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1. HOME
2. SOCIOLOGIA
3. CONSCIÊNCIA NEGRA
Consciência negra
A consciência negra é, basicamente, o orgulho da cor da pele negra. A ideia foi extraída dos
movimentos sociais que lutam contra o racismo e pela igualdade racial.
Leia também: Leis abolicionistas – forma de realizar a transição gradual até a abolição da
escravatura
Zumbi dos Palmares é uma figura representativa para a Consciência Negra por simbolizar luta e
resistência. [1]
• gênero;
• cor da pele;
• sexualidade;
• condição socioeconômica.
Isso evidencia, a partir de uma leitura materialista da história, que as relações sociais são
desiguais e que é preciso corrigir essa distorção para que a sociedade evolua.
Para levar a riqueza da cultura africana ao povo afrodescendente de países colonizados por europeus
(e também para os próprios povos africanos, que ainda sofrem as consequências do colonialismo de
exploração em seu continente), o poeta e escritor martinicano Aimé Césaire criou o
termo negritude, que se tornou uma corrente literária e um movimento cultural. A ideia é a de
que há uma essência cultural (a negritude) em todos os descendentes de africanos que sofreram a
diáspora forçada por europeus. A ideia de uma consciência negra não surge, exatamente, a partir do
conceito de negritude, mas tem muito a ver.
Para unificar o povo preto em torno de sua luta contra séculos de escravização e após a abolição da
escravatura no Brasil, passou-se a pensar em uma forma de unir a população preta e conscientizá-la
de sua cultura, da luta diária das pessoas pretas e do valor de ser preto. O objetivo é ainda
parecido com o da negritude, mas vai além, pois indica às pessoas pretas que, apesar de elas não
ocuparem muitos lugares de destaque na sociedade dominada por pessoas brancas, elas merecem
destaque por sua intensa luta.
A consciência negra é isto: um misto de conscientização da importância do preto na sociedade, do
reconhecimento do valor, da cultura e da luta de pessoas pretas que não se calaram e levantaram a
cabeça contra o racismo. Apesar do protagonismo negro nessa consciência — que mais do que uma
ideia ou conceito, é uma espécie de prática que dá “movimento” aos movimentos sociais —,
podemos esperar que, a partir do choque com a consciência negra, as pessoas brancas repensem
suas práticas.
Para que um indivíduo que sofre a exploração contra a sua classe social, a exploração de seu
trabalho, perceba-se enquanto um ser explorado, ele precisa tomar consciência de que o que é feito
com ele não está certo. O mesmo vale para a mulher, que, para perceber que a cultura que a colocou
como um ser inferior, frágil (até mesmo um objeto dos homens) é errada, precisa tomar consciência
de que é a cultura que está errada, e não ela mesma. Isso também se aplica para o preto: o racismo
estrutural é internalizado pelas pessoas que o sofrem, o que faz parecer normal ser historicamente
discriminado. No entanto, a criação da consciência negra na pessoa faz com que ela perceba que
ela não está errada por ser quem ela é, mas é a sociedade que está errada por discriminá-la.
Quando a pessoa preta (assim como a mulher, a população LGBTQ+, deficientes e outras minorias
historicamente discriminadas) toma consciência de seu valor e sua importância, ela se empodera. O
movimento causal contrário também acontece: quanto mais a pessoa negra é empoderada, mais ela
toma consciência de seu valor. No entanto, essa consciência negra não é criada a partir do nada no
indivíduo. É necessário que as pessoas empoderadas mostrem para as outras pessoas que elas
também podem criar essa consciência. É necessário que a educação oferecida nas escolas seja de
igualdade e que seja ensinada a valorização da cultura negra. É necessário que sejam mostradas
pessoas negras em espaços de poder e de representatividade, como o herói preto e a heroína preta, o
presidente preto e a presidenta preta, etc.
É necessário desconstruir um papel de subalternidade que sempre foi atribuído à população preta
e mostrar cada vez mais nos espaços midiáticos os pretos e as pretas empoderados, para que sirvam
de inspiração para os outros que ainda não se empoderaram.
Intelectuais e políticos brancos também endossaram o movimento. No dia 13 de maio de 1888, não
conseguindo mais resistir à pressão interna do movimento abolicionista e nem à pressão externa
promovida principalmente pela Inglaterra, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, abolindo a
escravatura em nosso país.
A trajetória dos ex-escravos libertos não foi fácil. Eles não tiveram direito à terra nem a qualquer
tipo de indenização. Começaram a viver à margem da sociedade, iniciando a difícil trajetória da
população preta após a abolição em nosso país. Mesmo compondo uma comunidade em sua maioria
pobre e marginalizada, a cultura negra, com suas ricas raízes africanas, continuou se
desenvolvendo.
Em 1971, o professor, escritor, pesquisador e militante negro Oliveira Silveira organizou um grupo
de estudo e apreciação da cultura e da literatura negra em Porto Alegre com outras pessoas
interessadas no assunto. O grupo propôs a criação de uma data comemorativa que simbolizasse a
união e a luta do povo negro. O dia 20 de novembro foi escolhido por ser o dia da morte de Zumbi
dos Palmares, personalidade considerada símbolo de luta e resistência contra a escravidão.
O grupo sofreu certa perseguição, pois, na ocasião de seu nascimento, o Brasil vivia o auge dos
chamados anos de chumbo da Ditadura Militar. No entanto, os movimentos sociais que atuavam em
defesa da população negra cresciam cada vez mais em nosso país. Em 1978, inclusive, foi criado
no Brasil o Movimento Negro Unido (MNU).
Em 1988 foi promulgada a atual Constituição Federal de nosso país, apelidada pelo deputado
Ulysses Guimarães como Constituição Cidadã. Ela recebeu esse carinhoso apelido por ser resultado
de uma intensa consulta popular de vários setores da sociedade, representados por deputados e por
movimentos sociais que puderam participar das sessões de criação e votação do texto
constitucional. Um dos princípios estabelecidos na constituição é a igualdade e o veto à
discriminação por qualquer motivo, inclusive racial.
Em 1989 foi promulgada a Lei n.º 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que dispõe contra o preconceito
racial, tornando a discriminação racial, de cor, de religião ou nacionalidade um crime passível de
punição penal.
Veja também: Como ficou a vida dos ex-escravos após a Lei Áurea?
Zumbi teria liderado por anos o Quilombo dos Palmares, um complexo de quilombos na região da
Serra da Barriga. Na época, a região pertencia à Capitania de Pernambuco, sendo atualmente o
estado de Alagoas.
Dados apontam que a morte de Zumbi teria ocorrido em 20 de novembro de 1695, em combate
e fuga. Daí veio a escolha do dia 20 de novembro como data de celebração do Dia Nacional da
Consciência Negra no Brasil.
Leia também
• Racismo
• Movimento negro
• Leis abolicionistas
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