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1ª EDIÇÃO
AUTORA E ORGANIZADORA:
Karolyne Michele Moura Raftopoulos
AUTORES E COLABORADORES:
Ana Carolina Madureira Nunes
Ana Clara Rivetti Bitencourt de Paula
Antoine Doffémond Colares
Isabela Maria Garcia
Juliana Aguiar Cavalcante Diniz
Larissa Mansur Alves Pereira
Luiza Lins Khoury
Mariana Pertence de Sousa e Silva
Mariana Reis Di Mambro
Mateus de Carvalho Barbosa
Nayara Neves de Alcântara
Patrícia Mendes Violante
Victor Gabriel Oliveira Pessoa
BELO HORIZONTE
2021
Este ebook ou qualquer parte dele não pode ser reproduzido sem referenciar os autores. São de
responsabilidade dos autores as informações contidas nesta obra, bem como as referências
bibliográficas. Nesses casos, as referências foram ordenadas alfabeticamente.
Autora e organizadora:
Autores e colaboradores:
Formato: pdf
Modo de acesso: World Wide Web
https://doi.org/10.29327/540783
ISBN 978-65-5079-060-8
CDD: 618.92
PRIMEIRA CONSULTA PEDIÁTRICA APÓS A ADOÇÃO: QUAIS EXAMES SÃO IMPORTANTES? ............... 8
Adoção é o processo afetivo, legal e definitivo por meio do qual uma criança ou
adolescente passa a ser filho de um adulto, com relações jurídicas idênticas às que
resultam de uma filiação de sangue, possibilitando à convivência familiar e
comunitária. Essa medida excepcional só é aplicável depois de esgotados todos os
recursos para a manutenção da criança ou adolescente na sua família biológica ou
extensa (parentes maternos ou paternos), sendo indispensável a intermediação da
Vara da Infância e Juventude, tendo sempre como objetivo o melhor interesse da
criança ou adolescente a ser adotado(a).
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juiz decretará a extinção do poder familiar e determinará a colocação da criança sob
a guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que
desenvolva programa de acolhimento familiar ou institucional.
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REFERÊNCIAS
RIO DE JANEIRO. KAMILA CARRILHO CAETANO MANOELI. Cartilha – Adote Um Amor 2021.
Elaborada pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Disponível em:
https://www.mprj.mp.br/documents/20184/135969/Sobre_Adocao.pdf. Acesso em: 11 abr. 2021.
VECTORE, Célia; CARVALHO, Cíntia. Um olhar sobre o abrigamento: a importância dos vínculos em
contexto de abrigo. Psicol. esc. educ., Campinas, v. 12, n. 2, p. 441-449, dez. 2008. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
85572008000200015&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 20 jul. 2021.
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CAPÍTULO 1 - PRIMEIRA CONSULTA PEDIÁTRICA APÓS A
ADOÇÃO: QUAIS EXAMES SÃO IMPORTANTES?
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EXAMES LABORATORIAIS
Triagem Neonatal
O Teste do pezinho é uma ação preventiva que inclui o rastreamento de
doenças congênitas como anemia falciforme, hipotireoidismo congênito,
fenilcetonúria e fibrose cística. Na rede privada, é possível a “realização do teste do
pezinho ampliado”, em que mais doenças são rastreadas. A realização desses
exames permite interferir no curso das doenças, instituir tratamento específico e
precoce e reduzir ou mesmo eliminar sequelas dessas patologias nos recém-nascidos
adotados. Em caso de crianças mais velhas e adolescentes que não tenham o
histórico de realização da triagem, recomenda-se que seja avaliado a clínica do
paciente e, caso haja a suspeita de alguma dessas doenças, o exame de sangue ou
teste do suor (no caso de fibrose cística) pode ser solicitado.
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geralmente utilizados inicialmente para diagnóstico, o ensaio Enzima-ligado de
imunoabsorção (ELISA) para HIV, o VDRL para a sífilis e HBsAG, anti-HBsAG, anti-
HBC para avaliar infecção e imunidade contra hepatite B.
Tuberculose
A tuberculose (TB) é um problema de saúde pública global, sendo que no Brasil
houve nos últimos anos uma tendência ao aumento na incidência em crianças abaixo
de 10 anos de idade. Dessa maneira, recomenda-se que o indivíduo adotado passe
por um rastreio de tuberculose independente de história de contato.
No SUS, as crianças menores de 10 anos podem realizar radiografia de tórax
e o teste tuberculínico (PPD) para o diagnóstico de tuberculose ativa ou latente. Os
sintomas da forma ativa nessa faixa etária são inespecíficos, como tosse, perda de
peso e falta de apetite. No sistema privado, há também para maiores de 5 anos o
teste IGRA, mais específico que o PPD para tuberculose latente. Já a partir dos 10
anos de idade, o quadro clínico é composto por tosse seca e produtiva há mais de 2
semanas, febre, sudorese, cansaço e emagrecimento, sendo necessário solicitar
baciloscopia e cultura do escarro.
Doença de Chagas
A doença de Chagas é uma parasitose causada pelo protozoário Trypanosoma
cruzi, e pode acometer o coração e órgãos do sistema digestivo.
No país, a doença representa a quarta maior causa de morte entre as doenças
infecto-parasitárias e atinge principalmente as faixas etárias acima de 45 anos; porém
a transmissão da doença pode ser vetorial, oral, transfusional e congênita, portanto,
recomenda-se um rastreio da doença em crianças adotadas provenientes de regiões
endêmicas do Brasil, em que há grande prevalência da doença e suspeita-se do risco
de infecção. O diagnóstico pode ser feito por exames parasitológicos diretos ou exame
sorológico a partir dos 9 meses de idade.
Hemograma
O hemograma é uma excelente ferramenta para avaliação de anemias,
desnutrição, bem como levantar suspeita de processos infecciosos e distúrbios
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metabólicos. Embora não seja comprovada a eficácia do rastreio de anemias em
crianças assintomáticas, a faixa etária com maior prevalência para a condição, são
as crianças entre 6 e 24 meses, o que se explica geralmente pelo rápido crescimento
em associação a uma ingesta inadequada de ferro, portanto importante também a
dosagem sérica de ferro em caso de hemoglobina baixa.
Perfil lipídico
De acordo com o caderno de atenção básica do Ministério da saúde sobre
saúde da criança, cerca de 50% das crianças com dislipidemia vão se tornar adultos
dislipidêmicos, dessa forma o diagnóstico e tratamento na infância contribui para a
redução dos níveis de lipídeos em certas populações. Recomenda-se o rastreamento
a partir do segundo ano de vida da criança e então a cada 3 a 5 anos, por meio dos
valores de colesterol total, HDL, LDL e triglicérides.
Glicemia
Esse teste tem como principal finalidade diagnosticar o diabetes, tanto a tipo 1
quanto a tipo 2, que têm crescido muito nos últimos anos nas crianças e adolescentes.
Recentemente, a American Diabetes Association (ADA) criou recomendações
específicas de rastreio para o diabetes na população infantil. Dessa forma, as crianças
acima de 10 anos ou que tenham iniciado a adolescência (o que ocorrer primeiro) com
sobrepeso ou obesidade devem ser rastreadas. Caso os testes de rastreio venham
inalterados, devem ser repetidos a cada três anos, ou mais precocemente, se houver
aumento do índice de massa corporal (IMC). Glicemia de jejum, teste de tolerância
oral à glicose e hemoglobina glicada são os testes possíveis de serem utilizados para
o diagnóstico do DM2 em crianças e adolescentes.
Disfunção tireoidiana
Avaliar a função tireoidiana da criança é de extrema importância, uma vez que
o hipotireoidismo é uma das doenças hormonais pediátricas mais frequentes. Os
quadros clínicos do hipotireoidismo dependem do grau de deficiência dos hormônios
tireoidianos e do tempo em que o déficit persiste, e podem afetar todos os tecidos em
diferentes graus de intensidade prejudicando o desenvolvimento neuropsicomotor e
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o crescimento dos indivíduos acometidos. Portanto, recomenda-se pedir TH e T4 livre
para avaliação da função da tireoide.
Urina rotina
Esse exame, basicamente, avalia a presença de infecções do trato urinário,
mas outras anormalidades também podem ser detectadas, como perda de proteína
ou a presença de glicose na urina, que vão demandar uma investigação
complementar posterior do pediatra para diagnosticar possíveis causas.
EXAME FÍSICO
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institucionalização podem ser classificados como sobrepeso ou obesidade por causa
de dietas ricas em gordura e açúcar, associado a poucas atividades físicas.
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Disponível em: http://www.formaes.com.br/vida-de-mae-2/marcos-desenvolvimento-seu-bebe/
14
REFERÊNCIAS
BRASIL. Adele Schwartz Benzaken. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas
para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis. 2. ed. Brasília:
Assessoria de Comunicação, 2015. 122 p. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-
br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-pessoas-com-infeccoes
Acesso em 10 fev. 2021.
JONES, Veronnie Faye; SCHULTE, Elaine E. Comprehensive Health Evaluation of the Newly Adopted
Child. Pediatrics, [S.L.], v. 143, n. 5, p. 1-18, 29 abr. 2019. American Academy of Pediatrics (AAP).
http://dx.doi.org/10.1542/peds.2019-0657
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CAPÍTULO 2 - LACTAÇÃO ADOTIVA
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A lactação é uma resposta hormonal através de uma ação física, ou seja,
simular a mamada de um bebê faz com que o corpo reconheça a necessidade de
produção de leite. E quanto maior esse estímulo, maior a quantidade de leite
produzida pelo corpo da mulher.
É importante avaliar a espessura do tubo, que deve ser fina, pois se muito
grossa, o leite sairá com muita facilidade e então o bebê não sugará a mama o
suficiente para ajudar na estimulação da produção de leite da mãe. Deve-se destacar
a importância de limpar e esterilizar o tubo e o recipiente cada vez que forem
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utilizados. O mais recomendado seria sempre a troca da sonda, que tem um custo
médio de R$0,80 centavos.
