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SITUAÇÃO
DE RUA:
UM RECORTE DE SUA
REALIDADE E DIFICULDADES
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SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO.............................3
2. INTRODUÇÃO......................................................4
3. REALIDADE VIVIDA PELA PSR..............................5
HETEROGENEIDADE E DIFERENTES MOTIVAÇÕES....5
VULNERABILIDADE...................................................7
PRECONCEITO..........................................................8
4. AS ESPECIFICIDADES DE SER MULHER...............9
MOTIVAÇÕES FEMININAS.........................................9
QUESTÕES DO CORPO............................................11
VIOLÊNCIA..............................................................13
ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA..........................15
REPRODUÇÃO DE VALORES TRADICIONAIS............17
PRECONCEITOS......................................................20
PERSPECTIVAS DE SAÍDA........................................21
O ABRIGO................................................................23
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APRESENTAÇÃO DO
PROJETO
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elas próprias sobre sua condição. Assim,
primeiro introduziremos a situação da PSR
como um todo, com uma discussão de toda a
complexidade, heterogeneidade e
vulnerabilidade que cerca esse grupo, para
então enfocar as vivências únicas que as
mulheres em situação de rua vivem
diariamente.
Já o segundo braço será o perfil no
Instagram @vejaelas, que fará a divulgação de
iniciativas voltadas para a PSR e as formas
pelas quais você, frequentador da FDUSP, pode
participar e ajudar. Este é um chamado à ação,
um convite para que, através da ação coletiva,
seja possível contribuir positivamente na vida
dos indivíduos que aqui estudamos. Escaneie o
QR Code para visitar o instagram e fazer parte
dessa iniciativa!
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AS ESPECIFICIDADES
DE SER MULHER
MOTIVAÇÕES FEMININAS
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as consequências que a reação da vítima podem gerar
para ela; sejam perdas afetivas, de membro da família
ou da identidade familiar; seja até mesmo uma falta de
acolhimento familiar, uma ausência de uma rede de
apoio, que pode se originar por várias circunstâncias,
inclusive a dificuldade de uma família de oferecer
suporte a pessoas que passam por sofrimento
psíquico, ou a intolerância com a orientação sexual ou
identidade de gênero.
Sendo assim, muitas mulheres que estão em
situação de rua foram pessoas que se sentiam “sem
casa dentro da própria casa” e, por isso, abandonaram
o lar, em busca de um reencontro com si mesmas, um
afastamento de uma realidade doméstica insuportável
e uma descoberta da liberdade que lhes foi privada.
Como veremos, porém, várias dessas mulheres não
vêem na rua um lugar de permanência, mas sim de
transição.
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QUESTÕES DO CORPO
Nas pesquisas em que foi perguntado para mulheres em situação
de rua sobre as especificidades femininas dessas circunstâncias, o
que elas mais citaram foram o que chamaremos de “questões do
corpo”, ou seja, fatores como gravidez, maternidade,
menstruação, higiene e violência, entendidas pelas que foram
entrevistadas como essenciais à condição feminina.
MENSTRUAÇÃO
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GRAVIDEZ E MATERNIDADE
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HIGIENE
A atenção para esse aspecto não se deve apenas à importância da
prevenção de doenças, mas também pela preservação de sua
humanidade e dignidade. Para pessoa em situação de rua, o “estar
sujo” é frequentemente visto como uma marca física de sua
condição de vulnerabilidade e do preconceito que sofrem
diariamente, e o ato de lavar-se aparece como uma forma de
aliviar-se do peso desse estigma. Muitas vezes, a necessidade de
higiene é apresentada pelas mulheres em situação de rua como um
fator especialmente feminino, ligado à feminilidade, enquanto para
homens esta seria uma questão de segundo plano. Podemos
entender, a partir disso, que a possibilidade de manter a higiene
pessoal e a vaidade é relacionada à construção da identidade
(inclusive de gênero) dessas mulheres, a partir de valores
tradicionais aprendidos ao longo da vida, mas que nem por isso
deve ser menosprezada.
VIOLÊNCIA
A violência é o principal problema citado pelas mulheres em
situação de rua. Os dados mostram que ela é algo sempre presente
na vida dessas pessoas. Para muitas, suas primeiras experiências
com atos violentos ocorrem dentro de casa e são fator de
motivação para sua saída do lar. Outras só conhecem essa
tendência no âmbito da rua, mas o fato é que ela é recorrente.
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O dado representa uma enorme desproporcionalidade com
a porcentagem de mulheres dentro das pessoas em situação de
rua, indicando que há um desequilíbrio com relação aos
homens.
No entendimento de muitas mulheres em situação de rua,
a condição feminina traz uma fragilidade inerente em relação
ao lado masculino, e que funciona como via de mão dupla. De
um lado, ela é o maior desafio a se enfrentar na rua: o espaço
público é, desde o início da vida, apresentado às mulheres
como um lugar perigoso, de exposição e vulnerabilidade. Ao
estarem, então, sozinhas nesse espaço, elas se sentem
desprotegidas, e frequentemente vão procurar formas de obter
proteção, como discutiremos mais adiante. A violência de todos
os tipos, mas principalmente sexual, e empreendida via de
regra por homens também em situação de rua ou fora dela,
afeta as mulheres em situação de rua de forma
desproporcional. Mas não apenas, visto que ela pode se
manifestar de diversas formas e por várias motivações:
também a violência doméstica, tendo como agressor o
parceiro; a violência realizada pelas disputas de espaço e
recursos, dentro da própria pessoa em situação de rua; a
violência por desavenças proveniente
de moradores e transeuntes que não
toleram a condição de pobreza
desses indivíduos; e a violência
proveniente de ações policiais,
carregadas de preconceito; e até a
violência autoprovocada, com origem
em sofrimento psíquico, são todas
formas de agressão a que essas
pessoas estão expostas.
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De outro lado, a ideia de fragilidade feminina é citada por homens e
mulheres como uma possível vantagem no âmbito da rua. Isso
porque essa condição teria a capacidade de gerar mais empatia
nas pessoas e suscitar atos de auxílio e oferecimento de
oportunidades por parte de indivíduos e instituições públicas e
particulares. A presença de filhos também ajudaria nesse aspecto.
Isso, porém, com todas as questões aqui citadas, não apaga toda a
vulnerabilidade a que essas mulheres estão expostas.
ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA
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