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Conceitos de geriatria e
gerontologia: o envelhecer
psicossocial
1ª edição
Londrina
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2019
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Coordenador
Camila Braga de Oliveira Higa
Revisor
Letícia de Araújo Apolinário
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Daniella Fernandes Haruze Manta
Flávia Mello Magrini
Hâmila Samai Franco dos Santos
Leonardo Ramos de Oliveira Campanini
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
ISBN 978-85-522-1545-5
CDD 610
Thamiris Mantovani CRB-8/9491
2018
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SUMÁRIO
Apresentação da disciplina.................................................5
Introdução
Os fatores determinantes do envelhecimento da população de um país estão ligados às taxas de
fertilidade e de mortalidade. Para que uma população envelheça, é necessário, primeiro, que haja
uma queda da fertilidade e, simultânea ou posteriormente, uma redução das taxas de mortalidade.
Com isso, a expectativa de vida da população como um todo torna-se maior. O processo de envelhe-
epidemiológica ou demográfica”.
porção de adultos na população, incluindo, naturalmente, os mais idosos. Nesse estágio da transição
processo de transição epidemiológica e atingido seu estágio final. Esse processo de rápido envelhe-
cimento populacional não é, naturalmente, uma característica única do Brasil, sendo compartilhado,
plinaridade vêm colaborando para uma visão diferenciada do idoso. Muitas pesquisas têm sido rea-
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1. Epidemiologia de envelhecimento
Há alguns anos, existe uma tendência mundial à diminuição da mortalidade e ao prolongamento
idosos comparado aos demais grupos de faixa etária se deve à queda da fecundidade, ou seja, à
vidos). Outros fatores importantes são a melhoria das condições básicas de sobrevivência (nutricio-
Desse modo, o aumento da população idosa tem criado inúmeros problemas sociais, políticos e
econômicos. Isso porque implica o aumento de custos e gastos médico-sociais, maior necessidade de
suporte familiar e comunitário e maior probabilidade de cuidados de longa duração, devido à maior
prevalência de doenças crônicas, com consequentes incapacidades. Essas doenças talvez incorram em
uma epidemia de demência, síndrome cuja incidência e prevalência aumentam com o passar dos anos.
consequências já se fazem presentes no nosso cotidiano, muito embora tenham sido necessários
vários anos de transformações demográficas para que se chegasse à realidade atual. Em 1940, por
exemplo, houve uma queda significativa da taxa de mortalidade, em razão dos avanços da medi-
cina, que acabou elevando, em 1950, a esperança de vida média para 43,3 anos. Já no final de 1960,
ocorreu uma diminuição da taxa de fecundidade no país, principalmente nas regiões mais desenvol-
vidas, reduzindo o número de filhos por mulher. Atualmente, nessa tendência, ainda persistem dados
de 2010, com 1,86 filho por mulher, enquanto, em 1970, a proporção era de 6,1 por mulher.
sofre alterações significativas, isto é, um progressivo estreitamento em sua base. Esse processo
deve avançar nas próximas 3 décadas, ao passo que o alargamento do topo apenas ficará evidente
de modo mais claro após as próximas 4 a 6 décadas, quando o grande contingente de indivíduos
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gerados no período de maior crescimento (1960-1980) estará no fim, com 60 anos ou mais, e com-
No Brasil, segundo projeções estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 1950
e 2025, a população idosa crescerá 16 vezes, ao passo que a população das demais faixas etá-
rias terá um aumento de 5 vezes. Isso colocará o Brasil como a 6ª população de idosos no mundo,
com quase 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais; na Figura 1, representamos essa evolução.
Nos países desenvolvidos, essa transição demográfica ocorreu gradualmente ao longo de um maior
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FONTE: Pena (s./d., on-line).
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No Brasil, em 1999, o número de idosos era de, aproximadamente, 14,5 milhões. Em 2020, estima-
se que o número corresponderá a 25 milhões de idosos. Estes, em 2025, deverão ser 32 milhões,
sendo que, por volta de 2080, ocorrerá estabilização na proporção de idosos e jovens, o que trará
de idosos na população é, hoje, uma realidade mundial que, embora de maneira heterogênea, se
humanidade, mas proporciona, em seu bojo, grandes desafios. É necessário que, paralelamente às
à melhora das condições de saúde e qualidade de vida dos idosos. Saímos de um paradigma de
saúde pública no qual a população de risco era infantil e as doenças eram majoritariamente infeccio-
sas, com métodos diagnósticos simples e baratos. Algumas dessas doenças eram passíveis de pre-
venção por vacinas, outras, passíveis de tratamentos eficazes e curtos, e, quando nada disso surtia
evolutivas, com métodos diagnósticos sofisticados e caros. Os tratamentos não curam, várias dessas
doenças não têm prevenção eficaz, e, a longo prazo, elas podem causar incapacidades, dependên-
Para o setor de saúde, esse impacto do envelhecimento populacional oferece importantes mudan-
ças, como o aumento das doenças crônico-degenerativas em nosso país. Essas doenças não são
sequelas ocupam os leitos de retaguarda. Como são doenças crônicas e as sequelas demandam
viços de saúde, sobretudo, a rede pública. Os idosos utilizam tais serviços em uma proporção muito
maior do que pessoas de outras faixas etárias. Com isso, elevam-se os custos financeiros do sistema
de saúde, sendo, muitas vezes, necessário ampliar os recursos materiais, tecnológicos e humanos.
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Atualmente, gasta-se muito com a saúde dos idosos, às vezes, de maneira equivocada, não prio-
2. Histórico da geriatria
Preocupações com longevidade, imortalidade e busca pela vida eterna estiveram sempre presen-
tes na história da humanidade, podendo ser observadas na mitologia grega, em papiros do antigo
Egito e em escritos bíblicos. Médicos e filósofos da antiguidade fizeram observações acerca de doen-
ças associadas ao envelhecimento. De acordo com Pereira, Schneider e Schwanke (2009), a evolu-
• Hipócrates: descreveu a velhice como fria e úmida, o que pode ter sido o início do reconheci-
intrínseco. A vida consistiria na manutenção desse calor e de sua relação com a alma, que
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• Roma Antiga: Marco Túlio Cícero, em seu livro “De Senectude”, apresenta soluções válidas até
os dias atuais. Cícero foi provavelmente pioneiro em reconhecer a anorexia dos idosos.
• Galeno: foi autor de trabalhos de grande importância para a Medicina até pelo menos o século
XVI. Galeno combinou a teoria dos quatro humores, a noção aristotélica do calor intrínseco,
• No mundo islâmico medieval, destaca-se o médico Avicena, que escreveu The Canon of
Medicine (1025), no qual tece considerações acerca da necessidade de sono, discute aspectos
dietéticos e recomenda a prática de exercícios para idosos. Aborda, em várias seções, a ques-
longevidade de pessoas vivendo em diferentes locais e sob diferentes condições. Para Bacon,
seria possível proteger-se do envelhecimento por meio da adoção de dieta controlada, repouso,
exercícios e estilo de vida moderados, bons hábitos de higiene e inalações frequentes da res-
• Na segunda metade do século XV, o médico italiano Gabriele Zerbi produziu o primeiro livro
dedicar ao cuidado dessa população, refere-se ao uso de leite humano para a melhoria das
• Ainda no século XV, o médico francês André Laurens escreveu o primeiro livro de Geriatria em
• Durante os séculos XVIII e XIX, vários médicos escreveram especificamente sobre doenças do
três mil idosos, pode ser considerado o primeiro estabelecimento geriátrico, onde o neurolo-
gista e psiquiatra Jean-Martin Charcot ministrava suas aulas sobre envelhecimento. Charcot
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publicou, em 1867, suas “Lições sobre o envelhecimento”, primeiro trabalho formal sobre o
partir das expressões gero (velhice) e logia (estudo). Ele propunha a criação de um campo de
• Em 1906, o neuropsiquiatra alemão Alois Alzheimer apresentou a seus pares o caso de sua
paciente Auguste D., que tinha sinais de demência aos 55 anos. Após a morte de Auguste D.,
res no córtex cerebral, reforçando observações anteriores. A partir de então, passou a ser des-
• Em 1909, Ignatz Leo Nascher, médico vienense radicado nos Estados Unidos, propôs a criação
de nova especialidade médica, destinada a tratar das doenças dos idosos e da própria velhice,
• Nasher, considerado o “pai da Geriatria”, fundou, em 1912, a Sociedade de Geriatria de Nova York,
escreveu o livro “Geriatrics: the diseases of old age and their treatment”, em 1914, e, em 1917,
foi convidado para ser editor da revista “The Medical Review of Reviews” na sessão de Geriatria.
• Na década de 1930, a médica inglesa Marjorie Warren desenvolveu princípios até hoje tidos
idosos. Pela primeira vez, estimulou os pacientes a saírem da cama e caminharem, introdu-
• Na Espanha, a Sociedad Española de Geriatría y Gerontología foi fundada em 1948. De 1946 até
meados dos anos 50, foram organizados vários cursos médicos de pós-graduação, que, prova-
velmente, são os primeiros cursos oficiais de Geriatria em todas as escolas europeias de Medicina.
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que atua na promoção e no desenvolvimento da Gerontologia e da Geriatria como uma ciên-
Congress of Gerontology, atualmente, em intervalos de quatro anos, sendo que o último foi
que se ocupa do impacto das condições sociais e socioculturais sobre o processo de envelheci-
têm surgido, como: o National Institute on Aging (NIA), fundado em 1975; a International
Rio Grande do Sul (PUCRS), criado em 1973, é considerado a instituição pioneira no ensino de
• Em março de 1971, o professor Yukio Moriguchi, imigrante japonês que fez sua formação
na Universidade de Tóquio, foi contratado pela PUCRS para ministrar a primeira cadeira de
Geriatria da América Latina. O site da SBGG apresenta uma linha do tempo com os marcos da
Geriatria no Brasil. O IGG aparece mais uma vez como pioneiro em outros âmbitos; em 1972,
foi criada a residência médica em Geriatria, reconhecida pelo Ministério de Educação e Cultura
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• Nessa linha do tempo, consta que a Geriatria foi credenciada como especialidade da Clínica
3. As ciências do
envelhecimento e o Médico
Geriatra
A ciência do envelhecimento tem sob si
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Assim, a primeira compreende os aspectos antropológicos, psicológicos, legais, sociais, ambientais,
A necessidade da utilização de uma terminologia precisa não tem, como se poderia pensar, um
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tomaram consciência do fenômeno do envelhecimento e de suas implicações, o que tornou neces-
sário o conhecimento dos limites de suas respectivas áreas, embora dentro de uma perspectiva de
integração delas.
Considerações Finais
• Epidemiologia de envelhecimento: no Brasil, em 1999, o número de idosos era de, aproximada-
mente, 14,5 milhões. Em 2020, estima-se que o número corresponderá a 25 milhões de idosos.
Estes, em 2025, deverão ser 32 milhões, sendo que, por volta de 2080, ocorrerá estabilização
• Médico geriatra: é aquele que se especializou no cuidado de pessoas idosas. Ele se torna espe-
cialista após ter feito residência médica credenciada pela Comissão Nacional de Residência
Médica e/ou ter sido aprovado no concurso para obtenção do Título de Especialista em Geriatria
da SBGG/AMB. Tem maior enfoque no cuidado das doenças apresentadas pelo idoso.
Glossário
SBGG- Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
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Verificação de leitura
( ) O grupo etário conhecido como idosos jovens é o que mais vem crescendo.
A sequência correta é:
a) V, V, V.
b) V, V, F.
c) F, F, F.
d) F, V, F.
e) F, F, V.
I. O aumento do número de idosos comparado aos demais grupos também se deve à queda
da fecundidade, ou seja, à diminuição da natalidade.
PORTANTO
II. Outros fatores importantes são a melhoria das condições básicas de sobrevivência e o
desenvolvimento da medicina e de seus avanços tecnológicos.
