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MULTIFUNCIONAL
SUMÁRIO
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A partir de agora, vamos iniciar o nosso estudo de forma temporal. Começaremos pelo
contexto histórico das edificações multifuncionais, analisaremos alguns edifícios
híbridos contemporâneos, e em seguida daremos início ao aprendizado do projeto.
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Hoje em dia, pelo contrário, há um grande incentivo do poder público para a utilização
do uso misto nas cidades, sobretudo em São Paulo. Conforme Jane Jacobs (1961),
autora do livro Morte e Vida das Grandes Cidades afirma que o uso misto proporciona
a movimentação constante e a vida aos lugares; de dia pelo comércio e a noite pelas
residências, cafés e restaurantes. Cada vez mais se nota esta modificação, tanto no
ocidente quanto no oriente. Em São Paulo, por exemplo, há diversos pontos na cidade
que adotam estes princípios. A partir de agora, utilizaremos esta cidade para analisar
brevemente alguns projetos já existentes e compreender suas principais funções.
Sequencialmente, no subtema 1.2, analisaremos dois projetos contemporâneos.
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Figuras 1.1 e 1.1.1 - Área externa e interna do edifício Esther (São Paulo – SP)
O edifício Copan é um ícone simbólico da cidade São Paulo, que está localizado no
centro da cidade. Também é um edifício multifuncional e um pouco mais recente do
que o Ed. Esther. Ele começa a ser construído em 1952 por meio de uma companhia
hoteleira pan-americana, e quem foi chamado para conduzir a construção do projeto
foi o arquiteto Oscar Niemeyer (Oukawa, 2010). O empreendimento possui
apartamentos de quitinete, 01, 02, 03 e 04 dormitórios, 17 andares e a forma de “S”,
que para a época, era um projeto bastante ousado. A obra foi interrompida várias
vezes, mas a partir do ano de 1957, quando o banco BRADESCO assume a
administração do empreendimento, fica decidido que não iriam mais construir um
hotel.
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no seu projeto. Em breve consulte o link de acesso da tese da Carolina Oukawa (2010)
em nossas referências.
Figuras 1.1.2 e 1.1.3 - Entorno e fachada do edifício Copan (São Paulo – SP)
Uma das primeiras perguntas que devemos fazer quando iniciamos qualquer tipo de
projeto são: quais e como serão distribuídos os programas de necessidade de uma
determinada edificação? Quais serão as normas que deveremos obedecer para a
implantação deste prédio? Qual tipo de estrutura é mais indicada para usarmos? Quais
os tipos e gabaritos de edificações que estão no entorno do nosso terreno? Quais
serão as principais referências que poderemos utilizar para a concepção do nosso
projeto? Todas essas perguntas são básicas para qualquer tipo de projeto e serão
respondidas ao longo do nosso material. Por enquanto, iremos analisar algumas
referências projetuais contemporâneas, para começarmos a trabalhar o nosso
repertório projetual por meio da análise e observação.
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Figuras 1.2 e 1.2.1 - Área interna e externa do edifício Le Monolithe (Lyon, França)
O nosso próximo estudo de caso é o Edifício Paragon, ele está situado em Berlim, na
Alemanha, foi construído no ano de 2016 pela Graft Arquitetura, tem o total de
25.100m² e está implantado em um lote de um antigo hospital (Ferreira, 2014). O que
chama mais a atenção neste projeto em termos de função, é como a setorização está
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sendo distribuída tanto no pavimento térreo quanto nos pavimentos tipos, é possível
observar que o prédio possui uma grande relação com o espaço urbano, uma vez que
ele se integra com os seus pátios públicos. Nele há uma grande quantidade de usos
como supermercado, salas multiuso, cafeterias, biblioteca, fazendo com que haja um
movimento tanto diurno quanto noturno, o que traz mais vida e segurança para o
bairro. Outra questão bastante pertinente de se comentar, é a quantidade de
tipologias de unidades habitacionais presentes nos demais pavimentos acima do
térreo. No edifício há 217 unidades distribuídas em oito pavimentos e tipologias
distintas que permitiram que os arquitetos trabalhassem uma forma da edificação
como um todo mais interessante do que tipologias repetitivas.
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Antes de fazermos qualquer tipo de projeto, a primeira coisa que nós devemos nos
informar é saber se é possível executar esse tipo de projeto no terreno determinado.
Devemos nos atentar tanto na questão da possibilidade de inserção da edificação
dentro do terreno definido quanto na questão do dimensionamento, ou seja, se irão
caber todos os ambientes necessários no local.
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O próximo item será a taxa de ocupação, que é um índice que será dado sempre em
unidade de medida de porcentagem, e indicará a quantidade que poderá ser ocupada
na superfície do terreno em relação a sua área total. Teremos também os recuos
frontais, laterais e posteriores, que deverão ser respeitados, assim como o gabarito
máximo estipulado, que nada mais é do que a altura máxima que a sua construção
poderá atingir. (Prefeitura de São Paulo, 2021).
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Teremos também a área permeável que será mais uma questão a que deveremos nos
atentar. É tão simples quanto a taxa de ocupação, a forma de identificarmos a
quantidade que deveremos manter permeáveis no terreno será a mesma. É um dado
que lhe será informado em unidade de medida de porcentagem, essa porcentagem
deverá ser multiplicada pela área total do terreno e você saberá o quanto deverá
ceder para a drenagem de águas pluviais. Imagine se as prefeituras não solicitassem as
áreas permeáveis nos terrenos, as cidades poderiam ter graves problemas de
drenagem que ocasionariam desastres.
A partir de agora, vamos supor que nós temos um terreno em que a área total
corresponda a 1000m², o coeficiente de aproveitamento é equivalente a 4, a taxa de
ocupação é de 50%, e a área permeável é de 15%. E nós gostaríamos de saber quanto
poderemos construir neste local. Vamos iniciar as nossas operações a partir de agora,
para descobrirmos os resultados em metros quadrados.
Potencial Construtivo = AT x CA
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Agora vamos descobrir até quantos metros quadrados poderemos ocupar a nossa
edificação na superfície do terreno.
Vamos verificar quantos metros quadrados que nós deveremos destinar às áreas de
drenagem, ou seja, não poderemos interromper a drenagem com construções.
