Você está na página 1de 118

WBA0564_v1.

1
Conceitos de geriatria e
gerontologia: o envelhecer
psicossocial

Marcia Cristina Aparecida Thomaz


Márcia Cristina Aparecida Thomaz

Conceitos de geriatria e gerontologia: o envelhecer

1ª edição

Londrina
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2019
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida
de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo

Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada


Paulo de Tarso Pires de Moraes

Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Danielle Leite de Lemos Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Mariana Ricken Barbosa
Priscila Pereira Silva

Coordenador
Camila Braga de Oliveira Higa

Revisor
Letícia de Araújo Apolinário

Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Daniella Fernandes Haruze Manta
Flávia Mello Magrini
Hâmila Samai Franco dos Santos
Leonardo Ramos de Oliveira Campanini
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Thomaz, Márcia Cristina Aparecida


T452c Conceito de geriatria e gerontologia: o envelhecer
Biopsicossocial / Márcia Cristina Aparecida Thomaz. –
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.
104 p.

ISBN 978-85-522-1545-5

1. Saúde do idoso. 2. Promoção da saúde I. Thomaz,


Márcia Cristina Aparecida. II. Título.

CDD 610
Thamiris Mantovani CRB-8/9491

2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
SUMÁRIO

Apresentação da disciplina.................................................5

Tema 1: Conceito de geriatria.............................................6

Tema 2: O que é gerontologia?...........................................22

Tema 3: Envelhecimento normal e patológico.......................34

Tema 4: Aspectos biológicos do envelhecimento...................49

Tema 5: Aspectos sociais no envelhecimento........................61

Tema 6: Aspectos cognitivo e psicológico do envelhecimento... 73

Tema 7: Aspectos funcionais do envelhecimento...................87

Tema 8: Envelhecimento e velhice na família .......................104


APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

A especialidade de geriatria e gerontologia proporciona uma grande área


de oportunidade e muitos desafios para a prática profissional. A disciplina
está estruturada para prover a você, estudante, o conhecimento e a habi-
lidade necessários para ter uma abordagem integral do idoso. O propósito
é oferecer uma compreensão dos conceitos básicos de geriatria e geron-
tologia, mostrando como as alterações no processo de envelhecimento
provocam impactos na assistência ao idoso. Buscamos proporcionar uma
base de conhecimento consistente a partir da qual você possa praticar e
cultivar o respeito e o reconhecimento ao idoso. Esses conceitos ajudarão a
trabalhar com o idoso todo o processo de saúde e doença, como promoção
de saúde e qualidade de vida, prevenção de doenças, diagnósticos precoces,
tratamentos e reabilitação.

Esse material está dividido em 8 temas, nos quais abordaremos: o


conceito de geriatria e o papel do médico geriatra; o que é gerontologia?;
envelhecimento normal e patológico; aspectos biológicos do envelheci-
mento; aspectos sociais do envelhecimento; aspectos cognitivo e psicoló-
gico do envelhecimento; aspectos funcionais do envelhecimento; por fim, o
envelhecimento e a velhice na família.

Seja muito bem-vindo(a) nesta trilha fascinante que é a geriatria e a


gerontologia. Vamos lá!
1
Conceito de
geriatria
Objetivos Específicos
• Conhecer o processo de envelhecimento populacional.

• Conhecer a história e o conceito de geriatria.

• Conhecer e compreender o papel do médico geriatra.

Introdução
Os fatores determinantes do envelhecimento da população de um país estão ligados às taxas de

fertilidade e de mortalidade. Para que uma população envelheça, é necessário, primeiro, que haja

uma queda da fertilidade e, simultânea ou posteriormente, uma redução das taxas de mortalidade.

Com isso, a expectativa de vida da população como um todo torna-se maior. O processo de envelhe-

cimento é dinâmico, estabelecem-se etapas sucessivas, e é comumente conhecido como “transição

epidemiológica ou demográfica”.

As taxas de fertilidade e de mortalidade se mantêm baixas, há um progressivo aumento na pro-

porção de adultos na população, incluindo, naturalmente, os mais idosos. Nesse estágio da transição

epidemiológica, a “pirâmide” populacional passa a apresentar uma configuração retangularizada,

característica das populações européias de hoje, por exemplo.

O Brasil está em franco processo de envelhecimento, tendo já atravessado as etapas iniciais do

processo de transição epidemiológica e atingido seu estágio final. Esse processo de rápido envelhe-

cimento populacional não é, naturalmente, uma característica única do Brasil, sendo compartilhado,

de modo mais ou menos acentuado, por diversos outros países em desenvolvimento.

Nesse contexto, a necessidade de garantirmos a saúde e a qualidade de vida do idoso é funda-

mental. No processo da evolução da ciência, as áreas de geriatria e gerontologia em sua interdisci-

plinaridade vêm colaborando para uma visão diferenciada do idoso. Muitas pesquisas têm sido rea-

lizadas e a sociedade começa a se engajar em intervenções multidimensionais, que levarão a um

envelhecimento bem sucedido para a maioria das pessoas.

7
1. Epidemiologia de envelhecimento
Há alguns anos, existe uma tendência mundial à diminuição da mortalidade e ao prolongamento

da esperança de vida, o que tem levado ao envelhecimento populacional. O aumento do número de

idosos comparado aos demais grupos de faixa etária se deve à queda da fecundidade, ou seja, à

diminuição da natalidade (embora haja diferenças entre os países desenvolvidos e os subdesenvol-

vidos). Outros fatores importantes são a melhoria das condições básicas de sobrevivência (nutricio-

nais, ambientais, sanitárias, higiene pessoal) e o desenvolvimento da medicina e de seus avanços

tecnológicos (vacinas, antibióticos, exames complementares de diagnóstico etc.), os quais possibili-

taram curar ou evitar doenças que, antigamente, eram fatais.

Desse modo, o aumento da população idosa tem criado inúmeros problemas sociais, políticos e

econômicos. Isso porque implica o aumento de custos e gastos médico-sociais, maior necessidade de

suporte familiar e comunitário e maior probabilidade de cuidados de longa duração, devido à maior

prevalência de doenças crônicas, com consequentes incapacidades. Essas doenças talvez incorram em

uma epidemia de demência, síndrome cuja incidência e prevalência aumentam com o passar dos anos.

No Brasil, também tem ocorrido um importante processo de envelhecimento populacional, e suas

consequências já se fazem presentes no nosso cotidiano, muito embora tenham sido necessários

vários anos de transformações demográficas para que se chegasse à realidade atual. Em 1940, por

exemplo, houve uma queda significativa da taxa de mortalidade, em razão dos avanços da medi-

cina, que acabou elevando, em 1950, a esperança de vida média para 43,3 anos. Já no final de 1960,

ocorreu uma diminuição da taxa de fecundidade no país, principalmente nas regiões mais desenvol-

vidas, reduzindo o número de filhos por mulher. Atualmente, nessa tendência, ainda persistem dados

de 2010, com 1,86 filho por mulher, enquanto, em 1970, a proporção era de 6,1 por mulher.

Devido à queda da fecundidade e à diminuição da taxa de mortalidade, a pirâmide etária do Brasil

sofre alterações significativas, isto é, um progressivo estreitamento em sua base. Esse processo

deve avançar nas próximas 3 décadas, ao passo que o alargamento do topo apenas ficará evidente

de modo mais claro após as próximas 4 a 6 décadas, quando o grande contingente de indivíduos

8
gerados no período de maior crescimento (1960-1980) estará no fim, com 60 anos ou mais, e com-

porá o ápice da pirâmide.

No Brasil, segundo projeções estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 1950

e 2025, a população idosa crescerá 16 vezes, ao passo que a população das demais faixas etá-

rias terá um aumento de 5 vezes. Isso colocará o Brasil como a 6ª população de idosos no mundo,

com quase 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais; na Figura 1, representamos essa evolução.

Nos países desenvolvidos, essa transição demográfica ocorreu gradualmente ao longo de um maior

período, consequentemente há um maior desenvolvimento socioeconômico e cultural. No Brasil,

essa mudança é brusca e despreparada.

FIGURA 1 - Evolução da Pirâmide etária brasileira de 1980 a 2050

9
FONTE: Pena (s./d., on-line).

10
No Brasil, em 1999, o número de idosos era de, aproximadamente, 14,5 milhões. Em 2020, estima-

se que o número corresponderá a 25 milhões de idosos. Estes, em 2025, deverão ser 32 milhões,

sendo que, por volta de 2080, ocorrerá estabilização na proporção de idosos e jovens, o que trará

grandes consequências para o país. No entanto o processo de envelhecimento populacional viven-

ciado no Brasil não é exclusivo. Conforme mencionado anteriormente, o aumento na porcentagem

de idosos na população é, hoje, uma realidade mundial que, embora de maneira heterogênea, se

processa tanto em países industrializados quanto naqueles em desenvolvimento.

Hoje, a probabilidade de se alcançar os 70 anos de vida é grande. A longevidade é um triunfo da

humanidade, mas proporciona, em seu bojo, grandes desafios. É necessário que, paralelamente às

transformações demográficas, haja profundas modificações socioeconômicas e culturais, que visem

à melhora das condições de saúde e qualidade de vida dos idosos. Saímos de um paradigma de

saúde pública no qual a população de risco era infantil e as doenças eram majoritariamente infeccio-

sas, com métodos diagnósticos simples e baratos. Algumas dessas doenças eram passíveis de pre-

venção por vacinas, outras, passíveis de tratamentos eficazes e curtos, e, quando nada disso surtia

efeito, ocorria a morte.

Entramos em um novo paradigma no qual a população é senescente, as doenças são crônicas e

evolutivas, com métodos diagnósticos sofisticados e caros. Os tratamentos não curam, várias dessas

doenças não têm prevenção eficaz, e, a longo prazo, elas podem causar incapacidades, dependên-

cias na vida diária e perda da autonomia

Para o setor de saúde, esse impacto do envelhecimento populacional oferece importantes mudan-

ças, como o aumento das doenças crônico-degenerativas em nosso país. Essas doenças não são

devidamente controladas, suas complicações aumentam a ocupação de leitos hospitalares, e suas

sequelas ocupam os leitos de retaguarda. Como são doenças crônicas e as sequelas demandam

suporte de longa duração, os portadores se veem frequentemente obrigados a procurarem os ser-

viços de saúde, sobretudo, a rede pública. Os idosos utilizam tais serviços em uma proporção muito

maior do que pessoas de outras faixas etárias. Com isso, elevam-se os custos financeiros do sistema

de saúde, sendo, muitas vezes, necessário ampliar os recursos materiais, tecnológicos e humanos.

11
Atualmente, gasta-se muito com a saúde dos idosos, às vezes, de maneira equivocada, não prio-

rizando as atividades preventivas que, sem dúvida, são menos onerosas e

mais eficazes na promoção da saúde na terceira idade.

Envelhecer sem nenhuma doença crônica

é exceção, mas isso não significa que, na

presença de alguma enfermidade, o idoso 


Para saber mais
não consiga administrá-la no seu cotidiano. Hoje em dia, poderíamos dizer que a promoção de
um envelhecimento saudável é mais que um direito
No Brasil, nos dias atuais, a população idosa dos cidadãos, torna-se uma necessidade econômi-
ca. Só assim, com a implementação e a dissemi-
cresce rapidamente, porém em condições de nação de uma medicina preventiva, visando, prin-
cipalmente, ao controle das doenças crônicas e
vida precárias. Com frequência, observam- potencialmente incapacitantes, conseguiremos
garantir que nossos idosos sejam mais saudáveis e
se pessoas de idade avançada solitárias, nosso sistema de saúde menos oneroso.

sem suporte familiar e com baixa renda.

2. Histórico da geriatria
Preocupações com longevidade, imortalidade e busca pela vida eterna estiveram sempre presen-

tes na história da humanidade, podendo ser observadas na mitologia grega, em papiros do antigo

Egito e em escritos bíblicos. Médicos e filósofos da antiguidade fizeram observações acerca de doen-

ças associadas ao envelhecimento. De acordo com Pereira, Schneider e Schwanke (2009), a evolu-

ção histórica da geriatria procedeu-se assim:

• Grécia antiga: teoria do envelhecimento referia-se ao calor intrínseco, um dos elementos

essenciais e o principal relacionado à vida.

• Hipócrates: descreveu a velhice como fria e úmida, o que pode ter sido o início do reconheci-

mento da insuficiência cardíaca como afecção comum da terceira idade.

• Aristóteles: apresentou sua teoria também relacionando envelhecimento à perda de calor

intrínseco. A vida consistiria na manutenção desse calor e de sua relação com a alma, que

se localizaria no coração. Para se manter, o calor intrínseco necessitaria de combustível e, à

medida em que esse combustível fosse consumido, sobreviria o envelhecimento.

12
• Roma Antiga: Marco Túlio Cícero, em seu livro “De Senectude”, apresenta soluções válidas até

os dias atuais. Cícero foi provavelmente pioneiro em reconhecer a anorexia dos idosos.

• Galeno: foi autor de trabalhos de grande importância para a Medicina até pelo menos o século

XVI. Galeno combinou a teoria dos quatro humores, a noção aristotélica do calor intrínseco,

a noção de pneuma (espírito) e de crença em um só deus. Considerava a velhice fria e seca e

aconselhava, em seu livro “Gerontomica”, manter os idosos aquecidos e umedecidos.

• No mundo islâmico medieval, destaca-se o médico Avicena, que escreveu The Canon of

Medicine (1025), no qual tece considerações acerca da necessidade de sono, discute aspectos

dietéticos e recomenda a prática de exercícios para idosos. Aborda, em várias seções, a ques-

tão da constipação, e recomenda a utilização de óleos para o corpo.

• No século XII, Roger Bacon propôs um programa científico de investigação epidemiológica da

longevidade de pessoas vivendo em diferentes locais e sob diferentes condições. Para Bacon,

seria possível proteger-se do envelhecimento por meio da adoção de dieta controlada, repouso,

exercícios e estilo de vida moderados, bons hábitos de higiene e inalações frequentes da res-

piração de uma jovem mulher virgem.

• Na segunda metade do século XV, o médico italiano Gabriele Zerbi produziu o primeiro livro

impresso destinado, exclusivamente, à Geriatria, no qual, além de abordar características nor-

mais e aspectos patológicos e descrever virtudes necessárias àqueles que pretendessem se

dedicar ao cuidado dessa população, refere-se ao uso de leite humano para a melhoria das

condições dos idosos.

• Ainda no século XV, o médico francês André Laurens escreveu o primeiro livro de Geriatria em

língua francesa, no qual, a partir da observação de autópsias em idosos, discute a teoria de

que o coração diminui a partir dos cinquenta anos.

• Durante os séculos XVIII e XIX, vários médicos escreveram especificamente sobre doenças do

envelhecimento e seu tratamento. Em Paris, o Hospital Salpetrière, que acomodava de dois a

três mil idosos, pode ser considerado o primeiro estabelecimento geriátrico, onde o neurolo-

gista e psiquiatra Jean-Martin Charcot ministrava suas aulas sobre envelhecimento. Charcot

13
publicou, em 1867, suas “Lições sobre o envelhecimento”, primeiro trabalho formal sobre o

tema a surgir nos Estados Unidos.

• O século XX marcou definitivamente a importância do estudo da velhice. Em 1903, Elie

Metchnikoff defendeu a ideia da criação de uma nova especialidade, a GERONTOLOGIA, a

partir das expressões gero (velhice) e logia (estudo). Ele propunha a criação de um campo de

investigação dedicado ao estudo exclusivo do envelhecimento, da velhice e dos idosos.

• Em 1906, o neuropsiquiatra alemão Alois Alzheimer apresentou a seus pares o caso de sua

paciente Auguste D., que tinha sinais de demência aos 55 anos. Após a morte de Auguste D.,

Alzheimer estudou seu cérebro, observando a presença de placas e emaranhados neurofibrila-

res no córtex cerebral, reforçando observações anteriores. A partir de então, passou a ser des-

crita a nova entidade nosológica que recebeu o nome do neuropsiquiatra.

• Em 1909, Ignatz Leo Nascher, médico vienense radicado nos Estados Unidos, propôs a criação

de nova especialidade médica, destinada a tratar das doenças dos idosos e da própria velhice,

a qual denominou Geriatria.

• Nasher, considerado o “pai da Geriatria”, fundou, em 1912, a Sociedade de Geriatria de Nova York,

escreveu o livro “Geriatrics: the diseases of old age and their treatment”, em 1914, e, em 1917,

foi convidado para ser editor da revista “The Medical Review of Reviews” na sessão de Geriatria.

• Na década de 1930, a médica inglesa Marjorie Warren desenvolveu princípios até hoje tidos

como centrais na prática da Geriatria moderna, sendo considerada a “mãe da Geriatria”.

Instituiu a primeira unidade de cuidados geriátricos e sistematizou a avaliação de pacientes

idosos. Pela primeira vez, estimulou os pacientes a saírem da cama e caminharem, introdu-

zindo o conceito de reabilitação.

• Na Espanha, a Sociedad Española de Geriatría y Gerontología foi fundada em 1948. De 1946 até

meados dos anos 50, foram organizados vários cursos médicos de pós-graduação, que, prova-

velmente, são os primeiros cursos oficiais de Geriatria em todas as escolas europeias de Medicina.

• Em 1950, na cidade de Liège, Bélgica, foi fundada a International Association of Gerontology

(IAG). Em 2005, passou a se denominar International Association of Gerontology and Geriatrics,

14
que atua na promoção e no desenvolvimento da Gerontologia e da Geriatria como uma ciên-

cia, congregando sociedades científicas de todo o mundo. Periodicamente, promove o World

Congress of Gerontology, atualmente, em intervalos de quatro anos, sendo que o último foi

realizado no mês de julho de 2009, na cidade de Paris.

• Em 1954, Tibbits introduziu o termo GERONTOLOGIA SOCIAL, que é a área da Gerontologia

que se ocupa do impacto das condições sociais e socioculturais sobre o processo de envelheci-

mento e das consequências sociais desse processo.

• Mais recentemente, tem-se utilizado a terminologia Biogerontologia, que se refere ao estudo

do fenômeno do envelhecimento (como e por que envelhecemos) do ponto de vista molecular

e celular, orgânico, evolutivo e de todas as interfaces entre eles, de estudos populacionais e de

prevenção de doenças associadas ao envelhecimento. Adicionalmente, visa aplicar os conhe-

cimentos do processo de envelhecimento na sua desaceleração, ou mesmo no aumento do

tempo de vida e da vitalidade dos seres humanos.

• Diante da importância do envelhecimento populacional, novas entidades relacionadas à área

têm surgido, como: o National Institute on Aging (NIA), fundado em 1975; a International

Association of Biomedical Gerontology (IABG), fundada em 1985; o International Institute on

Ageing (IIA), fundado em Malta, em 1987; e a Academia Latinoamericana de Medicina Del

Adulto Major (ALMA), fundada em 2002.

• No Brasil, o Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) da Pontifícia Universidade Católica do

Rio Grande do Sul (PUCRS), criado em 1973, é considerado a instituição pioneira no ensino de

Geriatria na graduação em Medicina.

• Em março de 1971, o professor Yukio Moriguchi, imigrante japonês que fez sua formação

na Universidade de Tóquio, foi contratado pela PUCRS para ministrar a primeira cadeira de

Geriatria da América Latina. O site da SBGG apresenta uma linha do tempo com os marcos da

Geriatria no Brasil. O IGG aparece mais uma vez como pioneiro em outros âmbitos; em 1972,

foi criada a residência médica em Geriatria, reconhecida pelo Ministério de Educação e Cultura

em 1979; em 1980, foi instituído o curso de Especialização em Geriatria.

15
• Nessa linha do tempo, consta que a Geriatria foi credenciada como especialidade da Clínica

Médica pela Comissão Nacional de Residência Médica em 1983.

• No Rio Grande do Sul, o Serviço de Geriatria do Hospital São Lucas da

PUCRS foi nomeado Centro Estadual de

Atenção à Saúde do Idoso em 2002. O



Hospital Nossa Senhora da Conceição
Para saber mais
A Geriatria, com suas áreas respectivas, como as-
também recebeu essa designação
sistência, ensino e pesquisa, crescerá cada vez mais
(Portaria SAS/MS nº 249, de 12 de abril devido ao fenômeno mundial e irreversível que é o
envelhecimento populacional.
de 2002). 

3. As ciências do
envelhecimento e o Médico
Geriatra
A ciência do envelhecimento tem sob si

a responsabilidade de ser o centro do qual



emanam suas ramificações – gerontologia Assimile
A Geriatria tem sob seus domínios os aspectos cu-
social, gerontologia biomédica e geriatria – rativos e preventivos da atenção à saúde; tem uma
relação estreita com disciplinas da área médica,
que, em conjunto, atuam sobre os múltiplos como neurologia, cardiologia, psiquiatria, pneumo-
logia, dentre outras, que deram origem à criação
aspectos do fenômeno do envelhecimento e de subespecialidades, como a neurogeriatria, a
psicogeriatria, a cardiogeriatria, a neuropsicogeri-
de suas consequências. atria etc. Além disso, mantém íntima conexão com
disciplinas não pertencentes ao currículo médico,
A gerontologia social, que aborda os embora a este esteja profundamente relacionada,
como nutrição, enfermagem, fisioterapia, terapia
aspectos não orgânicos, a geriatria e a geron- ocupacional, psicologia, fonoaudiologia, odontolo-
gia e assistência social.
tologia biomédica, que se atêm aos aspec-

tos orgânicos, são subdivididas de acordo

com as especialidades que as compõem.

16
Assim, a primeira compreende os aspectos antropológicos, psicológicos, legais, sociais, ambientais,

econômicos, éticos e políticas de saúde.

A gerontologia biomédica tem como eixo principal o estudo do fenômeno do envelhecimento,

do ponto de vista molecular e celular (biogerontologia), enveredando pelos

caminhos de estudos populacionais e de prevenção de doenças associadas.

Nesse campo, as pesquisas estão direcionadas principalmente para obtenção

de respostas a questões sobre como e por

que envelhecemos. Percebe-se que o foco 


Exemplificando
da atenção ultrapassa os limites da simples
Geriatra é o médico que se especializou no cuida-
do de pessoas idosas. Ele se torna especialista
abordagem das doenças que são o alvo da
após ter feito residência médica credenciada pela
geriatria, embora essas sejam muito fre- Comissão Nacional de Residência Médica e/ou ter
sido aprovado no concurso para obtenção do Título
quentes nessa faixa etária. de Especialista em Geriatria da SBGG/AMB.

As mesmas disciplinas médicas e não

médicas que dão apoio à Geriatria e os

conhecimentos advindos da gerontologia social dão subsídios para elaboração de pesquisas em

gerontologia biomédica, caracterizando a ciência do envelhecimento como campo cujo fundamento

é o estudo do fenômeno do envelhecimento sob uma ótica basicamente interdisciplinar.

