Geriatria 4

WBA0566_v1.
ATUAÇÃO MULTI, INTER

E TRANS DISCIPLINAR NA
ATENÇÃO AO IDOSO
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Lamas, Celina de Almeida
L213a Atuação multi, inter e trans disciplinar da atenção do
idoso / Celina de Almeida Lamas.– Londrina: Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2018.
119 p.
ISBN 978-85-522-0645-3
1. Envelhecimento. 2. Atenção ao idoso. I. Lamas, Celina
de Almeida. II. Título.
CDD 610
Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491
2018
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ATUAÇÃO MULTI, INTER E TRANS DISCIPLINAR NA
ATENÇÃO AO IDOSO
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 04
Tema 01 – Conhecendo o idoso e sua saúde 05
Tema 02 – A equipe multiprofissional na atenção ao idoso 20
Tema 03 – Aspectos da gerontologia e a interdisciplinaridade 36
Tema 04 – Atuação da equipe multidisciplinar e interdisciplinar na

atenção ao idoso 51
Tema 05 – O idoso fragilizado e a atuação da equipe multi e

interdisciplinar 67
Tema 06 – A equipe multi e interdisciplinar na atenção ao idoso

institucionalizado 82
Tema 07 – Atuação da equipe multi e interdisciplinar na atenção ao

idoso no domicílio 99
Tema 08 – Desafios da transdisciplinaridade na atenção ao idoso 114
Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso3

Apresentação da disciplina
A disciplina “Atuação Multi, Inter e Transdisciplinar na Atenção ao Idoso”

irá abordar aspectos que envolverão a atuação de uma equipe multipro-
fissional no atendimento à pessoa idosa. Além disso, iremos discutir a im-
portância da interdisciplinaridade dentro desta equipe, bem como aspec-
tos e possíveis estratégias da transdisciplinaridade. O envelhecimento é
um processo complexo que envolve uma série de alterações metabólicas
e sociais que, associadas, irão implicar na saúde da pessoa idosa, sendo
a interdisciplinaridade essencial para que o profissional de saúde possa
apresentar uma visão ampla do atendimento deste grupo populacional.
Dessa forma, iremos inicialmente conhecer o idoso e alguns dos principais
aspectos fisiológicos e sociais que envolvem e afetam sua saúde. Na se-
quência, iremos conhecer e estudar a equipe multiprofissional essencial
no atendimento ao idoso e a importância da interdisciplinaridade neste
processo. Dando continuidade aos conteúdos, será abordado como esta
equipe multiprofissional e interdisciplinar deve atuar na atenção ao idoso
saudável, fragilizado, institucionalizado e em seu domicílio. A disciplina
será finalizada com a apresentação do conceito de transdisciplinaridade,
sua importância na atenção ao idoso e desafios encontrados para a sua
implementação no sistema de saúde. Assim, ao término destas aulas, você
será capaz de descrever a atuação de uma equipe multi e interdisciplinar
na atenção ao idoso, sua importância, bem como possíveis estratégias de
atuação transdisciplinar considerando-se indivíduos idosos.
4 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

TEMA 01
CONHECENDO O IDOSO E SUA SAÚDE
Objetivos
• Definir e entender o que é o processo de envelhe-

cimento;
• Compreender como a transição demográfica exige

alterações no sistema de saúde no Brasil;
• Entender as diferentes alterações sociais e fisiológi-

cas associadas à saúde do idoso.

Introdução
Todos os organismos multicelulares, assim como o homem, apresentam

um tempo limitado de vida, sofrendo alterações fisiológicas com o passar
do tempo. Dessa forma, a vida é dividida em 3 fases principais, sendo:
- Crescimento e desenvolvimento: ocorre o término da formação e desen-

volvimento de órgãos especializados, associados ao desenvolvimento e
aprimoramento de habilidades funcionais;
- Fase reprodutiva: indivíduo adquire capacidade de se reproduzir, garan-

tindo a sobrevivência e evolução da espécie;
- Senescência ou envelhecimento: ocorre redução da capacidade funcio-

nal do organismo.
O processo de envelhecimento é inerente aos seres vivos, sendo biologi-

camente definido como período em que ocorre redução da capacidade
funcional do organismo, associado a um aumento de morbidade e mor-
talidade. Assim, nesta fase, o organismo não consegue mais se adaptar a
alterações típicas deste período, ocorrendo um maior aparecimento de
doenças que culminam em maior taxa de mortalidade. Estas alterações
são progressivas, sendo mais frequentes com o aumento da idade e pro-
movendo efeito acumulativo de alterações funcionais. Isto desencadeia
uma progressiva degeneração dos mecanismos que regulam respostas
celulares e orgânicas frente às agressões externas, gerando o desequilí-
brio do organismo como um todo. Como exemplos destas agressões ex-
ternas tem-se a ação de vírus, radiação, a má alimentação, traumatismos,
entre outras.
Apesar de todas as alterações metabólicas observadas no envelhecimen-

to, que serão mais detalhadamente discutidas a seguir, tem-se observado
um aumento cada vez maior da expectativa de vida no Brasil e no mundo.
Acredita-se que este fato esteja relacionado a melhores condições gerais
de vida observada nos últimos anos. Existe a estimativa de que em 2050

ocorra pela primeira vez no Brasil uma inversão da pirâmide populacio-
nal, onde a população idosa será maior que a população infantil (BRASIL,
2006). Mudanças no padrão de vida da sociedade, havendo um maior
número de mulheres no mercado de trabalho, bem como um custo de
vida mais elevado associado ao maior acesso à saúde e a programas de
prevenção, estão relacionados à maior expectativa de vida, redução da
mortalidade infantil e menor taxa de natalidade. O processo de transição
demográfica é consequência direta destes aspectos supramencionados,
estando associados a uma transição epidemiológica. Com a transição de-
mográfica, o aumento de pessoas idosas foi acompanhado de alteração
no padrão epidemiológico do Brasil, o qual passou a ser representado
por grande prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e doen-
ças neurodegenerativas, como o diabetes, hipertensão arterial, o mal de
Alzheimer e o mal de Parkinson. Este novo perfil patológico exigiu altera-
ções no sistema de saúde, uma vez que estas doenças fazem necessário
o uso mais prolongado destes serviços. Isto resultou em grande desafio
para o sistema de saúde brasileiro, o qual teve que se adaptar a morbida-
des permanentes que exigem acompanhamento constante. Além disso,
fez-se necessária uma abordagem mais ampla que consiste em processo
de diagnóstico multidimensional. Neste caso, passaram a ser abordados
aspectos tanto sociais, relacionados ao ambiente em que o idoso reside,
sua relação com a saúde e familiares, bem como aspectos biológicos, psi-
cológicos e funcionais.
1. Alterações fisiológicas do envelhecimento
Como foi rapidamente destacado, a senilidade envolve uma série de mo-

dificações no organismo que acarretam o desenvolvimento de patologias
mais graves. Sendo assim, veremos agora em detalhe algumas destas al-
terações principais que estão diretamente relacionadas à saúde destes
indivíduos.

PARA SABER MAIS
A fim de tentar explicar como ocorre o aparecimento de alte-
rações fisiológicas com o aumento da idade, foram propostas
uma série de teorias, sendo as principais apontadas abaixo:
• Teoria genética: de acordo com esta teoria cada ser vivo nas-
ce com uma programação gênica que estipula a expectativa
de vida de cada indivíduo, através de alterações bioquími-
cas promovidas pelo próprio genoma;
• Teoria imunológica: esta teoria defende o fato de que o enve-
lhecimento está relacionado à redução da resposta imune,
alterando a interação entre linfócitos e macrófagos, pos-
sivelmente devido ao envelhecimento do timo, tornando o
organismo mais suscetível ao desenvolvimento de doenças;
• Teoria do acúmulo de danos: com o envelhecimento ocorrem
alterações em processos de reparo de proteínas levando a
um acúmulo de moléculas defeituosas, alterando processos
funcionais celulares e consequentemente a homeostase do
organismo;
• Teoria dos radicais livres: esta teoria propõe que durante o
envelhecimento ocorre formação excessiva de radicais livres,
os quais são altamente reativos, sendo capazes de promover
danos intracelulares, alterando a estabilidade do organismo.
Alterações no padrão corporal acarretadas pela redução da taxa metabó-

lica basal associado à perda de massa magra e redução da estatura são
algumas alterações que contribuem para o desenvolvimento de outras
doenças em idosos, como escoliose, artrite e doenças cardiovasculares. A
redução da estatura devido ao achatamento das vértebras e estreitamen-
to dos discos vertebrais pode desencadear graves problemas na coluna
vertebral, sendo mais frequente em mulheres, uma vez que estas apre-
sentam altas taxas de osteoporose.

A obesidade em idosos traz prejuízos diretos à saúde, apresentando gran-
de incidência. Com o envelhecimento é relatada uma mudança no padrão
de gordura, havendo redução da gordura periférica e aumento da gor-
dura visceral (a qual é diretamente relacionada ao desenvolvimento de
doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes e a hipertensão
arterial). Dessa forma, o aumento do peso no envelhecimento é prejudi-
cial, estando relacionado ao desenvolvimento de comorbidades como os-
teoartrite, apneia do sono, diabetes do tipo II, doenças cardiovasculares
e hipertensão arterial.
Apesar disto, a perda de peso também pode ser verificada em pessoas

idosas, estando relacionada a alterações nos órgãos dos sentidos que difi-
cultam a diferenciação de sabores e odores, alterações nos níveis de hor-
mônios que regulam o processo de fome e saciedade, e ao uso excessivo
de medicamentos que prejudicam o paladar, associado ao sedentarismo
e perda de massa magra.
PARA SABER MAIS

Você sabia que a perda de peso característica do envelheci-
mento ocorre mais cedo em homens do que em mulheres?
Resultados de uma pesquisa realizada na população ameri-
cana revelou que em homens o declínio do peso inicia após
os 50 anos, enquanto em mulheres esta redução ocorre so-
mente após os 70 anos. Sendo assim, as mulheres continu-
am aumentando seu peso por 20 anos a mais que homens.
Isso exemplifica a importância de se considerar os pacientes
de forma isolada e de se pensar em terapias para cada indi-
víduo (MATSUDO et al., 2000).
A perda de massa magra durante o envelhecimento ocorre principalmen-

te a partir dos 70 anos. Embora este termo massa magra envolva água, os-
sos e outros órgãos, a musculatura é que apresenta importante redução

neste período (em torno de 40% de perda de massa muscular). A perda
de massa muscular, também conhecida como sarcopenia, pode ocorrer
tanto devido à atrofia muscular quanto à perda de fibras musculares, as-
sociadas à redução na capacidade de regeneração muscular. Além disso,
a redução da musculatura está sempre relacionada à redução da força,
aumento do risco de queda, alteração no equilíbrio, contribuindo para o
aumento da dependência funcional. (MATSUDO et al., 2000)
Atrelada à perda de massa magra, a perda de massa mineral óssea tam-

bém é observada em pessoas idosas e se inicia aos 45 anos em indivíduos
do sexo feminino e a partir dos 60 anos em indivíduos do sexo mascu-
lino. Esta perda óssea varia de 0,3 a 0,5% ao ano, porém em mulheres
no período pós-menopausa esta perda é acelerada ocorrendo de forma
até 10 vezes maior. Dessa forma, a perda de massa magra em homens e
mulheres idosos aumenta o risco de fraturas neste grupo populacional e
reduz sua aptidão a atividades físicas, trazendo prejuízos à saúde como
um todo. (MATSUDO et al., 2000)
Alterações gastrointestinais contribuem para a redução da ingestão ali-

mentar, bem como da absorção de nutrientes em idosos. Com o envelhe-
cimento ocorre uma redução na secreção salivar, dificultando o proces-
so de mastigação e aumentando a incidência de cáries. Além disso, são
observadas modificações na dentição, a utilização de próteses dentárias,
bem como dificuldade de deglutição que prejudicam a maceração e difi-
cultam a ingestão alimentar, podendo predispor estes indivíduos a aspira-
ção de alimentos. A diminuição da motilidade e esvaziamento esofágico,
associados ao maior tempo de esvaziamento gástrico e maior exposição
à secreção ácida, podem desencadear dificuldades na digestão alimentar,
promovendo o aparecimento de gastrites e dificultando a absorção tanto
de nutrientes quanto de medicamentos. É relatado na literatura que com
o envelhecimento observa-se redução na absorção intestinal de vitami-
na B12, vitamina D, ferro, ácido fólico, cálcio, cobre, zinco, associados à
maior absorção de glicose. A deficiência destas vitaminas e minerais pode

promover o desenvolvimento de alterações em idosos como a anemia,
fadiga, aumento do risco de fraturas, e alterações nervosas que podem
provocar dores e quadros de depressão. Além disso, a maior absorção de
glicose pode estar relacionada ao maior risco de desenvolver diabetes.
(FERRIOLI et al., 2016)
A incidência de doenças cardiovasculares em idosos é elevada, sendo a

doença coronariana um destaque dentre as doenças crônicas não trans-
missíveis observadas para este grupo. É relatado que aos 70 anos, 15%
dos indivíduos do sexo masculino e 9% dos indivíduos do sexo feminino
apresentam cardiomiopatia isquêmica. Com o envelhecimento ocorre al-
teração da elasticidade dos vasos sanguíneos, associado a um aumento
da resistência periférica, que contribuem para o desenvolvimento des-
tas doenças. Além disso, outras condições associadas ao envelhecimento,
como a obesidade, sedentarismo, hipertensão arterial e diabetes, contri-
buem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. (ZASLAVSKY
e GUS, 2002)
A insuficiência renal, também observada em idosos, é uma consequência

da redução do ritmo de filtração glomerular observada nestes indivíduos.
Doenças cardiovasculares e hipertensão arterial são considerados fatores
de risco para alterações renais. Esta insuficiência leva a uma redução da
retenção de importantes enzimas, vitaminas e minerais, prejudicando o
metabolismo como um todo. Por exemplo, pode ocorrer um aumento na
excreção de cálcio em pessoas idosas, o que está diretamente relaciona-
do à deterioração óssea.
O envelhecimento é também considerado importante fator de risco ao

desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como as síndromes
demenciais. Estas síndromes são caracterizadas pela redução progressi-
va de funções cognitivas, envolvendo o comprometimento da memória
e promovendo esquecimento de acontecimentos recentes, dificuldade
no processamento de informações novas, além de lapsos de memória
e confusão. Dessa forma, idosos que apresentam demência apresentam

redução do rendimento funcional e dificuldade para desenvolver ativida-
des mais complexas.
LINK
A forma mais comum encontrada de demência no envelhe-
cimento é a Doença de Alzheimer. Apesar de já ter sido estu-
dada e de serem conhecidos alguns fatores que contribuem
para seu desenvolvimento, até o momento são empregados
somente tratamentos paliativos para a doença. No link abai-
xo, vocês poderão encontrar um artigo científico que resu-
me aspectos já conhecidos quanto ao desenvolvimento des-
ta doença e discute o tratamento com produtos naturais na
possível prevenção deste quadro. ROSA, M. O.; MACHADO,
F. S.; FRUSCIANTE, M. R.; GUTIERREZ, L. L. P.; FUNCHAL, C. O
Efeito Protetor do Resveratrol na Doença de Alzheimer.
Revista Brasileira Multidisciplinar, v. 20, n. 1, 2017. Disponível
em: <http://revistarebram.com/index.php/revistauniara/arti-
cle/view/477/394.> Acesso em: 06 fev. 2018.
2. Alterações sociais do envelhecimento
Devido à grande quantidade de alterações fisiológicas decorrentes do

envelhecimento, que em muitos casos reduzem a capacidade funcional
destas pessoas, existe uma tendência geral de considerá-los um grupo de
indivíduos incapacitados, havendo limitação de sua independência. Em
muitos casos este processo é estimulado pelos próprios profissionais de
saúde e pela família.
A busca constante pela melhora física através de tratamentos médicos,

deixa de lado as alterações sociais às quais os idosos estão submetidos
e que interferem diretamente na sua qualidade de vida e na sua saúde.

Dessa forma, o envelhecimento não deve ser encarado como doença e
sim como uma etapa da vida com valores e dificuldades próprios a serem
superados.
ASSIMILE
A definição de saúde é muito complexa, não levando em
consideração somente aspectos fisiopatológicos, principal-
mente considerando-se pessoas idosas. A Organização Pan-
Americana de Saúde (MORAES, 2012) define saúde como
“medida da capacidade de realização de aspirações e da sa-
tisfação das necessidades e não simplesmente como a au-
sência de doenças”. Dessa forma, a presença de alterações
metabólicas no envelhecimento não deve estar atrelada à
restrição de sua participação social, pelo contrário, pessoas
idosas devem ser estimuladas a gerir sua própria vida.
Porém, o contexto em que nossa sociedade está inserida promove difi-

culdades de adaptação para pessoas idosas, uma vez que perdem seu
valor social. O processo de aposentadoria, morte de pessoas próximas,
afastamento da família são alguns fatores que contribuem para que o
idoso não se sinta mais parte da comunidade. Além disso, alterações físi-
cas do aumento da idade como o envelhecimento da pele, perda de den-
tes, alterações neurológicas, alterações na audição e dicção, distúrbios
de locomoção e grandes períodos de internação hospitalar são aspectos
que contribuem para a perda da autoestima e da autonomia neste perío-
do. Estas condições podem agravar o processo saúde-doença em idosos,
promovendo o desenvolvimento de outras alterações como quadros de
depressão e a inapetência, podendo trazer grandes prejuízos para a saú-
de do idoso como um todo.

EXEMPLIFICANDO
A alteração na audição e dicção durante o envelhecimento
promovem alterações na comunicação destas pessoas, con-
tribuindo para a exclusão social. O processo de comunicação
é o que integra uma sociedade e permite a troca de senti-
mentos, experiências e opiniões. Diante disto, o Ministério da
Saúde, em seu Caderno de Atenção Básica considerando-se
Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa (BRASIL, 2006), traz
algumas diretrizes para facilitar o processo de comunicação
com a pessoa idosa, que estão listadas abaixo:
• Usar frases curtas e objetivas;
• Chamar a pessoa pelo seu nome ou pelo nome que esta

preferir;
• Evitar termos que promovam a infantilização, tais como

“vovô”, “querido” ou “lindinho”;
• Sempre pergunte ao idoso se este entendeu bem a

explicação;
• Repita a informação sempre que necessário, alterando a lin-

guagem de forma a se tornar sempre mais claro e acessível;
• Fale de frente, sem esconder a boca;
• Respeite o tempo do idoso. Aguarde a resposta de uma per-

gunta antes de formular outra e não a interrompa.
Diante destas dificuldades, as políticas públicas de saúde devem valorizar

o envelhecimento ativo e saudável, atendendo o conceito de saúde de
uma forma ampla. Devem ser desenvolvidas ações que estimulem a fun-
cionalidade do idoso e que permitam que tenham independência para re-
alizar suas atividades básicas. A promoção de grupos que permitam que

estes indivíduos se sintam parte da sociedade e que tenham um papel
sociocultural a desempenhar é um exemplo de como o sistema de saúde
pode contribuir neste processo. Além disso, o fato de dependerem de
alguém para realizar suas atividades é um dos grandes medos de indiví-
duos durante o envelhecimento, sendo um dos grandes papéis da aten-
ção básica, juntamente com os familiares, postergar este quadro. Assim,
é dever do sistema de saúde contribuir, através de medidas de prevenção
e promoção de saúde, para que pessoas alcancem idades cada vez mais
elevadas de forma saudável.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO

No Caderno de Atenção Básica – Envelhecimento e Saúde da Pessoa
Idosa (BRASIL, 2006) – são descritos, dentre o que já foi comenta-
do, uma série de diretrizes que irão facilitar a relação com a pessoa
idosa e a abrangência necessária para sua compreensão. Qual a im-
portância para o profissional de saúde conhecer o idoso de forma
multidimensional?
3. Considerações finais
• São consideradas pessoas idosas aquelas que passam pelo pro-

cesso de envelhecimento, no qual ocorre redução da capacidade
funcional do organismo de se adaptar às alterações deste período;
• O envelhecimento é marcado por alterações metabólicas que contri-

buem para que haja queda da imunidade e maior fragilidade destes
indivíduos;
• Apesar das fragilidades, pessoas idosas devem ser encorajadas

a buscarem sua independência e se adaptarem a um novo estilo
de vida;

• A equipe de saúde que cuida do idoso deve estar preparada para
entendê-lo em sua forma geral, considerando tanto suas alterações
fisiológicas quanto aspectos sociais, estando de acordo com o con-
ceito de saúde.
Glossário
• Gordura Periférica: gordura acumulada nas pernas, coxas e

glúteos.
• Morbidade: conjunto de fatores que podem levar a uma doença,

os quais podem ser alterações metabólicas, no funcionamento ce-
lular ou agentes externos, etc.
• Senescência: processo de envelhecimento natural, que não com-

promete as atividades da vida diária.
• Taxa metabólica basal: esta taxa reflete a quantidade mínima ne-

cessária de energia para a manutenção das funções vitais de um
organismo em repouso.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 01
1. Envelhecimento é um processo complexo e inerente a to-
dos os seres vivos. Escolha a alternativa que melhor define
alterações metabólicas que podem surgir neste período:
a) Perda de peso devido a um maior consumo energético
e doenças cardiovasculares.
b) Doenças crônicas não transmissíveis como as altera-
ções sensoriais que prejudicam o paladar.

c) Perda de massa óssea e muscular, associado ao au-
mento de doenças crônicas não transmissíveis.
d) dDoenças neurodegenerativas, assim como o diabetes.
e) Obesidade e ganho de massa magra.
2. Analisando as afirmações abaixo, conclui-se que:
I. O envelhecimento é um processo progressivo, que
aumenta com a idade e leva ao acúmulo de danos ao
metabolismo
PORQUE
II. O organismo senil não consegue responder a agres-
sões externas, alterando mecanismos que regulam as
respostas fisiológicas.
a) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é
uma proposição falsa.
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II
não é justificativa da I.
c) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II
é uma justificativa da I.
d) As asserções I e II são proposições falsas, e a II não
justifica a I.
e) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma
proposição verdadeira.
3. A família e muitas vezes os próprios profissionais de saú-
de contribuem para a infantilização do idoso, tornando-o
alheio à própria vida e à sociedade. Este fato pode acarre-
tar uma série de problemas a estes indivíduos, tais como:
I. Inapetência
II. Exclusão social
III. Doenças Crônicas Não Transmissíveis
IV. Depressão

Selecione abaixo a alternativa que contém todas as asser-
tivas corretas:
a) I, II.
b) I, III, IV.
c) I, II, III.
d) I, II, IV.
e) Todas as assertivas estavam corretas.
Referências Bibliográficas
BRASIL (2006). Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento

de Atenção Básica. Caderno de atenção básica. Envelhecimento e Saúde da Pessoa
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FRIES, A. T.; PEREIRA, D.C. Teorias do Envelhecimento Humano. Revista Contexto e
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LIMA, J. S. Envelhecimento, Demência e Doença de Alzheimer: o Que a Psicologia
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MATSUDO, S. M.; MATSUDO, V. K. R.; BARROS NETO, T. L. The Impact of Aging on
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MORAES, E. N. Atenção à Saúde do Idoso: Aspectos Conceituais. Brasilia:
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ZASLAVSKY, C.; GUS, I. Idoso. Doença Cardíaca e Comorbidades. Arquivo Brasileiro
de Cardiologia, v. 79, p. 635-639, 2002.

Gabarito – Tema 01
Questão 1 – Resposta: C
É correto afirmar que a perda de massa óssea e muscular, associada

ao aumento de doenças crônicas não transmissíveis, são alterações
que podem surgir com o envelhecimento. Com o envelhecimento
pode ocorrer uma progressiva perda de peso, principalmente devido
à perda de massa óssea e muscular. Além disso, em idosos, obesos
ou não, pode ocorrer o aparecimento de alterações imunológicas
ou em nível celular que desencadeiem o desenvolvimento de doen-
ças crônicas não transmissíveis como doenças cardiovasculares e o
diabetes.
O processo de envelhecimento é dinâmico e apresenta acúmulo de

danos de acordo com o passar dos anos. Durante este processo o
organismo apresenta dificuldade de se adaptar a uma série de al-
terações (redução do sistema imune, aumento de radicais livres ou
danos genéticos), as quais promovem modificações em nível celular,
gerando futuras disfunções teciduais que prejudicam o organismo
do idoso como um todo e contribuindo ao aparecimento de doenças.
Questão 3 – Resposta: D
São considerados possíveis problemas decorrentes de alterações so-

ciais que ocorrem na vida do idoso: Inapetência, Exclusão social e
Depressão. Dessa forma a alternativa correta corresponde à letra (d):
I, II e IV. O processo de envelhecer envolve uma série de alteração na
vida destes indivíduos como aposentadoria e a perda do valor social.
Dessa forma, quando a família e o sistema de saúde não trabalham
para integrar estas pessoas, estimulando-as a tomarem conta de sua
rotina apesar das dificuldades, alterações como inapetência, exclu-
são social e depressão podem ocorrer.