Área permeável = AT x AP
Tudo isso que nós estamos perguntando, é para você entender que precisamos realizar
uma análise minuciosa, que muitas vezes acaba tendo um caráter descritivo e ao
mesmo tempo reflexivo. Precisamos conhecer o que existe no entorno, tanto no
imediato (até 1km), quanto no abrangente (acima de 1km). Após isso, conseguiremos
fazer com que o nosso projeto tenha uma forma mais relacionada com o contexto do
bairro, o objetivo da edificação multifuncional é fazer parte da cidade, convidar os que
estão ao lado de fora adentrar à edificação, como se ela fosse uma extensão da cidade.
Uma outra questão que é importante verificarmos é o conforto ambiental, precisamos
saber se neste terreno há um grande nível de ruídos ou não, quais são as principais
fachadas nas quais o sol incidirá diretamente, e também, precisaremos localizar os
fluxos de vento predominantes. Verificar se há ou não bloqueios da luz natural e dos
ventos gerados por outras edificações do entorno. A partir de agora, vamos começar a
pensar na composição do nosso projeto.
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Mas antes disso, recomenda-se definir o conceito arquitetônico, que nada mais é do
que a ideia que gostaríamos de aplicar no projeto (integração, transparência, solidez),
ou seja, o conceito arquitetônico é tudo aquilo que não podemos tocar, aquilo que é
intangível, oposto do partido arquitetônico, em que logo em sequência, nós
deveremos começar a planejar os materiais que iremos utilizar no projeto para
concretizarmos as nossas ideais que vem dos conceitos (vidros, madeira, rampas,
mezaninos), ou seja, tudo aquilo que nós podemos tocar (Hertzberger, 2012). Vamos
citar um exemplo: o conceito da casa da cascata de Frank Lloyd Right é a integração,
ele relaciona os espaços internos da casa com os espaços externos da natureza. Para
conseguir alcançar esse objetivo de integrar, ele precisa utilizar algum elemento
tangível, algo que nós possamos tocar, neste caso, ele utilizou o vidro para conseguir
integrar o lado de fora com o lado de dentro da casa.
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começar a procurar referências de outros projetos que já foram feitos. Parece algo
trivial, porém se você não exercitar a observação e análise projetual do programa em
que você pretende se especializar, infelizmente não conseguirá ter a envergadura que
poderia ter caso analisasse elementos de vários projetos do seu tema de interesse.
Então lhe faremos o convite de começar a pesquisar no Google edifícios
multifuncionais e observar a forma das edificações, como as funções se distribuem, a
relação do entorno com o edifício, os materiais que estão sendo utilizados, as cores, a
estrutura, o conforto ambiental, o paisagismo e outros elementos que você já estudou
até chegar neste semestre. No próximo bloco esperaremos você para dar continuidade
aos nossos estudos e expandir o seu conhecimento projetual.
Conclusão
Neste bloco fizemos uma análise geral sobre os edifícios multifuncionais, desde a sua
história, iniciando na época medieval até a leitura e observação dos projetos mais
contemporâneos. Em seguida, entendemos os primeiros passos para a criação de um
projeto, dos primeiros estudos urbanísticos até a escala do edifício. Aprendemos o que
é a Lei de Uso e Ocupação do Solo, onde se encontra informações básicas para
começarmos a pensar na implantação, entendemos como se efetuam as operações de
todos esses dados (coeficiente de aproveitamento, taxa de ocupação, entre outros
itens); discutimos os detalhes mais importantes comentando sobre vários pontos nos
quais deveremos investigar antes de intervir no espaço e acabamos concluindo que
para nós aprendermos a projetar, um dos grandes instrumentos de apoio é o simples
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Por meio das análises dos edifícios internacionais, concluímos também que as
principais características que devemos observar ao analisar um projeto são as
estéticas, funcionais e técnicas. Condizendo com o que o arquiteto Vitrúvio (2007),
afirmou no século 1 A.C e como consta no seu livro Tratado de Arquitetura.
REFERÊNCIAS
CHING, Francis D.K. Arquitetura: Forma, Espaço e Ordem. 2º Edição. São Paulo.
Martins Fontes, 2010.
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OUKAWA, Carolina Silva. Edifício Copan: uma análise arquitetônica com inspiração na
disciplina análise musical. Dissertação, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São
Paulo, 2010. Disponível em:
<https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16138/tde-31052010-
112310/publico/EDIFICIO_COPAN_CAROLINA_OUKAWA.pdf>. Acesso em: 08/05/21
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2 PROJETO DE ARQUITETURA
Seja bem-vindo (a) ao nosso segundo bloco, neste momento, nós iremos aprofundar os
nossos estudos sobre o projeto de arquitetura. Vamos aprender todos os itens
fundamentais para que possamos iniciar o planejamento da nossa edificação. Cada
arquiteto tem sua maneira singular de projetar, alguns começam planejando o espaço
de dentro para fora, outros iniciam de fora para dentro. Esse bloco tem como objetivo
te ensinar a utilizar as ferramentas necessárias para projetar espaços, sobretudo o
nosso edifício multifuncional. Ensinaremos a melhor forma de você usa-las e aplica-las
na elaboração dos seus projetos. Após aprender, você poderá utiliza-las da melhor
forma que lhe convenha, mesmo que sigamos uma ordem para este aprendizado, no
futuro ela poderá ser adaptada por você e para você.
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A circulação para Ching (2010) nada mais é do que o conjunto de elementos que irão
estruturar e definir um projeto de arquitetura. Ele diz que uma boa arquitetura se
percorre e se caminha dentro e fora da edificação, fazendo com que a mesma se torne
viva. Afirma que a forma na qual você irá distribuir a circulação definirá a característica
do seu espaço, o autor também ressalta que este elemento não deve ser estritamente
funcional, ele diz que nós devemos articula-los em relação aos nosso ambientes,
precisamos pensar na valorização dos componentes presentes durante os percursos e
nos lembra que é necessário causarmos sensações agradáveis, trabalhar com a
percepção do usuário, planejando campos visuais interessantes e que condizem com a
proposta do projeto. Devemos proporcionar espaços contemplativos durante a
movimentação da pessoa que está usufruindo o projeto.
