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A cruel pedagogía do vírus

Autor: Boaventura de Sousa Santos

Discente:

Capítulo 3

A sul da quarentena

RESUMO

No terceiro capítulo, nomeado A Sul da quarentena, o autor utiliza a metáfora do Sul


para designar um espaço-tempo político, social e cultural, em que se encontram grupos de
especial vulnerabilidade, marcados pelo sofrimento humano causado pela exploração
capitalista e pela discriminação racial e sexual agravadas durante a quarentena. Nesses
grupos sociais destacam-se as mulheres, consideradas “as cuidadoras do mundo", que
dominam na prestação de cuidados dentro e fora das famílias. Atuam com maior número
nas profissões como enfermagem ou assistência social, que estarão na linha da frente da
prestação de cuidados a doentes e idosos dentro e fora das instituições. Mesmo com muitas
pessoas dentro de casa, as mulheres ainda continuam fazendo as tarefas domésticas
sozinhas, isso mostra o machismo presente no dia-a-dia delas. Com as crianças e outros
familiares em casa durante 24 horas, sobe o nível de stress; de tal forma sofrendo maior
violência doméstica
.
Os trabalhadores, precários, informais, os quais rapidamente perderam sua fonte de
renda e são desafiados diariamente a escolher entre ficar em casa para proteger a saúde,
morrer de fome, ou sair nas para buscar fonte de renda, correndo o risco de contaminação,
como também os trabalhadores de rua, vendedores ambulantes. Os sem-abrigo ou
populações de rua, os quais passaram toda a vida em quarentena, impedidos da
convivência social, de ter empregos, de forma que no atual momento vivem duas
quarentenas, dificultando mais a vida dessa população.

Os moradores, das periferias pobres das cidades e das favelas, que vivem em condições
precárias para a sobrevivência, não tendo saneamento básico, causando uma
contaminação mais rápida, não têm a menor chance de cumprir regras de prevenção, como
lavar as mãos se não tem água para beber?. Muitos desses bairros passam por guerras
com a polícia todos os dias, sendo impedido de sair das suas comunidades para visitar o
resto da cidade num domingo, para não atrapalhar os turistas, essa população vive sempre
em quarentena por conta da polícia. Qual a diferença entre a nova quarentena e a original,
que foi sempre o seu modo de vida?

Os deficientes, que não são reconhecidos pelas suas necessidades, sempre


discriminados pela sociedade, não facilitando acesso a mobilidade que precisam, não
desfrutando da cidade como qualquer outro cidadão. Como viver na nova quarentena?
Como se já não bastasse a que eles sempre viveram.
Os idosos, conhecidos por serem os mais vulneráveis, que estão em lares, casas de
repouso, asilo. Passam por situações precárias ou não, esses alojamentos podem ser
altamente luxuosos até depósitos de lixo humano. Em tempos normais, os idosos vivem
nesses lugares para ter mais segurança, de forma que a quarentena causada pela
pandemia não deveria afetar suas vidas, visto que já viverem em permanente quarentena.
Com o agravamento da pandemia e propagação do vírus, estes ambientes de segurança se
transformam em zonas de alto risco, causando risco constante. Os familiares que, por
exclusiva conveniência própria, os alojaram em lares não sentirão remorsos por sujeitar os
seus idosos a um risco que lhes pode ser fatal.

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