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Despertando a Fêmea

Ancestral que há em
nós!

Fêmea Ancestral femeancetral@gmail.com


SOCIEDADES MATRILINEARES
DEFINIÇÃO

“A sociedade matrilinear, grupo que adere a um sistema de parentesco no


qual a descendência ancestral é traçada através de linhas maternas em
vez de paternas. Cada sociedade incorpora alguns componentes básicos
em seu sistema de avaliação de parentesco: família, casamento ,
residência pós-marital , regras que proíbem relações sexuais (e, portanto,
casamento) entre certas categorias de parentesco, descendência e os
termos usados para rotular parentes. Uma linhagem é um grupo de
indivíduos que descendem de um ancestral comum; assim, em uma
matrilinhagem, os indivíduos são relacionados como parentes através da
linhagem feminina de descendência.”
Essas sociedades não se referem apenas ao percurso de linhagem através
dos ancestrais maternos, também indica um sistema civil onde a herança e
propriedade é repassada a linhagem feminina.
Atualmente existem seis povos onde as relações sociais são focadas na
figura da mulher. São elas os Bribri, os Minangkabau, os Garo, o povo
Akan, os Mosuo e o povo Nagovisi.
Os Bribri são um pequeno grupo de indígena de pouco mais de 13 mil
pessoas que vivem na região de Talamanca, em Costa Rica. Assim como as
outros sociedades matrilineares, o grupo é organizado em vários clãs.
Com uma população de cerca de quatro milhões de pessoas, o povo
Minangkabau vive na Indonésia e é reconhecido como a maior sociedade
matrilinear que se tem conhecimento hoje em dia.
Além das leis que exigem que as propriedades estejam registradas no
nome de mulheres e passem de mãe para filha, a sociedade acredita que a
mãe é a pessoa mais importante dentro do contexto social.
Os chefes do clã são sempre homens. A responsabilidade de escolher,
fiscalizar e até mesmo expulsar os líderes, porém, é das mulheres do
grupo.

Fêmea Ancestral femeancetral@gmail.com


A sociedade dos Garo considera a linha de sucessão feminina na hora de
tratar de controle de propriedades ou funções políticas, com cargos e
posses que passam de mãe para filha. Sendo o governo e a administração
das propriedades de responsabilidade dos homens.

Na tradição Garo, o noivo deve recusar propostas de casamento e fugir


dos convites, até ser capturado. É normal que os noivos fujam várias
vezes, até que um dos lados desista – a noiva cansa da captura e
abandona a ideia ou o noivo desiste das fugas e aceita o casamento. Uma
vez que o casal esteja junto, o homem passa a viver na casa da noiva.
O povo Akan é o maior grupo étnico de Gana, formando cerca de 47,5% da
população. A organização social do grupo é fundamentada ao redor das
mulheres. Homens podem carregar posições de lideração dentro da
sociedade, mas apenas quando eles herdam o cargo de suas mães ou
irmãs.
Vivendo perto da fronteira do Tibete, os Mosuo forma a mais popular
sociedade matrilinear de nosso mundo. Segundo dados oficiais do governo
chinês, o grupo faz parte de uma minoria étnica chamada Naxi, mas na
verdade os Mosuo se separam desse grupo tanto em cultura como em
língua.
O grupo vive dentro de casas grandes que abrigam grande parte da
família, sendo que a autoridade de cada residência fica a cargo de uma
matriarca. A partir daí, a sucessão de poder se dá pela linhagem feminina.
O povo Nagovisi vive no sul da ilha de Bougainville, um território no
Oceano Pacífico que forma o arquipélago das Ilhas Salomão, mas faz parte
da Papua-Nova Guiné. Segundo relatos do antropólogo Jill Nash, a
sociedade Nagovisi era dividida em duas partes matrilineares, divididas
entre clãs menores.
As mulheres dos clãs se envolvem em cargos de liderança e cerimônias,
mas sentem orgulho em trabalhar nas terras em que vivem.
Interessante, não? Agora vamos falar um pouco do matriarcado!