Para finalizarmos essa seção, vamos esclarecer o conceito de percurso, que utilizamos
anteriormente. Para Flório (2012), a definição de percurso, é a ação da movimentação,
que se entende pelo trajeto de um local a outro, com uma distância entre os mesmos,
dentro de um determinado espaço por meio do deslocamento. O percurso será
definido no projeto através de uma configuração que variará a partir de diversos
fatores como: direcionamentos visuais, orientações, hierarquias (circulações principais
e secundárias), apreciações espaciais, simbolismos e entre outras questões.
A partir de agora, vamos dar sequência aos nossos próximos itens, vamos conversar
um pouco sobre a setorização e ampliar os nossos conhecimentos sobre essa questão.
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2.2 FLUXOS
Quanto aos fluxos, considera-se um dos elementos mais básicos e necessário de se
pensar no começo do projeto. Precisamos nos atentar a quantidade de pessoas que
poderão estar circulando na edificação e em cada pavimento. Para que consigamos
dimensionar adequadamente as nossas conexões entre os nossos ambientes
chamados circulações. Há dois tipos de circulações: a circulação vertical (escadas,
rampas e elevadores), e a circulação horizontal que nada mais são do que os caminhos
retos, curvos ou orgânicos que se encontram em um mesmo nível.
2.3 SETORIZAÇÃO
Antes de conceituarmos a setorização, vamos conversar um pouco sobre
planejamentos de espaços. Conforme Frederick (2015), o planejamento de espaços se
caracteriza pela distribuição e organização de ambientes internos e externos, para
comportar as necessidades funcionais de um determinado projeto.
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Para o autor, é fundamental que o arquiteto tenha essa habilidade, pois precisaremos
lidar com as dificuldades funcionais de conseguir fazer com que acomodemos
adequadamente um edifício no seu devido lugar. Por isso, precisamos nos atentar na
essência do lugar e das edificações que lá existem.
O autor afirma que quando formos começar a pensar no nosso projeto na etapa inicial,
devemos trabalhar de forma hierárquica, e não trazendo todos os de talhes do projeto
de uma só vez. Devemos começar do maior para o menor, de forma gradual, até
chegarmos nos elementos mais específicos.
Após ter elaborado um bom esquema projetual, vá para o próximo passo, que será o
avanço para um nível de detalhamento maior, inicie somente por um ambiente, mas
não perca muito tempo nele, tente homogeneizar a sua produção e desenvolvimento
dos detalhes para todos os ambientes e repita o processo progressivamente. O
arquiteto, diferentemente dos engenheiros, conhece tudo sobre alguma coisa, já os
engenheiros, conhecem tudo sobre algo. Isso nos torna capazes de liderar e coordenar
grupos de profissionais que incluem: designer de interiores, projetistas, pedreiros,
gesseiros, eletricistas, paisagistas, engenheiros civis, engenheiros mecânicos, entre
outros profissionais. Nós devemos conhecer o mínimo sobre cada disciplina, para
podermos negociar e administrar as demandas no mundo profissional, fazendo jus às
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2.5 ESTRUTURAS
Pensar na estrutura do seu edifício multifuncional, ou qualquer outro projeto que você
esteja concebendo, tem uma grande importância pois a estrutura não somente
permitirá que a sua edificação se estabilize e consiga se manter em equilíbrio e
segurança, mas também será um dos principais elementos definidores da forma
arquitetônica, influenciando tanto na forma externa quanto nas formas internas. Já
que as estruturas também ocuparão espaços no terreno, precisamos nos atentar
porque após nós definirmos o tipo de estrutura que utilizaremos, temos que nos
atentar onde elas estarão localizadas, pois não podemos tê-las como empecilho no
posicionamento dos ambientes (Rebello, 2000)
Analisar a estrutura que poderá ser usada, é considerada uma das primeiras etapas da
concepção projetual porque planejar a disposição dos pilares pode ser uma tarefa um
pouco difícil pois precisamos mantê-los equilibrados e ao mesmo tempo não podemos
permitir que eles interrompam acessos, circulações, campos visuais importantes,
disposições de mobiliários, entre outros itens. Caso você acabe deixando de pensar na
estrutura no início do projeto, com certeza você se deparará com alguns desses
problemas durante ou ao fim da elaboração projetual.
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Também precisamos considerar que cada região possui seus materiais nativos, e
dependendo de cada estado ou país, alguns tipos de estruturas são mais baratas do
que outras. Os principais tipos de estrutura são as de madeira, concreto e metálicas;
nos seguimentos pré-fabricados ou pré-moldados. Nós como arquitetos, não somos
especialistas em sistemas estruturais, mas temos que ter no mínimo uma breve noção
de pré-dimensionamentos desses tipos de estruturas.
Conclusão
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Lembrando que não necessariamente devemos seguir essa ordem. A partir de agora,
que conseguimos entender cada um dos conceitos, vamos começar a colocar em
prática os nossos conhecimentos. Iniciando a investigação do terreno, elaborando os
pré-dimensionamentos, definindo como serão as nossas circulações e a forma do
projeto em si, por meio do tipo da estrutura a ser definida.
REFERÊNCIAS
CHING, Francis D.K. Arquitetura: Forma, Espaço e Ordem. 2º Edição, São Paulo.
Martins Fontes, 2010.
REDERICK Matthew. 101 lições que aprendi na escola de arquitetura. São Paulo:
Martins Fontes, 2010.