TEMA 02
A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NA
ATENÇÃO AO IDOSO
Objetivos
• Conhecer o conceito de multidisciplinaridade e sua

importância;
• Conhecer os componentes essenciais para a forma-

ção de uma equipe multiprofissional considerando a
atenção ao idoso;
• Entender o papel de cada profissional na atenção ao

idoso.

Introdução
Existem diversas práticas disciplinares que podem ser aplicadas em

uma série de aspectos da realidade, assim como no sistema de atenção e
cuidado, as quais podem ser: a multidisciplinaridade, interdisciplinarida-
de, transdisciplinaridade e a prática pluriauxiliar. Neste capítulo iremos
entender importantes aspectos relacionados à multidisciplinaridade na
atenção ao idoso: como devem ser formadas as equipes profissionais de
acordo com este conceito e sua relevância. De forma geral, a multidisci-
plinaridade é definida como uma prática de produção de saber formada
por diversas áreas de conhecimento, que atuam ao mesmo tempo e em
direção a um único sentido. Porém, neste conceito, estas diferentes áre-
as atuam de forma isolada, sem que haja compartilhamento de informa-
ções, sem cooperação e sem deixar transparecer as relações entre elas.
Este sistema é consequência de um processo histórico de divisão do tra-
balho, onde este estava relacionado à detenção do conhecimento como
forma de poder. Neste sentido, o processo de formalização das diferentes
profissões ocorreu como forma de reivindicar conhecimentos e respon-
sabilidades específicos de cada área. Com o tempo, o desenvolvimento
de legislações e organizações como os sindicatos e conselhos regionais
contribuíram para fixar barreias de conhecimentos e, consequentemen-
te, de pensamento (MOTTA, 2010). Nós já estudamos que o processo de
envelhecimento por si só é considerado um fator de risco para o desen-
volvimento de múltiplas morbidades, principalmente as doenças crônicas
não transmissíveis como as doenças cardiovasculares, diabetes e doenças
neurológicas. Estes quadros patológicos apresentam causas multivaria-
das e exigem longos tratamentos, além de permitirem que estes indivídu-
os convivam com estas doenças durante muitos anos. Diante deste con-
texto, a abordagem tradicional baseada no trabalho do médico, na qual o
paciente chega com um problema e o médico o resolve por meio de um
único diagnóstico é inviável no tratamento do idoso. Dessa forma, a aten-
ção ao idoso deve envolver o acompanhamento constante com equipes

multidisciplinares que possam entender a saúde destas pessoas de forma
ampla, fazendo intervenções constantes que promovam a qualidade de
vida desta população. Além disso, o trabalho destas equipes deve envolver
não somente o tratamento destas doenças, mas devem apresentar tam-
bém uma atuação preventiva, considerando aspectos biológicos e sociais
dos idosos. Porém, uma vez instalada a doença, a equipe deve trabalhar
no sentido de promover a estabilização do quadro para que o paciente
possa ter qualidade de vida e conviver com seu estado de saúde. As ações
desenvolvidas devem visar a promoção da saúde, cuidado e o estímulo à
autonomia. O desenvolvimento do autocuidado é essencial para os ido-
sos, uma vez que associado ao apoio social estimulam a autoconfiança e
a cidadania, respeitando direitos sociais destes indivíduos.
1. Componentes da equipe multiprofissional na

atenção ao idoso
Como estudado anteriormente, as morbidades desenvolvidas no enve-

lhecimento apresentam caráter multifatorial. Podem ser desencadeadas
como consequência de diversos aspectos, tais como: má nutrição (rela-
cionadas tanto ao excesso quanto à perda de peso), alterações na denti-
ção que dificultam a ingestão alimentar, alterações no padrão de massa
magra, metabolização de glicose alterada, alterações gástricas que pre-
judicam no processo de digestão e absorção de alimentos, alterações re-
nais e cardiovasculares, bem como resultado de alterações psicossociais,
entre outras. Dessa forma, o acompanhamento de pessoas idosas deve
abranger diversas esferas de saúde a fim de promover qualidade de vida
de forma geral. Assim, a equipe multiprofissional que atende este grupo
populacional deve ser composta por profissionais variados, como: nutri-
cionistas, psicólogos, assistentes sociais, farmacêuticos, fisioterapeutas,
terapeutas ocupacionais, enfermeiros, dentistas e médicos. A partir deste
momento, iremos estudar o papel de cada profissional neste processo de
atendimento multidisciplinar.

Grande parte das doenças crônicas não transmissíveis apresentam rela-
ção direta com os maus hábitos alimentares, como a obesidade, doenças
cardiovasculares e diabetes. Dessa forma, a grande incidência destas pa-
tologias na população idosa atualmente torna indispensável a presença
de um profissional da área de nutrição nesta equipe. Cabe a este profis-
sional avaliar o estado nutricional destas pessoas, promover alimentação
saudável como forma de tratamento ou prevenção, adequar aspectos
nutricionais dos indivíduos com relação à ingestão de macro e micronu-
trientes, além de propor alternativas e propiciar novas experiências ali-
mentares. Assim como a obesidade, a magreza acentuada também traz
malefícios à saúde, dessa forma, através de uma alimentação saudável e
variada, os idosos devem ser estimulados a buscarem um peso saudável.
É importante que o peso atingido não proporcione o desenvolvimento de
outras comorbidades, como por exemplo do diabetes no caso do sobre-
peso ou sarcopenia devido à magreza intensa.
Porém o processo de alimentação é muito complexo e envolve outras

variáveis além da necessidade de nutrientes, como: o prazer, a família,
recordações e a cultura de cada um. Os idosos de hoje em dia viveram em
um país com estrutura mais rural, onde apresentavam forte ligação com
o alimento, desde sua produção até o seu preparo. Assim, muitos destes
indivíduos relatam desconhecimento e insegurança frente ao que comem
hoje em dia, além de estarem expostos à grande variedade de opções.
Diante disto, é papel do profissional de nutrição esclarecer estas pessoas
quanto à importância de todos os grupos alimentares, quanto aos novos
produtos, deixar claro diferenças importantes principalmente relaciona-
das a alguma doença específica, explicar como realizar a leitura de rótulos
de alimentos, valorizar a cultura e experiência de vida de cada paciente na
elaboração de um plano alimentar.

PARA SABER MAIS
A Universidade Estadual do Rio de Janeiro desenvolve um pro-
jeto chamado “Nutrição, envelhecimento e saúde”. Através
de uma oficina de produção de texto chamada Memória e
Alimentação, convidam idosos entre 60 e 80 anos a desen-
volverem narrativas que relacionem sua história de vida, sua
cultura, aspectos familiares, festas, a aspectos alimentares
como o acesso ao alimento, preparo, crenças e saúde. A ideia
deste projeto é entender, através de pequenos trechos de
descrições, como se desenvolveu o processo de transforma-
ção da saúde, economia, urbanização, do papel da mulher
na cozinha e do próprio processo de alimentação, inserindo
estas alterações em um contexto social que permita identifi-
car a cultura alimentar como formadora de identidade. Além
disso, contribui para que os idosos participantes possam re-
construir a própria identidade, bem como seu lugar e sua re-
lação com a sociedade. (SANTOS, 2010)
A acentuada ingestão de medicamentos durante o envelhecimento, as-

sociada ao aumento de incapacidades físicas que dificultam a realização
de hábitos de higiene, contribui para alterações dentárias neste período.
Além disso, o envelhecimento está relacionado a modificações que con-
tribuem para o aparecimento de cáries, periodontites, tártaro e mau háli-
to. Dessa forma, o profissional dentista apresenta importante atuação na
equipe multiprofissional na atenção ao idoso. Quando não tratadas, estas
doenças podem levar ao desenvolvimento de inflamações de garganta e
no aparelho gastrointestinal, reumatismo, entre outras doenças. É muito
comum que a remoção dos dentes seja um resultado destes maus hábi-
tos, podendo acarretar a necessidade do uso de prótese e problemas de
interação social. Dessa forma, cabe ao dentista orientar de forma clara
e repetida o idoso e sua família com relação às formas de prevenção de
doenças bucais.

PARA SABER MAIS
O processo de multidisciplinaridade é ainda aplicado em
muitas esferas da sociedade, não somente no sistema de
atenção à saúde. Um importante exemplo desta aplicação
pode ser observado no currículo da maioria das escolas tra-
dicionais. Pode-se verificar que estas apresentam o ensino
fragmentado em várias disciplinas, estudando-se elementos
semelhantes em diferentes matérias, sem que seja realizada
a integração destes conhecimentos. Neste caso, cada disci-
plina apresenta a parte que lhe cabe com relação a um certo
conteúdo, porém o próprio aluno é o responsável por esta-
belecer as relações entre eles. Atualmente, a eficiência deste
sistema já foi contestada, uma vez que não apresenta tanta
eficácia na interiorização e assimilação do conhecimento.
O comprometimento cognitivo, demência, quadros de depressão, distúr-

bios de ansiedade, entre outras alterações psicológicas e sociais do enve-
lhecimento, tornam essencial a presença de psicólogos, psiquiatras e/ou
neurologistas na equipe multidisciplinar. Através de exames diagnósticos
da neuropsicologia é possível a identificação do estágio pré-clínico das
alterações cognitivas, sendo possível orientar o programa de reabilitação.
Dentre as funções destes profissionais está a promoção da reabilitação
neuropsicológica, a qual deve ocorrer por meio de um processo tera-
pêutico que foque na recuperação (estimulo à função neurológica que
foi acometida) e na compensação (estimular outras capacidades que não
foram comprometidas). Este processo deve sempre considerar questões
emocionais, sociais e o contexto em que este idoso está inserido.
O processo de envelhecer promove necessidade de adequação social,

uma vez que passam tanto por alterações físicas (por exemplo o apareci-
mento de rugas e perda da dentição, como já foi discutido) quanto sociais

(como a aposentadoria e aumento da incapacidade). Assim, a atuação do
psicólogo de estimular a autoestima, a criação de vínculos, a realização de
terapias em grupo utilizando-se atividades lúdicas e artísticas, contribui
para que o idoso possa enfrentar esta etapa da vida.
LINK
O projeto “Universidade Aberta da Terceira Idade – UnATI” da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro, existe desde 1993, e
representa um importante programa de inserção da popula-
ção idosa na sociedade. A UnATI visa melhorar a saúde física
e social de idosos, oferecendo seminários, fóruns, encontros,
cursos e festas, entre outras atividades, de forma gratuita.
No link abaixo vocês poderão conhecer um pouco mais des-
te programa e da sua contribuição para a saúde do idoso.
Universidade Aberta da Terceira Idade. 2018. Disponível em:
<http://unatiuerj.com.br/index.php>. Acesso em: 14 fev. 2018.
Neste contexto, a enfermagem é uma ciência que apresenta papel cru-

cial no processo de estímulo ao autocuidado em pessoas idosas. O medo
da dependência e da hospitalização durante o envelhecimento torna o
cuidado do enfermeiro essencial. Este profissional deve estimular a parti-
cipação da família e do próprio idoso neste processo, promovendo escla-
recimento sobre dúvidas e suas limitações, além de orientar quanto aos
cuidados necessários buscando sempre a dependência mínima. O enfer-
meiro deve levar em consideração a pessoa, sociedade/meio em que está
inserida, além de sua saúde. A partir destes conceitos, deverá guiar sua
atuação, verificando o porquê da necessidade do cuidado, planejar como
será realizado o cuidado e gerenciar o serviço prestado, visando sempre
o estimulo à autonomia. A partir disto, este profissional poderá contribuir
para, juntamente com a família do indivíduo, promover qualidade de vida
e saúde, fortalecendo as qualificações e reconhecendo sua identidade
sociocultural.

ASSIMILE
Originalmente, a palavra enfermeiro é relacionada ao proces-
so de cuidado de enfermos, sendo uma palavra derivada de
infirmum, a qual significa “aquele que não está firme”. Já, con-
siderando-se a palavra em inglês referente a enfermeiro, te-
mos o termo “nurse”, que significa aquele que nutre/atende as
necessidades humanas. Assim, temos que, o sentido da pala-
vra inglesa referente à enfermagem é muito mais significativo
considerando sua função, uma vez que envolve a questão hu-
manística de seu trabalho, atuando no processo de cuidado e
nas suas necessidades terapêuticas. (CALDAS, 2010)
Porém, sabe-se que o processo de envelhecimento pode levar à redução

da capacidade do autocuidado, na qual o indivíduo não é mais capaz de
atender suas próprias necessidades. Neste caso, a enfermagem apresen-
ta papel de suprir estas necessidades, agindo, guiando, apoiando pelo
paciente e garantindo o cuidado e ambiente ideal para sua recuperação e
qualidade de vida. Novamente ganha importância a atuação junto aos fa-
miliares e cuidadores, já que é com estes que o idoso irá conviver a maior
parte do tempo.
O assistente social também é considerado profissional importante neste

contexto, o qual atua frente ao cumprimento e consolidação de políticas
que asseguram os direitos sociais previstos para pessoas idosas. Este pro-
fissional estimula a participação do idoso na comunidade, intermediando
a relação de estruturas sociais e públicas, bem como realizando sensibili-
zação e conscientização à sociedade quanto ao papel do idoso. Apresenta
papel fundamental como motivador da inclusão familiar no cuidado ao
idoso, promovendo criação de políticas públicas para esta população.
Além disso, verifica o cumprimento destas ações, buscando a garantia
dos direitos sociais.

A atividade física é fundamental para a qualidade de vida do idoso, trazen-
do benefícios tanto em relação ao estímulo da autonomia quanto devido
à capacidade de prevenir o desenvolvimento de doenças. A realização de
atividade física neste período contribui para estimular o aumento da po-
tência aeróbica promovendo, entre outras coisas, maior irrigação tecidual
e melhor distribuição do fluxo de sangue. Além disso, permite maior to-
lerância ao esforço e redução na perda de massa muscular característica
deste período, prevenindo consequentemente a perda da autonomia, de-
sequilíbrio e quedas que podem ocorrer devido à sarcopenia. O exercício
físico está atrelado ao prazer, sendo também uma forma de integração
social. Porém, para que traga benefícios, é necessário que haja uma apli-
cação adequada da intensidade, duração e frequência semanal do exer-
cício, devendo ter sua prática sempre acompanhada por um profissional
da área. Além disso, idosos geralmente ingerem diversos medicamentos
e estes podem interferir na capacidade destas pessoas de se exercitarem,
ressaltando a necessidade de um acompanhamento multidisciplinar.
Dentre as doenças que podem surgir com o envelhecimento, diversas es-

tão relacionadas a alterações no sistema musculoesquelético, podendo
levar à perda da força muscular e da movimentação articular, desequilí-
brio e quedas. São exemplos destas doenças o reumatismo, artrose, artri-
te, a doença de Parkinson, entre outras. Além disso, é também frequente
o surgimento de alterações físicas devido a episódios de acidente vas-
cular cerebral. Dessa forma, a necessidade de processos de reabilitação
em idoso é frequente, apresentando diversas causas, sendo necessária a
presença de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, educadores físicos,
médicos ortopedistas e/ou outros profissionais que possam atuar na pro-
moção da reabilitação e adaptação física na atenção ao idoso.
A atuação médica na atenção ao idoso tem como objetivo realizar diag-

nóstico clínico, elaborar o plano de terapia que será realizado, além de
identificar a necessidade do envolvimento de outros profissionais no
processo de cuidado. Assim, a partir da realização de anamnese, exames

físicos/neurocognitivos, bem como exames laboratoriais ou de imagem,
são capazes de identificar os problemas e interferir de forma a promove-
rem a saúde do idoso. É importante que o médico geriatra esteja por den-
tro dos outros atendimentos a fim de conseguir visualizar o idoso em sua
forma integral, além de solicitar e conseguir avaliar o acompanhamento
de médicos especialistas de outras áreas e/ou outros profissionais como
nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, etc.
EXEMPLIFICANDO
A elaboração de um plano de cuidado no atendimento mul-
tidisciplinar ao idoso contribui a fim de organizar o processo
de intervenção e avaliar os resultados oriundos do cuidado
pré-definido. Para isto, após uma avaliação clínica devem ser
determinadas ações que guiarão a atuação dos profissionais
envolvidos, destacando-se também os fatores que deverão
ser priorizados. Assim, a atuação ocorre de forma organiza-
da e detalhada, considerando de forma individual as necessi-
dades e limites de cada paciente. Este sistema garante a sin-
tetização de informações, permitindo melhor monitoração
do processo como um todo, além de facilitar a identificação
precoce de problemas, contribuindo para estabelecer pro-
gramas de prevenção e para a continuidade do processo. A
avaliação é essencial para se verificar a eficácia da estratégia
traçada e, no caso da atenção ao idoso, deve focar a identi-
ficação de risco de perda de independência. A participação
de toda a equipe multidisciplinar é importante para que este
plano funcione, a qual deve ser flexível e se modificar sem-
pre que necessário, tendo como prioridade a manutenção da
saúde em geral. (SANCHEZ, 2010)

O farmacêutico também pode atuar em equipes multidisciplinares
na atenção ao idoso. Este profissional apresenta vasto conhecimento
sobre princípios ativos de medicamentos, interação entre remédios
e aspectos do metabolismo em geral, legislação sanitária vigente e
terapêutica farmacológica. Neste contexto, você acha importante a
presença de um farmacêutico em equipe multidisciplinar na atenção
ao idoso? Qual seria o papel deste profissional dentro da equipe?
• A atenção ao idoso necessita ser realizada a partir de uma análi-

se multidimensional, que abranja o contexto amplo de saúde, não
somente aspectos patológicos;
• A multidisciplinaridade é uma forma de atuação muito frequente

em nossa sociedade. Este sistema é formado por uma série de pro-
fissionais que atuam ao mesmo tempo e em busca de um objetivo
em comum;
• A formação de equipes de saúde compostas por diversos profissio-

nais permite que vários aspectos da saúde do idoso sejam avaliados,
o que garante uma atenção de melhor qualidade, uma vez que as
alterações do envelhecimento apresentam causas multivariadas;
• Dentre os profissionais de saúde importantes para a formação

de uma equipe multidisciplinar na atenção ao idoso destaca-se a
presença de: médicos, nutricionistas, assistente social, psicólogo,
fisioterapeuta, educadores físicos, terapeutas ocupacionais, enfer-
meiros e dentistas.

Glossário
• Autocuidado: atenção ou responsabilidade por si próprio.
• Comorbidade: doença associada ou que predispõe o desen-

volvimento de outra doença; duas ou mais doenças com causas
relacionadas.
• Patológico: algo referente à patologia; se refere a uma doença;

algo mórbido.
• Potência Aeróbica: é a capacidade do organismo de resistir ao

esforço sob baixas concentrações de oxigênio.
• Prática Pluriauxiliar: nesta prática ocorre a justaposição de dife-

rentes disciplinas/áreas de conhecimento ao se trabalhar com um
tema único, com um objetivo comum. Este processo ocorre de forma
complementar, porém não há a criação de novos conhecimentos.
• Sarcopenia: processo de perda de musculatura esquelética e de

perda de força muscular, sendo um importante indicador de fragi-
lidade em idosos.
TEMA 02
1. A pessoa idosa necessita de atendimento multidimensio-
nal, através de uma equipe formada por diversos profissio-
nais. Escolha abaixo a alternativa que contém os principais
profissionais que devem compor a equipe multidisciplinar
no atendimento ao idoso:
a) Nutricionista, Pediatra, Técnico em Radiologia, Fisio-
terapeuta, Terapeuta Ocupacional, Psicólogo, Assistente
Social, Educador Físico, Dentista.

b) Nutricionista, Pediatra, Fisioterapeuta, Terapeuta Ocu-
pacional, Psicólogo, Assistente Social, Educador Físico,
Dentista e Enfermeiro.
c) Nutricionista, Médico Geriatra, Fisioterapeuta, Tera-
peuta Ocupacional, Psicólogo, Assistente Social,
Educador Físico, Dentista e Enfermeiro.
d) Nutricionista, Recepcionista, Fisioterapeuta, Terapeuta
Ocupacional, Psicólogo, Assistente Social, Educador
Físico, Dentista e Enfermeiro.
e) Nutricionista, Técnico em Radiologia, Fisioterapeuta,
Terapeuta Ocupacional, Psicólogo, Assistente Social,
Educador Físico, Dentista.
2. Analisando as afirmações abaixo, conclui-se que:
I. A multidisciplinaridade é considerada uma prática dis-
ciplinar formada por profissionais de diversas áreas de
conhecimento e que atuam na atenção ao idoso.
PORQUE
II. O envelhecimento promove o surgimento de altera-

ções sociais, sendo necessário o atendimento de médi-
co neurologista e psicólogo.
justifica a I.

3. Existem uma série de práticas disciplinares que podem ser
adotadas pelo sistema de saúde. Considerando a atenção
ao idoso, selecione abaixo a alternativa que contém so-
mente itens corretos com relação aos possíveis métodos
adotados para o cuidado:
I. Multidisciplinar
II. Interdisciplinar
III. Transdisciplinar
IV. Modelo de Centralização Médica
a) I, II, IV.
b) I, III, IV.
c) IV.
d) I, II, III.
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com o Idoso. In: VERAS, R.; LOURENÇO R. (Org.). Formação Humana em Geriatria e

O processo de envelhecimento é relacionado ao aparecimento de di-

versas doenças, com causas multivariadas, podendo ser fisiológicas
ou sociais. Desta forma, a equipe multidisciplinar deve ser compos-
ta por profissionais de diversas áreas que realizem o processo de
cuidado em sua forma ampla. Dessa forma, o ideal é que esta equi-
pe seja composta por Nutricionista, Médico Geriatra, Fisioterapeuta,
Terapeuta Ocupacional, Psicólogo, Assistente Social, Educador Físico,
Dentista e Enfermeiro.
As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma jus-

tificativa da I. O processo de envelhecimento é dinâmico e acarreta
alterações no metabolismo e estrutura física do idoso, bem como
alterações sociais. Por isso a equipe multidisciplinar no atendimento
ao idoso deve ser composta por profissionais de diversas áreas, den-
tre eles neurologistas e psicólogos.
A atenção ao idoso exige um caráter multidimensional, que permita

enxergar a saúde do idoso de forma geral, considerando-se também
problemas sociais enfrentados neste período. Desta forma, o mode-
lo de centralização médica não se aplica para a atenção do idoso. Na
atenção ao idoso, o médico deve trabalhar em uma equipe compos-
ta por outros profissionais.

TEMA 03
ASPECTOS DA GERONTOLOGIA E A
INTERDISCIPLINARIDADE
Objetivos
• Conhecer e entender o conceito de gerontologia;
• Conhecer e entender o conceito e vantagens da

interdisciplinaridade;
• Entender a importância da interdisciplinaridade no

processo de atenção ao idoso.