A necessidade da utilização de uma terminologia precisa não tem, como se poderia pensar, um

caráter puramente semântico, mas é de fundamental importância, pois

introduz a diversidade de pontos de vista possíveis com relação ao enve-

lhecimento humano. Tal fato, até início do

século, era pouco relevante, devido ao redu-



zido número de pessoas idosas nas socieda- Link
Para melhor compreensão desse tema, leia “Uma
des desenvolvidas e, menor ainda, nos paí- História do Presente acerca da Saúde do Idoso:
disciplinando corpos envelhecidos a partir de uma
ses em desenvolvimento. Nas últimas déca- medicina geriátrica”, disponível em: <http://www.
nutes.ufrj.br/abrapec/viiienpec/resumos/R0823-1.
das, porém, com o crescente número de
pdf>. Acesso em: 18 maio. 2018.

idosos em todo o mundo, os profissionais

17
tomaram consciência do fenômeno do envelhecimento e de suas implicações, o que tornou neces-

sário o conhecimento dos limites de suas respectivas áreas, embora dentro de uma perspectiva de

integração delas.

Questão para reflexão


Após todo esse contexto, como você visualiza a qualidade de vida do idoso em 2050? Como pro-

fissional, qual seria o seu papel?

Considerações Finais
• Epidemiologia de envelhecimento: no Brasil, em 1999, o número de idosos era de, aproximada-

mente, 14,5 milhões. Em 2020, estima-se que o número corresponderá a 25 milhões de idosos.

Estes, em 2025, deverão ser 32 milhões, sendo que, por volta de 2080, ocorrerá estabilização

na proporção de idosos e jovens, o que trará grandes consequências para o país.

• Evolução histórica da Geriatria: médicos e filósofos da antiguidade fizeram observações sobre

doenças associadas ao envelhecimento e, com a evolução da ciência, evidenciamos a Geriatria

e a Gerontologia como precursoras da assistência ao idoso.

• Médico geriatra: é aquele que se especializou no cuidado de pessoas idosas. Ele se torna espe-

cialista após ter feito residência médica credenciada pela Comissão Nacional de Residência

Médica e/ou ter sido aprovado no concurso para obtenção do Título de Especialista em Geriatria

da SBGG/AMB. Tem maior enfoque no cuidado das doenças apresentadas pelo idoso.

Glossário
SBGG- Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

IGG- Instituto de Geriatria e Gerontologia.

18
Verificação de leitura

QUESTÃO 1-Em relação ao envelhecimento da população brasileira, analise as afirmativas


como verdadeiras ou falsas.

( ) O declínio da taxa de fecundidade contribui para o aumento do envelhecimento popu-


lacional.

( ) O grupo etário conhecido como idosos jovens é o que mais vem crescendo.

( ) O envelhecimento populacional não evoluirá nos próximos 50 anos.

A sequência correta é:
a) V, V, V.

b) V, V, F.

c) F, F, F.

d) F, V, F.

e) F, F, V.

QUESTÃO 2-Observe as asserções a seguir:

I. O aumento do número de idosos comparado aos demais grupos também se deve à queda
da fecundidade, ou seja, à diminuição da natalidade.

PORTANTO

II. Outros fatores importantes são a melhoria das condições básicas de sobrevivência e o
desenvolvimento da medicina e de seus avanços tecnológicos.

Assinale a alternativa verdadeira com relação às asserções anteriores:

19
a) I e II são verdadeiras, e II justifica I.

b) I e II são verdadeiras, mas II não justifica I.

c) I é verdadeira e II é falsa.

d) I é falsa e II é verdadeira.

e) I e II são falsas.

QUESTÃO 3-______________ é o médico que se especializou no cuidado de pessoas ido-


sas. Ele se torna especialista após ter feito residência médica credenciada pela Comissão
Nacional de Residência Médica e/ou ter sido aprovado no concurso para obtenção do Tí-
tulo de Especialista em Geriatria da SBGG/AMB. A qual especialidade médica o texto está
se referindo? Assinale a alternativa correta.
a) Pediatra.

b) Geriatra.

c) Nutrólogo.

d) Fisiatra.

e) Homeopata.

Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.
MENDES, T. A. B et al. Geriatria e gerontologia. Barueri, SP: Manole, 2014.
NUNES, M. I. et al. Enfermagem em geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2012.
PENA, R. F. A. Pirâmide etária da população brasileira. Mundo Educação. Disponível em:
<http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/piramide-etaria-populacao-brasi-
leira.htm>. Acesso em: 18 maio. 2018.
PEREIRA, A. M. V. B.; SCHNEIDER, R. H.; SCHWANKE, C. H. A. Geriatria, uma especialidade
centenária. Scientia Medica, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 154-161, out. /dez. 2009.

20
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa B.
• O declínio da taxa de fecundidade contribui para o aumento do envelhecimento populacional.

• O grupo etário conhecido como idosos jovens é o que vem mais crescendo.

• O envelhecimento populacional evoluirá nos próximos 50 anos.

QUESTÃO 2-Alternativa A.
O aumento do número de idosos também se deve à queda da fecundidade, ou seja, à diminuição

da natalidade. Outros fatores importantes são a melhoria das condições básicas de vida, o desen-

volvimento da medicina e de seus avanços tecnológicos. Em função disso, I e II são verdadeiras, e II

justifica I.

QUESTÃO 3-Alternativa B.
Geriatra é o médico que se especializou no cuidado de pessoas idosas. Ele se torna especialista

após ter feito residência médica credenciada pela Comissão Nacional de Residência Médica e/ou ter

sido aprovado no concurso para obtenção do Título de Especialista em Geriatria da SBGG/AMB.

21
2
O que é
gerontologia?
Objetivos Específicos
• Definir Gerontologia.

• Conhecer a importância da equipe multiprofissional/interdisciplinar na Gerontologia.

• Conhecer os termos básicos na Gerontologia.

Introdução
A longevidade representa uma das mais importantes conquistas do século XX, deixando um lema:

mais importante do que acrescentar anos à vida, é preciso proporcionar vida aos anos.

É necessário integrar as pessoas idosas ao meio em que vivem e transformá-las em cidadãos ati-

vos e participativos da sociedade, fornecendo-lhes infraestrutura e equipamento social adequados

– lazer, saúde, urbanização, educação, alimentação e transporte.

Com o aumento da expectativa de vida, cada vez mais idosos vão precisar de auxílio em suas ati-

vidades diárias. Devem, então, surgir vários questionamentos, como: quem cuida? De quem é a res-

ponsabilidade? Da família ou do Estado? Antigamente, as famílias eram mais numerosas e podia-se

contar com a cooperação de todos. Com a queda da natalidade, novos arranjos devem ser organiza-

dos e, certamente, faltarão cuidadores familiares para um grande contingente de idosos. É preciso

evitar que o idoso se torne uma carga para a sociedade.

O profissional de Gerontologia precisa gostar do desafio e ter habilidade em lidar com as mais

diferentes necessidades dos idosos, além de ter sempre um olhar multidisciplinar, mesmo quando

a equipe não contemplar o número de profissionais necessário. Esse profissional deve estar capaci-

tado para prever, dimensionar e assistir às demandas específicas desse grupo etário, além de pro-

por soluções e intervenções junto à família do idoso nos mais diferentes contextos. A Gerontologia

deve atuar, também, no combate aos preconceitos e à violência ao idoso, ampliando redes de apoio

e mobilizando as organizações assistenciais.

23
1. O que é gerontologia?
A longevidade é desejada pela maioria das pessoas, desde que sob certas condições, como a de

não ficar dependente e, de preferência, não ficar velho, como se fosse possível viver sem envelhecer.

Mas essa sobrevida pode ter um gosto amargo ao final. A idade avançada pode significar períodos de

sofrimento e infelicidade, um tempo de perdas, incapacidades e dependências.

Desse modo, o aumento da população idosa tem criado inúmeros problemas sociais, políticos

e econômicos. Isso porque implica o aumento de custos e gastos médico-

sociais, a maior necessidade de suporte familiar e comunitário e a maior

probabilidade de cuidados de longa dura-

ção, devido à prevalência de doenças crôni-



cas, com consequentes incapacidades Assimile
Com a evolução da ciência, a Gerontologia veio
Você conhecerá, a seguir, um pouco da auxiliar na assistência ao idoso. Definimos como
Gerontologia uma ciência que estuda o proces-
história da Gerontologia.
so de envelhecimento humano, não apenas em
seus aspectos clínicos e biológicos, mas também
• 1903: Elie Metchnikoff, sucessor de
nas condições psicológicas, sociais, econômicas e
Pasteur, defendeu a ideia da cria- históricas em que esse processo se dá. Tem caráter
multi e interdisciplinar e conta com profissionais de
ção de uma nova especialidade – a todas as áreas do conhecimento para planejar, criar
e organizar projetos que visam atender às necessi-
Gerontologia. dades globais da pessoa idosa.

• 1909: nos Estados Unidos, Ignatz L.

Nascher, médico generalista, conside-

rado o pai da geriatria, dedicou-se ao estudo clínico da velhice.

• 1930: Marjory Warren, médica inglesa, estabeleceu os princípios básicos da intervenção geron-

tológica em sua enfermaria para idosos.

• 1930: começaram a surgir numerosos trabalhos em todas as áreas que, hoje, compõem a ciên-

cia do envelhecimento,

• Após a Segunda Guerra Mundial, o interesse pelo estudo do idoso ganhou impulso. Foi nesse

período que surgiu a maioria das Sociedades de Gerontologia.

24
• Em 1946, foram criadas a Gerontological Society of America e a Division of Matury and Old

Age da American Psychological Association, entidades que tiveram interesse pelo estudo

do envelhecimento.

Durante muitos anos, o estudo da Gerontologia foi negligenciado, mas, atualmente, vários pes-

quisadores trabalham nessa área de pesquisa, que é extremamente complexa, mas que se expandiu

em todo o mundo em razão do aumento do envelhecimento populacional. A construção do conheci-

mento em Gerontologia é considerada altamente promissora.

Você sabia que existe graduação em Gerontologia? No Brasil, a Gerontologia se constituiu enquanto

graduação em 2005, sendo oferecida, pioneiramente, pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades

da Universidade de São Paulo (EACH/USP). No ano de 2008, o bacharelado em Gerontologia tam-

bém passou a ser oferecido na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Além da graduação,

foram desenvolvidos cursos de pós-graduação lato sensu em Geriatria e Gerontologia. Geralmente,

os profissionais que buscam essa especialidade são da área de saúde, como enfermeiros, fisiotera-

peutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, profissionais de educação física, dentre outros.

1.1. Importância da interdisciplinaridade


O profissional que trabalhar com idoso não deve vê-lo apenas como um conjunto de órgãos e

aparelhos, e sim ter uma visão de forma integral, atentar-se para a forma física, psíquica e social.

Surge, então, uma nova proposta, a descentralização integrada. Um sistema de integração que per-

mite não apenas adequada comunicação, mas também controle eficiente dos objetivos e das estra-

tégias adotados como prioridade. Os profissionais se deparam, porém, com um desafio: propiciar

que múltiplas áreas do saber, com diferentes propostas de trabalho e diversas formas de atuação,

possam agir conjuntamente, sem que se instale, obrigatoriamente, um esquema hierárquico, mas

que, por outro lado, as ações sejam planejadas e executadas segundo um código de ética e de orga-

nização comum a todos os integrantes.

A equipe multiprofissional é formada por diferentes profissionais; essa equipe pode atuar de duas

maneiras: interdisciplinar, ou seja, os profissionais se reúnem para discutir sobre o caso do paciente,

25
a fim de melhor tratá-lo; multidisciplinar, isto é, o paciente é atendido por vários profissionais, entre-

tanto eles não se comunicam, não se reúnem para discutir o caso do paciente, aumentando o risco

de o paciente ser abordado de forma fragmentada, e não em sua totalidade. O ideal seria que todos

os pacientes fossem atendidos por uma equipe multiprofissional com atuação interdisciplinar, mas

isso nem sempre é possível, principalmente nos casos de pacientes idosos, devido à maior diversi-

dade de aspectos inerentes ao processo natural de envelhecimento, às inúmeras doenças crônicas

que usualmente acometem o idoso e aos fenômenos psíquicos e sociais.

A prática interdisciplinar se tornou fundamental na Gerontologia, estabelecendo um modelo de

atuação mais eficaz. A Organização Pan-Americana de Saúde declarou que a promoção de saúde

dos idosos deve estar a cargo de uma equipe interdisciplinar (OPAS,1992).

Considerando as características do processo de envelhecimento e as suas múltiplas faces, pode-

mos afirmar que a atuação de uma equipe pautada na interdisciplinaridade no campo da Gerontologia

pressupõe um trabalho coordenado e com objetivo comum, partilhado por vários núcleos de saber.

Isso se deve ao fato de surgir intersecção das diversas disciplinas que, de alguma forma, contribuem

para o estudo do processo de envelhecimento.

Definitivamente, compreende-se que, em Gerontologia, nenhuma área, por mais desenvolvida

que seja, é capaz de, isoladamente, estudar, compreender e explicar a totalidade do seu objeto de

estudo: o idoso. Compreender, portanto, os mais diversos aspectos relacionados ao ser humano e

ao seu processo de envelhecimento pressupõe ampliar a base conceitual de

nossa formação profissional, levando em conta a complexidade que o tema

envolve. Somente assim poderemos cami-

nhar para uma perspectiva de integralidade,



levando em conta que o idoso é um ser sin- Exemplificando
O gerontólogo é capacitado para promoção de
gular, que necessita e merece um conjunto dinâmicas em grupo, para oferecer assistência
social e atendimento a situações de violência ou
de ações que possam ir além da reabilita- abandono. Logo, esse profissional é dedicado a
todo e qualquer ramo que possa afetar a vida do
ção ou da cura, proporcionando uma aten-
indivíduo da terceira idade.

ção integral.

26
A geriatria é uma especialidade médica

que aborda patologias comuns dessa faixa

etária, como cardiopatias, problemas renais, 


Link
endócrinos, mentais, dentre outros. Amplie seus conhecimentos a respeito da equi-
pe multiprofissional com o artigo “A Equipe Mul-
tiprofissional em Gerontologia e a Produção do
Cuidado: um estudo de caso”, disponível em:
1.2. Termos Básicos <https://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/ar ti-
cle/view/22662>. Acesso em: 18 maio. 2018.
A evolução dos conhecimentos em BESSE, M.; CECÍLIO, L. C. de O.; LEMOS, N. D. A Equi-
pe Multiprofissional em Gerontologia e a Produção
Gerontologia, assim como o grande número do Cuidado: um estudo de caso. Revista Kairós
Gerontologia, São Paulo 17(2), p.205-222, 2014.
de disciplinas que, de forma direta ou indi- 

reta, a compõe colocam o profissional

diante de vários conceitos, termos e expres-

sões, que, embora tenham importância fundamental para aprofundar os conhecimentos, podem

ser motivo de confusão dentro de uma equipe. Não é nossa intenção abordar todos os termos ou

expressões utilizados em Gerontologia, mas acredita-se que, estejam listados

a seguir os mais usados.

Idade biológica e cronológica: o limite de

idade entre o indivíduo adulto e o idoso é



65 anos para as nações desenvolvidas e 60 Para saber mais
Fatores como gênero, classe social, saúde, edu-
anos para os países em desenvolvimento. É cação, fatores de personalidade, história passada e
contexto socioeconômico são importantes elemen-
esse critério cronológico que é adotado na tos que se mesclam com a idade cronológica para
determinar as diferenças entre idosos, de 60 a 100
maioria das instituições que procura dar aos anos. O termo idosos jovens geralmente se referem
a pessoas de 65 a 74 anos, que costumam estar
idosos atenção à saúde física, psicológica e
ativas, cheias de vida e vigorosas. Os idosos velhos,
social. Sob alguns aspectos, principalmente de 75 a 84 anos, e os idosos mais velhos, de 85
anos ou mais, são aqueles que têm maior tendência
legais, o limite é de 60 anos também em para a fraqueza e para a enfermidade e podem ter
dificuldade para desempenhar algumas atividades
nosso país. da vida diária.

É importante assinalar o conceito de

idade funcional, que tem estreita relação

27
com a idade biológica e que pode ser definido como grau de conservação do nível de capacidade

adaptativa em comparação à idade cronológica.

Idades cronológica e psicológica: o conceito de idade psicológica, à semelhança do significado

da idade biológica, refere-se à relação que existe entre a idade cronológica e as capacidades, tais

como percepção, aprendizagem e memória, as quais prenunciam o potencial de funcionamento

futuro do indivíduo.

Idades cronológica e social: a idade social tem relação com a avaliação da capacidade de ade-

quação de um indivíduo ao desempenho de papéis e comportamentos esperados para as pessoas

de sua idade, em um dado momento da história de cada sociedade. Dessa forma, as experiências de

envelhecimento e velhice podem variar no tempo histórico de uma sociedade, dependendo de cir-

cunstâncias econômicas.

Envelhecimento, velhice e velho: o envelhecimento (processo), a velhice

(fase da vida) e o velho ou idoso (resultado final) constituem um conjunto

cujos componentes estão intimamente

relacionados.

Senescência ou senectude e senilidade: 


Link
a distinção entre senescência ou senectude, Leia o texto intitulado “Senescência e senilidade:
novo paradigma na Atenção Básica de Saúde”. Esse
que resulta do somatório de alterações orgâ- texto explora o conhecimento do cotidiano dos ido-
sos pelos profissionais de saúde, fato importante
nicas, funcionais e psicológicas próprias do para implementar programas e ações que visam
alcançar a manutenção do equilíbrio no processo
envelhecimento normal, e senilidade, que é saúde-doença.
CIOSAK, Suely Itsuko. Senescência e senilidade:
caracterizada por modificações determina-
novo paradigma na Atenção Básica de Saúde. Rev.
Esc. Enferm. USP, 45(Esp. 2):1763-8, 2011. Dis-
das por afecções que frequentemente aco-
ponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/
metem a pessoa idosa, é, por vezes, extre- v45nspe2/22.pdf>. Acesso em: 18 maio 2018.

mamente difícil. O exato limite entre esses

dois estados não é preciso e caracteristica-

mente apresenta zonas de transição frequentes, o que dificulta discriminar cada um deles.

28
Questão para reflexão
A partir do que estudamos sobre a diferença entre geriatria e gerontologia, reflita acerca do enve-

lhecimento humano e da atuação das equipes nesse processo.

Considerações Finais
Destacamos, neste tema, quatro principais conceitos:

• Gerontologia - é uma ciência que estuda o processo de envelhecimento humano, não apenas

em seus aspectos clínicos e biológicos mas também as condições psicológicas, sociais, econô-

micas e históricas.

• Interdisciplinaridade - o ideal é que todos os idosos sejam atendidos por uma equipe multipro-

fissional com atuação interdisciplinar, devido à maior diversidade de aspectos inerentes ao pro-

cesso natural de envelhecimento, às inúmeras doenças crônicas que usualmente acometem o

idoso e aos fenômenos psíquicos e sociais.

• Envelhecimento, velhice e velho: o envelhecimento é o processo, a velhice é a fase da vida, e

o velho ou idoso é o resultado final; esses constituem um conjunto cujos componentes estão

intimamente relacionados.

• Senescência ou senectude e senilidade: a distinção entre senescência ou senectude, que

resulta do somatório de alterações orgânicas, funcionais e psicológicas próprias do envelheci-

mento normal, e senilidade, que é caracterizada por modificações determinadas por afecções

que frequentemente acometem a pessoa idosa, é, por vezes, extremamente difícil. O exato

limite entre esses dois estados não é preciso e caracteristicamente apresenta zonas de transi-

ção frequentes, o que dificulta discriminar cada um deles.

29
Glossário
Senescência ou senectude: alterações orgânicas, funcionais e psicológicas próprias do envelhe-

cimento normal.

Senilidade: modificações determinadas por afecções que, frequentemente, acometem a pessoa idosa.

Verificação de leitura

QUESTÃO 1-Gerontologia é uma ciência que estuda o processo de envelhecimento. Obser-


ve as afirmações a seguir.

I. O processo de envelhecimento ocorre da mesma forma para todos os indivíduos, inde-


pende de fatores intrínsecos e extrínsecos.

II. O idoso pode apresentar várias doenças concomitantes, o que pode dificultar a avalia-
ção dos profissionais.

III. O idoso pode apresentar alterações fisiológicas de vários sistemas e estas fazem parte
do processo de envelhecimento.

Está(ão) correta(s):
a) apenas I.

b) apenas II.

c) apenas III.

d) apenas I e II.

e) apenas II e III.

30
QUESTÃO 2-Analise as afirmativas a seguir com V, de verdadeiro, e F, de falso.

( ) Senescência ou senectude refere-se alterações orgânicas, funcionais e psicológicas


próprias do envelhecimento normal.

( ) Senilidade refere-se a modificações determinadas por afecções que, frequentemente,


acometem a pessoa idosa.

( ) Velhice é o processo de envelhecimento.

A sequência correta é:
a) V,V,V.

b) V,V,F.

c) F,V,F

d) F,F,F.

e) V,F,V.

QUESTÃO 3- Analise as afirmativas a seguir com V, de verdadeiro, e F, de falso.

( ) Idade social: tem relação com a avaliação da capacidade de adequação de um indiví-


duo ao desempenho de papéis e comportamentos esperados para as pessoas de sua ida-
de, em um dado momento da história de cada sociedade.

( ) Idade psicológica: refere-se à relação que existe entre a idade cronológica e as capa-
cidades, tais como percepção, aprendizagem e memória, as quais prenunciam o potencial
de funcionamento futuro do indivíduo.

( ) Idade cronológica: o limite de idade entre o indivíduo adulto e o idoso é 65 anos para
as nações desenvolvidas e 60 anos para os países em desenvolvimento.

A sequência correta é:

31
a) V,V,V.

b) V,V,F.

c) V,F,V.

d) V,F,F.

e) F,F,F.

Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.

MENDES, T. A. B. et al. Geriatria e gerontologia. Barueri: Manole, 2014.

NUNES, M. I. et al. Enfermagem em geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara


koogan, 2012.

OPAS - Organizacion Panamericana de La Salud. La salud de los ancianos: una preocu-


pación de todos. Washington: Servicio Editorial de la OPAS, 1992.

32
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa E.
• O processo do envelhecimento não ocorre da mesma forma para todos os indivíduos, inde-

pende de fatores intrínsecos e extrínsecos.

• O idoso pode apresentar várias doenças concomitantes, o que pode dificultar a avaliação dos

profissionais.

• O idoso pode apresentar alterações fisiológicas de vários sistemas e estas fazem parte do pro-

cesso de envelhecimento.

QUESTÃO 2-Alternativa B
( V ) Senescência ou senectude: alterações orgânicas, funcionais e psicológicas próprias do enve-

lhecimento normal.

( V ) Senilidade: modificações determinadas por afecções que frequentemente acometem a pes-

soa idosa.

( F ) O envelhecimento é o processo, a velhice é a fase da vida, e o velho ou idoso é o resultado

final; esses constituem um conjunto cujos componentes estão intimamente relacionados.