Figura 1 - Relactação
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produção do leite, e, assim que ele começar a reclamar, posicione a sonda junto a
mama, no canto da boca do bebê. Outra prática seria a mãe interromper de tempos
em tempos o fluxo de leite da sonda, dobrando-a um pouco, para que o leite não vá
até a boca do bebê e ele sugue a mama por mais tempo.
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REFERÊNCIAS
Freire F (Org.). Abandono e Adoção: contribuições para uma cultura da adoção. 20. ed. Curitiba:
Associação Brasileira Terra dos Homens, 2001.
LAGE, Suellen da Rocha; SANTOS, Inês Maria Meneses dos; NAZARETH, Isis Vanessa. Narratives of
lives of women who breastfed their adoptive children. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste,
[S.L.], v. 15, n. 2, p. 249-256, 16 jun. 2014. Rev Rene - Revista da Rede de Enfermagem de Nordeste.
http://dx.doi.org/10.15253/2175-6783.2014000200009.
ONGARATTO, Sabrina. Lactação: como é possível amamentar sem ter ficado grávida? Disponível
em: https://revistacrescer.globo.com/Bebes/Amamentacao/noticia/2019/09/lactacao-como-e-possivel-
amamentar-sem-ter-ficado-gravida.html. Acesso em: 06 jul. 2021.
Pimenta HP, Moreira MEL, Rocha AD, Gomes Junior SC, Pinto LW, Lucena SL. Efeitos da sucção não-
nutritiva e da estimulação oral nas taxas de amamentação em recém-nascidos pré-termo de muito baixo
peso ao nascer: um ensaio clínico randomizado. J Pediatr. 2008;84(5):423-7.
SANTANA, Maria da Conceição Carneiro Pessoa de et al. Atuação fonoaudiológica hospitalar junto a
um processo de relactação e adoção: relato de caso. Revista CEFAC [online]. 2014, v. 16, n. 6
[Acessado 26 Julho 2021], pp. 2048-2052. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1982-
021620148913>.
VICHESSI, Beatriz. Mães adotivas também podem amamentar: conheça a técnica. Conheça a
técnica. Disponível em: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2015/12/13/maes-adotivas-
tambem-podem-amamentar-conheca-tecnica.htm. Acesso em: 06 jul. 2021.
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CAPÍTULO 3 - A VACINAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO
CONTEXTO DA ADOÇÃO
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Tabela 1 – Atualização do Cartão de Vacina Crianças não vacinadas ou sem
cartão de vacina (0-10 anos)
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BCG
Poliomielite
A PNI indica que sejam aplicadas 3 doses da VIP no primeiro ano de vida a
partir dos 2 meses de idade (2, 4 e 6 meses) e a VOP no reforço (entre 15 e 18 meses)
e campanhas anuais de vacinação (entre 4 e 5 anos). Mas, segundo a SBP, deve-se
preferir a VIP em todas as doses. Além disso, está indicada em todas as crianças
menores de 5 anos.
Rotavírus
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associado à essa patologia. Ela pode ser encontrada em forma de vacina oral
monovalente (VRH1) e vacina oral atenuada pentavalente (VRH5). A indicação da
SBIm é primeira dose em bebês a partir de 6 semanas até 3 meses e 15 dias e uma
segunda dose até 7 meses e 29 dias de vida com intervalo mínimo de 4 semanas
entre elas.
Pneumocócica Conjugada
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Meningocócica Conjugada
Meningocócica B
Influenza
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A indicação é para crianças entre 6 meses e 8 anos de idade em 2 doses na
primeira vez que forem vacinadas (primovacinação) com intervalo de 1 mês entre elas
e a partir de 9 anos apenas 1 dose. Além disso, todas crianças e adolescentes devem
manter 1 dose anual dessa vacina.
Febre Amarela
No Brasil, existem duas formas de vacinas contra a febre amarela. Uma delas
é a disponibilizada pelo SUS e a outra encontrada na rede particular. As duas são
elaboradas a partir de vírus vivo atenuado cultivado em ovo de galinha e possuem a
segurança e eficácia semelhantes.
Hepatites A e B
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No Brasil, é possível encontrar a vacina combinada que previne contra as
Hepatites A e B concomitantemente. Além disso, essa também é uma vacina inativada
e está indicada em crianças maiores de 12 meses não vacinadas contra Hepatite A
ou B anteriormente. O esquema padrão é de 2 doses com intervalo de 6 meses entre
elas para crianças a partir de 1 ano e adolescentes com menos de 16 anos. A partir
dos 16 anos, deve-se aplicar 3 doses (segunda 1 mês após a primeira e a terceira 5
meses após a segunda).
Tríplice Viral
Crianças mais velhas e adolescentes não vacinados ou que não tenha certeza
do diagnóstico prévio de qualquer uma das doenças: 2 doses com intervalo de 1 a 2
meses entre elas.
Varicela
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utilizar a SCR-V). Além disso, crianças até 11 anos, o intervalo mínimo entre doses é
de três meses e para adolescentes suscetíveis (não vacinados e que não tiveram a
doença) são indicadas duas doses com intervalo de um a dois meses.
HPV
O esquema básico é formado por 2 doses aos meninos (11 aos 14 anos) e
meninas (9 aos 14 anos) com intervalo de 6 meses entre elas e 3 doses para maiores
de 15 anos e imunossuprimidos (intervalo de 1 a 2 meses entre primeira e segunda
dose e 6 meses após a primeira dose).
Tríplice bacteriana
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DTPw. Crianças a partir dos 3 anos de idade e adolescentes que nunca forma
vacinados, devem receber dTpa seguida de 2 ou 3 doses da dT (difteria e tétano).
Dengue
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Ademais, é muito importante ressaltar que é imprescindível o acompanhamento
médico (pediátrico) por todas as crianças e adolescentes de forma a prevenir as
principais doenças, sanar dúvidas e orientar a melhor forma de atualização do cartão
de vacina infanto-juvenil. As tabelas utilizadas como referência para a construção
desse material, encontram-se disponíveis em anexo e no site da SBIm.
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REFERÊNCIAS
Fundação Oswaldo Cruz. Vacinas: as origens, a importância e os novos debates sobre seu uso.
2016. Disponível em: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1263-vacinas-as-origens-a-
importancia-e-os-novos-debates-sobre-seu-
uso?showall=1&limitstart=#:~:text=Foi%20em%201798%20que%20o,menor%20impacto%20no%20c
orpo%20humano. Acesso em: 07 fev. 2021.
Sociedade Brasileira de Imunizações. Vacina febre amarela – FA. 2020. Disponível em:
https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-febre-amarela-fa. Acesso em: 12 fev.
2021.
Sociedade Brasileira de Imunizações. Vacina Haemophilus influenzae tipo b – Hib. 2020. Disponível
em: https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-haemophilus-influenzae-tipo-b-hib.
Acesso em: 12 fev. 2021.
31
Sociedade Brasileira de Imunizações. Vacina HPV4. 2020. Disponível em:
https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-hpv4. Acesso em: 12 fev. 2021.
Sociedade Brasileira de Imunizações. Vacina tríplice bacteriana acelular do tipo adulto– dTpa.
2020. Disponível em: https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-triplice-bacteriana-
acelular-do-adulto-com-poliomielite-dtpa-vip. Acesso em: 12 fev. 2021.
Sociedade Brasileira de Imunizações. Vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) – SCR.
2020. Disponível em: https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-triplice-bacteriana-
acelular-do-tipo-adulto-dtpa. Acesso em: 12 fev. 2021.
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CAPÍTULO 4 - O CRESCIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE:
COMO ANALISAR ESSE PROCESSO DE FORMA OBJETIVA?
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A avaliação do crescimento de uma criança feita por um profissional de saúde
é objetiva e leva em conta algumas variáveis, que são, principalmente o peso, a altura
e o IMC de seu paciente. Dessa forma, o médico responsável pelo caso pode interferir
precocemente na causa de algum provável distúrbio do crescimento, identificar
problemas que não podem ser curados, ou mesmo tranquilizar a família sobre a
benignidade do quadro.
Quando uma família ou um cuidador expõe a preocupação que a criança
ao qual são responsáveis não está crescendo da forma esperada, normalmente essa
queixa vem de comparações com outras crianças as quais o paciente convive. Talvez
ela seja a menor da classe, ou a menor entre seus primos ou que usa o menor
tamanho de roupa. O pediatra também faz essa comparação, mas em forma de curvas
de crescimento. Tais curvas são encontradas nas atuais versões da caderneta de
saúde da criança. Vamos, agora, expor as principais curvas e mostrar como
interpretá-las:
CRIANÇAS DE 0 A 10 ANOS:
• P/I abaixo do percentil 0,1: criança com peso muito baixo para a idade.
• P/I maior ou igual ao percentil 0,1 e menor que o percentil 3: criança com peso
baixo para a idade.
• P/I maior ou igual ao percentil 3 e menor que o percentil 97: criança com peso
adequado para a idade (eutrófica).
• P/I maior ou igual ao percentil 97: criança com peso elevado para idade;
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CURVA PESO/ ALTURA
Com a ausência da variável “idade”, esse índice avalia a relação entre a massa
corporal da criança com sua altura. É capaz de identificar quadros de emagrecimento
ou excesso de peso. Portanto, a falha dessa curva seria a impossibilidade de um
diagnóstico preciso de sobrepeso ou obesidade, apenas identifica excesso de peso
de uma forma geral. A interpretação é feita da seguinte forma:
CURVA ALTURA/IDADE
É o índice que reflete o crescimento linear da criança e o que melhor alinha a
situação atual da criança com sua história pregressa que possa ter influenciado em
seu crescimento. Além disso, é o índice mais sensível para análise da qualidade de
vida de uma população infantil. A interpretação é feita da seguinte forma:
• A/I abaixo do percentil 0,1: criança com muito baixa estatura para idade;
• A/I maior ou igual ao percentil 0,1 e menor que o percentil 3: criança com baixa
estatura para idade;
• A/I maior ou igual ao percentil 3: criança com estatura adequada para a idade.
