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Origem da opressão LGBT

Há um grande debate ainda hoje sobre a origem da homossexualidade e da


opressão sexual. Existem linhas de pensamentos que levam mais para um lado
biologista, no sentido de tratar a homossexualidade como uma origem
biológica, como inerente ao individuo que hoje pode se reconhecer como
homossexual, bissexual, lésbica ou transexual e travesti se tratando de
identidade de gênero. E existem linhas que levam para o lado construtivista, a
sexualidade como uma construção social e não como essência.

Então, começo falando sobre um mito, que é que LGBTs sempre existiram e
nascem assim. John D’Emilio, um norte-americano estudioso da sexualidade e
história do movimento LGBT, vai falar sobre isso em seu livro e artigos. Ele vai
apresentar como a IDENTIDADE homossexual vai ser moldada na história e a
sua relação com as transformações do modo de produção capitalista. Sherry
Wolf é uma outra autora, também marxista, que vai fazer essa abordagem.
Aqui é importante fazer uma diferenciação entre comportamentos, que hoje
denominamos homossexuais, e IDENTIDADE homossexual.

Sexualidade = há múltiplas possibilidades; mas essas possibilidades são


contidas ou liberadas de acordo com as condições objetivas que determinado
período histórico proporciona aos seres humanos; e o que esses
comportamentos representam, também podem se alterar com o tempo; os
comportamentos entre pessoas do mesmo sexo não foram encarados desde
sempre da forma que encaramos hoje, que é uma relação afetiva e sexual
entre pessoas do mesmo gênero;

Na Grécia, por exemplo, a relação entre pessoas do mesmo gênero


acontecia entre indivíduos de classes diferentes, e faixas etárias
diferentes (então essa relação tinha suas regras também), isto porque
representava o processo de formação do individuo esta em
desenvolvimento, representa um processo de transmissão de
conhecimento e de conduta, etc.

E sobre as possibilidades de assumir determinadas relações afetivas e sexuais


que não sejam as relações hegemônicas, está relacionado à forma como a
sociedade em questão se organiza, e qual o formato e a proporção que o
controle social, que uma coletividade, que uma estrutura se impõe. E não da
pra compreender essas relações sem pensar a família, como ela se organiza,
qual o seu formato e qual o seu papel numa sociedade.

Engels tem um livro intitulado “A origem da família, propriedade privada e do


Estado” (1884). Embora em partes tenha elementos hoje foram superados e
naquele momento não havia um acumulo tal qual temos hoje sobre gênero e
sexualidade, ainda sim é uma obra importante, pois apresenta um longo
processos de transformação das formas que a família assumiu durante toda a
história. E faz apontamentos da relação da estrutura familiar com a mudança
das condições matérias de uma sociedade em determinado momento histórico.
Então faz um caminho que trate da origem da família, as diversas formas que
esta obteve na história e qual a relação com a propriedade privada e o
surgimento do Estado. É uma obra muito importante, inclusive, para se
compreender a opressão da mulher, entender qual posição é destinada a ela
dentro da família e como se dá a sua submissão ao homem, que está
relacionada ao surgimento da propriedade privada.

Temos primeiro as sociedades fundacionais, originais, ou comunismo primitivo


eram marcadas pela propriedade comum e ausência de dominação de uma
classe sobre outra. O trabalho era organizado para a subsistência. Também
foram sociedades marcadas pela preponderância feminina na organização
social. Sociedades chamadas matriarcais, onde ocorrem a descendência
materna e o marido que se muda para a casa da esposa. As relações sexuais
eram o que chamariam hoje de “promiscuas”. Havia um intercâmbio
generalizado entre diversas pessoas. E as crianças eram responsabilidade
coletiva. Muitos dessas características só puderam ter sido conhecidas
décadas depois com o desenvolvimento da antropologia, e trabalhos de campo
como de Malinowski e Margaret Mead.

A caça era uma atividade do homem, porém não exclusiva deste. As tarefas
das mulheres eram coletoras e suas contribuições para a sobrevivência eram
enormes. Há indícios de que foi a mulher que desenvolveu a linguagem,
domesticou os animais, iniciou o cultivo de plantações.

