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2. SOCIOLOGIA

3. CONSCIÊNCIA NEGRA

Consciência negra
A consciência negra é, basicamente, o orgulho da cor da pele negra. A ideia foi extraída dos
movimentos sociais que lutam contra o racismo e pela igualdade racial.

O Dia da Consciência Negra é também um dia de luta pela igualdade racial.


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Consciência negra é um termo que ganhou notoriedade na década de 1970, no Brasil, em razão da
luta de movimentos sociais que atuavam pela igualdade racial, como o Movimento Negro Unido. O
termo é, ao mesmo tempo, uma referência e uma homenagem à cultura ancestral do povo de origem
africana, que foi trazido à força e duramente escravizado por séculos no Brasil. É o símbolo da
luta, da resistência e a consciência de que a negritude não é inferior e que o negro tem seu valor
e seu lugar na sociedade.

Leia também: Leis abolicionistas – forma de realizar a transição gradual até a abolição da
escravatura

Zumbi dos Palmares é uma figura representativa para a Consciência Negra por simbolizar luta e
resistência. [1]

Tópicos deste artigo


• 1 - O que é consciência negra?
• 2 - Criação da consciência negra
• 3 - História da consciência negra
• 4 - Consciência negra e o Zumbi dos Palmares
• 5 - Dia da Consciência Negra
O que é consciência negra?
Muitas pessoas, erroneamente, dizem que não se deve celebrar a consciência negra, e sim a
consciência humana. Isso, no entanto, é uma ideia que pode até ter surgido com boas intenções, mas
acabou prestando um desserviço à luta contra o racismo e a favor da igualdade racial.
Historicamente a sociedade sustentou-se por meio de uma relação desigual entre pessoas por vários
fatores. Os principais fatores de desigualdade são:

• gênero;

• cor da pele;

• sexualidade;

• condição socioeconômica.

Tradicionalmente os espaços de poder da sociedade são reservados a homens héteros, cisgênero,


brancos e ricos. Mesmo nas chamadas microrrelações, nas pequenas relações de poder cotidianas, a
tendência é que:

• o homem tenha mais poder e privilégio social em relação à mulher;

• os héteros também o têm em relação à população LGBTQ+;

• os brancos também possuem esse privilégio e esse poder desproporcional em relação à


população preta.

Isso evidencia, a partir de uma leitura materialista da história, que as relações sociais são
desiguais e que é preciso corrigir essa distorção para que a sociedade evolua.

Para levar a riqueza da cultura africana ao povo afrodescendente de países colonizados por europeus
(e também para os próprios povos africanos, que ainda sofrem as consequências do colonialismo de
exploração em seu continente), o poeta e escritor martinicano Aimé Césaire criou o
termo negritude, que se tornou uma corrente literária e um movimento cultural. A ideia é a de
que há uma essência cultural (a negritude) em todos os descendentes de africanos que sofreram a
diáspora forçada por europeus. A ideia de uma consciência negra não surge, exatamente, a partir do
conceito de negritude, mas tem muito a ver.

Para unificar o povo preto em torno de sua luta contra séculos de escravização e após a abolição da
escravatura no Brasil, passou-se a pensar em uma forma de unir a população preta e conscientizá-la
de sua cultura, da luta diária das pessoas pretas e do valor de ser preto. O objetivo é ainda
parecido com o da negritude, mas vai além, pois indica às pessoas pretas que, apesar de elas não
ocuparem muitos lugares de destaque na sociedade dominada por pessoas brancas, elas merecem
destaque por sua intensa luta.
A consciência negra é isto: um misto de conscientização da importância do preto na sociedade, do
reconhecimento do valor, da cultura e da luta de pessoas pretas que não se calaram e levantaram a
cabeça contra o racismo. Apesar do protagonismo negro nessa consciência — que mais do que uma
ideia ou conceito, é uma espécie de prática que dá “movimento” aos movimentos sociais —,
podemos esperar que, a partir do choque com a consciência negra, as pessoas brancas repensem
suas práticas.

