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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Relatório Final de Pesquisa de Pós-Doutorado


março a dezembro de 2018

“O Desenho no Canteiro:
ensino de arquitetura com construtores”

Pesquisador: Dr. Francisco Toledo Barros Diederichsen


Supervisor: Prof. Dr. Reginaldo Luiz Nunes Ronconi

Dezembro de 2018
SUMÁRIO

I. Apresentação
II. Introdução e resumo do projeto de pesquisa
III. Analise geral da efetivação da pesquisa
IV. Detalhamento das atividades realizadas
1. Apoio a disciplina do grupo de “Construção do Edifício”, departamento de Tecno-
logia, Disciplina AUT 182 – Construção do Edifício I
2. Apoio às atividades de pesquisa do Laboratório de Culturas Construtivas – LCC:
pesquisa temática transversal acerca da reutilização de resíduos da construção ci-
vil
3. Elaboração do PPP do Curso de "Arquitetura com construtores"
4. Busca de educadores para os cursos de Canteiro – Escola
5. Organização e planejamento dos cursos de Canteiro – Escola
a) Comunidades do entorno do Instituto das Cidades / UNIFESP – Campus
Zona Leste
b) Conjunto de edificações da “Escola de Agroecologia” do Acampamento
Rural Irmã Alberta – Chácara Maria Trindade, Perús, Zona Norte, municí-
pio de São Paulo
c) Escola Municipal de Construção Civil de Taboão da Serra
d) Nova possibilidade de “canteiro escola” na Escola Nacional Florestan Fer-
nandes - Guararema / SP
e) Tentativa - frustrada - de Canteiro Escola para a reforma e edificação das
moradias do Assentamento Dom Pedro Casaldáliga, Cajamar / SP
6. Intercâmbio cultural com Les Grands Ateliers – França
7. Participação em encontros acadêmicos
a) II Encontro dos Pós Doutorandos da USP - outubro de 2018, São Paulo
b) VI Seminário Nacional de Assistência Técnica em Habitação de Interesse
Social / ATHIS - novembro de 2018, Florianópolis
8. Artigos em elaboração
9. Projeto de pesquisa aprovado pelo PNPD CAPES / FAU USP
10. Bibliografia
I. Apresentação

O presente relatório final de pesquisa de Pós-Doutorado trata de registrar as atividades


da pesquisa intitulada “O Desenho no Canteiro: ensino de arquitetura com construtores”,
realizadas entre os meses de março e dezembro de 2018 – com dedicação parcial: 20 horas
semanais, sem bolsa.
Assim procedemos, com a elaboração deste relatório final com apenas dez meses de
atividades - antes do termino dos 24 meses programados e aprovados junto à Comissão de
Pesquisa da FAU USP - pois foi-me concedida bolsa de pós-doutorado CAPES / FAU USP
do Programa Nacional de Bolsas de Pós-Doutorado – PNPD.
Ou seja, trata-se de uma mudança extremante "positiva" para as atividades de pesqui-
sa, pois com a concessão da bolsa, a dedicação torna-se integral - 40 horas semanais - além
do apoio financeiro de sustento ao pesquisador.
O projeto de pesquisa contemplado pela bolsa intitula-se "Residência profissional de
arquitetura e urbanismo em habitação social: abordagem a partir de canteiros experimentais
com baixo impacto ambiental" e trata de dar continuidade, ampliar e aprofundar as atividades
aqui relatadas, realizadas em regime de 20h semanais, sem bolsa.
As atividades realizadas nos passados dez meses cumpriram a importante tarefa de
embasar e reorientar as ações da pesquisa, tendo contribuído para sua ampliação:
As atividades pedagógicas planejadas inicialmente para contribuir com a ampliação
da formação de construtores em cursos de "canteiro escola" na FAU USP, voltadas princi-
palmente para estes tipos de profissionais - construtores - foram modificadas, pois deverão
ser integradas em cursos de Residência Profissional em arquitetura e urbanismo - estratégia
pedagógica da nova pesquisa do PNPD.
Essa alteração de estratégia se deu devido ao encontro de limites ao apoio financeiro
para as atividades de canteiro escola, bem como pela necessidade da presença de educandos
já formados, com mais autonomia e responsabilidade profissional, como veremos nos relatos
adiante.
Ao mesmo tempo, percebi haver demanda e interesse da “comunidade de arquitetos e
urbanistas e suas escolas”1 em ampliar ou completar a formação de nossos técnicos em cursos
de “Residência Profissional em Assistência técnica em habitação de Interesse Social -
ATHIS”.
Ao rapidamente analisar o foco desses cursos - há três2 deles já funcionando Brasil -
percebemos que suas atividades formativas apenas se davam por meio de atividades de proje-
to, sem contato profícuo com as idiossincrasias dos canteiros de obras, com os trabalhadores
da construção civil e o emprego de tecnologias construtivas de baixo impacto ambiental.
Ou seja, assim como se apresentam as atividades dessas “residências” poderiam con-
tribuir ainda mais para o problema do afastamento das já distantes atividades de projeto e
construção no canteiro de obras, bem como o quase esquecimento dos materiais alternativos
de construção.

1Em reuniões do CAU, SASP, FAU e IAB.


2Há a experiência da UFBA, UNB, e UFF, bem como diversos outros cursos de formação em ATHIS país afora, por outras
entidades.
Neste âmbito, é que, como veremos, ajustamos o rumo de nossa pesquisa (ampliando-
a), para buscar criar na FAU USP, junto de outras faculdades, um programa de residência em
arquitetura de interesse social, compreendendo a ATHIS, e que incorpore a formação de
construtores, com técnicas alternativas, por meio de canteiros escola, através de ações peda-
gógicas práticas de aproximação do desenho do canteiro.
Este é o desafio.

II. Introdução e resumo do projeto de pesquisa

De acordo com o apresentado na formulação do problema no projeto de pesquisa


aprovado pela Comissão de Pesquisa da FAU USP, a intenção principal, que norteia nossos
estudos práticos e teóricos é a busca de um maior "diálogo" entre os profissionais da cadeia
produtiva da construção civil e suas práticas, no processo de produção da arquitetura como
um todo.
Assim afirmamos, pois, o que se busca é contribuir para que a arquitetura como um
todo possa melhor cumprir com sua função social: o abrigo das atividades humanas com qua-
lidade e beleza.
Para tanto, há de se enfrentar o atual contexto da arquitetura, de falta de qualidade,
beleza e suprimento de sua função social. A tese que nos orienta é de que esta situação da
cadeia produtiva da construção civil tem como importante fator estruturante o “não diálogo”
entre os profissionais, locados – grosso modo – cada qual apenas de um dos “lados" do pro-
cesso produtivo do espaço, cindido, pelas práticas sociais de classe: a) dos construtores, ou
dos trabalhadores da construção civil e b) dos projetistas, atrelada ideologicamente a dos pro-
prietários dos meios de produção.
Na formulação do problema, também atentamos para o fato dessa cisão se expressar,
se produzir e reproduzir na formação dos profissionais da cadeia produtiva. Nosso trabalho
busca realizar um contraponto, ao trabalhar por meio de “atividades pedagógicas dialógicas”,
a buscar sua rescisão, ou reunião.
É nesse sentido que a pesquisa intentou nos passados dez meses de atividades, criar as
condições materiais para buscar enfrentar as três separações estruturantes do processo de pro-
dução do espaço, indicadas na formulação do problema – projeto de pesquisa – a separação:
 espacial
 temporal
 social

Para tanto, avançamos nas seguintes ações condicionantes e necessárias para os canteiros
escola:
 definição de um local para os projetos e obras
 debate democrático com a comunidade de usuários
 organização para a busca de recursos financeiros com liberdade de apropriação
 ambiente para o desenvolvimento de técnicas construtivas inovadoras
 identificação de projetistas e construtores para início do processo criativo dia-
lógico comum.

A partir dessas ações, poderão ser instaurados os espaços pedagógicos- canteiro escola -
que contem com a presença fundamental dos construtores e seus conhecimentos, de modo a
possibilitar que os arquitetos envolvidos possam ampliar seus conhecimentos junto destes, ao
mesmo tempo em que os construtores possam ampliar seus conhecimentos acerca das ativi-
dades de criação e organização da arquitetura, o projeto.
Vejamos a seguir - a luz do projeto apresentado em fevereiro de 2018 - o que se reali-
zou, se manteve, se modificou, enquanto plano de pesquisa, atividade por atividade.

III. Analise geral da efetivação da pesquisa

O projeto de pesquisa apresentado à CP da FAU USP pretendia avançar por meio de


três objetivos e seus respectivos métodos:
 fomentar e ensaiar espaços pedagógicos unitários - por meio dos canteiro esco-
la e da práxis científica.
 ampliar o entendimento do ideário das ações pedagógicas dialógicas – por meio
de seminários com professores e pesquisadores da FE USP acerca da “educação
dos trabalhadores pelos trabalhadores”.
 desenvolver técnicas alternativas de construção, com inovações tecnológicas –
criação e invenção de novas aplicações com materiais e métodos de construção
junto de construtores experientes.

Para atingir tais objetivos, planejávamos avançar por meio de 12 ações.