QUESTÃO 3-Alternativa A
Conforme visto na Leitura Fundamental, a idade social tem relação com a avaliação da capaci-

dade de adequação de um indivíduo ao desempenho de papéis e comportamentos esperados para

as pessoas de sua idade, em um dado momento da história de cada sociedade. A idade psicológica

refere-se à relação que existe entre a idade cronológica e as capacidades, tais como percepção,

aprendizagem e memória, as quais prenunciam o potencial de funcionamento futuro do indivíduo.

Por fim, a idade cronológica é o limite de idade entre o indivíduo adulto e o idoso, que é 65 anos para

as nações desenvolvidas e 60 anos para os países em desenvolvimento.

33
3
Envelhecimento
normal e
patológico
Objetivos Específicos
• Conhecer o processo de envelhecimento normal e patológico.

• Conhecer as alterações celulares que ocorrem no envelhecimento.

• Conhecer as alterações funcionais e sistêmicas no envelhecimento.

Introdução
O envelhecimento pode ser conceituado como um processo dinâmico e progressivo, no qual há

alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas, que vão modificando progressivamente o orga-

nismo, tornando-o mais suscetível às agressões intrínsecas e extrínsecas, que terminam por levá-lo

à morte. Pode ser caracterizado pela redução da capacidade de adaptação homeostática às situa-

ções de sobrecarga funcional.

Atualmente, considera-se que o envelhecimento está relacionado às alterações proteicas que

compõem o organismo. As proteínas constituem cerca de 15% dos componentes orgânicos e são os

elementos responsáveis pela formação de estruturas nobres do organismo, como células, tecidos,

órgãos, sendo também componentes dos sistemas bioquímicos para produção de energia.

Diversas teorias procuram explicar essa alteração proteica no envelhecimento, como a teoria da

deterioração da síntese proteica e a teoria do relógio biológico, além de existirem diversos fatores

que teriam influência sobre esse mecanismo de alteração proteica; dentre os primeiros, encontram-

se a hereditariedade, os radicais livres, as alterações imunológicas, a alimentação, as variações cli-

máticas e a radioatividade.

Essas alterações na síntese proteica refletem-se nas células, nos tecidos, nos órgãos, alterando-

-os morfológica e funcionalmente. Vejamos a seguir as alterações celulares e funcionais que ocorrem

no processo de envelhecimento.

35
1. Fisiologia do envelhecimento
1.1. Alterações celulares
Os mecanismos reguladores mantêm a homeostase do organismo. Quando ocorrem erros nesses

mecanismos regulatórios, consequentemente, algumas alterações nas funções celulares são esperadas.

Ao longo dos anos, a capacidade de proliferação começa a reduzir e, de acordo com o tempo,

algumas até param de se dividir. As funções celulares vão se alterando, os nutrientes são captados

em menor quantidade e a reparação de danos cromossômicos se reduzem nessas células envelhe-

cidas. Vale lembrar que os cromossomos diminuem de tamanho e perdem material genético e suas

extremidades, prejudicando a divisão celular.

Embora as modificações variem de intensidade, todo tecido sofre alterações no processo de enve-

lhecimento. O tecido conjuntivo, que dá suporte ao corpo, pois conecta células e órgãos, desempe-

nhando importante função estrutural, é um bom exemplo dessas alterações.

O colágeno é uma associação de moléculas proteicas alongadas, que se unem formando fibras

muito finas, as fibrilas, que, por sua vez, também se unem, originando fibras muito resistentes, presen-

tes em pele, ossos, dentes, artérias, fígado, rins, intestinos etc., que desempenham muitas funções.

No processo de envelhecimento, ocorre um declínio das funções do tecido con-

juntivo, fazendo com que o colágeno aumente sua rigidez e diminua gradual-

mente, assim como reduz o número de fibrilas. As fibras elásticas, que também

compõem o tecido conjuntivo, sofrem perda

de força, tornando-se menos flexíveis, defor- 


Para saber mais
madas e levando os tecidos que as contêm a Com essas mudanças em relação a peso e estatura,
o Índice de Massa Corpórea (IMC) também se altera.
ficarem com menor elasticidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
nos países industrializados, o IMC tende a aumen-
Existe uma perda progressiva de massa tar a partir da meia-idade e se mantém estabilizado
até por volta dos 65 anos no homem e dos 75 anos
magra com aumento da proporção de gor-
na mulher. A partir daí, ele declina; todo tecido sof-
dura corporal, isso associado, principal- re alterações no processo de envelhecimento.

mente, ao sexo feminino. Na mulher, ocorre

36
aumento de peso aos 75 anos, aproximadamente, e, no homem, até os 65 anos, começando, a partir

daí́, a declinar até os 80 anos. Essa perda de peso deve-se a múltiplos fatores, que vão desde alte-

rações hormonais a funcionais.

1.2. Composição corpórea


No organismo de um idoso, o teor de água reduz para 52%, a desidratação é comum nessa faixa

etária, ocorrem, também, a diminuição de massa livre de gordura e de seus componentes (mine-

ral, proteínas, potássio e água). A gordura corporal, geralmente, se deposita na região abdominal,

a medida da circunferência abdominal mostra-se correlacionada com adiposidade visceral, sendo

índice para os riscos de doenças crônicas, como as doenças cardiovasculares e metabólicas. Existe,

também, o aumento da circunferência do crânio, a amplitude do nariz, das orelhas, do anteroposte-

rior do tórax, e a diminuição do diâmetro transverso, caracterizando tórax senil.

1.3. Pele e tegumentos


Ocorre perda de fibras elásticas que se alteram e tornam a elastina mais porosa e menos flexí-

vel, e o tecido subcutâneo tem sua espessura diminuída, ocasionando rugas e sulcos na pele, com

maior facilidade para aparecimento de equimoses à pouca pressão devido à fragilidade capilar. A

pele torna-se mais ressecada em decorrência da perda de água, causada pela diminuição das glân-

dulas sebáceas e sudoríparas. Pode-se observar, também, o acúmulo de gordura nas pálpebras e

o aparecimento de manchas hiperómicas (marrom). O número de melanócitos diminui de 8 a 20%,

por década, após os 30 anos. Esse fato, associado à lentidão da reposição das células da epiderme,

ao maior tempo de exposição aos raios UV e à redução das células de Langerhans (células media-

doras da resposta imunológica na pele), contribui para o aumento da incidência do câncer de pele.

Também há diminuição da vascularização, justificando a palidez e a diminuição da temperatura da

pele, aumentando a frequência de dermatites. Há uma diminuição dos pelos em todo o corpo, exceto

no rosto. Por alteração do bulbo capilar, os cabelos tornam-se brancos e existe a possibilidade de

37
redução do funcionamento desses bulbos, levando à calvície, principalmente em homens. As unhas

tendem a diminuir seu crescimento e tornam-se mais quebradiças.

As principais consequências das alterações da pele provocadas pelo processo de envelhecimento

são:

• prejuízo na cicatrização.

• diminuição na tensão da pele.

• diminuição da capacidade proliferativa.

• maior susceptibilidade a lesões por pressão.

• diminuição da microcirculação.

• diminuição na percepção sensorial.

• maior susceptibilidade a infecções.

2. Alterações funcionais
2.1. Sistema nervoso
A redução do volume e do peso do cérebro é consequência da perda neuronal, e não o inverso.

Há outras alterações cerebrais, tais como: alargamento dos ventrículos, acú-

mulo de lipofuscina (pigmento castanho que se deposita nas células epiteliais

e conjuntivas como resultado de lesões por radicais livres e peroxidação lipí-

dica), diminuição de neurotransmissores e

redução de enzimas metabólicas, especial-



mente na atividade colinérgica, diminuição Exemplificando
As alterações dos órgãos sensoriais são muito co-
da velocidade da condução, alterações den- muns nesta faixa etária, como alterações do pala-
dar (ageusia, hipogeusia, disgeusia), alterações no
dríticas, diminuição do consumo de oxigê- olfato (observam-se redução da capacidade dis-
criminatória para diferentes odores e redução do
nio e redução da utilização de glicose, perda clearance mucociliar - anosmia, hiposmia, paros-
mia), alterações na audição (devido à degeneração
de proteínas cerebrais. No envelhecimento, de células dos órgãos e dos sentidos).

há, ainda, o início de alterações vasculares

38
atribuídas, muitas vezes, às condições sistêmicas, como hipertensão e aterosclerose. Devido a essas

alterações algumas patologias podem ocorrer, como acidente vascular encefálico, demências etc.

Algumas alterações referentes ao sistema nervoso central são: declínio no controle postural,

declínio da sensação tátil, vibratória, sabor, cheiro, apetite, sede, acuidade visual, sensibilidades

aos sons diferentes, propriocepção, dificuldade de adaptação em ambientes diferentes, risco de

delirium e quedas.

2.2. Sistema muscular e osteoarticular


A massa muscular diminui à medida que o tamanho das fibras musculares declina, e isso ocorre

ao final da meia-idade em diante. Por volta dos 60 anos, a força muscular máxima também declina

em 30 a 40%, diminuindo cerca de 10% por década. Perda de massa e força muscular pode prejudi-

car a mobilidade, gerando a dependência do idoso. Vale ressaltar que a falta de atividade física pode

piorar o quadro de atrofia muscular.

Osso compacto e osso esponjoso são os tipos de tecido ósseo que compõem os ossos de um

adulto. Os ossos da coluna e dos quadris, por exemplo, apresentam uma

proporção maior de esponjoso. A perda óssea se inicia por esse tipo de osso,

aproximadamente aos 35 anos de idade, quando o processo de reabsorção

e formação de um osso novo, como ocorre

nos jovens, está alterado. No avançar da 


Para saber mais
idade, a velocidade de formação do osso é O objetivo das articulações, exceto as do crânio e
da coluna, é proporcionar ampla variedade de movi-
menor do que a de reabsorção, tornando-o mentos, e isso é permitido quando os tecidos que as
compõem são macios e flexíveis. No envelhecimen-
mais poroso. Essa perda é mais prematura
to, essa flexibilidade é afetada, algumas vezes, de
nas mulheres, sendo que algumas terão modo precoce, já aos 30 anos (extensão das costas).
É comum o idoso reduzir altura e apresentar alter-
perdido 90% de sua massa óssea espon- ações na coluna, como a cifose. Em adição da idade,
a articulação do tornozelo também perde flexibili-
josa, ao chegarem aos 90 anos, enquanto, dade e, somada à fraqueza da musculatura que o
flexiona, a amplitude fica reduzida, o que pode ser
nos homens, essa perda fica em torno de fator de risco para queda e lesões, como fraturas.

10 a 25%.

39
Estudos mostram que a perda óssea está ligada a vários fatores, como concentração de hormô-

nios, fatores nutricionais, imobilidade e genética. Sabe-se que essa perda tem relação, em nível celu-

lar, com a ineficiência dos osteoblastos. É importante destacar, também, que a assimilação do cálcio

e de outros minerais está diminuída.

2.3. Sistema cardiovascular


As mudanças que ocorrem no coração e nos vasos são múltiplas no processo de envelhecimento.

No coração, os miócitos diminuem de número e hipertrofiam, essas alterações, dependendo da

intensidade da perda e da hipertrofia, podem interferir nas atividades diárias do idoso. A perda de

células do marcapasso sinoatrial reduzem, levando, assim, à diminuição da frequência cardíaca e ao

atraso da condução atrioventricular, podendo ocasionar bloqueios diversos.

O músculo também demora mais tempo para alcançar a forca máxima, a alteração do relaxa-

mento ventricular induz ao aumento do trabalho cardíaco e à consequente hipertrofia compensatória.

Os grandes vasos e a aorta sofrem enrijecimento e diminuição da elasticidade e complacência, a

partir da perda gradual da elastina e da substituição por colágeno, ocasionando espessamento da

musculatura lisa. Esse quadro leva ao aumento da resistência vascular, uma vez que artérias peque-

nas e arteríolas também se tornam menos responsivas ao comando para dilatação, aumentando a

pressão arterial sistólica (PAS) e reduzindo a perfusão dos órgãos. A pressão arterial diastólica (PAD)

pode sofrer queda, pois a artéria rígida não tem elasticidade para manter a pressão durante a fase

de diástole. Valvas cardíacas, principalmente aorta e mitral, ficam espessadas e com calcificações

em suas bases, podendo levar à estenose ou à insuficiência valvar. Outro dado importante é quanto

à diminuição da função reflexa desempenhada pelos barorreceptores existentes no arco aórtico e no

seio carotídeo, que são sensíveis às mudanças de pressão arterial e dão início a respostas para res-

tabelecimento dessa pressão arterial, como o aumento da frequência cardíaca.

40
2.4. Sistema respiratório
Acompanhando o que acontece em outros órgãos e sistemas, a mecânica respiratória tem sua

expansibilidade e complacência diminuídas, ocasionadas pelas modificações no arcabouço ósseo do

tórax e pela redução da elasticidade e atrofia da musculatura esquelética acessória. Os pulmões tam-

bém perdem elasticidade, devido a alterações de colágeno e elastina. Essa redução da retração elás-

tica pulmonar em conjunto com a redução da complacência da parede torácica e a diminuição de força

dos músculos respiratórios são os fenômenos mais importantes desse sistema no envelhecimento.

As vias respiratórias são menos resistentes, havendo dilatação de estruturas, como bronquíolos,

ductos e sacos alveolares, com redução da superfície alveolar. O volume residual aumenta principal-

mente em idosos sedentários ou fumantes, levando a uma diminuição da capacidade vital. A capa-

cidade vital aos 70 anos é de 75% do valor de quando tinha 20 anos.

Outra alteração presente é a redução dos reflexos protetores de vias respiratórias, conduzindo a maior

predisposição à infecção. As pneumonias são frequentes no idoso, devido à diminuição do reflexo de

tosse, queda de número e atividade das células mucociliares, além de redução da atividade imunológica.

Em relação às trocas gasosas, vale ressaltar que são menos eficientes e a pressão pulmonar e a

resistência vascular pulmonar aumentam. A capacidade de difusão pulmonar do oxigênio é menor

entre os idosos, existindo uma desigualdade de ventilação e perfusão com presença de um declínio

de PO2 (0,3 -0,4 mmHg/ano), a pressão de gás carbônico fica inalterada.

2.5. Sistema geniturinário


O rim tem peso e volume reduzidos em 20 a 30%, entre 30 e 90 anos, e o número de glomérulos

diminui de 30 a 50% até, aproximadamente, os 80 anos. O túbulo renal também tem redução em

número, volume e extensão. A membrana do néfron torna-se espessa e endurecida. As arteríolas

tornam-se espessadas na camada íntima e podem apresentar grau de estenose variável.

O fluxo plasmático renal declina de 600 ml/min aos 30 anos para 300 ml/ min aos 80 anos. Em

concomitância, há queda da taxa de filtração glomerular. As funções de excreção e reabsorção tam-

bém são alteradas.

41
Há um declínio progressivo da taxa de reabsorção tubular renal da glicose, um aumento da excreção

urinária de enzimas e uma diminuição da depuração de água livre. Importante ressaltar que, em condi-

ções hígidas, a função renal é capaz de atender às demandas orgânicas. Nas condições em que houver

sobrecarga hídrica, porém, a resposta pode não ser rápida e provocar intercorrências (hipovolemia).

A bexiga tem seu tecido elástico e a musculatura lisa é substituída por tecido fibroso, ficando com

capacidade menor de reter a urina e com esvaziamento incompleto, aumentando o risco de infec-

ções do trato urinário. A eliminação urinária também pode ficar alterada por problemas na abertura

esfincteriana com atraso no reflexo. Nas mulheres, por relaxamento da musculatura de assoalho

pélvico, devido a partos vaginais, pode haver escape de urina ao tossir, espirrar e rir. Nos homens,

pode ocorrer obstrução do fluxo urinário, devido à hiperplasia da próstata.

2.6. Sistema gastrointestinal


É possível que as mudanças desse sistema se iniciem pela cavidade oral,

podendo, com a ausência de dentes, apresentar problemas de mastigação,

o que pode afetar a capacidade de deglutição. Há alteração de esmalte dos

dentes, dentina sensível e visível, gengivas

retraídas, diminuição do cimento que esta-



biliza o dente, e nervos se degeneram den- Link
Leia este estudo que tem como objetivo analisar
tro da cavidade da polpa. o processo de envelhecimento relacionado aos di-
versos campos de investigação: biológicas (múscu-
Há redução do fluxo salivar e da ptia- lo-esqueléticas, nervosos) e psicológicos:
FECHINE, B. R. A.; TROMPIERI, N. O processo de en-
lina, que é uma enzima que inicia o processo velhecimento: as principais alterações que aconte-
cem com o idoso com o passar dos anos. Revista
de digestão dos carboidratos. Tal processo Científica Internacional, v. 1, n. 7, jan./mar. 2012.
Disponível em <http://www.fonovim.com.br/arqui-
torna a boca seca e pode dificultar a diges- vos/534ca4b0b3855f1a4003d09b77ee4138-Mod-
ifica---- es-fisiol-- gicas-normais-no -sistema-ner-
tão. Alterações também ocorrem na ativi- voso-do-idoso.pdf>. Acesso em: 21 maio. 2018.

dade peristáltica do esôfago, com contra-

ções assíncronas, dificultando a progressão

42
do alimento. No estômago, há aumento de pH, pela redução da produção de ácido clorídrico, devido

à atrofia das células da mucosa gástrica, a qual pode atrasar o esvaziamento gástrico.

A musculatura do intestino delgado perde força, a mucosa se adelgaça e diminui o peristaltismo.

A musculatura dos cólons é atrofiada. Há, também, aumento do tecido conjuntivo, contribuindo,

assim, para a constipação intestinal no idoso, principalmente se associado à dieta pobre em fibras e

ao sedentarismo. Percebe-se, ainda, comprometimento da absorção de gordura, devido à diminui-

ção da secreção de lipase pancreática.

Há diminuição de peso e volume hepáticos, redução do fluxo sanguíneo e da atividade enzimática,

o que contribui para diminuição de metabolismo de alguns medicamentos.

2.7. Sistema endócrino


A alteração se dá nas células glandulares, na secreção hormonal, nos receptores hormonais e nas

células-alvo. Na tireoide, ocorre fibrose, com pequena redução de seu volume e de produção de tiro-

xina (T4) e tri-iodotironina (T3), sem, no entanto, apresentar alteração significativa em nível circulante.

A secreção dos hormônios glicocorticoides pelo córtex adrenal diminui com a idade. A tolerância

à glicose declina e se deve a fatores de aumento de resistência insulínica, devido à obesidade ou ao

aumento de tecido gorduroso, à diminuição de massa muscular esquelética, à diminuição de sensi-

bilidade dos tecidos à insulina e glucagon, ao aumento da liberação de ácidos graxos.

Nas mulheres, há uma diminuição gradual do estrogênio pelos ovários, que se tornam fibróticos e

diminuem de peso. A produção do estrogênio diminui em até́ 80% na pós-menopausa. Nos homens,

a capacidade reprodutora também declina, mas não totalmente, como nas mulheres. A secreção de

testosterona é reduzida.

2.8. Sistema imunológico


A maior parte das alterações imunológicas em idosos tem sido correlacionada com a involução e a

atrofia do timo. O sistema imune se apresenta deprimido, com capacidade de reação limitada e com

maior risco para desenvolvimento de infecções.

43
Além disso, o organismo pode falhar em

reconhecer estruturas próprias, tratando-as

como estranhas e fazendo uma autoagres- 


Assimile
são imune. Essas mudanças são responsáveis O processo do envelhecimento ocorrerá para todos,
a velocidade, os tipos e o grau de modificações
por maior incidência de infecções, doenças são influenciados por vários fatores. Esses fatores
poderão determinar um processo do envelhecimen-
autoimunes e câncer em idosos. O número to fisiológico ou patológico, repercutindo na quali-
dade de vida desse idoso.
de linfócitos diminui progressivamente e, por 

volta dos 60 anos, a quantidade de linfócitos

é 70% da encontrada nos jovens.

Questão para reflexão


De acordo com o processo de envelhecimento, como profissional, o que poderemos fazer para

que o idoso passe por esse período com qualidade de vida? Reflita quais as ações que podemos rea-

lizar para auxiliá-lo nesse processo.

Considerações Finais
Neste tema, estudamos o processo do envelhecimento normal e patológico, destacamos os prin-

cipais pontos:

• alteração do sistema tegumentar: a pele fica fina e seca, fragilidade capilar, diminuição da per-

cepção sensorial, alteração do pigmento, alteração da produção de colágeno, o teor de água

diminui, os cabelo tornam-se brancos, podendo ocorrer a calvície no homem.

• alterações do sistema nervoso: existem alterações do ciclo sono e vigília, declínio no controle

postural, declínio da sensação tátil e vibratória, sabor, cheiro, apetite, sede, diminuição da

acuidade visual e da noção de profundidade, diminuição da sensibilidade aos sons diferentes,

diminuição da propriocepção, dificuldade de adaptação em ambientes diferentes, risco de deli-

rium e quedas.

44
• alterações do sistema osteomioarticular: perda da massa óssea, aumento da porosidade óssea,

redução de massa muscular, força muscular, perda da resistência elástica das articulações; com

todas essas alterações, o risco de queda e fraturas é elevado.

• alterações do sistema cardiovascular: ocorre alterações na fibra muscular do miocárdio,

levando à hipertrofia, alterações do sistema de condução elétrica do coração, aumentando a

possibilidade de arritmias, espessamento dos vasos, levando ao aumento da resistência vas-

cular, podendo interferir na pressão arterial do idoso.

• alterações do sistema respiratório: diminuição da complacência pulmonar, diminuição da força

da musculatura respiratória, alterações da perfusão de Pa Oxigênio, redução dos reflexos pro-

tetores das vias respiratórias com predisposição a infecções.

• alterações do sistema geniturinário: diminuição da taxa de filtração glomerular, alterações do

tecido e musculatura da bexiga, ficando com capacidade menor de reter a urina; em mulher, o

risco de incontinência urinária é maior devido a partos, em homens, pode ocorrer o aumento

da próstata, levando à obstrução do fluxo urinário.

• alterações do sistema gastrointestinal: mucosas finas e secas, língua lisa, alteração da denti-

ção, motilidade reduzida de todo trato gastrointestinal com risco de constipação, diminuição

da produção de ácido clorídrico.

• alteração do sistema imunológico: alterações das células de defesa do organismo, com maior

predisposição às infecções como pneumonias, urinárias, tegumentares, dentre outras.

Glossário
Ageusia: perda do paladar.

Hipogeusia: diminuição da sensação relacionada ao paladar.

Disgeusia: distorção do senso do paladar.

Anosmia: perda do olfato.

Hiposmia: perda parcial do olfato.

Parosmia: sensação distorcida do olfato.

45
Verificação de leitura

QUESTÃO 1-O processo de envelhecimento tem como característica principal a diminui-


ção progressiva da reserva funcional do organismo, e o profissional deve conhecer as
alterações fisiológicas do envelhecimento para evitar equívocos na detecção de sinais e
sintomas. Quais alterações podem ocorrer no sistema renal? Assinale alternativa correta.
a) Diminuição da massa muscular.

b) Aumento da motilidade.

c) Diminuição da filtração glomerular.

d) Aumento de peso.

e) Aumento da Pa de oxigênio.