Introdução
O envelhecimento e suas consequências para o organismo têm desperta-

do curiosidade e preocupação há mais de cem anos. Em 1842, o estudio-
so Adolphe Quetelet já apoiava a seguinte afirmativa: “O homem nasce,
cresce e morre de acordo com certas leis que precisam ser investigadas”
(apud CALDAS, 2010b). Entretanto, foi durante o século XX que o estudo
do envelhecimento ganhou força, com o estabelecimento de conceitos
e com a crítica ao papel social deste grupo populacional. Pesquisadores
como Metchnikoff (1903) e Nasher (1906) já defendiam em suas obras a
necessidade de um atendimento amplo e integral do idoso, estabelecendo
o conceito de geriatria (apud CALDAS, 2010b). Nos anos subsequentes, foi
percebida a necessidade da determinação de conceito mais abrangente
sobre envelhecimento, ressaltando a importância de relacionar questões
clínicas com o contexto social em que o idoso está inserido. Lawrence
Frank (1942), em sua obra “Problemas do Envelhecimento”, assegurou
o caráter multidimensional das fragilidades do envelhecimento (apud
CALDAS, 2010b). Além disso, introduziu o fato de que a abordagem ne-
cessária não deveria ser apenas multidisciplinar, mas deveria promover
a interação entre os achados com relação às consequências do envelhe-
cimento, permitindo uma visão geral do todo através de diversos pontos
de vista. Estes estudos contribuíram para o desenvolvimento da ciência
da gerontologia no século XX, bem como de seu caráter interdisciplinar.
Apesar disto, nos anos seguintes pesquisas aprofundadas nesta ciência
deixaram de lado os princípios da multidisciplinaridade e interdisciplina-
ridade, focando em conceitos que se relacionavam com a especialidade
de cada pesquisador. Com isso, após a Segunda Guerra Mundial surgiram
teorias que apresentavam especificidade de conhecimento, cada uma em
sua área, sem haver integração entre elas. Dentre estas teorias, a teoria
biológica, de forma geral, descrevia que o envelhecimento estava relacio-
nado ao aparecimento de alterações e à redução da resistência funcional
do organismo, culminando no aumento da mortalidade. No campo social,
as teorias estavam relacionadas às atividades desenvolvidas pelo idoso,

sua forma de viver, análise do idoso como um grupo populacional e como
o meio influencia as experiências do envelhecimento. Com relação à psi-
cologia, as teorias consideravam a personalidade e mudanças de com-
portamento associados à percepção e memória. Durante muitos anos a
geriatria apresentou maior importância que a gerontologia, o que está
relacionado aos avanços considerando-se terapias e diagnósticos. Porém,
o reconhecimento de aspectos biológicos, psíquicos e sociais caracteri-
zando o aspecto multifatorial do envelhecimento, contribuiu para o esta-
belecimento e reconhecimento da gerontologia, que permite uma visão
holística do idoso, tornando efetiva a assistência a este grupo populacio-
nal. O paradigma de “life-span” proposto em 1987, pelo estudioso Baltes,
já considerava todos estes aspectos. De acordo com Baltes, o avanço da
idade é somente um indicador de envelhecimento, não o que realmente
desencadeia este processo. Influências biológicas, socioculturais ligadas
à história de cada indivíduo (como maturação física, casamento, guerras,
desemprego, etc.) devem ser considerados ao se avaliar o processo de
envelhecimento. Diante disto, durante este tema iremos estudar o concei-
to de gerontologia e aspectos que esta ciência abrange. Neste contexto,
será discutido o conceito de interdisciplinaridade, como ele surgiu e a sua
importância, bem como suas limitações no processo de atenção básica.
1. Gerontologia
A gerontologia é uma ciência que tem como objetivo o estudo do idoso

e das alterações características do processo de envelhecimento. É uma
área multiprofissional e multidisciplinar, uma vez que considera o caráter
multidimensional das alterações do envelhecimento, sendo necessário o
atendimento por várias frentes a fim de conseguir promover a saúde des-
ta população. Dessa forma, aspectos biológicos, psicológicos e sociocultu-
rais determinam o eixo principal para estudo desta ciência.
O envelhecimento é muito difícil de mensurar, uma vez que não está atre-
lado à idade cronológica e apresenta heterogeneidade, sendo diferente

para cada indivíduo. O caráter multifatorial das complicações do envelhe-
cimento dificulta ainda mais este processo, pois o declínio físico ou psi-
cossocial vai depender das doenças, história de vida e do meio específico
a que cada pessoa está exposta.
PARA SABER MAIS

É comum que a vida seja dividida em 3 fases principais, sen-
do a infância considerada a primeira idade, a fase adulta a
segunda idade e a velhice a terceira idade. Porém, com o
crescente aumento da expectativa de vida, a população ido-
sa tem se tornado cada vez mais significativa no mundo, che-
gando cada vez mais próximo ao limite físico dos seres hu-
manos. Diante disso, tem se considerado a possibilidade de
determinar a quarta idade, a qual seria o período em que o
organismo do idoso realmente não consegue mais se adap-
tar ao meio, aumentando suas limitações e dependência. A
quarta idade seria um período difícil de mensurar, porém
estaria mais atrelado à capacidade funcional do que à idade
cronológica de cada indivíduo. (CALDAS, 2010a)
Neste contexto, a gerontologia considera que para se determinar o enve-

lhecimento a idade funcional, social e psicológica são mais relevantes que
somente a idade cronológica. A idade funcional está relacionada à capaci-
dade do organismo de suportar e se modificar de acordo com o meio, não
estando atrelada à idade cronológica, uma vez que pessoas com pouca
idade podem apresentar-se envelhecidas funcionalmente. A idade social
está relacionada ao engajamento do indivíduo na sociedade. Este proces-
so de envelhecimento ocorre quando a pessoa se torna alheia à socie-
dade, não cumprindo mais seu papel. O processo de aposentadoria ou a
“síndrome do ninho vazio” (solidão dos pais devido à saída dos filhos de
casa) são fatores que contribuem para o envelhecimento social. Já a ida-
de psicológica está relacionada ao aparecimento de alterações cognitivas
como alterações de percepção, memória e aprendizagem.

O conceito de envelhecimento abrangendo todas as idades descritas aci-
ma deve ser considerado ao avaliar se este processo foi bem-sucedido
ou não. O envelhecimento é considerado bem-sucedido quando o indi-
víduo apresenta baixo risco de desenvolver doenças e/ou incapacidades
físicas associado ao engajamento sociocultural. Essas pessoas apresen-
tam a capacidade de se adaptarem tanto a questões biológicas quanto
emocionais. Por outro lado, o aumento de fragilidade, dependência, baixa
autoestima, solidão e depressão, acarretando a perda da autonomia e
aumento no aparecimento de doenças, contribuem para que o proces-
so de envelhecimento seja malsucedido. Dessa forma, durante o enve-
lhecimento, a saúde biológica, mental, social, aprendizado, engajamento
em diversas atividades e percepção como parte da sociedade contribuem
para que o conceito de qualidade de vida seja atingido.
PARA SABER MAIS

As teorias sociológicas do envelhecimento foram divididas
em três fases que representam a evolução das frentes de
estudo da gerontologia social, influenciadas por diferentes
cientistas. A primeira geração se desenvolveu no período de
1949-1969, tendo obras da psicologia social como referência.
O contentamento com relação à vida, associado às práticas
desenvolvidas diante do declínio do envelhecimento, bem
como a determinação de formas ótimas ou não funcionais
durante o período foram o foco de estudo na geração ini-
cial. A segunda geração de teorias relacionadas à sociologia
(1970-1985) teve como foco as alterações da sociedade in-
fluenciando o processo de envelhecimento em um grande
grupo populacional, não levando em conta aspectos indivi-
duais. A terceira geração (a partir de 1990) buscou unir os
principais conhecimentos da primeira e segunda geração, re-
conhecendo o papel ativo do idoso no seu estabelecimento e
o envelhecimento como processo influenciado tanto pela so-
ciedade quanto pelas experiências pessoais (CALDAS, 2010b).

A fragilidade, definida como aumento da vulnerabilidade frente ao meio,
é outro conceito muito estudado na gerontologia e que está relacionado
ao aumento da dependência. O medo da dependência é uma das maiores
preocupações dos idosos, uma vez que neste processo ocorre redução da
autonomia, sendo necessária a ajuda de outras pessoas para a realização
de uma série de atividades. Entretanto, a dependência é resultado da pre-
sença de incapacidade associada à necessidade, podendo ser prevenida
ou reduzida, não sendo um fato necessariamente constante. O grau de
dependência, o qual pode ser leve, parcial ou total, irá depender das limi-
tações apresentadas e determinará o cuidado necessário.
Dessa forma, o gerontólogo deve apresentar uma visão holística do ido-
so, sendo capaz de visualizá-lo não somente como um ser humano em
seu contexto biológico, mas avaliando e aprendendo sobre a sociedade
e cultura em que cada um se insere. Deve compreender o significado so-
cial do envelhecimento, a fim de propor mudanças e ações que irão real-
mente proporcionar a qualidade de vida para esta população, atendendo
suas necessidades básicas e contribuindo para a defesa de seus direitos
(MARTINS SÁ, 2002; CALDAS, 2010a; CALDAS, 2010c).
2. Interdisciplinaridade
Foi estudado no capítulo anterior que a multidisciplinaridade surgiu como

resultado de processo de divisão do trabalho, que contribuiu para a es-
pecialização que fixou barreiras de conhecimento. A intensificação deste
processo fez com que cada profissional conhecesse uma pequena fração
de um todo, dominando somente este pedaço de conhecimento, o que
limita o pensamento e a visão holística do ser humano.
O conceito da interdisciplinaridade surgiu neste contexto, sendo contrá-
rio ao processo de fragmentação do saber. Dessa forma, a ideia do pen-
samento interdisciplinar defende a necessidade de se ultrapassar o limite
de pensamento especializado, integrando diversos campos e promoven-
do uma visão global de certo processo. A interdisciplinaridade busca unir

a prática e teoria, conteúdo e o processo, superando a fragmentação e
promovendo uma visão complexa da realidade, tornando o ser humano
capaz de produzir conhecimento. Este contexto busca estimular o pro-
cesso de troca e integração entre diferentes campos de conhecimento,
permitindo a visualização do indivíduo como um todo, em seu contexto
abrangente (MOTTA, 2010).
Fazenda, em 1993, já determinava que “o pensar e o agir interdisciplinar
se apoiam no princípio de que nenhuma fonte de conhecimento é, em si
mesma, completa e de que, pelo diálogo com outras formas de conheci-
mento, de maneira a se interpretarem, surgem novos desdobramentos
na compreensão da realidade e sua interpretação” (MOTTA, 2010). Dessa
forma, a interdisciplinaridade permite que haja a formação de um eixo
único de pensamento e estimula relações diretas, sem hierarquia, entre
os profissionais, estimulando o trabalho em equipe e o compartilhamen-
to de saberes. Além disto, busca reduzir a visão do senso comum e au-
mentar a produção de conhecimento.
LINK
A implementação da interdisciplinaridade no processo de
ensino, principalmente ligado às profissões de saúde, contribui
para o desempenho de um atendimento eficaz, humano e
global, melhorando a qualidade do cuidado. No link abaixo
vocês poderão encontrar um artigo científico que descreve
a experiência da implementação da interdisciplinaridade em
cursos relacionados à saúde na Universidade Federal de São
Paulo, e o impacto que isto apresentou na formação e atuação
como profissionais. ROSSIT, R. A. S; BATISTA, S. H.; BATISTA, N. A.
Formação Interprofissional em Saúde: percepção de egressos
de cursos de graduação da UNIFESP - Baixada Santista. Atas do
IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências,
2013. Disponível em: <www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/
atas/resumos/R1395-1.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2018.

Porém, as limitações impostas devido ao caráter histórico do processo de
profissionalização impõem dificuldades na implementação da interdisci-
plinaridade. A separação de conhecimento estava associada à necessida-
de de se deter conhecimento como forma de poder, além de represen-
tar diferença social. Dessa forma, o papel do profissional que trabalha
no contexto interdisciplinar é desmistificar este sistema, deixando claro,
através de projetos que integrem os pacientes, a necessidade da interdis-
ciplinaridade para o atendimento de suas demandas.
3. A interdisciplinaridade como prática no

atendimento ao idoso
O aumento da população idosa, bem como das condições associadas ao

envelhecimento, fez necessário uma mudança na filosofia de assistência a
este grupo populacional. O atendimento ao idoso deve apresentar como
objetivo promover a redução e/ou prevenção do agravamento das doen-
ças já existentes associado a um projeto de prevenção de comorbidades.
O foco da equipe de saúde deve ser promover o aumento do tempo de
vida independente, sendo necessário o trabalho em conjunto de forma
interdisciplinar.
O cuidado integral, através de equipe interdisciplinar, é considerado uma

importante estratégia de atendimento, uma vez que as alterações deste
período não são somente síndromes clínicas. A dependência, por exem-
plo, envolve fatores biopsicossociais que podem ser identificados por pro-
fissionais que estejam mais próximos ao idoso, como a enfermagem, em
equipe que trabalhe de forma interdisciplinar, mesmo que esta não seja
sua função primordial. Dessa forma, o cuidado interdisciplinar no idoso
permite melhor recuperação, reabilitação e garante suporte psicossocial
necessário estimulando a autonomia, por parte de todos os profissionais
da equipe de saúde, prevenindo a cascata de dependência.

ASSIMILE
O termo cascata de dependência tem sido muito utilizado
para descrever o processo decorrente de alguma perturba-
ção que ocorre no organismo e leva ao processo de depen-
dência. Por exemplo, uma fratura no fêmur é uma deficiência
que pode gerar a incapacidade de se locomover, sendo ne-
cessária a supervisão de alguém durante este processo. Isto
leva a dependência, uma vez que o indivíduo não consegue
realizar muitas de suas atividades diárias limitando sua auto-
nomia e gerando consequências sociais. (MOTTA, 2010)
Foi visto no início deste tema que a fragilidade é um conceito muito im-
portante na gerontologia, se desenvolvendo em grande parte da popu-
lação idosa, o que sugere a importância de ser identificada e prevenida.
Além disso, é frequente que haja a confusão de sintomas em pessoas
idosas, devido à grande quantidade de comorbidades que podem se de-
senvolver nestes indivíduos, dificultando a prática clínica. Estes aspectos
reforçam a importância do atendimento interdisciplinar nesta população,
o qual valoriza a troca e integração entre os profissionais e permite que
o paciente seja visualizado de forma integral. Devemos sempre lembrar
que nenhuma área profissional é completa, e este processo de troca per-
mite que novos conhecimentos surjam, garantindo melhor compreensão
do processo.

EXEMPLIFICANDO
A identificação do risco de fragilidade é um importante exem-
plo de como a atuação em equipe de forma interdisciplinar
é mais efetiva e integral. O idoso frágil apresenta desequi-
líbrio biopsicossocial, caracterizando alterações multivaria-
das. Para ser considerado idoso frágil, este deve apresentar:
mais de 80 anos de idade, a presença de comorbidades, in-
continência urinária, dificuldade de locomoção, isolamento
social e transtornos cognitivos e/ou afetivos. Dessa forma,
para a identificação de um idoso frágil é necessária a realiza-
ção de avaliações biomédica, psicológica, social e funcional.
Assim, a falta de diálogo entre estes profissionais pode difi-
cultar a identificação deste processo, uma vez que cada um
seria responsável por tratar somente a parte que lhe cabe. O
atendimento interdisciplinar permite a troca de informações
e conhecimento, garantindo que o idoso seja visualizado e
atendido de forma integral (MOTTA, 2010).

A gerontologia é a ciência que estuda o idoso e o processo de en-
velhecimento, principalmente considerando aspectos biológicos,
psicológicos e socioculturais envolvidos nesta etapa da vida. Diante
do conceito de gerontologia e dos aspectos abordados durante este
tema, você classificaria a gerontologia como uma área multidiscipli-
nar ou interdisciplinar? Qual a relevância disto para esta ciência?
• A gerontologia é uma ciência que estuda o idoso e as alterações

do envelhecimento. Apresenta caráter multidisciplinar, abrangendo
aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais;

• A interdisciplinaridade é o conceito que surgiu para se contradizer
ao processo de fragmentação do conhecimento. Busca promover a
troca de conhecimento e integração entre diversas áreas do saber,
gerando a visualização integral do indivíduo;
• A visão de uma equipe interdisciplinar de saúde permite a avaliação

do indivíduo de forma integral, promovendo a saúde global e contri-
buindo para uma melhor qualidade de vida. A troca de informações
entre os profissionais permite a criação de novos conhecimentos,
que contribuem para o aperfeiçoamento do processo de cuidado;
• A atenção do idoso necessita de uma visão interdisciplinar para a

identificação do seu estado de saúde de forma geral. Esta popula-
ção apresenta diversas comorbidades físicas, psicológicas e sociais,
sendo necessária a visão geral e crítica por parte dos profissio-
nais de saúde para identificar fatores de risco e o real problema já
estabelecido.
Glossário
• Geriatria: é uma área da medicina que tem como objetivo o estu-

do, prevenção e tratamento de alterações do envelhecimento.
• Visão Holística: visão geral, inteira de algo.
• Vulnerabilidade: característica de algo que é vulnerável, frágil,

delicado.

TEMA 03
1. A gerontologia é uma ciência que, assim como a geriatria,
estuda o idoso e alterações decorrentes do envelhecimen-
to. Dessa forma, escolha a alternativa abaixo que apresen-
te diferença entre estes campos:
a) A gerontologia e a geriatria estudam diferentes fases
do desenvolvimento humano.
b) A gerontologia apresenta caráter multidisciplinar, en-
quanto a geriatria é um ramo da medicina.
c) A gerontologia não avalia aspectos sociais e a geriatria
avalia.
d) A gerontologia é um ramo da medicina, enquanto a ge-
riatria apresenta caráter multidisciplinar.
e) A gerontologia valoriza o profissional médico, pois con-
sidera o diagnóstico biológico mais importante, ao con-
trário da geriatria.
2. Relacione as assertivas abaixo e escolha a alternativa
correta:
I. A interdisciplinaridade é considerada uma prática dis-
ciplinar formada por profissionais de diversas áreas
de conhecimento, sendo importante no atendimento
do idoso.
PORQUE
II. A interdisciplinaridade valoriza a fragmentação do sa-

ber, favorecendo o atendimento do idoso por profissio-
nais de várias áreas, avaliando todas as alterações do
envelhecimento.

justifica a I.
3. A identificação de idosos com risco de dependência e fra-
gilidade é muito importante para garantir a autonomia e
qualidade de vida desta população. Diante disto, selecio-
ne abaixo a alternativa que contém somente assertivas
corretas:
I. O atendimento do idoso por equipe interprofissio-
nal facilita a identificação de risco de dependência e
fragilidade.
II. A equipe interprofissional confunde o idoso, uma vez
que cada profissional sugere tratamento diferente.
III. Os profissionais de saúde devem estar atentos aos fa-
tores de risco ao desenvolvimento de dependência e
fragilidade independente de sua área de formação.
a) I, II.
b) I.
c) II.
d) I, III.

AGUILA-da-SILVA, R. H.; SCAPIN, L. T.; BASTISTA, N. A. Avaliação da Formação

Interprofissional no Ensio Superior em Saúde: Aspectos da Colaboração e do Trabalho
em Equipe. Revista da Avaliação da Educação Superior, v. 16, n. 1, p. 167-184, 2010.
BATISTA, N. A.; BATISTA, S. H. S. S. Educação interprofissional na formação em Saúde:
tecendo redes de práticas e saberes. Revista Interface, v. 20, n. 56, p. 202–204, 2016.
CALDAS, C. P. Introdução à Gerontologia. In: VERAS, R.; LOURENÇO R. (Org.). Formação
Humana em Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: DOC, 2010a, p. 19-22.
CALDAS, C. P. O Desenvolvimento Histórico e Teórico da Gerontologia. In: VERAS,
Janeiro: DOC, 2010b, p. 26-29.
CALDAS, C. P. O Desenvolvimento e Envelhecimento: Paradigmas Contemporâneos.
In: VERAS, R.; LOURENÇO R. (Org.). Formação Humana em Geriatria e Gerontologia.
Rio de Janeiro: DOC, 2010c, p. 30-32.
MOTTA, L. B. A interdisciplinaridade. In: VERAS, R.; LOURENÇO R. (Org.). Formação
MOTTA, L. B. A Gerontologia e a Geriatria como Práticas. In: VERAS, R.; LOURENÇO R.
(Org.). Formação Humana em Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: DOC, 2010,
p. 33-36.
ROSSIT, R. A. S; BATISTA, S. H.; BATISTA, N. A. Formação Interprofissional em Saúde: per-
cepção de egressos de cursos de graduação da UNIFESP - Baixada Santista. Atas do IX
Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2013. Disponível em: <wwww.
nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/atas/resumos/R1395-1.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2018.

Questão 1 – Resposta: B
É correto afirmar que a gerontologia apresenta caráter multidiscipli-

nar, enquanto a geriatria é um ramo da medicina. A gerontologia é
uma ciência que estuda o idoso e as alterações do envelhecimento,
apresenta caráter multidisciplinar, abrangendo aspectos biológicos,
psicológicos e socioculturais. Já a geriatria é um ramo da medicina
que tem como objetivo o estudo, prevenção e tratamento de altera-
ções do envelhecimento.
Questão 2 – Resposta: A
A interdisciplinaridade apresenta-se contrária ao processo de frag-

mentação do saber, favorecendo o atendimento do idoso por profis-
sionais de várias áreas, avaliando todas as alterações deste período
de forma integral.
I. O atendimento do idoso por equipe interprofissional facilita a iden-

tificação de risco de dependência e fragilidade. – CORRETA
II. A equipe interprofissional confunde o idoso, uma vez que cada pro-
fissional sugere tratamento diferente. (Na atenção interdisciplinar
ocorre um processo de troca de informações entre os profissio-
nais, sendo estabelecido em conjunto a proposta de tratamen-
to. Apesar desta troca, cada profissional apresenta suas respon-
sabilidades, não havendo contradições no cuidado proposto.)
III. Os profissionais de saúde devem estar atentos aos fatores de ris-

co ao desenvolvimento de dependência e fragilidade independente
de sua área de formação. – CORRETA

TEMA 04
ATUAÇÃO DA EQUIPE
MULTIDISCIPLINAR E INTERDISCIPLINAR
NA ATENÇÃO AO IDOSO
Objetivos
• Conhecer e entender o conceito de idoso saudável;
• Conhecer e entender a importância da prevenção e

promoção da saúde no idoso saudável;
• Aprender estratégias de promoção de hábitos saudá-

veis e aspectos importantes para a avaliação global
dos idosos saudáveis como forma de prevenção.

Introdução
Nos temas anteriores foram estudados aspectos biológicos, psicológicos

e sociais responsáveis pelas alterações promovidas em pessoas idosas
devido ao processo de envelhecimento. Neste momento, já é de seu co-
nhecimento o caráter multifatorial das doenças decorrentes da senilida-
de, bem como, a necessidade de um atendimento interdisciplinar que
permita a visualização do indivíduo como um todo. Porém, o processo de
envelhecimento é heterogêneo, observando-se, durante a mesma idade
cronológica, idosos com diferentes tipos de alterações e idosos saudá-
veis. Diante disto, a gerontologia também apresenta como objetivo de
estudo fatores que interferem diretamente no envelhecimento saudável.
O conceito de envelhecimento saudável foi proposto por Rowe e Kahn
em 1998 priorizando “baixo risco de doenças e de incapacidades funcio-
nais relacionadas às doenças; funcionamento mental e físico excelentes;
e envolvimento ativo com a vida”. Diante disto, apesar da falta de preo-
cupação com este período da vida, discussões atuais trazem a necessi-
dade de se estabelecer o envelhecimento bem-sucedido, caracterizado
por satisfação, bem-estar e saúde promovendo aumento da qualidade de
vida (CUPERTINO et al., 2007). De acordo com a Constituição Federal do
Brasil, o termo saúde é descrito como “direito de todos e dever do Estado”.
Apesar disto, a forma na qual a saúde será proporcionada não é definida,
sendo necessária a adequação deste processo de acordo com a popula-
ção alvo. O aumento crescente da população idosa no Brasil gerou novas
demandas e revelou a necessidade de adequação do sistema público de
atenção básica, ainda mais considerando o caráter multidimensional do
envelhecimento. Diante disto, idosos saudáveis, frágeis, institucionaliza-
dos e em domicílio necessitam de diferentes abordagens por parte da
equipe multiprofissional de saúde. Apesar de idosos saudáveis apresen-
taram melhor qualidade de vida, baixo risco de desenvolver doenças e/
ou incapacidades físicas e certo nível de engajamento sociocultural, asso-
ciado à melhor capacidade de se adaptarem tanto a questões biológicas

quanto emocionais; o envelhecimento não deixa de ser um fator de risco
ao aparecimento de diversas alterações. Assim, o atendimento interdis-
ciplinar de idosos saudáveis deve focar nos processos de prevenção e
promoção de saúde. A atenção básica deve ser realizada durante toda
a vida de um indivíduo, com isso, o processo de prevenção para que o
idoso seja saudável deve se iniciar desde seu nascimento. O objetivo do
processo de prevenção deve ser aumentar a expectativa de vida, reduzir o
aparecimento de doenças e prorrogar a mortalidade. Dessa forma a pre-
venção deve ser constante, a fim de prever o aparecimento de doenças
ou detectá-las logo no início. Já a promoção da saúde, como definido em
1980 durante a 1° Conferência Mundial de Promoção da Saúde, foi defi-
nida como “processo que consiste em proporcionar aos povos os meios
necessários para melhorar sua saúde e exercer um maior controle sobre
a mesma” (ASSIS, 2010). Este processo envolve a promoção de políticas
públicas que estimulem hábitos saudáveis, estímulo à participação em
comunidades e desenvolvimento de suas capacidades. As políticas públi-
cas de atenção básica no Brasil, apesar de enfrentarem muitas dificulda-
des, buscam promover uma atenção interdisciplinar ou multidisciplinar
para a população idosa, valorizando o indivíduo em seu contexto amplo
e sociocultural. Além disso, a extensa pobreza e desigualdades sociais do
país fazem com que este processo esteja atrelado ao desenvolvimento
da cidadania e garantia de direitos sociais. Dessa forma, este processo de
cuidado do idoso saudável, deve ser guiado pela humanização, através
de uma equipe que converse e entenda as necessidades reais de seus pa-
cientes, valorizando aspectos subjetivos, sociais, autonomia e história de
cada indivíduo. Neste contexto, durante este tema, iremos discutir meios
de promover hábitos que contribuam para a manutenção da saúde em
idosos saudáveis e prevenção de alterações. Além disso, iremos estudar
aspectos importantes que devem ser avaliados rotineiramente em idosos
saudáveis a fim de prevenir e identificar precocemente fatores de risco
para o desenvolvimento de anormalidades.