Fêmea Ancestral femeancetral@gmail.com


MATRIARCADO
A hipótese matriarcal surgiu em 1861, quando o suíço Johann Bachofen
sugeriu a existência de sociedades matriarcais na pré-história. Quando os
pesquisadores desencavaram grande quantidade de estátuas
femininasidentificadas como vênus e como representações de deusas-
mãe. Em 1901 descobriu-se a civilização minóica, que teve seu auge na
Grécia entre os século 27 e 11 a.C., e afirmou-se tratar-se de uma
sociedade matriarcal.
Quando o arqueólogo inglês James Mellaart, encontrou em suas
escavações estátuas mostrando poderosas figuras femininas, identificou-
as como representações de deusas nos anos 1960, chamando a atenção
de MarijaGimbutas, uma arqueóloga que se interessava pela "velha
Europa", que era como chamava as culturas que habitaram o continente
durante o período neolítico. Gimbutas estudou os artefatos produzidos
numa extensa área, que ia da Rússia até a Itália, Turquia e Grécia. Ela
defendia a tese de que todas essas sociedades compartilhavam uma
mesma matriz cultural. O ponto central dessa cultura era o culto a uma
deusa que simbolizava a Natureza, cujas raízes antiquíssimas remontariam
ao paleolítico. Seu modo de vida, que ela chamava de matrifocal, seria
agrária e não-violento.

Definição:Regime social em que a autoridade é exercida pelas mulheres


[Esta ideia, meramente hipotética, foi tida como uma realidade no século
XIX, quando se acreditou que tal sistema teria prevalecido em sociedades
arcaicas.].
Percebam que na própria definição é dada a ênfase na ideia de hipotética,
ou seja não comprovada de que essas sociedades realmente existiram.
Como sabemos, a história do poder feminino foi constantemente não
documentada ou apagada da história como forma de enfraquecimento,
mas autores importantes se debruçaram sobre o estudo desse sistema,
como Friedrich Engels em sua obra “Origem da família, da propriedade
privada e do estado.” Ele afirma que o controle da propriedade privada
permitiu a substituição do matriarcado pelo patriarcado nas sociedades
primitivas.

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Atualmente mulheres pesquisam sobre o assunto e a alemã
HeideGöttnerAbendroth lidera um grupo de pesquisa chamado “Estudos
Matriarcais Modernos”, essas pesquisadoras pensam o poder feminino
ancestral como o poder da criação, por dar à luz e fazer nascer, esse poder
criador está em todas, sendo superior ao poder da dominação,
característico do patriarcado. Essas pesquisas são importantes pois
pensam a mulher como sujeito de ação na história da sociedade e como
essas sociedades se estruturam econômica, social e culturalmente.
Para gerar reflexão, deixo aqui esse texto do Leonardo Boff que fala da
demonização do feminino pelo cristianismo:

É difícil rastrear os passos que possibilitaram a liquidação do matriarcado


e o triunfo do patriarcado, há 10-12 mil anos. Mas foram deixados rastros
dessa luta de gênero. A forma como foi relido o pecado de Adão e Eva nos
revela o trabalho de desmonte do matriarcado pelo patriarcado. Essa
releitura foi apresentada por duas conhecidas teólogas feministas,
RianeEisler (Sex MythandPoiliticsoftheBody: New Paths to Power and
Love, Harper San Francisco 1955) e Françoise Gange (Lesdieuxmenteurs,
Paris, EditionsIndigo-Côtes Femmes,1997).
Segundo estas duas autoras se realizou a uma espécie de processo de
culpabilização das mulheres no esforço de consolidar o domínio patriarcal.
Os ritos e símbolos sagrados do matriarcado são diabolizados e
retroprojetados às origens na forma de um relato primordial, com a
intenção de apagar totalmente os traços do relato feminino anterior.
O atual relato do pecado das origens, acontecido no paraíso terrenal,
coloca em xeque quatro símbolos fundamentais da religião das grandes
deusas-mães.
O primeiro símbolo a ser atacado foi a própria mulher (Gn 3,16) que na
cultura matriarcal representava o sexo sagrado, gerador de vida. Como tal
ela simbolizava a Grande-Mãe, a Suprema Divindade.
Em segundo lugar, desconstruiu-se o símbolo da serpente, considerado o
atributo principal da Deusa-Mãe. Ela representava a sabedoria divina que
se renovava sempre como a pele da serpente.
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Em terceiro lugar, desfigurou-se a árvore da vida, sempre tida como um
dos símbolos principais da vida. Ligando o céu com a terra, a árvore
continuamente renova a vida, como fruto melhor da divindade e do
universo. O Gênesis 3,6 diz explicitamente que “a árvore era boa para se
comer, uma alegria para os olhos e desejável para se agir com sabedoria”.
Em quarto lugar, destruí-se a relação homem-mulher que originariamente
constituía o coração da experiência do sagrado. A sexualidade era sagrada
pois possibilitava o acesso ao êxtase e ao saber místico.
Ora, o que fez o atual relato do pecado das origens? Inverteu totalmente o
sentido profundo e verdadeiro desses símbolos. Dessacralizou-os,
diabolizou-os e os transformou de bênção em maldição.
A mulher será eternamente maldita, feita um ser inferior. O texto bíblico
diz explicitamente que “o homem a dominará”(Gen 3,16). O poder da
mulher de dar a vida foi transformado numa maldição:”multiplicarei o
sofrimento da gravidez”(Gn 3,16). Como se depreende, a inversão foi total
e de grande perversidade.
A serpente é maldita (Gn 3,14) e feita símbolo do demônio tentador. O
símbolo principal da mulher foi transformado em seu inimigo
fidagal:”porei inimizade entre ti e a mulher...tu lhe ferirás o calcanhar”Gn
3,15)
A árvore da vida e da sabedoria vem sob o signo do interdito( Gn 3,3,).
Antes, na cultura matriarcal, comer da árvore da vida era se imbuir de
sabedoria. Agora comer dela significa um perigo mortal (Gn 3,3),
anunciado por Deus mesmo. O cristianismo posterior substituirá a árvore
da vida pelo lenho morto da cruz, símbolo do sofrimento redentor de
Cristo.
O amor sagrado entre o homem e a mulher vem distorcido:”entre dores
darás à luz os filhos; a paixão arrastar-te-á para o marido e ele te
dominará”(Gn 3,16). A partir de então se tornou impossível uma leitura
positiva da sexualidade, do corpo e da feminilidade.
Aqui se operou um desconstrução total do relato anterior, feminino e
sacral. Apresentou-se outro relato das origens que vai determinar todas as
significações posteriores. Todos somos, bem ou mal, reféns do relato
adâmico, antifeminista e culpabilizador.
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O trabalho das teólogas pretende ser libertador: mostrar o caráter
construído do atual relato dominante, centrado sobre a dominação, o
pecado e a morte; e propor uma alternativa mais originária e positiva na
qual aparece uma relação nova com a vida, com o poder, com o sagrado e
com a sexualidade.
Essa interpretação não visa repristinar uma situação passada, mas, ao
resgatar o matriarcado, cuja existência é cientificamente assegurada,
encontrar um ponto de equilíbrio maior entre os valores masculinos e
femininos para os dias atuais.
Conclusão:
A ideia de Matriarcado é polêmica, uns afirmam sua existência e outros a
negam, inclusive enfatizando que essa ideia seria uma forma de colocar as
mulheres ancestrais como “míticas sagradas e mães” apenas, vivendo em
uma civilização “perfeita” antes dos invasores violentos e masculinos
tomarem o poder ao mesmo tempo que trazem certas “tecnologias” como
as armas de guerra e a própria guerra. Associando assim a mulher à
maternidade e cuidado e o homem à assertividade e razão. Por outro lado
a ideia de que povos primitivos perceberiam a gravidez feminina à uma
criação solitária e “sagrada” parece muito pertinente. O importante nessa
jornada é a percepção do “ser mulher” e seus inúmeros significados.

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EVA E LILITH

O mito de Lilith começou na Suméria, no sul da Mesopotâmia, onde


atualmente se localiza o Iraque e o Kuwait. Seu nome vem da palavra "Lil",
que significa "ar", mas o termo mais antigos associado a ele é Lili, de plural
Lilitu, que quer dizer "espírito". Na antiguidade, expressões associadas ao
ar e ao sopro também era utilizadas para "espírito". Sua imagem muda de
cultura para cultura, sendo que a associação com poderes demoníacos foi
ganhando força à medida que valores patriarcas passaram a dominar a
cultura. Em princípio, foi uma deusa muito cultuada na Mesopotâmia e
comparada à lua negra, à sombra do inconsciente, ao mistério, ao poder,
ao silêncio, à sedução, ao vento, à tempestade, à escuridão e à morte.
Segundo as lendas do folclore hebreu medieval, Lilith rejeitou Adão
quando ele tentou forçá-la a ocupar uma posição mais submissa, não só
no relacionamento entre os dois como no sexo. Lilith reclamava de ter de
ficar por baixo. Para ela, ambos deveriam ter direitos iguais, já que tinham
sido criados da mesma forma, feitos com o mesmo barro.
Adão se recusava e cansada de lutar em vão por igualdade, Lilith se
revoltou: amaldiçoou o parceiro e o abandonou indo para o deserto
passando a viver com todo tipo de criaturas. Ou seja, Lilith rebelou-se
contra a "superioridade" masculina de Adão, o que a torna uma figura
problemática para o judaísmo e para o catolicismo, religiões patriarcais.
Ainda de acordo com essas lendas, após abandonar Adão ela teria
copulado com vários demônios e parindo três mil demônios por dia. Para
levá-la de volta ao Éden, deus enviou seus anjos para convencê-la, mas
Lilith recusou. Diante disso, Deus a amaldiçoou e decidiu criar Eva para
fazer companhia a Adão. Para fazê-la mais dócil e obediente, a tirou das
costelas do primeiro homem. Lilith, então, transformou-se numa serpente
e enrolou-se na Árvore do Conhecimento para tentar mostrar a Eva a
importância de buscar sua liberdade. Eva, então, comeu o fruto e cometeu
o chamado "pecado original". Na idade média, em alguns imaginários, há
essa associação entre Eva e Lilith. Feita pelo homem para ser auxiliar e
serva, Eva ainda assim desobedeceu às ordens do criador e cede ao erro.