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ADOLESCENTES ENTRE 10 A 19 ANOS:
• A/I menor que o percentil 0,1: adolescente com a estatura muito baixa para a
idade;
• A/I maior ou igual ao percentil 0,1 e menor que o percentil 3: adolescente com
baixa estatura para idade;
• A/I maior ou igual ao percentil 3: estatura adequada para a idade.
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• IMC maior ou igual ao percentil 0,1 e menor que o percentil 3: criança com
magreza;
• IMC maior ou igual ao percentil 3 e menor ou igual ao percentil 85: criança
eutrófica;
• IMC maior que o percentil 85 e menor ou igual ao percentil 97: criança com
sobrepeso;
• IMC maior que o percentil 97 e menor ou igual ao percentil 99,9: criança com
obesidade;
• IMC maior que o percentil 99,9: criança com obesidade grave.
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REFERÊNCIAS
Barros-Filho AA. Crescimento e desenvolvimento. In: Moura Ribeiro MVL, Gonçalves VMG.
Neurologia do desenvolvimento da criança. Rio de Janeiro: Revinter, 2006.
Cameron N, Bogin B (eds.). Human growth and development. 2.ed. Amsterdam: Elsevier, 2012. p.23-
56.
Cole TJ, Green J. Smoothing reference centile curves: the LMS method and penalized likelihood.
Statistics in Medicine 1992; 11:1305-19.
Grant JP. A child survival and development revolution. Assignment Children 1983; 61/62: 21-31.
Weffort, Virgínia Resende Silva; Lamounier, Joel Alves. Nutrição Em Pediatria - da Neonatologia À
Adolescência - 2a Ed. Editora Manole. 2017
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CAPÍTULO 5 - USO DE SUBSTÂNCIAS DURANTE A GESTAÇÃO:
COMO DIAGNOSTICAR E QUAL É O IMPACTO NA CRIANÇA?
39
Devido a isso percebe-se o papel dos profissionais de saúde como posição
fundamental no processo de triagem e diagnóstico precoce desse problema. Dessa
maneira, o tratamento pode ocorrer de maneira precoce e ser realizado em conjunto
com a paciente e a Estratégia de Saúde da Família (ESF) do local.
Em um relatório realizado por Carol Wallman et.al, identificou-se que menos de
um terço das gestantes estudadas não foram identificadas com transtorno por uso de
substâncias durante a atenção pré-natal por não ter sido realizado um método de
rastreio. Dessa maneira, aproximadamente 1/3 dessas pacientes tiveram a perda da
guarda de um filho devido ao uso de substâncias. Estudos não randomizados
demonstraram que a intervenção com políticas de educação, cuidado pré-natal e até
o tratamento adequado para esse abuso de drogas pode melhorar e prevenir certos
danos maternos e neonatais.
Existem diversas ferramentas de rastreio recomendadas pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), entretanto nem todas foram validadas e avaliadas para a
população de gestantes. Existe a ferramenta ASSIST, por exemplo, que foi
desenvolvida pela OMS para uso em ambientes com cuidados médicos primários e
gerais (como a atenção básica). Apesar de não ter sido desenvolvida para o uso
específico durante a gestação, o questionário está disponível em vários idiomas e foi
desenvolvido para uso internacional.
Durante essa abordagem da triagem, além do uso de um método de rastreio
adequado, deve ser utilizado um modo respeitoso e sensível para a realização das
perguntas, de forma neutra e que a paciente não se sinta na defensiva ou vulnerável.
Uma abordagem seria iniciar a pergunta com o uso de substâncias lícitas (como
tabagismo, álcool), seguidas por perguntas sobre o uso não médico de substâncias
que podem ser compradas em farmácias como analgésicos, opioides, sedativos, e por
fim o uso de substâncias ilegais.
40
frequência de determinadas complicações na vida materna e neonatal. Dentre esses
cuidados inclui-se:
• Instruir sobre os riscos de cada medicamento que a mãe está utilizando, de
forma didática e explicando cada efeito colateral possível.
• Estimular a pacientes a reduzir ou até mesmo interromper o uso da
substância. É importante frisar que o tratamento deve ser específico para o
tipo de substância que a mulher estiver fazendo uso, por exemplo se for
abuso de benzodiazepínicos deve passar por desintoxicação médica para
minimizar e reduzir sintomas de abstinência.
Consequentemente, a abordagem multidisciplinar da equipe de saúde da
família (ESF) torna-se fundamental, especialmente no sistema de saúde brasileiro em
que a porta de entrada para atendimento consta-se na atenção primária. Sendo assim,
durante as reuniões semanais com a equipe as Agentes Comunitárias de Saúde
(ACS), por exemplo, devem ser informadas sobre a situação e discutido caso por caso,
de forma individual, para que princípios como equidade e integralidade sejam
preservados e cumpridos. Além disso, caso necessário pode ser feita a abordagem
interdisciplinar pela psiquiatria e psicologia básica ou encaminhar para Centros de
Atenção Psicossociais de álcool e drogas (CAPS ad).
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sintomas da síndrome de abstinência neonatal.
Os médicos devem atentar-se para sinais de desregulação
neurocomportamental relacionada a exposições a substâncias. Ademais, deve-se
avaliar o bebê quanto à idade gestacional, tamanho e evidência de infecção congênita
ou malformação.
A prematuridade e a restrição do crescimento fetal (CIUR) podem estar
diretamente relacionadas a exposições específicas, como cocaína e nicotina. Além
disso, as mães com transtorno de uso de substâncias têm menor probabilidade de ter
cuidados pré-natais e maior chance de ter outras condições associadas como má
nutrição. Devido a isso, ocorre um aumento do risco de prematuridade e restrição do
crescimento fetal. A prematuridade e o CIUR aumentam a morbidade e mortalidade
em bebês afetados em comparação com bebês nascidos a termo de tamanho
apropriado para a idade gestacional (AIG).
Bebês nascidos de mães com transtornos por uso de substâncias têm maior
risco de infecções congênitas. A avaliação deve incluir a triagem e a identificação para
infecções maternas, incluindo hepatite, sífilis e vírus da imunodeficiência humana
(HIV).
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A avaliação da SAN deve começar no nascimento para todos os recém-
nascidos expostos às substâncias e a avaliação contínua deve ser realizada de três a
quatro horas durante toda a hospitalização do bebê.
Os principais objetivos do tratamento da SAN é promover a regulação infantil e
minimizar os sintomas do lactente, otimizando o manuseio e o ambiente e usando
apenas farmacoterapia quando necessário. Dessa forma, o cuidado não
farmacológico é o tratamento de primeira linha para todos os bebês expostos a
substâncias e é individualizado. Deve-se ter cuidados com a pele da criança, por
exemplo, para prevenir escoriações cutâneas devido ao atrito excessivo em bebês
hipertônicos e enfaixar o bebê, reduzindo assim o trauma na pele. Os cremes de
barreira tópicos usados para tratar a dermatite das fraldas devem ser aplicados
precocemente, aos primeiros sinais de irritação da pele, nas áreas afetadas para
proteger a pele e prevenir danos posteriores.
O tratamento medicamentoso da SAN deve ser iniciado para os bebês
que apesar dos cuidados não farmacológicos apresentam sinais de abstinência,
sendo relativamente graves e que comprometem o sistema autonômico, alimentação
e interação. A utilização de medicamentos depende da substância específica e deve
ser consultado e realizado da maneira correta pelo pediatra.
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substâncias permanecem inconclusivos. Entre os estudos longitudinais que abordam
as consequências, anomalias congênitas, déficit de atenção, problemas de
comportamento, prejuízos no desenvolvimento motor, cognitivo e de linguagem são
os acometimentos mais encontrados na infância.
• Má coordenação ou equilíbrio;
• Deficiência intelectual, distúrbios de aprendizagem e atraso no
desenvolvimento;
• Memória fraca;
• Problemas com atenção e processamento de informações;
• Dificuldade de raciocínio e resolução de problemas;
• Dificuldade em identificar as consequências das escolhas;
• Poucas habilidades de julgamento;
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• Agitação ou hiperatividade;
• Mudança rápida de humor;
• Questões sociais e comportamentais.
• Dificuldade na escola;
• Dificuldade em se relacionar com os outros;
• Poucas habilidades sociais;
• Problemas para se adaptar à mudança ou alternar tarefas;
• Problemas com comportamento e controle de impulso;
• Problemas para permanecer na tarefa;
• Dificuldade em planejar ou trabalhar em direção a uma meta.
45
REFERÊNCIAS
Schwartzman JS. Síndrome fetal alcoólica. 2009 [Acesso 20 Ago 2014]. Disponível
em: http://www.schwartzman.com.br/php/index.php?option=com_content&view=article&id=52:sindrom
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47
CAPÍTULO 6 - “ADOÇÃO POSITHIVA”: AS DÚVIDAS MAIS COMUNS
AO ADOTAR CRIANÇAS E ADOLESCENTES HIV+
Primeira questão que deve ser esclarecida: ser HIV+ não necessariamente é
ter AIDS. HIV+ significa que a pessoa é infectada por aquele vírus, mas ela pode ou
não vir a desenvolver a doença e os sintomas em si, ou seja, ter AIDS. Por exemplo,
você pode ter o vírus da gripe no seu organismo, mas não estar gripado(a)!