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a) I e II são verdadeiras, e II justifica I.
c) I é verdadeira e II é falsa.
d) I é falsa e II é verdadeira.
e) I e II são falsas.
b) Geriatra.
c) Nutrólogo.
d) Fisiatra.
e) Homeopata.
Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.
MENDES, T. A. B et al. Geriatria e gerontologia. Barueri, SP: Manole, 2014.
NUNES, M. I. et al. Enfermagem em geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2012.
PENA, R. F. A. Pirâmide etária da população brasileira. Mundo Educação. Disponível em:
<http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/piramide-etaria-populacao-brasi-
leira.htm>. Acesso em: 18 maio. 2018.
PEREIRA, A. M. V. B.; SCHNEIDER, R. H.; SCHWANKE, C. H. A. Geriatria, uma especialidade
centenária. Scientia Medica, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 154-161, out. /dez. 2009.
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Gabarito
QUESTÃO 1-Alternativa B.
• O declínio da taxa de fecundidade contribui para o aumento do envelhecimento populacional.
• O grupo etário conhecido como idosos jovens é o que vem mais crescendo.
QUESTÃO 2-Alternativa A.
O aumento do número de idosos também se deve à queda da fecundidade, ou seja, à diminuição
da natalidade. Outros fatores importantes são a melhoria das condições básicas de vida, o desen-
justifica I.
QUESTÃO 3-Alternativa B.
Geriatra é o médico que se especializou no cuidado de pessoas idosas. Ele se torna especialista
após ter feito residência médica credenciada pela Comissão Nacional de Residência Médica e/ou ter
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2
O que é
gerontologia?
Objetivos Específicos
• Definir Gerontologia.
Introdução
A longevidade representa uma das mais importantes conquistas do século XX, deixando um lema:
mais importante do que acrescentar anos à vida, é preciso proporcionar vida aos anos.
É necessário integrar as pessoas idosas ao meio em que vivem e transformá-las em cidadãos ati-
Com o aumento da expectativa de vida, cada vez mais idosos vão precisar de auxílio em suas ati-
vidades diárias. Devem, então, surgir vários questionamentos, como: quem cuida? De quem é a res-
contar com a cooperação de todos. Com a queda da natalidade, novos arranjos devem ser organiza-
dos e, certamente, faltarão cuidadores familiares para um grande contingente de idosos. É preciso
O profissional de Gerontologia precisa gostar do desafio e ter habilidade em lidar com as mais
diferentes necessidades dos idosos, além de ter sempre um olhar multidisciplinar, mesmo quando
a equipe não contemplar o número de profissionais necessário. Esse profissional deve estar capaci-
tado para prever, dimensionar e assistir às demandas específicas desse grupo etário, além de pro-
por soluções e intervenções junto à família do idoso nos mais diferentes contextos. A Gerontologia
deve atuar, também, no combate aos preconceitos e à violência ao idoso, ampliando redes de apoio
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1. O que é gerontologia?
A longevidade é desejada pela maioria das pessoas, desde que sob certas condições, como a de
não ficar dependente e, de preferência, não ficar velho, como se fosse possível viver sem envelhecer.
Mas essa sobrevida pode ter um gosto amargo ao final. A idade avançada pode significar períodos de
Desse modo, o aumento da população idosa tem criado inúmeros problemas sociais, políticos
• 1930: Marjory Warren, médica inglesa, estabeleceu os princípios básicos da intervenção geron-
• 1930: começaram a surgir numerosos trabalhos em todas as áreas que, hoje, compõem a ciên-
cia do envelhecimento,
• Após a Segunda Guerra Mundial, o interesse pelo estudo do idoso ganhou impulso. Foi nesse
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• Em 1946, foram criadas a Gerontological Society of America e a Division of Matury and Old
Age da American Psychological Association, entidades que tiveram interesse pelo estudo
do envelhecimento.
Durante muitos anos, o estudo da Gerontologia foi negligenciado, mas, atualmente, vários pes-
quisadores trabalham nessa área de pesquisa, que é extremamente complexa, mas que se expandiu
Você sabia que existe graduação em Gerontologia? No Brasil, a Gerontologia se constituiu enquanto
graduação em 2005, sendo oferecida, pioneiramente, pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades
bém passou a ser oferecido na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Além da graduação,
os profissionais que buscam essa especialidade são da área de saúde, como enfermeiros, fisiotera-
aparelhos, e sim ter uma visão de forma integral, atentar-se para a forma física, psíquica e social.
Surge, então, uma nova proposta, a descentralização integrada. Um sistema de integração que per-
mite não apenas adequada comunicação, mas também controle eficiente dos objetivos e das estra-
tégias adotados como prioridade. Os profissionais se deparam, porém, com um desafio: propiciar
que múltiplas áreas do saber, com diferentes propostas de trabalho e diversas formas de atuação,
possam agir conjuntamente, sem que se instale, obrigatoriamente, um esquema hierárquico, mas
que, por outro lado, as ações sejam planejadas e executadas segundo um código de ética e de orga-
A equipe multiprofissional é formada por diferentes profissionais; essa equipe pode atuar de duas
maneiras: interdisciplinar, ou seja, os profissionais se reúnem para discutir sobre o caso do paciente,
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a fim de melhor tratá-lo; multidisciplinar, isto é, o paciente é atendido por vários profissionais, entre-
tanto eles não se comunicam, não se reúnem para discutir o caso do paciente, aumentando o risco
de o paciente ser abordado de forma fragmentada, e não em sua totalidade. O ideal seria que todos
os pacientes fossem atendidos por uma equipe multiprofissional com atuação interdisciplinar, mas
isso nem sempre é possível, principalmente nos casos de pacientes idosos, devido à maior diversi-
atuação mais eficaz. A Organização Pan-Americana de Saúde declarou que a promoção de saúde
mos afirmar que a atuação de uma equipe pautada na interdisciplinaridade no campo da Gerontologia
pressupõe um trabalho coordenado e com objetivo comum, partilhado por vários núcleos de saber.
Isso se deve ao fato de surgir intersecção das diversas disciplinas que, de alguma forma, contribuem
que seja, é capaz de, isoladamente, estudar, compreender e explicar a totalidade do seu objeto de
estudo: o idoso. Compreender, portanto, os mais diversos aspectos relacionados ao ser humano e
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A geriatria é uma especialidade médica
sões, que, embora tenham importância fundamental para aprofundar os conhecimentos, podem
ser motivo de confusão dentro de uma equipe. Não é nossa intenção abordar todos os termos ou
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com a idade biológica e que pode ser definido como grau de conservação do nível de capacidade
da idade biológica, refere-se à relação que existe entre a idade cronológica e as capacidades, tais
futuro do indivíduo.
Idades cronológica e social: a idade social tem relação com a avaliação da capacidade de ade-
de sua idade, em um dado momento da história de cada sociedade. Dessa forma, as experiências de
envelhecimento e velhice podem variar no tempo histórico de uma sociedade, dependendo de cir-
cunstâncias econômicas.
relacionados.
mente apresenta zonas de transição frequentes, o que dificulta discriminar cada um deles.
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Questão para reflexão
A partir do que estudamos sobre a diferença entre geriatria e gerontologia, reflita acerca do enve-
Considerações Finais
Destacamos, neste tema, quatro principais conceitos:
• Gerontologia - é uma ciência que estuda o processo de envelhecimento humano, não apenas
em seus aspectos clínicos e biológicos mas também as condições psicológicas, sociais, econô-
micas e históricas.
• Interdisciplinaridade - o ideal é que todos os idosos sejam atendidos por uma equipe multipro-
fissional com atuação interdisciplinar, devido à maior diversidade de aspectos inerentes ao pro-
o velho ou idoso é o resultado final; esses constituem um conjunto cujos componentes estão
intimamente relacionados.
mento normal, e senilidade, que é caracterizada por modificações determinadas por afecções
que frequentemente acometem a pessoa idosa, é, por vezes, extremamente difícil. O exato
limite entre esses dois estados não é preciso e caracteristicamente apresenta zonas de transi-
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Glossário
Senescência ou senectude: alterações orgânicas, funcionais e psicológicas próprias do envelhe-
cimento normal.
Senilidade: modificações determinadas por afecções que, frequentemente, acometem a pessoa idosa.
Verificação de leitura
II. O idoso pode apresentar várias doenças concomitantes, o que pode dificultar a avalia-
ção dos profissionais.
III. O idoso pode apresentar alterações fisiológicas de vários sistemas e estas fazem parte
do processo de envelhecimento.
Está(ão) correta(s):
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas I e II.
e) apenas II e III.
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QUESTÃO 2-Analise as afirmativas a seguir com V, de verdadeiro, e F, de falso.
A sequência correta é:
a) V,V,V.
b) V,V,F.
c) F,V,F
d) F,F,F.
e) V,F,V.
( ) Idade psicológica: refere-se à relação que existe entre a idade cronológica e as capa-
cidades, tais como percepção, aprendizagem e memória, as quais prenunciam o potencial
de funcionamento futuro do indivíduo.
( ) Idade cronológica: o limite de idade entre o indivíduo adulto e o idoso é 65 anos para
as nações desenvolvidas e 60 anos para os países em desenvolvimento.
A sequência correta é:
31
a) V,V,V.
b) V,V,F.
c) V,F,V.
d) V,F,F.
e) F,F,F.
Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.
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Gabarito
QUESTÃO 1-Alternativa E.
• O processo do envelhecimento não ocorre da mesma forma para todos os indivíduos, inde-
• O idoso pode apresentar várias doenças concomitantes, o que pode dificultar a avaliação dos
profissionais.
• O idoso pode apresentar alterações fisiológicas de vários sistemas e estas fazem parte do pro-
cesso de envelhecimento.
QUESTÃO 2-Alternativa B
( V ) Senescência ou senectude: alterações orgânicas, funcionais e psicológicas próprias do enve-
lhecimento normal.
soa idosa.
QUESTÃO 3-Alternativa A
Conforme visto na Leitura Fundamental, a idade social tem relação com a avaliação da capaci-
as pessoas de sua idade, em um dado momento da história de cada sociedade. A idade psicológica
refere-se à relação que existe entre a idade cronológica e as capacidades, tais como percepção,
Por fim, a idade cronológica é o limite de idade entre o indivíduo adulto e o idoso, que é 65 anos para
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3
Envelhecimento
normal e
patológico
Objetivos Específicos
• Conhecer o processo de envelhecimento normal e patológico.
Introdução
O envelhecimento pode ser conceituado como um processo dinâmico e progressivo, no qual há
nismo, tornando-o mais suscetível às agressões intrínsecas e extrínsecas, que terminam por levá-lo
à morte. Pode ser caracterizado pela redução da capacidade de adaptação homeostática às situa-
compõem o organismo. As proteínas constituem cerca de 15% dos componentes orgânicos e são os
elementos responsáveis pela formação de estruturas nobres do organismo, como células, tecidos,
órgãos, sendo também componentes dos sistemas bioquímicos para produção de energia.
Diversas teorias procuram explicar essa alteração proteica no envelhecimento, como a teoria da
deterioração da síntese proteica e a teoria do relógio biológico, além de existirem diversos fatores
que teriam influência sobre esse mecanismo de alteração proteica; dentre os primeiros, encontram-
máticas e a radioatividade.
Essas alterações na síntese proteica refletem-se nas células, nos tecidos, nos órgãos, alterando-
-os morfológica e funcionalmente. Vejamos a seguir as alterações celulares e funcionais que ocorrem
no processo de envelhecimento.
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1. Fisiologia do envelhecimento
1.1. Alterações celulares
Os mecanismos reguladores mantêm a homeostase do organismo. Quando ocorrem erros nesses
mecanismos regulatórios, consequentemente, algumas alterações nas funções celulares são esperadas.
