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Exploração, trabalho reprodutivo e (re)colinização vivenciadas pela mulher em

Torto Arado?

Introdução

Os movimentos feministas têm sido uma poderosa arma na luta por direitos de
minorias, além de contribuem para a construção de uma nova maneira de se enxergar a
mulher na sociedade. São muitas os estudos feitos por consideráveis pesquisadores que
circulam em ambientes acadêmicos buscando lançar luz, como diz Lélia Gonzales, às
formas concretas e simbólicas de opressão (as quais mulheres são submetidas em
diferentes espaços. Ao falar sobre a relação direta do avanço do capitalismo à imposição
de um modelo de feminilidade aceito socialmente e, sobre a maneira como esse sistema
se beneficiou da opressão feminina para seu desenvolvimento, Silvia Federici, nos
mostra que o lugar social da mulher é uma construção dada por um modelo de
organização social hierárquico que preza por todas as formas de dominação para se
manter erguido. Ao longo dos séculos, como aponta a escritora, as mulheres passaram
por um intenso processo de degradação moral para que coubessem nesses lugares
“criados” para elas através da caça às bruxas na Europa.

Decorrente desse acontecimento histórico, a mulher passa a viver como uma


“sombra” do homem, presente em todos os processos produtivos do lar, presente
diretamente na produção do trabalho assalariado ao qual o marido exerce e com total
invisibilidade. Como se as horas exaustivas de trabalho desempenhadas como mulher,
mãe, trabalhadora e reprodutora fossem indiferentes e não colaborassem em nada com a
economia capitalista em desenvolvimento. Esse modelo de relação que oprime e extrai
das mulheres tudo o que é possível em seus dias de vida, é o mesmo que as tratam como
incapazes de conquistar outros espaços que não o doméstico. Subjuga-as à inferioridade
e subalternidade excessivas como forma de esconder que sua real importância na
economia extrapola os interesses familiares já que contribuem para que privilégios de
alguns sejam mantidos. Nele a mulher foi infantilizada, tida como incapaz de tomar
decisões, cuidar das finanças da família, teve sua voz amputada, tudo em prol do capital.
Ficou confinada ao ambiente doméstico em trabalhos essenciais e invisíveis além de ter
sido transformada em propriedade do homem de sua família. E quais seriam as
consequências da libertação das mulheres de tudo que engloba as relações e padrões,
sejam comportamentais ou estéticos desta selva a qual foram lançadas?
É nessa base capitalista hétero patriarcal hierárquica que nasce o Brasil (aula
com o Piva), formando uma sociedade que tem como fundamento da produção do país
(colônia) a mão de obra escrava. Com a expansão comercial e marítima da Europa e
suas aventuras em busca de fortalecimento econômico, vieram as colonizações na
América e, em seguida, o tráfico de pessoas escravizadas, vindas do continente africano.
A colonização, soma-se a imposição dos costumes e práticas ocidentais sobre como a
sociedade deveria funcionar, quais os níveis sociais de cada indivíduo perante sua
classificação na escala do colonizador. Sempre é válido lembrar que o negro não
participava da pirâmide disputando lugar com outro ser humano, não reconheciam sua
humanidade. Mas era, assim como ainda o é, a principal força na classe trabalhadora. E
esse “não humano” foi ocidentalizado. O legado da escravidão para a população afro-
brasileira é um tema amplo e de difícil discussão, visto que, as questões relacionadas as
temáticas raciais são minimizadas pelo mito da democracia racial e a tal meritocracia,
tão presentes subjetivamente em nossa sociedade. Seus efeitos então para a mulher
negra são ácidos e excludentes. Como seres escravizados elas não eram diferenciadas do
homem no ambiente de trabalho, suportavam a mesma carga e quase sempre não eram
consideradas mulheres, mas sempre que necessário, fêmeas. O agravante da situação da
negra escravizada era o fato de ela ser explorada como trabalhadora e como mulher.
Sendo objetos de seus senhores elas eram usadas da maneira com que estes julgassem
melhor.