Vejamos os feitos e os comentários acerca das realizações:

atividade realização comentário


1 Contribuição com as Disciplinas do curso de parcial Participei da disciplina AUT 182 -
Graduação da FAU: AUT 131 - Técnicas Construção do Edifício, no segundo
Alternativas de Construção; AUT 182 - semestre de 2018, contribuindo com
Construção do Edifício os professores em aulas e com a ela-
boração de um "pró memória" da
disciplina.
2 Contribuição com Disciplina do curso de suprimida Não participei por sugestão do su-
Pós-Graduação da FAU: pervisor Reginaldo Ronconi, devido
AUT5832 ‐ Pedagogia Aplicada aos Cursos d a incompatibilidade de agendas e a
e Arquitetura e ao Urbanismo intenção de se priorizar as atividades
junto à graduação.
3 Apoio às atividades do Canteiro Experimen- completa Contribui com atividades gerais do
tal da FAU USP Canteiro, principalmente na produção
de formas de placas e vigas para o
deck de circulação dos contêineres
em argamassa armada
4 Revisão bibliográfica e encontros de pesquisa postergada Essas atividades tiveram sua execu-
com professores da FE USP e UNIFESP ção postergada para se realizarem
internamente aos “Canteiro Escola”
um dos métodos da “Residência Pro-
fissional”, com previsão para o se-
gundo semestre de 2019
5 Formatação do Curso de "Arquitetura com parcial Foram elaborados esboços dos Pla-
construtores" nos de Curso para as experiências
junto do acampamento Irmã Alberta
e Escola Nacional Florestan Fernan-
des. Os demais cursos demandam de
mais interlocução com os parceiros.
6 Organização e planejamento dos experimen- parcial Foram elaborados projetos prelimina-
tos de Canteiro – Escola res de arquitetura, bem como orça-
mentos e cronogramas gerais de exe-
cução, encontram-se em fase de deta-
lhamento
7 Prática formativa - Curso de Extensão Uni- a realizar Estão previstos os cursos de canteiro
versitária modalidade Difusão Cultural: "Ar- escola na ENFF e Irmã Alberta para
quitetura com construtores" o segundo semestre de 2019.

8 Documentação do processo pedagógico a realizar Deverá se realizar ao longo dos cur-


sos de canteiro escola.
9 Intercambio com Les Grands Ateliers – Fran- a realizar Realização de Seminário comum no
ça segundo semestre de 2019 junto do
IC UNIFESP e possível visita de
campo em setembro de 2019
10 Entrevistas com os participantes das experi- a realizar Deverão ser entrevistados ao final
ências dos cursos de canteiro escola
11 Sistematização do material registrado e cole- a realizar Também a realizar ao final das expe-
tado riências pedagógicas
12 Elaboração do relatório final completa O presente relatório, tornou-se o
“Relatório Final”.

De modo geral, com o avanço dos trabalhos, e a partir de vivências anteriores, percebi
que definitivamente um dos limites para a realização dos “Canteiro Escola” como planejados
pela presente pesquisa, foi contar apenas com a contribuição de estudantes de graduação -
além de minha própria ação técnica. Isto se tornou um problema, um limite, pois sua inexpe-
riência é natural, sendo essa a principal característica dos estudantes de graduação.
Seu conhecimento é sim suficiente para, junto do presente pesquisador, elaborar ante-
projetos e estudos preliminares para os pedidos de recursos para implementação dos canteiros
escola, mas para sua condução, ainda não.
Essa é uma das principais razões para termos decidido ampliar o escopo de nossa pes-
quisa e ação para o âmbito das “Residências Profissionais”, que contam com educandos já
graduados. Seriam processos que não excluiriam os estudantes de graduação, mas os coloca-
riam em lugar pedagógico mais adequado a seu momento formativo, ainda completando, de
modo decisivo e estruturante, o quadro de experiências e competências, ao lado dos constru-
tores.
Esta prática é a dos hospitais universitários, onde há profissionais em todas as fazes
de aprendizado e conhecimentos complementares.
Retomando o projeto de pesquisa, verifica-se que ali já apresentávamos três possíveis
territórios para a realização dos canteiros escola:

 Construção de uma praça pública no Jardim Helian, junto do: a) recém criado Insti-
tuto das Cidades - curso de mestrado profissional da UNIFESP; b) da Associação de
Moradores do bairro; c) professores e pesquisadores do curso de graduação da FAU
USP, organizados no Laboratório de Projeto, Departamento de Projeto, Prof. Dr. Ale-
xandre Delijaicov.

 Construção da Escola de Agroecologia do Assentamento Rural Irmã Alberta; junto


do a) Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST; b) Centro de Educa-
ção, Estudos e Pesquisa - CEEP, escola de ensino de trabalhadores por trabalhadores,
c) ITESP - Instituto de Terras do Estado de São Paulo; d) Grupo de Construção Agro-
ecológica - GCA da FAU USP - projeto de extensão universitária “Gaia”, Profa. do
Departamento de Projeto: Dra. Catharina Pinheiro Cordeiro dos Santos Lima.

 Reforma de unidades habitacionais no Município de Taboão da Serra, junto da a)


Escola Municipal de Construção Civil de Taboão da Serra, com seu diretor Arq. Edu-
ardo Jorge Canella b) Secretaria Municipal de Habitação; c) projeto de extensão uni-
versitária “pedagogia da construção”, com o Prof. Dr. Caio Santo Amore de Carvalho,
Departamento de Tecnologia da Arquitetura; d) SENAI de Taboão da Serra, junto aos
cursos no campo da construção civil.

Das três possibilidades, as duas primeiras tiveram avanços significativos, e decisivos, mas
a terceira não. A que mais teve avanços foi a construção da escola de Agroecologia, já a praça
na zona leste teve avanços, mas com alteração do escopo de trabalho. As habitações de Ta-
boão da Serra não avançaram devido falta de interesse da Secretaria de Habitação, mas en-
contra-se em análise pela a escola a possibilidade de outros espaços a serem projetados e
construídos.

IV. Detalhamento das atividades realizadas

1. Apoio a disciplina do grupo de “Construção do Edifício”, departamento de Tecnolo-


gia, Disciplina AUT 182 – Construção do Edifício I

A disciplina é ministrada às terças feiras pela manhã pelos professores Reginaldo


Ronconi, Caio Santo Amore e José Baravelli, junto dos estudantes de graduação do primeiro
ano. A partir do segundo semestre, em agosto, passei a contribuir diretamente com as aulas,
complementando-as com comentários técnicos pontuais. A contribuição de fato foi a docu-
mentação das aulas, como base para a elaboração de um pró-memória da disciplina, algo co-
mo um documento pedagógico dos professores, um registro dos conteúdos e métodos das
aulas. O documento final encontra-se em finalização e deverá ser fechado logo nos primeiros
meses de 2019, com a continuidade das atividades de pesquisa.
estudante carrega - com pesos de chumbo - a cobertura da cúpula por eles mesmos construída com blocos de
gesso, em forma catenária, para verificar sua ruptura; professor Ronconi explanando à turma o exercício de
ruptura das cúpulas

fotos do autor

exemplos de aulas ministradas na sala 801, onde pode-se ver os Profs. Reginaldo Ronconi e Caio Santo Amore
manuseando modelos e materiais de construção como base para debates acerca de estruturas e seu comporta-
mento.

fotos do autor

Prof. Caio Santo Amore registra em lousa de detalhe de bloco de fundação

fotos do autor

É interessante de se notar a busca do diálogo entre as atividades do campo da teoria


da arquitetura – desenhos, fotos, planos – e de sua prática física e real, através dos materiais
arquitetônicos de construção, ao poder-se ver e pegar, ou seja, sua presença física, na escala
1:1, em sala de aula.
Tão ou mais importante para este diálogo pedagógico é a presença do técnico do can-
teiro, pedreiro experiente – Romerito Ferraz, na sala de aula. Mais adiante vê-se sua explana-
ção da fôrma que será argamassada pelos próprios alunos, aulas depois, no canteiro experi-
mental.
Romerito Ferraz, técnico do Canteiro Experimental apresenta a forma que será utilizada pelos estudantes

fotos do autor

Romerito Ferraz trabalhando no encaixe das vigas de sustentação das placas do deck de circulação entre os con-
taineres do Canteiro Experimental; Romerito Ferraz apresenta o método de encaixe e fixação das peças que ele
próprio elaborou.

Fotos do autor

Contribuí pontualmente com o debate sobre o projeto das placas definido por Romeri-
to Ferraz, bem como de sua preparação para a argamassagem pelos estudantes da disciplina.
Antes do trabalho prático, produtivo, a seguir vê-se breve debate sobre o projeto e as
idiossincrasias do sistema construtivo em desenvolvimento:
Professores Reginaldo Ronconi e Caio Santo Amore em roda com estudantes, antes de da início a argamassa-
gem das placas e vigas.

foto do autor

A seguir, as ultimas três aulas da disciplina, exemplares da tecnologia da argamassa


armada, por meio de sua própria vivência:

Prof. José Baravelli explana e contribui com a preparação de forma para argamassagem; Professores Reginaldo
Ronconi e Caio Santo Amore dosam argamassa com água.

fotos do autor

Estudantes nivelam a argamassa sobre a mesa vibratória com colher de pedreiro; Prof. Reginaldo Ronconi orien-
ta, pela prática, estudantes a argamassar placa.

fotos do autor
Romerito Ferraz, técnico do canteiro, apresenta o funcionamento, pela prática, de argamasadeira; Depois,
demonstra o processo de argamassagem de viga de apoio das placas.

fotos do autor

Professores e técnico retiram viga já curada do tanque de cura com o acompanhamento e ajuda dos estudantes.

foto do autor
2. Apoio às atividades de pesquisa do Laboratório de Culturas Construtivas – LCC:
pesquisa temática transversal acerca da reutilização de resíduos da construção civil.