Aimé Césaire, um dos fundadores da


negritude. [2]

Criação da consciência negra


O cérebro humano tem uma imensa capacidade plástica de se adaptar às situações e de moldá-las
para que elas estejam de acordo com aquilo que o ser humano quer. Assim, o ser humano possui
algo que talvez lhe seja único dentre os outros animais: consciência. O animal tem senciência, uma
capacidade de se perceber no mundo a partir dos sentidos do corpo, da autoimagem, das
necessidades corpóreas e até de sentimentos. No entanto, o ser humano se percebe como um ser no
mundo que pode modificá-lo e que pensa na sua existência. Isso é o que a consciência nos
garante: pensar a nossa existência e, com isso, nos fazemos enquanto seres viventes.
Para filósofos existencialistas, a nossa existência precede a nossa essência. Isso significa que é ao
viver que nos criamos. Também é nesse movimento vital que criamos a nossa consciência, que é
aquela capacidade de pensar na existência e se perceber como um ser no mundo e capaz de
modificar o mundo. Tudo isso compõe uma complexa rede de significações que nos molda
enquanto seres e não é simples de ser percebida.

Para que um indivíduo que sofre a exploração contra a sua classe social, a exploração de seu
trabalho, perceba-se enquanto um ser explorado, ele precisa tomar consciência de que o que é feito
com ele não está certo. O mesmo vale para a mulher, que, para perceber que a cultura que a colocou
como um ser inferior, frágil (até mesmo um objeto dos homens) é errada, precisa tomar consciência
de que é a cultura que está errada, e não ela mesma. Isso também se aplica para o preto: o racismo
estrutural é internalizado pelas pessoas que o sofrem, o que faz parecer normal ser historicamente
discriminado. No entanto, a criação da consciência negra na pessoa faz com que ela perceba que
ela não está errada por ser quem ela é, mas é a sociedade que está errada por discriminá-la.

Quando a pessoa preta (assim como a mulher, a população LGBTQ+, deficientes e outras minorias
historicamente discriminadas) toma consciência de seu valor e sua importância, ela se empodera. O
movimento causal contrário também acontece: quanto mais a pessoa negra é empoderada, mais ela
toma consciência de seu valor. No entanto, essa consciência negra não é criada a partir do nada no
indivíduo. É necessário que as pessoas empoderadas mostrem para as outras pessoas que elas
também podem criar essa consciência. É necessário que a educação oferecida nas escolas seja de
igualdade e que seja ensinada a valorização da cultura negra. É necessário que sejam mostradas
pessoas negras em espaços de poder e de representatividade, como o herói preto e a heroína preta, o
presidente preto e a presidenta preta, etc.

É necessário desconstruir um papel de subalternidade que sempre foi atribuído à população preta
e mostrar cada vez mais nos espaços midiáticos os pretos e as pretas empoderados, para que sirvam
de inspiração para os outros que ainda não se empoderaram.

Leia também: Três grandes abolicionistas negros brasileiros

História da consciência negra


No Brasil, a história da consciência negra culminou na criação do Dia Nacional da Consciência
Negra, uma data que celebra a negritude e a luta da população preta de nosso país. No entanto, a
história por trás disso é mais longa. Ainda no século XIX, negros alforriados e seus filhos, muitos
dos quais tiveram a oportunidade de estudar (como o advogado e jornalista Luiz Gama, o patrono
da abolição da escravatura no Brasil), impulsionaram o movimento abolicionista, que advogava
pelo fim da escravidão em nosso país.

Intelectuais e políticos brancos também endossaram o movimento. No dia 13 de maio de 1888, não
conseguindo mais resistir à pressão interna do movimento abolicionista e nem à pressão externa
promovida principalmente pela Inglaterra, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, abolindo a
escravatura em nosso país.
A trajetória dos ex-escravos libertos não foi fácil. Eles não tiveram direito à terra nem a qualquer
tipo de indenização. Começaram a viver à margem da sociedade, iniciando a difícil trajetória da
população preta após a abolição em nosso país. Mesmo compondo uma comunidade em sua maioria
pobre e marginalizada, a cultura negra, com suas ricas raízes africanas, continuou se
desenvolvendo.