1. Aspectos relacionados à promoção e prevenção de
saúde no idoso saudável
Como vimos anteriormente, a promoção da saúde de toda a população

é responsabilidade da equipe de saúde. Porém, indivíduos idosos saudá-
veis recebem destaque especial considerando a necessidade de promo-
ver qualidade de vida em um período vulnerável. Diante disto, o processo
de promoção de saúde neste grupo populacional deve abranger, dentre
uma série de aspectos, o estímulo à alimentação saudável, à prática de
exercícios físicos, bem como o estímulo à participação em grupos e ao
autocuidado. A promoção da saúde em idosos saudáveis contribui direta-
mente para a prevenção do aparecimento de alterações decorrentes da
senilidade em indivíduos idosos. Além disso, destaca-se que é responsa-
bilidade de todos os profissionais envolvidos com o idoso promover este
estímulo e direcioná-lo ao profissional ou grupo específico.
Com relação à promoção da alimentação saudável, todos os profissionais

da equipe de atenção básica podem dar orientações gerais com relação a
este processo. Muitas vezes profissionais mais próximos ao idoso conse-
guem identificar pequenas alterações que poderão contribuir para uma
alimentação melhor. O nutricionista deve ser acionado em caso de neces-
sidades de esclarecimentos específicos, se organizando juntamente com
a equipe para a realização de um planejamento. Uma questão simples e
extremamente importante para a promoção da alimentação saudável é a
leitura correta dos rótulos dos alimentos, a qual deve ser incentivada pela
equipe de saúde. Ao aprenderem a realizar esta leitura os idosos passar a
ter maior aptidão para realizar escolhas saudáveis.

PARA SABER MAIS
O Caderno de Atenção Básica que considera o envelhecimen-
to e saúde da pessoa idosa, traz em seus anexos 10 práticas
importantes para se obter uma alimentação saudável. A par-
tir do estudo destes passos, os profissionais de saúde podem
aprender um pouco mais sobre como atuar para a promo-
ção da alimentação saudável. Abaixo estão listados estes 10
passos, porém podem ser acessados com mais detalhes no
Anexo 14 do caderno. (BRASIL, 2006)
Dez Passos para uma Alimentação Saudável para Pessoas
Idosas:
1. Fazer pelo menos 3 refeições e 2 lanches saudáveis por dia;
2. Consumir diariamente 6 porções de cereais, tubérculos
ou raízes nas refeições, sempre preferindo alimentos in-
tegrais e em sua forma natural;
3. Consumir diariamente pelo menos 3 porções de legumes
e verduras e 3 porções ou mais de frutas;
4. Consumir feijão e arroz todos os dias ou pelo menos 5
vezes por semana;
5. Consumir diariamente 3 porções de leite e derivados e 1
porção de carne, aves, peixes ou ovos, removendo a gor-
dura aparente e a pele das aves;
6. Consumir no máximo 1 porção de óleos vegetais, azeite,
manteiga ou margarina por dia;
7. Evitar refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoi-
tos, doces, sobremesas e outras guloseimas. Estes produ-
tos devem ser ingeridos no máximo 2 vezes por semana;
8. Reduzir a quantidade de sal na comida e retirar o saleiro
da mesa;
9. Beber pelo menos 3 litros (6 a 8 copos) de água por dia,
de preferência nos intervalos entre as refeições;
10. Praticar pelo menos 30 minutos de atividade física por
dia, evitar bebidas alcoólicas e o fumo.

O estímulo à prática de atividade física por parte dos profissionais de saú-
de é outra atividade de promoção de saúde que deve ser incentivada na
atenção básica, uma vez que sua falta é associada ao aparecimento de di-
versas doenças como as doenças crônicas não transmissíveis. Atualmente,
os idosos encontram-se mais propensos a realizar atividades sedentárias,
como assistir televisão, o que está relacionado também ao processo de
isolamento social. O incentivo de amigos e familiares, bem como a pre-
sença de companhias e formação de vínculos, contribuem para o enga-
jamento do idoso em uma atividade física. Os benefícios proporcionados
pela atividade física vão além de aspectos biológicos vistos nos temas an-
teriores, abrangendo aspectos psicológicos e sociais, tais como: redução
da ansiedade e do estresse, melhora do humor e da autoestima, além de
ser relacionado à redução do tabagismo e do abuso de álcool e drogas.
Apesar de todos os profissionais que compõem a equipe de saúde de-

verem estimular a prática de atividade física, é necessária a realização
de uma avaliação prévia do estado de saúde do idoso antes que ela seja
iniciada, mesmo considerando-se idosos saudáveis. Além disso, profissio-
nais da área de educação física deverão recomendar o tipo de atividade
ideal para cada indivíduo. Ainda não existe consenso sobre qual a melhor
prática e atividade física para a população idosa, porém a recomendação
de uma atividade física deve levar em conta não somente a necessidade
física, mas também o prazer do indivíduo ao realizá-la e suas particula-
ridades sociais, psicológicas e físicas. O tempo de 30 minutos por dia ao
menos 3 vezes por semana é o mínimo preconizado pelo Ministério da
Saúde, o que facilita a adesão por idosos que não têm afinidade pela prá-
tica de exercícios (BRASIL, 2006). De forma geral, o exercício físico em ido-
sos deve estimular a flexibilidade, equilíbrio e a força muscular, tendo bai-
xo impacto e intensidade leve à moderada. A caminhada é um exemplo
de exercício frequentemente recomendado para idosos, principalmente
pela acessibilidade e por não necessitar o desenvolvimento de habilidade
específica.

PARA SABER MAIS
No início do século XX pesquisadores iniciaram a busca pela
definição e entendimento do que seria o envelhecimento
saudável, porém nestas pesquisas não se preocuparam com
a opinião dos próprios idosos com relação a isto. Neste con-
texto, Cupertino e colaboradores (2007) realizaram um es-
tudo a fim de identificar o que os próprios idosos esperam
e acreditam ser o envelhecimento saudável. Para isto, cerca
de 500 idosos foram entrevistados em um grande projeto
chamado “Projeto Processos do Envelhecimento Saudável”, re-
alizado na cidade de Juiz de Fora/MG/Brasil. De forma geral,
foram identificadas 29 categorias consideradas importantes
pelos idosos para a obtenção do envelhecimento saudável,
sendo as mais importantes a manutenção da saúde física,
social e emocional. Aspectos patológicos, como as doenças
físicas observadas durante o envelhecimento, foram pouco
citados, não sendo considerados fundamentais para a saúde
por estes indivíduos. A opinião destes idosos reforça o con-
ceito amplo de saúde o qual valoriza a capacidade de realizar
aspirações e a satisfação das necessidades, e não simples-
mente a ausência de doença (MORAES, 2012).
A realização de grupos que envolvam os idosos com interesses em comum

é uma forma de promover a saúde social e psicológica destas pessoas.
Neste espaço há a criação de vínculos, que proporcionam apoio mútuo
através de discussões, a descoberta da capacidade de aprendizado, além
de poder ser utilizado como um espaço para tirar dúvidas e realizar orien-
tações com relação a aspectos ligados à saúde. Estes grupos apresentam
importante papel na socialização do idoso saudável, devendo ser iden-
tificados os interesses dos participantes antes de determinar os temas

e as atividades a serem realizadas. Toda a equipe de saúde deve estar
envolvida neste preparo, tendo os agentes comunitários de saúde papel
fundamental na divulgação e no envolvimento dos idosos para a partici-
pação. O coordenador do grupo pode ser qualquer membro da equipe
de saúde, sendo o responsável pelo planejamento de forma geral. Devem
levar em consideração aspectos socioeconômicos, emocionais, conheci-
mentos prévios dos indivíduos, promovendo o respeito, direitos, sigilo,
acolhimento e escuta paciente para com todos os participantes.
O ideal é que os aspectos abordados nos grupos façam parte da reali-

dade dos participantes, para que sejam efetivos em promover alguma
mudança, não sendo somente uma descarga de informações. Nestes gru-
pos não deve existir autoridade, porém um sistema de respeito entre os
integrantes. Ressalta-se a importância de uma linguagem que permita o
entendimento, e que não promova a infantilização do idoso. Todos os
membros devem ser valorizados, garantindo o processo de educação da
saúde, estimulando a autoconfiança e a sua participação política e social
na comunidade.
O conceito de autocuidado também já foi estudado em temas anteriores,

sendo de seu conhecimento sua importância na manutenção da saúde do
idoso. Deve-se tomar cuidado para que a preocupação com o autocuida-
do não se torne exagerada, pensando-se sempre na dependência como
algo inevitável. Porém discussões acerca do assunto, mesmo com idosos
saudáveis, são importantes para estimulá-los neste conceito, ampliando
seu conhecimento sobre saúde. A partir disto, estes indivíduos adquirem
as bases necessárias para tomarem decisões futuras, onde serão capazes
de considerar seus valores e expectativas, propor alternativas ou diferen-
tes formas de enfrentamento das adversidades do envelhecimento.

LINK
Os benefícios da promoção em saúde em idosos saudáveis
podem ser observados em diversas esferas do cuidado. A saúde
cognitiva também pode ser promovida em idosos saudáveis
como forma de prevenção de futuras adversidades. No link
abaixo você encontrará um artigo científico que relata como
treinos de memória podem influenciar na saúde mental do
idoso saudável. YASSUDA, M. S.; BATISTONI, S. S. T.; FORTES,
A. G.; NERI, A. L. Treino de Memória no Idoso Saudável:
Benefícios e Mecanismos. Psicologia: Reflexão e Crítica,
2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=
s0102-79722006000300016&script=sci_abstract&tlng=pt>.
Acesso em: 23 fev. 2018.
As campanhas de vacinação promovidas pelos postos de saúde públicos

exigem a participação de toda equipe profissional e constituem uma im-
portante estratégia de promoção de saúde no idoso saudável. Grupos
que apresentam maior vulnerabilidade, como os idosos, são fáceis alvos
de doenças infecciosas de natureza viral, como a gripe, mesmo quando se
apresentam saudáveis. Apesar de estas doenças poderem ser facilmente
evitadas com a vacinação, ainda existe relutância por parte dos idosos na
sua utilização, uma vez que, devido à falta de conhecimento, acreditam
que elas possam enfraquecer o sistema imunológico. Diante disto, é pa-
pel de toda a equipe de saúde desmistificar estas afirmações e esclarecer
a população idosa quanto à importância e necessidade da vacinação.
ASSIMILE
As vacinas são substâncias compostas por vírus ou bactérias ate-
nuadas inseridas no organismo, a fim de proporcionar a criação
de imunidade pelo próprio corpo. De acordo com este princípio, o
próprio organismo é capaz de produzir anticorpos para combater
o agente introduzido, tornando a pessoa imune à certa doença.

A família apresenta importante papel na promoção da saúde do idoso,
sendo que a estabilidade emocional e um ambiente harmonioso onde
ocorre o estímulo à autonomia contribuem diretamente para a manuten-
ção da qualidade de vida deste grupo. As diferenças sociais no Brasil fa-
zem com que, frequentemente, pessoas idosas assumam o cuidado da
residência, de crianças e de adolescentes, sendo culpabilizadas pelas cri-
ses familiares. Diante disto, a manutenção da saúde do idoso deve ser
atrelada de apoio e incentivo familiar, o que permite que este indivíduo
seja visto como pessoa ativa na sociedade, a qual apresenta deveres e
direitos que devem ser respeitados e incentivados.
2. Avaliação clínica preventiva no atendimento ao

idoso saudável
O atendimento clínico do idoso saudável deve ser realizado de forma pe-

riódica a fim de prevenir o aparecimento de alterações, identificar fatores
de risco e/ou identificar o aparecimento de algum tipo de desordem logo
no início. O atendimento deve ser amplo e realizado por equipe interdis-
ciplinar que seja capaz de compreender a saúde do idoso em sua comple-
xidade funcional e psicossocial. A grande quantidade de comorbidades
características do envelhecimento reforçam a necessidade do olhar inter-
disciplinar por parte dos profissionais.
A avaliação preventiva do idoso saudável deve envolver qualquer tipo de

alteração verificada no ano anterior, tais como: alteração de peso, fadiga,
mal-estar, queda, alteração no sono, alteração intestinal, presença de in-
continência urinária, dores osteoarticulares, problemas sexuais, proble-
mas de circulação, alteração de equilíbrio, dificuldades de visão e audi-
ção, perda de memória, dificuldade de cálculo, depressão, dificuldade de
marcha, disfunções motoras ou qualquer outra complicação que possa

prejudicar as atividades da vida diária destas pessoas. O caráter multi-
fatorial destas possíveis alterações exige que a equipe interprofissional
envolva a participação de médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, enfer-
meiros, assistentes sociais, educadores físicos, psicólogos, entre outros
profissionais de saúde. Com isto é possível verificar se há algum tipo de
comprometimento funcional, ou se o idoso permanece saudável.
EXEMPLIFICANDO
A avaliação do desempenho do idoso em suas atividades di-
árias é muito utilizado na atenção básica a fim de verificar o
nível funcional em que se encontram e a capacidade de auto-
cuidado. Para isto são avaliadas as Atividades de Vida Diária,
as quais compreendem: a capacidade de se alimentar, tomar
banho, se vestir, caminhar, ir ao banheiro e evacuar. Neste
teste também se consideram as Atividades Instrumentais da
Vida Diária relacionadas à independência do idoso na socie-
dade. Para isto avalia-se a sua capacidade de utilizar meios
de transporte, manipular medicamentos, realizar compras e
tarefas domésticas, utilizar o telefone, preparar seu próprio
alimento e cuidar das suas próprias finanças.

Neste tema foi estudado aspectos que envolvem a atuação de equi-
pes interdisciplinares de saúde na atenção ao idoso saudável. Diante
do que foi estudado, e da definição apresentada de envelhecimento
saudável, você acredita que o hábito de fumar é suficiente para tor-
nar o envelhecimento mal-sucedido? O controle do tabagismo deve
ser considerado uma forma de promoção de saúde?

• São considerados idosos saudáveis aqueles que apresentam baixo

risco de desenvolver doenças e incapacidades, associado ao bom
funcionamento físico e mental e ao envolvimento na sociedade;
• O atendimento interdisciplinar de idosos saudáveis deve focar nos

processos de prevenção e promoção de saúde, visando sempre a
manutenção da qualidade e aumento da expectativa de vida desta
população;
• A promoção de saúde na população idosa saudável deve propor-

cionar os meios necessários para melhora e manutenção da saúde,
incentivando hábitos saudáveis, prática de atividades físicas, o envol-
vimento social, a vacinação e a participação familiar;
• A promoção de saúde em idosos saudáveis acaba atuando como

forma de prevenção de alterações do envelhecimento. Porém ain-
da é necessário o acompanhamento clínico deste grupo, de forma
periódica, por uma equipe interdisciplinar, a fim de prevenir o apa-
recimento de doenças, identificar fatores de risco e/ou identificar o
aparecimento de algum tipo de desordem logo no início.
Glossário
• Heterogêneo: natureza diferente, variada, diversidade.
• Humanização: tornar algo benévolo, mais sociável; movimento

que incentiva a valorização dos atores e sujeitos do processo de
produção de saúde.
• Tubérculo: parte espessa do caule, rica em nutrientes, subterrâ-

nea. Exemplo: batata.

TEMA 04
1. Selecione a alternativa que melhor caracteriza o idoso
saudável:
a) Apresenta baixo risco de desenvolver doenças e alto
risco de desenvolver incapacidades, excelente funcio-
namento mental e físico e engajamento social.
b) Apresenta baixo risco de desenvolver doenças e inca-
pacidades, excelente funcionamento mental e físico e
engajamento social.
c) Apresenta baixo risco de desenvolver doenças e incapa-
cidades, excelente funcionamento físico, porém pode
apresentar um pouco de perda de memória devido ao
envelhecimento.
d) Apresenta baixo risco de desenvolver doenças e inca-
pacidades, excelente funcionamento mental, porém
pode apresentar casos de queda devido à fragilidade
muscular e óssea.
e) Apresenta baixo risco de desenvolver doenças e alto
risco de desenvolver incapacidades, excelente funcio-
namento mental e físico e permanecem maior parte do
tempo em casa cuidando dos netos.
correta:
I. O atendimento interdisciplinar de idosos saudáveis
deve focar no atendimento clínico após uma queixa.
PORQUE
II. A atenção ao idoso saudável deve visar aumentar a ex-
pectativa de vida, reduzir o aparecimento de doenças e

prorrogar a mortalidade, proporcionando aos indivídu-
os os meios necessários para melhorar sua saúde.
d) d) As asserções I e II são proposições falsas, e a II
não justifica a I.
3. O atendimento clínico do idoso saudável deve ser realiza-
do de forma periódica a fim de prevenir o aparecimento
de alterações, identificar fatores de risco e/ou identificar o
aparecimento de algum tipo de desordem logo no início.
Diante disto, selecione abaixo a alternativa que contém so-
mente itens que devem ser avaliados periodicamente em
idosos:
I. Alteração de peso
II. Fadiga
III. Alteração intestinal
IV. Incontinência urinária
V. Dores osteoarticulares
a) I, II.
b) I, II, V.
c) III, IV, V.
d) I, III, IV, V.

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É correto afirmar que o idoso saudável “apresenta baixo risco de de-

senvolver doenças e incapacidades, excelente funcionamento men-
tal e físico e engajamento social”. Para que o envelhecimento seja
saudável e bem-sucedido, o idoso deve apresentar boa forma física
e mental, com baixa possibilidade de desenvolver doenças. Além dis-
so, o bem-estar psicossocial é essencial para este processo.
A alternativa que corresponde à afirmação correta é: A asserção I é

uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. O atendi-
mento interdisciplinar de idosos saudáveis deve focar nos proces-
sos de prevenção e promoção de saúde.
Questão 3 – Resposta: E
O atendimento clínico periódico do idoso deve ser amplo e abranger

diversas áreas. Dessa forma, deve ser avaliada a presença de alte-
ração de peso, fadiga, alteração intestinal, incontinência urinária e
dores osteoarticulares, dentre outros fatores, a fim de verificar se há
algum tipo de comprometimento funcional ou se o idoso permanece
saudável.

TEMA 05
O IDOSO FRAGILIZADO E A ATUAÇÃO

DA EQUIPE MULTI E INTERDISCIPLINAR
Objetivos
• Conhecer e entender o conceito de idoso fragilizado;
• Conhecer e entender aspectos fisiológicos e funcio-

nais envolvidos no processo de fragilização;
• Entender a importância da interdisciplinaridade no

atendimento a idosos fragilizados;
• Aprender estratégias para identificação e planeja-

mento do cuidado de idosos fragilizados por equipe
de saúde interdisciplinar.

Introdução
Atrelado ao aumento no número de idosos no mundo de forma geral,

observa-se um frequente aumento de idosos considerados fragilizados.
Em 2010, pessoas com mais de 65 anos de idade em estado de fragilida-
de representavam cerca de 10 a 25% do total de idosos. Esses números
sugerem uma relação entre fragilidade e envelhecimento, o que torna
este grupo prioritário no processo de atenção. Porém, a fragilidade pode
não estar associada ao envelhecimento, podendo ser revertida por meio
da intervenção de equipe de saúde interdisciplinar. Ainda existem diver-
gências com relação à definição de fragilidade. Alguns pesquisadores
consideram somente aspectos biológicos na classificação da fragilidade,
partindo do princípio de que a simples identificação de sintomas físicos
seria suficiente para o processo de intervenção. Entretanto, outros pes-
quisadores destacam as questões multidimensionais do envelhecimento,
como os aspectos sociais e psicológicos, os quais são importantes fatores
agravantes da síndrome de fragilidade. A definição mais aceita com rela-
ção à síndrome de fragilidade foi proposta por Linda Fried e colaborado-
res de seu grupo de pesquisa da Universidade Johns Hopkins nos Estados
Unidos. De acordo com eles, “fragilidade representa um estado de vul-
nerabilidade fisiológica relacionada à idade, produzida por uma reserva
homeostática debilitada e uma capacidade reduzida do organismo de en-
frentar um número variado de estresses” (FRIED et al., 2001; LOURENÇO,
2010). Dessa forma, esta síndrome apresenta várias frentes resultantes
de alterações biológicas, psicológicas e sociais que tornam o indivíduo
vulnerável, podendo apresentar maior frequência de alterações clínicas.
A redução da capacidade funcional, quedas, frequente hospitalização, as-
sociados a aspectos sociais como baixa renda e baixa escolaridade, são
alguns aspectos observados em portadores da síndrome de fragilidade,
os quais ocasionam redução da expectativa de vida e aumento de inca-
pacidades. Diante do exposto, a avaliação de aspectos puramente bioló-
gicos da síndrome de fragilidade dificulta a identificação deste quadro em

seu período inicial, aumentando o desafio do processo de reversão das
alterações resultantes. Assim, a atuação de forma interdisciplinar, ampla
e periódica, permite identificação precoce dos riscos da síndrome de fra-
gilidade e intervenções mais efetivas. Neste contexto, no tema em ques-
tão, iremos estudar quais as principais alterações fisiológicas envolvidas
no desenvolvimento da síndrome de fragilidade em idosos. Além disso,
serão abordados aspectos importantes para a identificação desta síndro-
me, avaliação, elaboração do tratamento e ações preventivas por parte de
uma equipe de saúde interdisciplinar.
1. Aspectos fisiopatológicos da síndrome de

fragilidade
A definição de fragilidade mais aceita sugere a ocorrência de “capacidade

reduzida do organismo de enfrentar um número variado de estresses”,
estando relacionada ao declínio funcional e aumento da vulnerabilidade
durante o envelhecimento. Este processo ocorre em todo o organismo,
acarretando alterações multidimensionais que levam à fragilidade, tais
como: alterações neuromusculares, neuroendócrinas e imunológicas.
Dentre as alterações neuromusculares a sarcopenia é considerada um

importante fator de risco à fragilidade, podendo levar a quedas, fraqueza,
fadiga, alteração na marcha e desequilíbrio. A reduzida ingestão alimen-
tar e prática de atividade física no envelhecimento promovem a perda
de massa muscular, prejudicando a musculatura esquelética. Com isso,
ocorre redução da força muscular e consequentemente da resistência
ao exercício, levando a um desequilíbrio que intensifica o processo de
fragilização.
As alterações neuroendócrinas envolvem redução da produção de hor-

mônio de crescimento, estrógeno e testosterona. Estas alterações esti-
mulam a perda de massa magra, redução da adiposidade corporal, bem

como alterações da resposta do organismo ao estresse. Dessa forma, as
disfunções neuroendócrinas acabam estimulando as alterações neuro-
musculares e contribuindo ainda mais para o declínio funcional.
PARA SABER MAIS

No período que precede a década de 90 os conceitos de fra-
gilidade e incapacidade eram considerados semelhantes e
associados. Com o passar dos anos, os estudos referentes à
síndrome de fragilidade passaram a questionar esta premis-
sa, principalmente baseado em três aspectos principais: 1) o
declínio funcional nem sempre é relacionado à fragilidade;
2) pessoas frágeis não necessariamente apresentam declínio
funcional; 3) a implementação de processos de prevenção
pode interferir no desenvolvimento da síndrome de fragili-
dade. Diante disto, a incapacidade passou a ser considerada
um processo que envolve comprometimento de órgão ou de
alguma função em um âmbito mais permanente, sendo ne-
cessário auxílio para que o indivíduo consiga realizar as ativi-
dades diárias (BRASIL, 2006).
Com relação às disfunções imunológicas, destaca-se o aumento de inter-

leucinas pró-inflamatórias, redução de interleucinas anti-inflamatórias e
de imunoglobulinas. Além disso, ocorre redução de linfócitos T, devido à
involução do timo, e redução da resposta mitogênica, levando ao aumen-
to da suscetibilidade e redução da capacidade de adaptação.
Foram estabelecidas cinco situações relacionadas ao desenvolvimento da
fragilidade que, associadas, constituem o fenótipo desta síndrome. Estes
componentes são: 1) perda de peso não intencional; 2) fadiga frequente
durante uma semana considerando a necessidade de grande esforço ou
a incapacidade de realizar alguma atividade; 3) redução na força de pre-
ensão; 4) baixo nível de atividade física; 5) redução da velocidade de mar-
cha em segundos. (FRIED et al., 2003; BRASIL, 2006)