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As duas são então entendidas como entidades demonizadas. Lilith no
judaísmo e Eva dentro da tradição do cristianismo.
Segundo Roberto Sicuteri autor do livro "Lilith a lua Negra, houve uma
transposição da versão javista da Bíblia para a versão sacerdotal. Foi aí
que a lenda de Lilith teria sido eliminada da Bíblia, fazendo todos crerem
que foi Eva a primeira mulher, mas em Isaías 34,14 ficou um indício sobre
Lilith quando "animais noturnos" são mencionados. Em algumas edições,
no capítulo II do Gênesis, uma companheira idônea é mencionada no
texto. Quando o primeiro homem vê Eva, ele diz: "Esta, sim, é osso dos
meus ossos", o que evidencia a possibilidade de Lilith ter sido criada
anteriormente.
Os povos antigos também acreditavam que escutar o grito de uma coruja
era sinal de que Lilith estava por perto. Um de seus nomes, aliás, era
"Grito da Coruja" por simbolizar o clamor e os desejos de todas as
mulheres por igualdade. Entre os católicos, sua imagem ganhou
popularidade a partir do crescimento dos estudos de demonologia, a
partir do século XIV. Sua representação a relaciona tanto com as sereias
gregas quanto com as aves noturnas. É aí, também, que nascem os mitos
de "mãe dos vampiros" e de "bruxa". Seus Filhos eram considerados
demônios que sugavam a energia sexual das pessoas inocentes, os
íncubus e súcubos.
O arquétipo que vemos nessas figuras é a visão machista por si só: Lilith, a
sedutora, conhecedora e questionadora, a que o homem deseja mas teme
e tenta subjugar e Eva, a que é obediente, submissa mas que ainda assim
comete o pecado, ou seja de uma forma ou de outra as mulheres estão
erradas. Lilith porém, é resgatada na atualidade principalmente pelo
movimento feministas e religiões pagãs. È vista como símbolo da não
submissão, da liberdade sexual e do poder misterioso e sedutor das
feiticeiras, as que conseguem mudar o mundo conforme a sua vontade.
AS FILHAS DE EVA( texto adaptado da universidade federal do Acre)
Eva foi feita de uma costela de Adão, ou seja, ela não veio à existência por
si mesma. Desse modo se constituiu o mito da mulher como parte de
alguém. Sendo parte é mero acessório e assim também se constitui sua
mentalidade: a submissão. As filhas de Eva são, portanto, aquelas

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mulheres que obedecem fielmente aos seus maridos e, por extensão, aos
seus patrões, chefes, acusando e denunciando, muitas vezes, outras
mulheres que não estejam dentro dos conformes. Para estas mulheres, as
filhas de Eva constroem verdadeiras muralhas, psicológicas e também
sociais e culturais, protegendo assim sua prole das más influências e
sobretudo a elas próprias do risco de também cair no desvio.

Mas quem serão aquelas mulheres que fogem a toda e qualquer


submissão? São as filhas de Lilith, a primeira mulher de Adão, feita por
Jeová de lodo e sangue menstrual, uma mulher que já estava desafiando
Adão: “Por que eu tenho que ficar por baixo de você?”, ela perguntava. E
Adão ficou assustado com aquela mulher temerária e pediu a Jeová que a
afastasse dele. Então, Deus, percebendo a fragilidade de Adão, tentou
convencer Lilith a mudar seus maus costumes, sem consegui-lo, porém.
Extremamente aborrecido, Jeová não só expulsou Lilith como a condenou
ao exílio, nas proximidades do Mar Vermelho, onde passaria a parir, todos
os dias, três mil demônios, por todo o sempre. Após meditar sobre a
situação de Adão, Jeová fez Eva, da forma como todos nós conhecemos,
que, por sua vez, não se rebelou contra o marido, concordando em ficar
por baixo.