Com o desenvolvimento de ferramentas, da domesticação de animais e o


cultivo de plantações, isto é, o modo de produção da vida humana, gera muitas
transformações na organização da sociedade. Cria se condições para a
existência de excedente, que abriu margem para a apropriação desse
excedente/acumulo por alguém. Essa apropriação vai ser feita pelo homem e o
homem passa a ter o papel produtivo e é ai que a mulher passa a ocupar um
espaço secundário e dependente. Nesse sentido, vai se criando a divisão entre
os seres humanos, entre os que possuem e os que não possuem, vai se
formando desigualdade entre sujeitos e tribos. E com isso vêm as primeiras
formas de escravidão, e etc.

Antes disso o havia era o formato coletivo de família. A mulher possuía papel
de grande importância e respeito nessas sociedades. A propriedade era
comum a todos, as crianças responsabilidade de todos e as relações sexuais
era generalizada entre os indivíduos. A caça e a coleta eram realizadas tão
somente para a subsistência da comunidade. Mas com essas transformações a
família passa a desenvolver o formato de família individual. Como a se
desenvolver um núcleo familiar. O homem assume uma figura central e se
instaura a monogamia para mulher (para garantir que os filhos são seus), para
favorecer a transmissão de riqueza (terras, instrumentos, etc) para os filhos.
Então a propriedade privada tem papel fundamento na formatação desse novo
formato familiar.

Importante lembrar que esse não é um processo linear e nem universal.


Embora Engels tenha expressado uma linearidade nesse desenvolvimento,
essa abordagem deve ser encarada como uma investigação das formas,
mudanças e fusões, anteriores a família monogâmica.

Os comportamentos homossexuais existem provavelmente desde que os seres


humanos andam pela terra. Diversos documentos de viagens e trabalhos
antropológicos apontam práticas sexuais entre indivíduos do mesmo gênero
em diversas tribos, de diversas partes do mundo. Na maioria das vezes são
sempre relações casuais. Também casos de travestilidade, em tribos indígenas
da América do norte. São sociedades comparadas às sociedades fundacionais,
que possuem uma organização diferente e, portanto, relações diferentes.

► Claude Lévi-Strauss -Tristes Trópicos: índios nhambiquara, do Brasil,


observou que as relações homossexuais, comuns entre os jovens, se
manifestavam de uma maneira pública, ao contrário das relações
heterossexuais.
► Ford e Beach {Parterns of Sexual Behavior) - relatórios de 76 sociedades
fundacionais em suas atitudes sobre a homossexualidade. Na forma masculina,
encontraram citações sobre dois terços destas sociedades.
► Muitos observadores notaram que entre os papua, os keraki e os kiwai, da
Nova Guiné, os atos sexuais entre homens mais velhos e mais jovens são
parte essencial dos rituais de passagem para a idade adulta.
► Homossexual assumido - Tobias Schncbaum: grupo tribal Amarakaeri do
Amazonas peruano. Em seu livro Keep the River on Your Right, ele descreveu
os costumes sexuais dessa tribo totalmente isolada do contato com o homem
branco - as mulheres e filhos amarakaeri dormiam separados dos homens. As
relações na tribo eram unicamente homossexuais, tanto do homem como da
mulher. Só nas ocasiões cerimoniais, duas ou três vezes por ano, existia a
relação heterossexual, visando unicamente à reprodução.
► Berdache (travestismo). E impossível ignorar o status especial dado aos
travestis masculinos e femininos nessas sociedades. O antropólogo
alemão Hermann Bauman documentou a existência do berdache em quase
todas as tribos indígenas da América do Norte. Eram pessoas altamente
respeitadas e tinham um papel sexual. Também documentou a existência de
travestis que eram feiticeiros em muitas tribos africanas.
► A mulher de Samoa, Margaret Mead destaca que "existiam relações
homossexuais casuais entre as meninas, embora nunca assumissem uma
importância em longo prazo. As meninas e mulheres que trabalhavam juntas
consideravam o contato homossexual como diversões naturais e gostosas".
Com a nova ordem social, agora patriarcal, a sexualidade se tornou uma forma
de expressão pessoal que só era permitida dentro dos limites rígidos da família
monogâmica dominada pelo homem. Este fato resultou que as relações entre
pessoas do mesmo fossem condenadas. Então, sentimentos sexuais e
emocionais começaram a ser influenciados pelo controle social, e proibições
sexuais rígidas foram construídas. Vergonha, culpa e medo passaram a ser
relacionados com o sexo e como forma de opressão para a manutenção da
ordem.