O Laboratório de Culturas Construtivas – LCC elencou como centralidade de pesqui-


sa para o presente período a abordagem dos processos de reaproveitamento de materiais de
construção, seja com sua reciclagem direta ou reapropriação beneficiada.
Assim procedemos por perceber que a metrópole paulistana já dispõe de materiais de
construção suficiente para ser erguida, reerguida e reformada, o que diminui a necessidade de
“importação” de mais materiais de construção, extraídos do meio natural, tais como cimento,
ferro e madeira.
No sentido de organizar a pesquisa e buscar recursos, o laboratório elaborou um pro-
jeto para o Programa Unificado de Bolsas de Estudos para apoio e Formação de estudantes de
graduação – PUB USP 2018 / 2019, intitulado “Transformação de resíduos sólidos da cons-
trução civil”, sendo contemplado com duas bolsas, elencadas para as estudantes Bárbara Ca-
muce Santana e Lorena Guimarães Ávila Bernardes.
Nossa tarefa consiste em estudar o todo da cadeia produtiva dos resíduos da constru-
ção civil, e nela intervir, com a realização de ensaios práticos de produção de Blocos de Resí-
duo Comprimido – BRC.
Esta pesquisa “de base” com resíduos se relaciona de modo indireto com os “canteiros
escola” da presente pesquisa de pós-doutorado, pois é nestes ambientes que se pretende veri-
ficar sua “aplicabilidade” econômica e social - naturalmente após a realização de testes de
carga, durabilidade e a verificação de seu “desenho produtivo”.
De modo a estabelecer contato com uma das entidades que a mais tempo pesquisa o re-
aproveitamento de resíduos de materiais de construção, é que realizamos visita à ABCP –
Associação Brasileira de Cimento Portland, onde pudemos conhecer a técnica da “terra ensa-
cada estabilizada”3 (fotos a seguir), além do contato com sua biblioteca e pesquisadores.

3De certo modo o emprego da terra crua estabilizada pode ser considerado a aplicação de um “resíduo” da construção civil
urbana, pois por diversas vezes é tratada como algo a ser descartado, das etapas de fundação.
Sistema de contenção de terra, ou “muro de arrimo” para pontes de estradas vicinais, com a técnica da “terra
ensacada estabilizada”.

fotos do autor

No canteiro experimental demos início à série de ensaios para a produção dos variados
tipos de BRC, com os seguintes resíduos: sobras de exercícios de estudantes (alvenaria maci-
ça e furada assentada com argamassa de cimento, cal e areia), piso (argamassa de concreto)
recém extraído para reforma da entrada do Laboratório de Modelos e Ensaio - LAME, bem
como antigas peças de argamassa armada utilizadas como lajotas dos antigos caminhos da
universidade.

Piso da entrada do Laboratório de Modelos e Ensaios – LAME sendo retirado por obra da universidade, insumo
para verificação de seu possível reaproveitamento, por meio de ensaio de produção de BRC; moinho para tritu-
ração dos resíduos, com resíduo ao lado, no chão.

fotos arquivo de pesquisa LCC


Parede de alvenaria com tijolos maciços cozidos, erguida por estudantes de graduação antes de sua demolição -
foi utilizada como primeira amostra de pesquisa; Demolição da parede e colocação em latas de 18L, para verifi-
cação de peso e volume.

fotos arquivo de pesquisa LCC

Verificação do peso do resíduo de alvenaria de tijolos maciços, antes de sua trituração; trituração dos resíduos
em moinho.

fotos arquivo de pesquisa LCC

O próximo passo de pesquisa é a verificação da granulometria resultante da moagem


para definição das estratégias de ação: quais e quantas amostras produzir para se obter uma
base de dados suficiente para a realização de testes de carga que possam comprovar a hipóte-
se de sua reutilização como material de construção.

3. Elaboração do PPP do Curso de "Arquitetura com construtores"

Atividade sofreu alterações em comparação ao plano inicial de pesquisa pois o curso de


“Arquitetura com construtores” planejado, por meio dos “canteiros escola”, foi incorporado
no pretendido programa de residência profissional em arquitetura e urbanismo de interesse
social.
Importante “ocorrência” que contribuiu para a ampliação da pesquisa foi o convite a
participação do processo público de elaboração do Edital de Fomento de ATHIS pelo Conse-
lho de Arquitetura e Urbanismo – CAU SP, em maio de 2018.
Nas diversas reuniões no CAU os conselheiros da entidade apresentaram a questão da
“responsabilidade social” da universidade pública na formação de profissionais que tivessem
conhecimentos para responder a crise habitacional que se vive, e que deveriam contribuir
com a implementação da lei de assistência técnica de interesse social criada em 2008.
Nesse sentido é que busquei junto de professores da FAU USP e da Assessoria Técni-
ca Usina a elaboração de uma proposta para o edital, através da FUSP, que pudesse ser uma
espécie de protótipo de residência nessa área, em parceria com o Prof. Caio Santo Amore,
integrante da assessoria técnica Peabiru. Devido a questões de cunho pessoal não tive energia
para elaborar tal proposta, mas felizmente pude acompanhar as ações do já professor, na ela-
boração de uma proposta semelhante, um Curso de Prática Profissional em ATHIS, que será
ministrado em janeiro de 2019 em conjunto com outros professores da faculdade: Profa. Ma-
ria Lucia Refinetti Martins e Karina Oliveira Leitão.
Fui convidado pelos professores a compor o quadro docente do curso, voltado para 25
profissionais recém-formados.
Essa experiência, de debate com o CAU e professores é que deu embasamento e sen-
tido a elaboração do projeto de pesquisa apresentado à FAU USP, PNPD CAPES, qual fui
contemplado.
Outra “ocorrência” que ampliou a possibilidade pedagógica foi o encontro, também
de uma experiência de residência profissional, mas com menos educandos e mais focado em
um único projeto, como tomei conhecimento na divulgação da experiência francesa a seguir,
voltada apenas para dois residentes:
Esse exemplo Frances difere da experiência da UFBA, até o momento, a prática naci-
onal de residência profissional em arquitetura e urbanismo mais bem acabada, e que será ob-
jeto de estudo na continuidade da pesquisa.
4. Busca de educadores para os cursos de Canteiro - Escola

Os futuros cursos de canteiro escola inseridos em processos de residência profissional


necessitarão de educadores construtores. Como meio para seu melhor conhecimento, é que
lancei mão da estratégia de realizar um trabalho conjunto de dois profissionais, os mestres de
obras José Silva do Nascimento e José Eridan da Silva Souza, para a edificação de uma pe-
quena casa de apoio aos funcionários da Creche Central da USP, com técnicas alternativas de
construção: taipa de mão, bambu e sapé.
A experiência indicou que os profissionais têm condições de contribuir com possíveis
futuros trabalhos comuns de canteiro escola, até por terem (apenas José Silva) já trabalhado
no próprio canteiro experimental da FAU USP como técnico instrutor. A novidade foi viven-
ciar sua experiência de construção com terra crua, junto das crianças do espaço, em interes-
sante proposta pedagógica.
Oficinas e mutirões foram realizados com as crianças, mães, pais, funcionários e edu-
cadores, com a coordenação de José Nascimento.

Desenhos elaborados pelo autor junto de José e Eridan, como síntese dos debates para a construção da casa –
espaço de estar dos funcionários, que todo ano terá sua parte exposta de taipa de mão refeita pelas crianças, pois
são feitas de barro argiloso puro, sem fibras, estabilizantes ou revestimentos;

Fotos do autor

Projeto elaborado pela arquiteta Lucia de Almeida Siqueira e Isadora Guerreiro em diálogo com educadores da
Creche Central da USP.

Desenho pela arquiteta Luciana de Almeida Siqueira


Eridan e José trabalhando nos gabaritos da casa; peças de eucalipto roliço para estrutura da casa.

Fotos do autor

José amarrando bambus de trama para a parede de taipa de mão, e ensinando educadora a realizar o trabalho,
para ele "ancestral", pois aprendera com seu pai.

foto do autor e da arquiteta Luciana Siqueira


Criança educanda da Creche barreando com terra doada pelo Canteiro experimental da FAU.

fotos arquiteta Luciana Siqueira

Ramiro, educador da creche e criança barreando; aspecto final da parede barreada nos mutirões.

fotos da arquiteta Luciana.

5. Organização e planejamento dos cursos de Canteiro – Escola

As atividades de canteiro escola, espaço pedagógico para as atividades de formação de


“arquitetura com construtores”, necessitam de exercícios prévios com as comunidades e pos-
síveis construtores – educadores, antes de serem lançados. Esse método foi vivenciado nos
ensaios da pesquisa de doutorado que realizei, quais nos permitiu ter alguma precisão acerca
das etapas e condicionantes necessárias – de método – para que possa ser criado um “ambien-
te pedagógico” suficientemente frutífero.
Nesse sentido as atividades de pesquisa que apresentarei a seguir são diálogos prévios
aos “canteiros escola”, onde vê-se já alguns estudos de demandas por edificações, bem como
já algumas obras, necessárias para o processo de integração.
Os estudos de edificações aqui apresentadas deverão ser construídas no tempo de conti-
nuidade da pesquisa, possivelmente a serem inseridas nos futuros cursos de “Residência em
Arquitetura e Urbanismo de Interesse Social”.

a) Comunidades do entorno do Instituto das Cidades / UNIFESP – Campus Zona


Leste

No projeto de pesquisa apresentado em fevereiro de 2018 à comissão de pesquisa da


FAU USP, havia o plano de contribuição com a edificação de uma praça localizada nas ime-
diações do novo campus. Mas a partir de reuniões realizadas com a coordenação da Associa-
ção de moradores do Jd. Helián, verificou-se que as atividades de obras seriam realizadas
após a realização de um curso de extensão universitária "Saneamento Ambiental na Bacia do
Rio Jacú", realizado ao longo do ano de 2018. Ou seja, seriam resultado de um processo for-
mativo mais amplo.

