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RELAÇÕES DE GÊNERO

Falar em gênero implica a priori discorrer sobre uma identidade de gênero, a qual diz respeito à
percepção subjetiva de ser masculino ou feminino, conforme os atributos, comportamentos e
papéis convencionalmente estabelecidos para homens e mulheres no contexto social.
Muitas vezes o termo gênero é erroneamente utilizado em referência ao sexo biológico. Por isso,
é importante enfatizar que o gênero diz respeito aos aspectos sociais atribuídos ao sexo. Ou seja,
gênero está vinculado a construções sociais, não a características naturais. O gênero, portanto, se
refere a tudo aquilo que foi definido ao longo tempo e que a nossa sociedade entende como o
papel, função ou comportamento esperado de alguém com base em seu sexo biológico.
Na sociedade de classes, constroem-se cidadãs e cidadãos com papéis distintos, cuja
determinação se inicia mesmo antes do nascimento. Aos homens é relegado o espaço, o poder e
a liberdade, portanto o carro, o cargo, a política e o domínio público.
Às mulheres a serenidade, o trato com as coisas da natureza, a solidariedade, o cuidado, o
carinho, a delicadeza, a obediência, a maternidade vivenciada desde a infância ao brincar de
boneca, o dever de servir e o limite do espaço privado.
Nesse sentido, a herança filosófica tem definido por muitos séculos os espaços onde mulheres e
homens devem estar, bem como a forma com que devem se comportar. A subordinação feminina
é uma realidade social fundamentada em três dimensões: econômica, política e simbólica.
No plano econômico, basta olharmos para a divisão sexual do trabalho entre público e privado,
no qual as mulheres não têm acesso às mesmas profissões, muito menos aos mesmos salários.
Na sociedade de classes, constroem-se cidadãs e cidadãos com papéis distintos, cuja
determinação se inicia mesmo antes do nascimento. Aos homens é relegado o espaço, o poder e
a liberdade, portanto o carro, o cargo, a política e o domínio público. Às mulheres a serenidade,
o trato com as coisas da natureza, a solidariedade, o cuidado, o carinho, a delicadeza, a
obediência, a maternidade vivenciada desde a infância ao brincar de boneca, o dever de servir e
o limite do espaço privado.
Nesse sentido, a herança filosófica tem definido por muitos séculos os espaços onde mulheres e
homens devem estar, bem como a forma com que devem se comportar. A subordinação feminina
é uma realidade social fundamentada em três dimensões: econômica, política e simbólica.
No plano econômico, basta olharmos para a divisão sexual do trabalho entre público e privado,
no qual as mulheres não têm acesso às mesmas profissões, muito menos aos mesmos salários.
Na questão política, que envolve necessariamente o poder, as mulheres formam um contingente
de mais de 50% da população, no entanto, possuem menos de 10% da representação política. No
plano simbólico, vinculam-se imagens assimétricas entre os gêneros, onde perpassa a imagem do
homem-sujeito em contraste com a mulher-objeto, sendo que “os estereótipos são ensinados na
mais tenra idade e estruturam de antemão a percepção da realidade social” (GODELIER, 1980,
p. 11-12), cultural e religiosa.
MOVIMENTOS FEMINISTAS
O feminismo, enquanto movimento, é uma filosofia que tem origem na Europa a partir do século
XVIII, com discurso intelectual e político que visa à igualdade de direitos e uma vivência
humana livre da opressão baseada no gênero.
O feminismo é uma teoria política com base na análise das relações entre os sexos, assim como
na prática de luta pela libertação das mulheres. Ser feminista requer assumir-se, enquanto ser
político, em situação desigual, na busca de relações equânimes, nas quais não há lugar para
hierarquias pautadas pela sexualidade.
A história do feminismo pode ser dividida em três momentos chamadas de “ondas do
feminismo”: a primeira onda ocorreu por volta do século XIX e início do século XX; a segunda
“onda” se situa entre as décadas de 60 e 70; a terceira vai da década de 90 até a atualidade.
Pauta: mulheres insatisfeitas com a situação de desigualdade e opressão a que estavam sujeitas
A primeira onda se refere ao movimento ocorrido na América do Norte, que teve como principal
bandeira a promoção da igualdade de direitos contratuais e de propriedade para homens e
mulheres e o fim dos casamentos arranjados. Ainda no final do século XIX, as feministas
incluem em suas pautas a conquista do poder político e começam a fazer campanha por direitos
sexuais, reprodutivos e econômicos das mulheres.
Nos Estados Unidos, o fim da primeira onda culmina com a conquista do direito ao voto, com a
aprovação da emenda constitucional em 1919, que concede direito ao voto feminino em todos os
estados.
O termo “segunda onda” começa a ser usado para descrever o movimento feminista que se
preocupa com as desigualdades sociais, culturais e políticas.
A terceira onda inicia-se com a década de 90, no intuito de suprir as “falhas” da segunda onda,
visando desafiar as definições essencialistas de feminilidade, que teria colocado ênfase
demasiada nas mulheres brancas de classe média-alta.
Várias feministas negras buscam trazer para o debate considerações de subjetividades
relacionadas com a raça, mostrando que a questão de gênero não é única, mas sim imbuída de
uma diversidade ampla, quão amplo é o universo humano, dado as diversas características que
este contempla.
Sexo
O sexo diz respeito às características biológicas que diferenciam homens e mulheres. O sexo é
usualmente determinado pelas genitálias.
Gênero
Novamente, o gênero é a construção social atribuída ao sexo. Vejamos um exemplo que nos
permita entender melhor essa distinção: Muitas vezes escutamos frases como “cuidar da casa é
coisa de mulher”.
O que está por trás de frases desse tipo é justamente a questão de gênero: se o que caracteriza
“ser mulher” são simplesmente características biológicas e anatômicas, não haveria razão para
alguém atribuir uma atividade especificamente às mulheres. Afinal, qual genitália uma pessoa
tem não faria diferença na hora de limpar a casa. Isso demonstra que há algum sentido a mais
atribuído a “ser mulher”, algo que vá além do sexo biológico. Esse “algo além” é, justamente, o
gênero.
Identidade de gênero
Como o próprio nome indica, identidade de gênero diz respeito ao gênero com o qual uma
pessoa se identifica. É independente do sexo (ou seja, das características biológicas), está
relacionada a identificação de uma pessoa com o gênero masculino ou feminino. Algumas
pessoas se identificam com um gênero diferente do que é imposto a elas em função de seu sexo
biológico. Essa identificação é o que chama-se de identidade de gênero.
Sexualidade
A sexualidade diz respeito à orientação sexual de uma pessoa, ou seja, por quais gêneros essa
pessoa sente atração sexual ou romântica.
Algumas das categorias atribuídas à sexualidade são: heterossexualidade (pessoa que sente
atração por pessoa do gênero oposto); homossexualidade (pessoa que sente atração por pessoa
do mesmo gênero

