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E.

E Irmã Charlita

Consciência Negra

Prof° Keila

Suellen Oliveira da Silva


3° B

2023
Consciência negra
A consciência negra é, basicamente, o orgulho da cor da pele negra. A ideia foi extraída dos
movimentos sociais que lutam contra o racismo e pela igualdade racial.

O Dia da Consciência Negra é também um dia de luta pela igualdade racial.


Consciência negra é um termo que ganhou notoriedade na década de 1970, no Brasil, em
razão da luta de movimentos sociais que atuavam pela igualdade racial, como o Movimento
Negro Unido. O termo é, ao mesmo tempo, uma referência e uma homenagem à cultura
ancestral do povo de origem africana, que foi trazido à força e duramente escravizado por
séculos no Brasil. É o símbolo da luta, da resistência e a consciência de que a negritude
não é inferior e que o negro tem seu valor e seu lugar na sociedade.

Muitas pessoas, erroneamente, dizem que não se deve celebrar a consciência negra, e sim
a consciência humana. Isso, no entanto, é uma ideia que pode até ter surgido com boas
intenções, mas acabou prestando um desserviço à luta contra o racismo e a favor da
igualdade racial. Historicamente a sociedade sustentou-se por meio de uma relação
desigual entre pessoas por vários fatores. Os principais fatores de desigualdade são:

● gênero;

● cor da pele;

● sexualidade;

● condição socioeconômica.

Para levar a riqueza da cultura africana ao povo afrodescendente de países colonizados por
europeus (e também para os próprios povos africanos, que ainda sofrem as consequências
do colonialismo de exploração em seu continente), o poeta e escritor martinicano Aimé
Césaire criou o termo negritude, que se tornou uma corrente literária e um movimento
cultural. A ideia é a de que há uma essência cultural (a negritude) em todos os
descendentes de africanos que sofreram a diáspora forçada por europeus. A ideia de uma
consciência negra não surge, exatamente, a partir do conceito de negritude, mas tem muito
a ver.

Para unificar o povo preto em torno de sua luta contra séculos de escravização e após a
abolição da escravatura no Brasil, passou-se a pensar em uma forma de unir a população
preta e conscientizá-la de sua cultura, da luta diária das pessoas pretas e do valor de ser
preto. O objetivo é ainda parecido com o da negritude, mas vai além, pois indica às pessoas
pretas que, apesar de elas não ocuparem muitos lugares de destaque na sociedade
dominada por pessoas brancas, elas merecem destaque por sua intensa luta.

A consciência negra é isto: um misto de conscientização da importância do preto na


sociedade, do reconhecimento do valor, da cultura e da luta de pessoas pretas que não se
calaram e levantaram a cabeça contra o racismo. Apesar do protagonismo negro nessa
consciência — que mais do que uma ideia ou conceito, é uma espécie de prática que dá
“movimento” aos movimentos sociais —, podemos esperar que, a partir do choque com a
consciência negra, as pessoas brancas repensem suas práticas.

O cérebro humano tem uma imensa capacidade plástica de se adaptar às situações e de


moldá-las para que elas estejam de acordo com aquilo que o ser humano quer. Assim, o ser
humano possui algo que talvez lhe seja único dentre os outros animais: consciência. O
animal tem senciência, uma capacidade de se perceber no mundo a partir dos sentidos do
corpo, da autoimagem, das necessidades corpóreas e até de sentimentos. No entanto, o ser
humano se percebe como um ser no mundo que pode modificá-lo e que pensa na sua
existência. Isso é o que a consciência nos garante: pensar a nossa existência e, com isso,
nos fazemos enquanto seres viventes.

Para filósofos existencialistas, a nossa existência precede a nossa essência. Isso significa
que é ao viver que nos criamos. Também é nesse movimento vital que criamos a nossa
consciência, que é aquela capacidade de pensar na existência e se perceber como um ser
no mundo e capaz de modificar o mundo. Tudo isso compõe uma complexa rede de
significações que nos molda enquanto seres e não é simples de ser percebida.

Para que um indivíduo que sofre a exploração contra a sua classe social, a exploração de
seu trabalho, perceba-se enquanto um ser explorado, ele precisa tomar consciência de que
o que é feito com ele não está certo. O mesmo vale para a mulher, que, para perceber que
a cultura que a colocou como um ser inferior, frágil (até mesmo um objeto dos homens) é
errada, precisa tomar consciência de que é a cultura que está errada, e não ela mesma.
Isso também se aplica para o preto: o racismo estrutural é internalizado pelas pessoas que
o sofrem, o que faz parecer normal ser historicamente discriminado. No entanto, a criação
da consciência negra na pessoa faz com que ela perceba que ela não está errada por ser
quem ela é, mas é a sociedade que está errada por discriminá-la.