Reunião na sede da Associação, com a participação de militantes da comunidade, professores do IC UNIFESP e


pesquisadores da FAU USP.

Fotos do autor

As articulações acadêmicas onde nossas atividades se inserem se dão no âmbito do


convenio de cooperação técnica entre o IC da UNIFESP e a FAU USP, firmado em 2014. O
convênio se deu pelo fato de que dentro em breve deverá ser implementado um novo curso de
arquitetura e urbanismo no IC. Trata-se, portanto, de um convênio que busca dar apoio a sua
implementação. Nesse sentido, é que professores recém concursados para o Instituto, nos
convidaram a buscar realizar o programa de residência profissional em parceria com o IC,
assim como o Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP de São Carlos.

Reunião na sede do Laboratório de Culturas Construtivas – LCC, no Canteiro Experimental da FAU USP, para
integração de professores do IC e da FAU e seus fins de trabalho comum; entrada do novo campus do IC, na
zona leste de São Paulo.

Fotos do autor
Como vimos, uma das primeiras atividades do IC foi o oferecimento de um curso de
extensão universitária que tratou de questões amplas, do campo do direito à cidade. O plane-
jamento do Instituto é que os próximos módulos tenham alguma aderência no território a pon-
to de identificar possíveis intervenções de projeto e conseqüente obras em comunidades pró-
ximas, espaço para possível ação experimental da futura residência em debate.

Mural com registro dos debates do referido curso de extensão, afixados nos IC.

Fotos do autor

Tenho participado de reuniões quinzenais com os professores do Instituto para debate


sobre o Plano Político Pedagógico dessas atividades comuns, principalmente a da "residência
em arquitetura e urbanismo", bem como contribuído com a implantação de um Canteiro Ex-
perimental naquele campus, tendo como pano de fundo os processos de aproveitamento de
resíduos da construção civil - atual pesquisa do LCC.

b) Conjunto de edificações da “Escola de Agroecologia” do Acampamento Rural


Irmã Alberta – Chácara Maria Trindade, Perús, Zona Norte, município de São
Paulo.

O acampamento “Irmã Alberta” é formado por 60 famílias, que em 2002 ocuparam o


espaço rural sem uso, interno ao município de São Paulo, pertencente à Sabesp, e lá permane-
cem com sua anuência, no aguardo de sua consolidação como assentamento rural formal,
pelo ITESP - Instituto de Terras do Estado de São Paulo.
A coletividade de moradores, a partir do entendimento de que o espaço de moradia e
produção das famílias tem potencialidade de ser um espaço de aprendizado, de formação, no
campo da Agroecologia resolveram lá edificar uma Escola de Agroecologia, com espaços
coletivos de produção, de ensino infantil e das artes.
Segundo o convite a mim feito pela comunidade, de contribuição com as atividades de
projeto e obra desses espaços, compreendeu-se que ali poder-se-ia se realizar por meio de
"canteiros escola", em suas variadas fases.
A primeira delas, de aproximação do pesquisador, foi de concepção de um “espaço tea-
tral”, que teve início com a construção de um edifício organizado pela “Companhia Antropo-
fágica de Teatro” com recursos da Lei Municipal de Fomento ao Teatro.
Contribuí com a elaboração de estudos preliminares de implantação do conjunto das ar-
tes com a participação de dois arquitetos recém-formados, Vitor Presser e Antônio Junqueira,
nos meses de maio e junho de 2018.

Croquis esquemáticos do conjunto das artes teatrais: planta e perspectiva livres.

Desenhos do autor

Corte da praça das artes teatrais e detalhe em perspectiva do galpão do teatro.

Desenhos do autor

Para sua criação foram realizadas reuniões de debate sobre o projeto do conjunto arqui-
tetônico, com integrantes da companhia teatral Antropofágica com apoio de José Carlos Mo-
reira, da Cia de Teatro Engenho Teatral, como se vê:

Reuniões de debate sobre os projetos, com Luiz Carlos Moreira, diretor do Engenho Teatral e integrantes da
Cia. Antropofágica de Teatro.

Fotos do autor
Plantas do espaço das artes teatrais, em duas versões, para debate com o coletivo teatral.

Desenhos de Vitor Presser, em Autocad.

A construção do conjunto das artes teatrais teve início com a "casa de apoio", onde es-
tão os banheiros para o público, moradia de apoio, depósito, camarins e palco musical, locali-
zada ao lado do grande teatro, na praça. A seguir vê-se um croqui da primeira edificação.

Croquis da primeira edificação de apoio ao teatro; detalhes das listas de material para a obra do espaço.

Croquis e lista elaborados pelo autor

Ao longo do processo de projeto e obra, como já mencionado, as atividades tiveram a


participação de dois arquitetos recém-formados. A relação estabelecida entre o pesquisador e
eles foi de orientação e colaboração, similares - como ensaios - de processos pedagógicos da
residência profissional, mas ainda informal e sem apoio de bolsas de estudos.

Modelos tridimensionais para debate com a comunidade acerca do acesso ao segundo piso e as lajes do segundo
pavimento.

Imagens perspectivas de modelos tridimensionais elaboradas pelo arquiteto Antônio Junqueira.


Planta do pavimento térreo da edificação de apoio: detalhes das áreas molhadas e de atendimento do público.

Desenho elaborado pelo arquiteto Antônio Junqueira

A imagem a seguir registra um dos debates realizados acerca das técnicas construtivas a
serem empregadas nas obras, com o mestre de obras “Mineirinho”, conhecedor de técnicas
alternativas de construção, aqui denominadas de “técnicas agroecológicas”. Esta primeira
experiência construtiva demonstrou que ele poderá ser um dos mestres de ofícios a ministrar
as atividades de “canteiro escola” programadas para a continuidade da pesquisa. Ainda assim,
esta primeira edificação, dada a exígua dedicação do pesquisador e dos "residentes", foi er-
guida com as técnicas que o construtor tinha mais facilidade, e condições de trabalho com a
equipe disponível.

Reunião de projeto com integrantes da Cia. Teatral e o mestre de obras "Mineirinho".

foto do autor

A obra da edificação de apoio teve início em julho de 2018 e avançou até meados de
outubro, conforme vê-se nas imagens a seguir, com as técnicas já conhecidas pelo mestre de
obras "Mineirinho": estrutura de concreto armado moldado in loco e vedação de alvenaria
com tijolos cerâmicas de oito furos.
escavação das fundações - onde vê-se a vala que será ocupada pelas vigas baldrames e coluna metálica já engas-
tada no bloco de fundação sobre broca; concretagem do contrapiso térreo.

Fotos do autor

Obrada casa de apoio em fase de elevação de alvenaria do pavimento superior, depois já em fase de concreta-
gem da laje superior.

Fotos do autor

O espaço, ainda com a edificação de apoio em obras, foi inaugurado no "Festival Teatro
de Monhangokaracy", realizado em outubro de 2018, com a participação de sete coletivos
teatrais:
apresentação teatral do grupo "Mamulengo da Folia" na ocasião do "festival" - com a edificação de apoio ao
fundo, em obras.

Foto do autor
O segundo espaço da "Escola de Agroecologia" a ser trabalhado pela presente pesquisa
foi da Ciranda Infantil Agroecológica – a ser construída no mesmo espaço rural, do acampa-
mento Irmã Alberta, mas localizado em seu extremo sul, no chamado “núcleo quatro”.
No exato momento encontra-se em fase de debate a configuração do espaço educacio-
nal voltado para crianças de 3 a 6 anos, juntamente do grupo de extensão universitária orga-
nizado por estudantes de graduação da FAU USP, denominado “GAIA” – Grupo de Apoio ao
Irmã Alberta, orientado pela Profª Drª Catharina Pinheiro C. S. Lima e apoiados com quatro
bolsas de graduação do Programa Unificado de Bolsas da USP – PUB USP, projeto intitulado
"Território da Autonomia: paisagem, acesso à terra e participação social".
A proposta em consolidação é de que este espaço deverá ser construído por meio de um
"canteiro escola", com a inserção de dois residentes em "arquitetura de interesse social".
A seguir apresentamos imagens de reuniões de debate acerca da edificação, realizadas
em setembro e outubro de 2018, na denominada “área social” do acampamento, com inte-
grantes da comunidade e estudantes de graduação da FAU USP.

vista externa e externa da varanda da "área social", onde sevê reuniões de debate de projeto de arquitetura.

Fotos do autor

Visitas do terreno onde será erguida a futura "ciranda"

Fotos do autor

Nas proximidades da localização da futura ciranda infantil há uma praça, erguida em


parceria com estudantes da FAU, já em 2017. A propósito, as parcerias de professores e estu-
dantes da FAU USP com a comunidade se dão desde a ocupação do espaço, em 2002, tendo
sido feitos os planos de ocupação dos lotes, dos espaços coletivos, da circulação, das áreas de
preservação e produção, bem como de edificações outras, também com técnicas alternativas
de construção.
Praça erguida pela parceria de estudantes e trabalhadores rurais

foto do autor

Os primeiros estudos, para composição de um pedido de verbas - patrocínio - para sua


edificação, com custos, métodos gerais de projeto, obra e cronograma foi elaborado pelo co-
letivo de estudantes com minha contribuição. A seguir vê-se estudo de cobertura da edifica-
ção - circular - com alvenaria autoportante, do tipo “Abóbada Núbia”.