Ao longo dos anos, a capacidade de proliferação começa a reduzir e, de acordo com o tempo,
algumas até param de se dividir. As funções celulares vão se alterando, os nutrientes são captados
cidas. Vale lembrar que os cromossomos diminuem de tamanho e perdem material genético e suas
Embora as modificações variem de intensidade, todo tecido sofre alterações no processo de enve-
lhecimento. O tecido conjuntivo, que dá suporte ao corpo, pois conecta células e órgãos, desempe-
O colágeno é uma associação de moléculas proteicas alongadas, que se unem formando fibras
muito finas, as fibrilas, que, por sua vez, também se unem, originando fibras muito resistentes, presen-
tes em pele, ossos, dentes, artérias, fígado, rins, intestinos etc., que desempenham muitas funções.
juntivo, fazendo com que o colágeno aumente sua rigidez e diminua gradual-
mente, assim como reduz o número de fibrilas. As fibras elásticas, que também
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aumento de peso aos 75 anos, aproximadamente, e, no homem, até os 65 anos, começando, a partir
daí́, a declinar até os 80 anos. Essa perda de peso deve-se a múltiplos fatores, que vão desde alte-
etária, ocorrem, também, a diminuição de massa livre de gordura e de seus componentes (mine-
ral, proteínas, potássio e água). A gordura corporal, geralmente, se deposita na região abdominal,
índice para os riscos de doenças crônicas, como as doenças cardiovasculares e metabólicas. Existe,
vel, e o tecido subcutâneo tem sua espessura diminuída, ocasionando rugas e sulcos na pele, com
maior facilidade para aparecimento de equimoses à pouca pressão devido à fragilidade capilar. A
pele torna-se mais ressecada em decorrência da perda de água, causada pela diminuição das glân-
dulas sebáceas e sudoríparas. Pode-se observar, também, o acúmulo de gordura nas pálpebras e
por década, após os 30 anos. Esse fato, associado à lentidão da reposição das células da epiderme,
ao maior tempo de exposição aos raios UV e à redução das células de Langerhans (células media-
doras da resposta imunológica na pele), contribui para o aumento da incidência do câncer de pele.
pele, aumentando a frequência de dermatites. Há uma diminuição dos pelos em todo o corpo, exceto
no rosto. Por alteração do bulbo capilar, os cabelos tornam-se brancos e existe a possibilidade de
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redução do funcionamento desses bulbos, levando à calvície, principalmente em homens. As unhas
são:
• prejuízo na cicatrização.
• diminuição da microcirculação.
2. Alterações funcionais
2.1. Sistema nervoso
A redução do volume e do peso do cérebro é consequência da perda neuronal, e não o inverso.
Há outras alterações cerebrais, tais como: alargamento dos ventrículos, acú-
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atribuídas, muitas vezes, às condições sistêmicas, como hipertensão e aterosclerose. Devido a essas
alterações algumas patologias podem ocorrer, como acidente vascular encefálico, demências etc.
Algumas alterações referentes ao sistema nervoso central são: declínio no controle postural,
declínio da sensação tátil, vibratória, sabor, cheiro, apetite, sede, acuidade visual, sensibilidades
delirium e quedas.
ao final da meia-idade em diante. Por volta dos 60 anos, a força muscular máxima também declina
em 30 a 40%, diminuindo cerca de 10% por década. Perda de massa e força muscular pode prejudi-
car a mobilidade, gerando a dependência do idoso. Vale ressaltar que a falta de atividade física pode
Osso compacto e osso esponjoso são os tipos de tecido ósseo que compõem os ossos de um
proporção maior de esponjoso. A perda óssea se inicia por esse tipo de osso,
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Estudos mostram que a perda óssea está ligada a vários fatores, como concentração de hormô-
nios, fatores nutricionais, imobilidade e genética. Sabe-se que essa perda tem relação, em nível celu-
lar, com a ineficiência dos osteoblastos. É importante destacar, também, que a assimilação do cálcio
intensidade da perda e da hipertrofia, podem interferir nas atividades diárias do idoso. A perda de
O músculo também demora mais tempo para alcançar a forca máxima, a alteração do relaxa-
musculatura lisa. Esse quadro leva ao aumento da resistência vascular, uma vez que artérias peque-
nas e arteríolas também se tornam menos responsivas ao comando para dilatação, aumentando a
pressão arterial sistólica (PAS) e reduzindo a perfusão dos órgãos. A pressão arterial diastólica (PAD)
pode sofrer queda, pois a artéria rígida não tem elasticidade para manter a pressão durante a fase
de diástole. Valvas cardíacas, principalmente aorta e mitral, ficam espessadas e com calcificações
em suas bases, podendo levar à estenose ou à insuficiência valvar. Outro dado importante é quanto
seio carotídeo, que são sensíveis às mudanças de pressão arterial e dão início a respostas para res-
40
2.4. Sistema respiratório
Acompanhando o que acontece em outros órgãos e sistemas, a mecânica respiratória tem sua
tórax e pela redução da elasticidade e atrofia da musculatura esquelética acessória. Os pulmões tam-
bém perdem elasticidade, devido a alterações de colágeno e elastina. Essa redução da retração elás-
tica pulmonar em conjunto com a redução da complacência da parede torácica e a diminuição de força
dos músculos respiratórios são os fenômenos mais importantes desse sistema no envelhecimento.
As vias respiratórias são menos resistentes, havendo dilatação de estruturas, como bronquíolos,
ductos e sacos alveolares, com redução da superfície alveolar. O volume residual aumenta principal-
mente em idosos sedentários ou fumantes, levando a uma diminuição da capacidade vital. A capa-
Outra alteração presente é a redução dos reflexos protetores de vias respiratórias, conduzindo a maior
tosse, queda de número e atividade das células mucociliares, além de redução da atividade imunológica.
Em relação às trocas gasosas, vale ressaltar que são menos eficientes e a pressão pulmonar e a
entre os idosos, existindo uma desigualdade de ventilação e perfusão com presença de um declínio
diminui de 30 a 50% até, aproximadamente, os 80 anos. O túbulo renal também tem redução em
O fluxo plasmático renal declina de 600 ml/min aos 30 anos para 300 ml/ min aos 80 anos. Em
concomitância, há queda da taxa de filtração glomerular. As funções de excreção e reabsorção tam-
41
Há um declínio progressivo da taxa de reabsorção tubular renal da glicose, um aumento da excreção
urinária de enzimas e uma diminuição da depuração de água livre. Importante ressaltar que, em condi-
ções hígidas, a função renal é capaz de atender às demandas orgânicas. Nas condições em que houver
sobrecarga hídrica, porém, a resposta pode não ser rápida e provocar intercorrências (hipovolemia).
A bexiga tem seu tecido elástico e a musculatura lisa é substituída por tecido fibroso, ficando com
capacidade menor de reter a urina e com esvaziamento incompleto, aumentando o risco de infec-
ções do trato urinário. A eliminação urinária também pode ficar alterada por problemas na abertura
esfincteriana com atraso no reflexo. Nas mulheres, por relaxamento da musculatura de assoalho
pélvico, devido a partos vaginais, pode haver escape de urina ao tossir, espirrar e rir. Nos homens,
42
do alimento. No estômago, há aumento de pH, pela redução da produção de ácido clorídrico, devido
à atrofia das células da mucosa gástrica, a qual pode atrasar o esvaziamento gástrico.
A musculatura dos cólons é atrofiada. Há, também, aumento do tecido conjuntivo, contribuindo,
assim, para a constipação intestinal no idoso, principalmente se associado à dieta pobre em fibras e
Há diminuição de peso e volume hepáticos, redução do fluxo sanguíneo e da atividade enzimática,
células-alvo. Na tireoide, ocorre fibrose, com pequena redução de seu volume e de produção de tiro-
xina (T4) e tri-iodotironina (T3), sem, no entanto, apresentar alteração significativa em nível circulante.
A secreção dos hormônios glicocorticoides pelo córtex adrenal diminui com a idade. A tolerância
Nas mulheres, há uma diminuição gradual do estrogênio pelos ovários, que se tornam fibróticos e
diminuem de peso. A produção do estrogênio diminui em até́ 80% na pós-menopausa. Nos homens,
a capacidade reprodutora também declina, mas não totalmente, como nas mulheres. A secreção de
testosterona é reduzida.
atrofia do timo. O sistema imune se apresenta deprimido, com capacidade de reação limitada e com
43
Além disso, o organismo pode falhar em
que o idoso passe por esse período com qualidade de vida? Reflita quais as ações que podemos rea-
Considerações Finais
Neste tema, estudamos o processo do envelhecimento normal e patológico, destacamos os prin-
cipais pontos:
• alteração do sistema tegumentar: a pele fica fina e seca, fragilidade capilar, diminuição da per-
• alterações do sistema nervoso: existem alterações do ciclo sono e vigília, declínio no controle
postural, declínio da sensação tátil e vibratória, sabor, cheiro, apetite, sede, diminuição da
rium e quedas.
44
• alterações do sistema osteomioarticular: perda da massa óssea, aumento da porosidade óssea,
redução de massa muscular, força muscular, perda da resistência elástica das articulações; com
tecido e musculatura da bexiga, ficando com capacidade menor de reter a urina; em mulher, o
risco de incontinência urinária é maior devido a partos, em homens, pode ocorrer o aumento
• alterações do sistema gastrointestinal: mucosas finas e secas, língua lisa, alteração da denti-
ção, motilidade reduzida de todo trato gastrointestinal com risco de constipação, diminuição
• alteração do sistema imunológico: alterações das células de defesa do organismo, com maior
Glossário
Ageusia: perda do paladar.
45
Verificação de leitura
b) Aumento da motilidade.
d) Aumento de peso.
e) Aumento da Pa de oxigênio.
I. A comunicação com o idoso requer elementos verbais e não verbais, como o toque, e
podemos utilizar o recurso do aumento de voz sem controle.
II. A perda da massa óssea, o aumento da porosidade óssea, a redução de massa muscular
e a força muscular podem ser fatores de risco para quedas e fraturas.
III. A incontinência urinária é uma das condições que mais acomete e interfere, de forma
negativa, na vida do idoso.
46
QUESTÃO 3-Clarice estava atendendo D. Maria, que, durante sua avaliação, constatou
que não estava tendo apetite, não gostava de beber água, não sentia o gosto dos alimen-
tos, estava com intestino preso há 3 dias (constipação). Qual seria o termo técnico ade-
quado para perda total do paladar? Assinale alternativa correta.
a) Ageusia.
b) Hipogeusia.
c) Disgeusia.
d) Anosmia.
e) Hiposmia.
Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.
47
Gabarito
QUESTÃO 1-Alternativa C.
O fluxo plasmático renal declina de 600 ml/min aos 30 anos para 300 ml/ min aos 80 anos. Em
QUESTÃO 2-Alternativa E.
A comunicação com o idoso requer elementos verbais e não verbais, como o toque, além de uti-
lizar o recurso do aumento de voz com controle para não agitar o idoso e proporcionar desconforto.
A perda da massa óssea, o aumento da porosidade óssea, a redução de massa muscular e a força
muscular podem ser fatores de risco para quedas e fraturas. A incontinência urinária é uma das con-
QUESTÃO 3-Alternativa A.
Mudanças do sistema gastrointestinal se iniciam pela cavidade oral, podendo, com a ausência
48
4
Aspectos
biológicos do
envelhecimento
Objetivos Específicos
• Conhecer os aspectos gerais sobre as teorias biológicas do envelhecimento.