A descendência de Eva foi abençoada por Jeová e a de Lilith condenada,


sem salvação. No entanto, nunca existiu paz para Adão, pois a imagem de
Lilith e tudo o que ela significava passou a constituir seus pesadelos
noturnos. Se mesmo Jeová não conseguiu destrui-la, Adão não conseguiu
esquecê-la. Por sua vez, Lilith continua parindo três mil demônios por dia,
desde o início da criação, perturbando o sono dos infelizes filhos de Adão.

Esta parece ser a base para vários padrões de comportamento que


encontramos na vida diária, nas novelas, nos romances e demais formas
de arte dramática. Um exemplo é o clássico do homem que possui uma
esposa, tipicamente mulher do lar, prendada, moldada pelos bons
costumes do lugar e, no entanto, procura nas noites de folga as mulheres
dos prostíbulos ou qualquer outra que acene com promessas de prazer
descompromissado. Não queremos dizer que uma prostituta, seja uma
filha de Lilith, ao contrário, uma filha de Lilith não se submete jamais aos
ditames do patriarcado, e a prostituição é produto obvio do patriarcado.
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Lilith está sempre onde uma transgressão foi provocada, está no filho
pródigo que rejeita o papel de macho imposto pela sociedade. Está na
mulher que segue seus instintos e desafia as regras. Lilith está, enfim,
onde o sexo não segue ordem nenhuma. Todos os seres humanos de certo
modo têm um pouco de Lilith em sua própria natureza, em menor ou
maior grau. Em menor ou maior grau todos fogem dela também. Essa é a
tragédia humana produzida pelo mito da criação.