Religião → influencia da classe dominante → gradualmente foi se instituindo as


novas ideias patriarcais na religião hebraica primitiva – monoteísmo, deus
masculino → se expandiu para as sociedades de classe; Roma cristã →
homossexualidade = pecado;
A igreja e o feudalismo = Substitui-se o escravo pelo servo. “O grande centro
internacional do feudalismo era a igreja católica romana”. Castração, execução,
apedrejamentos.

Do feudalismo ao capitalismo a família nuclear monogâmica passa novamente


por algumas mudanças. Na sociedade feudal a família era a unidade básica de
produção, de trabalho, de sobrevivência, de conseguir os meios necessários
para sobreviver. Todos os membros da família trabalhavam para a
sobrevivência de todos. Cultivavam terra, produtos agrícolas, produziam roupas
para eles e o chefe. Assim essa instituição vai exercer sobre a sociedade e
sobre o individuo um papel preponderante em relação à sobrevivência e forma
organizativa de um grupo.

Já numa sociedade, onde o individuo pode conseguir seus meios de


subsistência fora de um núcleo familiar somado a outros condicionantes se
abrem novas possibilidades de relações fora do que seja considerado
hegemônico. Após revolução industrial e investimentos dos capitalistas em
produção de bens, o trabalho assalariado foi se tornando cada vez mais
comum. Passou-se de uma economia familiar para empregados livres. Livre
para procurar emprego e livre de qualquer propriedade a não ser a nossa força
de trabalho. Essa transição durou quase dois séculos para desenvolver-se
completamente. Essa “liberdade” vai constituir a autonomia de indivíduos frente
algumas questões.

A dependência das mulheres em relação ao marido permaneceu. As mulheres


continuavam a cultivar e processar comida, fazer roupas, e empenhavam-se
em outras atividades de produção doméstica. O trabalho das crianças também
era necessário, então o sexo era restrito a procriação.

Ao passo que o trabalho assalariado se espalhava e a produção se tornava


socializada, portanto, foi possível liberar a sexualidade do “imperativo” de
procriação. Ideologicamente, a expressão heterossexual passou a ser um meio
de estabelecer intimidade, promover felicidade, e experimentar prazer. Ao
alienar a família de sua independência econômica e promover a separação
entre sexualidade e procriação, o capitalismo criou condições que permitiram
que alguns homens e mulheres organizassem sua vida pessoal em torno de
sua atração erótica/emocional por pessoas do mesmo gênero. Possibilitou uma
identidade pessoal e a permanência fora da família heterossexual.

Especificamente no EUA, ao fim do século XIX já existia uma parcela da


população que se reconhecia homossexual. Inventaram formas de se
encontrarem e sustarem o grupo. Nas primeiras décadas do século XX nas
grandes cidades já havia bares para homossexuais e lésbicas, demarcação de
áreas de pegação, realizavam concursos transformistas etc. Esses padrões de
vida se desenvolveram porque o capitalismo permitiu que indivíduos
sobrevivessem além das fronteiras da família.
Estudos de Kinsey = esse novo padrão também refletiu diferenciações de
gênero, raça e classe. Mulheres dependentes aos homens (família
heterossexual), mulheres brancas com formação acadêmica tinham mais
condições de se sustentarem do que as mulheres da classe trabalhadora.
Tolerância nas comunidades urbanas negra.