Introdução
Os aspectos biológicos do envelhecimento estão diretamente ligados às teorias do envelheci-
mento. As teorias formuladas para explicar o processo do envelhecimento são agrupadas em inúme-
ras formas e categorias. De modo geral, todas tentam cobrir os aspectos genéticos, bioquímicos e
fisiológicos de um organismo.
rações nos telômeros. As teorias bioquímicas estão focadas no metabolismo energético, na geração
de radicais livres e na taxa de sobrevida associada à saúde mitocondrial. As teorias fisiológicas apre-
sentam explicações para a senescência associadas ao sistema endócrino e ao papel dos hormônios
De modo bastante amplo, quando são analisados os mecanismos moleculares de dano e as limita-
ções celulares, existem três grandes processos pelos quais tais moléculas sofrem comprometimento,
como consequência do surgimento de espécies tóxicas de oxigênio, os radicais livres, seja por agen-
tes exógenos como poluentes ou radiação. Uma segunda causa está associada a subprodutos de
componentes da glicose e a seus metabólitos; por fim, há presença de erros espontâneos nos proces-
sos bioquímicos, como a duplicação de DNA, as modificações nos processos de transcrição, a pós-
transcrição, a translação e a pós-translação no âmago celular. Muitas das teorias que serão descritas
50
Frequentemente, as teorias do envelhecimento são apresentadas em dois grupos: teorias progra-
madas e teorias estocásticas. As programadas são baseadas no conceito de “relógio biológico”, ou seja,
fenômenos delimitados marcando etapas específicas da vida, como crescimento, maturidade, senes-
cência e morte. As teorias estocásticas estão condicionadas a alterações moleculares e celulares, pro-
gressivas e aleatórias, que promovem danos nas estruturas biológicas para manutenção da vida.
1. Teorias biológicas
As teorias serão divididas em estocásticas e sistêmicas e, posteriormente, será feita uma apre-
sentação de cada uma delas, para que, após as inferências individuais, seja possível uma síntese
Origem da mudança
Proteínas alteradas
Teorias metabólicas
Dano e reparo do DNA
Teorias genéticas
Catástrofe do erro
Apoptose
Desdiferenciação
Teorias neuroendócrinas
Dano oxidativo
Teorias imunológicas
Mudanças proteicas
seguida, modificar esse meio, distribuindo calor e outras formas de energia. Todas as células, guar-
dadas as devidas proporções, são instáveis do ponto de vista termodinâmico. Sua organização
51
– estocásticos – que podem causar, em cada
mento celular, são observados inúmeros agravos que promovem uma limitada capacidade de repa-
A produção de proteínas ocorre em duas fases: transcrição do gene que envolve a produção de
RNA mensageiro (mRNA), seguida de translação da mensagem para a produção de proteína. Para
aquelas células que estão em replicação, dividindo-se, há um terceiro passo: a replicação do DNA
Nessa teoria, a ideia principal é que fatores orgânicos podem causar alterações específicas na
composição do DNA e nas células somáticas. Falha na reparação ou anomalias existentes promovem
52
lesões aleatórias que comprometem a expressão de grandes regiões cromossômicas ou mesmo de
cromossomos inteiros. De forma constante, o DNA celular sofre mais de 10.000 danos por estresse
oxidativo. Se não existissem mecanismos de reparo e regulação adequados, a alteração das bases
O DNA pode sofrer dois tipos diferentes de agressões: mutações e danos. Diferentes entre si, o
sofrem deleções, acréscimos, substituições ou rearranjos. O dano de DNA, por outro lado, refere-se
a qualquer uma das muitas alterações químicas dentro da estrutura bi-helicoidal da molécula; pode
ser causado tanto por fontes exógenas como endógenas, com alterações que modificam ou que-
uma vez que existem correlações significativas entre a taxa de reparação de DNA e o tempo de vida
em diversos organismos.
A teoria do erro catastrófico apresenta como fundamentos erros aleatórios e constantes, que
poderiam construir alterações drásticas nas atividades enzimáticas, levando à limitação do funcio-
namento celular e, em nível macro, de todo o organismo. Devido a sua alta habilidade de adaptação,
as células são capazes de se reorganizar, construindo e destruindo elementos constituintes para uma
melhor nutrição e respostas diante de agentes estressores. Assim, se uma proteína defeituosa é pro-
duzida, rapidamente é clivada e substituída por uma cópia saudável, mas podem ficar cada vez mais
• Desdiferenciação
Essa teoria se baseia no conceito de que as células diferenciadas têm a habilidade de repressão
mento normal ocorreria pelo fato de essas células se desviariam de seu processo de diferenciação.
53
de proteínas ou mesmo a síntese de proteínas desnecessárias, que, com o tempo, diminuiriam a ati-
última instância, a utilização da glicose produz energia na forma de trifosfato de adenosina (ATP).
Entretanto, apesar de essencial para a manutenção da vida aeróbica, o oxigênio é capaz de cau-
sar danos por oxidação, ou seja, retirar elétrons de substâncias inorgânicas ou mesmo de molécu-
envelhecimento. Mutações no DNA mitocondrial acelerariam as lesões provindas dos radicais livres
mitocondrial. Hipóteses também sugerem que os radicais livres promovem oxidação de proteínas
que se acumulam nas células e, uma vez que elas têm reduzida capacidade de degradação, causam,
Essa teoria recebe particular atenção por parte da ciência devido a seu alto potencial de interven-
54
b. Teorias sistêmicas
declínio dos sistemas orgânicos, desencadeado pela inabilidade de comunicação e adaptação inter e
intracelular do ser vivente com o ambiente em que ele vive. Entretanto alguns sistemas, como o ner-
os outros sistemas e de sua forma de interagir uns com os outros, além de terem significativo papel
• Teorias metabólicas
Animais de grande porte têm, geralmente, maior sobrevida que animais pequenos. Juntamente às
19, a premissa pontuada foi que a taxa metabólica de um organismo era inversamente proporcional
a seu peso corporal. Desse modo, longevidade e metabolismo estariam ligados por um nexo causal
em que taxas metabólicas elevadas promoveriam ou estariam associadas a um tempo de vida curto.
Sabe-se que a taxa metabólica basal é algo muito individual. Apesar de apresentar métrica ordi-
diminuição são inúmeros. Duas teorias, dentro das teorias metabólicas, ten-
• Teorias genéticas
55
tentar compreender como esses genes interagem com os fenômenos ambientais, emocionais e ali-
mentares, bem como com o estilo de vida, determinando aumento ou diminuição da velocidade do
envelhecimento celular.
Uma das teorias genéticas amplamente estudadas é a teoria dos telômeros – complexos de DNA-
proteína identificados nas extremidades cromossômicas. É observado que o tamanho dos telômeros
é cada vez menor ao longo das replicações celulares e, quando chegam a um tamanho mínimo, a
drenal. Esse sistema alterado limitaria a integração das funções orgânicas específicas, levando à
envelhecimento tendem a aumentar algumas substâncias, como o cortisol, que contribuem direta-
mente para resistência à insulina e a suas nefastas complicações. Desde o componente genético até
as expressões ambientais, o sistema imune tem um dos mais largos alcances no envelhecimento.
• Epigenética
gerações subsequentes, mas que não alterou a sequência do DNA. A ciência tem apresentado que
variações não genéticas (ou epigenéticas) apresentadas por determinado organismo ao longo de
sua vida podem ser passadas aos seus descendentes. Hábitos de vida e, inclusive, o ambiente social
• Apoptose
nário, turnover celular, dentre outros. A apoptose ocorre normalmente durante o desenvolvimento
56
do processo de necrose, sem envolvimento de gasto de energia, a apoptose envolve uma cascata
cas, como condensação e fragmentação nuclear, perda das moléculas de adesão da membrana ou
fisiológicos e desenvolvimentos específicos, atuando diretamente sobre um alvo, o gene, que, por
sua vez, ativa o programa de apoptose celular. Apesar de serem reconhecidas duas rotas princi-
pais que explicam o mecanismo de apoptose – extrínseca e intrínseca –, é cada vez maior o corpo
mediada por células T. A partir das observações, ficou constatado que, para um ser humano adulto,
cerca de 10 bilhões de células são concebidas diariamente apenas para reposição daquelas que
las nocivas, modulando potenciais células tumorais ou mesmo executando aquelas com morfologia
57
Questão para reflexão
Diante dos conceitos acerca das teorias do envelhecimento apresentados neste tema, como pode-
Considerações Finais
Os principais conceitos deste tema foram:
• Teorias programadas são baseadas no conceito de “relógio biológico”, ou seja, fenômenos delimi-
tados marcando etapas específicas da vida, como crescimento, maturidade, senescência e morte.
aleatórias, que promovem danos nas estruturas biológicas para manutenção da vida.
pela inabilidade de comunicação e adaptação inter e intracelular do ser vivente com o ambiente
Glossário
DNA - ácido desoxirribonucleico.
Verificação de leitura
QUESTÃO 1-As teorias _____________ sugerem que fenômenos diversos vindos dessa de-
sordem promoveriam erros em diversos segmentos orgânicos, provocando um declínio fisio-
lógico e estrutural progressivo. Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna.
a) Metabólica.
58
b) Genética.
c) Apoptose.
d) Neuroendócrina.
e) Estocásticas.
QUESTÃO 2-O papel da Biogerontologia é tentar compreender como esses genes intera-
gem com os fenômenos ambientais, emocionais e alimentares, bem como com o estilo de
vida, determinando aumento ou diminuição da velocidade do envelhecimento celular. De
acordo com esse texto, qual teoria está sendo citada?
a) Teorias neuroendócrinas e imunológicas.
b) Epigenética.
c) Apoptose.
d) Teoria Genética.
e) Teoria metabólicas.
QUESTÃO 3-A teoria _______________ persiste até os dias de hoje sob uma visão princi-
pal: quanto mais desgaste sofre uma célula, maior é o comprometimento em sua habili-
dade de sobrevida. Ao longo do envelhecimento celular, são observados inúmeros agravos
que promovem uma limitada capacidade de reparação, a qual, com o passar do tempo, é
cada vez menor. Assinale alternativa que completa corretamente a lacuna
a) do uso e desgaste.
c) da mutação somática.
d) do erro catastrófico.
e) da epigenética.
59
Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.
Gabarito
QUESTÃO 1-Alternativa E.
As teorias estocásticas sugerem que fenômenos diversos vindos dessa desordem promoveriam
QUESTÃO 2-Alternativa D.
As teorias genéticas afirmam que modificações na expressão gênica seriam responsáveis pelas
alterações observadas nas células senescentes. Nas últimas décadas, achados mostraram que nos-
sos genes têm um papel crucial no tempo que uma célula poderá viver. O papel da Biogerontologia é
tentar compreender como esses genes interagem com os fenômenos ambientais, emocionais e ali-
mentares, bem como com o estilo de vida, determinando aumento ou diminuição da velocidade do
envelhecimento celular.
QUESTÃO 3-Alternativa A.
A teoria do uso e desgaste persiste até os dias de hoje sob uma visão principal: quanto mais des-
gaste sofre uma célula, maior é o comprometimento em sua habilidade de sobrevida. Ao longo do
envelhecimento celular, são observados inúmeros agravos que promovem uma limitada capacidade
60
5
Aspectos
sociais no
envelhecimento
Objetivos Específicos
• Conhecer os aspectos sociais do envelhecimento.
Introdução
A longevidade sempre foi desejada pelo homem. O desenvolvimento tecnológico, os avanços e as
descobertas científicas que ocorrem na área da saúde também contribuem para a conquista da lon-
gevidade. A expectativa de vida cresce ao longo dos últimos anos no Brasil. Estamos vivendo mais,
apesar de todos os contrastes sociais e as desigualdades que ainda encontramos na nossa sociedade.
Serão discutidas, neste capítulo, as mudanças psicossociais próprias da velhice e o preconceito social
que ocorre ao indivíduo que envelhece, impedindo que os idosos reencontrem o seu papel na sociedade.
Além disso, a velhice tem sido associada a perdas e limitações, quando deveria ser encarada como
uma etapa significativa da vida. O contrassenso disso tudo é que o processo do envelhecimento está
sendo avaliado por inúmeros setores da sociedade como um “problema”, dificultando, assim, o pla-
nejamento das ações e o direcionamento das políticas públicas para esse segmento da população.
Nela, a velhice é estigmatizada, mediante preconceitos que se fazem presentes. Hoje, são valoriza-
dos o jovem, a juventude eterna, a agilidade, “o belo”, os ideias e os conceitos reforçados pela mídia.
