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● Opressão da mulher, estrutura montada para o patriarcado

● Dominação do corpo feminino

Desde os primórdios da humanidade, o ser humano cria e produz cultura, seja a partir de
mitologias que buscam explicar o sobrenatural a registros de situações, informações ou histórias que
são passadas de geração a geração. O homem sempre buscou uma certa identidade, tanto própria
quanto do coletivo, não obstante, este ser sempre foi guiado pela sobrevivência e pelo desejo, pela
ânsia de conquista e pelo poder, e por mais que haja uma maior consciência nesses indivíduos do
que há em um animal, (afinal, o ser humano é a única criatura da Terra que tem conhecimento de
sua morte, os demais seres apenas vivem o presente, sem nunca imaginar o seu futuro) é natural ver
em algumas pessoas atitudes e ações animalescas, como a necessidade da violência como forma de
comunicação, o descontrole diante da pulsão sexual, a imposição de dominar terras e submeter o
outro perante a si. Ao longo da história se observa esse lado bestial do homem, cujo deveria ser um
ser consciente, iluminado e superior, assim visto diante dos olhos de duas grandes religiões,
Catolicismo e o Budismo, mas que na verdade é puro caos. — Não é à toa que Hobbes diz que ‘‘o
homem é o lobo do homem’’.
Infelizmente, para que uma relação de dominação possa ser enraizada, um lado deve ser
oprimido, submetido e desvalorizado. O homem durante todos os séculos semeou essa relação e a
pôs em prática, existem vários registros que evidenciam isso, e falaremos disso nesse texto, todavia,
será focado apenas uma dessas formas de repressão: a opressão da mulher ao longo dos tempos.
Na Grécia Antiga, grande parte de sua cultura é conhecida e documentada, há registros de
pensamentos de sábios filósofos, da arte teatral de talentosos dramaturgos, as profundas literaturas
de grandes poetas e há também a realidade política. É inegável a quantidade de conhecimento que o
ser humano possuía nesse período, para alguns é contestável, mas a meu ver, foram uma das
sociedades mais intelectuais que existiram, talvez tenha sido por conta desse enorme conteúdo
informacional que fez com que o ego desses homens fosse tão inflado ao ponto de se haver uma
enorme exaltação do masculino.
Enquanto que o homem era a grande obra dos Deuses, a mulher apenas existia. Era muito
comum que elas fossem vistas apenas como responsáveis em gerar a vida e cuidar dos afazeres
domésticos, a opressão era tão extrema, que as mulher eram impedidas de sair de casa sozinhas,
sempre tinham que estar ou com o irmão, pai ou marido, elas não eram consideradas cidadãs da
pólis (cidade), nem podiam votar, eram proibidas de atuar em peças teatrais (era normal o sexo
masculino fazer os papéis femininos) e eram vistas como um objeto pertencente a um dono. Além
disso, era muito comum que ocorresse relações homossexuais entre homens, pois acreditava-se que
a mulher apenas servia para gerar filhos, por conta disso, não eram tão dignas e adoradas quanto a
imagem masculina.
Mudando de momento histórico, já que Roma herdou grande parte da cultura grega, a
situação social se manteve, de certa forma, semelhante, só ocorreram pequenas diferenças, um
exemplo, algumas peças começaram a ser encenadas por mulheres, porém as mesmas ainda não
possuíam direito algum na sociedade. Na Idade Média é um dos instantes em que essa opressão
chegou ao seu extremo, a famosa época da caça às bruxas, a inquisição que levou à morte de
milhares de vítimas, grande parte feminina. A igreja Católica queimou e torturou diversas mulheres
alegando que elas possuíam algum vínculo com uma entidade diabólica, além desse genocídio, por
essa época ser dividida em um poder descentralizado, ou seja, existiam várias cidades independentes
e que possuíam suas próprias leis e tradições, era comum que a filha de um grande senhorio fosse
uma moeda de troca para que se gerasse alianças e amizades com outros reinos, assim, novamente a
mulher era vista apenas como um objeto, não possuía liberdade, direitos e principalmente livre
arbítrio.
Na era do renascimento ocorre uma situação curiosa: a submissão da mulher se tornou uma
moda. O novo padrão de beleza estabelecido era da seguinte forma: elas deveriam ser pálidas,
anêmicas e desnutridas, magras ou pelo menos fracas, quietas, puras, virgens, obedientes e deveriam
utilizar uma indumentária de tamanha magnitude, como as anáguas, os espartilhos, os corpetes e
aquelas estruturas para aumentar a cintura e a silhueta, que praticamente eram uma prisão de seus
corpos.
Só com a vinda do movimento sufragista (luta das mulheres pelos seus direitos), em meados
do século XIX e XX e com a ocorrência da primeira onda do feminismo (a busca da igualdade de
gênero) que mudanças começaram a ocorrer na sociedade, concretizando-se uma nova realidade
que provocou rachaduras nessa enraizada estrutura patriarcal.