Abolida a escravidão, ela vive a liberdade, imersa nos conflitos internos de uma
sociedade que reluta em romper com os tempos coloniais em definitivo, associado a
sensação de inferioridade diante do ser masculino e do branco, pois, a herança da
colonização (a primeira: a caça às bruxas na Europa) diz insistentemente que a mulher é
inferior ao homem. Já a colonização ocorrida no Brasil assim como em tantos outros
países, deixa como legado para essa mulher a dupla discriminação: por gênero e raça. O
que fez com que por muito tempo ficassem excluídas das pautas feministas tradicionais,
fato, que vêm mudando com o avanço da discussão sobre o tema de forma intensa e
pertinente.
Algumas publicações têm voltado suas atenções e buscam dar voz às mulheres
racializadas. Essa atitude parte de estudiosos que enxergam que a verdadeira mudança
no social acontecerá a partir de feminismos que abraçam a todas as mulheres. Eles veem
que lutar por igualdade salarial nos ambientes corporativos, liberdade sexual entre
outras queixas no feminismo liberal, não chega perto da realidade vivida por mulheres
negras e indígenas. A realidade material de vida dessas mulheres é sujeitada ao
funcionamento da sociedade capitalista como base de exploração. Estas são, no Brasil,
as que mais sofrem violência doméstica, feminicídio, são as que mais ocupam
profissões consideradas subempregos, as que mais passam por descaso médico e as que
menos ocupam lugares de destaque na sociedade e também as que mais sofrem com as
recessões econômicas. Neste contexto, é necessário analisar a situação da parcela negra
da população sob o viés econômico e político, como afirma Silvio Almeida em Racismo
Estrutural, para entender o porquê de seu atraso econômico em relação à masculina e a
branca, visto que, a justificativa dada através de interpretações que dão ênfase aos
comportamentos individuais não é suficiente e nem mesmo consistente, embora seja
muito utilizada.

Além de análises da economia e da política, é necessária também a análise


histórica para entendermos que a discriminação que sofrem é algo constituinte das
relações capitalistas, visto que esse modelo de economia se constrói a partir da super
exploração de alguns em prol do conforto e bem estar de outros. A discriminação sexual
das mulheres, como já citado aqui, foi um dos meios necessários à ascensão do capital,
já discriminação racial sofrida por elas, é necessária para a manutenção do sistema
capitalista. Esta necessidade faz com que todo o descaso ao qual são sujeitadas pessoas
pertencentes à grupos oprimidos seja admitido por diferentes agentes sociais que
deveriam combate-lo e buscar por ambientes justos e igualitários O tempo passa e o
capitalismo se remodela, altera a face do seu funcionamento mas mantém suas bases: a
exploração da força de trabalho do outro, trabalhando juntos o racismo, o Estado e o
direito para que as condições materiais daqueles a serem explorados permitam sua
submissão ao capital.

Procurando ir de encontro à estudos que lançam luz sobre a figura feminina em


contexto atual e histórico, buscamos interpretar como esses modos de relacionamentos
sociais se mostram na literatura contemporânea. Este estudo propõe analisar na obra de
Itamar Vieira Junior, Torto Arado, questões relacionadas a exploração feminina, a
(re)colonização e o trabalho reprodutivo ao qual são submetidas as personagens
femininas presentes neste livro. Um estudo necessário já que ainda não há uma
investigação que proponha esse tipo de análise a respeito do processo de recolonização
no Brasil partindo dessa narrativa. Espera-se pensar aqui sobre as práticas coloniais
vividas pela mulher na contemporaneidade e deixar para pesquisas literárias futuras uma
pequena contribuição.