Durante a gestação de mulheres soropositivas, existe um protocolo
estabelecido para prevenção da transmissão do HIV da mãe para a criança usando
antirretrovirais. No momento do parto a genitora recebe um antiviral específico
chamado AZT e a criança imediatamente após o nascimento recebe AZT via oral, e a
administração deverá ser mantida durante as seis primeiras semanas de vida. Só
devido a isso diminui 70% a chance de contaminação.
O mais importante e o que define se a criança vai "negativar" (ou seja, foi
exposta, mas não infectada) são os exames de sangue que detecta carga viral e são
feitos nos primeiros messes de vida. A criança com 18 meses ou menos será
considerada infectada quando se obtiver resultado detectável em duas amostras
obtidas em momentos diferentes. E não infectada se esse resultado for não
detectável.
Aquelas que se revelarem infectadas deverão permanecer em atendimento em
unidades especializadas.
Durante os primeiros 18 meses de vida, o bebê pode ter o teste positivo, pois
ele recebeu anticorpos contra o vírus que a gestante HIV+ produziu e passaram pela
placenta, fazendo o teste ELISA ser positivo. Mas estes testes não significam que ele
48
é portador do HIV. Por isso é preciso que até os 18 meses de vida a criança faça este
teste de 3 em 3 meses. Só depois de 18 meses há o desaparecimento dos anticorpos
que a genitora passou para o bebê, e a partir daí, se o teste ELISA for positivo ele
estará contaminado, se for negativo ele não recebeu o vírus, apenas os anticorpos.
49
de manifestações neurológicas, incluindo encefalopatia, convulsões e retardo do
desenvolvimento.
As diferenças pra uma criança que não é infectada com HIV pra uma que é,
são mínimas. Hoje em dia, com o tratamento necessário e crônico e o
acompanhamento médico periódico, a criança/adolescente/adulto HIV+ pode ter uma
vida normal.
Porém, a imunidade de um bebê ou uma criança que tem o HIV costuma ser
mais frágil. Por isso, principalmente quando é bebê, precisa de cuidados especiais,
pois ele pode contrair com mais facilidade que outras crianças doenças como
pneumonia, diarreia, infecção de ouvido, infecção de pele, além de dificuldade de
ganhar peso e crescer. Mas isso não é regra!
50
exposição contínua com o sangue contaminado, diferente do que acontece em um
acidente grave de carro em que uma das vítimas é soropositivo, por exemplo.
Isso é muito relativo, pois cada criança é única. Alguns especialistas dizem que
deve ser encorajada a revelação para as crianças em idade escolar. O processo de
revelação deve ser discutido e planejado com os pais ou responsáveis, e pode
requerer várias consultas para avaliar o nível de esclarecimento da criança. Nesse
momento pode-se recomendar o acompanhamento psicológico.
Aos 5 ou 6 anos de idade, as crianças se sentem incomodadas pois os pais
não explicam os motivos reais para elas precisarem de tantos remédios e tantas visitas
ao médico. Se transforma em um mistério que desperta a curiosidade da criança.
Quando a revelação é feita de uma forma planejada, processual, isso ajuda na adesão
51
aos medicamentos, no entendimento dos possíveis efeitos colaterais e da
necessidade de cuidados extras, importantes para o bom quadro clínico da criança. O
contrário, portanto, traz uma série de danos. Pacientes que recebem a notícia do
diagnóstico de forma desastrosa, em geral, são os que apresentam os piores
indicadores de saúde, depressão e outras manifestações que influenciam
negativamente na vivência com o HIV.
52
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1447.2016.esp.2016-0040
53
CAPÍTULO 7 – DESENVOLVIMENTO AFETIVO-EMOCIONAL E A
RELAÇÃO COM O ABANDONO E A ADOÇÃO
54
Bowlby concebe que o apego é inato a todo ser humano, sendo, portanto, algo
de organização biológica, assim como a alimentação e a sexualidade. Além disso, um
dos preceitos fundamentais da TA é de que as interações da primeira infância
influenciam o modo como o apego funcionará no decurso de toda a vida do indivíduo.
OS PADRÕES DE APEGO
55
cuidadores de forma preocupada. Isso pode ser explicado pelo fato de que mesmo
essas crianças terem sido atendidas em suas demandas de cuidado em muitos
momentos, em alguns outros, ela não alcançou resposta, o que gerou uma possível
falta de confiança para com os cuidadores
Já o padrão evitativo se refere às crianças que brincam tranquilamente e que
interagem de modo escasso com os cuidadores, mas com estranhos já se mostram
pouco inibidas e logo se interagem com pessoas desconhecidas em brincadeiras no
momento da Situação Estranha. O motivo para esse padrão é de que as crianças
evitam procurar os cuidadores depois de terem sido rejeitadas por eles de algum
modo. Ademais, uma hipótese é de que, ao buscar o cuidado, talvez a criança foi
rejeitada, desenvolvendo esse mecanismo de ocultação dos afetos em momentos de
adversidade.
E, por último, o padrão desorganizado é constituído por indivíduos que, no
momento da Situação Estranha, revelam um comportamento conflituoso, sem
apresentar condições de sustentar uma estratégia para lidar com a adversidade. As
crianças também têm comportamentos de impulsividade e agressividade. Os teóricos
apontam que esse padrão é característico da situação de abuso, na medida em que
a criança fica realmente sem estratégia comportamental diante uma adversidade
dessa natureza, independentemente se o abusador é o próprio cuidador ou alguém
externo à relação de apego.
56
perspectiva de crescimento e a construção de novos elos de afetos vão depender de
como essa perda foi experimentada e elaborada.
Desse modo, muitas variáveis podem fazer com que um indivíduo consiga
superar ou, ao contrário, agravar seu estado de perda ou de abandono, o que também
leva a sustentação de que os padrões de apego são modificáveis ao longo da vida e,
sendo assim, vários fatores tendem a aumentar a probabilidade de uma mudança no
padrão de apego configurado a priori. Esses fatores incluem divórcio, perda de um
dos pais, doença com risco de vida de um pai ou filho, transtorno psiquiátrico em um
dos pais e abuso físico ou sexual por um membro da família.
Um estudo longitudinal sobre o apego entre cuidador e criança encontrou uma
variedade significativa de resultados para crianças criadas em circunstâncias
semelhantes e apontou para a importância de estressores cumulativos no resultado
do padrão de apego. O estudo diz que construções inatas de personalidade e outros
fatores geneticamente determinados podem interferir no resultado final do padrão de
apego de maneira significativa, tornando algumas crianças mais suscetíveis e outras
menos, a efeitos ambientais.
Esses estudos revelam que de um lado existem fatores externos que podem
ajudar ou agravar a construção de um apego seguro, mas de outro, existem também
fatores internos. Estes últimos fazem pensar nas possibilidades de que, mesmo no
contexto da perda - mais especificamente do abandono por parte da figura do cuidador
primário-, o indivíduo ainda pode apresentar características inatas como parte
significativa do resultado do seu apego seguro e da construção saudável do seu
desenvolvimento afetivo-emocional.
Já um outro estudo longitudinal que acompanhou 125 crianças adotadas de 1
ano até os 14 anos teve a variável “apoio sensível da mãe na primeira infância e
adolescência” como resultado notório para a continuidade do apego seguro durante
os treze anos, sendo que essa variável previu a continuidade do apego seguro de 1 a
14 anos, enquanto a variável “apoio menos sensível da mãe na primeira infância, mas
o apoio mais sensível da mãe na adolescência” previu a mudança das crianças de
padrões de apego inseguro na infância para padrões de apego seguro na
adolescência. Desse modo, o estudo concluiu que o apoio sensível dos pais, tanto no
início quanto no final, é importante para a continuidade do apego ao longo dos
primeiros 14 anos de vida. Contudo, as limitações deste estudo se referem ao contexto
socioeconômico das 125 crianças adotadas analisadas durante esses treze anos de
57
pesquisa, sendo que todas elas eram de classe média na Holanda, o que talvez não
reflita tanto a realidade em outros contextos.
Alguns estudos no campo das ciências sociais também já se debruçaram
acerca das repercussões do desenvolvimento socioemocional em crianças que
passaram os primeiros anos em circunstâncias de extrema carência. Muitos desses
estudos foram delineados de forma longitudinal com acompanhamento desde a
primeira infância até a adolescência e, sendo assim, os resultados revelaram déficits
marcantes na capacidade de apego e relacionamento e, infelizmente, essas crianças
não melhoraram esses aspectos de modo satisfatório após a adoção. Foi descoberto
também que crianças adotadas precocemente por meio de instituições de cuidados
inadequados têm menor probabilidade de apresentar sinais persistentes e nocivos do
que crianças adotadas em um momento mais posterior.
Crianças que são adotadas depois do primeiro ano de situações onde existem
profundos maus-tratos são mais favoráveis a terem sintomas crônicos, os quais
incluem padrões com algum espectro autista, hiperatividade, comprometimento
cognitivo e desorganização ou desordem do apego. Essas crianças também
costumam mostrar sinais de Transtorno de Apego Reativo (TAR), diagnóstico
psiquiátrico que é encontrado com muita frequência em crianças que sofreram maus-
tratos, envolvendo sérias dificuldades nas relações sociais. Crianças com diagnóstico
de TAR também geralmente mostram sinais de apego com o padrão desorganizado.
CONCLUSÕES
58
foi observado, apesar de rupturas desses vínculos primários, ainda persiste no
indivíduo fatores internos como construções inatas de personalidades, fatores
geneticamente determinados e apoio sensível dos pais na adolescência, mesmo após
a ausência de apoio na primeira infância.
Assim, os estudos revelam as contribuições inerentes da TA, mas de todos
que foram analisados, os que conseguiram resultados mais satisfatórios e menos
ambíguos aplicaram a TA em pesquisas com análise quantitativa e delineamento
longitudinal.