A visão da velhice predominantemente marcada pela passagem dos anos no corpo biológico deixa
62
É importante considerarmos alguns fatores individuais, como temperamento, família, saúde, e
fatores sociais, como classe, condições econômicas, tipo de trabalho etc., que interagem e tornam
importância da individualidade dos fenômenos sociais, por meio dos quais todos os processos inter-
nos da diferenciação de uma sociedade devem ser percebidos como relevantes, sejam quais forem
valores que são postos e dados pela sociedade em relação à velhice, mas sim
63
a saúde, a participação e a segurança à medida que as pessoas envelhecem. Solidão, isolamento
balho e da produção na sociedade capitalista. Desse modo, quando o trabalhador se aposenta, perde
o valor. Sabe-se que, por vezes, a sociedade só valoriza o homem pelo que ele produz, quando não
A aposentadoria é o objetivo final a ser alcançado na vida de todo trabalhador. Ela representa um
marco, um momento de transição e de mudanças na vida do homem, que podem ser positivas ou
negativas no contexto geral da vida do indivíduo. Observamos que há um despreparo do trabalha-
dor para essa transição e, quando se chega à aposentadoria, apesar de toda expectativa e desejo
interiorizado, muitas vezes, percebem-se mais as perdas do que os ganhos, principalmente para o
homem idoso. A ruptura com o ambiente de trabalho e o interesse pela atividade, o afastamento
das amizades e das relações sociais no ambiente de trabalho, a diminuição do poder aquisitivo pela
64
as receitas públicas também aumenta. Por fim, em geral, é menos dispendioso prevenir a doença do
que tratá-la.
países como Brasil e África do Sul. Apesar dessa vantagem da longevidade para as mulheres, desta-
cam-se os problemas e as desvantagens que elas enfrentam na sociedade, como violência domés-
seguro social, e, como consequência dessas desvantagens cumulativas, a mulher tende, mais do que
o homem, a ser mais pobre, apresentar um número maior de deficiências em idade mais avançada
mulheres idosas.
Link
Rede social de apoio ao idoso corresponde Leia a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do
idoso, que têm por objetivo assegurar os direitos
à soma de todas as relações que um indiví- sociais do idoso, criando condições para promover
sua autonomia, integração e participação efetiva
duo percebe como significativas. Essa rede na sociedade.
BRASIL. Lei n.º 8.842, de 4 de janeiro de 1994.
corresponde ao nicho interpessoal da pessoa Planalto - Presidência da República. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8842.
e contribui substancialmente para seu pró- htm>. Acesso em: 21 maio. 2018.
BRASIL. Lei n.o 10.741, de 1º de outubro de 2003.
prio reconhecimento como indivíduo e para Planalto - Presidência da República. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/
sua autoimagem; constitui uma das chaves l10.741.htm>. Acesso em: 21 maio. 2018.
BRASIL. Envelhecimento ativo: uma política de
centrais da experiência individual de identi-
saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da
dade, bem-estar, competência e agencia- Saúde, 2005. Disponível em: <http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.
mento, incluindo hábitos de cuidado da saúde pdf>. Acesso em: 21 maio. 2018.
e capacidade de adaptação em uma crise.
65
Nos países desenvolvidos, as funções
da população.
O desejo natural dos seres humanos para se reunirem em agrupamentos relativamente homogê-
neos prosperará no novo milênio, embora, talvez, não exatamente nas formas que vemos hoje. Novos
tos países, as pessoas estão lutando para redescobrirem o sentido de viver e trabalhar em conjunto.
Inclusão e participação são palavras que ouvimos com frequência cada vez maior hoje em dia.
partir do desejo de proximidade que, naturalmente, existe no homem, mas também pelo sentimento
de solidariedade e por necessidade de apoio e ajuda aos indivíduos longevos que vivem sozinhos.
plos e graves problemas que afetam os idosos em um país subdesenvolvido como o Brasil, deman-
dam ações em diversas áreas. O governo, as organizações internacionais e a sociedade civil devem
66
participação e a seguridade dos cidadãos idosos. Tais políticas e programas devem, por sua vez, ser
baseados nos direitos, nas necessidades, nas preferências e nas habilidades dos idosos, valorizando
Sabemos que as políticas públicas devem garantir os direitos fundamentais do cidadão descritos
na nossa Constituição Federal (1988), assim como leis e políticas específicas para os idosos devem
garantir os direitos deles na sociedade. A Política Nacional do Idoso (PNI), Lei 8.842/1994, criou nor-
mas para os direitos sociais dos idosos, garantindo autonomia, integração e participação efetiva como
instrumento de cidadania. O objetivo dela foi criar condições para promover longevidade com qua-
lidade de vida, com ações não apenas para os idosos mas para aqueles que também envelhecerão.
Por outro lado, na PNI, não existe poder de punição e penalidades referentes à violência e aos
maus-tratos. Há ausência na ordem de execução. Já o Estatuto do Idoso (Lei n.º 10.741/2003) veio
também reforçar e garantir os direitos fundamentais dos idosos, além de estabelecer ordem de exe-
Dentre os direitos dos idosos estabelecidos por essas políticas, destacam- se: habitação, segu-
rança, renda, alimentação, saúde, educação, lazer e cultura, trabalho, desenvolvimento de pro-
gramas específicos para necessidades dos idosos, como os centros de convivência e universidades
para terceira idade, criação de centros e serviços de apoio domiciliar ao idoso que vive só, suporte
aos cuidadores de idosos, assistência à saúde especializada e outros programas. Infelizmente, o que
observamos no cenário atual é que falta agilidade na implantação e na implementação desses pro-
A participação dos idosos como agentes de mudança na luta para garantir o cumprimento das leis
que os protegem e seus direitos, por meio da participação nos Conselhos Estaduais e Municipais dos
e divulgar entre eles o Estatuto do Idoso e os meios para conseguir os benefícios que esse Estatuto
determina. Devemos lutar para que os idosos possam ter uma velhice digna, oferecendo opções
67
Questão para reflexão
Após toda a discussão, reflita: como a sociedade se organizará e enfrentará esse fenômeno den-
tro da diversidade de grupos sociais? Que suporte social e institucional teremos para esse novo
Considerações Finais
Neste tema, estudamos os aspectos sociais no envelhecimento, em que identificamos os princi-
pais pontos:
dos anos no corpo biológico deixa de lado aspectos psicossociais e culturais. O processo do enve-
condições de saúde do indivíduo são fatos relevantes que interferem diretamente nos aspectos
tagens cumulativas, a mulher tende, mais do que o homem, a ser mais pobre, apresentar um
número maior de deficiências em idade mais avançada e maior tendência ao isolamento social.
68
Glossário
Política Nacional do Idoso (PNI) - Lei 8.842/1994, para garantir direitos sociais do idoso.
Verificação de leitura
I. A visão da velhice predominantemente marcada pela passagem dos anos no corpo bio-
lógico deixa de lado aspectos psicossociais e culturais.
PORTANTO
69
II. A diminuição do poder aquisitivo pela diminuição do salário, a situação da vida no mo-
mento do afastamento e as condições de saúde do indivíduo são fatos relevantes que
interferem diretamente nos aspectos psicológicos e afetivos do idoso.
III. A perda econômica não afeta a qualidade de vida do idoso, podendo apenas reduzir sua
autoestima.
A Política Nacional do Idoso (PNI), Lei 8.842/1994, criou normas para os direitos sociais dos ido-
sos, garantindo autonomia, integração e participação efetiva como instrumento de cidadania.
Estatuto do Idoso (Lei n.º 10.741/2003) reforça e garante os direitos fundamentais dos
idosos e estabelece ordem de execução e punição quando desrespeitados esses direitos.
Dentre os direitos dos idosos estabelecidos por essas políticas, destacam- se: habitação,
segurança, renda, alimentação, saúde, educação, lazer e cultura, trabalho, desenvolvi-
mento de programas específicos para necessidades dos idosos.
70
Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.
BRASIL. Lei n.º 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Planalto - Presidência da República. Dispo-
nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8842.htm>. Acesso em: 21 maio.
2018.
71
Gabarito
QUESTÃO 1-Alternativa B.
A visão da velhice predominantemente marcada pela passagem dos anos no corpo biológico deixa
como temperamento, família, saúde, e fatores sociais, como classe, condições econômicas, tipo de
QUESTÃO 2-Alternativa D.
A perda econômica afeta a qualidade de vida do idoso, reduzindo a autoestima e estimulando a
solidão.
QUESTÃO 3-Alternativa E.
A Política Nacional do Idoso (PNI), Lei 8.842/1994, criou normas para os direitos sociais dos ido-
O Estatuto do Idoso (Lei n.º 10.741/2003) reforça e garante os direitos fundamentais dos idosos e
Dentre os direitos dos idosos estabelecidos por essas políticas, destacam- se: habitação, segu-
rança, renda, alimentação, saúde, educação, lazer e cultura, trabalho, desenvolvimento de progra-
72
6 Aspectos
cognitivo e
psicológico do
envelhecimento
Objetivos Específicos
• Conhecer os aspectos cognitivos do envelhecimento.
Introdução
O rápido envelhecimento populacional representa um grande desafio, exigindo, atualmente, que
todos os níveis.
Além de proporcionar condições financeiras adequadas e desenvolver condições ambientais que apoiem
o envelhecimento ativo, como é amplamente preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é
fundamental que um efetivo sistema de assistência de saúde esteja acessível para a população idosa.
realidade em todo o mundo. Os idosos constituem um grupo especial, com estilo de vida, rendimen-
constante, sendo necessária a adequação da avaliação desse idoso. O profissional deve ser prepa-
rado para abordar corretamente o paciente idoso, respeitando as características próprias da faixa
etária, partindo para uma minuciosa avaliação funcional. De acordo com a abordagem ao paciente,
minado Avaliação Geriátrica Ampla (AGA), que começou a ser utilizado na década de 1830, por sua
74
criadora, Dra. Marjory Warren, e, posteriormente, foi difundido em todo o mundo. O objetivo foi faci-
as deficiências, as incapacidades e as desvantagens apresentadas por esse idoso, tendo por meta a
são importantes objetivos da AGA, que se caracteriza pela utilização de escalas e testes quantitati-
vos. A evidência da presença de declínio funcional pressupõe a existência de doença ligada ao qua-
dro, algumas vezes não diagnosticada e, com frequência, decorrente das manifestações clínicas atí-
Com o objetivo de facilitar essa avaliação, foram criados instrumentos capazes de detectar sinais de
ordem visual e auditiva etc., bem como a presença das grandes síndromes geriátricas. O conjunto dos
instrumentos de avaliação — procedimentos, regras e técnicas — visa avaliar o idoso de forma global.
plo, uso de medicamentos errados) — efetivamente detectados pela AGA, cuja identificação é fun-
75
A AGA também ajuda a: estabelecer critérios para internação hospitalar ou em instituições de
longa permanência (ILP); orienta adaptações ambientais, reduzindo as hostilidades dos locais em
que os idosos vivem, com a colocação de rampas, adequação de pisos, barras de apoio em corredo-
res e banheiros etc.; avalia o grau de comprometimento, seja mental, motor ou psíquico; estabelece
Os componentes da AGA foram sendo incorporados aos elementos habituais do exame clínico,
considerando-se a procura de condições específicas comuns nos idosos que podem determinar
ou de um sistema.