QUESTÃO 2-Acerca do processo de envelhecimento, analise as afirmativas a seguir.

I. A comunicação com o idoso requer elementos verbais e não verbais, como o toque, e
podemos utilizar o recurso do aumento de voz sem controle.

II. A perda da massa óssea, o aumento da porosidade óssea, a redução de massa muscular
e a força muscular podem ser fatores de risco para quedas e fraturas.

III. A incontinência urinária é uma das condições que mais acomete e interfere, de forma
negativa, na vida do idoso.

Assinale a alternativa correta.


a) Apenas a afirmativa I está correta.

b) Apenas a afirmativa II está correta.

c) Apenas a afirmativa III está correta.

d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

e) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.

46
QUESTÃO 3-Clarice estava atendendo D. Maria, que, durante sua avaliação, constatou
que não estava tendo apetite, não gostava de beber água, não sentia o gosto dos alimen-
tos, estava com intestino preso há 3 dias (constipação). Qual seria o termo técnico ade-
quado para perda total do paladar? Assinale alternativa correta.
a) Ageusia.

b) Hipogeusia.

c) Disgeusia.

d) Anosmia.

e) Hiposmia.

Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.

MENDES, T. A. B et al. Geriatria e gerontologia. Barueri, SP: Manole, 2014.

NUNES, M. I. et al. Enfermagem em geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2012.

47
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa C.
O fluxo plasmático renal declina de 600 ml/min aos 30 anos para 300 ml/ min aos 80 anos. Em

concomitância, há queda da taxa de filtração glomerular. As funções de excreção e de reabsorção

também são alteradas.

QUESTÃO 2-Alternativa E.
A comunicação com o idoso requer elementos verbais e não verbais, como o toque, além de uti-

lizar o recurso do aumento de voz com controle para não agitar o idoso e proporcionar desconforto.

A perda da massa óssea, o aumento da porosidade óssea, a redução de massa muscular e a força

muscular podem ser fatores de risco para quedas e fraturas. A incontinência urinária é uma das con-

dições que mais acomete e interfere, de forma negativa, na vida do idoso.

QUESTÃO 3-Alternativa A.
Mudanças do sistema gastrointestinal se iniciam pela cavidade oral, podendo, com a ausência

de dentes, apresentar problemas de mastigação, o que pode afetar a capacidade de deglutição.

Definimos como ageusia a perda total de paladar.

48
4
Aspectos
biológicos do
envelhecimento
Objetivos Específicos
• Conhecer os aspectos gerais sobre as teorias biológicas do envelhecimento.

• Conhecer e compreender as teorias estocásticas.

• Conhecer e compreender as teorias sistêmicas.

Introdução
Os aspectos biológicos do envelhecimento estão diretamente ligados às teorias do envelheci-

mento. As teorias formuladas para explicar o processo do envelhecimento são agrupadas em inúme-

ras formas e categorias. De modo geral, todas tentam cobrir os aspectos genéticos, bioquímicos e

fisiológicos de um organismo.

As teorias genéticas apresentam evidências a respeito da identidade de genes responsáveis pelo

envelhecimento, acumulações de erros na estruturação genética, senescência programada e alte-

rações nos telômeros. As teorias bioquímicas estão focadas no metabolismo energético, na geração

de radicais livres e na taxa de sobrevida associada à saúde mitocondrial. As teorias fisiológicas apre-

sentam explicações para a senescência associadas ao sistema endócrino e ao papel dos hormônios

na regulação da taxa de envelhecimento celular.

De modo bastante amplo, quando são analisados os mecanismos moleculares de dano e as limita-

ções celulares, existem três grandes processos pelos quais tais moléculas sofrem comprometimento,

causando senescência ou doenças. O primeiro é secundário a reações químicas intracelulares, seja

como consequência do surgimento de espécies tóxicas de oxigênio, os radicais livres, seja por agen-

tes exógenos como poluentes ou radiação. Uma segunda causa está associada a subprodutos de

componentes da glicose e a seus metabólitos; por fim, há presença de erros espontâneos nos proces-

sos bioquímicos, como a duplicação de DNA, as modificações nos processos de transcrição, a pós-

transcrição, a translação e a pós-translação no âmago celular. Muitas das teorias que serão descritas

se encontram envolvidas em um desses três processos, e algumas delas, em todos eles.

50
Frequentemente, as teorias do envelhecimento são apresentadas em dois grupos: teorias progra-

madas e teorias estocásticas. As programadas são baseadas no conceito de “relógio biológico”, ou seja,

fenômenos delimitados marcando etapas específicas da vida, como crescimento, maturidade, senes-

cência e morte. As teorias estocásticas estão condicionadas a alterações moleculares e celulares, pro-

gressivas e aleatórias, que promovem danos nas estruturas biológicas para manutenção da vida.

Você estudará, a partir de agora, as principais teorias do envelhecimento.

1. Teorias biológicas
As teorias serão divididas em estocásticas e sistêmicas e, posteriormente, será feita uma apre-

sentação de cada uma delas, para que, após as inferências individuais, seja possível uma síntese

integrativa, trazendo a compreensão das teorias biológicas do envelhecimento (Quadro 1).

QUADRO 1 - Classificação das teorias do envelhecimento

Origem da mudança

Teorias estocásticas Teorias sistêmicas

Proteínas alteradas
Teorias metabólicas
Dano e reparo do DNA
Teorias genéticas
Catástrofe do erro
Apoptose
Desdiferenciação
Teorias neuroendócrinas
Dano oxidativo
Teorias imunológicas
Mudanças proteicas

FONTE: Elaborada pela autora.

a. Teorias estocásticas do envelhecimento

As estruturas celulares são capazes de transformar a energia absorvida do ambiente e, em

seguida, modificar esse meio, distribuindo calor e outras formas de energia. Todas as células, guar-

dadas as devidas proporções, são instáveis do ponto de vista termodinâmico. Sua organização

intrínseca está submetida a um contínuo e ininterrupto processo de diversos “ataques” aleatórios

51
– estocásticos – que podem causar, em cada

unidade, uma degradação.

• Teoria do uso e desgaste 


Assimile
Essa teoria do uso e desgaste persiste A teoria do uso e desgaste é considerada uma das
mais antigas teorias precursoras do conceito de fal-
até os dias de hoje sob uma visão princi- ha de reparo. Essa teoria defende a ideia de que o
envelhecimento ocorre como resultado do uso nor-
pal: quanto mais desgaste sofre uma célula, mal do corpo e dos sistemas que o compõem.

maior é o comprometimento em sua habili-

dade de sobrevida. Ao longo do envelheci-

mento celular, são observados inúmeros agravos que promovem uma limitada capacidade de repa-

ração, a qual, com o passar do tempo, é cada vez menor.

• Teoria das modificações proteicas

A produção de proteínas ocorre em duas fases: transcrição do gene que envolve a produção de

RNA mensageiro (mRNA), seguida de translação da mensagem para a produção de proteína. Para

aquelas células que estão em replicação, dividindo-se, há um terceiro passo: a replicação do DNA

que precede as duas etapas anteriores. Erros podem ocorrer em qualquer

uma dessas etapas. Os genes defeituosos, o mRNA e as proteínas são pro-

duzidos de modo inadequado e/ou defeituosos.

Outra importante observação é que a

atividade proteica parece ficar mais lenta



com o envelhecimento, as vias citoplasmá- Exemplificando
Exemplos de proteínas que apresentam algumas
ticas de degradação expressam um proces- das alterações sugeridas são o colágeno e a elasti-
na. Evidências também sugerem que fatores am-
samento inadequado de proteínas. Essas bientais, como exercício e restrição de calorias,
podem inibir o processo de ligações cruzadas em
proteínas pós-tradução se tornam anormais fibras colágenas.

e se acumulam, e, com o passar do tempo,

sua degradação é prejudicial a saúde.

• Teoria da mutação somática e do dano ao DNA

Nessa teoria, a ideia principal é que fatores orgânicos podem causar alterações específicas na

composição do DNA e nas células somáticas. Falha na reparação ou anomalias existentes promovem

52
lesões aleatórias que comprometem a expressão de grandes regiões cromossômicas ou mesmo de

cromossomos inteiros. De forma constante, o DNA celular sofre mais de 10.000 danos por estresse

oxidativo. Se não existissem mecanismos de reparo e regulação adequados, a alteração das bases

nitrogenadas na dupla-hélice ocasionaria erros na transcrição e na tradução proteicas, formando

produtos inadequados e inviabilizando a vida da célula ou levando ao surgimento de tumores.

O DNA pode sofrer dois tipos diferentes de agressões: mutações e danos. Diferentes entre si, o

primeiro refere-se a mudanças nas sequências de polinucleotídios, em que as bases nitrogenadas

sofrem deleções, acréscimos, substituições ou rearranjos. O dano de DNA, por outro lado, refere-se

a qualquer uma das muitas alterações químicas dentro da estrutura bi-helicoidal da molécula; pode

ser causado tanto por fontes exógenas como endógenas, com alterações que modificam ou que-

bram a dupla-hélice ao produzirem irregularidades estruturais no DNA. Os dois poderiam interferir

na expressão gênica e foram postulados também como possíveis mecanismos do envelhecimento,

uma vez que existem correlações significativas entre a taxa de reparação de DNA e o tempo de vida

em diversos organismos.

• Teoria do erro catastrófico

A teoria do erro catastrófico apresenta como fundamentos erros aleatórios e constantes, que

poderiam construir alterações drásticas nas atividades enzimáticas, levando à limitação do funcio-

namento celular e, em nível macro, de todo o organismo. Devido a sua alta habilidade de adaptação,

as células são capazes de se reorganizar, construindo e destruindo elementos constituintes para uma

melhor nutrição e respostas diante de agentes estressores. Assim, se uma proteína defeituosa é pro-

duzida, rapidamente é clivada e substituída por uma cópia saudável, mas podem ficar cada vez mais

frequentes esses erros no processo de envelhecimento.

• Desdiferenciação

Essa teoria se baseia no conceito de que as células diferenciadas têm a habilidade de repressão

seletiva da atividade de genes desnecessários para a sobrevivência. Nessa hipótese, o envelheci-

mento normal ocorreria pelo fato de essas células se desviariam de seu processo de diferenciação.

Mecanismos estocásticos promoveriam ativação ou repressão gênica, causando síntese inadequada

53
de proteínas ou mesmo a síntese de proteínas desnecessárias, que, com o tempo, diminuiriam a ati-

vidade celular e, em consequência, causariam a morte.

• Dano oxidativo e radicais livres

Evolutivamente, os organismos aeróbicos dependem de oxigênio para produção de energia. Em

última instância, a utilização da glicose produz energia na forma de trifosfato de adenosina (ATP).

Entretanto, apesar de essencial para a manutenção da vida aeróbica, o oxigênio é capaz de cau-

sar danos por oxidação, ou seja, retirar elétrons de substâncias inorgânicas ou mesmo de molécu-

las orgânicas como DNA, proteínas e lipídios, causando instabilidade celular.

As espécies reativas de oxigênio são geradas de forma fisiológica e, apro-

ximadamente, 90% delas são produzidas

por mitocôndrias no processo de fosforila-

ção oxidativa. Em situações em que há falta 


Para saber mais
de mecanismos contrarreguladores, a célula Os principais pontos da teoria do dano oxidativo
são: existem inúmeras espécies tóxicas de oxigênio
entra em desequilíbrio. que são produzidas durante o processo de matab-
olização; os metabólitos causam lesões em fosfo-
A teoria de radicais livres é, também, lipídios, proteínas, DNA celular e mitocondrial, e o
estresse oxidativo influencia diretamente o controle
dividida em hipóteses associadas, especial- de transcrição de DNA e a sinalização celular, além
de vias bioquímicas da célula.
mente no papel desempenhado por algu- 

mas organelas citoplasmáticas e nos tipos

de danos sob algumas moléculas durante o

envelhecimento. Mutações no DNA mitocondrial acelerariam as lesões provindas dos radicais livres

por meio da introdução de componentes enzimáticos na cadeia de transporte de elétrons na crista

mitocondrial. Hipóteses também sugerem que os radicais livres promovem oxidação de proteínas

que se acumulam nas células e, uma vez que elas têm reduzida capacidade de degradação, causam,

a longo prazo, disfunções moleculares e falência da célula.

Essa teoria recebe particular atenção por parte da ciência devido a seu alto potencial de interven-

ção. Inúmeras patologias estão associadas a elevadas taxas de oxidação.

54
b. Teorias sistêmicas

As teorias sistêmicas tentam, de certa forma, agrupar o processo de envelhecimento de maneira

encadeada e organizada. Para esse conjunto de teorias, o envelhecimento estaria relacionado ao

declínio dos sistemas orgânicos, desencadeado pela inabilidade de comunicação e adaptação inter e

intracelular do ser vivente com o ambiente em que ele vive. Entretanto alguns sistemas, como o ner-

voso, o endócrino e o imunológico, desempenham um papel fundamental na coordenação de todos

os outros sistemas e de sua forma de interagir uns com os outros, além de terem significativo papel

na defesa contra agentes estressores internos ou externos.

• Teorias metabólicas

Em seus primórdios, as teorias metabólicas envolveram um perfil prático da observação cotidiana.

Animais de grande porte têm, geralmente, maior sobrevida que animais pequenos. Juntamente às

teorias de restrição calórica e de consumo energético, em observações inicialmente feitas no século

19, a premissa pontuada foi que a taxa metabólica de um organismo era inversamente proporcional

a seu peso corporal. Desse modo, longevidade e metabolismo estariam ligados por um nexo causal

em que taxas metabólicas elevadas promoveriam ou estariam associadas a um tempo de vida curto.

Sabe-se que a taxa metabólica basal é algo muito individual. Apesar de apresentar métrica ordi-

nal média para determinada espécie, os fatores associados à sua elevação ou

diminuição são inúmeros. Duas teorias, dentro das teorias metabólicas, ten-

tam explicar o fenômeno metabólico.

• Teorias genéticas

As teorias genéticas afirmam que modi- 


Para saber mais
ficações na expressão gênica seriam res- A teoria da taxa de vida afirma que a longevidade
seria inversamente proporcional à taxa metabólica.
ponsáveis pelas alterações observadas nas A teoria de dano mitocondrial explicita que danos
oriundos das espécies tóxicas de oxigênio sobre a
células senescentes. Nas últimas décadas, mitocôndria promoveriam um declínio das funções
celulares durante o envelhecimento.
achados mostraram que nossos genes têm 
um papel crucial no tempo que uma célula

poderá viver. O papel da Biogerontologia é

55
tentar compreender como esses genes interagem com os fenômenos ambientais, emocionais e ali-

mentares, bem como com o estilo de vida, determinando aumento ou diminuição da velocidade do

envelhecimento celular.

Uma das teorias genéticas amplamente estudadas é a teoria dos telômeros – complexos de DNA-

proteína identificados nas extremidades cromossômicas. É observado que o tamanho dos telômeros

é cada vez menor ao longo das replicações celulares e, quando chegam a um tamanho mínimo, a

proliferação celular é interrompida.

• Teorias neuroendócrinas e imunológicas

O postulado das teorias neuroendrócrinas é de que o envelhecimento seria decorrente de altera-

ções ocorridas nas funções neurais e endócrinas, notadamente no sistema hipotálamo-hipófise-a-

drenal. Esse sistema alterado limitaria a integração das funções orgânicas específicas, levando à

degradação das funções homeostáticas. Os fenômenos inflamatórios crônicos tão observados no

envelhecimento tendem a aumentar algumas substâncias, como o cortisol, que contribuem direta-

mente para resistência à insulina e a suas nefastas complicações. Desde o componente genético até

as expressões ambientais, o sistema imune tem um dos mais largos alcances no envelhecimento.

• Epigenética

A epigenética é conceituada como um conjunto de modificações no genoma que é herdado pelas

gerações subsequentes, mas que não alterou a sequência do DNA. A ciência tem apresentado que

variações não genéticas (ou epigenéticas) apresentadas por determinado organismo ao longo de

sua vida podem ser passadas aos seus descendentes. Hábitos de vida e, inclusive, o ambiente social

podem modificar o funcionamento celular.

• Apoptose

A apoptose, ou morte celular programada, desempenha um papel essencial no remodelamento

celular e na manutenção da vida, sendo considerada um componente vital de vários processos

orgânicos, como: desenvolvimento e funcionamento do sistema imune, desenvolvimento embrio-

nário, turnover celular, dentre outros. A apoptose ocorre normalmente durante o desenvolvimento

dos organismos, assim como na manutenção da homeostase de tecidos e células. Diferentemente

56
do processo de necrose, sem envolvimento de gasto de energia, a apoptose envolve uma cascata

de eventos moleculares bastante complexos caracterizada por alterações bioquímicas e morfológi-

cas, como condensação e fragmentação nuclear, perda das moléculas de adesão da membrana ou

mesmo da matriz extracelular.

Todas as células de organismos multicelulares carregam dentro de si condições necessárias para

causar a destruição de componentes defeituosos. Isso, entretanto, somente se dá a partir de sinais

fisiológicos e desenvolvimentos específicos, atuando diretamente sobre um alvo, o gene, que, por

sua vez, ativa o programa de apoptose celular. Apesar de serem reconhecidas duas rotas princi-

pais que explicam o mecanismo de apoptose – extrínseca e intrínseca –, é cada vez maior o corpo

de evidências que apresenta a sobreposição de ambas e mecanismos que associam citotoxicidade

mediada por células T. A partir das observações, ficou constatado que, para um ser humano adulto,

cerca de 10 bilhões de células são concebidas diariamente apenas para reposição daquelas que

sofreram apoptose para manutenção da homeostase.

Apesar de a apoptose desempenhar um papel reconhecido no envelhecimento, excluindo célu-

las nocivas, modulando potenciais células tumorais ou mesmo executando aquelas com morfologia

alterada pelo papel do tempo, sua relação com o envelhecimento humano

é ainda pouco clara. A taxa de apoptose é alta em células senescentes do

cérebro e dos sistemas cardiovascular, gas-

trintestinal, endócrino e imune. Se existir



uma grande ativação da cascata de apop- Link
Leia atentamente o artigo sobre teorias do envel-
tose, há como consequência uma degenera-
hecimento humano, esses conceitos reforçarão o
ção do tecido lesado, uma redução do pro- conteúdo que estudamos.
FRIES, A. T.; PEREIRA, D. C. Teorias do envelheci-
cesso de apoptose fisiológico, que permite mento humano. Revista Contexto & Saúde, Ijuí, v.
10, n. 20. jan./jun. 2011.
a permanência de células disfuncionais que 

podem contribuir para o envelhecimento ou

as doenças degenerativas e o câncer.

57
Questão para reflexão
Diante dos conceitos acerca das teorias do envelhecimento apresentados neste tema, como pode-

ríamos reduzir as alterações celulares no processo do envelhecimento?

Considerações Finais
Os principais conceitos deste tema foram:

• Teorias programadas são baseadas no conceito de “relógio biológico”, ou seja, fenômenos delimi-

tados marcando etapas específicas da vida, como crescimento, maturidade, senescência e morte.

• Teorias estocásticas estão condicionadas a alterações moleculares e celulares, progressivas e

aleatórias, que promovem danos nas estruturas biológicas para manutenção da vida.

• Teorias sistêmicas estariam relacionadas ao declínio dos sistemas orgânicos, desencadeado

pela inabilidade de comunicação e adaptação inter e intracelular do ser vivente com o ambiente

em que ele vive.

Glossário
DNA - ácido desoxirribonucleico.

ATP- trifosfato de adenosina.

mRNA - RNA mensageiro.

Verificação de leitura

QUESTÃO 1-As teorias _____________ sugerem que fenômenos diversos vindos dessa de-
sordem promoveriam erros em diversos segmentos orgânicos, provocando um declínio fisio-
lógico e estrutural progressivo. Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna.
a) Metabólica.

58
b) Genética.

c) Apoptose.

d) Neuroendócrina.

e) Estocásticas.

QUESTÃO 2-O papel da Biogerontologia é tentar compreender como esses genes intera-
gem com os fenômenos ambientais, emocionais e alimentares, bem como com o estilo de
vida, determinando aumento ou diminuição da velocidade do envelhecimento celular. De
acordo com esse texto, qual teoria está sendo citada?
a) Teorias neuroendócrinas e imunológicas.

b) Epigenética.

c) Apoptose.

d) Teoria Genética.

e) Teoria metabólicas.

QUESTÃO 3-A teoria _______________ persiste até os dias de hoje sob uma visão princi-
pal: quanto mais desgaste sofre uma célula, maior é o comprometimento em sua habili-
dade de sobrevida. Ao longo do envelhecimento celular, são observados inúmeros agravos
que promovem uma limitada capacidade de reparação, a qual, com o passar do tempo, é
cada vez menor. Assinale alternativa que completa corretamente a lacuna
a) do uso e desgaste.

b) das modificações proteicas.

c) da mutação somática.

d) do erro catastrófico.

e) da epigenética.

59
Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.

MENDES, T. A. B. et al. Geriatria e gerontologia. Barueri, SP: Manole, 2014.

NUNES, M. I. et al. Enfermagem em geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2012.

Gabarito
QUESTÃO 1-Alternativa E.
As teorias estocásticas sugerem que fenômenos diversos vindos dessa desordem promoveriam

erros em diversos segmentos orgânicos, provocando um declínio fisiológico e estrutural progressivo.

QUESTÃO 2-Alternativa D.
As teorias genéticas afirmam que modificações na expressão gênica seriam responsáveis pelas

alterações observadas nas células senescentes. Nas últimas décadas, achados mostraram que nos-

sos genes têm um papel crucial no tempo que uma célula poderá viver. O papel da Biogerontologia é

tentar compreender como esses genes interagem com os fenômenos ambientais, emocionais e ali-

mentares, bem como com o estilo de vida, determinando aumento ou diminuição da velocidade do

envelhecimento celular.

QUESTÃO 3-Alternativa A.
A teoria do uso e desgaste persiste até os dias de hoje sob uma visão principal: quanto mais des-

gaste sofre uma célula, maior é o comprometimento em sua habilidade de sobrevida. Ao longo do

envelhecimento celular, são observados inúmeros agravos que promovem uma limitada capacidade

de reparação, a qual, com o passar do tempo, é cada vez menor.

60
5
Aspectos
sociais no
envelhecimento
Objetivos Específicos
• Conhecer os aspectos sociais do envelhecimento.

• Conhecer a feminização da velhice.

• Conhecer as políticas públicas para idoso.

Introdução
A longevidade sempre foi desejada pelo homem. O desenvolvimento tecnológico, os avanços e as

descobertas científicas que ocorrem na área da saúde também contribuem para a conquista da lon-

gevidade. A expectativa de vida cresce ao longo dos últimos anos no Brasil. Estamos vivendo mais,

apesar de todos os contrastes sociais e as desigualdades que ainda encontramos na nossa sociedade.