59
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60
CAPÍTULO 8 - MARCAS DA VIOLÊNCIA: OS EVENTOS ADVERSOS
VIVIDOS NA INFÂNCIA E O IMPACTO NA SAÚDE
61
podem afetar a sua saúde a longo prazo. Assim, faremos isso explicando os conceitos
abordados e propondo medidas de intervenção que poderão auxiliar os pais nos
cuidados à saúde de seus filhos.
Ademais, vale ressaltar que há uma diferença étnica clara quanto a situações
precárias vividas na infância. Por exemplo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), no período de 1992-2008 a porcentagem de crianças negras,
pardas, indígenas e amarelas representava 81% da população de crianças em
situação de trabalho infantil, contra apenas 19% de crianças brancas. Isso significa
que a cada 100 crianças vítimas do trabalho infantil, 81 eram pretas, pardas, indígenas
ou amarelas.
Essa disparidade étnica está presente em nosso país há muitos anos, onde
sabidamente a população de pessoas pretas, pardas e indígenas é a que vive em
piores condições econômicas segundo o próprio IBGE. Dessa forma, isso nos permite
entender como nossos maiores desafios além de sociais e econômicos, são também
étnicos.
62
VIOLÊNCIA E SAÚDE
Com isso, os estudos indicam que os principais hábitos ditos “não saudáveis”
desenvolvidos na vida adulta teriam suas raízes na infância, na qual o ambiente e o
fator de apoio parental (familiar) constituiriam ferramentas essenciais no
desenvolvimento daquele ser humano. Esses subsídios, então, auxiliariam a criança
a desenvolver mais estratégias de enfrentamento a situações ruins e sofreriam menos
os efeitos do estresse e do medo.
Nesse sentido, o Jornal médico The Lancet, em 2007 lançou uma revisão sobre
os principais fatores que afetariam o desenvolvimento na infância e, entre eles, foi
incluído a exposição a ambientes violentos. Além disso, o artigo chamou a atenção
para os países em que as crianças são expostas à conflitos como guerra e violência
63
na comunidade em que vivem, riscos os quais poderiam ser piores quando não há
uma figura de um cuidador que possa oferecer apoio.
64
o aumento do açúcar no sangue, o aumento de gordura e a redução da nossa
imunidade.
COMO LIDAR?
65
Assim, a melhor forma de auxiliar a criança é através do incentivo ao
desenvolvimento, que pode ser feito junto a um médico pediatra, ao dar estímulos
positivos como leitura e atividades lúdicas. Adicionalmente, é importante o apoio
psicológico e estímulo a inteligência emocional, ao fazer com que a criança saiba lidar
com frustrações e situações adversas, pois há a necessidade de fazer com que os
estímulos positivos e as experiências ruins se equilibrem.
66
REFERÊNCIAS
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67
CAPÍTULO 9 - PSIQUIATRIA E ADOÇÃO: PRINCIPAIS
DIAGNÓSTICOS E COMO LIDAR COM ELES
Crianças e adolescentes que vivem ou viveram em abrigos têm três vezes mais
chances de ter TDAH do que crianças fora de um abrigo, de acordo com a Academia
Americana de Pediatria. Embora preocupações tenham sido levantadas em relação
ao diagnóstico excessivo, este não é um fenômeno generalizado. Ao contrário,
existem muitas crianças com TDAH que não foram diagnosticadas ou receberam
tratamento adequado. É importante lembrar que nem todas as crianças com TDAH
são hiperativas. O TDAH também se refere à criança que simplesmente tem
dificuldade significativa com desatenção e distração. Os sintomas incluem:
Desatenção:
68
• Dificuldade para manter atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
• Parecer não escutar quando lhe dirigem a palavra;
• Não seguir instruções e não terminar tarefas escolares ou domésticas;
• Dificuldade em organizar tarefas e atividades;
• Evitar ou relutar em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental
constante;
• Perder coisas necessárias para tarefas ou atividades;
• Ser facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa;
• Apresentar esquecimentos em atividades diárias.
Hiperatividade:
Impulsividade:
69
dificuldades de aprendizado, dificuldades de processamento auditivo ou transtorno do
humor. Além disso, essas mesmas condições podem realmente imitar ou ser
confundidas com o TDAH, mas cada uma exigiria uma abordagem diferente para o
tratamento.
Com o tratamento adequado, uma criança com TDAH pode desenvolver uma
capacidade de atenção mais ampla, melhorar o desempenho escolar, ser menos
inclinada a agir impulsivamente e melhorar as interações sociais com a família e os
amigos. Quando não tratado, o TDAH pode contribuir para o fracasso escolar, conflitos
familiares e comportamentos de alto risco.
70
TRANSTORNO OPOSITOR DESAFIADOR
Humor raivoso/irritável:
Comportamento questionador/desafiante:
Índole vingativa:
71
A perturbação no comportamento está associada a sofrimento para o indivíduo
ou para os outros em seu contexto social imediato (ex.: família, colegas da escola) ou
causa impactos negativos no funcionamento social, educacional ou outras áreas
importantes da vida do indivíduo.
Uma criança que apresenta sintomas de TOD deve passar por uma avaliação
abrangente. É importante procurar outros transtornos que possam estar presentes,
como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), dificuldades de
aprendizagem, transtornos do humor (depressão, transtorno bipolar) e transtornos de
ansiedade. Pode ser difícil melhorar os sintomas de TOD sem tratar o transtorno
coexistente.
Às vezes, o TOD é o resultado de seu filho sentir que não está no controle, o
que leva ao pânico. Nessa situação, você pode aprender técnicas de redução para
ajudá-los a lidar com a situação. Pesquisas sugerem que é melhor evitar o conflito por
completo e redirecionar seu filho para outra coisa. Uma das maneiras de escapar
totalmente do conflito é criando um cronograma ou rotina para seu filho seguir. Se
uma luta continuar de qualquer maneira, você pode tentar redirecionar o foco de seu
filho para uma tarefa diferente ou objetivo / recompensa futura.
72
Além disso, os pais também podem ajudar seus filhos com TDO das seguintes
maneiras:
73
Geralmente, uma criança com transtorno de apego reativo foi, em algum
momento, negligenciada, abusada ou órfã. Esse transtorno pode se desenvolver
quando as necessidades básicas da criança de conforto, afeto e nutrição não são
satisfeitas e os vínculos amorosos e afetuosos com os outros nunca são
estabelecidos. Isso pode mudar permanentemente o cérebro em crescimento da
criança, prejudicando a capacidade de estabelecer relacionamentos futuros.
De acordo com o DSM-5, os sintomas devem ser evidentes antes dos 5 anos
de idade, mas depois que a criança atinge a idade de desenvolvimento de pelo menos
9 meses. Com os filhos adotivos mais velhos (que podem ter TAR ou TESD, mas
nunca foram diagnosticados), pode ser um pouco mais complicado porque eles fazem
o que chamamos de “lua de mel”. Essas crianças são sobreviventes e, como seu
primeiro instinto é sobreviver, elas parecem fazer a transição com muita facilidade.
Mas, semanas ou meses depois, quando os pais adotivos tentam aumentar o nível de
afeto com a criança através de um abraço ou dizendo "Eu te amo", a criança começa
a se retrair e se afastar. Essas crianças tiveram tantas conexões rompidas, tantas
interrupções no apego que simplesmente não querem fazer isso de novo.
Embora uma quantidade crescente de estudos tenha sido feita sobre TAR e
TESD nos últimos anos, ainda há muito debate na comunidade médica sobre a melhor
forma de tratamento. A maioria dos tratamentos inclui o desenvolvimento e o aumento
74
da sensação de segurança e estabilidade da criança por meio de muitos cuidados e
muita estrutura. Os tratamentos mais estabelecidos são realizados por psicoterapia
especializada, auxiliando na interação entre pais e filhos e alterando o padrão de
comunicação emocional. Uma coisa é certa: os planos de tratamento precisam ser
personalizados para cada criança e incluir ajuda tanto para a criança quanto para os
pais.
75
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76
CAPÍTULO 10 - VIOLÊNCIA SEXUAL NA INFÂNCIA E
ADOLESCÊNCIA
77
principalmente, adolescentes e mulheres adultas. O agressor geralmente é
desconhecido, sem vinculação com a vítima. O atendimento a esse tipo de situação
deve ser realizado o mais rápido possível em serviço de urgência, pela necessidade
de avaliação imediata e tratamento de eventuais lesões físicas e pelos prazos
definidos para o início das profilaxias contra doenças sexualmente transmissíveis
(DSTs) e gestação indesejada.
Já a violência sexual crônica, são situações que ocorrem por períodos de tempo
mais extensos, de maneira progressiva, cometidas principalmente contra crianças de
ambos os sexos por pessoas próximas, que contam com a confiança das vítimas e de
suas famílias. As ameaças são geralmente mais veladas, e o uso de violência física
nem sempre está presente. Existe a possibilidade de contaminação por DSTs ou de
gestação, mas lacerações e lesões físicas graves são pouco frequentes. O
atendimento inicial a esse tipo de situação pode ser feito em serviço ambulatorial.
Segundo a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e
Adolescência, até 80% dos abusos sexuais na infância são cometidos por pessoas do
sexo masculino como pais, padrastos, avós, irmãos e outros que convivem próximos
à criança. O Mapa da Violência de 2012 registrou que os atendimentos a crianças e
adolescentes por violência sexual, via Sistema Único de Saúde (SUS), tiveram como
agressores pessoas próximas às vítimas, ficando em primeira posição os padrastos,
os pais em segundo lugar, seguido das mães e das madrastas.
É preciso lembrar que a infância é a fase de absorção de valores básicos, na
forma de conceitos morais e éticos que determinarão a formação e a estruturação
da personalidade. A violência contra a criança e adolescente, quando não
reconhecida nem tratada, deixa marcas importantes. Seus danos poderão influenciar
as reações, os impulsos e as escolhas para o resto da vida, e se perpetuarem pela
reprodução da violência na relação com as gerações futuras. As vítimas podem
desenvolver quadros de depressão, transtornos de ansiedade, transtornos
alimentares e dissociativos, perda involuntária de urina e/ou fezes, transtorno de
déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e transtorno do estresse pós-traumático
(TEPT).