A AGA avalia diversos parâmetros, como capacidade funcional por meio das atividades de vida
diária (AVD) e das atividades instrumentais de vida diária (AIVD), equilíbrio e mobilidade, função
Os componentes básicos da AGA incluem: anamnese; avaliação de saúde física, incluindo visão,
cação), atenção, julgamento, abstração, orientação, linguagem, função executiva (solucionar pro-
blemas), praia (executar gestos em uma sequência adequada) e gnose (habilidade de reconhecer
76
objetos ou pessoas). Delirium, depressão e demência são as condições mais frequentemente asso-
O delirium (também chamado de estado confusional agudo) é caracterizado por um início abrupto,
nicas, distúrbios do cálcio), infecciosa (infecção urinária, respiratória, sepse), por alterações no sis-
tema nervoso central (estado pós-comicial, hipertensão intracraniana, traumatismo craniano, ence-
falites, meningites, vasculites), por efeito colateral de drogas (antidepressivos, ansiolíticos, álcool,
cognitiva. O seu diagnóstico requer a existência de humor depressivo e/ou a perda do interesse ou
do prazer por, no mínimo, duas semanas consecutivas, somada a, pelo menos, quatro dos seguintes
sintomas: ganho ou perda de peso, alteração do sono, agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou
Uma característica do deprimido são as queixas quanto à falta de memória e as respostas do tipo
“não sei” às questões que compõem os testes de avaliação da função intelectual. Entende-se que
ciada à alteração em, pelo menos, outra função cognitiva (linguagem, praxia,
77
Para iniciar a avaliação dos quadros de déficit cognitivo, pode-se seguir estes procedimentos:
1. Exame clínico - idade de instalação, modo de instalação (súbito ou insidioso), progressão (gra-
dual ou “em escada”, velocidade), história familiar de demência, fatores de risco cardiovascular,
história de acidente vascular encefálico (AVE) ou ataque isquêmico transitório (AIT), exame neu-
rológico com sinais focais, sinais atuais de depressão, antecedente pessoal ou familiar de depres-
mento, a memória, o juízo, a abstração, a linguagem etc. As alterações cognitivas podem levar à
perda da autonomia e da progressiva dependência. Por meio da avaliação cognitiva, podem ser iden-
É importante que os testes de rastreio para avaliação do estado cognitivo sejam simples, rápi-
Existem várias escalas e testes para a avaliação inicial do estado cognitivo, como o Miniexame do
Estado Mental (MEEM), o Teste de Fluência Verbal e o Teste do Desenho do Relógio, dentre outros.
A utilização da Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage (GDS) serve para rastreio dos casos de
depressão, pois, na população idosa, a depressão frequentemente cursa com alteração cognitiva e
da função cognitiva.
78
QUADRO 1 - Miniexame do Estado Mental
Ano.
Mês.
Orientação temporal
Dia do mês. 5 pontos
(qual é o..?)
Dia da semana.
Hora.
Local específico.
Local genérico.
Orientação espacial
Bairro ou rua próxima. 5 pontos
(onde estamos?)
Cidade.
Estado.
Pedir para repetir: “Nem aqui, nem ali, nem lá”. 1 ponto
Copiar o desenho.
1 Ponto
anos de estudo: 25 pontos; 5 a 8 anos de estudo: 26 pontos; 9 a 11 anos de estudo: 28 pontos; supe-
79
• Fluência verbal
caneta. Em seguida, solicite ao indivíduo que desenhe um relógio com todos os números e os pon-
teiros marcando 2:45 (duas horas e 45 minutos). Devido à limitação desse teste em indivíduos com
baixa escolaridade, recomenda-se utilizar com aqueles com, no mínimo, 4 anos de escolaridade.
6. Uso inapropriado dos ponteiros (uso de mostrador digital ou circulando números, apesar de repetidas
instruções).
80
4. Distorção da sequência numérica, números faltando ou colocados fora dos limites do relógio.
2. Alguma evidência de ter entendido as instruções, mas o desenho apresenta vaga semelhança com um
relógio.
A GDS é utilizada para rastreio de quadros depressivos em idosos, pois, nessa faixa etária, as
manifestações são muito atípicas. Ela é de fácil aplicação e o paciente tem que replicar questões com
versão de 15 itens é a mais utilizada em nosso meio, tendo sido validada em nosso país.
Para saber mais: É válido lembrar que os testes tanto para detecção de demência quanto para
depressão têm caráter de rastreio, e não de diagnóstico, devendo-se, então, utilizar os critérios
Mentais (DSM). É possível encaminhar o paciente para testes neuropsicológicos mais elaborados para
confirmar um diagnóstico.
QUADRO 3 - Escala de depressão geriátrica de Yesavage Versão curta (15 itens) - Geriatric Depression
Scale – GDS
81
7.Você se sente feliz a maior parte do tempo? (10,4) 0 1
15.Você sente que a maioria das pessoas está melhor do que você? (10) 1 0
Considerações Finais
Neste tema, estudamos os aspectos sociais no envelhecimento, em que identificamos os princi-
pais pontos:
82
• AGA avalia diversos parâmetros - capacidade funcional por meio das atividades de vida diá-
ria (AVD) e das atividades instrumentais de vida diária (AIVD), equilíbrio e mobilidade, função
mento, a memória, o juízo, a abstração, a linguagem etc. As alterações cognitivas podem levar
os depressivos.
cia cognitiva. O seu diagnóstico requer a existência de humor depressivo e/ou perda do inte-
resse ou do prazer por, no mínimo, duas semanas consecutivas, somada a, pelo menos, quatro
dos seguintes sintomas: ganho ou perda de peso, alteração do sono, agitação ou retardo psi-
• Existem várias escalas e testes para a avaliação inicial do estado cognitivo, como o Miniexame
do Estado Mental (MEEM), o Teste de Fluência Verbal, o Teste do Desenho do Relógio, a Escala
de Depressão Geriátrica de Yesavage (GDS), que serve para rastreio dos casos de depressão.
Glossário
MEEM: Miniexame do Estado Mental.
83
Verificação de leitura
QUESTÃO 1-Existem várias escalas e testes para a avaliação inicial do estado cognitivo,
como o Miniexame do Estado Mental (MEEM), o Teste de Fluência Verbal, o Teste do De-
senho do Relógio e a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage (GDS). Qual teste avalia
predominantemente a linguagem e a memória semântica, além da função executiva? As-
sinale alternativa correta.
a) Miniexame do Estado Mental (MEEM).
QUESTÃO 2-A respeito do domínio específico que define os objetivos da avaliação geriá-
trica ampliada, analise as afirmativas a seguir.
84
QUESTÃO 3-A avaliação cognitiva deve fazer parte da avaliação clínica dos idosos, pois
auxilia na identificação das principais alterações na saúde mental. Uma das escalas mais
comuns para avaliar o estado cognitivo, por sua rapidez e facilidade de aplicação, é o:
a) Miniexame do estado mental.
c) Miniexame cognitivo.
d) Miniexame neurológico.
e) Miniexame do idoso.
Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.
85
Gabarito
QUESTÃO 1-Alternativa B.
A fluência verbal (FV) avalia predominantemente a linguagem e a memória semântica, além da
função executiva. Trata-se de teste rápido e com notas de corte definidas pela escolaridade.
QUESTÃO 2-Alternativa E.
QUESTÃO 3-Alternativa A.
Existem várias escalas e testes para a avaliação inicial do estado cognitivo, como o Miniexame do
Estado Mental (MEEM), o Teste de Fluência Verbal e o Teste do Desenho do Relógio, dentre outros.
86
7
Aspectos
funcionais do
envelhecimento
Objetivos Específicos
• Conhecer os aspectos funcionais do envelhecimento.
Introdução
A avaliação global do idoso tem como objetivo auxiliar no reconhecimento de condições comuns,
na maioria das vezes, atípicas, com vistas ao alcance do melhor desempenho funcional e da quali-
Esse processo consiste em uma avaliação ampla e multidimensional, é fundamental que seja reali-
zada por uma equipe interdisciplinar, em que cada um de seus componentes avalia conjuntamente o
mesmo idoso, sob várias dimensões. Conforme mencionado anteriormente, a avaliação gerontológica
deve ser abrangente e deve enfocar os aspectos biológicos, psicológicos e sociais, o que justifica a inser-
ção de diversos profissionais na equipe. A avaliação da capacidade funcional do idoso, também conhe-
cida apenas por avaliação funcional, representa o eixo central da avaliação global, visto que, frequen-
Considerando que muitos idosos serão portadores de várias doenças simultaneamente, o con-
ceito de capacidade funcional deve ser incorporado ao conceito de saúde proposto pela Organização
Mundial da Saúde (OMS). Assim, passa a existir um novo paradigma de saúde, que se traduz no
resultado da interação entre saúde física, mental, independência funcional, interação social, suporte
gãos e sistemas, do ponto de vista fisiológico. Entende-se por capacidade funcional aquela que o
idoso tem para desempenhar atividades da vida diária, básicas e instrumentais, a fim de manter sua
88
FIGURA 1 - Autonomia e independência do idoso
fora dele. Existem muitos instrumentos, amplamente utilizados e validados, que avaliam a capacidade
funcional dos idosos. A escolha do instrumento será determinada pela função que se deseja avaliar e
pelo método de avaliação da função. É importante saber e ter conhecimento da necessidade do uso
combinado de instrumentos para que a avaliação multidimensional seja realizada. Assim, mais de um
instrumento de avaliação pode e deve ser utilizado, visando a uma avaliação global.
89
Tendo em vista a existência de condições que são extremamente comuns entre os idosos, essas
condições devem ser avaliadas e inseridas no protocolo de avaliação, com o objetivo de detecção
precoce para promoção da saúde ou mesmo para prevenção. Nesse sentido, para todos os idosos,
devem-se avaliar: cognição, visão e audição, estado emocional, mobilidade, continência e estado
nutricional. Outros domínios também devem fazer parte da avaliação inicial do idoso, como a pre-
A capacidade funcional é definida como a aptidão do idoso para realizar determinada tarefa que
lhe permita cuidar de si mesmo e ter uma vida independente em seu meio. A funcionalidade do idoso
é determinada pelo seu grau de autonomia e independência. Na figura a seguir, destaca-se a evolu-
90
As atividades básicas de vida diária (ABVD) são aquelas que se referem ao autocuidado, ou seja,
são as atividades fundamentais necessárias para realizá-lo: tomar banho, vestir-se, promover
higiene, transferir-se da cama para a cadeira e vice-versa, ter continência, capacidade de se alimen-
tar e deambular. A incapacidade de executar essas atividades identifica alto grau de dependência e
Comer
Banhar-se
Cuidados pessoais
Vestir-se
Ir ao banheiro
Urinária
Continência
Fecal
As escalas utilizadas baseiam-se em informações dos pacientes e dos cuidadores e devem ser sim-
ples e de rápida avaliação, podendo ser utilizadas por todos os membros da equipe interdisciplinar.
As escalas mais utilizadas para avaliação das atividades básicas de vida diária (ABVD) no nosso
meio são a Escala de Katz e o Índice de Barthel. A Escala de Katz está incluída na maioria das ava-
liações multidimensionais; sua elaboração é baseada na conclusão de que a perda funcional segue
um padrão igual de declínio, isto é, primeiro se perde a capacidade de se banhar, seguida pela inca-
ordem inversa.
91
QUADRO 2 - Avaliação das atividades básicas da vida diária – Escala de Katz
2.Vestir-se (pega roupa, inclusive peças íntimas, nos armários e nas gavetas e manuseia fecho, inclusive
os de órteses e próteses, quando forem utilizadas).