O desenvolvimento destas alterações não apresenta início definido, ge-
rando um processo cíclico autossustentado, no qual o fator causador da
fragilidade acaba se tornando determinante para esta síndrome. A pre-
sença de três ou mais fenótipos em um indivíduo é suficiente para classi-
ficá-lo como frágil, e a presença de menos de três fenótipos nos permite
classificá-lo em risco de fragilidade.
ASSIMILE
A síndrome de fragilidade pode ser considerada primária ou
secundária, sendo:
• Primária: ocorre devido a alterações funcionais típicas do
envelhecimento, como alterações na expressão gênica e
danos ao DNA;
• Secundária: considera que o aparecimento de doenças
possa ser causador da fragilidade. Estas doenças podem
envolver a perda de peso, diabetes, insuficiência cardíaca,
artrite, depressão, demência, entre outras.
CAUSAS PRIMÁRIAS:
Alterações na expressão dos genes
Dano oxidativo no DNA
Encurtamento do telômero
Desregulação
neuroendócrina
Alterações
neuromusculares FRAGILIDADE
(sarcopenia) Síndrome clínica
Disfunção do
sistema Perda de peso
imunológico Fadiga
Força de preensão
CAUSAS SECUNDÁRIAS: Velocidade da marcha
Depressão Atividade física
Neoplasias
Infecção crônica
Insuficiência cardíaca congestiva
Figura 1. Este diagrama foi retirado do “Caderno de Atenção Básica – Envelhecimento e Saúde da Pessoa
Idosa”e resume o desenvolvimento, bem como os principais aspectos envolvidos na síndrome de
fragilidade, considerados parâmetros fisiopatológicos discutidos neste tema. (BRASIL, 2006)

2. Atuação da equipe de saúde direcionada ao idoso
fragilizado
Os idosos fragilizados são considerados importante grupo que necessita

de atendimento interdisciplinar realizado por equipe multiprofissional, a
qual desenvolve processo de cuidado amplo baseado em decisões con-
juntas e consensuais. Esta atenção deve ser pautada nos preceitos es-
tabelecidos pela Política Nacional do Idoso e pelo Estatuto do Idoso, os
quais garantem que estes indivíduos recebam atendimento que objetive
autonomia e independência.
Dessa forma, a partir de uma avaliação ampla é possível realizar o cuida-

do de idosos frágeis de forma mais efetiva, uma vez que estes apresen-
tam uma série de alterações, tais como: múltiplas doenças, declínio fun-
cional, síndromes geriátricas (alteração de marcha, alteração neurológica,
incontinência urinária, etc.), falta de engajamento social e apoio familiar,
baixa renda, entre outros (RIBEIRO FILHO, 2010). Apesar disto, o processo
de avaliação ampla do idoso só é realmente efetivo quando envolve de
forma interdisciplinar todos os profissionais da rede de saúde. Este siste-
ma é divido em três etapas principais (triagem, avaliação e elaboração de
plano de cuidados), as quais veremos em detalhes a seguir.
O processo de triagem é importante para selecionar indivíduos em fra-

gilidade ou que apresentam risco de se tornarem frágeis. Pode ser rea-
lizado utilizando-se questionários padronizados, que permitam avaliar
a presença de alterações. Esta etapa pode ser desenvolvida por qual-
quer profissional da equipe de saúde que tenha sido treinado para a sua
aplicação.
A etapa de avaliação envolve a verificação da história de vida e da capaci-

dade física do indivíduo. É importante que o idoso seja avaliado de forma

multidimensional, considerando-se aspectos funcionais, cognitivos, afeti-
vos, mobilidade, situação social, familiar, financeira e ambiental (RIBEIRO
FILHO, 2010). A avaliação funcional merece destaque especial, uma vez
que a partir dela é verificada a capacidade de se realizar tarefas do dia a
dia. É realizada através da aplicação de uma série de testes e questioná-
rios, permitindo a avaliação de certas capacidades, tais como: se alimen-
tar, se vestir, fazer compras, cozinhar, caminhar, subir escadas, entre ou-
tras. Além disso, permite que os profissionais verifiquem a necessidade
da assistência ou a necessidade de supervisão e estimulem o processo de
autocuidado.
Este processo avaliativo pode ser realizado, por exemplo, por meio de
uma consulta médica inicial, onde os indicadores de fragilidade serão
avaliados. Assim, os idosos fragilizados poderão passar pela avaliação
ampla, que envolverá diversos profissionais, os quais, em conjunto, se-
rão responsáveis pela elaboração do diagnóstico. Recomenda-se que
a equipe seja formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, as-
sistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e
fonoaudiólogos. A utilização de escalas ou questionários padronizados
neste processo contribui para que haja uma unificação na linguagem
dos profissionais da equipe e permite a realização de quantificação nes-
te processo.

PARA SABER MAIS
Para a realização da avaliação ampla, é importante que os
profissionais de saúde sejam capazes de realizar uma avalia-
ção integral do indivíduo. Para isto, RIBEIRO FILHO (2010) su-
gere um roteiro de avaliação que pode facilitar este processo:
1. Anamnese: neste momento diversos pontos devem ser
investigados, tais como: padrão alimentar, remédios in-
geridos, tabagismo, etilismo, prática de atividades físicas,
acidentes, quedas, incontinência, ambiente em que resi-
de, entre outros;
2. Exame Físico: devem ser verificados a audição, visão, nu-
trição, pressão arterial, pele, mobilidade, equilíbrio, entre
outros;
3. Avaliação Funcional: aplicar testes que avaliem atividades
básicas da vida diária (vestir-se, tomar banho, alimentar-
-se, usar o banheiro, controlar os esfíncteres, etc.), ativi-
dades instrumentais da vida diária (tarefas domésticas,
fazer compras, cozinhar, usar o telefone, etc.) e mobilida-
de (caminhar, equilíbrio, subir escadas, etc.);
4. Cognição e Afetividades: através da aplicação de testes
específicos como o teste do relógio e o mini-exame do
estado mental;
5. Avaliação Social: através da avaliação do engajamento
social e estresse familiar;
6. Avaliação ambiental: avaliação de riscos domiciliares.
Após a determinação do diagnóstico, a equipe de saúde interprofissional

deve se reunir para estabelecer o plano de cuidados. Neste plano são
traçadas as ações necessárias ao atendimento do idoso, bem como defi-
nidos os aspectos prioritários a serem tratados. O atendimento realizado
de forma interdisciplinar permite que todos os profissionais contribuam
e estejam familiarizados com os reais problemas que levaram à alteração

da saúde e qualidade de vida destes indivíduos. Dessa forma, com o plano
de cuidado, todos os profissionais passam a possuir um objetivo único,
reavaliando o paciente periodicamente e alterando as medidas determi-
nadas de acordo com as necessidades.
LINK
Neste tema, foi muito discutida a utilização e a importân-
cia dos questionários e testes padronizados na avaliação do
idoso fragilizado. No link abaixo você vai encontrar um arti-
go científico que investigou a associação entre a realização
das atividades da vida diária e o desempenho cognitivo de
idosos. Estes autores utilizaram diversos testes citados nes-
te capítulo como instrumentos metodológicos de avaliação
dos idosos, permitindo que você se aproxime e os conheça
em seu aspecto prático. OLIVEIRA, E. M.; SILVA, H. S.; LOPES,
A.; CACHIONI, M.; FALCÃO, D. V. S.; BATISTONI, S. S. T.; NERI,
A. L.; YASSUDA, M. S. Atividades Avançadas de Vida Diária
(AAVD) e desempenho cognitivo entre idosos. Psico-USF,
2015. Disponível em: <http://scielo.br/pdf/pusf/v20n1/1413-
8271-pusf-20-01-00109.pdf>. Acesso em: 02 mar. 2018.
O atendimento amplo por equipe interdisciplinar permite a prevenção de

alterações e a implementação de intervenções precoces em pessoas con-
sideradas pré-frágeis, impedindo a instalação da síndrome de fragilidade.
O estímulo à prática de atividades físicas, melhora alimentar e a verifica-
ção dos medicamentos ingeridos, são algumas medidas preventivas que
contribuem para a redução da perda de massa magra, melhora da força
e mobilidade.
Apesar do processo preventivo e de identificação precoce parecerem sim-

ples, a falta de assiduidade dos idosos ao serviço de saúde dificulta este

processo. Isso ressalta a importância da atuação interdisciplinar na iden-
tificação de fatores de risco à síndrome de fragilidade, uma vez que os
profissionais mais próximos ao indivíduo são responsáveis por identificar
estas alterações. Assim, o pensamento interdisciplinar por parte dos pro-
fissionais de saúde permite que esta síndrome seja identificada a tempo
de ser revertida ou postergada, garantindo a qualidade de vida do idoso.
EXEMPLIFICANDO
O agente comunitário de saúde é um profissional que apre-
senta papel fundamental no processo de identificação de fa-
tores de risco da síndrome de fragilidades em idosos, pois é
muito próximo à comunidade, o que facilita esse reconheci-
mento. Além disso, os grupos sociais que envolvem a partici-
pação de idosos são importantes locais que permitem a iden-
tificação de fatores de risco. Os gestores dos grupos estão
em contato direto com os idosos, sendo capazes de perceber
alterações como perda de peso. A partir disto, seu contato
com o idoso e sua família pode estimula-los a procurar um
programa de atenção em saúde, prevenindo ou detectando
precocemente esta síndrome.

A Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade Estadual
do Rio de Janeiro desenvolve o projeto “Cuidado Integral à Pessoa
Idosa”, que tem como objetivo atender a população idosa da região.
De acordo com seus conhecimentos sobre idosos saudáveis e fra-
gilizados, qual você acredita ser o grupo de idosos prioritariamente
atendidos neste projeto? Por que?

• Idosos fragilizados são aqueles que se apresentam em estado de

vulnerabilidade e apresentam dificuldade de adaptação do orga-
nismo frente às alterações que surgem. A síndrome de fragilidade
apresenta caráter multidimensional, sendo suas alterações resul-
tantes de desequilíbrios biológicos, sociais e psicológicos;
• Fisiopatologicamente, esta síndrome é consequência de alterações

neuromusculares, neuroendócrinas e imunológicas. Além disso,
apresenta cinco fenótipos principais para sua caracterização: per-
da de peso não intencional, fadiga frequente, redução na força de
preensão, baixo nível de atividade física e redução da velocidade de
marcha;
• O atendimento interdisciplinar é essencial ao idoso fragilizado, pois

permite a avaliação ampla dos indivíduos, garantindo intervenções
mais efetivas através de decisões conjuntas e consensuais. A diver-
sidade de alterações do idoso fragilizado confirma a necessidade do
atendimento por equipes interprofissionais.
• O processo de atendimento e identificação do idoso fragilizado pela

equipe de saúde deve envolver todos os profissionais nos seguin-
tes passos: triagem, avaliação e elaboração do plano de cuidados.
Além disso, medidas preventivas e de identificação precoce da sín-
drome de fragilidade devem ser realizadas sempre que necessário
por todos os profissionais envolvidos.
Glossário
• Reserva Homeostática: reserva de substâncias utilizadas pelo or-

ganismo para manter a sua estabilidade.

• Síndrome: conjunto de sintomas observados em patologias dife-
rentes e sem causa específica.
• Musculatura Esquelética: maior parte da musculatura do corpo,

formada por células alongadas com capacidade de contração.
TEMA 05
1. Selecione a alternativa que melhor caracteriza o idoso
fragilizado:
a) Redução da capacidade funcional, quedas, eventual
hospitalização, média renda, baixa escolaridade, au-
sência de engajamento social e apoio familiar.
b) Redução da capacidade funcional, quedas, frequente
hospitalização, baixa renda, baixa escolaridade, ausên-
cia de engajamento social e apoio familiar.
c) Redução da capacidade funcional, quedas, eventual
hospitalização, baixa renda, baixa escolaridade, enga-
jamento social e apoio familiar.
d) Redução da capacidade funcional, quedas, frequente
hospitalização, baixa renda, baixa escolaridade, enga-
e) Redução da capacidade funcional, quedas, frequente
hospitalização, média renda, baixa escolaridade, enga-
correta:
I. As doenças multidimensionais do envelhecimento são
consequência de alterações neuromusculares, neuro-
endócrinas e imunológicas.

PORQUE
II. A equipe multiprofissional que atende o idoso fragiliza-
do deve atuar de forma interdisciplinar, desenvolvendo
um processo de cuidado amplo baseado em decisões
conjuntas e consensuais.
justifica a I.
3. Fried e colaboradores (2003) estabeleceram um conjunto
de 5 fenótipos importantes para a caracterização da sín-
drome de fragilidade. Diante disto, selecione a alternativa
que contém somente fenótipos corretos:
I. Perda de peso não intencional
II. Fadiga ocasional em uma semana
III. Redução da força de apreensão
IV. Prática de atividade física
V. Redução da velocidade de marcha
a) I, II.
b) I, II, V.
c) III, IV, V.
d) I, III, V.


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SANCHEZ, M. A. Avaliação geriátrica ampla em ambiente multidisciplinar. In: VERAS,
Janeiro: DOC, 2010, p. 105-109.

É correto afirmar que o idoso fragilizado apresenta “redução da ca-

pacidade funcional, quedas, frequente hospitalização, baixa renda,
baixa escolaridade, ausência de engajamento social e apoio familiar”.
Para que o idoso seja considerado fragilizado ele deve apresentar
redução da capacidade do organismo de se adaptar a possíveis alte-
rações, o que pode levar ao aumento de quedas e de hospitalização.
Além disso, o processo de fragilização é relacionado a alterações so-
ciais e psicológicas, como: baixa renda, baixa escolaridade, ausência
de engajamento social e apoio familiar.
As doenças multidimensionais do envelhecimento são consequência

de alterações neuromusculares, neuroendócrinas e imunológicas.
Este caráter multidimensional é um dos motivos que torna a equi-
pe interdisciplinar de saúde importante no atendimento de idosos
fragilizados.
Para que a fadiga seja considerada um fenótipo para se identificar a

síndrome de fragilidade ela deve ser frequente durante uma sema-
na, considerando a necessidade de grande esforço ou a incapacida-
de de realizar alguma atividade. Além disso, deve apresentar baixo
nível de atividade física.

TEMA 06
A EQUIPE MULTI E INTERDISCIPLINAR

NA ATENÇÃO AO IDOSO
INSTITUCIONALIZADO
Objetivos
• Conhecer e entender em que consiste a institu-

cionalização;
• Compreender os principais aspectos relacionados à

institucionalização do idoso;
• Compreender as relações entre a família e o idoso

institucionalizado;
• Entender a importância e os meios pelos quais

a equipe interdisciplinar deve atuar com idosos
institucionalizados.

Introdução
Devido a diversos motivos relacionados ao envelhecimento como a perda

de parentes e amigos próximos, casamento dos filhos ou aumento no apa-
recimento de doenças físicas e mentais, uma grande parcela dos idosos
em nosso país passam a residir em instituições. Este processo é conhe-
cido como institucionalização e no Brasil estes estabelecimentos, antes
conhecidos como asilo, lar ou casa de repouso, passaram a ser denomi-
nados Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI). Geralmente,
considerando-se países desenvolvidos, o próprio idoso é quem determina
a necessidade da institucionalização. A população brasileira, ao contrário,
apresenta a cultura de que o cuidado do idoso deve ser realizado pela
própria família, não havendo amparo do governo neste processo. Dessa
forma, grande parte das institucionalizações de idosos ocorre contra a
vontade destes, o que acaba prejudicando a visão do idoso com relação
a este processo e à própria família. A insatisfação gerada é relacionada à
perda da autonomia e responsabilidade sobre si mesmo, não apresentan-
do mais o direito à escolha. Além disso, é acompanhado de mágoa inten-
sa, que pode promover sérios problemas futuros. Anteriormente, estas
instituições que abrigavam idosos apresentavam caráter assistencialista e
eram destinadas à população mais carente. O aumento da população ido-
sa no mundo e os diferentes arranjos familiares, associados ao aumento
do individualismo, geraram novas demandas que promoveram a hete-
rogeneidade de pessoas de diferentes classes sociais e com diferentes
demandas de saúde nestas instituições. As ILPIs passam a ser a residên-
cia dos idosos com 60 anos ou mais e a grande demanda por serviços de
saúde por parte das pessoas ali residentes faz com que apresentem uma
importante função de assistência à saúde. Assim, a interdisciplinaridade é
essencial nestas instituições, as quais lidam com fenômenos complexos e

multifatoriais decorrentes do envelhecimento e da heterogeneidade dos
indivíduos ali atendidos. De acordo com a legislação (ANVISA, 2005), as
ILPIs devem garantir aos idosos o cuidado de acordo com as fragilidades
de cada indivíduo, além de lazer, proporcionados por profissionais com
nível superior em sua área de atuação. Estas instituições também devem
disponibilizar os serviços de limpeza, lavanderia, vestuário e alimentação.
Apesar disto, diversas ILPIs brasileiras encontram-se em péssimo estado,
sendo relatado que algumas destas instituições ofereciam comida estra-
gada, água contaminada e remédios vencidos aos seus pacientes, como
ocorreu na Casa de Saúde Santa Genoveva, no Rio de Janeiro. Neste con-
texto, o grande aumento destas instituições no Brasil está relacionado ao
desenvolvimento de problemas sociais, nos quais a falta de apoio gover-
namental e o pensamento no lucro por parte das empresas que as co-
mandam faz com que elas percam o modelo ideal de atendimento.Desde
1999 já havia sido descrito por Chaimowicz e Grecco que a atenção ao
idoso deve ocorrer a partir de um tripé formado pelo estado, família e
sociedade. Assim, a falta de apoio e da existência de outras opções, como
os centros-dia de atendimento, faz com que todo o peso deste cuidado
recaia sobre a família que acaba optando pelas ILPIs. Dentre as pessoas
assistidas, destacam-se a presença de mulheres, o que é relacionado à
maior expectativa de vida apresentada pelas pessoas do sexo feminino.
Observa-se também baixa escolaridade dentre os indivíduos institucio-
nalizados, o que se deve à dificuldade de acesso ao estudo na época em
que estes idosos eram mais novos, e contribui para maior dificuldade de
entendimento sobre sua situação. Além disso, pessoas solteiras ou viúvas
apresentam mais risco de institucionalização, principalmente porque o
cuidado reflete nos filhos ou irmãos que acabam optando por este tipo
de serviço (CARMO et al., 2012). Diante do contexto atual relacionado à
institucionalização, uma série de fatores contribuem para que não haja

um desenvolvimento social e de políticas públicas nesta área. A conspira-
ção do silêncio que não dá voz ao idoso, a seus problemas e dificuldades,
a idealização da família e grande número de funções que recaem sobre
as ILPIs são alguns destes fatores. Estas instituições apresentam papel
que vai muito além do simples cuidado físico, sendo consideradas uma
substituição da família e um lugar de formação de vínculos que contribui
para que o idoso tenha força para enfrentar este momento. Assim, é cla-
ra a necessidade de um modelo de assistência específico para as ILPIs,
visando sempre propiciar qualidade de vida para esta população de for-
ma ética. Dessa forma, neste tema iremos estudar aspectos positivos e
negativos relacionados ao processo de institucionalização, bem como os
principais motivos que levam as pessoas a procurarem este tipo de ser-
viço. Neste contexto, iremos entender o papel da equipe multidisciplinar
no atendimento ao idoso institucionalizado e a importância da atuação
interdisciplinar.
1. Aspectos positivos e negativos da

institucionalização
A forma pela qual o idoso chega às ILPIs é diretamente relacionada à for-

ma que ele encara o processo de institucionalização. A solidão, ausência
da família, filhos que moram em locais distantes, falta de recursos finan-
ceiros para arcar com o cuidado e a justificativa de morar em residências
pequenas, são alguns dos motivos que levam ao processo de instituciona-
lização contra a vontade do idoso. Os indivíduos que passam a residir nas
ILPIs são obrigados a modificar sua vida e rotina de forma rápida, deixan-
do sua casa e passando a morar em local diferente e conviver com pes-
soas desconhecidas. Além disso, este processo é relacionado à perda da
autonomia, uma vez que o idoso se vê incapaz de decidir sobre sua pró-
pria vida e deve lidar com processo de perda do seu papel na sociedade.

PARA SABER MAIS
O caráter assistencialista atribuído às ILPIs é consequência
do fato de serem instituições derivadas dos asilos, os quais
no passado eram destinados às pessoas de baixo nível social.
Assim, estas instituições passaram a ser consideradas locais
de pobreza e sofrimento, enquanto deveriam ser considera-
das como um local de residência que contribui para a ma-
nutenção da qualidade de vida. Existe atualmente um mo-
vimento que tenta desmistificar este estereótipo das ILPIs,
porém, para isto, é necessário romper com o senso comum
e que estes locais se firmem de forma concreta na sociedade.
Creutzberg e colaboradores (2008) relataram em sua pesqui-
sa com dirigentes de ILPIs em Porto Alegre e região, que estes
já se preocupam com o processo de desmistificar o estereóti-
po destas instituições. A forma que encontraram para isto foi
estimular o entrosamento das ILPIs com a sociedade, atra-
vés da prestação de serviços como empréstimo de produtos
médicos, como cadeiras de rodas ou realização de trabalhos
manuais feitos pelos próprios idosos (BENTES et al., 2012).
Os sentimentos de exclusão social, isolamento, perda da liberdade, aban-

dono pela família, são muito frequentes nestes indivíduos. Isto está asso-
ciado ao processo periódico de relembrar o passado, desencadeando o
sentimento de aproximação da morte, que possivelmente leva ao desen-
volvimento de um quadro de depressão. A vergonha é outro sentimento
presente nestes idosos, os quais acabam preferindo relacionar sua inter-
nalização à falta de recursos financeiros para não admitir o descaso fami-
liar. A sensação de impotência e incapacidade é estimulada pela tristeza
intensa associada ao aumento das incapacidades físicas e inabilidade de
desenvolver atividades diárias relacionadas ao envelhecimento.

Ressaltamos a falta da individualidade de idosos residentes nas ILPIs como
outro aspecto negativo, uma vez que leva à perda da independência e da
autonomia. Residir nestas instituições impede o contato externo com ou-
tras pessoas, restringindo a vida somente a este local. Além disso, estes
indivíduos são submetidos à rotina e a uma forma padronizada de viver.
ASSIMILE
O conceito de morte para idosos institucionalizados é mais
amplo do que a morte propriamente dita, considerada so-
mente como o fim da vida. Estes indivíduos lidam com uma
série de mortes no decorrer deste processo. Dentre estas
mortes destaca-se a perda do emprego, da posição que ocu-
pava na sociedade, perda da casa em que residia, bem como
a perda do convívio diário em família. Dessa forma, ter que
lidar com essa série de “mortes” no decorrer da vida é uma
das dificuldades enfrentadas durante o envelhecimento e
que representam um desafio ainda maior para idosos insti-
tucionalizados (CARMO et al., 2012).
Apesar disto, as ILPIs podem constituir um lugar agradável para se morar,

sendo uma alternativa para idosos que não gostem de viver sozinhos.
Estas instituições proporcionam convívio com outros idosos e a formação
de fortes vínculos que permitem o compartilhamento de sentimentos,
que contribui para o enfrentamento das dificuldades enfrentadas nesta
fase. As alterações físicas do envelhecimento podem incapacitar alguns
indivíduos, os quais recebem nas ILPIs o suporte necessário. Estes indi-
víduos não precisam se preocupar, por exemplo, com o preparo das re-
feições e limpeza do local. Assim, a institucionalização pode representar
uma segurança para os idosos, pois ali recebem alimentação, o cuidado
necessário, e fazem amizades, garantindo a qualidade de vida.

