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- As pessoas brancas precisam se ver como um grupo racial, enxergar seu lugar de privilégio e
questionar a ausência de pessoas negras em cargos e espaços de poder. Pessoas brancas
podem ser discriminadas por serem mulheres e homossexuais e outras coisas, mas
racialmente falando estão em vantagem e a branquitude é um problema criado por brancos.
A discussão não é sobre capacidade, mas sim oportunidades, já que o ponto de partida entre
pessoas brancas e pessoas negras são diferentes, pois enquanto um branco tem estrutura pra
fazer vários cursos, pode se dedicar somente aos estudos e tem tempo de lazer, o negro
precisa estudar e trabalhar, não tem a mesma base de ensino e vive uma vida corrida.
- Apesar desse problema, as cotas são importantes para mudar essa situação. No início das
discussões sobre as cotas, pessoas brancas diziam que os negros iam roubar suas vagas,
porque para elas, eram delas por direito. (falar sobre patroa de mainha)
- A primeira Universidade a adotar cotas foi a UERJ em 2003 e a UNB em 2004, o que trouxe
avanços para a educação no país.
- Pesquisas apontaram que alunos cotistas tinham o mesmo desempenho que não cotistas,
tanto no prouni como nas universidades públicas, e a evasão escolar era maior entre não
cotistas.
- O caso de pessoas negras e pobres enfrenando dificuldades e tendo de abrir mão do básico
são romantizados e a meritocracia entra em cena como se fosse normal uma pessoa sofrer
essas violências e ter que competir igualmente com quem tem o caminho livre delas. (Menino
que sobe na árvore x menino que tem toda a estrutura)
- A lei de cotas foi promulgada em 2012 e dados de 2018 mostraram q a maioria dos
estudantes é negra, 64% que cursaram o ensino médio em escolas públicas e 70% vem de
famílias com baixa renda mensal.
- A exclusão da produção negra é muito forte nas universidades, Abdias Nascimento trata disso
em seu livro O genocídio do povo brasileiro, que acontece em todos os âmbitos, seja moral
cultural ou epistemológico.
- O apagamento da produção e saberes negros causa uma pobreza no debate público racial,
pois o conhecimento vem de um lugar só, de uma única visão e isso afirma que pessoas negras
não produzem conhecimento. Grada/Bell Hooks sobre a importância de pessoas negra
construírem sua própria história.
- A apropriação cultural não é sobre um branco poder usar turbantes ou tranças, mas sim
sobre a expropriação e apropriação historicamente sofridas pelas culturas negras e indígenas.
No processo de colonização a cultura do opressor era imposta e os bens culturais saqueados,
tanto que alguns países europeus vêm realizando a devolução dessas artes.
- A questão crucial no debate é sobre o fato de pessoas brancas usarem artefatos dessas
culturas que elas consideram na moda e ignorar as violências sofridas por elas e até demonizar
outros aspectos da cultura. A apropriação é sobre estrutura de poder, sobre um grupo decidir
o que pode ser aproveitado ou não do outro.
- O capitalismo tem um papel importante na apropriação cultural pq uma marca faz uma
coleção inspirada em elementos da cultura negra, mas só modelos brancas são contratadas
(citar modelo com bombril na cabeça) Então existe esse embranquecimento da cultura e
esvaziamento dos símbolos negros.
- Racismo recreativo – Adilson Moreira: encobre o racismo pelo humor. Ex: Mussum, o único
bêbado dos trapalhões, ou Adelaide, uma mulher pobre e feia. Sueli critica a novela terra
mostra, que enaltecia italianos e os negros presentes só serviam para serem mostrados como
inferiores.
- Essas partes criticadas por Sueli refletem a história do Brasil, em que imigrantes europeus
foram incentivados a vir para cá, ocupar os empregos que pessoas negras não poderiam
ocupar e branquear a população através de uma política oficial. Essa e diversas leis segregaram
a população negra, como a lei de esterilização forçada de mulheres negras, prática que o
Estado brasileiro manteve até um passado recente, como comprovado pela CPI da
Esterilização de 1992, proposta pela deputada federal BENETIDA DA SILVA.
- Desde o período colonial mulheres negras são ultrassexualizadas, vistas como fáceis, sensuais
e isso faz com que o abuso a mulheres negras seja normalizado, já que mulheres negras são as
maiores vítimas de violência sexual no país.
- Existe um esforço para enquadrar mulheres negras nesse esteriótipo, que vem desde o
período escravista onde a mulher branca do senhor era sinônimo de pureza e o corpo da
mulher negra era apenas uma propriedade, um objeto eu poderia ser violentado e invadido de
todas as formas, pois o corpo da mulher negra só serviria para o sexo e ela tinha essa “marca”,
esse teor exótico. Gilberto Freyre foi mais um racista que justificou isso dizendo que a mulher
negra facilitava, que abria as pernas.
- Essa sexualização retira a humanidade da mulher negra, somos rotuladas apenas como
“negas”, como seres sem complexidades, apenas um corpo. Quantas de nós não ouvimos que
temos um gingado diferente, um corpo exótico. Somos vistas como um fetiche.
- Se relacionar com mulheres negras não quer dizer que a pessoa é antirracista, pois pode
existir esse fetiche, esse estoriótipo que mulheres negras são quentes, são sensuais, da cor do
pecado e as relações geralmente não são duradoras e muitas vezes não são assumidas.
- A solidão da mulher negra vem se tornando tema de estudo e mostra que a mulher negra é
privada do afeto, não é vista como uma pessoa sensível, mas sim apenas para a cama.
- O censo de 2011 mostrou que mulheres negras são as que menos se casam e muitas vivem
em celibato definitivo e são privadas do amor.
- O afeto por conveniência: trabalhadoras domésticas, mulheres negras só são amadas quando
estão em lugares que pessoas brancas julgam serem os ideais pra elas. Ou seja, a empregada
não tem todos os direitos assegurados, mas é quase da família, ela é “amada” contanto que
fique no seu lugar. (Rosilda, ficou doente e foi demitida)
- As pessoas brancas não estão imunes de serem racistas só porque tem esposo ou esposa
negra, elas podem repruduzir isso dentro de seus relacionamentos. Então é preciso escutar o
que essa pessoa tem a dizer e estudar.