Em 1971, o professor, escritor, pesquisador e militante negro Oliveira Silveira organizou um grupo
de estudo e apreciação da cultura e da literatura negra em Porto Alegre com outras pessoas
interessadas no assunto. O grupo propôs a criação de uma data comemorativa que simbolizasse a
união e a luta do povo negro. O dia 20 de novembro foi escolhido por ser o dia da morte de Zumbi
dos Palmares, personalidade considerada símbolo de luta e resistência contra a escravidão.

O grupo sofreu certa perseguição, pois, na ocasião de seu nascimento, o Brasil vivia o auge dos
chamados anos de chumbo da Ditadura Militar. No entanto, os movimentos sociais que atuavam em
defesa da população negra cresciam cada vez mais em nosso país. Em 1978, inclusive, foi criado
no Brasil o Movimento Negro Unido (MNU).

Em 1988 foi promulgada a atual Constituição Federal de nosso país, apelidada pelo deputado
Ulysses Guimarães como Constituição Cidadã. Ela recebeu esse carinhoso apelido por ser resultado
de uma intensa consulta popular de vários setores da sociedade, representados por deputados e por
movimentos sociais que puderam participar das sessões de criação e votação do texto
constitucional. Um dos princípios estabelecidos na constituição é a igualdade e o veto à
discriminação por qualquer motivo, inclusive racial.

Em 1989 foi promulgada a Lei n.º 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que dispõe contra o preconceito
racial, tornando a discriminação racial, de cor, de religião ou nacionalidade um crime passível de
punição penal.

Entre embates judiciais, leis e a luta dos movimentos, o sentimento de empoderamento e a


necessidade de se celebrar a africanidade cresciam cada vez mais, aumentando a necessidade de se
criar uma lei que determinasse a data proposta na década de 1970 como uma data comemorativa.

Veja também: Como ficou a vida dos ex-escravos após a Lei Áurea?

Consciência negra e o Zumbi dos Palmares


Zumbi dos Palmares é tido como uma das maiores personalidades representativas da força e da luta
da população negra em nosso país. Muito pouco se sabe sobre a história de Zumbi, inclusive muitos
dados são apontados como lendas. No entanto, a representatividade de Zumbi coloca-o como um
herói e une a comunidade negra em prol da defesa de seus valores e de sua cultura.

Zumbi teria liderado por anos o Quilombo dos Palmares, um complexo de quilombos na região da
Serra da Barriga. Na época, a região pertencia à Capitania de Pernambuco, sendo atualmente o
estado de Alagoas.
Dados apontam que a morte de Zumbi teria ocorrido em 20 de novembro de 1695, em combate
e fuga. Daí veio a escolha do dia 20 de novembro como data de celebração do Dia Nacional da
Consciência Negra no Brasil.

Dia da Consciência Negra


A Lei n.º 12.519, de 10 de novembro de 2011, instituiu o dia 20 de novembro como o Dia
Nacional da Consciência Negra. É um dia voltado para a reflexão sobre o que movimenta a
criação da data. O dia 20 de novembro não é um feriado nacional, mas alguns estados e
municípios adotaram a data como feriado.

Créditos das imagens

[1] Rodrigo S Coelho / Shutterstock

[2] Chris Allan / Shutterstock

Escrito por: Francisco PorfírioEscritor oficial Brasil Escola

Leia também

• 20 de novembro – Dia da Consciência Negra

• Racismo

• Movimento negro

• Leis abolicionistas

• Diferença simbólica entre o Dia da Abolição da Escravatura e o Dia da Consciência Negra

• 16 personalidades negras que mudaram a história do mundo

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:


PORFíRIO, Francisco. "Consciência negra"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/consciencia-negra.htm. Acesso em 28 de fevereiro de
2024.

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