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O devir-negro do mundo

O surgimento e essa construção do negro está ligado ao capitalismo, o escravo


negro, o primeiro de todos os sujeitos raciais, foi uma moeda, mercadoria e produto
desse capitalismo. Essa concepção de negro vem dos brancos, dos europeus e é
denominada por eles, a propria palavra negro vem do portugues, então, antes do
europeu encontrar os negros na Africa e dizer que os negros eram negros, os negros so
eram. A população negra só passou a existir como tal quando os europeus designaram
assim, criado esse conceito de raça para tentar de alguma forma justificar essa
dominação. Dominação que fez o outro, não ter nome ou língua própria, tendo a vida e
trabalho pertencendo a outros que estavam condenados a viver.
Achille Mbembe fala, ninguém - nem aqueles que o inventaram nem os que
foram englobados neste nome - desejaria ser um negro ou, na prática, ser tratado como
tal. Fruto disso, um capitalismo que sempre precisou de meios raciais para crescer e
transbordar em cima daqueles subalternos discriminados, assim foi ontem e assim é
hoje.

Quando Achille Mbembe fala em raça, ele fala de uma determinada


racialização, a concepção de raça, ela é uma determinação colonial, no sentido em que
quando os povos vulneráveis foram colonizados, por aqueles que tinha mais poder,
eles foram determinados a concepção de ser um outro, de uma determinada concepção
de raça que não era igual aqueles que dominava, então, biologicamente falando, não
existe determinação de raça, digamos da raça negra e da raça branca, o que existe é a
raça humana no sentido biológico, mas isso não quer dizer que não haja uma
racialização no sentindo cultural e étnico, estabelecida por esse pensamento
colonizador, só que isso não se encerra na questão da concepção do racismo, o negro é
predominantemente vítima dessa concepção, mas isso acaba se estendendo para o
âmbito social, a questão da racialização ela não corresponde necessáriamente e
exclusivamente a uma cor da pele, apesar de predominantemente ser isso. enquanto
povos colonizados, a associação da raça foi direcionada a cor da pele, so que essa
questão da raça ela foi para um ambiente de uma questão social, ai entra o que Achille
Mbembe chama de devir-negro, se você é pobre, você entrou no devir-negro, mesmo
não sendo negro, ou seja, é um ambiente de exclusão, um limbo social que está
associado a uma parte, uma consequencia dessa necropolitica que é racionalizada para
ser desse modo, que inclue aqueles que inclusive não fazem parte da noção de
racialização enquanto negro, mas ele se torna negro, ele é incluido em um devir-negro
que é o devir da exclusão social de um modo geral, e o significado breve de
“devir”para ficar mais claro, o vir a ser, o tonar-se.
A divisão desses corpos, a exclusão, a discriminação e a seleção em nome da
raça, que até hoje não foram liquidadas. o poder sobre o corpo subalterno, sobre o
corpo de melanina acentuada que vive a margem da sociedade. então, o poder que
estava mão dos colonizadores de certa forma pode indiretamente está na mão do
estado, onde entra a necropolitica, uma morte legitimada, não é sobre “fazer viver ou
deixar morrer”, é fazer morrer também, esse poder de morte, esse necropoder, é um
elemento estrutural no capitalismo neoliberal de hoje herdado da colonização,
controlando esses corpos em um sistema operado na ideia de que uns vale mais que os
outros e se não tem valor pode ser descartado, as politicas públicas mostra isso
claramente para populção que vive as margens da sociedade, fora a autonomia policial
para atuar nessas areas, mas isso é um discurso para outro momento, quem sabe o
debate no final da aula.
Então, enquanto o racismo não tiver sido eliminado da vida e da imaginação do
nosso tempo, será preciso lutar por um mundo além das raças. mas, para chegar nesse
mundo todos precisam participar dessa luta, a recuperação dessa parcela de
humanidade é um projeto de um mundo por vir, um mundo livre do fardo da raça e
livre do ressentimento e do desejo de vingança que toda e qualquer situação de
racismo suscita.
então. ainda persiste essa triste herança, esse racismo estrutural, ele vai se
modelando e se atualizando conforme o tempo, conforme a sociedade, a necropolítica
mostra como o corpo de melanina acentuada ainda sobre pelo conceito de raça
definido a anos atrás, esse conceito de raça é para fazer uma triagem, definir o que
aquele corpo vale.
Essa foi minha análise da introdução, citei a necropolítica que o próprio autor
Achille Mbembe fala e tem um livro sobre, por que para o meu entender, a
necropolítica faz parte e complementa essa análise e fala sobre o mundo e sociedade
que estamos vivenciando atualmente.

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