Serão discutidas, neste capítulo, as mudanças psicossociais próprias da velhice e o preconceito social

que ocorre ao indivíduo que envelhece, impedindo que os idosos reencontrem o seu papel na sociedade.

Além disso, a velhice tem sido associada a perdas e limitações, quando deveria ser encarada como

uma etapa significativa da vida. O contrassenso disso tudo é que o processo do envelhecimento está

sendo avaliado por inúmeros setores da sociedade como um “problema”, dificultando, assim, o pla-

nejamento das ações e o direcionamento das políticas públicas para esse segmento da população.

1. Estigma social do idoso


A sociedade na qual vivemos pode acabar privando o indivíduo envelhecido de algumas situações.

Nela, a velhice é estigmatizada, mediante preconceitos que se fazem presentes. Hoje, são valoriza-

dos o jovem, a juventude eterna, a agilidade, “o belo”, os ideias e os conceitos reforçados pela mídia.

A visão da velhice predominantemente marcada pela passagem dos anos no corpo biológico deixa

de lado aspectos psicossociais e culturais. O processo do envelhecimento, no entanto, envolve múl-

tiplas dimensões, como aspectos psicossociais e culturais.

62
É importante considerarmos alguns fatores individuais, como temperamento, família, saúde, e

fatores sociais, como classe, condições econômicas, tipo de trabalho etc., que interagem e tornam

variável o conceito de envelhecimento. Assim, para mapearmos a diversidade, há de se considerar a

importância da individualidade dos fenômenos sociais, por meio dos quais todos os processos inter-

nos da diferenciação de uma sociedade devem ser percebidos como relevantes, sejam quais forem

(NUNES, 2012 s/p.).

Quando pensamos na velhice e no envelhecimento, é comum não ima-

ginarmos o corpo que envelhece associado aos estigmas que se agregam

à velhice, como o aparecimento de doen-

ças, as limitações físicas que podem surgir,



a necessidade de cuidado e apoio social, a Para saber mais
A visão de um corpo imperfeito – “em declínio”,
interrupção nos relacionamentos sociais. Por
“enfraquecido”, “enrugado” etc. – não avalia só o
corpo, mas sugere imediatamente se ampliar para
conseguinte, há a necessidade de se adaptar
além do corpo, em relação à personalidade, ao pa-
à deterioração da saúde, às perdas, à discri- pel social, ao econômico.

minação pela idade e ao medo de morrer.

Não devemos aceitar simplesmente os

valores que são postos e dados pela sociedade em relação à velhice, mas sim

interrogá-los e problematizá-los. Nessa perspectiva de vida, o tempo não se

subdivide em fases, e o espaço não se reduz

ao das relações sociais instituídas. O que



vemos hoje é que o envelhecimento vem Exemplificando
O envelhecimento influencia a sociedade em
sendo tratado na sociedade contemporânea relação ao consumo, à transferência de capitais,
aos impostos, às pensões, ao mercado de trabalho,
como um problema que requer solução. à assistência médica e social e à organização de
famílias. A mudança do perfil demográfico, cujo
O idoso precisa ter um apoio social, opor- segmento da população acima de 80 anos é o que
mais cresce proporcionalmente às outras faixas
tunidades de educação e aprendizagem etárias, demonstra claramente a necessidade de a
sociedade se reorganizar para prestar um atendi-
permanente, proteção contra a violência e mento digno.

maus-tratos. Com isso, serão estimuladas

63
a saúde, a participação e a segurança à medida que as pessoas envelhecem. Solidão, isolamento

social, analfabetismo, falta de educação, maus-tratos e exposição a situações de conflito aumentam

os riscos de deficiências e morte precoce.

1.1. Trabalho e aposentadoria


A existência de preconceitos em relação ao idoso também tem origem na supervalorização do tra-

balho e da produção na sociedade capitalista. Desse modo, quando o trabalhador se aposenta, perde

o valor. Sabe-se que, por vezes, a sociedade só valoriza o homem pelo que ele produz, quando não

é mais capaz de produzir, ele é excluído e marginalizado.

A aposentadoria é o objetivo final a ser alcançado na vida de todo trabalhador. Ela representa um

marco, um momento de transição e de mudanças na vida do homem, que podem ser positivas ou

negativas no contexto geral da vida do indivíduo. Observamos que há um despreparo do trabalha-

dor para essa transição e, quando se chega à aposentadoria, apesar de toda expectativa e desejo

interiorizado, muitas vezes, percebem-se mais as perdas do que os ganhos, principalmente para o

homem idoso. A ruptura com o ambiente de trabalho e o interesse pela atividade, o afastamento

das amizades e das relações sociais no ambiente de trabalho, a diminuição do poder aquisitivo pela

diminuição do salário, a situação da vida no momento do afastamento e as

condições de saúde do indivíduo são fatos relevantes que interferem dire-

tamente nos aspectos psicológicos e afetivos do idoso. À perda econômica

soma-se, em muitos casos, o sentimento de

baixa autoestima e a desqualificação decor- 


Para saber mais
rente da anulação da identidade profissional.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
Além disso, se um número maior de pes- a maioria das pessoas mais velhas, em todos os
países, continua a representar um recurso vital
soas mais velhas saudáveis aumenta sua para suas famílias e comunidades; continua a tra-
balhar tanto no mercado formal de trabalho quanto
participação na força de trabalho (seja por no informal. Esses idosos precisam ser valorizados
e devem se manter no mercado de trabalho o maior
meio de empregos em horário integral ou tempo possível.

em meio expediente), sua contribuição para

64
as receitas públicas também aumenta. Por fim, em geral, é menos dispendioso prevenir a doença do

que tratá-la.

1.2. Gênero e envelhecimento: a feminização da velhice


As mulheres correspondem a, aproximadamente, dois terços da população acima de 75 anos em

países como Brasil e África do Sul. Apesar dessa vantagem da longevidade para as mulheres, desta-

cam-se os problemas e as desvantagens que elas enfrentam na sociedade, como violência domés-

tica, discriminação social em relação à renda, ao trabalho, à educação, à assistência à saúde e ao

seguro social, e, como consequência dessas desvantagens cumulativas, a mulher tende, mais do que

o homem, a ser mais pobre, apresentar um número maior de deficiências em idade mais avançada

e maior tendência ao isolamento social (FREITAS, 2017 s/p.).

O que se observa é que muitas mulheres chegam à velhice sem apoio,

por viverem sozinhas, com um universo de relacionamento pessoal escasso

ou ausente, necessitando de políticas sociais

específicas e de amparo ao segmento das

mulheres idosas. 
Link
Rede social de apoio ao idoso corresponde Leia a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do
idoso, que têm por objetivo assegurar os direitos
à soma de todas as relações que um indiví- sociais do idoso, criando condições para promover
sua autonomia, integração e participação efetiva
duo percebe como significativas. Essa rede na sociedade.
BRASIL. Lei n.º 8.842, de 4 de janeiro de 1994.
corresponde ao nicho interpessoal da pessoa Planalto - Presidência da República. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8842.
e contribui substancialmente para seu pró- htm>. Acesso em: 21 maio. 2018.
BRASIL. Lei n.o 10.741, de 1º de outubro de 2003.
prio reconhecimento como indivíduo e para Planalto - Presidência da República. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/
sua autoimagem; constitui uma das chaves l10.741.htm>. Acesso em: 21 maio. 2018.
BRASIL. Envelhecimento ativo: uma política de
centrais da experiência individual de identi-
saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da
dade, bem-estar, competência e agencia- Saúde, 2005. Disponível em: <http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.
mento, incluindo hábitos de cuidado da saúde pdf>. Acesso em: 21 maio. 2018.

e capacidade de adaptação em uma crise.

65
Nos países desenvolvidos, as funções

familiares foram gradativamente subs-

tituídas pelo setor público, reduzindo, assim, 


Assimile
o papel central da família como suporte Quando o indivíduo envelhece, observa-se que
essa rede se contrai, ou seja, o número de vínculos
básico dos idosos. Esse fato, porém, não existentes se reduz; as oportunidades para renovar
essa rede social, assim como a motivação para ren-
está representado na maioria dos países ová-lá, diminuem; os processos para a manutenção
da rede se tornam difíceis à medida que a energia
menos desenvolvidos, como no Brasil, em necessária para manter ativos o vínculo diminui e
a acuidade sensorial se reduz. Portanto, os idosos
que a família e, especialmente, os filhos acabam vivendo mais recolhidos nas relações famil-
iares, contam com menos amigos e companheiros,
adultos continuam representando o principal o que, muitas vezes, pode favorecer a solidão, a
depressão, a dificuldade econômica para sobreviv-
arranjo social e apoio para os idosos, inclu- er, a falta de cuidados e apoio para manutenção
da saúde física, consequentemente, favorecendo a
sive pela carência de políticas sociais públi-
redução de sobrevida (MENDES, 2014 s/p).

cas para amparar e proteger esse segmento

da população.

O desejo natural dos seres humanos para se reunirem em agrupamentos relativamente homogê-

neos prosperará no novo milênio, embora, talvez, não exatamente nas formas que vemos hoje. Novos

e promissores sinais de construção de comunidades já estão em circulação no mundo todo. Em mui-

tos países, as pessoas estão lutando para redescobrirem o sentido de viver e trabalhar em conjunto.

Inclusão e participação são palavras que ouvimos com frequência cada vez maior hoje em dia.

Acreditamos que, futuramente, as pessoas poderão viver mais em comunidades, constituídas a

partir do desejo de proximidade que, naturalmente, existe no homem, mas também pelo sentimento

de solidariedade e por necessidade de apoio e ajuda aos indivíduos longevos que vivem sozinhos.

1.3. Políticas públicas e movimentos sociais


As questões sociais do envelhecimento em nossa sociedade, caracterizadas pelos seus múlti-

plos e graves problemas que afetam os idosos em um país subdesenvolvido como o Brasil, deman-

dam ações em diversas áreas. O governo, as organizações internacionais e a sociedade civil devem

amparar o envelhecimento, implementando políticas e programas sociais que melhorem a saúde, a

66
participação e a seguridade dos cidadãos idosos. Tais políticas e programas devem, por sua vez, ser

baseados nos direitos, nas necessidades, nas preferências e nas habilidades dos idosos, valorizando

a sua experiência de vida.

Sabemos que as políticas públicas devem garantir os direitos fundamentais do cidadão descritos

na nossa Constituição Federal (1988), assim como leis e políticas específicas para os idosos devem

garantir os direitos deles na sociedade. A Política Nacional do Idoso (PNI), Lei 8.842/1994, criou nor-

mas para os direitos sociais dos idosos, garantindo autonomia, integração e participação efetiva como

instrumento de cidadania. O objetivo dela foi criar condições para promover longevidade com qua-

lidade de vida, com ações não apenas para os idosos mas para aqueles que também envelhecerão.

Por outro lado, na PNI, não existe poder de punição e penalidades referentes à violência e aos

maus-tratos. Há ausência na ordem de execução. Já o Estatuto do Idoso (Lei n.º 10.741/2003) veio

também reforçar e garantir os direitos fundamentais dos idosos, além de estabelecer ordem de exe-

cução e punição quando desrespeitados esses direitos.

Dentre os direitos dos idosos estabelecidos por essas políticas, destacam- se: habitação, segu-

rança, renda, alimentação, saúde, educação, lazer e cultura, trabalho, desenvolvimento de pro-

gramas específicos para necessidades dos idosos, como os centros de convivência e universidades

para terceira idade, criação de centros e serviços de apoio domiciliar ao idoso que vive só, suporte

aos cuidadores de idosos, assistência à saúde especializada e outros programas. Infelizmente, o que

observamos no cenário atual é que falta agilidade na implantação e na implementação desses pro-

gramas em todo o país.

A participação dos idosos como agentes de mudança na luta para garantir o cumprimento das leis

que os protegem e seus direitos, por meio da participação nos Conselhos Estaduais e Municipais dos

Idosos, é fundamental. Os profissionais da área de gerontologia devem incentivar essa participação

e divulgar entre eles o Estatuto do Idoso e os meios para conseguir os benefícios que esse Estatuto

determina. Devemos lutar para que os idosos possam ter uma velhice digna, oferecendo opções

de suporte e acolhimento e opções de engajamento crítico e criativo no mundo, e não reproduzir a

opressão e a violência veladas a que o idoso está exposto.

67
Questão para reflexão
Após toda a discussão, reflita: como a sociedade se organizará e enfrentará esse fenômeno den-

tro da diversidade de grupos sociais? Que suporte social e institucional teremos para esse novo

futuro dos idosos?

Considerações Finais
Neste tema, estudamos os aspectos sociais no envelhecimento, em que identificamos os princi-

pais pontos:

• estigma do envelhecimento - a visão da velhice predominantemente marcada pela passagem

dos anos no corpo biológico deixa de lado aspectos psicossociais e culturais. O processo do enve-

lhecimento, no entanto, envolve múltiplas dimensões, como aspectos psicossociais e culturais.

• trabalho e aposentadoria - a ruptura com o ambiente de trabalho e o interesse pela atividade,

o afastamento das amizades e das relações sociais no ambiente de trabalho, a diminuição do

poder aquisitivo pela diminuição do salário, a situação da vida no momento do afastamento e as

condições de saúde do indivíduo são fatos relevantes que interferem diretamente nos aspectos

psicológicos e afetivos do idoso. À perda econômica somam-se, em muitos casos, o sentimento

de baixa autoestima e a desqualificação decorrente da anulação da identidade profissional.

• feminização da velhice - destacam-se os problemas e as desvantagens que a mulher enfrenta

na sociedade, como violência doméstica, discriminação social em relação à renda, ao trabalho,

à educação, à assistência à saúde e ao seguro social e, como consequência dessas desvan-

tagens cumulativas, a mulher tende, mais do que o homem, a ser mais pobre, apresentar um

número maior de deficiências em idade mais avançada e maior tendência ao isolamento social.

• políticas públicas - o governo, as organizações internacionais e a sociedade civil devem ampa-

rar o envelhecimento, implementando políticas e programas sociais que melhorem a saúde, a

participação e a seguridade dos cidadãos idosos.

68
Glossário
Política Nacional do Idoso (PNI) - Lei 8.842/1994, para garantir direitos sociais do idoso.

Verificação de leitura

QUESTÃO 1-Quanto ao aspecto social do envelhecimento, analise as assertivas a seguir.

I. A visão da velhice predominantemente marcada pela passagem dos anos no corpo bio-
lógico deixa de lado aspectos psicossociais e culturais.

PORTANTO

II. É importante considerarmos alguns fatores individuais, como temperamento, família,


saúde, e fatores sociais, como classe, condições econômicas, tipo de trabalho etc., que
interagem e tornam variável o conceito de envelhecimento.

Assinale a alternativa correta.


a) I e II estão incorretas.

b) I e II estão corretas, e a II complementa a I.

c) I e II estão incorretas, e a II não complementa a I.

d) I e II estão corretas, mas a II não complementa a I.

e) I e II estão corretas, mas não se complementam.

QUESTÃO 2-A respeito do trabalho e da aposentadoria no envelhecimento, analise as afir-


mativas a seguir.

I. A ruptura com o ambiente de trabalho e o interesse pela atividade leva ao afastamento


das amizades e às perdas de relações sociais no ambiente de trabalho.

69
II. A diminuição do poder aquisitivo pela diminuição do salário, a situação da vida no mo-
mento do afastamento e as condições de saúde do indivíduo são fatos relevantes que
interferem diretamente nos aspectos psicológicos e afetivos do idoso.

III. A perda econômica não afeta a qualidade de vida do idoso, podendo apenas reduzir sua
autoestima.

Após análise, assinale alternativa correta.


a) Apenas a afirmativa I está correta.

b) Apenas a afirmativa II está correta.

c) Apenas a afirmativa III está correta.

d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

e) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.

QUESTÃO 3-Acerca do trabalho e da aposentadoria no envelhecimento, analise as afirma-


tivas a seguir.

A Política Nacional do Idoso (PNI), Lei 8.842/1994, criou normas para os direitos sociais dos ido-
sos, garantindo autonomia, integração e participação efetiva como instrumento de cidadania.

Estatuto do Idoso (Lei n.º 10.741/2003) reforça e garante os direitos fundamentais dos
idosos e estabelece ordem de execução e punição quando desrespeitados esses direitos.

Dentre os direitos dos idosos estabelecidos por essas políticas, destacam- se: habitação,
segurança, renda, alimentação, saúde, educação, lazer e cultura, trabalho, desenvolvi-
mento de programas específicos para necessidades dos idosos.

Após análise, assinale alternativa correta.


a) Apenas a afirmativa I está correta.

b) Apenas a afirmativa II está correta.

c) Apenas a afirmativa III está correta.

d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

e) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.

70
Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.

MENDES, T. A. B. et al. Geriatria e gerontologia. Barueri, SP: Manole, 2014.

NUNES, M. I. et al. Enfermagem em geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2012.

BRASIL. Lei n.º 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Planalto - Presidência da República. Dispo-
nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8842.htm>. Acesso em: 21 maio.
2018.

BRASIL. Lei n.o 10.741, de 1º de outubro de 2003. Planalto - Presidência da República.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm>. Acesso
em: 21 maio. 2018.

71
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa B.
A visão da velhice predominantemente marcada pela passagem dos anos no corpo biológico deixa

de lado aspectos psicossociais e culturais. É importante considerarmos alguns fatores individuais,

como temperamento, família, saúde, e fatores sociais, como classe, condições econômicas, tipo de

trabalho etc., que interagem e tornam variável o conceito de envelhecimento.

QUESTÃO 2-Alternativa D.
A perda econômica afeta a qualidade de vida do idoso, reduzindo a autoestima e estimulando a

solidão.

QUESTÃO 3-Alternativa E.
A Política Nacional do Idoso (PNI), Lei 8.842/1994, criou normas para os direitos sociais dos ido-

sos, garantindo autonomia, integração e participação efetiva como instrumento de cidadania.

O Estatuto do Idoso (Lei n.º 10.741/2003) reforça e garante os direitos fundamentais dos idosos e

estabelece ordem de execução e punição quando desrespeitados esses direitos.

Dentre os direitos dos idosos estabelecidos por essas políticas, destacam- se: habitação, segu-

rança, renda, alimentação, saúde, educação, lazer e cultura, trabalho, desenvolvimento de progra-

mas específicos para necessidades dos idosos.

72
6 Aspectos
cognitivo e
psicológico do
envelhecimento
Objetivos Específicos
• Conhecer os aspectos cognitivos do envelhecimento.

• Conhecer os instrumentos de avaliação cognitiva.

• Conhecer a avaliação das atividades instrumentais da vida diária.

Introdução
O rápido envelhecimento populacional representa um grande desafio, exigindo, atualmente, que

os países desenvolvam toda uma infraestrutura para atenderem às necessidades assistenciais em

todos os níveis.

Além de proporcionar condições financeiras adequadas e desenvolver condições ambientais que apoiem

o envelhecimento ativo, como é amplamente preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é

fundamental que um efetivo sistema de assistência de saúde esteja acessível para a população idosa.

A multiplicação de pacientes portadores de doenças crônico-degenerativas vem impactando a

realidade em todo o mundo. Os idosos constituem um grupo especial, com estilo de vida, rendimen-

tos, condições sociais e de saúde e necessidades bastante diversas do restante da população.

As doenças crônico-degenerativas são comuns nessa faixa etária e requerem acompanhamento

constante, sendo necessária a adequação da avaliação desse idoso. O profissional deve ser prepa-

rado para abordar corretamente o paciente idoso, respeitando as características próprias da faixa

etária, partindo para uma minuciosa avaliação funcional. De acordo com a abordagem ao paciente,

é possível controlar a progressão das doenças crônico-degenerativas, reduzindo o risco de incapaci-

dade e aumentando a expectativa e a qualidade de vida.

1. Avaliação geriátrica ampla


Para uma adequada abordagem ao idoso, foi criado um instrumento de grande abrangência, deno-

minado Avaliação Geriátrica Ampla (AGA), que começou a ser utilizado na década de 1830, por sua

74
criadora, Dra. Marjory Warren, e, posteriormente, foi difundido em todo o mundo. O objetivo foi faci-

litar a avaliação do idoso de maneira ampla, multidimensional e interdisciplinar, buscando reconhecer

as deficiências, as incapacidades e as desvantagens apresentadas por esse idoso, tendo por meta a

determinação de um plano assistencial e de reabilitação, o que evita a institucionalização do idoso.

A avaliação da condição funcional do paciente idoso e, concomitantemente, a qualidade de vida

são importantes objetivos da AGA, que se caracteriza pela utilização de escalas e testes quantitati-

vos. A evidência da presença de declínio funcional pressupõe a existência de doença ligada ao qua-

dro, algumas vezes não diagnosticada e, com frequência, decorrente das manifestações clínicas atí-

picas inerentes a essa faixa etária, constituindo um desafio à pratica clínica.

Com o objetivo de facilitar essa avaliação, foram criados instrumentos capazes de detectar sinais de

demência, delirium, depressão, efeitos colaterais medicamentosos, condições nutricionais, déficit de

ordem visual e auditiva etc., bem como a presença das grandes síndromes geriátricas. O conjunto dos

instrumentos de avaliação — procedimentos, regras e técnicas — visa avaliar o idoso de forma global.

O conhecimento das alterações próprias do envelhecimento é fundamental nessa complexa ava-

liação, resguardando os seus limites fisiológicos, para o estabelecimento das

condições realmente de enfermidade. O envelhecimento é um processo bio-

lógico intrínseco, progressivo, declinante e universal, no qual é possível reco-

nhecer marcas físicas e fisiológicas ineren-

tes. Essas mudanças anatômicas e funcio- 


Para saber mais
nais, próprias do envelhecimento, não são A AGA tem como objetivos principais obter um di-
agnóstico global, desenvolver um plano de trata-
produzidas por doenças e variam de indiví- mento e de reabilitação e facilitar o gerenciamen-
to dos recursos necessários para esse tratamento.
duo para indivíduo. Para tanto, segue três principais pontos: 1) o idoso
propriamente dito; 2) a condição funcional e a qual-
Esses desafios referem-se, principal-
idade de vida, enfaticamente focados; 3) o envolvi-
mente, aos “5 Is da Geriatria” — instabilidade mento de uma equipe interdisciplinar.

cerebral, imobilidade, instabilidade postural,

incontinências e iatrogênicas (como exem-

plo, uso de medicamentos errados) — efetivamente detectados pela AGA, cuja identificação é fun-

damental para a adequação terapêutica e para a prevenção da incapacidade nessa população.

75
A AGA também ajuda a: estabelecer critérios para internação hospitalar ou em instituições de

longa permanência (ILP); orienta adaptações ambientais, reduzindo as hostilidades dos locais em

que os idosos vivem, com a colocação de rampas, adequação de pisos, barras de apoio em corredo-

res e banheiros etc.; avalia o grau de comprometimento, seja mental, motor ou psíquico; estabelece

metas nutricionais e de otimização terapêutica.