Croquis de esquema estrutural para a cobertura de alvenaria

Croquis elaborado pelo autor


Outra alternativa também em debate é uma cobertura de vigas recíprocas, de madeira:

Desenhos e modelos elaborados pelo coletivo de estudantes

Os recursos para as obras virão de doações de entidades de apoio que já contribuíram


anteriormente com a comunidade. A obra se dará por meio de um "curso de canteiro escola"
segundo o cronograma a seguir, com início previsto para o segundo semestre de 2019, com a
contribuição pedagógica da entidade de educação profissional "Centro de Estudos, Educação
e Pesquisa - CEEP", e de professores da FE USP, como pode-se ver:

Foi também elaborado um primeiro ensaio de custos para a o curso - obra, com a pre-
sença de dois "residentes em arquitetura", integrados ao corpo de profissionais, remunerados
por "bolsas de estudos", conforme se segue.
Vê-se também a seguir estimativa de custos dos materiais de construção.
c) Escola Municipal de Construção Civil de Taboão da Serra

Como vimos na retomada do projeto de pesquisa ao início do presente relatório, havia


interesse de se verificar a possibilidade de contribuição com atividades de canteiro escola em
Taboão da Serra, junto da Escola Municipal de Construção Civil de Taboão da Serra, dirigida
pelo Arquiteto Eduardo Jorge Canella, e da Secretaria Municipal de Habitação, através do
projeto de extensão universitária “pedagogia da construção”, orientado pelo Prof. Dr. Caio
Santo Amore de Carvalho, do Departamento de Tecnologia da Arquitetura da FAU.
Infelizmente, diante das negativas da secretaria de habitação do município tal ação não
obteve avanços. No exato momento, o arquiteto responsável pela escola está se mobilizando
para verificar outras possíveis edificações de serem construídas, sem a participação da referi-
da secretaria.

d) Nova possibilidade de “canteiro escola” na Escola Nacional Florestan Fernan-


des - Guararema / SP

Após contribuições outras do pesquisador em obras na referida escola, com ensaios


construtivos e pedagógicos nas pesquisas de mestrado e doutorado, é que fui convidado a
contribuir com a co-orientação de um projeto de extensão universitária denominado: "Cons-
trução do Memorial - Praça Dr. Sócrates Brasileiro: Canteiro-Escola na formação de traba-
lhadores da construção civil na Escola Nacional Florestan Fernandes, Guararema-SP", com
orientação da Profa. Dra. Karina Oliveira Leitão, do Laboratório de Habitação e Assentamen-
tos Humanos da FAU.
A contribuição por mim realizada se deu no âmbito do detalhamento das edificações e
espaços pretendidos, bem como sua orçamentação e concepção pedagógica do requerido
"canteiro escola".
A seguir, alguns croquis ilustrativos dos trabalhos realizados junto dos estudantes:

ilustração do debate sobre a fundação a ser empregada para apoio da estrutura geodésica pretendida.

croquis elaborado pelo autor

estudo de escada hidráulica tipo "jardim de chuvas" para drenagem do talude abaixo do local do futuro memori-
al; detalhe do pergolado em madeira - estudo para debate de projeto.

croquis elaborado pelo autor

A seguir, modelos digitais do projeto produzidos pelo coletivo de estudantes, como


ilustração do que se pretende como objeto construtivo do canteiro escola.
vista do interior do campo de futebol já existente; vista aérea diagonal, com árvores no espaço frontal do memo-
rial - estrutura geodésica.

modelos produzidos pelos estudantes de graduação

vista interna da geodésica do memorial; vista aérea diagonal do memorial com pergolados de madeira.

modelos produzidos pelos estudantes de graduação

Os produtos aqui apresentados de forma resumida compõe o requerimento de recursos


para entidades já apoiadoras da escola. Nesse sentido, o cronograma para sua execução
depende de recursos. A data prevista para o lançamento de uma campanha é maio de 2019.
Ou seja, o cronograma de obras, que pretende se realizar em dois meses, deverá se dar no
segundo semestre de 2019:
Os custos gerais de obra também foram estimados. Produtos técnicos estes que
contaram com a contribuição direta do pesquisador:

e) Tentativa - frustrada - de Canteiro Escola para a reforma e edificação das mo-


radias do Assentamento Dom Pedro Casaldáliga, Cajamar / SP.

Desde 2011, a partir de um convite das famílias do assentamento “Dom Pedro Casaldá-
liga” a um grupo de estudantes da FAU USP, o GCA – Grupo de Construção Agroecológica,
para elaboração dos projetos de reforma, ampliação e casa nova de 28 moradias, venho con-
tribuindo para que esta demanda seja atendida pelos órgãos e fundos do Estado.
Durante dois anos, estudantes de graduação, com orientação do Prof. Caio Santo Amore
e do Arquiteto William Itokazu, realizaram os projetos de reforma, e deram entrada na Caixa
Econômica Federal, para sua inserção no Programa Nacional de Habitação Rural – PNHR.
Diante das mudanças de conjuntura política nacional, o referido programa foi interrom-
pido, mas teve período de breve abertura para novas inscrições, em junho de 2018.
Neste momento, dediquei, como atividade da presente pesquisa a realizar a contratação
das referidas unidades habitacionais, em diversas reuniões no espaço rural e na agência da
CEF em Jundiaí.
Mas, como já sugerido, as contratações não se realizaram, devido a exigências burocrá-
ticas excessivas do agente financeiro, que acabaram por excluir a entidade - cooperativa - dos
assentados, do pleito, qual tinham direito.
Esta seria uma interessante contribuição dos canteiros escola, em forma de "residência
profissional", mas que na atual conjuntura não se pôde realizar.

6. Intercambio cultural com Les Grands Ateliers - França.

Conforme consta no projeto de pesquisa, um dos objetivos visa aprofundar o ideário


acerca do tema, principalmente a partir de experiências francesas, como a edificação do bair-
ro de Isle da Abeaux, pelo Cratérre, e o Les Grands Ateliers.
Nesse sentido, está previsto como atividade do convênio da FAU USP com o IC da
Unifesp, a realização de um seminário no segundo semestre de 2019 com a presença do LGA
para formatação do Plano Político Pedagógico do canteiro experimental do Instituto, espaço
para realização de atividades de "residência profissional", em parceria da FAU USP.
Possivelmente, agora com o apoio financeiro do PNPD, será possível realizar uma visi-
ta técnica ao espaço, a fim de organizar a vinda de pesquisadores a FAU, IAU USP e UNI-
FESP.

7. Participação em encontros acadêmicos

a) II Encontro dos Pós Doutorandos da USP - outubro de 2018

Como a presente pesquisa ainda não possuía algo acabado para ser apresentado no re-
ferido encontro, resolvi resumir um “achado” inserido ao final da tese apresentada ao IAU
USP em dezembro de 2017, mas que no momento não tive tempo de organizar. Trata-se de
um breve texto (em elaboração, qual tratamos a seguir) que consolida a idéia de que - grosso
modo - "há arquitetura" nas obras edificadas nas periferias das metrópoles, e de que essas
construções são feitas por "arquitetos" do tipo popular, mas ainda sim, arquitetos. E que não
nos cabe o direito de afirmar que apenas por não terem cursado faculdades formais de organi-
zação do conhecimento, não possam e não devam ser considerados também, arquitetos.

Pôster em apresentação apresentado no encontro

Foto do autor

Na página seguinte, vê-se o poster apresentado no encontro:


b) VI Seminário Nacional de Assistência Técnica em Habitação de Interesse So-
cial - ATHIS / novembro de 2018, Florianópolis

Participei do seminário como ouvinte, de modo a poder conferir a pertinência do tema


elencado para o projeto de continuidade da presente pesquisa. As apresentações corroboraram
para concluir mais uma vez que a estratégia de pesquisa é correta, devido a premência de co-
nhecimento novo sobre o tema da residência, como método de avanço para aplicação da lei
federal de ATHIS. As intenções de pesquisa foram de modo livre apresentadas aos partici-
pantes e tive resposta concreta e incentivos a sua realização, pelos pares profissionais, estu-
dantes e comunidades envolvidas.

8. Artigos em elaboração

Encontram-se em elaboração três artigos, um deles intitulado "O Desenho no Cantei-


ro: o projeto de arquitetura elaborado por construtores", junto do estudante de graduação
em história Gabriel Lopes Coelho, que aprofunda os debates apresentados no pôster acima
publicado. Prevê-se sua conclusão para abril de 2019.
O segundo, também está em elaboração em parceria com professores do IAU USP:
Prof. Dr. João Marcos de Almeida Lopes, Thiago Ferreira Lopes e Akemi Ino, acerca dos "Os
Canteiro Escola e o ensino da arquitetura". Nas atividades de doutorado, trabalhamos em
conjunto na criação de condução dessas atividades, que agora na fase de pós-doutorado,
complexificam-se com a inserção da "residência em arquitetura e urbanismo". Prevê-se sua
conclusão em junho de 2019.
O terceiro encontra-se também em elaboração, com o Prof. Dr. Reginaldo Ronconi e
as estudantes de graduação em arquitetura Bárbara e Lorena, acerca da pesquisa de resíduos
de construção civil e seu reaproveitamento, com data para conclusão em agosto de 2019.
9. Projeto de pesquisa aprovado pela FAU USP - PNPD - CAPES

Projeto de Pesquisa para Bolsa de Pós-Doutorado


Programa Nacional de Pós-Doutorado - PNPD / CAPES 2018

“Residência profissional de arquitetura e urbanismo em habitação social:


abordagem a partir de canteiros experimentais com baixo impacto ambien-
tal”
candidato à bolsa: Arq. Dr. Francisco Toledo Barros Diederichsen