Subcultura gay, mas até meados de 1930 ainda era instável e difícil de
encontrar. É com mudanças da 2º Guerra Mundial que vão ser criadas as
condições para a existência de uma comunidade LGBT mais consolidada.
Milhares de jovens homens e mulheres foram tirados para fora do ambiente
heterossexual da família, sendo deixados em situações segregadas de sexo, o
exercito americano, corpo feminino do exercito, serviço voluntario ou pensões
femininas e masculinas para trabalhadores. Lisa Bem – foi pra LA procurar
emprego – pensão feminina – lésbicas que a levavam a bares gays e conhecia
novas mulheres lésbicas; Donald Vining – NY para procurar emprego –
trabalhou em YMCA (que servia de alojamento para soldados) – lá Vining
passou a ter experiências homossexuais com soldados, marinheiros, fuzileiros;
Simultaneamente as definições ideológicas do comportamento homossexual
mudaram. Médicos desenvolveram teorias sobre a homossexualidade.

Na década de 50/60 que a cultura subcultura gay se estabilizou, e se


expandiu em território nacional. Bares gays, e jornais e revistas que publicavam
artigos sobre a vida gay etc. Mas com essa expansão, a opressão do Estado
também se intensificou. Proibição de contratação de gays e lésbicas no
funcionalismo publico (Presidente – Eisenhower – 53 à 61). Vigilância sobre
locais de reuniões de grupos gays e lésbicos. Emboscadas em lugares
públicos, fomentavam um caça as bruxas. O movimento de libertação, que
explode em 1969 foi uma resposta a essa contradição.
Dialética entre exploração e alguma medida de autonomia.
Por outro lado, a sociedade capitalista iluminou a família como uma fonte de
amor, afeição e segurança emocional, o lugar onde se realiza nossa
necessidade de relações humanas estáveis e íntimas. Isso não é acidental.
Toda sociedade precisa de estrutura para reprodução e criação de filhos e
ideologicamente o capitalismo leva as pessoas a famílias heterossexuais, seja
no seio da própria família privada, na escola, através da mídia, etc.
Internalização de um modelo heterossexual. Contraditoriamente, ao passo que
o capitalismo materialmente deu condições para se assumir identidade gay,
lésbica por conta das mudanças das bases materiais da vida em família, a
aglomeração de pessoas nas cidades urbanas e a constituição de uma
comunidade gay por outro lado continua se utilizando de mecanismo para
manter um padrão familiar, pra garantir a reprodução de mão de obra. As
lésbicas, gays, travestis tornam-se culpados pela instabilidade social do
sistema.

A família como instrumento de imposição da ideologia correta aos filhos. E na


família que os primeiros papéis sexuais são rigidamente delineados e com isso,
a correta atitude de submissão à autoridade dos patriarcas, por parte das
mulheres e dos filhos. A família patriarcal é composta de modo a evitar a livre
expressão da sexualidade. E uma instituição heterossexual, e assim, tenta
oprimir todos os impulsos homossexuais dos seus membros. E uma camisa-de-
força heterossexual que oprime qualquer comportamento que fuja às suas
normas.
A vergonha, culpa e medo continuam a ser mecanismos de controle social.
Entre o século XV e XX a condenação moral (pecado) e as leis cumpriam esse
papel. Momento de expansão comercial, colonização. Incentivo do crescimento
populacional a fim de colonizar novas terras, necessário mão de obra. Já no fim
do século XIX, a medicina passa a reivindicar a autoridade sobre o assunto
homossexualidade. Passa de pecado e crime à doença. Então gays, lésbicas,
transgênero não deviam ser castigados, tadinhos, mas sim curados. É ai que
se cria o termo homossexual e uranista. Doença congênita (adquirida antes de
nascer ou no primeiro mês de vida). Degeneração no cérebro que levam a
histeria, epilepsia, anomalias psíquicas, disposição para arte e poderes
intelectuais maléficos. Distinção entre “uranistas” e “pervertidos”. Relação entre
sadismo (prazer pela dor alheia) e homossexualidade.

1869 – Karoly Maria Benkert – Hungaro; 1860/90 – Karl Urichs – Alemão;


Embrião humano não é nem masculino nem feminino, mas só depois a
diferenciação ocorre. Uranistas órgãos genitais vão numa direção, e o cérebro
em outra. Classificação de homossexuais.