Os componentes da AGA foram sendo incorporados aos elementos habituais do exame clínico,

considerando-se a procura de condições específicas comuns nos idosos que podem determinar

importante impacto sobre a função e passarem despercebidas nos exames convencionais.

A OMS conceitua três domínios específicos que definem os objetivos da AGA:

1. deficiência - definida como a perda da estrutura corpórea, aparência ou função de um órgão

ou de um sistema.

2. incapacidade - refere-se à restrição ou à perda de habilidade.

3. desvantagem - dependência, restrições ou perdas sociais e/ou ocupacionais experimentadas

por uma pessoa.

A AGA avalia diversos parâmetros, como capacidade funcional por meio das atividades de vida

diária (AVD) e das atividades instrumentais de vida diária (AIVD), equilíbrio e mobilidade, função

cognitiva, estado nutricional, deficiências sensoriais, condições emocionais e adequação de supor-

tes familiar e social.

Os componentes básicos da AGA incluem: anamnese; avaliação de saúde física, incluindo visão,

audição e incontinência urinária; avaliação nutricional; avaliação funcional; equilíbrio e mobilidade;

avaliações ambiental e social; avaliação da saúde mental.

1.1. Aspectos cognitivos


Entende-se por cognição as várias dimensões da função intelectual: memória (imediata e de evo-

cação), atenção, julgamento, abstração, orientação, linguagem, função executiva (solucionar pro-

blemas), praia (executar gestos em uma sequência adequada) e gnose (habilidade de reconhecer

76
objetos ou pessoas). Delirium, depressão e demência são as condições mais frequentemente asso-

ciadas à deficiência cognitiva.

O delirium (também chamado de estado confusional agudo) é caracterizado por um início abrupto,

um curso flutuante e uma desorganização do pensamento associada à alteração do nível de cons-

ciência e de atenção. As causas são de natureza metabólica (distúrbios hidroeletrolíticos, hiper ou

hipoglicemia, hipóxia ou hipercapnia, insuficiência renal ou hepática, distireoidias, carências vitamí-

nicas, distúrbios do cálcio), infecciosa (infecção urinária, respiratória, sepse), por alterações no sis-

tema nervoso central (estado pós-comicial, hipertensão intracraniana, traumatismo craniano, ence-

falites, meningites, vasculites), por efeito colateral de drogas (antidepressivos, ansiolíticos, álcool,

esteroides) ou, o que é muito comum, por uma conjunção de fatores.

A depressão no indivíduo idoso pode se manifestar clinicamente como um quadro de deficiência

cognitiva. O seu diagnóstico requer a existência de humor depressivo e/ou a perda do interesse ou

do prazer por, no mínimo, duas semanas consecutivas, somada a, pelo menos, quatro dos seguintes

sintomas: ganho ou perda de peso, alteração do sono, agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou

perda de energia, sentimento de desvalorização ou de culpa, dificuldade de concentração e ideias

de morte ou de suicídio. É muito importante a pesquisa de história pessoal ou familiar de depressão.

Uma característica do deprimido são as queixas quanto à falta de memória e as respostas do tipo

“não sei” às questões que compõem os testes de avaliação da função intelectual. Entende-se que

a depressão pode se instalar sobre um quadro de demência pré-existente.

Os critérios diagnósticos de demência são: alteração da memória asso-

ciada à alteração em, pelo menos, outra função cognitiva (linguagem, praxia,

gnosia ou funções executivas). Além disso,

essas alterações devem ter uma repercussão 


Assimile
no dia a dia do paciente e não devem fazer As duas causas mais prevalentes de demência são
a doença de Alzheimer, caracterizada por sua evo-
parte de um quadro de delirium. O uso de um lução gradual, e a demência por múltiplos infartos,
de evolução e desenvolvimento em áreas com arte-
teste de avaliação cognitiva é muito impor-
riopatia e doença cerebrovascular.

tante para o diagnóstico das demências.

77
Para iniciar a avaliação dos quadros de déficit cognitivo, pode-se seguir estes procedimentos:

1. Exame clínico - idade de instalação, modo de instalação (súbito ou insidioso), progressão (gra-

dual ou “em escada”, velocidade), história familiar de demência, fatores de risco cardiovascular,

história de acidente vascular encefálico (AVE) ou ataque isquêmico transitório (AIT), exame neu-

rológico com sinais focais, sinais atuais de depressão, antecedente pessoal ou familiar de depres-

são, consumo de medicamentos, alcoolismo, sinais de quadro confusional agudo (delirium).

2. Verificar Miniexame do Estado Mental (MEEM).

1.2. Instrumentos para avaliação da cognição


A cognição é o processo de aquisição de conhecimento e inclui a atenção, o raciocínio, o pensa-

mento, a memória, o juízo, a abstração, a linguagem etc. As alterações cognitivas podem levar à

perda da autonomia e da progressiva dependência. Por meio da avaliação cognitiva, podem ser iden-

tificadas as principais alterações da saúde mental do idoso – os quadros demenciais e os depressivos.

É importante que os testes de rastreio para avaliação do estado cognitivo sejam simples, rápi-

dos e reaplicáveis, além de dispensarem material complementar e conhecimento especializado para

serem utilizados por toda a equipe interdisciplinar.

Existem várias escalas e testes para a avaliação inicial do estado cognitivo, como o Miniexame do

Estado Mental (MEEM), o Teste de Fluência Verbal e o Teste do Desenho do Relógio, dentre outros.

A utilização da Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage (GDS) serve para rastreio dos casos de

depressão, pois, na população idosa, a depressão frequentemente cursa com alteração cognitiva e

importante incapacidade funcional.

• Miniexame do Estado Mental

É um importante instrumento de rastreio, de fácil e rápida aplicação, avalia os principais aspectos

da função cognitiva.

78
QUADRO 1 - Miniexame do Estado Mental

Ano.
Mês.
Orientação temporal
Dia do mês. 5 pontos
(qual é o..?)
Dia da semana.
Hora.

Local específico.
Local genérico.
Orientação espacial
Bairro ou rua próxima. 5 pontos
(onde estamos?)
Cidade.
Estado.

Nomear 3 objetos e pedir para o paciente repetir: “Carro, vaso,


tijolo”.
Memória imediata 3 pontos
Se ele não conseguir, ensinar até aprender, no máximo, até 6
vezes.

Pedir para o paciente diminuir 7 de 100 (5 vezes sucessivas).


Atenção e cálculo 5 pontos
Alternativa: soletrar a palavra “mundo” na ordem inversa.

Memória de evocação Repetir os 3 objetos nomeados antes. 3 pontos

Mostrar um relógio e uma caneta e pedir para nomear. 2 pontos

Pedir para repetir: “Nem aqui, nem ali, nem lá”. 1 ponto

Seguir o comando de 3 estágios: “Pegue este papel com a mão


3 pontos
direita, dobre-o ao meio e coloque-o no chão.
Linguagem
Ler e executar a ordem: “Feche os olhos”. 1 ponto

Escrever uma frase. 1 ponto

Copiar o desenho.
1 Ponto

FONTE: Freitas (2017, p. 230).

Interpretação: pontuação mínima de acordo com a escolaridade – analfabetos: 20 pontos; 1 a 4

anos de estudo: 25 pontos; 5 a 8 anos de estudo: 26 pontos; 9 a 11 anos de estudo: 28 pontos; supe-

rior a 11 anos de estudo: 29 pontos.

79
• Fluência verbal

A fluência verbal (FV) avalia predominan-

temente a linguagem e a memória semân- 


Exemplificando
tica, além da função executiva. Trata-se de Solicita-se ao paciente relacionar o maior número
de itens de uma categoria semântica (p. ex., fru-
um teste rápido e com notas de corte defi- tas, animais) ou fonêmica (palavras que se iniciam
com determinada letra) em um minuto. Em nosso
nidas pela escolaridade. meio, utiliza-se mais frequentemente a categoria
semântica, nomeando animais/minuto. A interpre-
• Teste do desenho do relógio tação é a contagem do número de itens, excluindo
as repetições, as oposições regulares de gênero (p.
O teste do desenho do relógio (TDR) ava- ex., gato/gata computa apenas 1 e boi/vaca com-
puta 2). O normal, para indivíduos com escolari-
lia as funções executivas, a memória, as
dade menor que 8 anos, é de, no mínimo, 9 itens
e, para indivíduos com escolaridade de oito e mais
habilidades visuoconstrutivas, a abstração e
anos, é de, no mínimo, 13 itens.
a compreensão verbal. Tem a vantagem de 

ser de fácil aplicação. Para realizá-lo, for-

neça ao paciente papel em branco, lápis ou

caneta. Em seguida, solicite ao indivíduo que desenhe um relógio com todos os números e os pon-

teiros marcando 2:45 (duas horas e 45 minutos). Devido à limitação desse teste em indivíduos com

baixa escolaridade, recomenda-se utilizar com aqueles com, no mínimo, 4 anos de escolaridade.

QUADRO 2 - Critérios para avaliação do desenho do relógio

Avaliação: 10 a 6 – desenho do relógio e números corretos

10. Ponteiros estão na posição correta.

9. Leve distúrbio nos ponteiros.

8. Distúrbios mais intensos nos ponteiros.

7. Ponteiros completamente errados.

6. Uso inapropriado dos ponteiros (uso de mostrador digital ou circulando números, apesar de repetidas
instruções).

Avaliação: 5 a 1 – desenho do relógio e números incorretos

5. Números em ordem inversa ou concentrados em alguma parte do relógio. Ponteiros presentes de


alguma forma.

80
4. Distorção da sequência numérica, números faltando ou colocados fora dos limites do relógio.

3. Números e mostrador não correlacionados. Ausência de ponteiros.

2. Alguma evidência de ter entendido as instruções, mas o desenho apresenta vaga semelhança com um
relógio.

Não tentou ou não conseguiu representar um relógio

FONTE: Freitas (2017, p. 230).

• Escala de depressão geriátrica

A GDS é utilizada para rastreio de quadros depressivos em idosos, pois, nessa faixa etária, as

manifestações são muito atípicas. Ela é de fácil aplicação e o paciente tem que replicar questões com

resposta dicotômica sim/não. A versão original é de 30 questões, mas há versões de 15 e menos. A

versão de 15 itens é a mais utilizada em nosso meio, tendo sido validada em nosso país.

Para saber mais: É válido lembrar que os testes tanto para detecção de demência quanto para

depressão têm caráter de rastreio, e não de diagnóstico, devendo-se, então, utilizar os critérios

do Código Internacional de Doenças (CID) e/ou do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos

Mentais (DSM). É possível encaminhar o paciente para testes neuropsicológicos mais elaborados para

confirmar um diagnóstico.

QUADRO 3 - Escala de depressão geriátrica de Yesavage Versão curta (15 itens) - Geriatric Depression

Scale – GDS

Perguntas Sim Não

1.Você está basicamente satisfeito com sua vida? (10,4,1) 0 1

2.Você deixou muitos de seus interesses e atividades? (10,4) 1 0

3.Você sente que sua vida está vazia? 1 0

4.Você se aborrece com frequência? (10) 1 0

5.Você se sente de bom humor a maior parte do tempo? (10) 0 1

6.Você tem medo de que algum mal vá lhe acontecer? 1 0

81
7.Você se sente feliz a maior parte do tempo? (10,4) 0 1

8.Você sente que sua situação não tem saída? (10) 1 0

9.Você prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas? (10,4) 1 0

10.Você se sente com mais problemas de memória do que a maioria? 1 0

11.Você acha maravilhoso estar vivo? 0 1

12.Você se sente um inútil nas atuais circunstâncias? (10) 1 0

13.Você se sente cheio de energia? (10) 0 1

14.Você acha que sua situação é sem esperanças? 1 0

15.Você sente que a maioria das pessoas está melhor do que você? (10) 1 0

Total ___ pontos

FONTE: Freitas (2017, p. 231).

Interpretação: > 5 pontos - sugestiva de

depressão. Nota: as indicações 10, 4 e 1 que

aparecem ao lado das questões indicam os 


Link
itens incluídos na GDS-10 (dez itens), GDS-4 Leia o artigo intitulado “Características biológicas e
psicológicas do envelhecimento”, para ampliar seus
(quatro itens) e GDS-1 (um item). conhecimentos sobre os aspectos psicológicos no
envelhecimento.
MORAES, Edgar Nunes de; MORAES, Flávia Lanna
de.; LIMA, Simone de Paula Pessoa. Características
biológicas e psicológicas do envelhecimento. Rev.
Med. Minas Gerais, 20(1): 67-73, 2010. Disponível:
Questão para reflexão <http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.
br/biblioteca/_artigos/197.pdf>. Acesso em: 22
Reflita acerca de como identificar as maio. 2018.

alterações cognitivas no dia a dia do idoso.

Você, como profissional, poderia fazer uma

avaliação desse idoso de que maneira?

Considerações Finais
Neste tema, estudamos os aspectos sociais no envelhecimento, em que identificamos os princi-

pais pontos:

82
• AGA avalia diversos parâmetros - capacidade funcional por meio das atividades de vida diá-

ria (AVD) e das atividades instrumentais de vida diária (AIVD), equilíbrio e mobilidade, função

cognitiva, estado nutricional, deficiências sensoriais, condições emocionais e adequação de

suportes familiar e social.

• A cognição é o processo de aquisição de conhecimento e inclui a atenção, o raciocínio, o pensa-

mento, a memória, o juízo, a abstração, a linguagem etc. As alterações cognitivas podem levar

à perda da autonomia e à progressiva dependência. Por meio da avaliação cognitiva, podem

ser identificadas as principais alterações da saúde mental do idoso – os quadros demenciais e

os depressivos.

• O delirium (também chamado de estado confusional agudo) é caracterizado por um início

abrupto, um curso flutuante e uma desorganização do pensamento associada à alteração do

nível de consciência e de atenção.

• A depressão no indivíduo idoso pode se manifestar clinicamente como um quadro de deficiên-

cia cognitiva. O seu diagnóstico requer a existência de humor depressivo e/ou perda do inte-

resse ou do prazer por, no mínimo, duas semanas consecutivas, somada a, pelo menos, quatro

dos seguintes sintomas: ganho ou perda de peso, alteração do sono, agitação ou retardo psi-

comotor, fadiga ou perda de energia, sentimento de desvalorização ou de culpa, dificuldade de

concentração e ideias de morte ou de suicídio.

• Existem várias escalas e testes para a avaliação inicial do estado cognitivo, como o Miniexame

do Estado Mental (MEEM), o Teste de Fluência Verbal, o Teste do Desenho do Relógio, a Escala

de Depressão Geriátrica de Yesavage (GDS), que serve para rastreio dos casos de depressão.

Glossário
MEEM: Miniexame do Estado Mental.

GDS: Escala de Depressão Geriátrica.

AGA: Avaliação Geriátrica Ampla.

Praia: executar gestos em uma sequência adequada.

Gnose: habilidade de reconhecer objetos ou pessoas.

83
Verificação de leitura

QUESTÃO 1-Existem várias escalas e testes para a avaliação inicial do estado cognitivo,
como o Miniexame do Estado Mental (MEEM), o Teste de Fluência Verbal, o Teste do De-
senho do Relógio e a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage (GDS). Qual teste avalia
predominantemente a linguagem e a memória semântica, além da função executiva? As-
sinale alternativa correta.
a) Miniexame do Estado Mental (MEEM).

b) Teste de Fluência Verbal.

c) Teste do Desenho do Relógio.

d) Depressão Geriátrica de Yesavage.

e) Teste de Avaliação de Atividade Diária.

QUESTÃO 2-A respeito do domínio específico que define os objetivos da avaliação geriá-
trica ampliada, analise as afirmativas a seguir.

I. Deficiência: definida como a perda da estrutura corpórea, aparência ou função de um


órgão ou de um sistema.

II. Capacidade: refere-se ao aumento da habilidade.

III. Desvantagem: dependência, restrições ou perdas sociais e/ou ocupacionais experi-


mentadas por uma pessoa.

Após análise, assinale alternativa correta.


a) Apenas a afirmativa I está correta.

b) Apenas a afirmativa II está correta.

c) Apenas a afirmativa III está correta.

d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

e) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.

84
QUESTÃO 3-A avaliação cognitiva deve fazer parte da avaliação clínica dos idosos, pois
auxilia na identificação das principais alterações na saúde mental. Uma das escalas mais
comuns para avaliar o estado cognitivo, por sua rapidez e facilidade de aplicação, é o:
a) Miniexame do estado mental.

b) Miniexame de memória alterada.

c) Miniexame cognitivo.

d) Miniexame neurológico.

e) Miniexame do idoso.

Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.

MENDES, T. A. B. et al. Geriatria e gerontologia. Barueri, SP: Manole, 2014.

NUNES, M. I. et al. Enfermagem em geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2012.

85
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa B.
A fluência verbal (FV) avalia predominantemente a linguagem e a memória semântica, além da

função executiva. Trata-se de teste rápido e com notas de corte definidas pela escolaridade.

QUESTÃO 2-Alternativa E.

Deficiência: definida como a perda da estrutura corpórea, a aparência ou a função de um


órgão ou de um sistema.

Incapacidade: refere-se à restrição ou à perda de habilidade.

Desvantagem: restrições ou perdas sociais e/ou ocupacionais experimentadas por uma


pessoa. Na realidade, define dependência.

QUESTÃO 3-Alternativa A.
Existem várias escalas e testes para a avaliação inicial do estado cognitivo, como o Miniexame do

Estado Mental (MEEM), o Teste de Fluência Verbal e o Teste do Desenho do Relógio, dentre outros.

86
7
Aspectos
funcionais do
envelhecimento
Objetivos Específicos
• Conhecer os aspectos funcionais do envelhecimento.

• Conhecer a avaliação das atividades básicas da vida.

• Conhecer a avaliação das atividades instrumentais da vida diária.

Introdução
A avaliação global do idoso tem como objetivo auxiliar no reconhecimento de condições comuns,

na maioria das vezes, atípicas, com vistas ao alcance do melhor desempenho funcional e da quali-

dade de vida. A avaliação gerontológica do idoso permite determinar a existência, a intensidade e o

impacto de determinada condição física, psicológica ou social na vida do idoso.

Esse processo consiste em uma avaliação ampla e multidimensional, é fundamental que seja reali-

zada por uma equipe interdisciplinar, em que cada um de seus componentes avalia conjuntamente o

mesmo idoso, sob várias dimensões. Conforme mencionado anteriormente, a avaliação gerontológica

deve ser abrangente e deve enfocar os aspectos biológicos, psicológicos e sociais, o que justifica a inser-

ção de diversos profissionais na equipe. A avaliação da capacidade funcional do idoso, também conhe-

cida apenas por avaliação funcional, representa o eixo central da avaliação global, visto que, frequen-

temente, o prejuízo funcional é a manifestação comum de muitas condições associadas à senilidade.

Considerando que muitos idosos serão portadores de várias doenças simultaneamente, o con-

ceito de capacidade funcional deve ser incorporado ao conceito de saúde proposto pela Organização

Mundial da Saúde (OMS). Assim, passa a existir um novo paradigma de saúde, que se traduz no

resultado da interação entre saúde física, mental, independência funcional, interação social, suporte

familiar e independência econômica.

Em se tratando de idosos, a capacidade funcional não é a capacidade de funcionamento de ór-

gãos e sistemas, do ponto de vista fisiológico. Entende-­se por capacidade funcional aquela que o

idoso tem para desempenhar atividades da vida diária, básicas e instrumentais, a fim de manter sua

independência no dia a dia, visando à qualidade de vida.

88
FIGURA 1 - Autonomia e independência do idoso

FONTE: Moraes (2008, apud SANTOS, s./d., on-line).

A avaliação funcional é um método sistemático de avaliar a capacidade do idoso no seu ambiente e

fora dele. Existem muitos instrumentos, amplamente utilizados e validados, que avaliam a capacidade

funcional dos idosos. A escolha do instrumento será determinada pela função que se deseja avaliar e

pelo método de avaliação da função. É importante saber e ter conhecimento da necessidade do uso

combinado de instrumentos para que a avaliação multidimensional seja realizada. Assim, mais de um

instrumento de avaliação pode e deve ser utilizado, visando a uma avaliação global.

89
Tendo em vista a existência de condições que são extremamente comuns entre os idosos, essas

condições devem ser avaliadas e inseridas no protocolo de avaliação, com o objetivo de detecção

precoce para promoção da saúde ou mesmo para prevenção. Nesse sentido, para todos os idosos,

deve­m-se avaliar: cognição, visão e audição, estado emocional, mobilidade, continência e estado

nutricional. Outros domínios também devem fazer parte da avaliação inicial do idoso, como a pre-

sença de cuidadores e a possibilidade de negligência, abuso e maus-tratos.

A capacidade funcional é definida como a aptidão do idoso para realizar determinada tarefa que

lhe permita cuidar de si mesmo e ter uma vida independente em seu meio. A funcionalidade do idoso

é determinada pelo seu grau de autonomia e independência. Na figura a seguir, destaca-se a evolu-

ção da capacidade funcional no decorrer da vida.

FIGURA 2: FUNCIONALIDADE X IDADE

FONTE: Moraes (2008, apud SANTOS, s./d., on-line).

90
As atividades básicas de vida diária (ABVD) são aquelas que se referem ao autocuidado, ou seja,

são as atividades fundamentais necessárias para realizá-lo: tomar banho, vestir-se, promover

higiene, transferir-se da cama para a cadeira e vice-versa, ter continência, capacidade de se alimen-

tar e deambular. A incapacidade de executar essas atividades identifica alto grau de dependência e

exige uma complexidade terapêutica e um custo social e financeiro maior.

QUADRO 1 - Atividades básicas de vida diária (ABVD)

Comer
Banhar-se
Cuidados pessoais
Vestir-se
Ir ao banheiro

Andar com ou sem ajuda


Mobilidade Transferir-se da cama para a cadeira e vice-versa
Mover-se na cama

Urinária
Continência
Fecal

FONTE: Freitas (2017, p. 231).

As escalas utilizadas baseiam-se em informações dos pacientes e dos cuidadores e devem ser sim-

ples e de rápida avaliação, podendo ser utilizadas por todos os membros da equipe interdisciplinar.

As escalas mais utilizadas para avaliação das atividades básicas de vida diária (ABVD) no nosso

meio são a Escala de Katz e o Índice de Barthel. A Escala de Katz está incluída na maioria das ava-

liações multidimensionais; sua elaboração é baseada na conclusão de que a perda funcional segue

um padrão igual de declínio, isto é, primeiro se perde a capacidade de se banhar, seguida pela inca-

pacidade de se vestir, de se transferir e de se alimentar e, quando há recuperação, ela ocorre em

ordem inversa.