RESUMO
O presente projeto de pesquisa de pós-doutorado pretende aprofundar e ampliar o debate crí-
tico sobre experiências pedagógicas alternativas que buscam diminuir a distância entre a for-
mação universitária de arquitetos e urbanistas e sua prática profissional. Dentre as recentes
experiências de aprendizado identificadas, destacam-se as residências profissionais e os pro-
jetos de extensão universitária - espaços privilegiados de vivência do diálogo entre professo-
res, pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação com construtores, comunidades
organizadas e órgãos públicos para a realização de projetos e obras de habitações de interesse
social com baixo impacto ambiental. Tais experiências formativas indicam possibilidades de
consolidação e aprofundamento do conhecimento técnico aliado a vivência de trabalhos soci-
oambientais. Realizadas no Brasil e em outros países, são alternativas de aprendizado que
carecem de sistematização e debates sobre seus resultados. A pesquisa pretende se aprofundar
no registro e crítica das experiências realizadas e em realização à luz da bibliografia, para
publicização e debate dos resultados em seminário nacional. Seu objetivo último é contribuir
com a formulação de um programa de Residência Profissional de Arquitetura e Urbanismo
em Habitação de Interesse Social na FAU USP.

palavras chave: ensino de arquitetura e urbanismo; residência profissional em arquitetura e


urbanismo; habitação de interesse social; canteiro experimental; construção
com baixo impacto ambiental.
1) Introdução e justificativa da relevância do tema:

O título da presente pesquisa apresenta o tema e o objetivo com que se pretende aqui tra-
balhar: contribuir para a criação de um programa de residência profissional de arquitetura e
urbanismo em habitação social, que se realize a partir de canteiros experimentais com baixo
impacto ambiental. A hipótese a ser verificada é a necessidade e consequente possibilidade da
construção coletiva de um programa de residência com tal tema e pressupostos de método.
Para tanto, a tarefa inicial que se coloca é a realização de uma análise crítica acerca das re-
centes experiências pedagógicas aplicadas na formação de arquitetos e urbanistas voltadas
para o campo da habitação social. É notória a existência de experiências que trilham nesse
sentido, dentre elas, destacam-se as residências profissionais4 e os projetos de extensão uni-
versitária5, com apoio de canteiros experimentais6 e geração de inovações tecnológicas de
baixo impacto ambiental.
Ao que parece, seus resultados são qualitativamente importantes e inovadores, mas quanti-
tativamente insuficientes diante do objetivo de impactar os rumos da profissão e, por conse-
quência, o suprimento das necessidades sociais7 por habitação, a qualificação do trabalho nos
canteiros de obras e diminuição do impacto ambiental. Partindo-se de sua relevância social,
tais experiências deveriam ser melhor conhecidas para serem ampliadas. Quantas são? Como
são implementadas? Qual seu impacto? Atualmente não há meios para responder a estas
questões, na ausência de um banco de dados nacional que organize e reúna tais experiências,
permitindo leitura mais global e elementos para o avanço e a criação de alternativas.
Indício da atualidade e importância do tema vê-se no título do último encontro nacional da
Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura - ABEA: “Ensino e Aprendizagem presencial
e o Papel Social do Arquiteto e Urbanista”. O foco era a crítica do ensino à distância, tendo
como contraponto o ensino presencial e práticas pedagógicas inovadoras como os canteiros

4 À luz da formação de profissionais da área de medicina, que dispõe da etapa formativa da “residência profissi-
onal” em hospitais universitários, a residência profissional em arquitetura e urbanismo - ainda uma inovação
pedagógica do campo – indica ser importante espaço para a aproximação da formação acadêmica às práticas
profissionais. A primeira experiência nesse sentido é a da UFBA (GORDILHO-SOUZA).
5 Prática de aprendizado disseminada pelas escolas de arquitetura e urbanismo do país, que buscam aproximar

a formação acadêmica a ações aplicadas, principalmente em diálogo com “demandas sociais”. Atualmente, a
Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura – FENEA, dispõe de registros amplos sobre esses projetos,
organizados anualmente no Seminário Nacional de Escritórios Modelos e Laboratórios de Arquitetura – SENE-
MAU.
6Entende-se por canteiros experimentais espaços internos às faculdades de arquitetura que permitem a projeta-

ção e a construção experimental de elementos arquitetônicos. Sua apropriação pedagógica se dá principalmente


nas disciplinas do curso de graduação (RONCONI). Outra forma de sua apropriação é de apoio a projetos de
extensão universitária, onde são realizados experimentos antes de serem aplicados em edificações com função
social.
7 O déficit habitacional nacional estimado em 2015 era de 6,355 milhões de moradias (FJP, 2018).
experimentais e a elaboração de trabalhos no campo da assistência técnica8 para a habitação
de interesse social – ATHIS:
“(...) no caso da arquitetura e urbanismo, ocorrem em ateliers, laboratórios, canteiros experimentais e
outros espaços vivenciais em que a relação professor-aluno e alunos-alunos se fazem necessárias, cujos
espaços e respectivas atividades já estão previstos nas Diretrizes Curriculares devendo, portanto, serem
observados por TODOS os cursos de graduação. Espaços e atividades presenciais que demandam a in-
corporação de práticas pedagógicas inovativas que, somadas às tradicionais, introduzem as plataformas e
instrumentos digitais hoje disponíveis. (...) O ensino da Arquitetura e Urbanismo deve propiciar o equilí-
brio entre teoria e prática através de um currículo concebido com base no princípio de convergência entre
as situações em sala de aula com as práticas profissionais e extensão universitária, como a assistência
técnica. O princípio desta formação tem como ponto de partida a visão da arquitetura e urbanismo no
campo da interdisciplinaridade dos conteúdos, um de seus aspectos fundamentais. Procura-se praticar a
“aula fora da sala de aula” onde atividades do ensino e prática profissional se fazem atuando-se junto à
comunidade de forma a introduzir os alunos na realidade local, interagindo com os problemas cotidianos
de atuação do futuro arquiteto e urbanista” (texto apresentação XXXVI ENSEA,
http://www.abea.org.br).

A ATHIS, aparece em 2001 - Estatuto das Cidades - como integrante de políticas públicas
nacionais. A primeira experiência9 de ATHIS como política pública ocorreu em 1977, pelo
Sindicato dos Arquitetos do Rio Grande do Sul. Desde então, centenas de experiências pon-
tuais foram realizadas pelo país10. No Estatuto, ela consta como instrumento da política urba-
na (artigo quarto, inciso “r”), como um dos institutos jurídicos e políticos: assistência técnica
e jurídica gratuita para as comunidades e grupos sociais menos favorecidos. (Lei no. 10.257
/2001). Em 2008 a política de ATHIS ganhou lei nacional específica, onde já consta a resi-
dência acadêmica como um dos meios para sua implementação, por meio de parcerias e con-
vênios:
“Art. 4o Os serviços de assistência técnica objeto de convênio ou termo de parceria com União, Esta-
do, Distrito Federal ou Município devem ser prestados por profissionais das áreas de arquitetura, urba-
nismo e engenharia que atuem como:
(...) III - profissionais inscritos em programas de residência acadêmica em arquitetura, urbanismo ou
engenharia ou em programas de extensão universitária, por meio de escritórios-modelos ou escritórios
públicos com atuação na área.
(...) Art. 5o: Com o objetivo de capacitar os profissionais e a comunidade usuária para a prestação dos
serviços de assistência técnica previstos por esta Lei, podem ser firmados convênios ou termos de parce-
ria entre o ente público responsável e as entidades promotoras de programas de capacitação profissional,
residência ou extensão universitária nas áreas de arquitetura, urbanismo ou engenharia”. (Lei
no.11.888/88).

8 Utilizaremos aqui o termo "assistência" técnica pois é o utilizado pela legislação nacional. Temos de mencionar
que o termo correto seria "assessoria" técnica. O uso de "assistência" técnica dá margem ao entendimento de
uma ação assistencial e assistencialista por parte do estado, diante de famílias desprovidas de condições de
trabalhar a produção de suas moradias. O que felizmente não é verdade. A experiência indica que as pessoas
sem moradia precisam apenas de assessoria técnica para acesso às políticas públicas de HIS.
9 Programa de Assistência Técnica e Moradia Econômica – ATME.
10 A origem da realização da assessoria técnica é recontada por RONCONI, em dissertação de mestrado acer-
ca do programa municipal FUNAPS comunitário, programa público qual contribuiu, como coordenador, na ges-
tão municipal de São Paulo de 1989 a 1992. Segundo RONCONI as mais de 20 assessorias técnicas à época
criadas tiveram elas mesmas de ser o espaço de formação para esse novo “saber fazer”, que foi inicialmente
maturado internamente às faculdades de arquitetura, como a Faculdade Belas Artes, com Laboratório de Habi-
tação, em 1982 (RONCONI, 1995, pág.95). O SASP em 1987 organiza o primeiro encontro de assessorias téc-
nicas. No âmbito das políticas estaduais a CDHU tem realizado também ações neste sentido junto aos progra-
mas de mutirão autogerido.
Desde sua promulgação em 2008, apenas a UFBA implementou a ATHIS por meio da re-
sidência, um curso de pós-graduação lato sensu iniciado em 2013. A experiência se encontra
na 3a. edição e é exemplar para todo o país. Seus desdobramentos são claros se observados os
convênios que a UFBA firmou com a UFPB e a UNB, para também realizarem experiências
similares. A experiência foi documentada e publicizada em artigos e apresentações em even-
tos com o tema da ATHIS ou o ensino de arquitetura, pois não há ainda um espaço de debate
específico sobre residência em arquitetura e urbanismo.
Na apresentação no II Seminário de ATHIS promovido pelo CAU em 2016, Gordilho-
Souza, professora coordenadora da residência da UFBA, relata que o curso tem duração de
14 meses, conta com 54 professores, possui carga horária média de 1200 horas e abrange,
além do curso de capacitação teórica, trabalho de campo para a assistência técnica e elabora-
ção de projetos, promovendo aprimoramento da formação profissional ao mesmo tempo em
que amplia o acesso a recursos públicos para a habitação de interesse social. A mesma autora,
em texto anterior, havia mencionado a necessidade de debate entre as experiências nacionais
de modo conjunto para o fomento de uma rede interativa de referências:
“Nesse novo contexto, outras experiências similares começam a despontar em faculdades de arquite-
tura e urbanismo no Brasil, fazendo-se necessário discutir conjuntamente as possibilidades que se fir-
mam nesse sentido. A sessão temática ora proposta tem como objetivo principal promover o diálogo en-
tre instituições universitárias com trajetórias de atuação nessa área, na perspectiva de fortalecer a troca de
experiências e fomentar uma rede interativa de referências. Visa também, com base nas experiências em
curso de implementação de residências profissionais na pós-graduação da área, fortalecer a inserção des-
sa especialização e áreas afins, contribuindo assim para potencializar capacitação, projetos e inovação,
com ênfase na melhoria do ambiente construído, buscando-se uma maior escala de atuação nessa área,
tão demandante de profissionais”. (GORDILHO-SOUZA, 2015).