Torto Arado narra a história de duas irmãs, Bibiana e Belonisia, que vivem em
uma fazenda chamada Água Negra na Chapada Diamantina. Elas são marcadas na
infância por um acidente, que acontece durante um momento de curiosidade de criança
onde uma delas, Belonísia, perde um pedaço da língua ao colocar uma faca de cabo de
marfim que pertencia a sua avó, Donana, na boca para saber que gosto tinha o objeto,
tamanha foi admiração que tiveram ao vê-lo em suas mãos, ficando impedida de falar. A
perda da fala fez com ela desistisse de querer mais para si ao longo de sua vida. Nesse
lugar onde nasceram, que era uma região quilombola, elas e sua família assim como
outras que de lá dependem para viver, encontram-se em regime de escravidão moderna.
Para ter direito a um pedaço de chão para morar, eles têm que trabalhar nas plantações
dos “donos da terra”, sem pagamento, sem direitos e com muitos deveres. Eles
trabalham sem direito folga, no tempo que lhes sobram podem plantar o próprio
alimento ao redor de suas casas, mas nada que competisse com a plantação da fazenda.
Não podiam construir casas com material resistente, suas casas deveriam ser de barro,
para não demarcar tempo de presença naquelas terras. O pai delas, Zeca Chapéu
Grande, é curador de alma e de espírito, a conexão que o povo da fazenda tem com sua
religião e de certa forma também é através do prestígio que possui entre os moradores
de lá, apaziguador de conflitos dentro da fazenda. Acompanha-o Salustiana, sua esposa
e companheira de vida. Além de trabalhar nas plantações da fazenda com o marido, ela
também cuida da casa, com os filhos ela cuidava das plantações roça destinada ao
sustento da família e também era parteira. A construção da narrativa acontece em três
partes: a primeira parte é narrada por Bibiana, que completamente lúcida da exploração
em que vivem, sai de Água Negra em busca de melhores condições de vida, pensando
em transformar sua realidade e a de seus parentes junto ao seu primo Severo, com quem
se casa e persegue seus sonhos. Ela estuda, faz magistério e só volta para água negra
quando já é professora. Junto ao seu marido através dos conhecimentos adquiridos fora
da fazenda, trabalham naquela comunidade questões como o reconhecimento de que são
quilombolas e também dos direitos que possuem sobre as terras em que suas famílias
vivem há mais de quarenta anos. A segunda é narrada por Belonísia, que se reconhece
também como uma pessoa explorada, porém, não consegue enxergar outra alternativa
de vida que não seja aquela, já que não pode falar, se resignando a vida que tinha ao seu
alcance, aceitando inclusive permanecer em um casamento tóxico para ela. Mesmo
resignada com a vida que levava, fazia seu melhor tendo em mente que precisava ter
alguma autonomia em seu cotidiano. Já a terceira parte é contada por um ser místico do
jarê, religião afro-brasileira, a Santa Rita Pescadeira, uma encantada que como
narradora onisciente, nos ajuda a construir uma visão panorâmica sobre alguns
personagens. Mas sobretudo, ela mostra como a colonização atravessa gerações, e como
o peso desse empreendimento do capitalismo recai sobre as mulheres. Dessa narração
podemos conhecer mais sobre Donana, a dona da faca com cabo de marfim que tanto
encantou Belô e Bibiana, sobre os mistérios que essa personagem trazia consigo e sua
história com esse objeto.

Fizemos um recorte de três personagens: Belonísia, Salustiana e Donana, sendo


as duas últimas mãe e avó da primeira respectivamente. Partindo da leitura de textos
teóricos que analisam o materialismo histórico dialético e pensando em seus
desdobramentos sobre a vida de mulheres negras, buscamos lançar luz a como esses
processos são retratados na literatura. Tendo como base que nesses estudos buscaremos
responder as seguintes perguntas: Na obra Torto arado, é possível dizer que existe nas
personagens Salustiana, Belonísia e Donana um reconhecimento de sua posição na
Fazenda Água Negra como trabalhadoras rurais? Será que elas veem a si próprias como
indivíduos que vendem sua própria força de trabalho, ou "essencializam" suas funções
como algo que é parte naturalizada da estrutura familiar à qual pertencem?