● mulher e o seu auxilio do mantimento do homem na exploração do


trabalho
● mulher no trabalho, início

Como visto acima, desde a Grécia Antiga existia esse pensamento de que a mulher deveria
ficar em casa cuidando dos filhos e dos afazeres domésticos enquanto o homem deveria ir para o
mundo explorá-lo, vivê-lo, conseguir recursos e dominá-lo. Essa ‘‘tradição’’ se manteve com a
evolução dos tempos e a figura do feminino sempre foi associada ao lado da submissão, da
inferioridade e das responsabilidades domésticas.
Assim, com o fim da Idade Média, do controle político da igreja Católica e com a vinda dos
movimentos reformistas, como o Calvinismo (doutrina que afirma que gerar riqueza a partir do
trabalho era uma forma de honrar Deus) e o Iluminismo, deu-se origem a ideias de liberdade
econômica e meritocracia. A nova perspectiva de haver um Novo Mundo também provocou um
anseio de conquista que levou o ser humano a uma corrida atrás de riquezas, poder e títulos.
Esse movimento, e posteriormente com a Revolução Industrial, fez com que o homem se
entregasse a uma longa jornada do trabalho, visto a necessidade de receber dinheiro para sustentar
suas famílias e suas condições de vida. Pelo fato da mulher ser responsável pelos cuidados
domiciliares, foi exigido do homem uma carga horária de trabalho extremamente absurda e essa
busca de gerar dinheiro para comprar comida, bens de consumo para suas esposas e filhos
influenciou a criar uma dependência com o trabalho, de tal forma, que não havia tempo para pensar
ou se dedicar a exigir melhores condições durante um bom tempo.
Durante a primeira e a segunda Revolução Industrial, era mais comum que algumas
mulheres trabalhassem em indústrias têxteis, apesar de ser uma proporção bem menor que dos
homens, ainda se era presente. Porém mais adiante, precisamente no século XX, temos o ápice do
capitalismo e o surgimento do ‘‘American Way Of Life’’, neste instante era totalmente proibido que
mulheres se dedicassem ao trabalho. As propagandas criavam todo um arquétipo do que deveria ser
a perfeição de uma família, do como as esposas deveriam se comportar, os padrões de beleza e
transmitiam uma ideologia, cuja estava demasiadamente enraizada, que pontuava essa submissão
tão apreciada.
Por conta de toda essa influência cultural, a mulher vivia trancada em casa preparando o
jantar enquanto seus maridos se matavam para trabalhar, assim era a educação, assim era pregado.
Até que ouve os primeiros berros de protestos, grupos que eram a favor da liberdade da mulher
começaram a ser criados, questões foram levantadas e mudanças começaram a ser efetuadas. — O
feminismo ao contrário do que muitos pensam, não é uma política extremista e sem engajamento
algum, mas é uma luta muito digna, que não só abriu portas para uma maior participação da
mulher na sociedade, mas também na política.
Atualmente, em pleno século XXI se é bem claro as diversas mudanças provocadas por esse
movimento, se é nítido as conquistas adquiridas, o respeito pela filosofia de igualdade de gênero e o
como a mulher tem total liberdade, porém, se é perceptível também o quanto o mundo ainda tem
que mudar, afinal, romper totalmente com uma realidade que sempre tivera raízes com o patriarcal
requer uma longa caminhada.
Para finalizar, gostaria de mencionar um acontecimento bastante atual em busca de
provocar algum processo de reflexão. Em torno de julho deste ano (2020) viralizou na internet o
vídeo ‘‘Grito da Masculinidade’’, onde vários homens gritavam em meio a um evento. Não levou
muito tempo até se tornar um ‘‘meme’’, para os olhos para alguns, esse vídeo era algo patético e
ridículo, sendo que muitos comentários criticavam negativamente a realização desse ato. — Como
uma querida amiga minha falou: ‘‘Não entendo como fomos dominadas tanto tempo por essas
coisas’’. — Entretanto, para alguns filósofos, esse vídeo demonstra precisamente a mentalidade de
alguns homens na sociedade brasileira, e, ao ver desses estudiosos, é uma demonstração clara do
machismo tão presente no Brasil, uma verdadeira busca de tentar através do berro intimidar e
sobressair ao feminismo que se faz presente com tamanha força.

referências:
https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/07/06/o-grito-da-masculinidade.htm

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