Desse modo, a autora retoma a problemática inicial de pesquisa: contribuição com a ne-
cessária “discussão conjunta” nacional, para sua melhor qualificação, com o devido rigor
científico e crítico. Há diversas questões a serem debatidas e avaliadas nessas experiências.
Por exemplo, nos produtos da residência da UFBA, vê-se a qualidade dos projetos das mora-
dias e dos processos para sua elaboração. Mas quais e quantos foram edificados? Por que as
atividades de construção não fazem parte do curso? Como compatibilizar com o tempo da
construção? Segundo a professora, os produtos dos cursos são “projetos multidisciplinares
com potencial de execução” para contratação de projetos executivos e obras. Mas, se a resi-
dência em arquitetura se espelha nas residências médicas, ela não deveria também executar o
projeto das edificações? Não construir os projetos seria como apenas deliberar entre os resi-
dentes de medicina e seus professores o que fazer com o paciente, e não realizar a cirurgia,
momento que completa a vivência pedagógica.
A partir dessa perspectiva é importante debater meios de inserir nos cursos as atividades
de canteiro. Em dissertação, Fernando Minto, quando pesquisador do Laboratório de Cultu-
ras Construtivas / Canteiro Experimental da FAU USP, grupo onde a pesquisa se insere,
avança no entendimento da questão:
“O arquiteto tem de exercitar o raciocínio a fim de “prever” surpresas. Tem que desenvolver habili-
dades para conhecer a realidade das construções e ter liberdade ao projetar. Para que ele conheça com
propriedade as contingências inerentes à função de uma dada arquitetura, basta exercitar o projeto, basta
conhecer a sociedade com a qual está trabalhando e quais os desejos e as demandas daqueles que vão
usar tal educação. Mas para conhecer a fundo as possíveis surpresas decorrentes da concreção, tem de
praticar a construção propriamente dita.
Para que o arquiteto, sujeito da ação criativa do projeto, esteja pronto para as devidas “tomadas de
decisão” no projeto, ele deve percorrer um caminho muito bem trabalhado de maturação e de labor na
sua formação. Este caminho deve levá-lo a um estado de emancipação e equipá-lo com intuição suficien-
te para que suas obras respondam, com sucesso, a tais solicitações”. (MINTO, 2009, pág. 11).

Devido à relevância pedagógica da residência, há debates em curso, inclusive, sobre sua


obrigatoriedade nos cursos de arquitetura e urbanismo, assim como nos cursos de medicina,
constituindo um programa nacional. Se observarmos as “Diretrizes Curriculares Nacionais
para o curso de Arquitetura e Urbanismo” vigentes (2010), dentre as atribuições e conheci-
mentos necessários há menção a direitos sociais, como a habitação e a necessidade de redu-
ção do impacto ambiental para a produção do espaço, mas nada acerca da ATHIS. Sobre a
residência, ou canteiros experimentais, também não há referência.
O IAB e a FNA também vêm contribuindo com políticas de formação em ATHIS. Em
2009 o IAB publicou o “Manual para a Implantação da Assistência Técnica Pública e Gratui-
ta a Famílias de Baixa Renda para Projeto e Construção de HIS”, que menciona haver 7.000
egressos por ano nos cursos de todo o país, e que poderiam atuar com a ATHIS, se tivessem
formação para tanto.
Também em 2009, publicação da FNA/CUT, menciona haver diversas ações para diminuir
o déficit nacional de moradia, e a primeira tarefa dos profissionais projetistas consiste em
“saber e aplicar”, e para tanto: “Qualificar-se para trabalhar com programas de Habitação
de Interesse Social, de regularização fundiária e de erradicação de assentamentos precá-
rios” (Revista Projetar, FNA/ CUT, 2009, pág. 18).
A mesma FNA publicou em 2014 “Assistência Técnica e Direito à Cidade”, que debate a
política pública de ATHIS no Rio de Janeiro, e traz à tona ação de formação da UFF. A expe-
riência indicou haver limites em cursos que não tenham foco práticas de canteiro para edifi-
cação das moradias:
“(...) concluímos que, se entendêssemos a elaboração dos projetos como uma fase concluída do pro-
cesso, atingiríamos um número muito limitado de famílias que se apropriariam daquele material, daque-
las informações, e que conseguiam a partir dali executar as suas reformas. (...) então percebemos que o
trabalho só se conclui com a obra executada e, nesse sentido, criamos uma série de instrumentos para vi-
abilizá-las. Com a prática entendemos que os pilares para a melhoria habitacional são a Assistência Téc-
nica para projeto e obra, a mão de obra qualificada e a viabilização econômica (...) o que revela um dos
pontos de fundamental atenção em futuras experiências de reaplicação da metodologia. (Mariana Este-
vão, FNA, 2014, pág. 126).

Em 2015 - o CAU e o IAB de Alagoas organizaram um curso, intitulado “Capacitação Ar-


quitetando o Desenvolvimento da Gente”, voltado para arquitetos no campo da ATHIS, mas
sem participação da universidade, e formou 50 profissionais. Desde 2017 o CAU aplica 2%
dos recursos de seu orçamento para o fomento de políticas públicas de ATHIS, através de
editais. A UFG foi recentemente contemplada, com um projeto para a realização de ativida-
des de projetos e obras de reformas com estudantes de graduação e professores. O projeto de
extensão universitária tem dado resultados, mas faltam profissionais mais experientes para
sua implementação, o que seria alcançado com a participação de residentes. Em junho de
2018, o CAU/SP selecionou em edital11 duas propostas a serem implementadas em parceria
com a FAU e IAU USP.
A crescente ampliação de experiências como as elencadas coincide com a hipótese de pes-
quisa, da necessidade de criação de uma residência em HIS com atividades de canteiro expe-
rimental - local do exercício pedagógico das idiossincrasias da construção da arquitetura –
como espaço necessário à formação (RONCONI 2002). Para melhor compreender essas ati-
vidades formativas, a assessoria técnica Peabiru realizou em 2017 levantamento no estado,
cujos resultados compõem um “banco de experiências”; a exemplo do que se pretende reali-
zar, com alcance nacional. Há material a ser sistematizado e analisado para compor uma lei-
tura nacional sobre os avanços e limites do ensino dessa dimensão do conhecimento arquite-
tônico.
Como exemplo da mobilização acadêmica recente acerca da temática da residência e dos
canteiros experimentais, citamos o recém-criado Instituto das Cidades da UNIFESP, onde
haverá um curso de Arquitetura e Urbanismo, na Zona Leste de São Paulo. Segundo o Plano
Político Pedagógico - PPP, considerado inovador, a residência possui papel fundamental,
com o Programa de Residência em Cidades - PRC:
“Prevê-se no PRC que os estudantes trabalhem com políticas públicas urbanas, em diferentes espaços
e com objetivos diversos, enfrentando situações concretas a partir dos aprendizados e experiências pro-
porcionados ao longo de sua formação no IC. O PRC será realizado após a graduação (...). Essa aproxi-
mação efetiva da Universidade com as administrações públicas proporciona experiências significativas
para a formação teórico-prática dos graduados, articulando formação inicial e continuada, além de propi-
ciar a identificação de problemas consistentes para pesquisas em nível de mestrado e doutorado” (PPP do
IC, 2016, pág. 33).