Os sinais da violência se traduzem em consequências que podem ser distintas
segundo a etapa do desenvolvimento. Quanto mais precoce, intensa ou prolongada a
situação de violência, maiores e mais permanentes serão os danos para a criança e
ao adolescente. É importante saber que, em qualquer idade, nem sempre os sintomas
78
são bem definidos. O que ocorre é que eles irão se acumulando e se potencializando
na medida da progressão da violência e/ou da ausência de tratamento.
Algumas alterações comportamentais de crianças e adolescentes em situações
de violência são:
• Choros sem motivo aparente;
• Irritabilidade frequente, sem causa aparente;
• Olhar indiferente e apatia;
• Tristeza constante;
• Demonstrações de desconforto no colo;
• Distúrbios de alimentação;
• Distúrbios do sono;
• Dificuldades de socialização e tendência ao isolamento;
• Distúrbios de aprendizagem até o fracasso na escola;
• Ansiedade ou medo ligado a determinadas pessoas, sexo, objetos ou
situações;
• Pesadelos frequentes e terror noturno;
• Baixa autoestima e autoconfiança;
• Automutilação, escarificações, morte e tentativa de suicídio;
• Problemas ou déficit de atenção;
• Sintomas de hiperatividade;
• Atitudes sexuais impróprias para a idade;
• Demonstração de conhecimento sobre atividades sexuais superiores à sua
fase de desenvolvimento, através de falas, gestos ou atitudes;
• Masturbação frequente e compulsiva, independente do ambiente em que se
encontre;
• Tentativas frequentes de desvio para brincadeiras que possibilitem intimidades,
a manipulação genital, ou ainda que reproduzem as atitudes do abusador para
com ela;
• Infecções urinárias de repetição.
79
sanção administrativa. É somente por meio da notificação, que deve ser feita
preferencialmente ao Conselho Tutelar, que os devidos encaminhamentos para
atendimento médico e psicossocial serão garantidos, sendo este um direito das
vítimas.
O primeiro passo para o cuidado de crianças e adolescentes em situação de
violência é o acolhimento, atentando para o fato de que estes poderão se encontrar
com grande ansiedade e medo ou, especialmente, nos casos crônicos, desamparados
e sofrendo.
O suporte no âmbito da saúde mental às crianças, adolescentes e suas famílias
em situação de violência pode ser um importante fator de cuidado e proteção, tanto
no que diz respeito ao fortalecimento dos indivíduos e dos grupos familiares para o
rompimento da cadeia da violência, quanto para o acompanhamento de possíveis
sequelas psíquicas e emocionais resultantes das situações a que estão expostas.
Em situações que haja risco ou ocorrência de situações conflituosas no espaço
familiar, o acolhimento institucional constitui uma medida protetiva para prover a
satisfação das necessidades essenciais e a interrupção do convívio familiar, mesmo
que temporário, para assegurar proteção. Caso esgotada todas as ações que
propiciem a reinserção familiar na família de origem ou na família extensa, o poder
familiar é destituído para habilitação do acolhido à adoção.
Ao adotar uma criança ou adolescente, a Vara da Infância e Juventude irá
esclarecer se seu filho foi afastado da família de origem por abuso sexual prévio.
Porém, há casos que o acolhimento foi feito por outros motivos e existe um histórico
de abuso sexual que não foi diagnosticado previamente e muitas crianças e
adolescentes não revelam abusos anteriores até que se sintam seguras. Dessa
forma, os pais adotivos podem ser os primeiros a saber que ocorreu um abuso sexual
e, por isso, é importante que os postulantes a adoção estejam cientes dessa
possibilidade e como podem agir diante da suspeita.
Não existem regras rígidas e simples sobre o que constitui o desenvolvimento
sexual normal e quais comportamentos podem indicar abuso sexual. As crianças
apresentam uma variedade de comportamentos sexuais e curiosidade sexual em cada
nível de desenvolvimento, e sua curiosidade, interesse e experimentação podem
ocorrer gradualmente, com base em seu desenvolvimento. No entanto, crianças que
foram abusadas sexualmente podem demonstrar comportamentos incomuns,
excessivos, agressivos ou explícitos. Não há nenhum sinal ou comportamento
80
específico que possa ser considerado prova de que o abuso sexual tenha ocorrido
definitivamente, mas há uma série de sinais que sugerem abuso, como já foi descrito
previamente neste capítulo.
Todas as crianças que foram abusadas sexualmente tiveram seus limites
físicos e emocionais violados ou ultrapassados de alguma forma. Por causa disso, as
crianças podem sentir falta de confiança e segurança com os outros. As crianças que
sofreram abuso podem passar a ver o mundo como inseguro e os adultos como
manipuladores e indignos de confiança.
É muito importante que as crianças entendam que não são culpadas pelo abuso
que sofreram. A resposta imediata de sua família ao saber sobre o abuso sexual e a
aceitação contínua do que a criança disse a você desempenhará um papel crítico na
capacidade de seu filho se recuperar e levar uma vida saudável.
Alguns pais podem sentir grande preocupação quando os filhos agem
sexualmente com colegas ou crianças menores e podem questionar por que uma
criança que foi abusada e sofreu com essa experiência poderia repetir isso com outra
pessoa. As crianças que sofreram abuso sexual precisam de uma oportunidade de
processar seu próprio abuso na terapia ou com um adulto de confiança para entender
seus pensamentos e sentimentos e ter a chance de fazer perguntas e conseguir algum
tipo de encerramento. Os comportamentos de dramatização geralmente indicam que
algum impacto traumático de seu abuso ainda está ativo e sinaliza a necessidade de
atenção adicional. A lição mais importante é aprender a não reagir de forma exagerada
ou insuficiente a situações problemáticas e encontrar o equilíbrio certo entre
orientação e cuidado empático.
Se seu filho tem um histórico de abuso anterior, é importante saber que ele
pode ser vulnerável a atitudes de vítima ou vitimização. Algumas crianças podem ser
mais propensas a ser intimidadas ou exploradas, e outras podem ser agressivas. Você
pode precisar prestar atenção especial à proteção de algumas crianças enquanto
estabelece limites firmes para outras. Além disso, algumas crianças agem quando as
memórias de seu próprio abuso são desencadeadas. Os gatilhos podem acontecer
inesperadamente, por exemplo, ao ver alguém que se parece com o agressor ou em
uma situação como estar sozinho em um banheiro público, ou por uma variedade de
circunstâncias que ocorrem na vida diária. Outros gatilhos podem incluir o cheiro de
uma colônia ou xampu específico ou a textura de uma determinada peça de roupa ou
cobertor.
81
Além disso, existem diferenças culturais entre as crianças no que diz respeito
ao nível de conforto com a proximidade física, afeto físico, nudez, práticas de banho
e higiene e outros fatores que podem levar a situações problemáticas. Existem muitas
culturas nas quais os pais nunca discutem a sexualidade diretamente com seus filhos,
ou nas quais qualquer tipo de atividade sexual pode ser considerado inaceitável ou
punível. As crianças podem, portanto, carregar vergonha e culpa sobre seus corpos.
Especialistas na área de adoção e abuso sexual infantil acreditam que
algumas ações podem ajudar a construir confiança no novo ambiente familiar:
• Se seu filho falar com você sobre um abuso sexual prévio, controle sua
reação e não faça julgamentos;
• Conforte a criança, diga que você sente muito por isso, e que está
disposto(a) a ajudá-la;
• Não os trate com piedade e sim com compreensão;
• Nunca desconsidere os sentimentos da criança e/ou do adolescente;
• Esclareça que a culpa não é dela/dele;
• Tranquilize a criança, dizendo que ela está segura em sua casa;
• Privacidade: as crianças devem ser ensinadas a bater quando uma porta
está fechada e os adultos precisam fazer o mesmo;
• Toque: ninguém deve tocar outra pessoa sem permissão. As partes íntimas
de uma pessoa não devem ser tocadas, exceto durante um exame médico
ou, no caso de crianças pequenas, se precisarem de ajuda com banho ou
banheiro;
• Respeite o nível de conforto de cada membro da família com tocar, abraçar
e beijar. Incentive as crianças e os adultos a respeitarem o conforto e a
privacidade dos outros;
• Roupas: evitar trocar de roupa na frente da criança ou que ela veja os
familiares em roupas íntimas;
• Dizendo "Não": as crianças precisam aprender que é seu direito de dizer
“não” de forma assertiva quando alguém os toca de uma forma que eles não
gostam. Ajude ele(a) a praticar isso;
• Educação sexual: todas as crianças, incluindo a criança que foi abusada,
precisam de informações básicas sobre como se desenvolve sexualmente.
Palavras apropriadas para partes do corpo, como pênis, vagina, seios e
82
nádegas, dará à criança as palavras para que ela se sinta segura a
descrever o que aconteceu com ela. Linguagem sugestiva ou obscena às
vezes é um gatilho e não deve ser permitida;
• Sem "segredos": deixe claro que nenhum segredo, principalmente com
adultos, é permitido;
• "Brincar de luta" e cócegas: comportamentos infantis comuns, mas que
podem ser tingidos de conotações sexuais. Eles podem colocar a criança
em uma posição desconfortável, humilhante ou até ser um gatilho para as
lembranças do abuso, portanto fique atento a essas atividades e evite;
• Busque ajuda profissional: o tipo de terapia que será mais útil varia,
podendo ser individual ou terapia familiar. Quando uma criança está sendo
atendido na terapia individual, é importante que os pais mantenham um
contato próximo com o terapeuta, de preferência com experiência em
questões de abuso sexual e adoção.
