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As mulheres na

Mesopotâmia

H I S T Ó R I A A N T I G A
I

I I U N I D A D E
• Nas cidades e nos Estados antigos, indivíduos que pertenciam a várias organizações
tinham que fazer frequentes escolhas entre as opções que lhes eram oferecidas.

• Os primeiros estados não eram monolíticos e nem estáticos. Muitas vezes se


desinteressavam por organizar as atividades dos membros de grupos comunitários.

• Os agentes na Mesopotâmia tomavam decisões sem necessariamente desafiar as


ideologias de governo e a dependência aos deuses e reis. Mas isso não significa que não
houve resistências, elas aconteceram e em muitos casos derrubaram em colapsos dos
Estados.
• Apresentar-se-á inicialmente os papeis das mulheres, às estruturas em que se encaixavam
e como essas estruturas poderiam ser maleáveis para vantagem das mulheres.
• A perspectiva teórica da micro história pode ajudar a abordar as contradições dos sistemas
normativos, as redes de poder social e econômico , o modo como as instituições políticas
moldaram e foram moldadas pelas instituições sociais e o significado dos sistemas de
crença na vida das antigas mulheres mesopotâmicas.
• Yoffee pretende avaliar o modo como as mulheres lidavam com suas identidades sociais,
de acordo com os conflitos e solidariedades da vida cotidiana.

• Período: 2000-1600 a.e.c.


Naditu e Kezertu
• Primeiro exemplo: as nadiatu

• Mulheres de status elevado, ligadas a instituições semelhantes a conventos, mas cujas


atividades se estendiam para além da religião

• Segundo exemplo: as Kezertu

• As mulheres de classe baixa, que na maioria das vezes estavam sob controle de outros,
incluindo as mulheres da elite e homens de variados status
Nadiatu
• Mulheres de elite, filhas de reis, mercadores e líderes comunitários

• Recebiam herança na forma de dotes.

• Não se casavam e iam para o gagum do templo de Shamash, em Sippar.

• Recebiam um nome diferenciado e dedicavam sua vida àquele deus e à sua consorte.


Bens e transações comerciais das nadiatu
• O dote: propriedade imóvel e propriedade móvel.

• Casas e campos sob o usufruto de uma naditu, que não podia vendê-los.

• Compravam, vendiam e alugavam terras, destinando os ganhos a qualquer pessoa.

• A instituição das nadiatu foi criada no início do período da Babilônia antiga e não durou após este
período. Foi criado pelas incertezas política e econômica da época, colapso da III dinastia de Ur, quando
novas propriedades estavam surgindo e novos problemas surgiam, como, por exemplo, a herança.

• Sem poder se casar, as nadiatu poderiam manter os bens na família, o que não as impedia de ter filhos.


Contexto das carreiras das nadiatu
• As nadiatu tiveram carreiras produtivas e interessantes, entrelaçando suas devoções
religiosas com práticas comerciais.

• Eram mulheres ricas e bem nascidas , produtos de uma época em que estavam sendo
criadas novas riquezas e status, na qual novos deslocamentos sociais e econômicos foram
mediados pelos símbolos mais veneráveis e por emoções.
Imaginando o sexo em um estado antigo
• Construções culturais do sexo e prostituição na Mesopotâmia feitas por antigos e
modernos

• Heródoto

• Gore Vidal
Heródoto (Histórias)
Gore Vidal – Criação – 1981 reelaborou essa
história
Prostituição
• Não há evidências da prostituição ritual na Mesopotâmia. Nadiatu não eram prostitutas

• Descoberta de novos textos: pequeno arquivo administrativo procedente da cidade de


Kish, época posterior ao colapso de Hamurabi (1792-1750)

• Arquivos sobre as kerzetum – mulheres de cabelo crespo

• Acádio: associa o termo a prostitutas (harimu)


Arquivos de Kish
• Os arquivos de Kish demonstram atividades rituais pagas por membros da elite ao
supervisor das kerzetum , que também pagava uma taxa ao palácio.

• As mulheres da elite celebravam a cerimônia, que envolvia atos sexuais em comemoração


à deusa Ishtar.

• A tradução de prostituta para kerzetum é um anacronismo.

• Seu papel sexual faz parte de um sistema religioso e não de um sistema econômico.
O que os arquivos mostram
• Estes arquivos demonstram uma migração da administração religiosa de Uruk para Kish
em virtude da pressão de lideranças que se rebelaram contra Hamurabi em Uruk.
Micro história = vida distante dos estados
• A vida dessas mulheres era distante da intervenção estatal.

• Estes exemplos mostram aquilo que os Estados não fazem e o modo como os indivíduos
estruturam suas vidas.
Contexto das nadiatu
Contexto das nadiatu
Contexto das kerzetum
Colapso dos Estados antigos
• Colapso dos estados antigos foi a eventual ascensão de novos Estados, modelados com
frequência a partir do estado causador da derrocada. Pode-se também observar, nos
antigos estados, a presença e o poder dos controles locais – por exemplo, nas assembleias
comunitárias da Mesopotâmia e que existiam juntamente com o rei e com o Estado. No
entanto, na Mesopotâmia os burocratas da coroa também eram membros da comunidade
ou pertenciam a famílias e organizações empreendedoras. No nível dos indivíduos
existem muitas identidades e papéis sociais que não podem ser simplesmente separados:
ou a comunidade ou os Estados, pois as pessoas podem pertencer a ambos.
O campo
• No processo de formação do Estado, o campo foi reestruturado da maneira inclusiva, as
aldeias foram abandonadas e as pessoas se mudaram para as cidades. Fundaram-se
subsequentemente novas aldeias, os sistemas agrícolas e a posse da terra foram
transformados com a presença das cidades. Em tempos de sistemas políticos em
desintegração, o campo não somente absorvia pessoas que fugiam das cidades, mas
também atraía novas pessoas que tinham vindo aproveitar-se da debilidade dos governos
urbanos.
• O colapso tende a ocorrer quando o centro já não mostra capacidade de obter recursos da
periferia, em geral por haver perdido a legitimidade por meio do qual podia apoderar-se de bens
e serviços de grupos tradicionalmente organizados. O processo de colapso acarreta a dissolução
das instituições centralizadas que haviam facilitado a transmissão de recursos e de informação, a
resolução de litígios intergrupais e a legítima expressão dos componentes diferenciados de uma
organização. Pode levar à derrocada uma estratégia de maximização, na qual o centro político
tende a canalizar recursos e serviços para seus próprios fins, mais do que para fins societários e
na qual o apoio e a legitimação, por parte da periferia, acabem sendo erodidos. O desastre
econômico, a subversão política e a desintegração social são os prováveis produtos do colapso.
Derrota do estado acádio:

• Fracasso de Sargão e sucessores de integrar a liderança tradicional das cidades-estado ao


novo projeto de um estado territorial e de suas ambições imperiais.
Derrota da III dinastia de UR

• Atividade de grupos amoritas, grupos étnicos. Ascenderam ao poder como forças bem
organizadas cujos líderes eram urbanos.

• UR III – tentativa breve e mal sucedida de se alcançar uma unidade política pan-
mesopotâmica

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