11Contribuí com a elaboração deste edital como consultor especialista da universidade, na comissão
especial de ATHIS.
No futuro Instituto o canteiro experimental deverá ser espaço de relevância, pois uma das
linhas de formação se denomina “Construção, Canteiro e Produto”, e mobilizará temas trans-
versais, onde o ato de construir no canteiro atravessa o ensino e pesquisa. O referido PPP
menciona que um dos “Espaços Pedagógicos Integrados de Ensino” será o das “Grandes Ofi-
cinas”, e deverá abrigar o canteiro experimental.
E a FAU? Em 2008, quando diretor do Departamento de Provisão Habitacional da Prefei-
tura de Taboão da Serra, redigi junto da Comissão de Cultura e Extensão o que seria um pro-
grama de residência em HIS. Reuniões foram realizadas, mas não foi implementada por falta
de recursos da prefeitura. Na ocasião, participei do II Seminário Nacional de ATHIS, do Mi-
nistério das Cidades, com o objetivo de compartilhar do programa em elaboração. À época, o
debate sobre a residência era ainda mais rarefeito.
Na própria FAU USP, em 2015 e 2016 já foi oferecido um curso de residência na área de
planejamento e gestão urbana, coordenada pela Profa. Maria Lucia Refinetti Martins, do La-
bHab FAU USP, grupo parceiro na presente pesquisa. Os 32 residentes bolsistas cursaram
1920 horas de atividades teóricas e práticas de elaboração dos Planos Regionais das Subpre-
feituras do Município de São Paulo.
Em ‘seção livre’ do XVII encontro da ANPUR, intitulada: “Universidade propositiva em
tempos de crise: por uma política de Assistência Técnica Articuladora de novos caminhos
pelo direito à cidade”, João Marcos Lopes e Akemi Ino, do Habis - grupo de pesquisa em
habitação e sustentabilidade do IAU USP, grupo parceiro na presente pesquisa, participaram
com a apresentação: “Por uma política de intervenção pública universitária no contexto da
produção do ambiente habitado”. Os autores citam experiências pedagógicas que têm reali-
zado e debatem “aporias” enfrentadas, seus limites, deficiências, falhas e desvios:
“Verdade é que diversas iniciativas foram e vêm sendo promovidas, tanto no contexto da prática cur-
ricular – ou para-curricular (a experiência dos Laboratórios de Habitação, por exemplo) – como no âmbi-
to da pós-graduação ou formação complementar (notadamente aquelas proposições que envolvem o en-
saio prático de perscrutações teóricas ou as residências profissionais) e da extensão (como os Escritórios
Modelos, iniciativa autônoma de alunos de graduação, ou os projetos de assistência técnica universitária).
No entanto, cabe problematizar alguns aspectos dessa aparente vocação: a desarticulação entre essas ini-
ciativas, seu descolamento dos conteúdos disciplinares tradicionais, a aura assistencialista ou voluntarista
que anuvia tais ações, o total descompasso entre os tempos da pesquisa (e mesmo da extensão) e aqueles
das incertezas cotidianas do embate público etc. Revisitando experiências do HABIS, IAU USP – o qual
coordenamos –, pretendemos compor elementos para o debate daquilo que acreditamos necessário discu-
tir para atravessar aporias e estabelecer uma verdadeira política de intervenção universitária nas dinâmi-
cas de produção da cidade.”. (XVII ANPUR, 2017, anais, “seção livre”).

Outra referência sobre o tema é a tese de Minoru Naruto, “Repensar a formação do arqui-
teto”. Ali encontram-se críticas ao método de ensino “disciplinar”, calcado em exercícios
abstratos de projeto, como identificado em faculdades como a FAU USP. O autor considera
que o ato de projetar caminha no sentido inverso do seccionamento do conhecimento em dis-
ciplinas, concluindo ser necessário o exercício formativo em estruturas não disciplinares,
formato promovido pela prática de projetos vinculados a necessidades sociais reais, com po-
der real de síntese, no caso, disciplinas optativas aliadas a projetos de extensão universitária,
compondo sua indissociabilidade com o ensino e a pesquisa:
“É importante reiterar que o trabalho com uma problemática concreta, em estreito contato com a rea-
lidade e comprometimento com a produção de resultados que possam contribuir para uma pesquisa insti-
tucional foi, e sempre será a fonte da motivação e do empenho dos alunos e condição para um aprendiza-
do mais maduro e responsável por parte do futuro profissional. Além disso, o caráter eminentemente so-
cial do problema trabalhado certamente foi um incentivo para a adesão significativa dos alunos à optativa
e para sua conscientização com relação às possibilidades de uma ação social na prática da arquitetura”.
(NARUTO, pág. 103).

Naruto apoia-se no método pedagógico das residências, pois as disciplinas analisadas


eram realizadas por professores e profissionais recém-formados, pesquisadores dos laborató-
rios, com função de residentes.
Pelo apresentado, reitera-se a relevância da implementação das residências em arquitetura
e urbanismo, para o avanço da formação teórica e prática de arquitetos e urbanistas no âmbito
da habitação social com o apoio didático de canteiros experimentais, com a perspectiva de
construir conhecimento através da busca de soluções para problemas ambientais e sociais,
desenvolvendo novas tecnologias. Esse espaço pedagógico certamente contribui para a for-
mação dos residentes e de todos os envolvidos: professores, pesquisadores, estudantes de
graduação, pós-graduação, construtores e comunidade usuária.

2) Objetivos
Pretende-se com a presente pesquisa impulsionar de forma decisiva e qualificada o proces-
so de elaboração e implementação de um programa de residência profissional em habitação
de interesse social na FAU USP, em parceria com o IAU USP e o Instituto das Cidades da
UNIFESP. Para tanto, as metas encontram-se delimitadas, para que a presente ação não se
disperse no amplo processo de sua tramitação, que certamente se estenderá além do período
de pesquisa.
A primeira ação da pesquisa será a criação de um banco de dados público - de registro
das experiências de residência e projetos de extensão universitária no âmbito da HIS nas fa-
culdades de arquitetura e urbanismo do país. A partir disso, pretende-se criar as bases para a
constituição de uma rede nacional de reconhecimento mútuo. Com os dados levantados, po-
deremos verificar seus objetivos, métodos pedagógicos, processos, características gerais, pro-
blemáticas enfrentadas e resultados. A partir deste produto pretende-se tecer análise crítica de
suas características, o “estado da arte” das experiências.
A segunda ação da pesquisa será a organização de um seminário nacional acerca do tema
da residência em arquitetura e urbanismo e práticas pedagógicas inovadoras. Deverão ser
convidados representantes de experiências universitárias identificadas na primeira ação, com
apresentação de pôsteres e trabalhos. Neste seminário pretende-se apresentar os resultados do
banco de dados bem como o artigo de análise das experiências. Na ocasião pretende-se lançar
a rede nacional de residência em arquitetura e urbanismo.
A terceira ação de pesquisa será a elaboração de uma proposta de Plano de Curso para o
programa de residência em HIS de FAU, IAU e UNIFESP, onde constarão objetivos, conteú-
dos, materiais, métodos pedagógicos, estratégias, etapas, bibliografia, quantidade de educan-
dos, seleção de educandos, professores participantes, formas de avaliação, produtos e custos -
bolsas e afins.

3) Materiais e métodos
I. Levantamento nacional de experiências: Utilizaremos a base de dados da pesquisa ela-
borada por RONCONI, doutorado (2002), onde verificou-se a presença/ausência e caracterís-
ticas dos equipamentos pedagógicos nas escolas. Para sua atualização, utilizaremos o banco
de dados da ABEA e da FENEA, aplicando questionário amplo, com informações acerca de
residências e experiências práticas no campo da HIS. O parâmetro para categorização das
experiências será o de “ações pedagógicas dialógicas” definidas na dissertação de mestrado
elaborada pelo pesquisador. Como exemplo, segundo maior ou menor aproximação das ativi-
dades de prática profissional, dentre outros. Complementarmente, será visitada bibliografia
sobre o tema, inclusive acerca de experiências internacionais. O banco de dados das experi-
ências será ser publicado em sítio eletrônico. Sua avaliação se dará com a medição de visitas
e citações em trabalhos acadêmicos.
II. Seminário nacional de residência em arquitetura e urbanismo: para sua organização
aplicaremos a experiência adquirida pelo pesquisador em atividades prévias, ao longo de sua
trajetória acadêmica. A participação nos fóruns da ABEA, CAU, FNA, IAB, SASP e FENEA
ocorrerá para sua articulação, com o princípio da publicidade e universalização da participa-
ção, via meios eletrônicos de comunicação e registro. Para sua realização buscaremos recur-
sos em agências de fomento. A avaliação do seminário poderá se dar junto dos participantes
do evento, com a aplicação de breve questionário.
III. Plano de Curso do Programa de Residência: Será elaborado a partir do Seminário, com
contribuições de professores das três unidades de ensino, por meio de métodos coletivos de
discussão e deliberação. As atividades também contarão com a participação de representantes
de entidades das demandas sociais por moradia urbana e rural, bem como do setor da cons-
trução, projetistas e construtores, o CAU ABEA e órgãos públicos correlatos. Professores
especialistas da FEUSP também contribuirão com o processo.
Para a divulgação dos resultados pretende-se apresentar trabalhos em espaços de inter-
câmbio acadêmico tais como seminários, congressos, dentre outros, com o tema da formação
de arquitetos e urbanistas e de políticas públicas de ATHIS. Pretende-se também participar de
fóruns públicos de debate organizados por entidades tais como ABEA, CAU, FNA, IAB,
SASP e FENEA. Os artigos resultantes da pesquisa deverão ser publicados em revistas e
meios de intercâmbio acadêmico do campo, e espera-se contribuir com a elaboração e possí-
vel implantação do programa de residência HIS na FAU, IAU e UNIFESP.

4) Cronograma
A) Atividades junto ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAU
USP:
apoio em disciplinas; apoio a orientação de pesquisas; apoio em pesquisas; outras
atividades.
B) Levantamento nacional de experiências de ATHIS em escolas de arquitetura e urbanismo:
levantamento prévio; elaboração e envio de questionários; visita a experiências no
Brasil; elaboração banco de dados, relatório crítico e elaboração de artigo.
C) Seminário nacional de residência de arquitetura e urbanismo na FAU USP:
pedido de recursos; divulgação e convocação; organização das apresentações; semi-
nário; relatório e divulgação dos resultados por meio de artigo.
D) Elaboração do Plano de Curso do Programa de residência em HIS:
reuniões com professores FAU, IAU e UNIFESP; reuniões com agentes externos.
E) Relatório final de pesquisa

2018 2019
nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out
Atividades
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A Atividades
programa
B Levanta/o
nacional visitas
C Seminário
Nacional seminário
D Plano de
Curso
D Relatório
final

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