( )Pega as roupas e veste-se completamente sem ajuda. (I)
( )Pega as roupas e veste-se sem ajuda, exceto para amarrar os sapatos. (I)
( )Recebe ajuda para pegar as roupas ou se vestir, ou permanece parcial ou completamente sem roupa. (D)
3.Uso do vaso sanitário (ida ao banheiro ou a local equivalente para evacuar e urinar; higiene íntima e
arrumação das roupas)
( )Vai ao banheiro ou a lugar equivalente, limpa-se e ajeita as roupas sem ajuda (pode usar objetos para
apoio, como bengala, andador ou cadeira de rodas e pode usar comadre ou urinol à noite, esvaziando-o
de manhã). (I)
( )Recebe ajuda para ir ao banheiro ou a local equivalente, para se limpar, para ajeitar as roupas após
evacuação ou micção, para usar a comadre ou urinol à noite. (D)
( )Não vai ao banheiro ou equivalente para eliminação fisiológica. (D)
4.Transferências
( )Deita-se e sai da cama, senta-se e levanta-se da cadeira sem ajuda (pode estar usando objeto para
apoio, como bengala, andador). (I)
( )Deita-se e sai da cama e/ou senta-se e levanta-se da cadeira com ajuda. (D)
( )Não sai da cama. (D)
5.Continência
( )Controla inteiramente a micção e a evacuação. (I)
( )Tem “acidentes” ocasionais. (D)
( )Necessita de ajuda para manter o controle da micção e evacuação; usa cateter ou é incontinente. (D)
6.Alimentação
( )Alimenta-se sem ajuda. (I)
( )Alimenta-se sozinho, mas recebe ajuda para cortar carne ou passar manteiga no pão. (I)
( )Recebe ajuda para alimentar-se ou é alimentado parcial ou completamente pelo uso de cateteres ou
fluidos intravenosos. (D)
92
Outra escala muito utilizada mundial-
máxima (100 pontos). Originalmente, foi desenvolvida para avaliar o potencial funcional e os resul-
tados do tratamento de reabilitação dos pacientes vítimas de acidente vascular encefálico (AVE),
Pontuação Atividade
1. Alimentação
5 pontos Ajuda: necessita de ajuda para passar manteiga, usar sal e pimenta etc.
2. Banho
3. Vestuário
93
5 pontos Ajuda: necessita de ajuda, mas realiza pelo menos 1/2 das tarefas em tempo razoável.
4. Higiene pessoal
5 pontos Independente: capaz de lavar as mãos e o rosto, escovar os dentes e barbear-se sem ajuda.
5. Evacuações
10 pontos Continente: não apresenta incontinência, consegue usar supositórios ou enemas, sozinho.
6. Micção
Continente: não apresenta incontinência; quando necessário, é capaz de lidar sozinho com
10 pontos
sonda vesical ou outro dispositivo.
Independente: usa o vaso sanitário ou urinol. Senta-se e levanta-se sem ajuda, mesmo que
10 pontos
use barras de apoio. Limpa-se e veste-se sem ajuda.
0 ponto Dependente: recebe auxílio direto de outra pessoa ou não desempenha a função.
8. Passagem cadeira-cama
5 pontos Grande ajuda: capaz de sentar, mas necessita de assistência total para passagem.
9. Deambulação
Independente: capaz de caminhar sem ajuda pelo menos 50 metros, mesmo com bengalas,
15 pontos
muletas, prótese ou andador.
94
10 pontos Ajuda: capaz de caminhar pelo menos 50 metros, mas necessita de ajuda ou supervisão.
10. Escadas
Independente: capaz de subir ou descer escadas sem ajuda ou supervisão, mesmo com
10 pontos
muletas, bengalas ou apoio no corrimão.
diária (AIVD)
Preparar a comida.
Fazer as tarefas domésticas.
Lavar e cuidar do vestuário. Fazer compras.
Executar trabalhos manuais. Usar os meios de transporte.
Manusear medicação. Deslocar-se (compromissos sociais, religiosos, ir ao médico).
Usar o telefone.
Manusear o dinheiro.
95
Atividades instrumentais de vida diária (AIVD) estão relacionadas à realização de tarefas mais
complexas, como arrumar a casa, telefonar, viajar, fazer compras, preparar os alimentos, controlar
e tomar os remédios e administrar as finanças. De acordo com a capacidade de realizar essas ativi-
dades, é possível determinar se o indivíduo pode ou não viver sozinho sem supervisão.
A escala de Lawton é uma das mais utilizadas para avaliação das AIVD e foi desenvolvida ava-
maior independência; a pontuação mínima, por sua vez, é de 9 pontos e relaciona-se à maior depen-
dência. Em algumas circunstâncias, deve ser relevada a incapacidade de uma pessoa de realizar
tarefas para as quais não tenha habilidade, como cozinhar, por exemplo, prejudicando a análise de
sua independência.
Atividade Pontuação
2. Compras
3. Preparar refeições
4. Tarefas domésticas
96
É capaz de realizar apenas o trabalho doméstico leve ou necessita de ajuda ou
2
supervisão.
5. Lavar roupas
6. Meio de transporte
Necessita de ajuda e/ou supervisão quando viaja de ônibus, trem, metrô e táxi. 2
7. Manuseio de medicação
É capaz de tomar toda e qualquer medicação na hora e doses corretas sem supervisão. 3
8. Manuseio de dinheiro
97
Outra escala muito utilizada para ava-
validado em nosso meio, é muito utilizado para avaliar se o déficit cognitivo é acompanhado de limi-
tações funcionais.
Perguntas Pontos
9.Ele(a) é capaz de andar pela vizinhança e encontrar o caminho de volta para casa?
98
Mostre ao informante as opções e leia as
Considerações Finais
Link
Neste tema, foram destacados os princi- Leia sobre o envelhecimento ativo e a avaliação
funcional do idoso para complementar seu conhe-
pais pontos: cimento.
BRASIL. Envelhecimento ativo: uma política de
• A avaliação funcional é um método saúde Brasília: Organização Pan-Americana da
Saúde, 2005. 60p. Disponível em: <http://bvsms.
sistemático de avaliar a capacidade saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_
ativo.pdf>. Acesso em: 23 maio. 2018.
do idoso no seu ambiente e fora BRASIL. Avaliação funcional do idoso. Secretaria de
Estado da Saúde. São Paulo, 2015. Disponível em:
dele. Existem muitos instrumentos, <http://saude.sp.gov.br/resources/ipgg/homep -
age/banner-central/ipggavaliacaofuncionaldoido-
amplamente utilizados e validados, so.pdf>. Acesso em: 23 maio. 2018.
que avaliam a capacidade funcional
dos idosos.
99
• A capacidade funcional é definida como a aptidão do idoso para realizar determinada tarefa
que lhe permita cuidar de si mesmo e ter uma vida independente em seu meio. A funcionali-
• As atividades básicas de vida diária (ABVD) são aquelas que se referem ao autocuidado, ou
seja, são as atividades fundamentais necessárias para realizá-lo: tomar banho, vestir-se, pro-
mover higiene, transferir-se da cama para a cadeira e vice-versa, ter continência, capacidade
• Escala de Katz está incluída na maioria das avaliações multidimensionais. Sua elaboração é
baseada na conclusão de que a perda funcional segue um padrão igual de declínio, isto é, pri-
• Índice de Barthel para avaliação da independência funcional e mobilidade. Avalia dez fun-
ções: banhar-se, vestir-se, promover higiene, usar o vaso sanitário, transferir-se da cama
para cadeira e vice-versa, manter continências fecal e urinária, capacidade para alimentar-se,
• As Atividades instrumentais de vida diária (AIVD) estão relacionadas à realização de tarefas mais
complexas, como arrumar a casa, telefonar, viajar, fazer compras, preparar os alimentos, con-
essas atividades, é possível determinar se o indivíduo pode ou não viver sozinho sem supervisão.
• As atividades instrumentais de vida diária são preparar a comida, fazer as tarefas domésticas, lavar
e cuidar do vestuário, executar trabalhos manuais, manusear medicação, usar o telefone, fazer
Glossário
AAVD - atividades avançadas de vida diária.
100
Verificação de leitura
QUESTÃO 1-A avaliação multidimensional do idoso tem como objetivo avaliar a capaci-
dade funcional, a saúde física, a função cognitiva e o estado emocional do idoso, dentre
outros domínios. Assinale a escala que avalia as atividades básicas de vida diária.
a) Escala de equilíbrio de Berg.
b) Índice de Katz.
e) Escala de Lawton.
QUESTÃO 2-A escala de __________ é uma das mais utilizadas para avaliação das AIVD
e foi desenvolvida avaliando idosos da comunidade em 1969. A pontuação máxima é 27
pontos, correspondendo à maior independência; a pontuação mínima, por sua vez, é 9
pontos e relaciona-se à maior dependência. Assinale a alternativa que preencha a lacuna
corretamente.
a) atividades avançadas de vida diária.
b) Pfeffer.
c) Barthel.
d) Katz.
e) Lawton.
As atividades básicas de vida diária (ABVD) são aquelas que se referem ao autocuidado,
ou seja, são as atividades fundamentais necessárias para realizá-lo: tomar banho, vestir-
se, promover higiene, transferir-se da cama para a cadeira e vice-versa, ter continência,
capacidade de se alimentar e deambular.
101
A incapacidade de executar essas atividades identifica alto grau de dependência e exige
uma complexidade terapêutica e um custo social e financeiro maior.
As escalas mais utilizadas para avaliação das atividades básicas de vida diária (ABVD) no
nosso meio são a Escala de Katz e o Índice de Barthel.
Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.
102
Gabarito
QUESTÃO 1-Alternativa B.
As escalas mais utilizadas para avaliação das atividades básicas de vida diária (ABVD) no nosso
A Escala de Katz está incluída na maioria das avaliações multidimensionais. Sua elaboração é
baseada na conclusão de que a perda funcional segue um padrão igual de declínio, isto é, primeiro
QUESTÃO 2-Alternativa E.
A escala de Lawton é uma das mais utilizadas para avaliação das AIVD e foi desenvolvida ava-
independência; a pontuação mínima, por sua vez, é 9 pontos e relaciona-se à maior dependência.
QUESTÃO 3-Alternativa E.
As atividades básicas de vida diária (ABVD) são aquelas que se referem ao autocuidado, ou seja,
são as atividades fundamentais necessárias para realizá-lo: tomar banho, vestir-se, promover
higiene, transferir-se da cama para a cadeira e vice-versa, ter continência, capacidade de se ali-
mentar e deambular.
A incapacidade de executar essas atividades identifica alto grau de dependência e exige uma
As escalas mais utilizadas para avaliação das atividades básicas de vida diária (ABVD) no nosso
103
8
Envelhecimento
e velhice na
família
Objetivos Específicos
• Conhecer as relações familiares.
Introdução
As características e a qualidade das relações familiares refletem a maneira pela qual as famílias
gais e parentais.
Essas relações dependem das formas de ajustamento vigentes na família no enfrentamento dos
eventos de transição do ciclo de vida familiar. Demandas relativas aos eventos de vida são resolvidas
e negociadas dentro de uma estrutura que envolve papéis, regras, funções e necessidades especí-
ficas; o resultado desses processos modela o curso de vida familiar, o funcionamento dos seus sub-
Pelo fato de ser fonte primária de suporte e o principal recurso potencializador da saúde física
e mental dos idosos que nela convivem, a família ocupa lugar de destaque na agenda social e no
que tem idosos entre seus membros é um desafio que se abre para o atendimento das necessidades
Os sistemas público e privado de saúde são constantemente desafiados a dar respostas eficazes às
necessidades dos idosos, adequando-se aos valores e às práticas culturais e estabelecendo relações
tante compreender as relações familiares na velhice e as pressões externas e internas que geram exi-
gências para a adaptação das famílias, pois os padrões de interação podem ser relacionados com o
desenvolvimento e com o curso de diversas condições de saúde física e psicológica dos idosos.
105
1. Velhice no ciclo de vida familiar
O sistema familiar tem uma forma de funcionamento dada por um conjunto invisível de regras
que organiza as interações familiares. Os subsistemas familiares são caracterizados pelo grau de
reciprocidade entre os membros, pelo equilíbrio do poder e pela qualidade afetiva dos relacionamen-
tos; respondem a demandas específicas, associadas ao desempenho das funções conjugais, paren-
hierarquia envolve a compreensão de como é estabelecida a relação de poder entre pessoas, sub-
ridade precisa ser flexível e adaptável ao processo de desenvolvimento dos membros da família,
por exemplo, à medida que os filhos se diferenciam enquanto indivíduos e se tornam autônomos ou
O funcionamento familiar saudável tem como base o relacionamento igualitário do casal (equi-
líbrio de poder) e a superioridade dos pais sobre os filhos. Famílias estressadas têm maior probabi-
lidade de demonstrarem inversão dessa hierarquia, o que pode levar ao colapso no funcionamento
da família.
e perdas concorrentes e demarcado por eventos de transição. Seus membros individuais e a famí-
lia como sistema cumprem trajetórias de tarefas evolutivas que se influenciam reciprocamente.