PARA SABER MAIS
A religião é um fator que proporciona apoio aos idosos ins-
titucionalizados. Foi verificado que idosos que participam de
alguma religião apresentam maior capacidade de entender
suas limitações e de conseguirem desenvolver as habilida-
des que ainda possuem. Além disso, a religião proporciona o
apoio psicológico, uma vez que promove discussões sobre a
morte, a qual é muitas vezes temida, trazendo o conceito de
alma imortal, que contribui a fim de que este momento não
seja encarado como algo triste. Além disso, a religião dá sen-
tido à vida de muitos idosos e acaba se tornando um meio de
convívio social, contribuindo para o enfrentamento do enve-
lhecimento e seus desafios (CARMO et al., 2012).
2. A família e o idoso institucionalizado
A relação do idoso e sua família é muito importante para o processo de

envelhecimento em seu caráter multidimensional, sendo ainda mais re-
levante considerando-se o idoso institucionalizado. Apesar de residir nas
ILPIs, os idosos continuam tendo a família como referência de amor, união
e aceitação na sociedade. A manutenção deste convívio e a demonstração
de preocupação, faz com que estes indivíduos se sintam parte de tudo
que construíram no decorrer de suas vidas, reduzindo o sentimento de
exclusão e isolamento.
Os casos de abandono de idosos em ILPIs são muito comuns e contribuem
para agravar seu estado de saúde, gerando a sensação de desamparo
e insegurança. A manutenção dos laços com a família é uma forma de
manter o sentimento de pertencimento a algo, o que é extremamente im-
portante considerando que estes indivíduos já perderam grande parte da
propriedade, como, por exemplo, seu lar. Além disso, a modificação das
referências sociais dos idosos devido à institucionalização, faz com que a

relação com a família garanta sensação de proteção, amparo e da manu-
tenção de uma memória afetiva que foi cultivada durante toda a sua vida.
Entretanto, o convívio familiar pode não representar algo positivo no pro-
cesso de saúde no envelhecimento, uma vez que pode levar a sérios des-
gastes e conflitos. São muitos os casos de maus-tratos de idosos, negligên-
cia com relação ao seu estado físico e mental, má alimentação, além de
assédio psicológico e emocional. Além disso, em muitos casos, os idosos
são mais presos e limitados dentro de sua própria casa do que nas ILPIs.
Dessa forma, a relação do idoso com a família é essencial para determinar
a saúde destes indivíduos. O suporte familiar e a manutenção das rela-
ções afetivas influenciam diretamente na qualidade de vida destes ido-
sos. As ILPIs podem ser importantes formas de apoio para famílias que
passam a ter que cuidar de algum idoso, porém não devem promover o
isolamento familiar e social destes indivíduos. A utilização deste recurso
deve ser negociada com o idoso, avaliando os benefícios e malefícios para
que não desencadeie mágoa e sentimento de abandono.
3. Atenção interdisciplinar ao idoso

institucionalizado
Neste momento, você já entendeu as complexidades da institucionaliza-

ção, bem como as características dos idosos institucionalizados e possí-
veis consequências deste processo. Além disso, já discutimos amplamen-
te nesta disciplina que a saúde em pessoas idosas é resultado de um
bem-estar biológico, social e psicológico. Os idosos residentes em ILPIs
apresentam caráter heterogêneo, podendo apresentar-se saudáveis ou
com alterações fisiológicas, sociais e/ou psicológicas. Apesar disto, grande
parte dos indivíduos institucionalizados apresentam doenças crônicas, in-
gerem muitos medicamentos, além de necessitarem de acompanhamen-
to nutricional e psicológico. Estes fatores confirmam a importância de vi-
são multidisciplinar que enfoque aspectos amplos e garanta a atenção
integral a este grupo.

Neste contexto, a avaliação de forma multidimensional também é reco-
mendada para idosos institucionalizados, tendo o objetivo de identificar
alterações o mais precocemente possível, promover saúde, prevenir o
aparecimento de doenças e estabelecer o plano de cuidado o mais rápi-
do possível. Este cuidado ampliado permite a avaliação do idoso como
um todo, em seus aspectos biológico, social e psicológico, garantindo a
efetividade do plano de cuidado, sendo específico para cada necessida-
de. Além disso, não negligencia nenhum agravante de saúde, abrangendo
os distúrbios afetivos evidenciados em idosos institucionalizados. Assim,
compreende o indivíduo em toda sua complexidade, através da atuação
de uma equipe multiprofissional que dialoga e planeja o cuidado de for-
ma integrada, tendo como foco a manutenção da qualidade de vida.
A avaliação multidimensional da pessoa idosa deve ser realizada perio-
dicamente, para que seja efetiva e cumpra seu objetivo. A participação
ativa dos profissionais na vida do idoso e a formação de vínculo contri-
buem para a identificação dos problemas e atuação preventiva. No início
da institucionalização, o indivíduo deve ser avaliado por profissionais de
áreas específicas atentando-se para parâmetros cognitivos, história clíni-
ca e familiar, bem como parâmetros físicos. A partir da articulação entre
os profissionais da equipe de forma interdisciplinar deve ser determinado
o diagnóstico e estabelecido o plano de cuidado para cada indivíduo.
Para que seja fornecido o atendimento integral, a presença de enfermei-
ros, técnicos de enfermagem, médicos, nutricionistas, psicólogos, fisiote-
rapeutas, terapeutas ocupacionais, educadores físicos, assistentes sociais
e cuidadores é essencial. A articulação destes profissionais deve gerar
propostas de intervenções baseadas nos preceitos da gerontologia, os
quais defendem a visão holística e atendimento multiprofissional, sendo
pertinentes às necessidades específicas de cada idoso. Por exemplo, é co-
mum que idosos institucionalizados apresentem limitações físicas, sendo
necessário trabalho de fisioterapia que estimule a locomoção, posiciona-
mento correto, etc. O nutricionista também apresenta papel diversifica-
do nas ILPIs, atuando no processo de cuidado direto e específico com
o paciente e otimizando os cardápios baseado nas doações recebidas e

nas necessidades gerais dos atendidos. De forma geral, é importante que
os profissionais que trabalham nas ILPIs sejam capazes de proporcionar
aos idosos um ambiente que permita o desenvolvimento de hábitos e ex-
periências antigas, contribuindo para a autonomia e para que se sintam
integrados ao ambiente.
EXEMPLIFICANDO
Salcher e colaboradores (2015) desenvolveram estudo em di-
versas ILPIs na cidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul,
com a finalidade de conhecer as perspectivas das equipes
multiprofissionais que trabalham nestes locais. Os resultados
encontrados somente reforçam a importância do trabalho in-
terdisciplinar das equipes de saúde para o desenvolvimento
de atenção efetiva aos idosos residentes nas ILPIs. A fala da
psicóloga de uma das ILPIs avaliada, exemplifica este traba-
lho e sua importância: “[...] é multidisciplinar, trabalhamos to-
dos juntos... Através de trocas... Eu chego e a enfermeira vem me
passar algo que aconteceu, ou quando eu percebo, passo... É tro-
ca de informações [...] o apoio psicológico ao idoso em sua nova
situação de vida. Também o apoio aos familiares que demons-
tram muita ansiedade e angústia ao se desprenderem do idoso e
o apoio à equipe de enfermagem e demais profissionais em suas
dificuldades na compreensão do idoso e como conduzi-lo”.
Porém, para que esta atuação multidisciplinar seja possível é importante

que instâncias governamentais não só coloquem a necessidade destes
profissionais em diretrizes e recomendações, mas sim garanta efetiva-
mente a presença destes no dia a dia das ILPIs. Além disso, é importante
o desenvolvimento de políticas públicas que garantam a fiscalização con-
creta destas instituições e dos meios de atuação dos profissionais que
ali trabalham. É essencial que todas as instâncias do cuidado ao idoso

institucionalizado entendam a importância e a necessidade do desenvol-
vimento de ações que promovam a saúde deste grupo.
A depressão é um exemplo de doença que acomete idosos institucionaliza-

dos e que faz necessário o atendimento interdisciplinar. O desenvolvimen-
to da depressão nestes indivíduos é consequência das alterações a que são
submetidos devido à institucionalização. Este quadro pode ser facilmente
mascarado pela diversidade fisiológica das alterações próprias do envelhe-
cimento, sendo necessária a capacitação dos trabalhadores de forma inter-
disciplinar para que possam desenvolver pensamento amplo que permita
diagnóstico preciso. Diante disto, a depressão passa a ser um problema não
somente do idoso, mas também da ILPI em que ele reside.(TIER et al., 2008).
LINK
As ILPIs e a assistência domiciliar compõem importantes
redes de atenção à pessoa idosa. Neste tema foi possível
conhecer um pouco mais sobre as ILPIs e o trabalho da
equipe multiprofissional neste contexto, considerando indi-
víduos idosos. No próximo tema, iremos nos aprofundar na
assistência domiciliar para idosos, seus principais aspectos
e atuação interdisciplinar. Dessa forma, o link abaixo traz
um artigo científico que descreve e compara as ILPIs e pro-
gramas de assistência domiciliar, com relação às diferenças,
semelhanças, usuários, fluxo e gestão. A partir da leitura
deste trabalho será possível fixar conceitos já aprendidos e
se identificar com outro tipo de cuidado que será estudado
em breve. FERREIRA, F. P. C.; BANSI, L. O.; PASCHOAL, S. M.
P. Serviços de atenção ao idoso e estratégias de cuidado
domiciliares e institucionais. Revista Brasileira de Geriatria
e Gerontologia, 2014. Disponível em: <http://scielo.br/pdf/
rbgg/v17n4/1809-9823-rbgg-17-04-00911.pdf>. Acesso em:
09 mar. 2018.

O processo de institucionalização de idosos é complexo e envolve
uma série de alterações psicológicas e sociais, as quais podem contri-
buir para o agravamento da saúde destes indivíduos. O trabalho da
equipe multiprofissional associado ao apoio familiar é essencial para
a manutenção da qualidade de vida dos idosos institucionalizados.
Dessa forma, quais seriam as possíveis estratégias para articular a
equipe profissional em saúde e a família destes indivíduos, a fim de
contribuir para a manutenção e promoção da saúde?
• Institucionalização é um processo no qual os idosos com 60 anos

ou mais deixam suas casas para residirem em estabelecimentos
coletivos denominados Instituições de Longa Permanência para
Idosos (ILPI);
• A forma com que o idoso encara a institucionalização é muito

relacionado à eficiência deste processo. Pode ser associado ao
aumento de solidão, sentimento de exclusão familiar e social, perda
da autonomia e da individualidade. Entretanto, por outro lado, pode
representar um local agradável para se morar, permitindo a criação
de vínculos e amparo em caso de incapacitação física e mental, con-
tribuindo para a qualidade de vida;
• O convívio familiar é essencial para que estes idosos se sintam que-

ridos e parte do que construíram durante toda a sua vida. As ILPIs
devem ser utilizadas como uma forma de apoio no cuidado destes
idosos, não devendo promover o isolamento familiar e social destes
indivíduos;

• A heterogeneidade dos indivíduos residentes nas ILPIs, bem como
o caráter multidimensional de suas alterações, exige a atuação da
equipe multiprofissional de saúde de forma interdisciplinar. É neces-
sária a realização de avaliação periódica e global a fim de identificar
alterações o mais precocemente possível, promover saúde, preve-
nir o aparecimento de doenças e estabelecer o plano de cuidado o
mais rápido possível.
Glossário
• Vínculo: algo que liga; estabelece um relacionamento.
• Negligenciar: tratar algo com negligência, de forma descuidada

ou desleixada.
• Estereótipo: clichê, algo padrão, sem originalidade, ideia precon-

cebida resultante da falta de conhecimento.
TEMA 06
1. Selecione a alternativa que melhor caracteriza possíveis
causas de internalização de idosos:
a) Filhos solteiros, novos arranjos familiares, casas peque-
nas, aparecimento somente de doenças mentais.
b) Casamento dos filhos, arranjo familiar tradicional, ca-
sas pequenas, aparecimento de doenças físicas ou
mentais.
c) Casamento dos filhos, arranjo familiar tradicional, casas
pequenas, aparecimento somente de doenças físicas.

d) Casamento dos filhos, novos arranjos familiares, casas
pequenas, aparecimento de doenças físicas ou mentais.
e) Filhos solteiros, arranjo familiar tradicional, casas pe-
quenas, aparecimento de doenças físicas ou mentais.
correta:
I. A institucionalização pode promover solidão, sentimen-
to de ausência familiar, perda da autonomia e do valor
social, desencadeando quadros de depressão.
PORQUE
II. Estas instituições que abrigam idosos podem ser locais
agradáveis para se viver, pois promovem segurança
para idosos que não gostam de viver sozinhos ou que
apresentam dificuldades físicas.
a) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma
proposição falsa.
c) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é
uma justificativa da I.
d) As asserções I e II são proposições falsas, e a II não jus-
tifica a I.
e) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma propo-
sição verdadeira.
3. Com relação ao atendimento de idosos institucionaliza-
dos, selecione a alternativa que contém somente asserti-
vas corretas:
I. A equipe de atenção ao idoso institucionalizado deve
ser multiprofissional, apesar de não ser responsabili-
dade do governo.

II. Como o idoso encontra-se sob cuidado de uma insti-
tuição, somente aspectos físicos devem ser levados em
consideração.
III. A avaliação multidimensional deve ser realizada perio-
dicamente, porém é importante que seja realizada no
início da internalização, a fim de permitir a articulação
dos profissionais para determinar o diagnóstico o mais
precocemente possível e estabelecer o plano de cuida-
do rapidamente.
a) I, II.
b) I, II, III.
c) I.
d) II.
e) III.
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria Colegiada

– RDC nº 11. 26 de setembro de 2005. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/
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VERAS, R. As instâncias intermediárias e os modelos contemporâneos de cuidado
com o idoso. In: VERAS, R.; LOURENÇO R. (Org.). Formação Humana em Geriatria e
É correto afirmar que possíveis causas da internalização de idosos

são: Casamento dos filhos, novos arranjos familiares, casas peque-
nas, aparecimento de doenças físicas ou mentais. Muitas vezes ao se
casarem e formarem uma nova família os filhos passam a se dedicar

menos ao cuidado dos pais, ao contrário dos filhos solteiros. Novos
arranjos familiares, como mães solteiras, apresentam menos tempo
para cuidarem dos idosos. Tanto doenças físicas quanto as mentais
em idosos exigem muito cuidado por parte do cuidador, sendo uma
das causas da institucionalização.
A institucionalização pode sim promover sentimentos como a soli-

dão, ausência familiar, perda da autonomia e do valor social, desen-
cadeando quadros de depressão. Mas, dependendo da forma com
que ela é encarada, pode promover um ambiente agradável para se
viver, pois promovem segurança para idosos que não gostam de vi-
ver sozinhos ou que apresentam dificuldades físicas.
I. A equipe de atenção ao idoso institucionalizado deve ser multi-

profissional, SENDO RESPONSABILIDADE DO GOVERNO ASSEGURAR
A PRESENÇA DOS PROFISSIONAIS NECESSÁRIOS PARA CADA
ESTABELECIMENTO.
II. NO CUIDADO AO IDOSO, INSTITUCIONALIZADO OU NÃO, DEVEM

SER SEMPRE AVALIADOS ASPECTOS FÍSICOS, PSICOLÓGICOS E
SOCIAIS.
III. A avaliação multidimensional deve ser realizada periodicamente,

porém é importante que seja realizada no início da internalização
a fim de permitir a articulação dos profissionais para determinar o
diagnóstico o mais precocemente possível e estabelecer o plano de
cuidado rapidamente. – CORRETA

TEMA 07
ATUAÇÃO DA EQUIPE MULTI E

INTERDISCIPLINAR NA ATENÇÃO
AO IDOSO NO DOMICÍLIO
Objetivos
• Conhecer e entender em que consiste a atenção

domiciliar;
• Conhecer e diferenciar os tipos de atendimento domi-

ciliar, bem como seu público-alvo;
• Entender os meios e a importância do atendimen-

to multiprofissional e interdisciplinar de idosos no
domicílio.

Introdução
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a atenção do-

miciliar é um “termo genérico que envolve ações de promoção à saúde,
prevenção, tratamento de doenças e reabilitação desenvolvidas em domi-
cílio”. Desta forma, neste tipo de atenção ao idoso, a partir do diagnóstico,
a equipe interdisciplinar em saúde organiza o cuidado e propõe ações, no
próprio domicílio, que irão contribuir para desenvolver capacidades e o
autocuidado. O aumento de idosos no mundo, e consequentemente da
expectativa de vida, exige maior demanda de saúde bem como cuidado
e ações específicas por parte do sistema de atenção público e privado.
Alterações biológicas e físicas observadas nos idosos atualmente, bem
como as doenças crônicas não transmissíveis, exige cuidado a longo pra-
zo e permanente, ao contrário das doenças infecciosas observadas mais
incidentes em décadas passadas que levavam rapidamente à morte. Este
contexto contribuiu para o desenvolvimento de modalidades de atenção
à saúde do idoso que evitassem a hospitalização. Assim, o surgimento da
atenção domiciliar foi muito importante, uma vez que permite a redução
dos custos hospitalares, além de promover a qualidade de vida aos ido-
sos. A desospitalização do idoso contribui para a humanização da atenção
a este grupo, além de liberar leitos em hospitais e reduzir alterações que
podem surgir devido à internação, como infecções generalizadas.Desde
o século XIX, no estado da Carolina do Norte (Estados Unidos), a atenção
domiciliar já era desenvolvida por associações beneficentes que presta-
vam cuidado a pessoas pobres. Investimentos específicos do governo dos
Estados Unidos na área da atenção domiciliar nos últimos anos, contribu-
íram para o extenso crescimento de instituições que realizam este tipo de
atendimento no país. No Brasil, o primeiro registro de serviço de assistên-
cia domiciliar ocorreu em 1949, sendo ligado ao Ministério do Trabalho,
porém não foi dada continuidade a este programa que acabou sendo ex-
tinto. Porém o aumento de idosos no Brasil faz com que este grupo repre-
sente uma importante parcela de gastos com hospitalização no país, sendo

a atenção domiciliar uma estratégia potencial no tratamento de idosos e
redução de gastos com saúde (MENDES, 2010).O programa de Saúde da
Família, criado em 1994 no Brasil, pelo Ministério da Saúde, constituiu
uma alternativa para a atenção básica, envolvendo a atenção domiciliar.
Neste programa, a equipe de saúde desenvolve atendimento interdiscipli-
nar de forma integral e humanizada, valorizando o idoso de acordo com
sua realidade cultural e social, sendo estimuladas atividades coletivas e a
integração na sociedade. Esta estratégia deve substituir a atenção básica
tradicional, na qual somente o paciente deve se direcionar à equipe de
saúde, integrando a atenção à saúde a outras instituições e organizações
sociais além de promover a cidadania. As ações da equipe interdisciplinar
ocorrem a partir de um cadastramento dos domicílios e diagnóstico, ten-
do sempre como objetivo o cuidado a longo prazo e estímulo à autonomia
da pessoa idosa. Estas equipes de saúde apresentam caráter multiprofis-
sional e atuam através da atenção continuada e de visitas domiciliares. A
atenção continuada garante um acompanhamento a longo prazo do ido-
so, permitindo alterações de hábitos aos poucos, estreitamento de víncu-
los e rapidez na percepção de alterações e no desenvolvimento de fragi-
lidades. Já as visitas domiciliares, constituem um momento único para o
estabelecimento de suporte adequado ao idoso, envolvendo diretamente
a família e seus cuidadores. Estas visitas permitem que as necessidades
do idoso e sua família sejam reconhecidas, sendo determinado um cuida-
do específico para cada idoso. Além disso, aumenta a adesão aos trata-
mentos e periodicidade de atendimento, uma vez que não é necessário
o transporte do idoso, garantindo segurança e conforto. Dessa forma, o
atendimento domiciliar dentro deste programa permite reconhecimento
do local em que estes idosos vivem, contribuindo para a identificação de
maus-tratos e para a garantia de seus direitos. Dessa forma, neste tema
iremos estudar os principais tipos de atendimento domiciliar e os aspec-
tos que abrangem a prestação do cuidado. Além disso, iremos entender
quais as principais características necessárias para receber atendimento
domiciliar e como a equipe multiprofissional de saúde pode atuar de for-
ma interdisciplinar na atenção aos idosos no domicílio.

1. Atendimento do idoso no domicílio
A atenção domiciliar apresenta duas modalidades, sendo: internação

domiciliar e a assistência domiciliar. Os idosos em internação domiciliar
apresentam um quadro clínico mais severo, apesar de estável, sendo ne-
cessária especialização tecnológica além de cuidado intensivo e integral.
Já a assistência domiciliar diz respeito a atendimentos ambulatoriais e
contínuos, tem como objetivo atender idosos com perdas funcionais e
dependência.
A equipe de saúde que atende em domicílio, independente da modalida-

de, deve ser acolhedora e estar preparada para realizar este atendimen-
to. Inicialmente é necessária a identificação de indivíduos que necessitem
deste tipo de cuidado. Para determinar esta necessidade é importante
que um profissional da equipe de saúde faça esta avaliação levando em
consideração: concordância do paciente e da família, condições clínicas
e de moradia. Por exemplo, para ser elegível o domicílio deve ter água e
energia elétrica, principalmente quando será necessário o uso de equipa-
mentos eletrônicos. Os idosos que passarão a ser atendidos em domicí-
lio geralmente são elegidos através de visitas dos agentes comunitários,
solicitação da família ou por já terem passado por internação hospitalar.
Os profissionais médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocu-
pacionais, fonoaudiólogos, serviço social, nutricionistas, psicólogos e far-
macêuticos são essenciais para que este atendimento ocorra de forma
integral e interdisciplinar.

PARA SABER MAIS
Você conhece a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa? Este é
um instrumento que pode contribuir para que os profissio-
nais de saúde consigam identificar os idosos que necessitam
ser atendidos em domicílio. Nesta caderneta são registrados
os atendimentos ao idoso no período de cinco anos, desta-
cando informações pessoais, familiares, de saúde e hábitos
de vida do idoso. Com esta caderneta, as equipes de saúde
podem estar sempre a par das necessidades do idoso, possi-
bilitando a identificação de fragilidades e as necessidades de
cuidado em domicílio. Além disso, de forma geral, contribui
para que o próprio idoso e sua família se conscientizem so-
bre as informações relevantes de sua saúde. (BRASIL, 2018)
A partir da identificação dos indivíduos que deverão receber atendimento

domiciliar, a equipe multidisciplinar de saúde deve realizar uma avaliação
ampla do estado de saúde do idoso, a fim de identificar os cuidados que
serão necessários. Esta avaliação deve abranger a capacidade funcional,
doenças, remédios ingeridos, capacidade para realizar as atividades da
vida diária, estado cognitivo, presença de suporte familiar ou de amigos
e o ambiente em que vive. Além disto, neste momento a equipe deve
avaliar as potencialidades do idoso e as capacidades que apresenta, para
que estas possam ser estimuladas ou desenvolvidas, contribuindo para o
autocuidado e qualidade de vida.

EXEMPLIFICANDO
Sofrer maus tratos, violência ou negligência por parte da fa-
mília é motivo de vergonha para muitos idosos, os quais aca-
bam omitindo estes fatos para a equipe de saúde. Diante dis-
to, a formação de vínculo estabelecida no atendimento domi-
ciliar e a observação do idoso de forma multidimensional em
sua residência contribuem para a identificação destes casos.
É importante que o profissional de saúde seja capaz de se
comunicar com o idoso atendido de forma verbal e não ver-
bal, estando sempre atento a sua expressão facial, gestos e
assuntos que conversa ou evita. Outros aspectos que podem
ser observados para identificar maus-tratos, são: demonstra-
ção de medo ou ansiedade na presença de alguém, observa-
ção de lesões, equimoses, úlceras e desidratação. Dessa for-
ma, a partir da comunicação verbal e não verbal com o idoso
em seu domicílio, será possível estabelecer uma avaliação
ampla e proporcionar uma assistência eficaz. (BRASIL, 2006)
Posteriormente ao período de avaliação, a equipe de saúde deve se reunir

a fim de buscar desenvolver um diagnóstico do estado de saúde do idoso
e melhor estratégia para cada caso. Deve ser elaborado um projeto tera-
pêutico singular, onde será definido o risco, ações que serão realizadas,
metas e profissionais que atuarão em cada caso. É interessante que a co-
ordenação do projeto fique a cargo do profissional que apresenta maior
vínculo com o idoso, uma vez que contribuiu para a adesão do idoso ao
tratamento. Apesar disto, todos os profissionais devem participar do pro-
cesso de elaboração do cuidado, promovendo a integração de diversas
áreas e visão abrangente sobre a saúde do idoso em questão.

ASSIMILE
A palavra “vínculo” apresenta um significado simples no di-
cionário, sendo “aquilo que une, estabelece um relaciona-
mento lógico ou de dependência”. No contexto de atenção
à saúde, estes significados estão corretos, porém esta pala-
vra deve ser considerada em uma perspectiva mais ampla.
Em saúde, o vínculo é considerado uma relação estreita que
deve ocorrer entre o profissional e o paciente, permitindo
um conhecimento cada vez mais profundo que facilite o cui-
dado. Acredita-se que o estabelecimento do vínculo promo-
va respeito entre as partes, garantindo segurança e aceita-
ção do paciente. Para que seja estabelecido é importante
o trabalho dos profissionais de saúde, família e do próprio
paciente, contribuindo para a redução de consultas e inter-
nações desnecessárias. Além disso, o vínculo e a confiança
gerada contribuem para o estímulo à autonomia, e atenção
ampla, garantindo a escuta ao paciente e o cuidado integral
(BRUNELLO et al., 2010).
Deve ser estabelecida uma ordem de prioridade com relação às altera-

ções identificadas em cada idoso. A partir disto, devem ser determinadas
metas de curto, médio e longo prazo, sendo importante que estas metas
possam ser avaliadas. O número de visitas e consultas deve ser estabe-
lecido de acordo com as metas de cada caso. Além disso, o projeto te-
rapêutico determinado deve ser constantemente revisado, devendo ser
modificado de acordo com a evolução e com a necessidades dos idosos.
De forma geral, é importante que a equipe multiprofissional se comuni-
que sempre, trocando informações e produzindo novos conhecimentos.

