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Feminismo Negro


Por que feminismo negro?


O que querem as mulheres?

Falta de espaço político;

Espaços secundarizados no movimento negro;

Centenário da abolição em 88;
Algumas considerações


Fruto do encontro do movimento negro e do movimento
feminista.


Generificação da raça e racialização do gênero

Por que feminismo negro?


O movimento feminista negro faz surgir um sujeito
histórico e objeto de teórico (aquele que produz
conhecimento);
Algumas considerações

Essa prática teórica será também será uma prática política:
descontrução do corpo da mulher negra como espaço
público, abjeto, destituído de mente e desejos = o corpo
que pode ser violado.
 Crenshaw (1991): opressões múltiplas – violência sexual, mercado
de trabalho;
 Discurso liberal: homogeneização das diferenças;
 Identidade como empoderamento social;
Opressão e  Importância de incorporar às identidades as diferenças grupais;

dominação  Impossibilidade de analisar diferenças separadamente;


 Exemplo: ação movida contra a General Motors dos Estados
Unidos em função na não-contratação de mulheres negras;
 Articular a interação entre racismo e patriarcado.
DAVIS: marcas e legado da escravidão;
 História dos movimentos sufragistas e abolicionistas;
 Racismo no movimento sufragista feminino;
 Condições de vida das mulheres operárias nos Estados Unidos;
 Mulheres negras e o trabalho doméstico.
Interpelações
do feminismo
negro

Angela Davis

Universidade da California , Santa Cruz


Discurso de
Sojourner Truth, “Aquele homem ali diz que é preciso ajudar as mulheres a subir
em 1851 numa carruagem, é preciso carregar elas quando atravessam um
lamaçal e elas devem ocupar sempre os melhores lugares. Nunca
ninguém me ajuda a subir numa carruagem, a passar por cima da
lama ou me cede o melhor lugar! E não sou uma mulher? Olhem
para mim! Olhem para meu braço! Eu capinei, eu plantei juntei
palha nos celeiros e homem nenhum conseguiu me superar! E não
sou uma mulher? Eu consegui trabalhar e comer tanto quanto um
homem – quando tinha o que comer – e também aguentei as
chicotadas! E não sou mulher? Pari cinco filhos e a maioria deles foi
vendida como escravos. Quando manifestei minha dor de mãe,
ninguém, a não ser Jesus, me ouviu! E não sou uma mulher?”
A solidão da
mulher negra
 Imagens da “mulata”, da “doméstica” e da “mãe preta”;
 O lugar dos negros no discurso branco;
 Crítica aos pensadores da formação do Brasil;
 Conflitos de raça e gênero derrubam mito da democracia
racial;
 A ocultação destes conflitos, como neurose cultural
brasileira, promovem uma identificação com os
opressores e a culpabilização de mulheres e negros por
este conflitos – “vitimismo”;
 Assimetrias e violências nas relações afetivas.
Lélia Gonzales
• índices de violência doméstica e de gênero aterradores;
• discriminações várias no mercado de trabalho;
• meios de comunicação que são incansáveis em “vender” símbolos
Após quase 40 anos de pejorativos da figura feminina, reforçando e renovando estereótipos;
redemocratização do • partidos políticos que são espaços masculinos e masculinizados, nos quais
Brasil, continuamos a é dificílimo encontrarmos mulheres (seja em quantidade, seja em qualidade) e
conviver com: temática de gênero é sempre periférica e inexpressiva;
• universidades que já se constituem em espaços “feminizados”, mas também
muito conservadores, sobretudo no que tange aos valores feministas;
• governos que quando incorporaram a temática de gênero, o fazem a partir
de uma lógica superficial e também periférica (aspecto evidenciável pelo
orçamento pífio que as áreas de governo referidas ao tema recebem).

Enegrecendo o feminismo é a expressão que vimos utilizando para designar a
trajetória das mulheres negras no interior do movimento feminista brasileiro.