A ideia de homossexualidade por nascença e relacionados a problemas em


áreas do cérebro abre-se caminho para a lobotomia (cirurgia de esquizofrenia –
ligar partes do cérebro) e terapia de choque, para voltar à normalidade. A
medicina teve um papel politico fundamental em estabelecer o homossexual e
o heterossexual como dois campos distintos;

Freud – homossexuais imaturos; ideologia patriarcal: família de mãe


dominadora e pai ausente; Outra ideia é de que a homossexualidade é
aprendida é pode ser revertida através da indução comportamental. Tecnicas
cruéis e humilhantes; Tentam condicionar reflexo de repulsa a estímulos que
causam prazer; medicamento de enjoo.

1973 – Associação Americana de Psicologia tira a homossexualidade como


doença; após pressão do movimento que surge dada as condições após
segunda guerra mundial.

A sexualidade não deve ser encarada de forma unilateral. Deve ser vista
de forma dialética na relação entre Sujeito (individuo) x Objeto (realidade).

Não é porque a comunidade científica tirou isso do índice de doenças em 1975


que esta verdade foi excluída, muito pelo contrário. Foi incorporada ao saber
comum.

o Foucault põe a questão de a homossexualidade ter sido "inventada" no


século XIX. Não é que relações sexuais entre duas pessoas do mesmo gênero
tenham magicamente surgido no séc. XIX, é que foi nessa época que se criou
a classificação do indivíduo homossexual pela ciência e que, portanto, que se
deu a existência dele discursivamente. A partir daí, ele não é só um "pecador"
como qualquer outro, ele tem a sua especificidade e tem um conjunto de
características definidas e atreladas discursivamente a ele, o que é definido
culturalmente.

Gênero é algo que tem base biológica sim mas que é, em ultima analise,
determinado socialmente, principalmente em decorrência da divisão sexual do
trabalho.

História do Movimento LGBT

EUA

→ Mattachine Society - Harry Hay – membro do PC do EUA; desenvolveu a


ideia de uma organização ativista homossexual; conseguiu apoio financeiro e
entusiastas da ideia e em 1950 essa organização se consolida e se tornou a
Mattachine Society;

- A Sociedade Mattachine tinha originalmente a mesma estrutura organizativa


do Partido Comunista, com células, juramentos de sigilo e cinco níveis
diferentes de associação. À medida que a organização crescia, os níveis
deveriam subdividir-se em novas células, criando o potencial para crescimento
tanto horizontal como vertical.
- Realizaram campanha de denuncia contra as ciladas de policias contra
homossexuais.

- Grupo se expandiu rapidamente e a composição se diversificou; se inseriram


mulheres e pessoas com diferentes posições politicas. Houve um movimento
contra o caráter de esquerda radical da organização, que levou à organização
a adotar o caráter de não confrontação e lealdade ao EUA e suas leis. Eficácia
reduzida, queda no numero de membros e participação em iniciativas.
Encerrou se em 1961 em LA.

→ Filhas da Bilitis; acolhimento da comunidade lésbica;

→ Revolta de Stonewall – determinante para os movimentos LGBT;


manifestações espontâneas de travestis, lésbicas e homossexuais contra a
violência policial, que durou quatro dias;

- a sociabilidade da comunidade LGBT estava relenta aos guetos, onde podiam


se comportar e se relacionar como tal; nesses espaços residia o sentimento de
libertação; a aglomeração da comunidade, as repressões e a ascensão dos
movimentos sociais no EUA fizeram o contexto da revolta;

Fato determinante, pois gerou envolvimento de cada vez mais pessoas, mais
movimentos como negro e feminista e a multiplicação de grupos em defesa das
lgbts.

→ Frente de Libertação Homossexual: participantes da revolta formaram;


impulsionou um movimento organizado e politico;

→ Origem das paradas LGBTs: Um ano após a revolta em NY, dez mil
homossexuais saíram às ruas protestando contra a discriminação. Sob a
afirmação “ser homossexual é bom”. Esse fato teve implicações mundiais,
levando ao surgimento de centenas de organizações de homossexuais no EUA
e Europa.

- inspiração nos movimentos negros e feministas; esses movimentos forçaram


mudanças; contra a patologização, fim da discriminação no emprego, na
habitação, contra a repressão policial; conquistas de leis municipais; reverteu a
proibição de homossexuais em serviços públicos, e em vários estados
anularam-se as leis de sodomia.