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ZEVI, Bruno. Saber ver arquitetura. 5 ed. São Paulo. Martins Fontes, 1996
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Existem muitos indivíduos que possuem deficiência e passam por dificuldades todos os
dias, isso ocorre quando por exemplo, um cadeirante quer ir fazer compras mas a loja
ou o supermercado não possui uma rampa de acesso projetado adequadamente, ou
elevadores, quando um deficiente que possui baixa visão ou é cego vai a um
restaurante e não há nenhum cardápio escrito em braile, quando uma pessoa surda
não consegue ser compreendida por sua linguagem de sinais em um supermercado, e
assim por diante (DiCastro, 2019). A inclusão é um desafio diário, mesmo com a
existência de várias leis que foram criadas para tentar ajudar este grupo da população,
pois na prática o que acontece é totalmente diferente (Ulbricht, 2018)
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Em 2004, um decreto reforçou o que essa lei já dizia, atendimento prioritário, projetos
arquitetônicos e urbanísticos acessíveis e acesso a comunicação e informação,
trazendo novamente as normas técnicas como parâmetros de acessibilidade a serem
seguidos. Hoje em dia, uma das leis mais completas sobre acessibilidade no Brasil, é o
estatuto da pessoa com deficiência, também conhecida como LBI (Lei Brasileira de
Inclusão), que foi aprovada em 2015. Houve a criação de um documento da ONU, que
garantia o direito total e igual para essas pessoas e seu legado foi bastante importante
para as legislações de acessibilidade de todos os países.
É uma das leis de acessibilidade mais amplas da nossa constituição, elas se dividem em
três partes: direitos fundamentas das pessoas com deficiência (transporte, saúde e
educação), garantia ao acesso a comunicação e informação e a punição de quem
descumpre esses pontos. Hoje, apesar das leis de acessibilidade existentes, algumas
organizações somente as respeitam quando advertidos ou cobrados de uma forma
direta.
Por esse motivo, começaram a existir normas mais específicas para determinadas
áreas, como na saúde, onde os planos de saúde precisam possuir os seus canais de
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Conceitos de acessibilidade
A partir de agora, vamos entender alguns conceitos e informações relacionados a
arquitetura acessível conforme a NBR:9050/ 2015:
Definição de acessível: algo que pode ser utilizado, alcançado, acionado ou vivenciado
por qualquer pessoa
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Vestiário: local para a troca de roupas (pode ser junto com o banheiro ou sanitário)
Calçada: faz parte da via (segregada em nível) sendo utilizada para circulação de
pedestres, mobiliário, vegetação, etc.
Utilização Autônoma: uso de equipamento com autonomia total (em todas as etapas)
Módulo de Referência: é o espaço mínimo (0,8 x 1,2 m) ocupado por uma pessoa
utilizando cadeira de rodas, motorizada ou não.
Toda porta de uso comum precisa ter um espaço de 60cm livres na lateral da
maçaneta quando a mesma abre na direção do usuário. A largura livre do vão da porta
é obrigatória ter 90cm, pois se não tiver, um cadeirante não conseguirá circular
1 PCR = 90cm
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Escadas
Neste tópico vamos compreender os principais itens que deverão ser considerados na
sinalização da escada de uma edificação. Vamos nos colocar no lugar de uma pessoa
de baixa visão, sendo assim, imagine um idoso com catarata ou um indivíduo que
possui problemas de visão, eles não conseguirão enxergar os degraus corretamente,
pois por verem de forma embaçada, os degraus têm a mesma cor e parecem um
mesmo elemento.
Então para trazer mais segurança, conforto e autonomia para esse indivíduo subir e
descer a escada, nós teremos que instalar nos degraus e nos espelhos, uma faixa que
possua uma cor que faça contraste com a cor da escada, de preferência
fotoluminescente, porque quando a pessoa vai subir a escada, ela precisará ver o
espelho de cada um dos degraus com mais facilidade, e quando ela estiver descendo a
escada, ela precisa ver com mais facilidade cada um dos degraus.
Além disso, nós instalaremos o piso tátil de alerta, ele será colado antes do começo da
escada e após o término da mesma. A NBR 16537 de 2016 especifica de forma mais
detalhada onde deveremos posiciona-lo, visto que cada escada será diferente pois
poderá apresentar dimensões variadas. A pessoa identificará que está em frente de
um obstáculo, no nosso caso, uma escada, e irá procurar os corrimãos. Todas as
escadas precisarão ter corrimãos em ambos os lados e com duas alturas.
Para o usuário cego saber onde ela está, nós iremos instalar uma placa no corrimão
com linguagens em braile, indicando onde o usuário está, e não para onde ele vai.
Deveremos descrever ao indivíduo cego ou com visão reduzida, qual pavimento ou o
ambiente que estamos, por exemplo: 3º andar, 5º andar, mezanino, cobertura, e entre
outros. A largura mínima de uma escada corresponde a 1,20m para ser considerada
uma rota acessível.
Precisaremos sinalizar nos dois corrimãos, colocando 4 plaquinhas no início e 4
plaquinhas no final. Dessa forma, nós iremos conseguir adequar a escada para com
que essas pessoas consigam caminhar tranquilamente.
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Então a partir de agora, vamos fazer uma breve revisão dos itens que precisaremos:
piso tátil de alerta, sinalização visual dos degraus, corrimão contínuo em ambos os
lados e por fim, placas em braile nos corrimãos.
Rampas
Quando formos projetar uma rampa, devemos nos atentar na sua inclinação, pois
dependendo da porcentagem, o cadeirante não conseguirá percorre-la devido ao
excesso de esforço, ou pior, poderá causar acidentes. Imagine conosco, a pessoa na
cadeira de rodas, a gestante, o idoso, o obeso, subirá uma rampa e chegará um
momento em que ela poderá se sentir cansada e precisará descansar. Para isso, ela
precisará estar em uma área plana, e conforme Panero (2005), após 80cm de altura de
desnível que a pessoa sobe em uma inclinação de 8,33%, ela começa a se cansar, e por
isso, precisaremos fazer um patamar na rampa, ou seja, 8,33% no máximo para subir
até 80cm. Se quisermos subir 1 metro de altura, precisamos de 6,25%, e não a
inclinação máxima mencionada anteriormente, fazendo com que a pessoa consiga
percorrer um caminho mais suave, vencer esse desnível de uma vez só.
3.3 Elevadores
Vamos conversar um pouco sobre acessibilidade nos elevadores. Os elevadores
precisam atender a NM 313 de 2007 para que se tornem acessíveis. Vamos iniciar com
o piso tátil de alerta, que deve ter o mesmo comprimento da projeção da porta do
elevador e pode ser em placas ou em relevos. Em relação ao seu afastamento do trilho
da porta, elas deverão estar posicionadas entre 25cm a 32cm, com cor contrastante ao
piso, para fazer com que a pessoa com baixa visão identifique a presença do
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equipamento, além dele, nós precisamos instalar nos dois lados do batente do
elevador e na parte de fora, uma placa informando o andar em alto relevo e em cor
contrastante para o deficiente confirmar onde se encontra, a mesma deverá estar
posicionada em 1,20m de altura. Devemos nos atentar na entrada e na saída de
pessoas com mobilidade reduzida, evitando grandes degraus e respeitando o
dimensionamento mínimo de 90cm em relação aos vãos das portas.