RACISMO ESTRUTURAL
Racismo estrutural nos revela o fato que existem sociedades estruturadas que privilegiam e/ou
discriminam algumas pessoas em razão de sua etnia, da sua cor de pele.
Nossa história foi marcada por anos de escravidão, na qual negros foram trazidos de forma
arbitrária de suas terras, para exercerem trabalhos forçados no território brasileiro. Mesmo após
a abolição da escravatura, a condição social dos negros não mudou, não houve nenhuma ação
por parte do Estado brasileiro para reparar ou auxiliar estas pessoas a serem inseridas de maneira
digna no seio social. Tal fato, incluindo outros, como o incentivo da imigração europeia que
visava, entre outras coisas, o embranquecimento da população brasileira, tem reflexos negativos
até hoje.
Uma das consequências que vimos hoje, é o que chamamos de racismo estrutural, que se trata de
um de práticas discriminatórias, institucionais, históricas, culturais dentro de uma sociedade, e
que de maneira contínua e reiterada, trata de maneira privilegiada algumas pessoas de
determinadas etnias, de maneira diferente de outras.
O racismo estrutural de processa de maneira sútil e muitas vezes de forma inconsciente, se
expressando em ações e atitudes discriminatórias de forma regular, mensurável e observável.
Costuma-se normalizar alguns preconceitos e discriminações a determinado grupo social, tais
como: a ocupação de alguns espaços físicos e sociais por pessoas negras, creditar algumas
atitudes como normais ou esperadas destas pessoas.
Acaba sendo naturalizado no imaginário social, que algumas pessoas são pertencentes a
determinados lugares, profissões e tomam determinadas atitudes, e isto muitas vezes é reforçado
pelos meios de comunicação, através da publicidade, da imprensa e pelas mídias em geral. É
muito comum, em novelas, pessoas negras serem retratadas em lugares subalternos ou
marginalizados. Também é comum pessoas negras serem invisibilizadas nas propagandas na tv,
e produtos ofertados não contemplarem as suas particularidades, tais como cosméticos próprios
para peles negas e bonecas negras. Crianças crescem sem terem acesso a informações sobre
pessoas negras que fizeram grandes contribuições para a sociedade, pois só é ensinado a parte
triste da sua história.
Em razão disso, infelizmente, é comum atitudes preconceituosas contra pessoas desta etnia, o
que culmina com práticas discriminatórias por parte de várias instituições e até mesmo por
pessoas negras. É muito simbólico, quando em especial, tais ações, são praticadas pelas
instituições responsáveis pela manutenção da ordem social e persecução criminal, a exemplo da
polícia. Como nos ensina Silvio de Almeida:
Pessoas negras, portanto, podem reproduzir em seus comportamentos individuais o racismo de
que são as maiores vítimas. Submetidos às pressões de uma estrutura social racista, o mais
comum é que o negro e a negra internalizem a ideia de uma sociedade dividida entre negros e
brancos, em que brancos mandam e negros obedecem. Somente a reflexão crítica sobre a
sociedade e sobre a própria condição pode fazer um indivíduo, mesmo sendo negro, enxergar a
si próprio e ao mundo que o circunda para além do imaginário racista. Se boa parte da sociedade
vê o negro como suspeito, se o negro aparece na TV como suspeito, se poucos elementos fazem
crer que negros sejam outra coisa a não ser suspeitos, é de se esperar que pessoas negras também
achem negros suspeitos, especialmente quando fazem parte de instituições estatais encarregadas
da repressão, como é o caso de policiais negros. (pg.68)
É fundamental a reflexão sobre tal temática, sobretudo em nossas ações cotidianas, seja em
nossa vida pessoal e no trabalho. Devemos agir baseados em pressupostos reais e não movidos
por preconceitos que culminem em tratamento diferente com as pessoas em razão de sua origem
étnica ou social.