• Buscamos assinalar, com ela, a identidade branca e ocidental da formulação


ENEGRECENDO O
FEMINISMO clássica feminista, de um lado; e, de outro, revelar a insuficiência teórica e prática
(SUELI CARNEIRO, 2003)
política para integrar as diferentes expressões do feminino construídos em
sociedades multirraciais e pluriculturais. Com essas iniciativas, pôde-se engendrar
uma agenda específica que combateu, simultaneamente, as desigualdades de
gênero e intragênero; afirmamos e visibilizamos uma perspectiva feminista negra
que emerge da condição específica do ser mulher, negra e, em geral, pobre,
delineamos, por fim, o papel que essa perspectiva tem na luta anti-racista no
Brasil.

Os grupos de mulheres indígenas e grupos de mulheres negras possuem
demandas específicas que, essencialmente, não podem ser tratadas,
exclusivamente, sob a rubrica da questão de gênero se esta não levar em conta
as especificidades que definem o ser mulher neste e naquele caso.
ENEGRECENDO O
FEMINISMO
(SUELI CARNEIRO, 2003) 
Necessidade premente de ARTICULAR O RACISMO ÀS QUESTÕES MAIS
AMPLAS DAS MULHERES encontra guarida histórica, pois a “variável” racial
produziu gêneros subalternizados, tanto no que toca a uma identidade feminina
estigmatizada (das mulheres negras), como a masculinidades subalternizadas
(dos homens negros) com prestígio inferior ao do gênero feminino do grupo
racialmente dominante (das mulheres brancas).

De acordo com González, as concepções do feminismo brasileiro:“... padeciam
de duas dificuldades para as mulheres negras: de um lado, o viés eurocentrista
do feminismo brasileiro, ao omitir a centralidade da questão de raça nas
hierarquias de gênero presentes na sociedade, e ao universalizar os valores de
uma cultura particular (a ocidental) para o conjunto das mulheres, sem as
De acordo com González, as
concepções do feminismo mediações que os processos de dominação, violência e exploração que estão na
brasileiro:
base da interação entre brancos e não-brancos, constitui-se em mais um eixo
articulador do mito da democracia racial e do ideal de branqueamento.


Por outro lado, também revela um distanciamento da realidade vivida pela
mulher negra ao negar toda uma história feita de resistências e de lutas, em que
essa mulher tem sido protagonista graças à dinâmica de uma memória cultural
ancestral – que nada tem a ver com o eurocentrismo desse tipo de feminismo”

O conceito da divisão sexual e racial do trabalho subsidia a análise sobre a
exploração e dominação das mulheres na sociedade capitalista. Historicamente,
as mulheres têm-se dedicado às “práticas invisíveis” (SOUZA-LOBO et al.,
1986) da história, ao trabalho cotidiano, feito longe das esferas de poder,
representado pela política e pelo Estado, e inseridas de forma contraditória e
Raça, classe e e gênero: subalterna no mercado de trabalho, contudo, esse trabalho invisibilizado é
indissociáveis
também essencial para a produção e reprodução objetivas dessa sociedade e,
portanto, sua marca está inscrita na história e na memória de grupos e
indivíduos, ainda que não nas versões oficiais. (DELGADO, 2017)

Não haverá libertação das mulheres em um modelo de sociedade que se
apropria do trabalho não pago, que coloca a vida acima do lucro, e que lucra
Raça, classe e e gênero: com o sangue e suor da classe trabalhadora, sobretudo das mulheres negras e
indissociáveis
periféricas e que expropria bens comuns e coletivos, retirando o direito à
dignidade humana, à terra para plantar e viver, à educação para construir
possibilidades de transformação da realidade, à cultura e à memória, que fazem
parte da nossa história de lutas e resistências

o reconhecimento das diferenças intragênero;

•o reconhecimento do racismo e da discriminação racial como fatores de
produção e reprodução das desigualdades sociais experimentadas pelas
mulheres no Brasil;

o reconhecimento dos privilégios que essa ideologia produz para as mulheres

A ação política das
do grupo racial hegemônico;
mulheres negras vem 
o reconhecimento da necessidade de políticas específicas para as mulheres
promovendo:
negras para a equalização das oportunidades sociais;

o reconhecimento da dimensão racial que a pobreza tem no Brasil e,
consequentemente, a necessidade do corte racial na problemática da
feminização da pobreza;

o reconhecimento da violência simbólica e a opressão que a brancura, como
padrão estético privilegiado e hegemônico, exerce sobre as mulheres não
brancas.

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