Quando a pessoa preta (assim como a mulher, a população LGBTQ+, deficientes e outras
minorias historicamente discriminadas) toma consciência de seu valor e sua importância,
ela se empodera. O movimento causal contrário também acontece: quanto mais a pessoa
negra é empoderada, mais ela toma consciência de seu valor. No entanto, essa consciência
negra não é criada a partir do nada no indivíduo. É necessário que as pessoas
empoderadas mostrem para as outras pessoas que elas também podem criar essa
consciência. É necessário que a educação oferecida nas escolas seja de igualdade e que
seja ensinada a valorização da cultura negra. É necessário que sejam mostradas pessoas
negras em espaços de poder e de representatividade, como o herói preto e a heroína preta,
o presidente preto e a presidenta preta, etc.

É necessário desconstruir um papel de subalternidade que sempre foi atribuído à população


preta e mostrar cada vez mais nos espaços midiáticos os pretos e as pretas empoderados,
para que sirvam de inspiração para os outros que ainda não se empoderaram.
História da consciência negra

No Brasil, a história da consciência negra culminou na criação do Dia Nacional da


Consciência Negra, uma data que celebra a negritude e a luta da população preta de nosso
país. No entanto, a história por trás disso é mais longa. Ainda no século XIX, negros
alforriados e seus filhos, muitos dos quais tiveram a oportunidade de estudar (como o
advogado e jornalista Luiz Gama, o patrono da abolição da escravatura no Brasil),
impulsionaram o movimento abolicionista, que advogava pelo fim da escravidão em nosso
país.

Intelectuais e políticos brancos também endossaram o movimento. No dia 13 de maio de


1888, não conseguindo mais resistir à pressão interna do movimento abolicionista e nem à
pressão externa promovida principalmente pela Inglaterra, a Princesa Isabel assinou a Lei
Áurea, abolindo a escravatura em nosso país.

A trajetória dos ex-escravos libertos não foi fácil. Eles não tiveram direito à terra nem a
qualquer tipo de indenização. Começaram a viver à margem da sociedade, iniciando a difícil
trajetória da população preta após a abolição em nosso país. Mesmo compondo uma
comunidade em sua maioria pobre e marginalizada, a cultura negra, com suas ricas raízes
africanas, continuou se desenvolvendo.

Em 1971, o professor, escritor, pesquisador e militante negro Oliveira Silveira organizou um


grupo de estudo e apreciação da cultura e da literatura negra em Porto Alegre com outras
pessoas interessadas no assunto. O grupo propôs a criação de uma data comemorativa que
simbolizasse a união e a luta do povo negro. O dia 20 de novembro foi escolhido por ser o
dia da morte de Zumbi dos Palmares, personalidade considerada símbolo de luta e
resistência contra a escravidão.

O grupo sofreu certa perseguição, pois, na ocasião de seu nascimento, o Brasil vivia o auge
dos chamados anos de chumbo da Ditadura Militar. No entanto, os movimentos sociais que
atuavam em defesa da população negra cresciam cada vez mais em nosso país. Em 1978,
inclusive, foi criado no Brasil o Movimento Negro Unido (MNU).

Em 1988 foi promulgada a atual Constituição Federal de nosso país, apelidada pelo
deputado Ulysses Guimarães como Constituição Cidadã. Ela recebeu esse carinhoso
apelido por ser resultado de uma intensa consulta popular de vários setores da sociedade,
representados por deputados e por movimentos sociais que puderam participar das sessões
de criação e votação do texto constitucional. Um dos princípios estabelecidos na
constituição é a igualdade e o veto à discriminação por qualquer motivo, inclusive racial.

Em 1989 foi promulgada a Lei n.º 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que dispõe contra o
preconceito racial, tornando a discriminação racial, de cor, de religião ou nacionalidade um
crime passível de punição penal.

Entre embates judiciais, leis e a luta dos movimentos, o sentimento de empoderamento e a


necessidade de se celebrar a africanidade cresciam cada vez mais, aumentando a
necessidade de se criar uma lei que determinasse a data proposta na década de 1970
como uma data comemorativa.

Consciência negra e o Zumbi dos Palmares

Zumbi dos Palmares é tido como uma das maiores personalidades representativas da força
e da luta da população negra
em nosso país. Muito pouco se
sabe sobre a história de
Zumbi, inclusive muitos dados
são apontados como lendas.
No entanto, a
representatividade de Zumbi
coloca-o como um herói e une
a comunidade negra em prol
da defesa de seus valores e de
sua cultura.

Zumbi teria liderado por anos o Quilombo dos Palmares, um complexo de quilombos na
região da Serra da Barriga. Na época, a região pertencia à Capitania de Pernambuco,
sendo atualmente o estado de Alagoas.

Dados apontam que a morte de Zumbi teria ocorrido em 20 de novembro de 1695, em


combate e fuga. Daí veio a escolha do dia 20 de novembro como data de celebração do Dia
Nacional da Consciência Negra no Brasil.

Dia da Consciência Negra


A Lei n.º 12.519, de 10 de novembro de 2011, instituiu o dia 20 de novembro como o Dia
Nacional da Consciência Negra. É um dia voltado para a reflexão sobre o que movimenta a
criação da data. O dia 20 de novembro não é um feriado nacional, mas alguns estados e
municípios adotaram a data como feriado
Referências

brasilescola.uol.com.br

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