- conseguiram apoio de sindicatos, como o de professores;

→ 1977 – passeata com 250 mil pessoas: contra assassinato de


homossexuais;

→1979 – Outra rebelião: assassinato de um vereador pró-LGBT; sentença


mínima a Dan White (ex-vereador e ex-policial); mais de 10 mil se reuniram em
frente a prefeitura e destruíram as janelas; Seis horas de confronto com a
policia, carros queimados, muitos feridos, etc;

* década de 70 – São Francisco: população LGBT crescente; movimento forte


e organizado; muitos políticos foram eleitos através do apelo aos
homossexuais; essa participação na vida politica é uma maneira de como o
sistema “democrático” pode manipular lésbicas e homossexuais como minar
votos e apassivar uma revolta.

Uma característica importante é que no EUA, o movimento homossexual fez


frente com os demais movimentos inclusive com a classe operaria.

No Brasil

Surge na reorganização dos trabalhadores (década de 70 para 80) que surgem


os primeiros grupos para debater a homossexualidade - forte ligação com as
lutas sociais da época (trabalhadores, negros e mulheres);

Antes disso, na década de 60: contestação por meio da arte, música,


performances que questionavam os papéis de gênero e a moral sexual da
sociedade; Caetano Veloso, Dzi Croquettes, Secos e Molhados, etc.
- já haviam empreendimentos comerciais voltadas ao público homossexual:
bares, discotecas, saunas e revistas eróticas;

→ 1978 - abrandamento da censura, abertura política = veiculação mais


abrangente sobre a questão homossexual; nascimento também do Movimento
Negro Unificado, o movimento feminista;
→ Jornais como meios de dar visibilidade a subcultura homossexual; Jornal
lampião e coluna do meio; sofreram inquéritos policias e processos, por ataque
a “moral e bons costumes”; processos arquivados;

→ Primeiro núcleo do movimento homossexual: após surgimento do jornal


Lampião; reuniu artistas, intelectuais e profissionais liberais, descontentes com
uma vida social restrita às boates e bares dos guetos;
 Batizados por SOMOS em 1979 - Grupo de Afirmação Sexual;
 Participaram de debates sobre as minorias, aparecendo publicamente, o
que deu impulso para a formação de outros grupos em São Paulo e
outros estados;

→ Década de 80: estes grupos se reuniram em São Paulo; discutiram sobre a


identidade homossexual, a relação do movimento homossexual com os
partidos políticos e formas de atuação e organização;
 Contra toda forma de autoritarismo: partidos e relações afetivas;
 Autonomismo e apoio a luta contra o machismo; contra a reprodução do
machismo nas relações homossexuais; dicotomia ativo/passivos etc;
 Lésbicas: aproximação com grupos feministas; na década de 80 fundam
Grupo de Ação lésbico-homossexual.

→ Repressão na década de 80: “limpeza” do centro da cidade que levou à


detenção, tortura e espancamento de centenas de prostitutas, travestis e
homossexuais; batidas relâmpagos nos locais de reunião, bares etc;

Reação do movimento e promoveu ato no centro da cidade junto ao movimento


feminista, negro e estudantil;
Após isso o movimento sofre um refluxo com fracionamento de grupos e
desaparecimento de outros.

A visão minimizadora do sistema capitalista, que divide em grupos restritos as


chamadas minorias, tem nessa divisão sua maior arma, separando os
oprimidos em grupos, atingindo-os como um todo, ao mesmo tempo em que
lhes impede de ter claro, que, a exemplo do opressor, a opressão é apenas
uma.
Dentro dessa compreensão, fica evidente o sentido das alianças entre os
vários grupos oprimidos, inclusive a classe operária. Neste contexto, a luta dos
homossexuais tornou-se comum aos vários grupos contestadores da ordem
social, assim como aos homossexuais ficou clara a necessidade de encampar
as lutas dos outros setores oprimidos. Assim aumenta a participação das
organizações homossexuais nas lutas feministas, anti-racistas, antinucleares e
no boicote contra governos ditatoriais.

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