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Desigualdade de gênero expressa-se pelo sexismo, pelo machismo e pela misoginia perpetrados
por uma cultura patriarcal imposta pelos homens sobre as mulheres.
Durante muito tempo, a mulher foi excluída da participação efetiva nos espaços públicos, do
trabalho fora do âmbito doméstico e da possibilidade de desenvolvimento científico e intelectual
por meio da educação formal, além de estarem submetidas (isso ainda ocorre) ao poder de
homens de sua família, em geral seus pais e maridos. Isso acarretou num problema que urge por
solução: a desigualdade fundamentada pelo gênero.
Conceito de gênero
Sobre esse assunto, a filósofa e escritora francesa contemporânea Simone de Beauvoir diz, no
prólogo de seu livro considerado um dos pilares do feminismo do século XX, O segundo sexo, o
seguinte:
“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico
define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização
que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.”|
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Essa citação apresenta uma intensa visão feminista ao mesmo tempo em que conceitua o termo
gênero. Gênero é uma espécie de performance do que é ensinado e esperado do
comportamento do homem e da mulher na sociedade.
Com essa frase, Beauvoir não quis dizer que qualquer pessoa pode tornar-se mulher, mas que
ser mulher em nossa sociedade é um processo de assimilação dos padrões comportamentais,
do mesmo modo que ser homem também requer esse tipo de assimilação. Beauvoir ainda diz, na
citação, que às mulheres foi relegado o estatuto de uma segunda categoria (fazendo uma
analogia com o título do livro), pois ao comportamento da mulher na sociedade é dado todo tipo
de restrição, enquanto que ao homem é dado todo tipo de liberdade.
A desigualdade de gênero faz com que as mulheres tenham que lutar
para garantir seus direitos.
Conceito de desigualdade de gênero
Afinal, o que é desigualdade de gênero? Agora que sabemos que gênero é esse tipo de
caracterização social da mulher, partimos para falar sobre a desigualdade. Desde o início da
humanidade, o homem utilizou de sua força física para dominar as relações sociais. Esse
domínio começou no âmbito familiar privado e estendeu-se ao âmbito público com o passar do
tempo. As mulheres ficaram sob o domínio de homens, e os espaços públicos relativos ao
comércio, às empresas, à política e às ciências foram dominados quase que exclusivamente por
eles até o século XX. Aí está a gênese da desigualdade de gênero.
Durante muito tempo, a mulher foi privada de ter acesso à educação formal, de trabalhar fora de
casa e de ter autonomia sobre si e sobre o seu corpo (e isso ainda acontece em algumas
sociedades com traços mais evidentes de um reacionarismo, ora religioso, ora moral — quase
sempre ambos). Enquanto solteiras, as mulheres ficavam sob o domínio de seus pais ou tutores
legais, e depois de casadas, eram subordinadas aos maridos.
As órfãs poderiam sofrer todo tipo de abuso por parte de homens, justamente por estarem em
uma situação vulnerável, em que elas não tinham um homem para “protegê-las”. Sofrendo
abusos, elas ficavam “mal faladas” na sociedade, o que as tirava da lista de possíveis
pretendentes para casamento. O destino dessas mulheres era a solidão, o abandono, os
recorrentes abusos, a marginalidade social e a prostituição para garantir seu sustento.
Atualmente, os movimentos feministas ganham voz nas redes sociais, mas a desigualdade
persiste. A mulher ainda é tratada de maneira desigual em relação ao homem. Os espaços
políticos, acadêmicos e científicos e sociais continuam dominados por homens, que são maioria
em número na sua ocupação.
No mundo corporativo, os homens são maioria em cargos de chefia além de ganharem uma
média salarial maior para desempenharem a mesma função que as mulheres, apesar dessas
buscarem mais estudos e qualificação. A tendência é que a voz dos homens ainda seja mais
ouvida que a voz das mulheres, e que elas tenham que se esforçar mais do que eles para terem
seus espaços garantidos.
A desigualdade de gênero impõe às mulheres uma
dupla jornada que envolve o trabalho e o cuidado da casa e da família.
Há também a desigualdade no lar, pois, em geral, as mulheres que trabalham fora têm de
escolher entre dois extremos: ou privam-se de casar-se e terem filhos, para dedicarem-se à sua
carreira, ou levam uma exaustiva jornada que inclui trabalhar fora e cuidar de todo o trabalho
doméstico e ainda dos filhos.
São poucos os homens que realmente dividem por igual as tarefas domésticas para não
sobrecarregar suas companheiras. Há uma forte tendência, não totalizante, mas bem expressiva,
que as mulheres homossexuais não sofram tanto com isso, considerando-se que uma relação
entre iguais facilita a empatia e promove uma distribuição justa de atividades.
Em primeiro lugar, é preciso reconhecer o valor da mulher em nossa sociedade, que tem o
mesmo peso e a mesma importância que o do homem. É preciso, acima de tudo, tratar a mulher
com respeito e garantir a ela a equidade necessária para o seu pleno desenvolvimento social.
Somente assim é possível ter-se uma sociedade amplamente democrática.
Quando uma sociedade privilegia uns e discrimina outros, há uma enorme perda nos aspectos
sociais, políticos, intelectuais e econômicos. Imaginem quantos talentos desperdiçados nós
perdemos por conta da dificuldade das mulheres em acessarem e manterem-se nos espaços
científicos? Imaginem o quanto o mercado perde por não investir em mulheres talentosas, que
poderiam desenvolver verdadeiras inovações nesse campo? Imaginem o quanto a sociedade
perde por não ter uma quantidade significativa de gestoras e legisladoras que poderiam, quem
sabe, promover uma verdadeira mudança política no Brasil?
Segundo matéria do site Época Negócios|2|, do grupo Globo, igualdade salarial entre homens
e mulheres pode levar 170 anos para ser atingida no mundo. A referida matéria expressou
alguns gráficos de institutos de pesquisas mundiais que mostram dados sobre a desigualdade de
gênero no mundo em diferentes aspectos. Confira alguns dados a seguir:
• Quanto à desigualdade de gênero no Brasil, o Brasil ocupa o 90º lugar num ranking
elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, exposto na página da Fundação Tide Setubal|3|, que
analisou 144 países. Em 2016, o Brasil ocupava o 79º lugar, o que resultou no intervalo de dois
anos uma queda de 11 posições. Para elaborar o ranking, a pesquisa relacionou temas como
remuneração, assédio sexual, ocupação de cargos políticos, entre outros. Com forte
desigualdade racial, os critérios analisados apontam que mulheres negras sofrem muito mais,
tendo, por exemplo, menor acesso à escolaridade e ocupando profissões não especializadas e
que pagam menos.