83
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Vanir Maria Carneiro; ANTUNES, Maria Cristina; PADILHA, Maria da Graça Saldanha. A
reinserção familiar de crianças e adolescentes vítimas de violência intrafamiliar em acolhimento
institucional por medida de proteção: o abuso sexual em foco. Bol. - Acad. Paul. Psicol., São Paulo, v.
36, n. 91, p. 286-309, jul. 2016. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
711X2016000200004&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 26 jul. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres / Ministério da
Saúde, Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
Child Welfare Information Gateway. Parenting a Child or Youth Who Has Been Sexually Abused: A
Guide for Foster and Adoptive Parents. Washington: U.s. Department Of Health & Human Services,
2018. Disponível em: https://www.childwelfare.gov/pubPDFs/f_abused.pdf. Acesso em: 05 maio 2021.
Sanches, L. da C., Araujo, G. de, Ramos, M., Rozin, L., & Rauli, P. M. F. (2019). Violência sexual infantil
no Brasil: uma questão de saúde pública. Revista Iberoamericana De Bioética, (9), 1-
13. https://doi.org/10.14422/rib.i09.y2019.003
VON HOHENDORFF, Jean; PATIAS, Naiana Dapieve. VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E
ADOLESCENTES: IDENTIFICAÇÃO, CONSEQUÊNCIAS E INDICAÇÕES DE MANEJO. Barbarói,
Santa Cruz do Sul, n. 49, p. 239-257, jan. 2017.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. (WHO). Recognizes child abuse as a major public health
problem. 1999. Disponível em: http://www.who.int/inf-pr-1999/en/pr99-20.html
84
CAPÍTULO 11 - O COMPORTAMENTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE APÓS A ADOÇÃO: ADAPTAÇÃO E PREVENÇÃO
DA DEVOLUÇÃO
ADAPTAÇÃO:
Considerações gerais:
85
Como já citado, o perfil apresentado pelos postulantes à adoção não condiz
com a realidade das crianças institucionalizadas. Ou seja, o esperado por eles é de
que seja um bebê saudável, da mesma cor de pele da família, em geral, branca e do
sexo feminino8. Entretanto, a situação real é de que a maioria são meninos, pardos,
com mais de 3 anos. Sendo assim, entre as várias características que compreendem
essas diferenças está a da idade, em virtude da maioria dos futuros pais adotivos
apresentam interesse em bebês pois julgam serem mais fáceis de adaptar e moldar 8.
Em conformidade com isso, estudos demonstram que 50% dos pais adotivos
de crianças com mais idade apresentam queixas negativas, geralmente, relacionadas
aos maus tratos, abandono e negligência enquanto 89% dos adotantes de bebê não
relatam dificuldades². Todavia, há aqueles que apresentam dada ideia como ilusão já
que o filho adotivo, independentemente da idade, tem uma história pessoal pregressa
que não pode ser rejeitada ou desconsiderada8. A questão é que boa parte dos artigos
se apresentam abordando as dificuldades das adoções, principalmente as tardias.
86
mais fácil observar como esse filho será incorporado na parentalidade e seu processo
de adaptação.
Em primeiro lugar, independente da criança ou adolescente ser adotado ou
não, os pais idealizam o filho colocando suas aspirações, frustrações e renúncias o
que gera um problema6,8. Em um segundo plano, em algumas situações como o da
infertilidade, são criadas feridas narcisistas que buscam burlar a mortalidade e a dor
por meio da adoção. Contudo, a presença da criança pode ao invés de restabelecer a
ordem reforçar essa limitação, sendo uma circunstância para não formação de vínculo
e, evidentemente, dificuldade na sua adequação. Também, no caso da adoção como
uma forma altruísta pode haver uma adversidade juntamente ao narcisismo. Isso
ocorre quando o sentimento de ser salvador prevalece perante o de salvar.
Consequentemente os pais ficam à espera de que o filho demonstre gratidão gerando
expectativas idealizadoras perante ao comportamento da criança, o que nem sempre
acontece6.
87
sobre o passado da criança, ou seja, não sabem como foi o parto, o histórico de
doenças na infância e os marcos importantes do desenvolvimento 4,10.
Já sobre a educação, há relato de pais, em um determinado estudo, referente
ao atraso escolar, tendo que lidar com o analfabetismo e a vontade de ingressar a
criança em uma escola particular4. Em contrapartida, um estudo realizado por Van
IJzendoorn & Juffer (2005), apresentou a comparação do QI entre crianças adotadas
e os irmãos não adotivos. Ele obteve como resultado escores semelhantes. Uma outra
pesquisa também apresentou o relato de pais satisfeitos frente o desenvolvimento
acadêmico descrevendo também a disciplina do filho e a boa relação com colegas e
professores11.
Além disso, outras dificuldades na adaptação podem ocorrer como as
comportamentais-emocionais. Há pais que relatam grande dificuldade em fazer com
que a criança siga novos hábitos e regras9. Isso ocorre, principalmente, quando a
adoção é feita de uma criança maior que já adquiriu a linguagem visto que estas se
posicionam de maneira mais complexa e explícita6.
88
Também, uma reação da criança que foge um pouco das tratadas acima é a
relacionada a vinculação. Dado processo é apresentado pela psicanálise como
ocorrendo primeiramente pela figura paterna. Isso ocorre em virtude de a criança não
ter o genitor como referência já que esse já estava excluído no momento em que a
genitora entregou ou teve seu filho retirado, o que é mais um motivo para essa
vinculação não ocorrer em primeiro momento com a mãe15.
DEVOLUÇÃO:
Considerações gerais:
89
conflito e desvinculo a criança ou adolescente. Ademais, quando o postulante à
adoção não tiver filhos, principalmente, por alguma impossibilidade, é valoroso que
seja trabalhado as suas expectativas narcísicas, relacionadas às satisfações que o
filho adotivo irá trazer. Também, é fundamental que os pais vivam o luto da infertilidade
e perda do filho biológico. Igualmente, esse momento é importante para ajudar a
aceitação do filho adotivo frente ao filho ideal8.
90
Inserção da criança e do adolescente no processo de adoção
Conclusão:
Portanto, após a adoção se pode esperar que haja alguns conflitos em virtude
das expectativas e motivações dos pais para a adoção, a bagagem do filho desde
seus hábitos até sua questão emocional, principalmente, seus medos que podem
gerar diversas reações. Sendo assim, é fundamental que todas as partes envolvidas
estejam preparadas para esse processo. Portanto, os pais precisam refletir sobre suas
motivações, viver o luto se necessário, frequentar grupos de apoio e procurar
assistência de diversos profissionais. Igualmente, as crianças precisam viver o luto,
mas diante da sua família biológica e ter auxílio de uma equipe de profissionais
multidisciplinar.
91
REFERÊNCIAS
2. Ebrahim SG, Adoção tardia: uma visão comparativa. Rev Estudos de Psicologia; 2001. v.18.
n2. p. 29-40.
4. Paulina E, Ferreira L, Bobato ST, Becker APS. Processo de vinculação afetiva de crianças
adotadas na perspectiva dos pais adotantes; 2018. Bol. Acad. Paul. de Psicol.; v.38. n. 94.
6. Sampaio DS, Magalhães AS, Maohado RN. Motivações para a adoção tardia: entre o filho
imaginado e a realidade. Psicol. Estud.; 2020. v.25.
7. Machado RN, Carneiro TF, Magalhães AS. Parentalidade adotiva: contextualizando a escolha.
Rev psico; 2015. v.46 n.4. p.442-451.
8. Moreli AB, Comin FS, Sanveiro TV. O lugar do filho adotivo na dinâmica parental: revisão
integrativa da literatura. Psic. Clin; 2015. v.27. n.1. p. 175-194.
10. Sampaio DS, Magalhaes AS, Carneiro TF. Pedras no caminho da adoção tardia: desafio para
o vínculo parento-filial na percepção dos pais. Temas em psicologia; 2018. v.18.
11. Fonseca PN, Palitot RM, Machado MOS, Santos JLF, Filho JFS. Percepção Parental acerca
do Filho Adotado: Uma Análise Psicoeducacional. Pensando Familia; 2018. p. 131-145.
92
12. Borel FE, Santos RB, Costa D. Evolução da legislação brasileira no tocante à adoção e a
devolução de crianças e adolescente adotados no Brasil. Revista Humanidades em
perspectivas; 2019. v.2. n.1.
14. Carnaúba GS, Ferret JCF. Devolução de crianças adotadas: consequências psicológicas
causadas na criança que é devolvida durante o estágio de convivência. Rev. Uningá; 2018.
v.55.n.3. p.119-129.
15. Speck S, Queiroz EF, Mattera PM. Desafios da clínica da adoção: devolução de crianças.
Estudos de Psicanálise; 2018. n.49. p.181-186.
16. Lima CFI, Bussolo TJ, Oliveira MAM. Adoção e devolução de crianças: consequências sociais
e psicológicas. Perspectivas em psicologia; 2019. v.23. n.2. p. 103.
17. Machado LV, Ferreira RR, Seron PC. Adoção de crianças maiores: sobre aspectos legais e
construção dos vínculos afetivos. Estudos interdisciplinares em psicologia; 2015. v.6. n.1.
p.65-81.
18. Gomes IC, Levy Lidia. A Psicanálise Vincular e a preparação de crianças para a adoção: uma
proposta terapêutica e interdisciplinar. Contextos Clínicos; 2016.
93
CAPÍTULO 12 - DISTÚRBIOS DO SONO EM CRIANÇAS
O Sono
O sono é dividido em 05 fases e cada uma dessas fases tem a sua importância.