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O item 6.4.5 da NBR:9050 (2015) afirma que no final da escada nós precisamos ter
uma área de circulação do fluxo das pessoas que estão descendo e subindo esta
escada, se nós tivermos um elevador dentro da escada de emergência, nós precisamos
colocar um espaço equivalente a ao menos um raio de giro livre na frente do elevador,
para que as pessoas consigam esperar o mesmo, podendo se locomover sem
atrapalhar ou pisotear umas às outras, sobretudo as pessoas com deficiência que
permanecem posicionadas na área de resgate.
3.5 Banheiros
A partir de agora, vamos conversar um pouco sobre os principais locais que devemos
nos atentar em relação à acessibilidade no banheiro. Comecemos pelo box do
chuveiro, para torna-lo acessível devemos inserir barras de apoio, tanto para a
realização da transferência entre o cadeirante e o banco que deverá ser instalado,
tanto para apoio durante o banho.
Nós devemos nos atentar para que a água do chuveiro não caia na cabeça do
indivíduo, e sim, no meio das pernas, então precisamos verificar se o banco estará
corretamente instalado de acordo as dimensões recomendadas pela NBR:9050 (2015).
A altura do banco deve ter 46cm de altura, pois precisa ser equivalente à altura da
cadeira de rodas, para diminuir o esforço físico exigido para os movimentos
necessários.
O acionamento do chuveiro precisa ser por alavanca, para que uma pessoa que, por
exemplo, não tenha os dedos das mãos, consiga ligar o chuveiro. E por fim, deve-se
sempre utilizar um alarme no chuveiro, para que caso ocorra algum tipo de acidente o
indivíduo consiga avisar que está em apuros. Resumindo, sobre as barras no chuveiro,
precisaremos no mínimo ter duas, a barra horizontal e a barra lateral.
A partir de agora vamos conversar sobre a bacia sanitária, a regra será a mesma, nós
precisaremos ter duas barras instaladas, com finalidade de apoio e transferência. O
botão de alavanca deverá ser em formato de alavanca ou elevado, para que pessoas
que por exemplo, não tenha os dedos das mãos, consigam acionar a descarga ou girar
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Conclusão
Este bloco nos permitiu obter conhecimento dos principais itens comuns de
acessibilidade, tendo aplicabilidade não somente na nossa edificação multifuncional,
mas também possibilitando o desenvolvimento de outros tipos de programa, tendo
em vista que analisamos itens que se repetem em vários tipos de edificações públicas.
As circulações verticais, horizontais e os banheiros, poderão estar presentes desde a
pequena escala projetual, até a grande escala. Entretanto, caberá a você no futuro se
debruçar em um tipo de projeto no qual irá se especializar, e entender de forma
minuciosa a acessibilidade em cada ambiente da sua especialidade, e não somente
estes itens que nós estudamos, que possuem um caráter generalista, ou seja, aplicável
para qualquer projeto arquitetônico público.
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REFERÊNCIAS
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No verão a norma exige que a nossa temperatura máxima interna não seja maior do
que a temperatura máxima externa, enquanto no inverno, solicita que a nossa
temperatura mínima do lado de dentro da edificação seja ao menos 3º a mais do que
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no lado de fora. Caso o nosso projeto não atenda aos requisitos de temperatura
exigidos pela norma, nós teremos que investigar formas de alteração do projeto para
que ele cumpra as necessidades, poderemos alterar as cores da fachada, os tipos de
vidro, elementos sombreadores, elementos de isolamento térmico de cobertura, e
entre outras questões (Nulde, 2019).
Parece básico se nós dissermos que em todas as edificações nós precisamos de luz
natural e de luz artificial, porém quando nós formos tratar de desempenho lumínico
em relação a essa norma, as coisas podem não ser tão simples assim. A edificação deve
cumprir quantidades mínimas e máximas de lux em todos os ambientes. A norma
estabelece em que todos os ambientes de permanência prolongada, como sala,
quarto, cozinha e área de serviço, precisamos adotar um nível mínimo de
iluminamento, mas como escabecemos esse nível? Conforme a norma, precisaremos
de 60 lux no centro do ambiente, lux é a quantidade de luz que chega em uma
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A norma irá estabelecer 3 níveis de atendimento, o nível mínimo que é obrigatório (60
luxes de iluminância na área central do ambiente), o nível intermediário (90 luxes), e
por fim, o nível superior (120 luxes). Para nós avaliarmos se nós estamos conseguindo
alcançar essas luminâncias, existem duas maneiras segundo a norma, a primeira será
por meio das simulações, que poderão ser realizadas por softwares específicos de
iluminação, e farão considerações como a latitude, o local que a cidade estará
localizada, as obstruções de sombra do entorno (caso tenha edificações vizinhas ou
não), as cores presentes nas superfícies que influenciarão diretamente, o tipo de vidro
que nós teremos no nosso projeto, a refletância dos materiais, dos pisos e do próprio
vidro.
A norma utiliza dois dias e dois horários específicos do ano para a elaboração destas
análises, e verifica se nesses dias nós atendemos o mínimo obrigatório, intermediário
ou o superior. A segunda maneira de nós verificarmos o atendimento da norma, é
através da medição da luz no próprio local através do luxímetro, que é um aparelho
portátil, bastante simples e barato, que possui uma fotocélula que mede a quantidade
de luz que está chegando na superfície, apresentando no visor quantos lux existe.
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Existem muitas dúvidas relacionadas a estas questões, como por exemplo: será que se
usarmos um bloco cerâmico atenderá ou não as nossas necessidades de isolar
acusticamente um ambiente? Será que se utilizarmos a parede de gesso acartonado
será melhor do que um bloco simples de vedação?