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HISTÓRIA DAS BRUXAS
O termo “paganismo” é derivado latim paganus: que significa camponês e
de pagus: que significa aldeia, sendo assim o povo do campo, que vivendo
coletivamente praticava uma religião politeísta e tirava seu sustento e
alimento do campo, da terra. As mulheres do campo tinham um vasto
conhecimento sobre alimentos, ervas e sobre os ciclos femininos. Por esse
conhecimento eram respeitadas e faziam muitos remédios naturais, além
de realizar os partos. Como praticantes de religiões politeístas, também
realizavam rituais sazonais, muitos dedicados à fertilidade e à colheita e
cultuavam várias deusas e deuses.
O termo pagão começou a ser utilizado entre os cristãos durante o
Império Romano, para se referir a uma pessoa que não era um cristão e
que ainda acreditava nos antigos deuses.
Podemos incluir neste conceito as religiões do Antigo Egito, a greco-
romana da Antiguidade, a antiga religião dos celtas, a religião Nórdica,
assim como as religiões nativo-americanas, etc..
As bruxas, mulheres com poderes mágicos e de cura, fazem parte de todas
as culturas, seus métodos incluíam observação, experiência, uso de
plantas e suas propriedades, e todo o conhecimento era passado para
suas filhas e netas. Porém, com o Cristianismo se tornado religião oficial e
com o poder absoluto da Igreja, especialmente na Europa, essas mulheres
começaram a ser perseguidas. A Igreja temia esse “poder” feminino e
precisava afastar sua influência da sociedade. Nesse contexto estava o
advento da medicina, e a comunidade médica formal era estritamente
masculina, não aceitando que mulheres pudessem curar doenças tidas
como incuráveis e realizar partos, afinal isso lhes tiraria o dinheiro e o
prestígio. Assim, muitas curandeiras foram acusadas e possuidoras de
poderes malignos, supersticiosas e assassinas de crianças.
O processo de substituição do modelo feudal pelo capitalista, como
explica a historiadora SilviaFederici em seu livro Calibã e a Bruxa:
Mulheres, Corpo e Acumulação Primitiva, levou ao êxodo das aldeias para
as cidades e, assim, mulheres começaram a exercer funções e profissões
para além das casas e terrenos familiares, seja como pedreiras e até
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mesmo como cirurgiãs. E comumente como prostitutas. Essa aparente
liberdade das mulheres, que mesmo exercendo em geral atividades
inferiores estavam menos sujeitas ao controle dos homens, não passou
despercebida pela Igreja.
A Inquisição havia nascido no século 12 como forma de eliminar heresias.
Um século depois, passou a olhar para a bruxaria como heresia.
O Tribunal do Santo Ofício, ou a Inquisição Papal, é criado oficialmente
em 1229-1230 e em 1320 a bruxaria é oficialmente incluída no conjunto
de heresias.
As bruxas passam a ser o alvo preferencial da Inquisição a partir do século
14, após o surto de Peste Negra, que dizimou um terço da população
europeia e foi visto por líderes religiosos como uma forma de punição
pelas heresias e comportamentos não cristãos, indireta e diretamente
ligado às de bruxas e a magia negra.
Em 1487, o clérigo católico Heinrich Kramer lançaria MalleusMaleficarum,
um livro que por dois séculos foi o segundo mais vendido na Europa após
a Bíblia.É um guia de caça às bruxas onde o autor endossa o extermínio,
valendo-se de detalhadas análises legais e teológicas, louvando a prática
da tortura para obter confissões. E afirma que mulheres têm tendência
natural a se tornarem bruxas “por uma falha na formação da primeira
mulher”.O Malleus foi escrito como uma forma de vingança por Kramer
ter sido impedido de iniciar os primeiros processos contra bruxas na
região do Tirol. Kramer foi expulso, e após apelar ao papa Inocêncio VIII,
este lhe atendeu, garantindo jurisdição para atuar na Alemanha.Até a
publicação do livro, a bruxaria era considerada um crime menor, após a
publicação do Malleus, autoridades católicas e protestantes passaram a
usá-lo no julgamento e condenação de suspeitas de bruxaria, tornando
mais brutal a perseguição.Acusações de sexo com demônios eram lugar-
comum durante a perseguição à mulheres consideradas bruxas, entre os
séculos 14 e 17, uma época em que sexo era um tabu, e os juízes nos
julgamentos das bruxas exigiamdetalhes minuciosos das supostas práticas
sexuais. Quanto mais inventivos os atos, mais brutais eram as punições.
Daí podemos imaginar que sob tortura as acusadas deseperadas
“confessavam” práticas como: sedução de homens inocentes, sexo com
demônios, transformação em gatos e bodes, assassinato de crianças para
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feitiços entre outras coisas, basicamente as mesmas acusações a que
figura de Lilith foi submetida. O poder feminino tinha que ser apagado e
punido!
Além de curandeiras, aquelas mulheres que não seguiam à risca normas
sociais da época (ser recatada, cristã, obedecer aos pais e marido etc.)
eram alvos dos inquisidores, assim como as mentalmente doentes, as
mais velhas ou mesmo sem fazer nada, as que fossem denunciadas por
inveja, ciúme ou outro motivo, como simplesmente outra acusada em
desepero, forçada a dar um nome qualquer.
No século seguinte a a caça às bruxas se tornou massivamente denunciada
pelos iluministas que acusavam os abusos da religião e superstição e aos
poucos, perseguição as bruxas foi diminuindo. A última pessoa a ser morta
por acusação de bruxaria foi Anna Göldi, na Suíça. Foi acusada de
materializar magicamente vidro e agulhas no pão e leite da filha do
patrão. Torturada, falou ter feito um pacto com o diabo, na forma de um
cachorro preto que se materializou do nada.
O total de mortos por acusações de bruxaria desde a Idade Média é
incerto mas pode ter chegado a 100 mil pessoas (em sua maioria
mulheres) executadas.

AS BRUXAS HOJE
O Neopaganismo é um movimento que resgatou as antigas crenças pagãs
Européias. A wicca é uma religião neopagã fundada pelo inglês Gerald
Gardner nos anos 50, baseada no culto à Deusa e ao Deus e celebrando a
roda do ano. A wicca se tornou muito famosa a partir dos anos 70, porém
a história das bruxas é muito mais antiga que a wicca, como vimos,
deusas, mulheres curandeiras e com poderes mágicos existiram em todas
as culturas, e vestígios da sacralidade da Deusa e da mulher vem desde o
período Neolítico. As bruxas entendem a Terra e seus ciclos naturais como
um organismo vivo, a mãe terra, a grande Mãe e entendem o ser humano
como parte da natureza e não como dominador. Atualmente pode ser
mais complicado, especialmente para quem mora em grandes cidades ,
estar em contado permanente com a natureza, então as bruxas buscam
essa conexão através dos quatro elementos, de cristais, do conhecimento
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das ervas, defumações, meditações, visualizações e claro, feitiços! A
bruxaria é abrangente e inclui vários tratamentos naturais, oráculos,
confecção de óleos para diversos fins, banhos purificantes entre outras
práticas. Você pode por exemplo, acender um incenso de sua preferência,
tomar um banho com folhas de Louro para purificação e prosperidade,
fazer um chá de erva cidreira para acalmar os pensamentos, manter um
diário de bruxa para acompanhar sua evolução e escrever seus
pensamentos e meditações, atitudes simples que vão te ajudar a centrar e
focar seus pensamentos no seu eu interior, na sua fêmea ancestral!

