites e
valores. Caso contrário, ele acredita que os homens estariam entregues a um total
estado de desespero.
Já a anomia, seria uma situação onde a sociedade ficaria sem regras claras, sem
valores e sem limites. Este cenário ocorre quando a sociedade se vê incapaz de
integrar determinados indivíduos que estão afastados devido ao abrandamento da
consciência coletiva. E é justamente a preocupação com esse estado de desespero
que leva Durkheim a estudar temáticas como criminalidade, suicídio e religião.

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5. AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO:

A sociologia deve prezar pelo rigor para consolidar-se enquanto ciência. Assim sendo,
é necessário desfazer-se do conhecimento de senso comum e da tradição para poder
entender cientificamente as estruturas sociais que ordenam o mundo humano.
Segundo Durkheim, “Se existe uma ciência das sociedades, é de desejar que ela não
consista simplesmente numa paráfrase dos preconceitos tradicionais, mas nos faça
ver as coisas de maneira diferente da sua aparência vulgar; de fato, o objeto de
qualquer ciência é fazer descobertas, e toda descoberta desconcerta mais ou menos
as opiniões herdadas.”
Dessa maneira, o método científico e o afastamento do senso comum, da opinião e
da tradição são essenciais para a consolidação da sociologia. Para que tal
distanciamento seja possível, o sociólogo deve afastar-se o tanto quanto puder da
sociedade em que ele está estabelecendo o seu estudo de campo. Somente assim é
possível que o conhecimento obtido pelo sociólogo seja cientificamente comprovável
e confiável.
Afastando-se do seu campo de análise por questões metodológicas, o cientista social
deve-se colocar a observar os fatos sociais que moldam uma sociedade. Os fatos
sociais são maiores que os indivíduos, que as consciências individuais e que as ações
humanas. Eles são exteriores aos indivíduos, coercitivos, porque moldam as ações
individuais e independentes. Também tendem a repetir-se mesmo quando
comparamos sociedades diferentes.
Um fato social que Durkheim toma como exemplo é a coesão social, que mesmo de
forma diferente, repete-se em diferentes sociedades. Temos, com isso, formas de
coesão que formam diferentes tipos de solidariedade em sociedades pré-capitalistas
e pós-capitalistas.
As sociedades pré-capitalistas são menores e de maior facilidade de controle. Há
também um maior contato entre os membros desse tipo sociedade, o que leva ao
desenvolvimento de uma:
• Solidariedade mecânica: Delineia as sociedades mais antigas e
rudimentares, sem a influência do capitalismo. A sociedade como um todo é
fechada como um mecanismo autônomo. Há aqui maior coesão social e
ausência da divisão social do trabalho, que fecha a sociedade e promove a

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ajuda mútua entre as pessoas. Também há uma forma de direito mais primitiva
que considera o ato social indesejado um crime contra toda a sociedade e que
deve ser exemplarmente punido por meio do suplício público e do castigo
físico.

Já as sociedades capitalistas da era pós-industrial tendem a comportarem-se como


organismos, já que a população não é coesa por inteiro, mas é formada por vários
núcleos de indivíduos que estabelecem vínculos solidários entre si. É como se a
sociedade capitalista mais complexa fosse composta de diversos mecanismos
internos. O conjunto desses mecanismos coesos constitui a chamada:
• Solidariedade orgânica: Como um organismo que necessita de várias peças
e mecanismos distintos para funcionar, são as sociedades mais desenvolvidas
e sob influência do capitalismo. Há a divisão social do trabalho e a
desigualdade social, que fecha os grupos em seus interiores e promove a
solidariedade apenas entre os grupos fechados que enxergam a irmandade
apenas entre si e não com os outros.