Estes ruídos podem ser transmitidos de forma aérea de também por impactos, e assim
como nos itens anteriores, nós precisamos avaliar os métodos, que também são feitos
por simulações computacionais, fazendo com que possamos definir quais serão os
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Para finalizar essa seção, vamos revisar alguns conhecimentos. Isolar um ambiente, é
fazer com que os ruídos que veem das atividades internas e externas não incomodem
as nossas atividades do dia-a-dia. O significado de barreiras acústicas, nada mais é do
que qualquer elemento presente no espaço que promova a diminuição de intensidade
do som e logo o isolamento dos ruídos aéreos, onde podemos mencionar as paredes,
os taludes, os muros, e entre outros.
Foi o ministério do meio ambiente que criou esta vigência (CONAMA nº 491/2018),
fazendo com que os arquitetos as sigam tanto no projeto básico quanto no executivo.
Os ensaios podem ser executados na fase de obra, e os resultados necessitam ser
apresentados por laudos técnicos. O item 3 da norma de desempenho aborda sobre os
poluentes na atmosfera interna da habitação, equipamentos presentes na edificação
não poderão liberar poluentes em locais confinados, que podem causar níveis de
poluição maiores do que aqueles verificados no entorno.
44
,
Conclusão
45
,
principal neste momento e por ser um conteúdo muito longo, que infelizmente não
conseguimos abordar em apenas um semestre.
REFERÊNCIAS
46
,
NULDE, Marcelo. Norma de Desempenho NBR 15575 - Térmico, 2019. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=WSC5y7_CPkY>. Acesso em: 08/06/2021.
47
,
Pisos
A primeira questão que você precisa ter em mente em relação ao tipo do piso que
você irá escolher para a área comercial do seu edifício multifuncional são os pisos.
Caso você projete uma loja ou alguma lanchonete, se atente ao tipo de piso que você
irá escolher, caso você utilize um piso muito sofisticado com características mais
rebuscadas, em um espaço comercial popular, você pode estar inibindo pessoas de
classes baixas ou médias de adentrarem o seu estabelecimento por fazer com que
algumas pessoas desse público pensem que não fazem parte deste espaço, que este
lugar pode ser caro demais para ela. Não se trata do custo dos pisos em si, pois há
pisos porcelanatos que são baratos, entretanto possuem certa sofisticação, podendo
causar este fenômeno. Opte por pisos mais simples em lojas que atendam todos os
públicos, sem perder a elegância do espaço (Gurgel, 2017)
48
,
Materiais
Em relação aos materiais, é de suma importância nós termos em mente quais tipos de
materiais nós iremos utilizar dentro das nossas lojas, restaurantes e lanchonetes. Você
precisa avaliar qual será sua intenção em relação a este espaço que você irá projetar. É
um espaço que você quer que as pessoas permaneçam durante mais tempo? Ou é um
local que você quer que as pessoas consumam e vão embora mais rápido para dar
lugar a outras que estão chegando? Quando você concebe um espaço que tenha
bastante madeira, materiais mais pomposos e com cores mais quentes, propicia-se a
criação de um espaço que tende a fazer com que o usuário permaneça, sobretudo se
você inserir sofás ou cadeiras confortáveis. Tome cuidado com o brilho, por exemplo,
se o nosso objetivo é criar uma loja popular e inserimos muito brilho no espaço, por
consequência, o mesmo erro do subtópico passado poderá acontecer. Dará a entender
que o espaço tem uma característica mais elitizada; a mesma coisa acontece quando
nós inserimos decorações clássica ou provençais, pelo fato de remeter a uma
"Gourmetização" do espaço (Prancht, 2004).
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/samples-material-multi-color-oak-wood-
1933908965. Acesso em: 18/08/2021
Iluminação
Quanto à iluminação, é necessário que você entenda que o comércio não pode
ter baixa iluminação, nós sempre precisamos fazer com que ele esteja bem iluminado,
49
,
mesmo que ele tenha uma boa quantidade de luz natural, é preciso que nós realcemos
os nossos produtos e também que evitemos sombras (Hunderhill, 2004). Com exceção
de restaurantes específicos que a própria proposta temática já sugira baixa quantidade
de lux, como por exemplo o Restaurante OutBack. Entretanto, com lojas mais
populares não podemos fazer com que elas tenham pouca iluminação geral e grande
iluminação sob os produtos, pois poderá trazer uma impressão de loja mais elitizada, a
não ser que a sua intenção seja essa e que você queira trazer como proposta para o
seu projeto uma loja que atenda pessoas de poder aquisitivo mais alto. Para um
comércio mais neutro, é necessário que busquemos um equilíbrio.
Cores
A disposição dos mobiliários, irá variar para cada tipo de comércio, mas é possível
analisarmos alguns padrões. Veja bem, a forma na qual projetamos um restaurante, é
diferente de uma loja, que é diferente de uma livraria, mas temos alguns
denominadores comuns como: a fachada, onde trabalhamos o vitrinismo, que nada
mais é do que um elemento no qual nós trabalhamos para a mostrar o produto, atrair
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A disposição dos mobiliários, irá variar para cada tipo de comércio, mas é possível
analisarmos alguns padrões. Veja bem, a forma na qual projetamos um restaurante, é
diferente de uma loja, que é diferente de uma livraria, mas temos alguns
denominadores comuns como: a fachada, onde trabalhamos o vitrinismo, que nada
mais é do que um elemento no qual nós trabalhamos para a mostrar o produto, atrair
o cliente, informar e comunicar, mas sobretudo, conectar e promover a venda, seja
qual for o tipo de produto: de alimentos, roupas, acessórios ou de objetos em geral.
Podemos utilizar vários tipos de vitrines, quando nós tratamos de vitrines externas
temos por exemplo as abertas ou interligadas, as suspensas, a corredor, a fachada, a
mezanino, entre outros tipos. Quanto às internas, temos as vitrines de nicho, aquário,
gôndolas ou as show-case, conhecidas como vitrines balcão (Lourenço, 2011).