BRUXAS FAMOSAS AO LONGO DA HISTÓRIA


Joana D’arc
Nascida em 1412, conseguiu entrar para o exército francês e ajudou em
muitas lutas. A mais famosa delas é a Guerra dos Cem anos. Ela era
considerada um amuleto pelo exército. Desde muito nova, D’Arc era
acometida por algumas vozes que ela dizia ser dos santos Miguel, Santa
Margarida e Santa Catarina, motivada pelas vozes, cortou o cabelo bem
curto e foi aceita pelo exército francês, chegando a comandar tropas. Suas
vitórias importantes e o reconhecimento que ganhou do rei Carlos VII
despertaram a inveja em outros líderes militares da França.
Os militares começaram a conspirar contra ela e diminuíram o apoio do rei
a Joana D’arc. Em 1430, durante uma batalha em Paris, Joana foi ferida e
capturada pelos borgonheses que a venderam para os ingleses.
Na prisão foi acusada de bruxaria, em razões de suas visões, e condenada
à morte na fogueira. Foi queimada viva na cidade de Rouen, no ano de
1431. A menina de 19 anos, camponesa, pobre e analfabeta, viria a ser
declarada santa pela igreja católica somente em 1920.

Mima Renard
Bela e cobiçada, a franco-brasileira Mima Renard mudou-se da França
para o Brasil com o marido, que foi morto por um pretendente da mulher.
Mima passou a se prostituir para sobreviver, e as mulheres da vila
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começaram a acusá-la de atrair os homens com feitiços. Numa ocasião,
dois de seus clientes brigaram e um deles foi assassinado. Mima foi
denunciada ao padre local pelas esposas de seus clientes, sendo acusada
de bruxaria. Foi julgada, condenada e executada em uma fogueira.

Maggie Wall

Na Escócia há um monumento de seis metros de altura construído com


pedras, o que lembra um túmulo.
Nele está escrito: “ Maggie Wall queimada aqui. 1657 como uma bruxa”.
Não se sabe se a Maggie existiu mesmo, não há nenhum registro de seu
julgamento como bruxa ou algo que comprove que ela realmente existiu.
Porém seu túmulo é muito famoso e visitado, mais visitado do que o
túmulo de Elvis Presley. Os visitantes deixam pedidos, oferendas e gravam
mensagens para a bruxa Maggie Wall que teria sido assinada na fogueira.

La Voisin (Catherine Deshayes)


Catherine Deshayes, mais conhecida por La Voisin, foi uma curandeira
francesa.Mulheres ricas e poderosas de Paris a procuravam para fazer
abortos, criar poções de amor e venenos. Ficou famosa e rica com tanta
procura. Contudo, ela foi presa e condenada por feitiçaria sendo que no
julgamento, o fato de ser vista como uma esposa promíscua pesou na
hora do veredito. La Voisin foi queimada em público no centro de Paris no
ano de 1680.

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MergaBien
O caso de MergaBien é bastante conhecido, pois ela foi acusada de
engravidar do diabo. Ela estava casada a 14 anos e ainda não tinha tido
filhos. Porém, quando o marido dela morreu, Merga estava grávida.
Em razão do clima de caça às bruxas, foi acusada de matar o marido e
manter relações sexuais com o próprio Satanás.
Torturada, a mulher teve que confessar os crimes e morreu queimada na
fogueira durante o reinado de Balthasar von Dernbach (1548 – 1606).

Mãe Shipton (UrsulaSoutheil)


Ursula Southeil, chamada de Mãe Shipton, foi uma profetisa inglesa do
século XVI. Previu a Grande Peste e o Grande Incêndio de Londres.
Tinha uma aparência não muito aceita pelos padrões de beleza e, por isso,
seus opositores a chamavam de “cara de bruxa” e “bastarda do diabo”.
Nasceu na caverna de Knaresborough,o local virou a caverna da Mãe
Shipton e tornou-se uma atração turística para os visitantes mais curiosos.