Como hipótese temos que o modo como cada uma dessas personagens se
relaciona com a questão do trabalho é divergente. Donana, a mais velha, reconhece
parcialmente seu lugar como trabalhadora, mas ofusca muitas das frustrações pelo
"amor" que sente à vida do campo. Já para Salustiana, esse reconhecimento do trabalho
não existe - e sim como uma das funções que desempenha com relação ao marido. Por
fim, Belonísia seria uma "síntese" de ambas: ela não experimenta o trabalho como uma
coisa única - há trabalho(s) reconhecido(s) por ela, há outro(s) que vê como algo
naturalizado.
As justificativas dos estudos do presente artigo se sustentam na necessidade de
analisar como o neocolonialismo avança sobre a população do campo, e como esse fato
se mostra no texto literário e as suas consequências na vida de mulheres. Temos como
foco de análise a figura feminina, busca-se fazer levantamento bibliográfico de autores
como; Silvia Federici; Angela Davis; Lélia Gonzalez, Silvio Almeida entre outros não
menos importantes para então discutir a realidade das mulheres negras ali representadas
e relacionar temas presentes na obra, que dizem respeito a situação da mulher negra e
seu papel como produtora e reprodutora, a processos históricos e coloniais que
permeiam a sociedade em dias atuais.

A atenção que esta pesquisa dá ao tema visa mostrar a como a mulher é


explorada em várias esferas, sendo o gênero um fator usado para acentuar essa
exploração tanto no trabalho como dentro do lar. Percebemos nas três personagens em
questão que o trabalho doméstico é sempre delegado a elas, desde a avó, Donana,
passando o legado a Salú, que além de cuidar da casa e dos filhos, trabalha como
enfermeira das curas do esposo Zeca, que atende a toda a comunidade local; e com
Belonísia não é diferente, desde criança ajudando os adultos, e cresce numa relação
íntima com a terra e todo o trabalho sempre presente na rotina de trabalhos domésticos
com a mãe e rurais com o pai.

Concordamos com as ideias apontadas por trabalhos que mostram o quanto a


organização familiar muitas vezes é sujeitada ao capitalismo. Outro fato que merece
destaque se direciona para como essas personagens, Salu, Donana e Belonísia
reconhecem a si mesmas enquanto trabalhadoras exploradas. Sobre como elas se veem
como seres explorados e sobre como a exploração nas relações íntimas é tida como algo
natural do cotidiano feminino. A este fato buscaremos estudar entendendo sempre que
se trata de analisar a literatura contemporânea, mas também pensando que na literatura
há rastros da realidade de um contexto social.

Salustiana resultados e hipótese

            Ao iniciar a leitura, através do olhar de Bibiana, temos Salustiana extremamente


passiva. A projeção do modelo de feminilidade que serve ao capital. Aqui nesta
narrativa Salu não tem voz nem grandes feitos a não ser o parto de Crispiniana, que aos
olhos da narradora era como presenciar um “milagre de energia”. Somente ali ela sai de
um lugar de hesitação e alcança alguma assertividade. Na primeira parte do livro a
esposa do Zeca Chapéu Grande não tem uma fala de destaque ou um gesto que carregue
consigo um desejo de mudança em sua vida. Ela acompanha o marido e a família no
trabalho diário sem questionar ou se virar contra sua forma de sobreviver.

         No desenrolar da história, ela vai ganhando voz e também personalidade. A


relação que Belonísia tem com as pessoas de Água Negra e com a terra, faz com que
suas observações sejam mais profundas. Aqui nessa narrativa, sua mãe é a contadora
das mais emocionantes histórias a respeito de seus ancestrais. Ela não é, como aponta a
primeira parte do livro, subserviente ao marido não reconhecendo a exploração ao qual
eles são sujeitos, Salu reconhece suas lutas, sua condição de ex cativo que conseguiu
alguma autonomia no decorrer do tempo, ela também respeita sua posição entre os
trabalhadores da fazenda. 