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6. O SUICÍDIO:

Em sua importantíssima obra “O Suicídio”, publicada em 1897, Durkheim observa que


as taxas de mortes auto infligidas são constantes em diferentes períodos. O autor
trata, portanto, o suicídio como um fenômeno que não age unicamente sob o
indivíduo, mas cujas forças encontram-se atuantes em todo o corpo social. Logo,
Durkheim passa a considerar o suicídio como um Fato Social. Segundo o sociólogo,
o suicídio repete-se em todas as sociedades, sendo modificadas apenas as
motivações e os seus índices de uma sociedade para a outra.
Para o sociólogo francês, existem três tipos fundamentais de suicídio que marcam as
sociedades e variam, de acordo com cada lugar e cada tempo. São eles:
• Suicídio egoísta: Acontece quando o ego pessoal se sobrepõe ao ego social,
e o indivíduo passa a sofrer por não ver mais sentido em sua própria vida. Essa
falta de sentido faz com que o ego individual seja visto como maior que o ego
social, de modo que não há sentido em continuar sofrendo por uma sociedade
que não o compreende como indivíduo.

• Suicídio altruísta: Nesse caso, acontece o inverso do caso apresentado


anteriormente, pois o ego social e coletivo é encarado como maior que o ego
individual, de modo que a pessoa se encontra disposta a tirar a sua própria
vida em nome de um objetivo que, em seu julgamento, será bom para a
coletividade. Podemos citar o exemplo dos pilotos kamikaze japoneses que,
na Segunda Guerra Mundial, com a falta de projéteis, lançavam seus próprios
aviões nos alvos, causando suas próprias mortes.

• Suicídio anômico: Comum em períodos de crise financeira, política e de


valores, esse tipo de suicídio é provocado por uma desordem social que leva
a uma desordem psíquica no indivíduo. Esse que, muitas vezes, era detentor
de muitos bens e de uma estrutura de vida estável até perder toda a ordem
financeira e/ou psicológica que possuía. No momento da perda e sem saber
lidar com a nova situação, o indivíduo provoca a sua própria morte.

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7. PRINCIPAIS OBRAS:

• Da Divisão do Trabalho Social (1893);


• As Regras do Método Sociológico (1895);
• O Suicídio (1897);
• A Educação Moral (1925);
• Sociedade e Trabalho (1907);
• As Formas Elementares de Vida Religiosa (1912);
• Lições de Sociologia (1912);
• Educação e Sociologia (1922 – publicação póstuma);
• Sociologia e Filosofia (1924 – publicação póstuma);
• A Educação Moral (1925 – publicação póstuma);
• O Socialismo (1928 – publicação póstuma).

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8. CONCLUSÃO:

Dado o exposto, podemos entender que Émile Durkheim foi um filósofo/sociólogo


muito inovador para sua época, e que graças a ele, muitas das ideias que temos
sobre a sociedade são bem diferentes do que eram antes de suas teorias serem
criadas. Podemos citar principalmente uma de suas mais conhecidas convicções: o
ser humano é uma besta que só se tornou humano, quando entrou em contato com
o meio social. Tal teoria mostra o quão radical e revolucionário foi Durkheim, a ponto
de mostrar às pessoas de seu tempo que, elas dependem da socialização para se
tornarem seres humanos.
A importância do filósofo na sociedade e na sociologia deve se também, por conta
de seus grandes estudos intitulados “As Regras do Método Sociológico” e “O
Suicídio”, que abrangem interessantes teorias sobre como nos comportamos e
porque nos comportamos de tal maneira.
Mudando diversos paradigmas na sociedade e na ciência sociológica, Émile
Durkheim ficará marcado na história como um homem extremamente inovador e à
frente de seu tempo.

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9. BIBLIOGRAFIA:

Todas as informações contidas no desenvolvimento deste trabalho foram retiradas


do próprio conhecimento da autora e das seguintes fontes:
• https://brasilescola.uol.com.br/biografia/emile-durkheim
• http://www.sociologia.com.br/emile-durkheim/
• https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/emile-durkheim.htm
• https://www.todamateria.com.br/durkheim/
• https://www.infoescola.com/biografias/emile-durkheim/

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