91
QUADRO 2 - Avaliação das atividades básicas da vida diária – Escala de Katz

1.Tomar banho (leito, banheira ou chuveiro)


( )Não recebe ajuda (entra e sai da banheira sozinho, se esse for o modo habitual de tomar banho). (I)
( )Recebe ajuda para lavar apenas uma parte do corpo (como, por exemplo, as costas ou uma perna). (I)
( )Recebe ajuda para lavar mais de uma parte do corpo, ou não toma banho sozinho. (D)

2.Vestir-se (pega roupa, inclusive peças íntimas, nos armários e nas gavetas e manuseia fecho, inclusive
os de órteses e próteses, quando forem utilizadas).
( )Pega as roupas e veste-se completamente sem ajuda. (I)
( )Pega as roupas e veste-se sem ajuda, exceto para amarrar os sapatos. (I)
( )Recebe ajuda para pegar as roupas ou se vestir, ou permanece parcial ou completamente sem roupa. (D)

3.Uso do vaso sanitário (ida ao banheiro ou a local equivalente para evacuar e urinar; higiene íntima e
arrumação das roupas)
( )Vai ao banheiro ou a lugar equivalente, limpa-se e ajeita as roupas sem ajuda (pode usar objetos para
apoio, como bengala, andador ou cadeira de rodas e pode usar comadre ou urinol à noite, esvaziando-o
de manhã). (I)
( )Recebe ajuda para ir ao banheiro ou a local equivalente, para se limpar, para ajeitar as roupas após
evacuação ou micção, para usar a comadre ou urinol à noite. (D)
( )Não vai ao banheiro ou equivalente para eliminação fisiológica. (D)

4.Transferências
( )Deita-se e sai da cama, senta-se e levanta-se da cadeira sem ajuda (pode estar usando objeto para
apoio, como bengala, andador). (I)
( )Deita-se e sai da cama e/ou senta-se e levanta-se da cadeira com ajuda. (D)
( )Não sai da cama. (D)

5.Continência
( )Controla inteiramente a micção e a evacuação. (I)
( )Tem “acidentes” ocasionais. (D)
( )Necessita de ajuda para manter o controle da micção e evacuação; usa cateter ou é incontinente. (D)

6.Alimentação
( )Alimenta-se sem ajuda. (I)
( )Alimenta-se sozinho, mas recebe ajuda para cortar carne ou passar manteiga no pão. (I)
( )Recebe ajuda para alimentar-se ou é alimentado parcial ou completamente pelo uso de cateteres ou
fluidos intravenosos. (D)

FONTE: Freitas (2017, p. 231).

92
Outra escala muito utilizada mundial-

mente é o Índice de Barthel para avaliação da

independência funcional e mobilidade. Esse 


Exemplificando
Índice avalia dez funções: banhar-se, vestir- Instruções: para cada área de funcionamento lis-
tada a seguir, assinale a descrição que se aplica (a
se, promover higiene, usar o vaso sanitário, palavra “ajuda” significa supervisão, orientação ou
auxílio pessoal): I – independente; D – dependen-
transferir-se da cama para cadeira e vice- te. Interpretação: 0 – independente em todas as
seis funções; 1 – independente em cinco funções e
versa, manter continências fecal e urinária, dependente em uma função; 2 – independente em
quatro funções e dependente em duas funções; 3
capacidade para se alimentar, deambular e – independente em três funções e dependente em
três funções; 4 – independente em duas funções e
subir e descer escadas. Essa escala permite dependente em quatro funções; 5 – independente
em uma função e dependente em cinco funções; 6
ainda uma gradação mais ampla na classifi-
– dependente em todas as seis funções.

cação da dependência, indo desde a depen-

dência total (0 ponto) até a independência

máxima (100 pontos). Originalmente, foi desenvolvida para avaliar o potencial funcional e os resul-

tados do tratamento de reabilitação dos pacientes vítimas de acidente vascular encefálico (AVE),

mas se mostrou muito útil na avaliação de idosos em geral.

QUADRO 3 - Avaliação das atividades básicas de vida diária – Índice de Barthel

Pontuação Atividade

1. Alimentação

10 pontos Independente: capaz de usar qualquer talher. Come em tempo razoável.

5 pontos Ajuda: necessita de ajuda para passar manteiga, usar sal e pimenta etc.

0 ponto Dependente: não consegue levar comida do prato à boca.

2. Banho

5 pontos Independente: capaz de tomar banho (esfregar-se) sozinho, em chuveiro ou banheira.

0 ponto Dependente: necessita de auxílio de outra pessoa para o banho.

3. Vestuário

10 pontos Independente: capaz de pegar as roupas, vestir-se, amarrar sapatos e despir-se.

93
5 pontos Ajuda: necessita de ajuda, mas realiza pelo menos 1/2 das tarefas em tempo razoável.

0 ponto Dependente: necessita de ajuda, não cumpre a condição anterior.

4. Higiene pessoal

5 pontos Independente: capaz de lavar as mãos e o rosto, escovar os dentes e barbear-se sem ajuda.

Dependente: necessita de ajuda de outra pessoa em qualquer das atividades do item


0 ponto
anterior.

5. Evacuações

10 pontos Continente: não apresenta incontinência, consegue usar supositórios ou enemas, sozinho.

Incontinente ocasional: apresenta episódios ocasionais de incontinência (acidentes) ou


5 pontos
necessita de ajuda para uso de supositórios ou enemas.

0 ponto Incontinente: apresenta incontinência fecal.

6. Micção

Continente: não apresenta incontinência; quando necessário, é capaz de lidar sozinho com
10 pontos
sonda vesical ou outro dispositivo.

Incontinente ocasional: apresenta episódios ocasionais de incontinência (acidentes) ou não


5 pontos
consegue lidar, sem ajuda, com sonda vesical ou outro dispositivo.

0 ponto Incontinente: apresenta incontinência urinária.

7. Uso do vaso sanitário

Independente: usa o vaso sanitário ou urinol. Senta-se e levanta-se sem ajuda, mesmo que
10 pontos
use barras de apoio. Limpa-se e veste-se sem ajuda.

5 pontos Ajuda: necessita de ajuda para manter o equilíbrio, limpar-se e vestir-se.

0 ponto Dependente: recebe auxílio direto de outra pessoa ou não desempenha a função.

8. Passagem cadeira-cama

Independente: não necessita de ajuda na transferência. Utiliza-se de cadeira de rodas, faz


15 pontos
tudo sozinho.

10 pontos Ajuda mínima: requer supervisão ou apoio para efetuar transferência.

5 pontos Grande ajuda: capaz de sentar, mas necessita de assistência total para passagem.

0 ponto Dependente: incapaz de se sentar e incapaz de colaborar durante as transferências.

9. Deambulação

Independente: capaz de caminhar sem ajuda pelo menos 50 metros, mesmo com bengalas,
15 pontos
muletas, prótese ou andador.

94
10 pontos Ajuda: capaz de caminhar pelo menos 50 metros, mas necessita de ajuda ou supervisão.

Independente em cadeira de rodas: capaz de manobrar a cadeira de rodas e movimentar-se


5 pontos
por pelo menos 50 metros.

0 ponto Dependente: incapaz de caminhar ou utilizar cadeira de rodas conforme definido.

10. Escadas

Independente: capaz de subir ou descer escadas sem ajuda ou supervisão, mesmo com
10 pontos
muletas, bengalas ou apoio no corrimão.

5 pontos Ajuda: necessita de ajuda física ou supervisão, ao descer e subir escadas.

0 ponto Dependente: incapaz de subir escadas.

FONTE: Freitas (2017, p. 231).

A Interpretação desse índice equivale a:

< 20 pontos - dependência total; 20 a 35



pontos - dependência grave; 40 a 55 pontos Para saber mais
Para uma vida independente e ativa na comuni-
- dependência moderada; 60 a 95 pontos - dade, executando as atividades rotineiras do dia
a dia, o idoso deve usar os recursos disponíveis
dependência leve. no meio ambiente. O conjunto dessas atividades
foi denominado atividades instrumentais da vida
diária (AIVD).

QUADRO 4 - Atividades instrumentais de vida

diária (AIVD)

Dentro de casa Fora de casa

Preparar a comida.
Fazer as tarefas domésticas.
Lavar e cuidar do vestuário. Fazer compras.
Executar trabalhos manuais. Usar os meios de transporte.
Manusear medicação. Deslocar-se (compromissos sociais, religiosos, ir ao médico).
Usar o telefone.
Manusear o dinheiro.

FONTE: Freitas (2017, p. 231).

95
Atividades instrumentais de vida diária (AIVD) estão relacionadas à realização de tarefas mais

complexas, como arrumar a casa, telefonar, viajar, fazer compras, preparar os alimentos, controlar

e tomar os remédios e administrar as finanças. De acordo com a capacidade de realizar essas ativi-

dades, é possível determinar se o indivíduo pode ou não viver sozinho sem supervisão.

A escala de Lawton é uma das mais utilizadas para avaliação das AIVD e foi desenvolvida ava-

liando idosos da comunidade em 1969. A pontuação máxima é de 27 pontos, correspondendo à

maior independência; a pontuação mínima, por sua vez, é de 9 pontos e relaciona-se à maior depen-

dência. Em algumas circunstâncias, deve ser relevada a incapacidade de uma pessoa de realizar

tarefas para as quais não tenha habilidade, como cozinhar, por exemplo, prejudicando a análise de

sua independência.

QUADRO 5 - Avaliação das atividades instrumentais da vida diária – Escala de Lawton

Atividade Pontuação

1. Capacidade para usar o telefone

É capaz de utilizar o telefone por inciativa própria 3

É capaz de responder as ligações, porém necessita de ajuda ou aparelho especial para


2
discar

Completamente incapaz para o uso do telefone 1

2. Compras

É capaz de realizar todas as compras necessárias sem ajuda ou supervisão. 3

Necessita de supervisão para fazer compras. 2

Completamente incapaz de fazer compras, mesmo com supervisão. 1

3. Preparar refeições

É capaz de preparar refeições sem ajuda ou supervisão. 3


É capaz de preparar refeições com supervisão ou ajuda parcial. 2

É incapaz de preparar refeições. 1

4. Tarefas domésticas

É capaz de realizar todo o trabalho sem ajuda ou supervisão. 3

96
É capaz de realizar apenas o trabalho doméstico leve ou necessita de ajuda ou
2
supervisão.

Incapaz de realizar qualquer trabalho doméstico. 1

4.1. Trabalhos manuais e pequenos reparos na casa

É capaz sem ajuda ou supervisão. 3

Realiza pequenos trabalhos com ajuda ou supervisão. 2

Incapaz de realizar trabalhos manuais e pequenos reparos na casa. 1

5. Lavar roupas

É capaz de lavar toda sua roupa sem ajuda ou supervisão. 3

É capaz de lavar apenas peças pequenas ou necessita de ajuda ou supervisão. 2

Incapaz de lavar qualquer peça de roupa. 1

6. Meio de transporte

É capaz de dirigir carros ou viajar sozinho de ônibus, trem, metrô e táxi. 3

Necessita de ajuda e/ou supervisão quando viaja de ônibus, trem, metrô e táxi. 2

Incapaz de utilizar qualquer meio de transporte. 1

7. Manuseio de medicação

É capaz de tomar toda e qualquer medicação na hora e doses corretas sem supervisão. 3

Necessita de lembretes e de supervisão para tomar a medicação nos horários e doses


2
corretas.
1
É incapaz de tomar a medicação.

8. Manuseio de dinheiro

É capaz de administrar seus assuntos econômicos, pagar contas, manusear dinheiro,


3
preencher cheques.

É capaz de administrar seus assuntos econômicos, porém necessita de ajuda com


2
cheques e pagamentos de contas.

Incapaz de lidar com dinheiro. 1

FONTE: Freitas (2017, p. 231).

97
Outra escala muito utilizada para ava-

liação das atividades instrumentais é o

Questionário de Pfeffer para as Atividades 


Para saber mais
Funcionais. Proposto em 1982, comparou A Interpretação da Escala de Lawton perfaz: 9 pon-
tos – totalmente dependente; 10 a 15 pontos – de-
idosos sadios com os que tinham déficit pendência grave; 16 a 20 pontos – dependência
moderada; 21 a 25 pontos – dependência leve; 25 a
cognitivo, portanto, tem grande importân- 27 pontos – independente.

cia no diagnóstico e no acompanhamento

das demências. Apesar de ainda não estar

validado em nosso meio, é muito utilizado para avaliar se o déficit cognitivo é acompanhado de limi-

tações funcionais.

QUADRO 6 - Questionário de Pfeffer para atividades funcionais

Perguntas Pontos

1.Ele(a) é capaz de cuidar do seu próprio dinheiro?

2.Ele(a) é capaz de fazer as compras sozinho (p. ex., de comida e roupa)?

3.Ele(a) é capaz de esquentar água para café ou chá e apagar o fogo?

4.Ele(a) é capaz de preparar comida?

5.Ele(a) é capaz de se manter a par dos acontecimentos e do que se passa na vizinhança?

6.Ele(a) é capaz de prestar atenção, entender e discutir um programa de rádio, televisão ou


um artigo do jornal?

7.Ele(a) é capaz de se lembrar de compromissos e acontecimentos familiares?

8.Ele(a) é capaz de cuidar de seus próprios medicamentos?

9.Ele(a) é capaz de andar pela vizinhança e encontrar o caminho de volta para casa?

10.Ele(a) é capaz de cumprimentar seus amigos adequadamente?

11.Ele(a) é capaz de ficar sozinho(a) em casa sem problemas?

FONTE: Freitas (2017, p. 231).

98
Mostre ao informante as opções e leia as

perguntas. Anote a pontuação: 0 – sim, é

capaz; 0 – nunca o fez, mas poderia fazer 


Assimile
agora; 1 – com alguma dificuldade, mas As atividades avançadas de vida diária (AAVD) são
atividades cotidianas, voluntárias, específicas para
faz; 1 – nunca fez e teria dificuldade agora; cada indivíduo e influenciadas por fatores socio-
culturais, educacionais e motivacionais. São mais
2 – necessita de ajuda; 3 – não é capaz. complexas que as atividades básicas e as instru-
mentais e não estão incluídas na avaliação funcio-
Interpretação: < 6 pontos – normal; ≥ 6 pon- nal do idoso de forma sistematizada. Os exemplos
são dirigir automóvel, praticar esportes, pintar, to-
tos – comprometido. car instrumento musical, participar de serviços vol-
untários ou atividades políticas, dentre outros. Es-
sas atividades não são fundamentais para uma vida
independente, porém demonstram maior capaci-
dade e podem contribuir para melhor saúde física
Questão para reflexão e mental e, por conseguinte, melhor qualidade de
vida. São importantes para avaliação de programas
de promoção à saúde e reabilitação.
Após apresentação dos métodos de ava- 

liação da capacidade funcional, reflita: como

você poderá interferir na melhoria dos resul-

tados, aprimorando a autonomia e a independência desse idoso?

Considerações Finais 
Link
Neste tema, foram destacados os princi- Leia sobre o envelhecimento ativo e a avaliação
funcional do idoso para complementar seu conhe-
pais pontos: cimento.
BRASIL. Envelhecimento ativo: uma política de
• A avaliação funcional é um método saúde Brasília: Organização Pan-Americana da
Saúde, 2005. 60p. Disponível em: <http://bvsms.
sistemático de avaliar a capacidade saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_
ativo.pdf>. Acesso em: 23 maio. 2018.
do idoso no seu ambiente e fora BRASIL. Avaliação funcional do idoso. Secretaria de
Estado da Saúde. São Paulo, 2015. Disponível em:
dele. Existem muitos instrumentos, <http://saude.sp.gov.br/resources/ipgg/homep -
age/banner-central/ipggavaliacaofuncionaldoido-
amplamente utilizados e validados, so.pdf>. Acesso em: 23 maio. 2018.

que avaliam a capacidade funcional

dos idosos.

99
• A capacidade funcional é definida como a aptidão do idoso para realizar determinada tarefa

que lhe permita cuidar de si mesmo e ter uma vida independente em seu meio. A funcionali-

dade do idoso é determinada pelo seu grau de autonomia e independência.

• As atividades básicas de vida diária (ABVD) são aquelas que se referem ao autocuidado, ou

seja, são as atividades fundamentais necessárias para realizá-lo: tomar banho, vestir-se, pro-

mover higiene, transferir-se da cama para a cadeira e vice-versa, ter continência, capacidade

de se alimentar e deambular. A incapacidade de executar essas atividades identifica alto grau

de dependência e exige uma complexidade terapêutica e um custo social e financeiro maior.

• Escala de Katz está incluída na maioria das avaliações multidimensionais. Sua elaboração é

baseada na conclusão de que a perda funcional segue um padrão igual de declínio, isto é, pri-

meiro se perde a capacidade de se banhar, seguida pela incapacidade de se vestir, de se trans-

ferir e de se alimentar e, quando há recuperação, ela ocorre em ordem inversa.

• Índice de Barthel para avaliação da independência funcional e mobilidade. Avalia dez fun-

ções: banhar-se, vestir-se, promover higiene, usar o vaso sanitário, transferir-se da cama

para cadeira e vice-versa, manter continências fecal e urinária, capacidade para alimentar-se,

deambular e subir e descer escadas.

• As Atividades instrumentais de vida diária (AIVD) estão relacionadas à realização de tarefas mais

complexas, como arrumar a casa, telefonar, viajar, fazer compras, preparar os alimentos, con-

trolar e tomar os remédios e administrar as finanças. De acordo com a capacidade de realizar

essas atividades, é possível determinar se o indivíduo pode ou não viver sozinho sem supervisão.

• As atividades instrumentais de vida diária são preparar a comida, fazer as tarefas domésticas, lavar

e cuidar do vestuário, executar trabalhos manuais, manusear medicação, usar o telefone, fazer

compras, usar os meios de transporte, deslocar-se (compromissos sociais, religiosos, ir ao médico).

Glossário
AAVD - atividades avançadas de vida diária.

ABVD- atividades básicas de vida diária.

AIVD - atividades instrumentais de vida diária.

100
Verificação de leitura

QUESTÃO 1-A avaliação multidimensional do idoso tem como objetivo avaliar a capaci-
dade funcional, a saúde física, a função cognitiva e o estado emocional do idoso, dentre
outros domínios. Assinale a escala que avalia as atividades básicas de vida diária.
a) Escala de equilíbrio de Berg.

b) Índice de Katz.

c) Miniexame de estado mental.

d) Escala de depressão geriátrica.

e) Escala de Lawton.

QUESTÃO 2-A escala de __________ é uma das mais utilizadas para avaliação das AIVD
e foi desenvolvida avaliando idosos da comunidade em 1969. A pontuação máxima é 27
pontos, correspondendo à maior independência; a pontuação mínima, por sua vez, é 9
pontos e relaciona-se à maior dependência. Assinale a alternativa que preencha a lacuna
corretamente.
a) atividades avançadas de vida diária.

b) Pfeffer.

c) Barthel.

d) Katz.

e) Lawton.

QUESTÃO 3-A respeito do trabalho e da aposentadoria no envelhecimento, analise as afir-


mativas a seguir.

As atividades básicas de vida diária (ABVD) são aquelas que se referem ao autocuidado,
ou seja, são as atividades fundamentais necessárias para realizá-lo: tomar banho, vestir-
se, promover higiene, transferir-se da cama para a cadeira e vice-versa, ter continência,
capacidade de se alimentar e deambular.

101
A incapacidade de executar essas atividades identifica alto grau de dependência e exige
uma complexidade terapêutica e um custo social e financeiro maior.

As escalas mais utilizadas para avaliação das atividades básicas de vida diária (ABVD) no
nosso meio são a Escala de Katz e o Índice de Barthel.

Após análise, assinale alternativa correta.


a) Apenas a afirmativa I está correta.

b) Apenas a afirmativa II está correta.

c) Apenas a afirmativa III está correta.

d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

e) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.

Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.

MENDES, T. A. B. et al. Geriatria e gerontologia. Barueri, SP: Manole, 2014.

NUNES, M. I. et al. Enfermagem em geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2012.

SANTOS, G. de S. Processo de envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do


idoso. Ebah. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAflb0AB/processo-
-envelhecimento-bases-avaliacao-multidimensional-isoso>. Acesso em: 22 maio. 2018.

102
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa B.
As escalas mais utilizadas para avaliação das atividades básicas de vida diária (ABVD) no nosso

meio são a Escala de Katz e o Índice de Barthel.

A Escala de Katz está incluída na maioria das avaliações multidimensionais. Sua elaboração é

baseada na conclusão de que a perda funcional segue um padrão igual de declínio, isto é, primeiro

se perde a capacidade de se banhar, seguida pela incapacidade de se vestir, de se transferir e de se

alimentar e, quando há recuperação, ela ocorre em ordem inversa.

QUESTÃO 2-Alternativa E.
A escala de Lawton é uma das mais utilizadas para avaliação das AIVD e foi desenvolvida ava-

liando idosos da comunidade em 1969. A pontuação máxima é 27 pontos, correspondendo à maior

independência; a pontuação mínima, por sua vez, é 9 pontos e relaciona-se à maior dependência.

QUESTÃO 3-Alternativa E.
As atividades básicas de vida diária (ABVD) são aquelas que se referem ao autocuidado, ou seja,

são as atividades fundamentais necessárias para realizá-lo: tomar banho, vestir-se, promover

higiene, transferir-se da cama para a cadeira e vice-versa, ter continência, capacidade de se ali-

mentar e deambular.

A incapacidade de executar essas atividades identifica alto grau de dependência e exige uma

complexidade terapêutica e um custo social e financeiro maior.

As escalas mais utilizadas para avaliação das atividades básicas de vida diária (ABVD) no nosso

meio são a Escala de Katz e o Índice de Barthel.

103
8
Envelhecimento
e velhice na
família
Objetivos Específicos
• Conhecer as relações familiares.

• Conhecer o idoso no contexto familiar.

• Conhecer as dificuldades do idoso dentro do contexto familiar.

Introdução
As características e a qualidade das relações familiares refletem a maneira pela qual as famílias

se organizam e se transformam ao longo do tempo, enquanto desempenham suas funções conju-

gais e parentais.

Essas relações dependem das formas de ajustamento vigentes na família no enfrentamento dos

eventos de transição do ciclo de vida familiar. Demandas relativas aos eventos de vida são resolvidas

e negociadas dentro de uma estrutura que envolve papéis, regras, funções e necessidades especí-

ficas; o resultado desses processos modela o curso de vida familiar, o funcionamento dos seus sub-

sistemas e as transferências intergeracionais de recursos.

Pelo fato de ser fonte primária de suporte e o principal recurso potencializador da saúde física

e mental dos idosos que nela convivem, a família ocupa lugar de destaque na agenda social e no

debate político, histórico, sociológico, psicológico e de saúde das sociedades.

Compreender as variações correntes na configuração e no funcionamento da família brasileira

que tem idosos entre seus membros é um desafio que se abre para o atendimento das necessidades

da população e poderá interessar aos gestores e aos profissionais de saúde.

Os sistemas público e privado de saúde são constantemente desafiados a dar respostas eficazes às

necessidades dos idosos, adequando-se aos valores e às práticas culturais e estabelecendo relações

de parceria e corresponsabilidade entre familiares e profissionais. Do ponto de vista teórico, é impor-

tante compreender as relações familiares na velhice e as pressões externas e internas que geram exi-

gências para a adaptação das famílias, pois os padrões de interação podem ser relacionados com o

desenvolvimento e com o curso de diversas condições de saúde física e psicológica dos idosos.