Na terceira parte do livro temos uma narradora onisciente, Santa Rita


Pescadeira, aqui Salustiana mostra como tem na consciência a questão da exploração de
seu trabalho na área rural. Filha de quilombolas que foram escravizados pela igreja e
posteriormente cai na recolonização, tendo que sair das terras em que viviam e procurar
abrigo em outro lugar. Diante da aflição de se ver sem lugar para viver, tendo somente a
força de trabalho para garantir seu sustento, ela junto ao marido, assim como os outros
moradores de Água Negra fizeram o que lhes foi possível. Trocavam a força de trabalho
por um pedaço de terra para viverem. Quando entra em contato com as informações que
Severo traz sobre serem quilombolas, possuírem direito sobre a terra ela se coloca ao
seu lado. 

Ao comparar a hipótese com a leitura temos que a personagem reconhece a


exploração que sofre como trabalhadora rural, mas no ambiente familiar o trabalho é
considerado, para as mulheres, algo natural dessas relações. A desvalorização do
trabalho feminino consiste em invisibilizar a presença feminina na produção tal como
acontece com Salustiana. O capitalismo faz com que não percebamos o quanto somos
sujeitados a ele em tempo integral, mesmo em ambientes domésticos cuidando da casa,
preparando uma refeição, ou cuidando da plantação do terreiro da família, algo tido
como natural do universo feminino, ainda em um território que deveria servir de fuga
das atividades que servem ao capital, ela está produzindo a mais valia já que vive uma
nova escravização.
Buscando responder as hipóteses sobre as personagens, primeiramente
descobrimos que cada uma delas tem personalidade forte o suficiente para conduzir suas
vidas com determinação dentro de suas realidades materiais de existência. Interpretar
cada uma delas depende do foco narrativo, por isso destacamos sempre qual é o
narrador de cada capítulo. Para Bibiana, tudo é estático enquanto ela está em transito,
ela olha para e narra a sua própria trajetória. O seu movimento. O que torna as pessoas
ao redor ou a sua narrativa sobre as pessoas ao seu redor um tanto superficiais. O que
mais se destaca em sua narrativa é a repulsa pelas situações de exploração ao qual são
submetidos e seu desejo de mudança;

“A insônia havia se tornado companheira nas últimas


semanas. Pensei nas palavras de Severo sobre a situação de nossas
famílias na fazenda. Que a vida toda estaríamos submissos,
sujeitos às humilhações, como a pilhagem do nosso alimento. Que
eu tinha um papel nisso tudo, e que meus pais precisavam de mim
para mudar de vida. Que poderíamos, sim, comprar nossa própria
terra e vir buscá-los. Que só assim conseguiríamos ter uma vida
digna.” (JUNIOR, pag. 86)

Ela se vê como uma das poucas pessoas capazes de lutar contra esse sistema de
exploração, e é essa visão que nos levou a acreditar que o amor que Belonísia nutria
pela terra em que vivia, assim como Donana e sua saudade das terras em que viveu seus
primeiros anos de vida, eram uma forma de alienação em relação a exploração que
sofrem.

Em face de tais considerações sobre as personagens em análise, uma característica


marcante em todas elas que se pode perceber é a resiliência. O problema proposto, da
percepção e do reconhecimento como trabalhadoras e exploradas das mulheres de Torto
arado _ reconhecimento esse tão ofuscado pelo capitalismo, segundo Silvia Federici _, nos
direcionou à visão de uma consciência das personagens muito maior que julgamos
inicialmente. Ao aprofundar nas perspectivas tanto de Donana, de Salustiana como de
Belonísia, nota-se o profundo reconhecimento do quanto traços de escravização ainda se
manifestam em suas vidas. Mas todas elas persistem, trabalham e sobrevivem; e talvez até
se esforcem para manter uma certa dose de alienação frente tamanha exploração. Essa
dose era necessária para que resistissem, essa resiliência era fundamental para que se
mantessem vivas e pudessem lutar.

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