PARA SABER MAIS
A elaboração do projeto terapêutico na atenção em domicílio
deve apresentar como uma das metas a elaboração do plano
de alta do paciente. Esta determinação deve ser relaciona-
da ao que a equipe multiprofissional de saúde espera quan-
to à evolução do estado do paciente. O Patient Classification
Outcome – PCO apresenta um modelo que pode ser seguido
a fim de determinar a expectativa de alta, sendo dividido em
cinco grupos principais que podem ser observados abaixo:
Grupo I – o problema será eliminado em sua totalidade.
Considera-se pessoas com episódios agudos como feridas e
fraturas.
Grupo II – o paciente desenvolverá habilidades para lidar de
forma independente com o problema. Considera-se pesso-
as com doenças crônicas iniciais, como diabetes e pessoas
que apresentam paralisia leve devido a acidente vascular
cerebral.
Grupo III – o paciente será estimulado a desenvolver o má-
ximo de suas funções. Considera-se pessoas com doenças
crônicas intermediárias, que apresentam certo nível de com-
prometimento que dificulta a realização de outras funções,
como amputação de membros ou diabetes com cegueira.
Grupo IV – pacientes devem ser mantidos em sua residência
de forma continuada com atendimento domiciliar. Considera-
se doentes crônicos avançados, como pessoas que apresen-
tam distúrbios neurológicos ou artrite severa.
Grupo V – pacientes devem ser mantidos em sua residência,
pelo máximo de tempo possível. Considera-se pessoas com
doenças em fase terminal como câncer, cirrose e insuficiên-
cia renal. (MENDES, 2010)

Como visto anteriormente, o cuidado do idoso não deve envolver somen-
te a equipe de saúde, mas também a família, cuidador e a comunidade.
Assim, estes outros agentes devem estar envolvidos no cuidado domi-
ciliar, sendo importantes na elaboração do plano de cuidado e em sua
aplicação. A família deve contribuir de forma direta para a construção do
cuidado, sendo valorizadas, a fim de garantir a efetividade do plano de
cuidado.
Além disso, a avaliação constante e monitoramento do plano de cuidado

é importante para garantir seu alto padrão de qualidade no atendimento
domiciliar. A avaliação deve ser frequente e deve ter como objetivo prin-
cipal adequar o planejamento do cuidado em domicílio às alterações dos
idosos e de sua família, atendendo novas demandas.
LINK
A promoção da qualidade de vida é o principal objetivo da
atenção aos idosos, sendo o estímulo à autonomia e a inde-
pendência fatores importantes para atingi-lo. O link abaixo
traz um artigo científico que utiliza um método quantitativo
de avaliação para verificar a qualidade de vida de idosos em
atendimento domiciliar. Esta leitura irá contribuir para que
você conheça de forma prática um método de avaliação da
atenção ao idoso e sua aplicação, além de mostrar a efeti-
vidade deste sistema. Disponível em: <http://scielo.br/pdf/
ape/v22n3/a05v22n3>. Acesso em: 20 mar. 2018.

O processo de atenção do idoso em domicílio traz benefícios para o
idoso, por exemplo, por facilitar o acesso à equipe de saúde, propor-
ciona o vínculo com a equipe multiprofissional, além de proporcionar
redução de custos com a saúde. Dessa forma, a partir do seu senso
crítico e de todo o assunto abordado, quais aspectos negativos re-
lacionados à equipe multiprofissional ou à integração com a família
você acredita que podem estar ligados a esta forma de atenção ao
idoso? Analise criticamente estes aspectos e tente propor alternati-
vas que possam contribuir para minimizar os pontos negativos da
atenção domiciliar.
• A atenção domiciliar é uma forma de atenção em saúde na qual ações

de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação são desenvolvi-
das na residência do paciente;
• A atenção domiciliar permite a criação de vínculos entre o idoso e
o profissional da saúde, o que facilita a adesão ao tratamento e o
reconhecimento de fragilidades e outros problemas, como maus-
-tratos, logo no início. Assim, apresenta como objetivos principais
o estímulo ao desenvolvimento de capacidades, autocuidado e a
manutenção da qualidade de vida do idoso;
• A atenção em domicílio apresenta duas modalidades, sendo:
internação domiciliar (quadro clínico severo, sendo necessária
especialização tecnológica além de cuidado intenso e integral) e a
assistência domiciliar (atendimentos ambulatoriais e contínuos tem
como objetivo atender idosos com perdas funcionais e dependência).
Os idosos são elegidos para o atendimento domiciliar geralmente
através de visitas dos agentes comunitários, solicitação da família
ou por já terem passado por internação hospitalar;

• Para o atendimento de idosos em domicílio, a equipe multiprofissio-
nal deve trabalhar de forma interdisciplinar durante todo o processo,
discutindo os casos e elaborando o diagnóstico em conjunto. Deve
ser realizada uma avaliação inicial que permita a elaboração de um
projeto terapêutico singular e o estabelecimento de metas, sendo
reavaliado periodicamente e modificado de acordo com as necessi-
dades de cada paciente.
Glossário
• Doenças Infecciosas: doença causada por patógeno, o qual pode

ser vírus, bactéria, protozoário ou fungo. Causa lesões histopato-
lógicas ou bioquímicas, ocasionando sintomas como febre, dor de
cabeça, fraqueza muscular, entre outros.
• Domicílio: residência ou casa de um indivíduo.
• Desospitalização: ação de deixar de ser hospitalizado; receber
alta hospitalar ou passar a receber tratamento fora do hospital.
• Hospitalização: internação em hospital.
TEMA 07
1. Selecione a alternativa abaixo que melhor define a aten-
ção domiciliar:
a) A atenção domiciliar se refere ao atendimento em saú-
de no qual a equipe multiprofissional promove ações
de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação na
própria residência do indivíduo atendido. A equipe de
saúde deve trabalhar de forma interdisciplinar durante
todo o processo de organização do cuidado.

b) A atenção domiciliar se refere ao atendimento em saú-
de no qual o médico promove ações de promoção,
prevenção, tratamento e reabilitação na própria resi-
dência do indivíduo atendido. Neste caso, o processo
de organização do cuidado é responsabilidade deste
profissional.
c) A atenção domiciliar se refere ao atendimento em saú-
de no qual o médico promove ações de promoção, pre-
venção, tratamento e reabilitação na própria residência
do indivíduo atendido. A equipe de saúde deve traba-
lhar de forma interdisciplinar na organização do cuida-
do somente quando solicitado pelo médico.
d) A atenção domiciliar se refere ao atendimento em saú-
de no qual a equipe multiprofissional promove ações de
promoção, prevenção, tratamento e reabilitação na pró-
pria residência do indivíduo atendido. A equipe de saúde
deve trabalhar em conjunto, cada um fazendo sua parte,
durante todo o processo de organização do cuidado.
e) A atenção domiciliar se refere ao atendimento em saú-
de no qual o profissional que apresenta mais vínculo
com o paciente promove ações de promoção, preven-
ção, tratamento e reabilitação na própria residência do
indivíduo atendido. A equipe de saúde deve trabalhar
de forma interdisciplinar na organização do cuidado
somente quando solicitado por este profissional.
correta:
I. A necessidade de atendimento domiciliar deve ser de-
terminada através de uma avaliação realizada por al-
gum profissional treinado da equipe de saúde, consi-
derando a concordância do paciente e da família, con-
dições clínicas e de moradia.

PORQUE
II. Para que a internação domiciliar seja possível é ne-
cessária a presença somente de água encanada na
residência.
justifica a I.
3. A presença de uma equipe multiprofissional que atue de
forma interdisciplinar também apresenta importância no
atendimento domiciliar de idosos. Neste contexto, analise
as assertivas abaixo e selecione a que apresenta somente
assertivas corretas:
I. A equipe de atenção ao idoso no domicílio deve inicial-
mente identificar indivíduos elegíveis para o atendi-
mento domiciliar e realizar uma avaliação ampla que
abranja parâmetros físicos, cognitivos e sociais.
II. Após a identificação de alterações nos idosos, o profis-
sional referente à área de saúde afetada, por exemplo,
o nutricionista no caso de obesidade, deve elaborar um
projeto terapêutico singular e aplicá-lo no paciente em
seu domicílio.

III. A periodicidade da avaliação ampla por equipe multi-
profissional no idoso é muito importante para verifi-
car a efetividade do tratamento indicado e rever ações
determinadas, visando sempre a saúde e qualidade de
vida do paciente.
a) I, II.
b) I, III.
c) I.
d) II.
e) III.
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria Colegiada

– RDC nº 11. 26 de janeiro de 2006. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/anvisa/2006/res0011_26_01_2006.html>. Acesso em: 20 mar. 2018.
Idosa. Brasília, DF, 2006. p. 192.
Atenção Básica. Caderno de Atenção Domiciliar. Brasília, DF, 2012, p. 106.
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. Disponível em:
<http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-da-pessoa-idosa/caderneta-
-da-saude-da-pessoa-idosa>. Acesso em: 20 mar. 2018.
BRUNELLO, M. E. F.; PONCE, M. A. Z.; ASSIS, E. G.; ANDRADE, R. L. P.; SCATENA, L. M.;
PALHA, P. F.; VILLA, T. C. S. O Vínculo na Atenção à Saúde: Revisão Sistematizada na
Literatura, Brasil (1998-2007). Acta Paulista de Enfermagem, v. 23, n. 1, p. 131-135,
2010.
MARTINS, J. J.; SCHNEIDES, D. G.; COELHO, F. L.; NASCIMENTO, E. R. P.; ALBUQUERQUE,
G. L.; ERDMANN, A. L.; GAMA, F. O. Avaliação da qualidade de vida de idosos que re-
cebem cuidados domiciliares. Acta Paulista de Enfermagem, v. 22, n. 3, p. 265-271,
2009.

MENDES, W. A Atenção Domiciliar (Home Care): a Assistência Domiciliar e a Internação
Domiciliar. In: VERAS, R.; LOURENÇO R. (Org.). Formação Humana em Geriatria e
No atendimento domiciliar a equipe multiprofissional de saúde deve

sempre atuar de forma interdisciplinar, desde o diagnóstico até a ela-
boração e avaliação do projeto terapêutico singular. Além disso, as
propostas de ações preventivas, tratamento e reabilitação são reali-
zadas no domicílio do indivíduo. A formação do vínculo é importante
para facilitar a adesão ao tratamento e identificação de fragilidades,
assim o profissional mais próximo ao paciente deve ser o coordena-
dor da equipe, porém todos devem participar da atenção.
A internação domiciliar exige que o domicílio apresente diversas ca-

racterísticas como presença de energia elétrica para a utilização de
possíveis equipamentos eletrônicos e ausência de mofo, não somen-
te água encanada.
Após a identificação de alterações nos idosos, a elaboração, aplica-

ção e avaliação do projeto terapêutico devem ser sempre realizadas
em conjunto por toda a equipe multiprofissional. Isto garante uma
visão integral frente às alterações dos idosos e consequentemente
um tratamento mais efetivo.

TEMA 08
DESAFIOS DA
TRANSDISCIPLINARIDADE NA
ATENÇÃO AO IDOSO
Objetivos
• Conhecer e entender o conceito de transdiscipli-

naridade;
• Entender a importância do ensino transdisciplinar;
• Diferenciar transdisciplinaridade dos conceitos de

multidisciplinaridade e interdisciplinaridade;
• Entender a relevância e os desafios do desenvolvi-

mento do pensamento transdisciplinar na atenção ao
idoso.

Introdução
Como vimos em temas anteriores, a interdisciplinaridade é um contexto

que se destaca com relação à multidisciplinaridade, uma vez que permite
a produção de conhecimento a partir de trocas, interações e intercâmbio
real. A visão transdisciplinar transcende o conceito da interdisciplinarida-
de, como o seu próprio nome sugere. Na transdisciplinaridade também
existem interações e intercâmbios entre as diferentes áreas, porém de
uma forma abrangente e consolidada, garantindo a participação de di-
versos saberes, inclusive áreas que não sejam consideradas científicas ou
técnicas, como a filosofia, a religião e a arte. Neste conceito, os limites das
disciplinas são ultrapassados, permitindo a participação de qualquer área
na construção do conhecimento, integrando conhecimento científico com
novas ideias produzidas a partir do pensamento transdisciplinar, poden-
do ser, por exemplo, proveniente da cultura das populações (LIMA et al.,
2010). O conceito de transdisciplinaridade tem sido estudado há mais de
10 anos, e apresenta uma série de definições e paradigmas a serem con-
siderados levando em conta sua complexidade. Dessa forma, neste tema,
iremos entender como se deu o surgimento da transdisciplinaridade e
os principais aspectos a serem considerados dentro deste conceito. Além
disso, será abordada a relevância da transdisciplinaridade na educação e
no processo de atenção básica ao idoso.
1. Transdisciplinaridade
Durante o surgimento da educação na história, temas epistemológicos

como a ciência e a cultura andavam sempre em paralelo, sendo ambos
considerados importantes para o desenvolvimento de um estudo univer-
sal na primeira Universidade. Com o passar do tempo, nos séculos XVI e
XVII, houve uma mudança na visão de mundo, a qual passou a ser priori-
tariamente baseada na filosofia e na teologia cristã. Isto promoveu altera-
ção na visão orgânica e viva do universo, o qual passou a ser considerado
uma máquina, conceito adotado até os dias atuais.

Este conceito mecanicista foi a base para o desenvolvimento do raciona-
lismo científico, no qual conceitos físicos e matemáticos exatos governa-
vam de forma objetiva o universo. Assim, o paradigma racionalista-me-
canicista passou a ser o principal influenciador do pensamento ocidental
moderno, no qual as ideias eram voltadas para o mundo e para si.
PARA SABER MAIS

Diversos cientistas famosos, que marcaram a ciência no mun-
do, contribuíram para a mudança do pensamento ocidental
através da Revolução Científica e do desenvolvimento do ra-
cionalismo, sendo eles, por exemplo, Descartes e Newton.
Descartes era um filósofo, físico e matemático francês que
defendia a ideia de que para se compreender algo complexo
era necessário fragmentá-lo a fim de que o todo pudesse ser
entendido. Além disso, defendia a separação e a individua-
lidade da mente e da matéria. De acordo com Descartes, o
Universo era considerado matéria e envolvia os organismos
que nele vivem, sendo este todo considerado uma máquina
perfeita regida por leis matemáticas. Os conhecimentos do
inglês Isaac Newton, no século XVII, corroborou as ideias pre-
viamente defendidas, através das leis da linearidade, deter-
minismo, reducionismo e imediatismo. (RAMOS, 2009)
O desenvolvimento do racionalismo-mecanicista associado à separação

dos conhecimentos sobre religião, filosofia e ciência, contribuíram tam-
bém para que a compreensão epistemológica do ser fosse fragmentada
e separada em diferentes áreas. A sociedade passou então a considerar o
absoluto, imutável como a única maneira de enxergar as coisas. Além dis-
so, a visão da simplicidade foi estabelecida associada à epistemologia po-
sitivista que se relaciona à ideia de progresso e de desenvolvimento tec-
nológico, considerando a razão como forma suprema de conhecimento.

ASSIMILE
Epistemologia é uma palavra grega que quer dizer discurso
sobre a ciência. Neste sentido, a epistemologia é considera-
da a ciência que realiza uma abordagem crítica de hipóteses
e resultados de outras ciências, sendo considerada a teo-
ria do conhecimento. Sabe-se que o conhecimento científi-
co é dinâmico, estando relacionado a fatores econômicos,
políticos, ideológicos, religiosos e históricos. Assim, a partir
da epistemologia é realizada uma reflexão sobre a ciência
que leva à: identificação de problemas, proposta de solu-
ções, distinção do que realmente é científico, crítica de re-
sultados, elucidação de conceitos e reconstrução de teorias
(TESSER, 1995).
A Revolução Industrial contribuiu ainda mais para que o mundo fosse vis-
to como uma máquina, desvalorizando os sentimentos, a ética e fazendo
com que as pessoas se tornassem apenas recursos humanos, com pen-
samento e autonomia criativa limitados. Dessa forma, como inclusive foi
discutido em temas anteriores, a industrialização estimulou ainda mais a
fragmentação do conhecimento devido à ânsia das industrias por espe-
cialistas para resolver problemas técnicos e científicos de sua produção.
Assim, de forma geral, o desenvolvimento tecnológico contribuiu para a
fragmentação crescente em vários âmbitos da vida e de disciplinas. Além
disso, trouxe malefícios para toda a população como poluição, destruição
da camada de ozônio e do meio ambiente em geral, bem como doenças
alimentares, em detrimento de benefício para parte da população.
Diante das rápidas mudanças que ocorreram na sociedade tecnológica,

como o aumento da mecanização gerando uma redução de vagas no
mercado de trabalho, a epistemologia simplificada devido ao pensamento

racionalista-mecanicista não era suficiente para lidar com demandas
abrangentes e flexíveis. Assim, foi necessária a criação de novas discipli-
nas que integravam outras que eram resultados da superespecialização,
como por exemplo a bioquímica. Isto promoveu dúvidas quanto ao pró-
prio conceito racionalista-mecanicista, criando espaço para o surgimento
da interdisciplinaridade considerando-se disciplinas científicas e da trans-
disciplinaridade, a qual considera aspectos não científicos como a arte,
religião e a cultura.
Apesar de na interdisciplinaridade a reciprocidade e aprendizado mútuo

serem alguns dos principais aspectos abordados, a transdisciplinaridade
é considerada um passo além, onde serão extintas as barreiras entre as
disciplinas, permitindo a construção de uma estrutura única. Assim, nes-
te conceito, quanto mais for permitida uma comunicação epistemológica
entre diversas disciplinas ou áreas de conhecimento humano, mais a in-
terdisciplinaridade poderá se desenvolver em transdisciplinaridade. De
acordo com estas ideias, o aspecto multidimensional do conhecimento é
considerado, sendo a dúvida e a relatividade importantes neste processo.
A definição de transdisciplinaridade foi modificada com o passar do tem-

po, em reuniões internacionais promovidas principalmente pela UNESCO,
a fim de que compreenda a realidade do mundo e abranja toda a com-
plexidade deste conceito. Abaixo podem ser observadas algumas destas
definições e conceitos atribuídos à transdisciplinaridade.
“A transdisciplinaridade é uma reflexão sobre a natureza de nosso saber,

sobre os processos da complexidade no seio das disciplinas e na sociedade,
mas é também uma reflexão sobre a natureza da própria mente, sobre suas
capacidades de lógica e de racionalidade, e sobre seus limites. Uma reflexão
do ser e o fundamento imanente e transcendente do próprio real, sobre sua
natureza sagrada” (apud RAMOS, 2009).
“A transdisciplinaridade não procura construir sincretismo algum entre a ciên-

cia e a tradição: a metodologia da ciência moderna é radicalmente diferente das

práticas da tradição”. “A transdisciplinaridade procura pontos de vista a partir
dos quais seja possível torná-las interativas, procura espaços de pensamento
que as façam sair de sua unidade, respeitando as diferenças, apoiando-se
especialmente numa nova concepção da natureza”. (apud RAMOS, 2009).
“O desafio da transdisciplinaridade é gerar uma civilização, em escala plane-

tária, que, por força do diálogo intercultural, se abra para a singularidade de
cada um e para a inteireza do ser.” (apud RAMOS, 2009).
“[...] A transdisciplinaridade não procura o domínio sobre as várias outras dis-

ciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e as ultrapassa
[...].” (apud RAMOS, 2009).
LINK
O livro “O Manifesto da Transdisciplinaridade” foi escrito pelo
físico romeno Basarab Nicolescu, a cerca de 10 anos atrás, e
continua sendo considerado uma obra de referência com
relação ao estudo da fragmentação do conhecimento. O
autor é o fundador e presidente do “Centro Internacional de
Pesquisas Transdisciplinares” e se baseou nas pesquisas de
importantes cientistas intelectuais como Jean Piaget e Edgar
Morin para a elaboração desta obra. No link abaixo, você
encontrará uma resenha sobre este manifesto que contribuirá
para que você entenda de forma crítica como se deu o
desenvolvimento do pensamento transdisciplinar. SILVA, C.
A. P. Transdisciplinaridade e fragmentação do conhecimento.
Cronos, 2006. Disponível em: <https://periodicos.ufrn.br/
cronos/article/download/3203/2593>. Acesso em: 27 mar. 2018.
Outro aspecto importante da transdisciplinaridade é o caráter dinâmico

destas interações, que tornam o conhecimento algo vivo, que amplia o
saber aprisionado em especialidades, permitindo inclusive o desenvolvi-
mento de novas ciências, além de ser contrária aos conceitos previamen-
te estabelecidos da razão e do absolutismo.

A palavra transdisciplinaridade foi utilizada pela primeira vez por Piaget
(1970): “esta etapa deverá posteriormente ser sucedida por uma etapa supe-
rior transdisciplinar, que não contentaria em encontrar interações ou recipro-
cidades entre pesquisas especializadas, mas situaria essas ligações no inte-
rior de um sistema total, sem fronteira estável entre essas disciplinas” (apud
RAMOS, 2009). Assim, mesmo na interdisciplinaridade ainda existe uma
dicotomização entre o homem e o conhecimento, a qual é extinta na trans-
disciplinaridade, onde ocorre a interação de vários níveis de realidade.
A necessidade de abrangência cada vez maior das disciplinas e conhe-
cimentos proporcionou o surgimento do holismo, conceito contrário ao
reducionismo, que sugere a observação do complexo, ao invés do simpli-
ficado ou da junção de fragmentos. A transdisciplinaridade sugere que o
entendimento do complexo só será possível se transcendermos o holis-
mo, construindo sistemas que ao mesmo tempo que haja separação abs-
trata de áreas, haja uma conexão intensa entre elas que torne imprescin-
dível esta interação. Devemos pensar que os seres humanos apresentam
características físicas, biológicas, culturais, psicológicas ao mesmo tempo,
sendo impossível considerar estes aspectos de forma simplificada, uma
vez que o olhar simples exclui ou unifica.
No âmbito da educação, o conceito da transdisciplinaridade tem sido
pautado nos 4 pilares propostos na Conferência Internacional de
Transdisciplinaridade realizada no ano 2000, os quais estão listados abai-
xo (UNESCO, 2000):
• Aprender a conhecer: é importante que pessoas se apropriem da
metodologia do aprender, a fim de que consigam relacionar dife-
rentes conhecimentos, assimilá-los, e acompanhar o crescimento
rápido e multivariado do saber;
• Aprender a fazer: diretamente associado ao “aprender a conhecer”.
A capacidade técnica perde cada vez mais espaço para a mecani-
zação, sendo importante além desta competência a capacidade de
trabalhar em equipe, tomar iniciativas, ter criatividade e aprender
com facilidade;

• Aprender a viver juntos: este pilar está relacionado à capacidade
de evitar conflitos ou resolvê-los de maneira pacífica, contribuindo
para o desenvolvimento de outras culturas, da descoberta do outro,
permitindo a elaboração de projetos comuns. As normas de condu-
ta devem ser vivenciadas e não simplesmente respeitadas;
• Aprender a ser: ter autonomia intelectual e visão crítica da vida, a

fim de que possa ter discernimento e agir de acordo com as diferen-
tes situações da vida.
Dessa forma, a partir destes quatro pilares, esta concepção de educação

baseada na transdisciplinaridade deve ser estabelecida, não somente nas
escolas, mas também nas famílias e na sociedade, a fim de que todos
possam se abrir para a implementação deste novo conhecimento. Porém,
existe uma grande resistência com relação à implementação da transdis-
ciplinaridade na educação, por ser uma ideia contrária ao modelo atual
já difundido na sociedade. Apesar disso, diversos intelectuais apontam a
informática e desenvolvimento da internet como importantes ferramen-
tas de reaproximação de disciplinas e áreas de conhecimento, que podem
contribuir para a implementação de conceitos transdisciplinares no ensi-
no básico e superior.
2. Transdisciplinaridade no contexto de saúde e da

atenção ao idoso
O processo de formação de profissionais, com destaque para os profissio-

nais de saúde, é diretamente relacionado com a forma e abordagens que
serão utilizadas na atenção básica. Alterações curriculares que promo-
vam o pensamento transdisciplinar, complexo e abrangente, contribui-
rão diretamente para o estabelecimento deste conceito na prática clínica.