INJÚRIA, INJÚRIA RACIAL E RACISMO


A Injúria é um crime contra a honra consistente em ofender a dignidade ou o decoro de alguém.
Qualquer pessoa pode cometer este crime, assim como qualquer um pode ser vítima, portanto, o
sujeito passivo. Excluídas dessa condição, as pessoas que não possuem capacidade de entender.
Para concretizar este crime, é necessário que o sujeito ativo, queira atingir a honra subjetiva de
alguém, a sua moral ou o seu intelecto. Sendo que a honra subjetiva diz respeito ao que a própria
pessoa estima de si mesmo. A dignidade, neste crime, é atingida quando se atenta contra os
atributos morais da pessoa, já o decoro é ferido quando atinge os atributos físicos ou intelectuais
da vítima. É necessário que aja o dolo específico. Exemplo: quando alguém é chamado de
“caloteiro”, ladrão em público, quando a intenção do agente é atingir a honra pessoal daquela
pessoa, o valor que a vítima goza na sociedade.
A injúria racial, se trata uma forma de injúria qualificada, na qual a pena é maior. Para sua
caracterização é necessário que haja ofensa à dignidade de alguém, com base em elementos
referentes à sua raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência.
O crime de racismo, previsto na Lei n. 7.716/1989, implica conduta discriminatória dirigida a
determinado grupo ou coletividade e, geralmente, refere-se a crimes mais amplos. A lei
enquadra uma série de situações como crime de racismo, por exemplo, recusar ou impedir
acesso a estabelecimento comercial, impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos
ou residenciais e elevadores ou às escadas de acesso, negar ou obstar emprego em empresa
privada, entre outros. O crime de racismo é inafiançável e imprescritível.
Enquanto a injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos
referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem, o crime de racismo tutela a igualdade e o
respeito étnico, atingindo uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a
integralidade de uma raça

DE ALMEIDA, Silvio Luiz. Racismo Estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.

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