Pressões e tensões podem significar disfuncionalidade momentânea, sinalizando uma nova e mais
complexa integração. Quando a solução dos problemas é impedida ou retardada, podem sobrevir
As respostas da família aos eventos de transição da vida de seus membros e do sistema como um
todo dependem da história familiar compartilhada, das normas sociais sobre o significado dos even-
tos, dos comportamentos e dos papéis esperados, das crenças compartilhadas com relação às fases
106
e à duração da vida e à sequência dos eventos. Os eventos de transição costumam gerar estresse
familiar. Geralmente, os membros são capazes de enfrentá-los e superá-los, mas o estresse pode ser
O estresse nos momentos de transição pode se acumular nas relações entre as gerações. Se
podem repetir-se, de maneira que os padrões vinculares disfuncionais observados em uma gera-
ção podem ser transmitidos para as seguintes. Por causa da interdependência dos membros da rede
familiar, o sofrimento psíquico pode ser reativado e revivido no presente, por membros que não
vivenciaram o fato principal. Se, ao longo da história familiar, determinados conflitos são minimiza-
dos ou evitados e as emoções são anestesiadas, uma mudança brusca pode desorganizar o equilíbrio
do grupo, fazendo eclodir uma crise reveladora de sentimentos de ameaça à integridade de cada um
Existem três padrões nas relações familiares em que há pessoas idosas envolvidas:
transição da história social. Na vida individual, os eventos de vida (p. ex., a entrada na escola,
dos filhos de casa para constituir a própria família. A elaboração desses momentos de transição
da vida individual pode ser facilitada ou dificultada por abundância ou por restrição de recursos
seus filhos e netos passam por eventos muito estressantes em comparação aos recursos de
que dispõem para enfrentá-los ou se vivem eventos de transição da vida pessoal (p. ex., casa-
nais são afetadas nesse processo. Eventos familiares, como mortes, casamentos, nascimentos
e migrações, propõem novas exigências aos membros do núcleo familiar. A assincronia entre
exigências e os novos papéis e tarefas por elas impostos tende a afetar as relações, por gerar
107
conflitos entre as metas individuais e as necessidades e as regras vigentes na família, afetando
as relações intergeracionais.
riores de cada família, moldadas pelos eventos históricos, têm impacto sobre o curso de vida
das gerações seguintes, sobre a disponibilidade de recursos para os membros das famílias e
A velhice é o último estágio do ciclo de vida familiar, caracterizado pelo rompimento com o traba-
lho formal, pela perda de independência/autonomia, pela proximidade da morte e pela vivência do
luto pela perda do cônjuge, de parentes e de amigos. Ao mesmo tempo, há a possibilidade de reen-
contro com o cônjuge, de projeção da continuidade familiar nas futuras gerações, de reestrutura-
integração familiar.
A dependência e a incapacidade resultan- Exemplificando
Homens e mulheres envelhecem de forma diferente.
tes de problemas de saúde física e mental,
A maioria dos idosos atuais foi socializada segun-
do um modelo em que a posição das mulheres nos
a viuvez e a aposentadoria de um membro
relacionamentos era definida pelos homens. Cabia
idoso acarretam consequências no equilíbrio às mulheres a responsabilidade emocional pelos
relacionamentos familiares e o gerenciamento das
da família. O estresse decorrente desses even- relações de intimidade, o que lhes conferia poder
dentro da família. Os homens idosos exercem pa-
tos pode juntar-se com outros, principalmente pel de transmissores de valores, conciliadores,
agregadores e provedores de suporte financeiro.
em contextos de vulnerabilidade social. Mostram-se disponíveis nos momentos de crises e
manifestam desejo de permanecerem na posição de
A viuvez é considerada um dos eventos chefes e de norteadores do comportamento familiar.
de transição mais difíceis, pois é seguida
funções parentais, de chefia e de suporte na família. O processo de luto decorrente da viuvez está
108
associado a maior risco de transtorno mental, com maior número de enfermidades de saúde geral,
significado da vida e das metas, tem impacto sobre a identidade e implica se adaptar às novas exigên-
cias na vida prática. A adaptação à viuvez parece ser mais difícil para os relacionamentos com elevados
emocionais. Homens e mulheres mais ajustados aprendem mais rapidamente a manejarem o estresse
Na velhice ou no estágio tardio do ciclo de vida familiar, aceitar a mudança dos papéis geracionais
é o principal processo emocional de transição. Os idosos devem apoiar a chamada geração do meio,
formada por filhos, genros e noras, permitindo-lhes maior centralidade no desempenho de papéis
de autoridade.
papéis ocasionam conflitos e desestabilizam a funcionalidade familiar e pessoal. Muitos idosos relu-
tam em solicitar ou aceitar suporte dos filhos, preferindo permanecer autônomos pelo maior tempo
Se, por um lado, a interpretação da oferta de ajuda como desnecessária pode ajudar os idosos
a preservarem a autoestima e a autoeficácia, por outro, pode causar conflitos nas relações com os
filhos. No entanto, quando há expectativa de suporte e esta não se realiza, os idosos podem sentir-
caracterizadas por uma tensão entre a autonomia e a dependência, também é verdadeiro que, na
cuidado, está aumentando o número de idosos que cuidam de outros idosos, por um período cada
vez mais longo. Cuidar exige a realização de atividades diárias, dar assistência nas crises de saúde,
oferecer conforto emocional, interagir com profissionais de saúde e lidar com conflitos familiares.
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Idosos com incapacidade física e cog-
vidades instrumentais de vida diária relata não receber ajuda de outros membros da família, o que
significa que suas necessidades básicas não são devidamente atendidas. Por sua vez, as famílias não
contam com programas regulares de apoio formal do governo ou da iniciativa privada sob a forma
apoio dos homens é a cônjuge e, no caso das mulheres, os filhos. No entanto, idosos dependentes
cia institucional.
desajuste familiar, que aumentam com a doença, com a falta de colaboração para o cuidado e com
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o distanciamento nos relacionamentos. As mulheres estão mais expostas a sentirem insatisfação em
Quando os idosos não têm doenças nem dependência, a satisfação com a dinâmica familiar e
o bom relacionamento entre os membros da família tornam-se mais prováveis. As exceções geral-
mente incluem os idosos que moram sozinhos e que precisam recorrer a pessoas fora da família e as
famílias cujos membros são todos idosos. Os idosos saudáveis preocupam-se com a dependência, a
familiar pregressa. As questões afetivas nas relações e as tensões existentes dentro da família ten-
dem a ser exacerbadas pela enfermidade do idoso. A partir da melhor elaboração dos conflitos e
da consolidação de novos arranjos, a família consegue buscar alternativas e novos recursos para o
situações de estresse envolvendo más condições de vida e de trabalho, violência, instabilidade finan-
ceira e suscetibilidade a crises. O ciclo de vida familiar dessas pessoas tende a ser mais truncado,
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menos delineado, com fases mais curtas e com demarcação mais confusa de papéis. É comum
que seus membros assumam responsabilidades e papéis para os quais ainda não estão preparados
(exemplos: gravidez precoce de netos e perdas repentinas). Para os idosos dessas famílias, as res-
ponsabilidades com filhos e netos não são diminuídas. A aposentadoria representa uma fonte impor-
tante de sustento de toda a família. Muitos continuam trabalhando para sobreviver e o arranjo fami-
liar e domiciliar predominante em regiões mais pobres é o multigeracional. Os idosos são levados a
viverem arranjos com elevado grau de ansiedade, aumentado pelo contexto de pobreza, com mais
dificuldade de atendimento às suas necessidades. São mais vulneráveis às frustrações do dia a dia e
A família compreendida como funcional não é aquela caracterizada pela ausência de problemas,
mas sim a que permite o desenvolvimento adequado, saudável ou adaptado de todos os seus mem-
bros. A interação dos membros da família é mediada pela comunicação, pelas trocas de informação
O sistema familiar busca acordos entre os membros e desenvolve redes para o enfrentamento de
uma variedade de situações estressantes. A família se organiza como uma estrutura de relações com
exigências funcionais, para que todos os seus membros assumam papéis e desempenhem tarefas,
é capaz de responder a solicitações, conflitos e situações críticas, ao mesmo tempo que cumpre suas
O ambiente familiar fornece os fatores protetores e, ao mesmo tempo, pode atuar como uma
fonte de estresse; é moldado pelas histórias individuais e familiares ao longo da vida, as quais deter-
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desenvolvimento humano. Esse ambiente
Situação-problema
Sr. J.T., 78 anos, casado com Sr.ª M.S.T, 75 anos, ambos aposentados, têm 2 filhos, sendo que
o mais velho mora no exterior e a filha mais nova mora próxima a casa dos pais. A filha é casada
e tem 2 filhos, um com 5 e outro com 8 anos e sempre estão em contato com os avôs. O casal de
idosos mora em casa própria, em bairro de classe média e fazem acompanhamento na Unidade do
Frente a esse contexto, você, como profissional, foi realizar uma visita domiciliar para a família
Tavares, o que você avaliaria em relação aos aspectos biológicos, funcionais, cognitivos sociais?
contemporaneidade.
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Considerações Finais
Neste tema, foram destacados os seguintes pontos:
• padrões de relação familiar - sincronia entre os eventos de transição da vida de cada membro
nais são afetadas nesse processo. Eventos familiares, como mortes, casamentos, nascimentos
e migrações, propõem novas exigências aos membros do núcleo familiar. A assincronia entre
exigências e os novos papéis e tarefas por elas impostos tende a afetar as relações, por gerar
as relações intergeracionais.
riores de cada família, moldadas pelos eventos históricos, têm impacto sobre o curso de vida
das gerações seguintes, sobre a disponibilidade de recursos para os membros das famílias e
com filhos e netos não são diminuídas. A aposentadoria representa uma fonte importante de
Glossário
Parentalidade: pai e mãe.
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Verificação de leitura
PORTANTO:
II. Deve-se compreender as variações no funcionamento da família brasileira que tem ido-
sos entre seus membros.
I. Quando os idosos não têm doenças nem dependência, a satisfação com a dinâmica fa-
miliar e o bom relacionamento entre os membros da família tornam-se mais prováveis.
II. As exceções geralmente incluem os idosos que moram sozinhos e que precisam recorrer
a pessoas fora da família e as famílias cujos membros são todos idosos.
III. Os idosos saudáveis preocupam-se com a dependência, a doença e a solidão e têm opi-
nião formada sobre as características da pessoa que gostariam que fosse sua cuidadora.
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Após análise das afirmativas, assinale alternativa correta.
a) Apenas a afirmativa I está correta.
b) V, F, V.
c) F, F, F.
d) V, V, F.
e) F, V, V.
Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.
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Gabarito
QUESTÃO 1-Alternativa B.
A família é fonte primária de suporte e o principal recurso potencializador da saúde física e men-
tal dos idosos que nela convivem. Devem-se compreender as variações no funcionamento da família
brasileira que tem idosos entre seus membros. 1 e 2 estão corretas, e a 2 complementa a 1
QUESTÃO 2-Alternativa E.
• Quando os idosos não têm doenças nem dependência, a satisfação com a dinâmica familiar e
• As exceções geralmente incluem os idosos que moram sozinhos e que precisam recorrer a pes-
• Os idosos saudáveis preocupam-se com a dependência, a doença e a solidão e têm opinião for-
mada sobre as características da pessoa que gostariam que fosse sua cuidadora.
QUESTÃO 3-Alternativa B.
• A funcionalidade familiar é especialmente desafiada em situações de doença do idoso.
assistencial da família.
• Idosos com incapacidade física e cognitiva, com problemas emocionais e sem renda suficiente
para o próprio sustento são os que mais necessitam de cuidados de longa duração.
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