Marie Laveau
A rainha do voodoo de Nova Orleans, ela era uma mulher muito atraente
e sedutora. Muitas pessoas a procuravam em busca de cura de doenças.
Tinha o hábito de oferecer abrigo em sua casa para desabrigados e
famintos.
No ano de 1881 Marie Laveau faleceu aos 98 anos de idade de causas
naturais. O túmulo onde está sepultada recebe mensagens, oferendas e
pedidos de pessoas que esperam a concessão de desejos.
Quando um pedido se torna realidade, As pessoas retornam ao túmulo da
bruxa e deixam três letras “X”.

Fêmea Ancestral femeancetral@gmail.com


Helena Blavatsky

Nascida na Ucrânia, foi uma famosa escritora, ocultista, filósofa e teóloga


no século 19. Fundadora da teosofia, sabedoria divina. Ela chegou a
receber e psicografar vários textos para o Vaticano em total segredo. Além
disso, ela criou a Sociedade Espírita no Egito e Estados Unidos. Blavatsky
era muito polêmica, ela fazia rituais em casa, bebia e fumava. Fugiu de seu
marido ainda na lua de mel e foi para Constantinopla, iniciando uma série
de viagens pelo mundo das quais absorveu vasto conhecimento. Com
certeza, uma mulher muito à frente da sua época. Quase 150 anos depois
de sua morte, ainda há muitos textos que não ainda não foram
decodificados e interpretados. Sua personalidade forte foi fundamental
para a promoção do esoterismo oriental no ocidente, estimulando várias
escolas esotéricas até hoje.
A bruxa de Évora
Cercada de histórias que povoaram o imaginário da popular mas com
nenhum registro histórico que comprove sua real existência, uma das
melhores formas de conhecê-la é através da escrita de Maria Helena
Fareli.
A autora cita:
Era uma vez a poderosa Bruxa de Évora que conquistou e aterrorizou
gerações de corações luso-brasileiros por séculos e que possuía um
caderno completamente abarrotado de poções, feitiços, bruxedos,
encantamentos, banhos, rezas etc. Sua fama singrou barreiras
cronológicas e físicas e aportou no Brasil com os navegantes
portugueses… Sua magia criou raízes e ramificações se entrelaçando com
as religiões ameríndias.
Apesar de temida, as pessoas sempre buscaram conhecer os poderes
dessa Bruxa: seus feitiços, sortilégios, banhos, amarrações, conjuros etc.,
com a finalidade de obter cura, proteção e sucesso no amor e na vida.
É difícil precisar a época em que teria vivido a Bruxa de Évora. Contos
ibéricos dão conta que essa poderosa bruxa viveu em Portugal, na época
de Dom Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal. “Era a bruxa da
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cidade, que andava com um mocho às costas e que tocava harpa nas
noites frias de inverno. Aliada do Tinhoso era ao mesmo tempo temida e
adorada. A bruxa árabe era chamada de Moura Torta, nome que fazia os
portugueses se arrepiarem, fazendo o sinal da cruz; e como moura e bruxa
passou à história”. Para muitos ela detentora de poderosos segredos e
feitiços do Oriente. Vivia como eremita, sempre só em sua casa, com suas
galinhas e coelhos, com chapelão, saia e avental, com sapatos golpeados,
murmurando rezas estranhas.Os gatos também eram acusados de
demônios. O gato era considerado um animal mágico, parente da lua, pois
o gato surge para a vida à noite, perambulando pelos telhados, com seus
olhos brilhantes na escuridão.
A Bruxa de Évora tinha um gato preto, chamado Lusbel (Lúcifer). Era
belíssimo, dengoso e lascivo. Não corria atrás do mocho que sempre a
acompanhava. Certa feita, quase mandaram queimar viva a Bruxa, sob a
acusação de que ele penetrara na casa do reverendo em forma de gato
preto.
A Moura Torta, falava o árabe, o português e o latim e lia o Alcorão. Tirava
a sorte nas areias, nas estrelas e fazia feitiços e curas. Ainda hoje as
pessoas procuram pelos poderes dessa feiticeira, lendária ou não: seus
feitiços, sortilégios, banhos, amarração e conjuros, para obter cura,
proteção e sucesso no amor e na vida.
Conforme creem algumas pessoas, no Brasil fez adeptos no Catimbó-
Jurema acostando nos médiuns. No lugar dos linhos, usava suas fortes
rezas. Também foi acolhida na Umbanda e nas macumbas cariocas entre
as Pombagiras, como sábia, curadora e mandingueira. Essa é a roupagem
fluídica de muitas Pombagiras, no lugar da deturpada imagem de
prostitutas sedutoras.
Devido ao seu poder e sua influência seu nome tornou-se referência para
os praticantes de bruxaria em vários momentos da história.

Fêmea Ancestral femeancetral@gmail.com


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