Após definirmos quais serão os nossos tipos de vitrine, poderemos começar a pensar
nos nossos caminhos. Os caminhos serão um dos principais elementos importantes do
comércio, porque será por ele que definiremos as disposições dos mobiliários e que
iremos conduzir as pessoas no estabelecimento. Se lembra quando conversamos sobre
setorização alguns blocos atrás? Vamos fazer a mesma coisa agora, porém estamos em
uma escala muito menor, na escala do design de interiores. Vamos setorizar as áreas
das mercadorias de uma loja de roupa masculina, por exemplo, vamos separar as áreas
por categorias, mantendo as roupas sociais em um lugar, e as roupas mais casuais em
outro. Usemos como exemplo os seguintes produtos: camisas sociais, sempre
próximas das calças sociais, dos cintos e dos sapatos (Ebster, 2013), já as calças jeans,
camisas polo, camisetas, podem estar próximos uns dos outros de forma separada e
organizada, e numa outra área da loja os calçados: sapatos, tênis e chinelos. Nós
devemos setorizar a nossa loja para dispor os nossos mobiliários, a mesma ideia pode
se aplicar até em um supermercado, onde temos os setores de higiene, de limpeza,
alimentício (carnes, peixes, frios, frutas, verduras), produtos para pets, entre outros
setores. Cada tipo de loja terá seu tipo de mobiliário pertinente ao uso.
muitas vezes é melhor ele não ficar próximo da entrada para não espantar o cliente
pois dependendo do tamanho da fila, ele poderá não querer entrar por achar que irá
demorar para comprar o produto.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/beijing-china-january-2-2014-calvin-
190668140 Acesso em 18/08/2021>
Observe que não temos letreiros na vitrine que irão dificultar a visualização dos
produtos e a cor quente utilizada para proporcionar aconchego, mesmo usando um
piso frio, consegue-se associar a sensação causada aos produtos
52
,
qualidade à quantidade, fazendo com que os amplos ambientes que tinham grandes
quantidades de mesas padronizadas para o trabalho, se tornassem ambientes menos
superdimensionados e dedicados a atender de forma personalizada e focada no
conforto e no bem-estar do funcionário.
Em um projeto corporativo, assim como em qualquer projeto, nós temos as áreas que
devemos conhecer.
Vamos começar por onde nós entramos, o hall e a sala de espera. Os usos dessas áreas
nada mais são do que a própria espera, o atendimento de triagem, a utilização de
notebooks e a leitura de jornais e revistas. Recomenta-se uma área destas por andar e
2m² por assento, ela deverá estar posicionada no acesso do pavimento, de
preferência, próxima aos sanitários. Pode ser usada como uma ferramenta de branding
e identificar a personalidade da empresa logo quando o visitante chega e precisará de
uma atenção especial, exaltando a identidade da firma. É importante que tenha
mobiliários confortáveis e atrativos, e é preciso dar bastante importância para os locais
de carregamentos de notebooks, celulares e o posicionamento do roteador de Wi-Fi.
Circulação
53
,
Áreas de trabalho
Esses são alguns dos questionamentos básicos que nós devemos responder para
conseguir conceber a circulação e a setorização da área de trabalho para os
funcionários. Precisaremos elaborar um formulário de briefing para organizar todas
essas ideias em relação aos metros quadrados que temos disponíveis e sistematizar o
programa de necessidades.
Em relação aos mobiliários das áreas de trabalho, temos as chamadas estações, nas
quais existem vários tipos, cada uma atendendo um tipo de necessidade da empresa,
como por exemplo, se você preferir que o funcionário foque no trabalho, recomenda-
se as estações celulares ou de cabine às estações lineares, que apesar de serem mais
comuns, possuem uma característica integrativa com os demais trabalhadores,
entretanto, são mais distrativas por não terem fechamentos visuais. Nos nossos
materiais dinâmicos, conversaremos mais sobre suas características.
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Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-business-people-working-office-
concept-374127247> Acesso em 18/08/2021
Figura 5.4 – estação linear, mais integração e eventualmente menos foco entre os
funcionários
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Para Meel (2012), as salas de lazer deste tipo de ambiente se caracterizam pela
disposição das atividades e usos por meio da interação informal entre os funcionários,
o relaxamento dos colegas de trabalho, a disponibilidade de assistirem televisão e a
possibilidade de jogarem diversos tipos de jogos. Quanto às dimensões, elas acabam
variando conforme o orçamento disponível do cliente e o dimensionamento dos
equipamentos (mesa de bilhar, ping-pong, pebolim, mesa para jogos de tabuleiro,
etc.). O Local no qual ela deverá estar localizada, precisa ser próximo à área de
alimentação e de descanso, e distante dos espaços abertos de trabalho.
Projetarmos unidades habitacionais, não são muito diferentes de projetar uma casa,
devemos pensar nos ambientes principais como: salas, cozinha, área de serviço,
quartos, banheiros e talvez um escritório. Obviamente, na maioria das vezes teremos
limitações de espaços e a exclusão ou redução de algumas áreas, como uma possível
área de lazer de 25m² de uma casa, que diminuirá para uma sacada de 5m². Mas a
estrutura de setorização basicamente será a mesma: áreas íntimas, sociais e de
serviço, entretanto, quando reformamos, deveremos seguir o estatuto do condomínio,
porém como nós começaremos o projeto do zero, isso não existirá este documento.
56
,
Conclusão
Agora que você possui um conhecimento geral sobre as áreas do nosso projeto a ser
desenvolvido, vamos para o bloco seis, onde iremos finalizar os últimos conteúdos
para que você tenha sucesso no seu projeto.
REFERÊNCIAS
LINDSTROM, Martin. Verdades e Mentiras sobre por que compramos. Editora Harper
Collins Brasil, 1º edição. Rio de Janeiro, 2017.
57
,
LOURENÇO, Fátima; SAM, José Oliveira Sam. Vitrina: veículo de comunicação e venda.
São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2011.
MEEL, Juriaan van; MARTENS, Yuri. Como planejar espaços de escritórios. Guia prático
para gestores e designers. Editora GG Brasil. 2012
58
,
6 EDIFÍCIOS MULTIFUNCIONAIS
É necessário que você compreenda que nós estamos trabalhando com várias funções
em um mesmo edifício, então é necessário que atendamos tanto os indivíduos que
trabalham no prédio, tanto os que chegam para fazer compras ou simplesmente
passear.
