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“MULHER BISSEXUAL É

VETOR DE IST”: Um recorte


antropológico sobre o ostracismo e
preconceito vivenciados por
mulheres negras e bissexuais
JENIFFER MATTOS DE SOUSA –
MESTRANDA PPGAS/UFAM
INTRODUÇÃO
Essa pesquisa tem por objetivo elucidar acerca da construção da
invisibilidade que a bissexualidade enfrenta no cotidiano das relações
sociais e na própria comunidade LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays,
Bissexuais, Travestis, Queer, intersexuais, assexuais, etc), além de
abordar questões sobre como mulheres negras e bissexuais vivenciam o
leque de violências e ostracismo em sociedade por estarem fora do
considerado “normal” para ser aceito.
SEXUALIDADE EM PAUTA:
HISTORICIDADE E
PERSPECTIVAS
• Estudos de gênero a partir de 1960;

• Conceito de gênero e sexo segundo as autoras;


Mulheres bissexuais, ostracismo e
interseccionalidade
Bissexualidade como uma orientação sexual segregada;

Foucault (1976), afirma que as estruturas de poder agem em


parceria com as instituições, com o intuito de moldar os
sujeitos, e controlar seus corpos por meio de uma correlação
de forças;

Foucault (1976) discute o Biopoder,


para o autor, pautado no controle de
aspectos biológicos e sociais dos
sujeitos, em suma, uma extensão de
poder disciplinar.
É mister frisar que mulheres negras
e bissexuais sofrem com a
interseção de gênero, raça e
orientação sexual, de modo mais
amplo, todas as mulheres
enfrentam o sexismo, assédio
sexual, desigualdade salarial, e a
sub-representação em posições de
liderança, assim como mulheres
bissexuais sofrem com a bifobia,
através da discriminação e
estigmatização junto aos
heterossexuais ou, na própria
comunidade LGBTQIA+;
Existe um leque de violências que
mulheres bissexuais sofrem
durante a vida. hooks (2022)
disserta que o gênero é
indissociável da raça, ou seja, as
mulheres sofrem sexismo, mas
sofrem de forma mais acentuada
quando são mulheres negras,
pois além do sexismo elas
também precisam enfrentar o
racismo, no caso de mulheres
negras e bissexuais a bifobia é
mais um agravante.
“Eu não estou em cima do muro!”
Vivências de mulheres negras e
bissexuais.
Entrevista realizada de forma semi-estruturada;

Rebeca, mulher negra, bissexual, 24 anos, amazonense, terceira filha


de cinco irmãos, reside na periferia de Manaus e atualmente trabalha
como caixa de supermercado;

Além das pessoas negras, bissexuais também seguem um padrão de


estigma imposto pela sociedade, segundo Goffman (1975) o termo
estigma é usado em referência a um tributo depreciativo, é usado para
se referirem a sinais de que uma pessoa não deveria ser aceita;

Hiper-sexualização da mulher negra e bissexual;


Como cita Rebeca:

Durante toda a minha vida sofri com a fetichização, sou uma


mulher negra e bissexual, quando os homens descobriam
minha opção sexual era horrível, eles sempre me
cobravam ménage, achavam que eu tava ali pra qualquer
putaria que você imaginar. As minhas relações sempre
foram assim, eu via minhas amigas heterossexuais sempre
tão valorizadas e eu colocada em uma posição de mulher
que não era pra casar.
Rebeca, 2023.
Anzaldúa (2005) aborda a criatura La Mestiza,
uma pessoa que vive em uma zona de transição
cultural, no caso das mulheres negras e
bissexuais, uma mulher que vive na encruzilhada
das relações sociais e sexuais. A autora explana
como existe um desafio em estar no lugar de uma
mestiza, e como o que deveria ser “plural” torna-
se banal no que diz respeito às orientações
dissidentes.
Considerações finais
O cenário dessa pesquisa trouxe à lume confirmações do que antes podia-se
chamar de apenas especulações, pois, perante a própria comunidade LGBTQIA+ o sujeito
bissexual é visto como um individuo que goza dos mesmos privilégios do individuo
heterossexual, a pesquisa confirma que não há veracidade nessa informação. Bissexuais,
principalmente mulheres negras, precisam conviver com a invisibilidade por conta da própria
orientação sexual, com agravo de raça e gênero, além da constante fetichização por homens
cis-héteros.
Ao delinear todo esse aparato sobre a bissexualidade também constatou-se que
existem pouquíssimas produções acadêmicas acerca de todo os contextos que se
interseccionam nessa pesquisa. Enfim, urge que se possa abordar mais assuntos que se
interseccione com mulheres negras e bissexuais, o racismo enfrentado diariamente e os
agravos à saúde mental dessas mulheres.
Muito Obrigada!

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