Porém, mudanças atuais nos currículos das universidades são superficiais
e insuficientes, existindo ainda grande fragmentação, bem como a dico-
tomia entre teoria e prática. Isto se torna mais difícil, uma vez que os pró-
prios docentes tiveram uma formação autoritária e fragmentada.
Para que a transdisciplinaridade seja instituída desde a formação profis-

sional é necessário que o processo de ensino-aprendizagem seja basea-
do na capacidade do professor de produzir conhecimento, unir saberes,
fazer inter-relações, estimular a criatividade, sempre de forma dinâmica
e contínua, relacionando a teoria com aspectos sociais. A partir destes
conceitos, a educação em saúde deve ser repensada a fim de permitir que
os profissionais tenham uma visão total e real, compreendendo os indi-
víduos em sua complexidade a partir da utilização conjunta de conceitos
diversos. Deve ser estimulado a aceitar as contradições e incertezas como
parte da construção do conhecimento, sendo capaz de conseguir aplicar
conceitos na prática clínica, questionando e refletindo sobre a sociedade
em que se insere.
Apesar da interdisciplinaridade ser um conceito amplamente discutido

atualmente, colocado inclusive como determinação de trabalho em alguns
locais, a maioria dos sistemas no Brasil ainda trabalham de forma multi-
disciplinar. Sabe-se que esta implementação é um desafio para a área da
saúde, uma vez que envolve aspectos sociais, emocionais, biológicos de
indivíduos e grupos, sendo necessário mudança de pensamento geral por
parte da equipe multiprofissional. Apesar disto, a visão integradora do in-
divíduo já vem sendo estabelecida dentro das instituições de saúde, bem
como nos profissionais que nelas trabalham, ressaltando a importância
do acolhimento do processo de atenção.

PARA SABER MAIS
A ética é um aspecto importante em todos os tipos de abor-
dagens clínicas, porém merece um destaque no caso da abor-
dagem transdisciplinar. Para que a transdisciplinaridade se
efetive é essencial que através da abertura que proporciona,
ocorra a aceitação de si e do outro, sendo essencial a ética
nesta relação. Através da ética transdisciplinar, o diálogo e
discussão são valorizados e respeitados, independente da
origem, a qual pode ser: científica, religiosa, econômica, po-
lítica, filosófica. O conhecimento passa a ter sua importância
considerada a partir de qualquer área, tendo a compreensão
do todo e respeito como pilares. Além disso, para o profissio-
nal da saúde que trabalha de forma interdisciplinar a ética é
ainda mais importante, pois o processo de atenção humani-
zada se torna essencial para que o indivíduo possa se tornar
o líder de sua vida, cuidando de sua saúde, respeitando seu
corpo, pensamento e sentimentos, bem como estimulando
sua autoestima e autonomia (RAMOS, 2009).
Porém, certas atitudes já estão enraizadas na sociedade, devido ao pensa-

mento racionalista, de tal forma que não deixa de estimular o pensamen-
to técnico e puramente biológico, o preconceito entre os profissionais de
saúde, hierarquias, falta de respeito e a competição. Estas atitudes não
condizem com a demanda atual de saúde que faz necessário profissio-
nais generalistas, capazes de concretizar mudanças e lidar com proble-
mas transversais e multidimensionais. Através do pensamento transdisci-
plinar, os profissionais de saúde serão capazes de ampliar o olhar sobre a
realidade, esquecendo por um momento a superespecialização pela qual
foram submetidos e se enriquecendo de diversos conhecimentos que
permitirão o entendimento do processo saúde-doença. Esses profissio-
nais conseguirão transformar o sistema de atenção através da constante
modificação de si mesmos, se abrindo em direção ao fazer coletivo.

O envelhecimento da população mundial e o caráter multidimensional das
alterações observadas na senilidade amplamente discutidos nos temas
anteriores desta disciplina, ressaltam a importância do desenvolvimento
de novos métodos de abordagem em saúde que garantam a integralida-
de e a humanização do atendimento. Apesar de todos os avanços alcan-
çados até hoje no sistema público de saúde no Brasil, devido à implemen-
tação do trabalho interdisciplinar por equipes multiprofissionais, teorias
mais atuais sugerem que o pensamento transdisciplinar possa contribuir
ainda mais para garantir um suporte de qualidade de vida e saúde para a
população idosa.
As alterações de caráter biológico, psicológico e social presentes em ido-
sos exigem um atendimento integral e complexo, o qual é propiciado pelo
pensamento transdisciplinar. A abordagem fragmentada ao idoso promo-
ve uma repetição constante de erros na atenção que leva à falta de afe-
tividade no tratamento. Na lógica transdisciplinar o objetivo da atenção
passa a ser a saúde e não a doença, considerando todos os profissionais
da equipe de saúde como essenciais neste processo. Tanto os gestores e
profissionais da saúde, como o próprio idoso, passam a ter compromis-
so direto com a promoção da saúde, e não somente quem detém maior
poder ou conhecimento. Com isso, todas as alterações do idoso podem
ser atendidas, sejam elas de ordem física, emocional, subjetiva ou social,
garantindo, através desta coparticipação a integralidade do atendimento.
Além disso, a complexidade da senilidade exige um olhar diferenciado,
que acolha a diversidade de contradições existentes, as diferentes dimen-
sões e referências das alterações. Para se compreender a complexidade
é essencial a consideração do indivíduo, sociedade, como o idoso adere
e participa do tratamento, considerando as concepções de cada indiví-
duo relacionadas a crenças, valores e entendimento de saúde. Assim, o
idoso deve ser observado por várias frentes, sendo impossível o conhe-
cimento de todos estes ângulos por um único profissional. O trabalho de
uma equipe multiprofissional é imprescindível no atendimento a este gru-
po populacional, considerando vários olhares é possível entender toda a
complexidade do idoso e tornar mais efetivas as propostas de ação.

A equipe multiprofissional que atende o idoso e trabalha na lógica trans-
disciplinar, deve se constituir em um grupo pequeno, onde haja interação
constante dos participantes. Devem ser realizadas discussões, subjetiva-
ções e conexões sobre a saúde do idoso e também sobre sua forma de
existência. A partir disto, a equipe estará apta a desenvolver ações de
promoção, prevenção, tratamento e reabilitação de forma conjunta, re-
fletindo de forma crítica sobre o trabalho, aproximando subjetividade da
prática. Assim será possível atingir as necessidades de saúde do idoso,
em seu contexto genérico, promovendo atendimento integral e educação
em saúde.
De forma geral, a atenção básica é uma área onde a implementação da

transdisciplinaridade contribuirá de forma direta para sua efetividade. O
avanço das práticas interdisciplinares neste ramo irão no futuro promo-
ver uma unificação que permita uma visão holística do idoso e o estabele-
cimento da transdisciplinaridade. Devemos sempre lembrar que não exis-
te uma área de conhecimento mais importante que outra, sendo a visão
ampla da realidade uma consequência da interação entre ciências, sendo
um importante exercício do pensamento transdisciplinar. Espera-se que a
transdisciplinaridade, ao considerar as incertezas, a sociedade e a cultura,
promova um viver afetivo e saudável, melhorando cada vez mais a saúde
da população. Além disso, este exercício transdisciplinar e ético em saúde
estimula a confiança essencial na relação profissional-paciente.

EXEMPLIFICANDO
A aplicação da transdisciplinaridade na atenção ao idoso já
ocorre em alguns locais de atenção no Brasil, principalmen-
te em indivíduos com perda da cognição. Este quadro é co-
mum durante o envelhecimento, promovendo alteração da
atenção, memória, linguagem, comprometimento motor e
neurológico. Dantas e colaboradores (2015) realizaram uma
pesquisa onde identificaram a importância da transdiscipli-
naridade na atenção ao idoso com perda cognitiva e chega-
ram nas seguintes conclusões:
• O atendimento transdisciplinar nestes idosos deve ser integral,
holístico e humanitário;
• Não é somente as alterações físicas que devem ser tratadas,
mas também lesões promovidas pela sociedade, por exemplo
devido ao preconceito e falta de valorização ao idoso;
• O trabalho deve ir além do atendimento ambulatorial, sendo
constante em todos os momentos da vida, envolvendo a família
e incentivando o idoso a realizar suas atividades e a se cuidar;
• O tratamento deve envolver educação em saúde para o idoso,
bem como sua família e outras pessoas envolvidas no cuidado;
• Todos os profissionais transdisciplinares, dentro de suas
capacidades, podem realizar grupos de suporte para idosos,
cuidadores e familiares;
• A equipe multiprofissional deve ser composta, pelo menos, por:
nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, geriatra, educador
físico e enfermeiro;
• Os planos de cuidado devem ser monitorados e avaliados
constantemente, sendo modificados de acordo com as neces-
sidades do idoso.

SITUAÇÃO-PROBLEMA
No decorrer desta disciplina, nós estudamos diversos aspectos rela-

cionados ao idoso e sua saúde. Foi possível o aprendizado das possí-
veis alterações decorrentes deste período, aspectos biológicos e so-
ciais relacionados ao envelhecimento, bem como da importância do
atendimento do idoso por uma equipe multiprofissional devido ao
caráter multidimensional de suas alterações. Neste momento, você é
capaz de distinguir e caracterizar as diferentes formas de atenção ao
idoso, as quais podem ser multi, inter ou transdisciplinar. Além disso,
você já apresenta conhecimento suficiente para analisar a necessi-
dade individualizada de atenção, dependendo da condição do idoso,
o qual pode estar saudável, frágil, institucionalizado ou mantido em
domicílio.
Neste momento, você irá conhecer o caso da Dona Marieta, uma vi-
úva de 94 anos de idade, natural do estado de Minas Gerais, mas
que reside atualmente com seus filhos no estado de São Paulo. Ela
procurou a unidade de saúde próxima à sua residência com a queixa
principal de dores na barriga. O profissional que a atendeu no mo-
mento inicial realizou anamnese, onde percebeu que Dona Marieta
apresenta hábito de consumir alimentos ricos em gordura como fritu-
ras e carnes gordurosas, o que possivelmente seria a causa principal
de sua dor de barriga.
A senhora foi medicada e teve melhora neste quadro de dor. Porém,

ao realizar a anamnese da Dona Marieta, o profissional notou outros
aspectos, julgando necessário o atendimento mais profundo sobre o
estado de saúde dessa senhora. Dona Marieta apresenta obesidade
com grande concentração de gordura abdominal, consumindo uma
dieta rica em gordura saturada. Além disso, apresenta outras altera-
ções, como: utiliza dentadura, bengala para se locomover devido a
uma fratura no fêmur, apresenta bronquite crônica pois foi fumante

por muitos anos, porém encontra-se estável, com alterações cogni-
tivas leves como eventuais episódios de esquecimento e repetição,
além de apresentar diabetes do tipo I, recebendo doses diárias de
insulina.
Assim, o profissional sugeriu a sua filha, que a acompanhava, que a

levasse novamente à unidade de saúde para que esta passasse por
um atendimento conjunto e multiprofissional, a fim de que sua saúde
fosse cuidada de forma integral. Foi realizada uma avaliação física,
cognitiva, funcional e social pelos seguintes profissionais: médico, fi-
sioterapeuta e nutricionista.
A partir destas avaliações os profissionais verificaram que a dificulda-

de de locomoção da Dona Marieta acarreta outros prejuízos como,
por exemplo, não consegue tomar banho sozinha, não consegue pre-
parar seu próprio alimento, não consegue sair de casa sozinha, pois
não consegue andar por muito tempo. Assim, a senhora sempre sai de
casa com os filhos, em cadeira de rodas, mas relatou não se importar,
pois assim não se sente cansada e consegue ir para qualquer lugar.
A Dona Marieta dorme no quarto com seu filho, que largou o empre-
go para cuidar dela. Além disso, mora com outras 2 filhas que são res-
ponsáveis pela limpeza da casa e preparo das refeições. Atualmente,
tem pouco contato com as vizinhas, as quais considera suas amigas,
pois elas também estão idosas e não conseguem se locomover di-
reito. Apesar disto, seus filhos sempre a levam para passear na casa
de suas amigas, sua casa é cheia de netos carinhosos e seus outros
filhos também moram próximos e estão sempre contribuindo para o
cuidado.
A diabetes estava regulada, com níveis normais de glicose plasmáti-

ca e utilização adequada de insulina, e a senhora relatou nunca ter

praticado atividade física. Durante todo processo, Dona Marieta mos-
trou-se animada ao conversar com os profissionais e contar sobre
sua vida, inclusive fazendo brincadeiras. Além disso, sua filha rela-
tou que como apresenta alguns episódios de falta de memória, em
alguns dias ela realiza as refeições duas vezes, por esquecer que já
havia realizado.
Após o atendimento, a Dona Marieta foi orientada a retornar à unidade

de saúde em uma semana. Neste período os profissionais que a ava-
liaram iriam discutir seu caso e planejar a melhor forma de cuidado.
Com base nas informações acima, reflita sobre as questões abaixo:

1. O atendimento realizado na unidade de saúde foi multi, inter ou
transdisciplinar? Por que?
2. Faltou algum profissional na equipe que a atendeu na unidade de
saúde? Qual profissional, e porquê?
3. Você, como parte da equipe profissional que atendeu a Dona
Marieta, acha conveniente a indicação de institucionalização ou
atendimento domiciliar? Por que?
4. Quais seriam as possíveis estratégias de promoção e prevenção
de saúde neste caso?
5. Você classificaria o envelhecimento de Dona Marieta como bem
ou malsucedido? Por que?
6. Neste caso, existe algum meio de estimular a autonomia desta
senhora?
7. O olhar transdisciplinar contribuiria de alguma forma neste
atendimento?

Neste tema foi estudado o conceito da transdisciplinaridade em sua
complexidade. Sabemos que apesar de ser estudado a cerca de dez
anos, a sociedade ainda está longe de conseguir estabelecer este
conceito no âmbito diário, assim como na atenção básica. Diante dis-
to, faça uma reflexão sobre como a transdisciplinaridade pode con-
tribuir para resolver problemas do cotidiano da atenção ao idoso.
• A transdisciplinaridade é um contexto onde as interações entre

diversas áreas ocorrem de forma abrangente e consolidada, consi-
derando a participação de áreas não científicas como artes, religião
e filosofia;
• A transdisciplinaridade difere da interdisciplinaridade por ultrapas-

sar os limites das disciplinas, integrando o conhecimento científico
com novas ideias provenientes do pensamento transdisciplinar, por
exemplo, proveniente de aspectos culturais;
• A inserção da transdisciplinaridade na educação em saúde contri-

buirá para que este conceito se estabeleça na prática clínica. Porém,
a formação autoritária e fragmentada que os docentes receberam
consiste em um desafio para o estabelecimento da transdisciplina-
ridade no currículo das universidades;
• A inserção da transdisciplinaridade na atenção ao idoso consiste

em importante estratégia para lidar com o caráter multidimensional
das alterações do envelhecimento, promovendo tratamentos cada
vez mais efetivos e a qualidade de vida desta população.

Glossário
• Dicotomização: do verbo dicotomizar; dividir algo em categorias,

em partes.
• Teologia Cristã: estudo da crença e da prática cristã, tendo como

objetivo buscar a razão dentro da fé cristã.
• Transcender: superar algo por ir além dos limites ou limitações.
TEMA 08
1. Selecione a alternativa que melhor define transdisci-
plinaridade:
a) A transdisciplinaridade é um conceito no qual não exis-
te o intercâmbio entre diversas disciplinas, porém de
forma abrangente e consolidada, ultrapassando limites
e integrando conhecimentos de base científica ou não.
b) A transdisciplinaridade é uma ciência que estuda o in-
tercâmbio entre diversas disciplinas, porém de forma
abrangente e consolidada, ultrapassando limites e in-
tegrando conhecimentos de base científica.
c) A transdisciplinaridade é uma ciência que estuda a falta
de comunicação entre diversas disciplinas, porém de
forma abrangente e consolidada, ultrapassando limites
e integrando conhecimentos de base científica.
d) A transdisciplinaridade é um conceito no qual existe o
intercâmbio entre diversas disciplinas, porém de forma
abrangente e consolidada, ultrapassando limites e inte-
grando conhecimentos de base não científicas.

e) A transdisciplinaridade é um conceito no qual existe o
intercâmbio entre diversas disciplinas, porém de forma
abrangente e consolidada, ultrapassando limites e inte-
grando conhecimentos de base científica ou não.
correta:
I. A interdisciplinaridade é um contexto que se destaca
com relação à multidisciplinaridade, uma vez que per-
mite a produção de conhecimento a partir de trocas,
interações e intercâmbio real.
PORQUE
II. A visão transdisciplinar transcende o conceito da inter-
disciplinaridade, como o seu próprio nome sugere.
justifica a I.
3. A atuação transdisciplinar de uma equipe multiprofissional
na atenção ao idoso deve apresentar algumas característi-
cas específicas. Diante disto, avalie as assertivas abaixo e as-
sinale a alternativa que contém somente assertivas corretas:
I. A equipe de atenção transdisciplinar deve realizar um
atendimento ao idoso de forma integral, abrangente,
complexa e humanitária.

II. Apesar do atendimento ser global, é importante que a
equipe de atenção transdisciplinar priorize alterações
físicas que impactam diretamente na vida do idoso.
III. O trabalho da equipe de atenção transdisciplinar deve
envolver tratamento e educação em saúde para o ido-
so, familiares e cuidadores.
a) I, II.
b) I, III.
c) I.
d) II.
e) III.
DANTAS, B. R. F.; ALCÂNCATA, B. D. C. Assistência Transdisciplinar ao Paciente Idoso

com Comprometimento Cognitivo Leve (CCL). In: Congresso Internacional de
Envelhecimento Humano. Campina Grande: Anais CIEH, v. 2, n. 1, ISSN 2318-0854,
2015.
LIMA, T. J. V.; ARCIERI, R. M.; GARBIN, C. A. S.; MOIMAZ, S. A. S. Humanização na
Atenção à Saúde do Idoso. Saúde e Sociedade, v. 19, n. 4, p. 866-877, 2010.
RAMOS, D. C. S. Transdisciplinaridade em Saúde: uma Análise Integrativa da
Literatura. Botucatu, 2009. 190f. Dissertação (Mestre em Saúde Coletiva) – Faculdade
de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual.
SANTOS, C. T. B.; ANDRADE, L. O. M.; SILVA, M. J.; SOUSA, M. F. Percurso do Idoso em
Redes de Atenção à Saúde: um Elo a Ser Construído. Revista de Saúde Coletiva. v.
26, n. 1, p. 45-62, 2016.
SEVERO, S. B.; SEMINOTTI, Nedio. Integralidade e Transdisciplinaridade em
Equipes Multiprofissionais na Saúde Coletiva. Ciência & Saúde Coletiva, v. 15, n. 1,
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SILVA, C. A. P. Transdisciplinaridade e Fragmentação do Conhecimento. Revista
Cronos, v. 7, n. 1, p. 197-209, 2006.

SILVA, C. C. R. Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade no Atendimento ao
Idoso. Revista Portal de Divulgação, n. 5, p. 26-29, 2010.
TESSER, G. J. Principais Linhas Epistemológicas Contemporâneas. Revista Educar,
n. 10, p. 91-98, 1995.
WERTHEIN, J.; CUNHA, C. Fundamentos da Nova Educação. Brasília: UNESCO, 2000,
p. 75.
Na transdisciplinaridade existe o intercâmbio e a comunicação entre

diferentes áreas de conhecimento, porém esta interação ocorre de
forma abrangente e consolidada. A integração chega a ponto tão ele-
vado que ultrapassa os limites entre as disciplinas, as quais podem
ser científicas ou não, como a arte, filosofia e a religião.
A interdisciplinaridade é um contexto que se destaca com relação à

multidisciplinaridade, uma vez que permite a produção de conheci-
mento a partir de trocas, interações e intercâmbio real. Já a transdis-
ciplinaridade, apesar de transcender o conceito da interdisciplinari-
dade, como o seu próprio nome sugere, é um outro conceito que não
justifica a interdisciplinaridade e a multidisciplinaridade. Na verdade,
acredita-se que o desenvolvimento da transdisciplinaridade seja um
processo contínuo que se solidifica a partir da interdisciplinaridade
bem implementada.
I. A equipe de atenção transdisciplinar deve realizar um atendimen-

to ao idoso de forma integral, abrangente, complexa e humanitária.
– CORRETA

II. Apesar do atendimento ser global, é importante que a equipe de
atenção transdisciplinar priorize alterações físicas que impactam di-
retamente na vida do idoso. – O idoso deve ser atendido em toda
sua complexidade, considerando-se aspectos biológicos, sociais,
psicológicos e culturais sempre.
III. O trabalho da equipe de atenção transdisciplinar deve envolver

tratamento e educação em saúde para o idoso, familiares e cuidado-
res. – CORRETA

Bons estudos!

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ATUAÇÃO MULTI, INTER

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491

Tema 01 –  Conhecendo o idoso e sua saúde 05

Tema 02 –  A equipe multiprofissional na atenção ao idoso 20

Tema 03 –  Aspectos da gerontologia e a interdisciplinaridade 36

Tema 04 – Atuação da equipe multidisciplinar e interdisciplinar na

Tema 05 – O idoso fragilizado e a atuação da equipe multi e

Tema 06 –  A equipe multi e interdisciplinar na atenção ao idoso

Tema 07 – Atuação da equipe multi e interdisciplinar na atenção ao

Tema 08 – Desafios da transdisciplinaridade na atenção ao idoso 114

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso3

A disciplina “Atuação Multi, Inter e Transdisciplinar na Atenção ao Idoso”

4 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

CONHECENDO O IDOSO E SUA SAÚDE

• Definir e entender o que é o processo de envelhe-

• Compreender como a transição demográfica exige

• Entender as diferentes alterações sociais e fisiológi-

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso5

Todos os organismos multicelulares, assim como o homem, apresentam

- Crescimento e desenvolvimento: ocorre o término da formação e desen-

- Fase reprodutiva: indivíduo adquire capacidade de se reproduzir, garan-

- Senescência ou envelhecimento: ocorre redução da capacidade funcio-

O processo de envelhecimento é inerente aos seres vivos, sendo biologi-

Apesar de todas as alterações metabólicas observadas no envelhecimen-

6 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

1. Alterações fisiológicas do envelhecimento

Como foi rapidamente destacado, a senilidade envolve uma série de mo-

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso7

Alterações no padrão corporal acarretadas pela redução da taxa metabó-

8 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Apesar disto, a perda de peso também pode ser verificada em pessoas

PARA SABER MAIS

A perda de massa magra durante o envelhecimento ocorre principalmen-

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso9

Atrelada à perda de massa magra, a perda de massa mineral óssea tam-

Alterações gastrointestinais contribuem para a redução da ingestão ali-

10 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

A incidência de doenças cardiovasculares em idosos é elevada, sendo a

A insuficiência renal, também observada em idosos, é uma consequência

O envelhecimento é também considerado importante fator de risco ao

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso11

2. Alterações sociais do envelhecimento

Devido à grande quantidade de alterações fisiológicas decorrentes do

A busca constante pela melhora física através de tratamentos médicos,

12 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Porém, o contexto em que nossa sociedade está inserida promove difi-

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso13

• Usar frases curtas e objetivas;

• Chamar a pessoa pelo seu nome ou pelo nome que esta

• Evitar termos que promovam a infantilização, tais como

• Sempre pergunte ao idoso se este entendeu bem a

• Repita a informação sempre que necessário, alterando a lin-

• Fale de frente, sem esconder a boca;

• Respeite o tempo do idoso. Aguarde a resposta de uma per-

Diante destas dificuldades, as políticas públicas de saúde devem valorizar

14 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

QUESTÃO PARA REFLEXÃO

• São consideradas pessoas idosas aquelas que passam pelo pro-

• O envelhecimento é marcado por alterações metabólicas que contri-

• Apesar das fragilidades, pessoas idosas devem ser encorajadas

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso15

Tema 01 – Conhecendo o idoso e sua saúde 05

Tema 02 – A equipe multiprofissional na atenção ao idoso 20

Tema 03 – Aspectos da gerontologia e a interdisciplinaridade 36

Tema 04 – Atuação da equipe multidisciplinar e interdisciplinar na

Tema 05 – O idoso fragilizado e a atuação da equipe multi e

Tema 06 – A equipe multi e interdisciplinar na atenção ao idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso3

4 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso5

6 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso7

8 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso9

10 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso11

12 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso13

14 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso15

16 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso17

18 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso19

20 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso21

22 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso23

24 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso25

26 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso27

28 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso29

30 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso31

32 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso33

34 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso35

36 Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso

Atuação Multi, Inter e Trans Disciplinar na Atenção ao Idoso37

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