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debate necessário. Mas porque estudar a interseccionalidade dentro do SS? Por que
reservar uma aula para falar apenas sobre esse tema? Para responder esses e outros
questionamentos, é importante que a gente faça novamente um resgate histórico, de
modo a situar vocês na realidade, experiências e vivências das mulheres brasileiras,
sobretudo, as mulheres pretas.
Mas onde o Serviço Social entra nessa discussão? Primeiro que o objeto de
trabalho do Serviço Social é a Questão Social e suas expressões. Quando ampliamos
nossos olhares críticos sobre a realidade social dessas expressões identificamos um
padrão: a prevalência das mulheres negras nas estatísticas. Quem são as mulheres
que mais sofrem violência no Brasil? Quem são as mulheres que mais morrem no
Brasil? Quem são as maiores vítimas de feminicídio no Brasil? Quem são as que mais
estão desempregadas, no trabalho precário e informal? Quem são as que tem mais
dificuldades no acesso aos serviços de saúde e de educação? É importante que os
assistentes sociais tenham esse olhar mais profundo de forma a identificar as raízes
desse problema. Apesar de todas mulheres estarem propícias a passarem por
situações de violação dos direitos humanos, existe um grupo específico que lida com
várias opressões ao mesmo tempo.
Foi não perceber essas diferenças entre nós, que fez durante muito tempo, o
movimento feminista não avançar. No caso das mulheres negras, a junção dessas
opressões, as colocou em situação de vulnerabilidade social. As mulheres negras
foram as primeiras a perceber essas desigualdades dentro do movimento, elas eram
invisíveis, e passaram a questionar: e eu? Não sou mulher? As mulheres brancas se
colocavam muito como vítimas, não reconheciam que tinham privilégios por serem
brancas, ricas e bem nascidas, não enxergavam que enquanto lutavam por suas
demandas, existiam domésticas dentro da casa delas cuidando dos seus filhos.
Domésticas essas que muitas vezes eram humilhadas e oprimidas por essas mesmas
mulheres. Eram má remuneradas.