Vamos examinar cada tipo de situação de forma isolada, e no final deste bloco, você
saberá qual é a melhor forma de se projetar o paisagismo para esse tipo de projeto.
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Precisamos somente nos atentar a algumas leis, como o Decreto nº 52.903/12 que diz
a largura mínima de uma calçada equivalente a 1,20m e que deveremos destina-la a
passagem de pedestres de forma exclusiva. Há também ao Decreto nº 45.904/05 que
se refere a uma largura mínima de 70cm ao lado desta passagem de pedestres, que
deverá ser destinada à vegetação e mobiliários urbanos, e é neste momento que nós
traremos as soluções para o nosso contexto projetual.
Para nós iniciarmos este tópico, em primeiro lugar você precisa entender que ao
projetarmos o paisagismo de um edifício multifuncional, precisamos fazer com que os
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,
espaços sejam reconhecíveis, isso vale tanto para a clareza nas funções quanto para a
sua identidade. Conforme as funções que criarmos, precisaremos trabalhar com as
sensações e as informações visuais, fazendo com que nós cheguemos a este resultado
de reconhecimento das atividades propostas. Para isso, deveremos definir zonas, a fim
de fazermos uma conexão entre as mesmas, selecionando aquelas que ficarão mais
isoladas (caso haja) e as principais. Os locais que tiverem ligação entre si, deveremos
fazer com que o indivíduo que estará frequentando o local compreenda a relação
entre o conjunto, mesmo que de forma indutiva. Os caminhos e os espaços deverão
estar seguindo uma hierarquização, fazendo com que o usuário seja indicado e
conduzido para determinados espaços, conforme as nossas intenções. Vamos agora
conversar um pouco sobre a hierarquização no paisagismo.
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Fonte: MALAMUT, Marcos. Paisagismo. Projetando espaços livres. Editora Livro. 1º Edição, 2011
Figuras 6.3 e 6.3.1 – condução do usuário por meio de caminhos estabelecidos pela
vegetação
Conforme Malamut (2011), caracterizam-se quatro tipos de espaços nos quais nós
deveremos nos preocupar em conceber adequadamente, são os espaços de chegada,
espaços de estada, espaços de passagem e por fim os espaços focais. Para isso,
deveremos elaborar relações que facilitem a criação de sensações e percepções no
local. Os instrumentos que nós temos para realizar este trabalho são: a textura, a
transparência, a opacidade, a cor, entre outros elementos. Então em um primeiro
momento, nós vamos planejar os acessos e os caminhos, em seguida, poderemos
pensar nos pontos focais. Iremos definir os principais pontos de observação da
paisagem, pensar na hierarquia, como dito anteriormente, considerando fatores
funcionais e perceptivos, e por fim, definiremos os volumes que nós vamos utilizar.
Não necessariamente, precisaremos pensar nas espécies dos arbustos, forrações,
árvores ou gramados que iremos utilizar neste momento dos volumes, apenas nos
preenchimentos espaciais.
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Após nós termos elaborado os nossos primeiros rascunhos, partiremos para o croqui
onde sugere-se a elaboração do diagrama conceitual para começarmos a entender as
materialidades e a circulação do nosso projeto de paisagismo. A partir dele, por meio
de simbologias criadas por nós mesmos, podemos representar várias informações para
indicar a circulação de pedestres, pontos de acessos, pontos de visualização e de
contemplação, paredes, cortinas, barreiras, os usos de cada local do projeto, volumes,
cores e texturas, entre outros elementos representativos. Observe a imagem abaixo,
retirada do livro Landscape Graphics: Plan Section and Perspective Drawing of
landscape spaces, de Grant Reid.
Fonte: REID, Grant W. Landscape graphics: Plan, section and perspective drawing of landscape spaces.
FASLA, 2002.
63
,
corte, as informações mais importantes que você deverá transmitir, que serão as
alturas das vegetações e de suas copas (quando forem árvores), o nome, a espécie e a
correta representação gráfica de acordo com as suas formas, volumes, cores e texturas
(Doyle, 2002).
Para trabalharmos a entrada, flores coloridas podem ser uma boa opção, pois os
espaços corporativos tendem a ter uma característica muito acinzentada, e elas
chamam a atenção do usuário e trazem alegria para o ambiente. Entretanto, é
necessário que não atrapalhemos a sinalização do local. Caso utilize, procure as flores
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,
nativas da sua região, assim como os demais elementos que serão trabalhados nos
elementos verdes do seu paisagismo (forrações, arbusto e árvores).
Antes mesmo de pensar nos espaços secundários como os ambientes mais íntimos,
devemos definir uma área em comum para que todos os trabalhadores possam
usufruir da mesma, para fazerem reuniões ao ar livre, interagirem, lancharem, entre
outras ações. É pertinente a colocação de bancos em locais estratégicos, assentos
simples, próximos de trepadeiras, árvores, arbustos, pensando não somente no
quesito da intimidade, mas também em proporcionar um local sombreado. É valido
também a inserção de pontos focais para atrair transeuntes ao espaço, sobretudo ao
nosso edifício que terá uma característica multifuncional.
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exemplo, passa muitos dias por ano se deslocando na cidade, essa repetição gera
estresse e acaba refletindo na produtividade e principalmente na qualidade de vida
das pessoas, por isso muitas empresas estão mudando seus escritórios e comércios
para que seus colaboradores queiram estar lá. O ambiente mais agradável gera mais
interação, conexão, foco e beneficia a qualidade de vida de quem produz. Um
escritório mais verde, ajuda o profissional permanecer fisicamente, mentalmente e
emocionalmente mais envolvido com o seu trabalho.
Conclusão
Este módulo nos possibilitou ter conhecimentos básicos para elaborar um projeto de
paisagismo para uma edificação de uso misto. Tendo o foco na análise do funcionário
dentro deste espaço, entendendo os principais elementos a serem considerados e
planejados de acordo com o contexto projetual e a compreensão do processo de
projeto de paisagismo. Aproveito a conclusão para parabenizar desde já, aos alunos
que chegaram até o final da trilha de aprendizagem, e desejo-lhes boa sorte na
elaboração do projeto. Um abraço a todos!
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REFERÊNCIAS
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