105
1. Velhice no ciclo de vida familiar
O sistema familiar tem uma forma de funcionamento dada por um conjunto invisível de regras

que organiza as interações familiares. Os subsistemas familiares são caracterizados pelo grau de

reciprocidade entre os membros, pelo equilíbrio do poder e pela qualidade afetiva dos relacionamen-

tos; respondem a demandas específicas, associadas ao desempenho das funções conjugais, paren-

tais, filiais e fraternas.

Na estrutura familiar, existe hierarquia, e os níveis de poder se diferenciam segundo o subsistema

ao qual pertencem. A liderança é necessária e, geralmente, é assumida pelo subsistema parental. A

hierarquia envolve a compreensão de como é estabelecida a relação de poder entre pessoas, sub-

sistemas ou gerações e é fundamental para a diferenciação de papéis na família. O padrão de auto-

ridade precisa ser flexível e adaptável ao processo de desenvolvimento dos membros da família,

por exemplo, à medida que os filhos se diferenciam enquanto indivíduos e se tornam autônomos ou

quando os pais se tornam dependentes por motivo de doença física ou mental.

O funcionamento familiar saudável tem como base o relacionamento igualitário do casal (equi-

líbrio de poder) e a superioridade dos pais sobre os filhos. Famílias estressadas têm maior probabi-

lidade de demonstrarem inversão dessa hierarquia, o que pode levar ao colapso no funcionamento

da família.

O curso de vida familiar é de longa duração, contextualizado, multidimensional, sujeito a ganhos

e perdas concorrentes e demarcado por eventos de transição. Seus membros individuais e a famí-

lia como sistema cumprem trajetórias de tarefas evolutivas que se influenciam reciprocamente.

Pressões e tensões podem significar disfuncionalidade momentânea, sinalizando uma nova e mais

complexa integração. Quando a solução dos problemas é impedida ou retardada, podem sobrevir

problemas duradouros de adaptação.

As respostas da família aos eventos de transição da vida de seus membros e do sistema como um

todo dependem da história familiar compartilhada, das normas sociais sobre o significado dos even-

tos, dos comportamentos e dos papéis esperados, das crenças compartilhadas com relação às fases

106
e à duração da vida e à sequência dos eventos. Os eventos de transição costumam gerar estresse

familiar. Geralmente, os membros são capazes de enfrentá-los e superá-los, mas o estresse pode ser

intensificado por conflitos intergeracionais com relação a valores e a expectativas de comportamento.

O estresse nos momentos de transição pode se acumular nas relações entre as gerações. Se

não resolvidas, as dificuldades de adaptação às mudanças e aos processos emocionais subjacentes

podem repetir-se, de maneira que os padrões vinculares disfuncionais observados em uma gera-

ção podem ser transmitidos para as seguintes. Por causa da interdependência dos membros da rede

familiar, o sofrimento psíquico pode ser reativado e revivido no presente, por membros que não

vivenciaram o fato principal. Se, ao longo da história familiar, determinados conflitos são minimiza-

dos ou evitados e as emoções são anestesiadas, uma mudança brusca pode desorganizar o equilíbrio

do grupo, fazendo eclodir uma crise reveladora de sentimentos de ameaça à integridade de cada um

dos membros, associados à percepção de descontinuidade.

Existem três padrões nas relações familiares em que há pessoas idosas envolvidas:

• sincronia entre os eventos de transição da vida de cada membro da família e os eventos de

transição da história social. Na vida individual, os eventos de vida (p. ex., a entrada na escola,

o casamento e a parentalidade) demarcam o envolvimento das pessoas com novos papéis

sociais. Podem demarcar, também, o afastamento de papéis, caso da aposentadoria e da saída

dos filhos de casa para constituir a própria família. A elaboração desses momentos de transição

da vida individual pode ser facilitada ou dificultada por abundância ou por restrição de recursos

financeiros, empregos e oportunidades. Os idosos podem vivenciar fortes sentimentos, quando

seus filhos e netos passam por eventos muito estressantes em comparação aos recursos de

que dispõem para enfrentá-los ou se vivem eventos de transição da vida pessoal (p. ex., casa-

mento e perda do emprego) em momentos de instabilidade política e socioeconômica

• sincronia entre as transições individuais e as do coletivo familiar e como as relações geracio-

nais são afetadas nesse processo. Eventos familiares, como mortes, casamentos, nascimentos

e migrações, propõem novas exigências aos membros do núcleo familiar. A assincronia entre

exigências e os novos papéis e tarefas por elas impostos tende a afetar as relações, por gerar

107
conflitos entre as metas individuais e as necessidades e as regras vigentes na família, afetando

as relações intergeracionais.

• impacto acumulado de acontecimentos anteriores da vida das famílias. As experiências ante-

riores de cada família, moldadas pelos eventos históricos, têm impacto sobre o curso de vida

das gerações seguintes, sobre a disponibilidade de recursos para os membros das famílias e

sobre as habilidades de enfrentamento na velhice.

A velhice é o último estágio do ciclo de vida familiar, caracterizado pelo rompimento com o traba-

lho formal, pela perda de independência/autonomia, pela proximidade da morte e pela vivência do

luto pela perda do cônjuge, de parentes e de amigos. Ao mesmo tempo, há a possibilidade de reen-

contro com o cônjuge, de projeção da continuidade familiar nas futuras gerações, de reestrutura-

ção de papéis familiares e de revisão de vida, de busca de integridade e de busca de significado. As

características e a qualidade desse momento são consequências de como as

fases anteriores foram vividas, dos relacionamentos passados e dos padrões

familiares desenvolvidos para manterem a

integração familiar.

A dependência e a incapacidade resultan- Exemplificando
Homens e mulheres envelhecem de forma diferente.
tes de problemas de saúde física e mental,
A maioria dos idosos atuais foi socializada segun-
do um modelo em que a posição das mulheres nos
a viuvez e a aposentadoria de um membro
relacionamentos era definida pelos homens. Cabia
idoso acarretam consequências no equilíbrio às mulheres a responsabilidade emocional pelos
relacionamentos familiares e o gerenciamento das
da família. O estresse decorrente desses even- relações de intimidade, o que lhes conferia poder
dentro da família. Os homens idosos exercem pa-
tos pode juntar-se com outros, principalmente pel de transmissores de valores, conciliadores,
agregadores e provedores de suporte financeiro.
em contextos de vulnerabilidade social. Mostram-se disponíveis nos momentos de crises e
manifestam desejo de permanecerem na posição de
A viuvez é considerada um dos eventos chefes e de norteadores do comportamento familiar.

de transição mais difíceis, pois é seguida

por reconfiguração e adaptação de papéis e

funções parentais, de chefia e de suporte na família. O processo de luto decorrente da viuvez está

108
associado a maior risco de transtorno mental, com maior número de enfermidades de saúde geral,

com mortalidade aumentada e com mais sintomas depressivos.

A perda do cônjuge adiciona novos problemas ao cotidiano, surge a necessidade de reavaliação do

significado da vida e das metas, tem impacto sobre a identidade e implica se adaptar às novas exigên-

cias na vida prática. A adaptação à viuvez parece ser mais difícil para os relacionamentos com elevados

níveis de proximidade e de dependência instrumental e com baixos níveis de conflitos no casamento.

Os homens costumam ser mais dependentes em termos instrumentais, e as mulheres, em termos

emocionais. Homens e mulheres mais ajustados aprendem mais rapidamente a manejarem o estresse

decorrente da viuvez e das consequentes alterações em papéis e tarefas associados ao gênero.

Na velhice ou no estágio tardio do ciclo de vida familiar, aceitar a mudança dos papéis geracionais

é o principal processo emocional de transição. Os idosos devem apoiar a chamada geração do meio,

formada por filhos, genros e noras, permitindo-lhes maior centralidade no desempenho de papéis

de autoridade.

A recusa em passar parte do controle, a inflexibilidade ou a dificuldade para aceitar a mudança de

papéis ocasionam conflitos e desestabilizam a funcionalidade familiar e pessoal. Muitos idosos relu-

tam em solicitar ou aceitar suporte dos filhos, preferindo permanecer autônomos pelo maior tempo

possível, mesmo quando a necessidade de assistência é real.

Se, por um lado, a interpretação da oferta de ajuda como desnecessária pode ajudar os idosos

a preservarem a autoestima e a autoeficácia, por outro, pode causar conflitos nas relações com os

filhos. No entanto, quando há expectativa de suporte e esta não se realiza, os idosos podem sentir-

se alienados e negligenciados. Se é verdade que as relações intergeracionais ao longo da vida são

caracterizadas por uma tensão entre a autonomia e a dependência, também é verdadeiro que, na

velhice, a saúde dessas relações exige a negociação dos papéis geracionais.

Com o aumento da expectativa de vida e com a diminuição da disponibilidade de jovens para o

cuidado, está aumentando o número de idosos que cuidam de outros idosos, por um período cada

vez mais longo. Cuidar exige a realização de atividades diárias, dar assistência nas crises de saúde,

oferecer conforto emocional, interagir com profissionais de saúde e lidar com conflitos familiares.

109
Idosos com incapacidade física e cog-

nitiva, com problemas emocionais e sem

renda suficiente para o próprio sustento 


Assimile
são os que mais necessitam de cuidados de A funcionalidade familiar é especialmente desafia-
da em situações de doença do idoso. As limitações
longa duração. Embora a família seja a prin- funcionais importantes podem afetar o equilíbrio
da estrutura familiar e a capacidade assistencial da
cipal instituição responsável pelo cuidado, família, além de impor parâmetros às escolhas e às
possibilidades de ação diante dos estressores.
questiona-se se pode desempenhar essa 

tarefa de forma adequada. Uma parte sig-

nificativa de idosos com dificuldades em ati-

vidades instrumentais de vida diária relata não receber ajuda de outros membros da família, o que

significa que suas necessidades básicas não são devidamente atendidas. Por sua vez, as famílias não

contam com programas regulares de apoio formal do governo ou da iniciativa privada sob a forma

de atenção domiciliar, assistência ambulatorial e recursos financeiros. A principal fonte potencial de

apoio dos homens é a cônjuge e, no caso das mulheres, os filhos. No entanto, idosos dependentes

podem viver em arranjos familiares não continentes. Os que vivem sozinhos

ou em casa de parentes são mais vulneráveis à violência familiar e à residên-

cia institucional.

São importantes, também, a capacidade



adaptativa dos familiares diante da doença, Para saber mais
São exemplos de fatores que influenciam a boa fun-
a organização da casa, relações afetivas con-
cionalidade de famílias com idosos que requerem
sistentes, responsáveis e seguras e grande cuidados de longa duração: contar com uma rede
de suporte social informal composta por parentes,
dedicação dos familiares ao idoso. As maio- amigos, voluntários ou grupos religiosos; facilidade
de acesso aos serviços de saúde; recursos comu-
res dificuldades da família dizem respeito à nitários, que possibilitem o acompanhamento reg-
ular do estado de saúde dos idosos.
desorganização emocional, ao luto anteci- 

pado, à sobrecarga do papel de cuidador, à

falta de conhecimento sobre a doença e ao

desajuste familiar, que aumentam com a doença, com a falta de colaboração para o cuidado e com

110
o distanciamento nos relacionamentos. As mulheres estão mais expostas a sentirem insatisfação em

relação à funcionalidade familiar do que os homens idosos.

Quando os idosos não têm doenças nem dependência, a satisfação com a dinâmica familiar e

o bom relacionamento entre os membros da família tornam-se mais prováveis. As exceções geral-

mente incluem os idosos que moram sozinhos e que precisam recorrer a pessoas fora da família e as

famílias cujos membros são todos idosos. Os idosos saudáveis preocupam-se com a dependência, a

doença e a solidão e têm opinião formada sobre as características da pessoa

que gostariam que fosse sua cuidadora.

De modo inverso, é menos provável que o

idoso acredite que receberá ajuda havendo

histórico familiar de conflitos ou de situ- 


Para saber mais
ações relacionais mal resolvidas. Embora A maioria dos idosos esperam ser cuidados por
alguém, especialmente pelas filhas, de modo es-
nenhum tipo de arranjo domiciliar garanta pecial aqueles que moram com o cônjuge e os de-
scendentes e os que têm percepção mais positiva
que os idosos venham a receber a ajuda de de suporte social. Ou seja, os idosos esperam que
as relações de parentesco e a convivência tradu-
que precisam ou que esperam, a percep- zam-se em cuidado e ajuda mútua.

ção de que há pessoas disponíveis para o

suporte contribui para que mantenham sen-

timento de que são valorizados e cuidados.

A assimilação da situação de cuidar, a resolução dos problemas dela advindos e a organização

necessária para o enfrentamento e para a manutenção da trajetória familiar dependem da história

familiar pregressa. As questões afetivas nas relações e as tensões existentes dentro da família ten-

dem a ser exacerbadas pela enfermidade do idoso. A partir da melhor elaboração dos conflitos e

da consolidação de novos arranjos, a família consegue buscar alternativas e novos recursos para o

idoso e para a própria estabilidade.

As famílias em situação de vulnerabilidade social são prejudicadas pela vivência acumulativa de

situações de estresse envolvendo más condições de vida e de trabalho, violência, instabilidade finan-

ceira e suscetibilidade a crises. O ciclo de vida familiar dessas pessoas tende a ser mais truncado,

111
menos delineado, com fases mais curtas e com demarcação mais confusa de papéis. É comum

que seus membros assumam responsabilidades e papéis para os quais ainda não estão preparados

(exemplos: gravidez precoce de netos e perdas repentinas). Para os idosos dessas famílias, as res-

ponsabilidades com filhos e netos não são diminuídas. A aposentadoria representa uma fonte impor-

tante de sustento de toda a família. Muitos continuam trabalhando para sobreviver e o arranjo fami-

liar e domiciliar predominante em regiões mais pobres é o multigeracional. Os idosos são levados a

viverem arranjos com elevado grau de ansiedade, aumentado pelo contexto de pobreza, com mais

dificuldade de atendimento às suas necessidades. São mais vulneráveis às frustrações do dia a dia e

ao desgaste das relações entre as gerações.

A família compreendida como funcional não é aquela caracterizada pela ausência de problemas,

mas sim a que permite o desenvolvimento adequado, saudável ou adaptado de todos os seus mem-

bros. A interação dos membros da família é mediada pela comunicação, pelas trocas de informação

e de suporte, pelo desenvolvimento e pela transmissão de significados.

O sistema familiar busca acordos entre os membros e desenvolve redes para o enfrentamento de

uma variedade de situações estressantes. A família se organiza como uma estrutura de relações com

exigências funcionais, para que todos os seus membros assumam papéis e desempenhem tarefas,

interajam, resolvam problemas, respondam uns aos outros e se comuniquem.

O funcionamento familiar é harmônico quando os papéis e as tarefas são negociados conside-

rando-se as necessidades circunstanciais e a disponibilidade dos membros e quando o grupo familiar

é capaz de responder a solicitações, conflitos e situações críticas, ao mesmo tempo que cumpre suas

funções essenciais. Um funcionamento insatisfatório reflete-se nos membros individuais e na famí-

lia como um todo e no desenvolvimento. Em qualquer fase do desenvolvimento, a funcionalidade

da família reflete-se na capacidade de adaptação e mudança, na capacidade de enfrentar a pressão

social, nos recursos afetivos e na organização de papéis, normas e regras.

O ambiente familiar fornece os fatores protetores e, ao mesmo tempo, pode atuar como uma

fonte de estresse; é moldado pelas histórias individuais e familiares ao longo da vida, as quais deter-

minam diferentes formas de funcionamento e diversificam-se de acordo com os vários estágios do

112
desenvolvimento humano. Esse ambiente

reflete características pessoais e situacio-

nais, necessidades, expectativas e formas 


Link
de suporte determinadas pela situação eco- Leia o texto a seguir acerca do envelhecimento e
da família, para complementar seu conhecimento.
nômica, pela saúde, pela funcionalidade e FIGUEIREDO, T. E.; MOSER, L. Envelhecimento e
família: reflexões sobre a responsabilização famil-
pela afetividade dos seus membros, den- iar, os desafios às políticas sociais e a regulamen-
tação da profissão de cuidador de pessoa idosa.
tro de contextos socioculturais específicos. In: CONGRESSO CATARINENSE DE ASSISTENTES
SOCIAIS, 2013, Florianópolis. Anais… Florianópo-
Nesse contexto, os subsistemas conjugal e
lis, 2013. Disponível em: <http://cress-sc.org.
br/wp - content/uploads/2014/03/Envelhecimen-
parental são aqueles nos quais os adultos
to - e - f a m i l i a - re f l ex % C 3 % B 5 e s - s o b re - a - re s p o n s -
mais se envolvem ao longo do ciclo de vida abiliza%C3%A7%C3%A3o-familiar-os-desafi-
os-as-pol%C3%ADticas-sociais.pdf>. Acesso em:
familiar e são os mais importantes e signifi- 23 maio. 2018.

cativos na velhice.

Situação-problema
Sr. J.T., 78 anos, casado com Sr.ª M.S.T, 75 anos, ambos aposentados, têm 2 filhos, sendo que

o mais velho mora no exterior e a filha mais nova mora próxima a casa dos pais. A filha é casada

e tem 2 filhos, um com 5 e outro com 8 anos e sempre estão em contato com os avôs. O casal de

idosos mora em casa própria, em bairro de classe média e fazem acompanhamento na Unidade do

Programa da saúde da Família no seu bairro.

Frente a esse contexto, você, como profissional, foi realizar uma visita domiciliar para a família

Tavares, o que você avaliaria em relação aos aspectos biológicos, funcionais, cognitivos sociais?

Questão para reflexão


Diante do exposto sobre as novas versões de família, reflita acerca da família e do idoso na

contemporaneidade.

113
Considerações Finais
Neste tema, foram destacados os seguintes pontos:

• padrões de relação familiar - sincronia entre os eventos de transição da vida de cada membro

da família e os eventos de transição da história social. Na vida individual, os eventos de vida

(p. ex., a entrada na escola, o casamento e a parentalidade) demarcam o envolvimento das

pessoas com novos papéis sociais.

• sincronia entre as transições individuais e as do coletivo familiar e como as relações geracio-

nais são afetadas nesse processo. Eventos familiares, como mortes, casamentos, nascimentos

e migrações, propõem novas exigências aos membros do núcleo familiar. A assincronia entre

exigências e os novos papéis e tarefas por elas impostos tende a afetar as relações, por gerar

conflitos entre as metas individuais e as necessidades e as regras vigentes na família, afetando

as relações intergeracionais.

• Impacto acumulado de acontecimentos anteriores da vida das famílias. As experiências ante-

riores de cada família, moldadas pelos eventos históricos, têm impacto sobre o curso de vida

das gerações seguintes, sobre a disponibilidade de recursos para os membros das famílias e

sobre as habilidades de enfrentamento na velhice.

• As famílias em situação de vulnerabilidade social são prejudicadas pela vivência acumulativa

de situações de estresse envolvendo más condições de vida e de trabalho, violência, instabili-

dade financeira e suscetibilidade a crises. Para os idosos dessas famílias, as responsabilidades

com filhos e netos não são diminuídas. A aposentadoria representa uma fonte importante de

sustento de toda a família.

Glossário
Parentalidade: pai e mãe.

Multigeracional: múltiplas gerações.

114
Verificação de leitura

QUESTÃO 1-De acordo com o tema envelhecimento e família, analise as asserções.

I. A família é fonte primária de suporte e o principal recurso potencializador da saúde física


e mental dos idosos que nela convivem.

PORTANTO:

II. Deve-se compreender as variações no funcionamento da família brasileira que tem ido-
sos entre seus membros.

Leia com atenção as assertivas anteriores e assinale a alternativa correta.


a) I e II estão incorretas.

b) I e II estão corretas, e a II complementa a I.

c) I e II estão incorretas, e a II não complementa a I.

d) I e II estão corretas, e a II não complementa a I.

e) I e II estão corretas, mas não se completam.

QUESTÃO 2-Analise as afirmativas a seguir acerca do envelhecimento e da família.

I. Quando os idosos não têm doenças nem dependência, a satisfação com a dinâmica fa-
miliar e o bom relacionamento entre os membros da família tornam-se mais prováveis.

II. As exceções geralmente incluem os idosos que moram sozinhos e que precisam recorrer
a pessoas fora da família e as famílias cujos membros são todos idosos.

III. Os idosos saudáveis preocupam-se com a dependência, a doença e a solidão e têm opi-
nião formada sobre as características da pessoa que gostariam que fosse sua cuidadora.

115
Após análise das afirmativas, assinale alternativa correta.
a) Apenas a afirmativa I está correta.

b) Apenas a afirmativa II está correta.

c) Apenas a afirmativa III está correta.

d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

e) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.

QUESTÃO 3-Analise as afirmativas a seguir, considerando-as verdadeiras ou falsas.


( ) A funcionalidade familiar é especialmente desafiada em situações de doença do idoso.
( ) As limitações funcionais importantes não afetam o equilíbrio da estrutura familiar e a
capacidade assistencial da família.
( ) Idosos com incapacidade física e cognitiva, com problemas emocionais e sem renda su-
ficiente para o próprio sustento são os que mais necessitam de cuidados de longa duração.
Assinale alternativa que corresponde a sequência correta:
a) V, V, V.

b) V, F, V.

c) F, F, F.

d) V, V, F.

e) F, V, V.

Referências Bibliográficas
FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.

MENDES, T. A. B. et al. Geriatria e gerontologia. Barueri, SP: Manole, 2014.

NUNES, M. I. et al. Enfermagem em geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2012.

116
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa B.
A família é fonte primária de suporte e o principal recurso potencializador da saúde física e men-

tal dos idosos que nela convivem. Devem-se compreender as variações no funcionamento da família

brasileira que tem idosos entre seus membros. 1 e 2 estão corretas, e a 2 complementa a 1

QUESTÃO 2-Alternativa E.
• Quando os idosos não têm doenças nem dependência, a satisfação com a dinâmica familiar e

o bom relacionamento entre os membros da família tornam-se mais prováveis.

• As exceções geralmente incluem os idosos que moram sozinhos e que precisam recorrer a pes-

soas fora da família e as famílias cujos membros são todos idosos.

• Os idosos saudáveis preocupam-se com a dependência, a doença e a solidão e têm opinião for-

mada sobre as características da pessoa que gostariam que fosse sua cuidadora.

QUESTÃO 3-Alternativa B.
• A funcionalidade familiar é especialmente desafiada em situações de doença do idoso.

• As limitações funcionais importantes afetam o equilíbrio da estrutura familiar e a capacidade

assistencial da família.

• Idosos com incapacidade física e cognitiva, com problemas emocionais e sem renda suficiente

para o próprio sustento são os que mais necessitam de cuidados de longa duração.

117

Você também pode gostar