Fica evidente, assim, como é importante ter um boa noite de sono, cumprindo
tanto a qualidade quanto a quantidade ideal. Essa quantidade varia com as
necessidades de sono em função do gênero, da realização de atividade física,
94
ocupação profissional e sobretudo da idade. Observamos que quanto menor a idade
maior a necessidade de tempo de sono. Um recém-nascido pode dormir mais de 16
horas, em contrapartida um adulto necessita dormir de 6 a 8 horas. Até os 5 anos, a
necessidade de sono diurno deve ter desaparecido, sendo a soneca matinal a primeira
a desaparecer. Confira na tabela o tempo de sono ideal para cada faixa etária.
95
desse descanso são essenciais para um bom desenvolvimento cognitivo
comportamental, emocional e físico. A maioria desses problemas advém de alterações
comportamentais e ambientais.
1. Insônia
É a dificuldade de início ou manutenção do sono, despertar mais cedo
que o desejado, resistência para o início do sono, ou dificuldade em iniciar o
sono sem a intervenção dos pais ou cuidadores em um ambiente propício
(sem televisores, smartphones ou tablets sendo utilizados no horário de
dormir). Acomete 30% das crianças, sendo o distúrbio mais prevalente
durante a infância. A insônia é patológica a partir do momento que interfere
nas atividades diurnas, levando a criança a sonolência ou fadiga, alteração do
desempenho escolar, da capacidade intelectual, alterações do humor ou do
comportamento.
A insônia pode ter diversas causas, as mais comuns estão na tabela
abaixo.
96
• Falta de estabelecimento de limites;
Pré-escolar e • Medo ou pesadelos;
escolar • Doenças infecciosas agudas;
• Doenças crônicas;
• Atraso de fase;
• Problemas de higiene do sono;
• Comorbidades psiquiátricas;
• Pressão familiar e/ou escolar;
Adolescente
• Distúrbios respiratórios do sono;
• Distúrbios do movimento;
• Doenças infecciosas agudas;
• Doenças crônicas;
97
substância, hipersonia associada a patologia psiquiátrica e síndrome de sono
insuficiente e o ponto em comum entre essas patologias é a sonolência excessiva
diurna.
5. Parassonias
98
Sinais Nenhuma ou Moderados Fortes Leve
autonômicos leve
99
Do outro lado, os pais sofrerão com as consequências como a fadiga diurna,
que pode provocar mudanças no humor, atitudes pouco eficazes com relação aos
filhos e, não raro, problemas conjugais.
A higiene do sono tem como objetivo promover um sono de boa qualidade por
meio de práticas diárias iniciadas durante o dia estendendo até o início do sono. A
partir disso ocorre a criação de um ambiente menos estressante para a criança
associado a um melhor comportamento das mesmas o que também reflete nos níveis
de estresse materno. Vale ressaltar que não há idade ideal para começar, a partir dos
6 meses de idade já é possível iniciar a prática da higiene do sono. Além disso é
essencial a avaliação do pediatra para estabelecer a melhor técnica em cada caso,
levando em conta a rotina de cada família.
100
• Início do sono deve ocorrer no mesmo horário todos os dias e ter a mesma
duração;
• Para crianças menores as rotinas devem iniciar de 20 a 30 minutos, e para as
maiores de 30 a 60 minutos antes da hora de ir para cama. Esse período deve
consistir em atividades calmas;
• As rotinas devem ocorrer de forma a iniciar fora e terminar dentro do quarto da
criança, como por exemplo jantar, tomar banho e escovar os dentes e no quarto
colocar pijama, ler uma história e dormir;
• Não fazer atividades físicas ou brincadeiras que a deixem excitadas 3 horas
antes do sono;
• A cama não deve ser associada a outras atividades que não o ato de dormir;
• O sono deve iniciar na cama da criança e sem que os pais estejam deitados
junto a ela;
• Tome cuidado com as sonecas muito próximas do horário de dormir;
• Objetos de transição, como bonecos e cobertores, podem ser usados para
crianças acima de 1 ano;
• Massagem e meditação ajudam a criança a iniciar o sono;
• Para adolescentes: devem evitar jogos eletrônicos, uso de smartphone, acesso
à internet ou computador e iluminação excessiva noturna. Além disso, evitar o
tabagismo e o consumo de cafeína. Esses fatores se relacionam com dormir
mais tarde e uma menor duração de sono noturno.
101
Tabela 4: Diagnóstico do distúrbio do sono com seus respectivos manejos
Diagnóstico Manejo
Insônia Higiene do sono;
Terapia comportamental;
Medicamentos;
Síndrome da apneia Perda de peso, quando necessário;
obstrutiva do sono Tratamentos ortodônticos (como expansão
maxilar);
Medicamentos;
Despertar confusional Tranquilizar os pais;
Despertares programados;
Medicamentos;
Terrores noturnos Tranquilizar os pais;
Medidas de segurança no dormitório/ domicílio
Despertares programados
Sonambulismo Tranquilizar os pais;
Medidas de segurança no dormitório/ domicílio;
Despertares programados;
Pesadelos Tranquilizar os pais;
Medicamentos;
102
REFERÊNCIAS
EL HALAL, Camila dos Santos; NUNES, Magda Lahorgue. Distúrbios do sono na infância. Residência
Pediátrica. V. 8 (supl 1), p. 86-92, 2018.
EL HALAL, Camila dos Santos; NUNES, Magda Lahorgue. Organização e higiene do sono na infância
e adolescência. Rev. Residência Pediátrica, 2018.
LOPES, Sandra. Estratégias para minimizar alterações do padrão de sono nas crianças dos 0
aos 3 anos. 2016. Tese de Doutorado.
NUNES, Magda Lahorgue. Distúrbios do sono. Jornal de Pediatria, v. 78, p. S63-S72, 2002
.
NUNES, Magda Lahorgue; BRUNI, Oliviero. Insônia na infância e adolescência: aspectos clínicos,
diagnóstico e abordagem terapêutica. Jornal de Pediatria, v. 91, n. 6, p. S26-S35, 2015.
103
CAPÍTULO 13 - DENTIÇÃO E CUIDADOS BUCAIS
5 a 6 meses de vida:
104
Para alívio dos sintomas pode utilizar com uma gaze ou fralda umedecida
envolta em um dedo limpo com soro fisiológico, realiza-se movimentos circulares
pressionando levemente a gengiva do bebê. Além disso, pode-se utilizar mordedores
resfriados e oferta de alimentos e bebidas frios ou gelados, pois o frio promove melhor
a sensação de alívio por ajudar a diminuir os sintomas locais da inflamação. Mas
sempre sob orientação medica e /ou do dentista.
10 a 12 meses de vida:
3 a 6 aos de vida:
6 a 18 anos:
Após passar por todo o processo de nascimento dos dentes decíduos, é preciso
se preparar também para o momento em que eles, enfim, vão embora. É comum que
a fase da troca de dentes comece a partir dos 6 anos e se estenda até os 12 anos de
idade; e o primeiro sinal de que ela está chegando é quando os dentes começam a
ficar com um aspecto molinho. Por mais que muitos pais fiquem bastante ansiosos
com essa fase, é preciso ter em mente que esse é um processo totalmente natural e
que não costuma precisar de intervenções. Exceto se o dente estiver prejudicando a
fala ou mastigação da criança, pois neste caso vale uma visita ao odontopediatra, que
vai indicar a melhor solução. A dentição geralmente e completada em torno dos 1 anos
com um total de 32 dentes.
105
escova de cerdas macias e cabeça pequena, usando uma quantidade mínima (um
grãozinho de arroz) de pasta de dentes fluoretada contendo flúor acima de 1000 ppm
(creme dental comum utilizado pelos adultos). Os cremes dentais fluoretados, com
quantidades menores de flúor do que a indicada não são o suficiente para combater
problemas bucais. É recomendado que durante a dentição decídua faça escovação
2x por dia evitando que a criança engula. Além disso o creme dental deve ficar longe
do alcance das crianças.
O fio dental será usado quando os dentes estirem juntos uma vez ao dia. Todas
as etapas devem ser acompanhadas pelos responsáveis, afim de se evitar uma
higiene bucal inadequada.
1. A escova das crianças deve ter cerdas bem macias. Escolha o modelo de
acordo com a faixa etária do seu filho.
5. Passe para os dentes do fundo e escove com movimentos de vai e vem bem
suaves em todas as faces dos dentes.
106
8. Para o fio dental, retire um pedaço com aproximadamente 45 cm, envolva a
maior parte de forma frouxa ao redor de cada dedo médio, deixando 3
centímetros no meio. Deslize com suavidade entre os dentes da criança,
formando um "C" em volta de cada dente, tomando cuidado para não forçar
sobre a gengiva.
Cárie dentária
A cárie é uma doença causada pelas bactérias que vivem na boca e utilizam o
açúcar da alimentação para produzir ácidos que destroem os dentes.
Este com certeza é um dos problemas bucais mais temidos, tanto para adultos
quanto para crianças. No entanto, é importante ressaltar que esse transtorno é mais
propício de aparecer em crianças, principalmente pelo fato de elas ainda estarem se
habituando à rotina de higiene bucal e por muitos pais não se preocuparem
devidamente com a primeira dentição, já que elas têm um “prazo de validade”.
Um fator importante que deve ser levado em consideração é que ela pode ser
prevenida, controlada ou mesmo revertida. Para prevenção, é necessário conhecer
sua etiologia e os fatores de risco para o seu desenvolvimento. O controle e a reversão
de tal doença são possíveis caso seja diagnosticada em estágio inicial, que é a
presença de mancha branca no esmalte dental, sem cavidades. Quando a situação
clínica envolve cavidades dentárias, há necessidade de tratamento curativo e
preventivo, a fim de modificar as condições que levaram ao desenvolvimento da
doença cárie. A evolução da doença é capaz de causar grande destruição dos dentes,
ou até mesmo sua perda, podendo resultar em complicações locais, sistêmicas,
psicológicas e sociais.
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REFERÊNCIAS
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