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PRINCIPAIS INSTRUMENTOS
E RECURSOS TECNOLÓGICOS
PARA AVALIAÇÃO DO IDOSO E
DA QUALIDADE DE VIDA
© 2018 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A.
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Daniella Fernandes Haruze Manta
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Leonardo Ramos de Oliveira Campanini
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Orlandi, Brunela Della Maggiori
O71p Principais instrumentos e recursos tecnológicos para
avaliação do idoso e qualidade de vida / Brunela Della
Maggiori Orlandi. – Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S.A., 2018.
100 p.

ISBN 978-85-522-0791-7
1. Saúde do idoso. 2. Tecnologia. I. Orlandi, Brunela
Della Maggiori. II. Título.
CDD 600

Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491

2018
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CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
PRINCIPAIS INSTRUMENTOS E RECURSOS TECNOLÓGICOS
PARA AVALIAÇÃO DO IDOSO E DA QUALIDADE DE VIDA

SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 04

Tema 01 –  O que é a avaliação geriátrica ampla (AGA) 05

Tema 02 – Instrumentos de avaliação funcionalidade e


mobilidade do idoso 24

Tema 03 – Avaliação cognitiva do idoso: instrumentos de


aplicabilidade 44

Tema 04 – Instrumentos de medida da condição social do idoso e


suporte social do idoso 65

Tema 05 – O que é qualidade de vida? Instrumentos de avaliação 87

Tema 06 –  Avaliação de fragilidade e vulnerabilidade do idoso:


instrumentos de aplicabilidade 106

Tema 07 – Tipos de instrumentos de avaliação utilizados em instituições


de longa permanência 126

Tema 08 – Avaliação ambiental: no domicílio e na instituição de longa


permanência para idosos 147

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida3


Apresentação da disciplina

O processo de envelhecimento populacional é um fato e um fenômeno


mundial, e com isso uma atenção especial a esse processo merece des-
taque. Com isso, inúmeros são os profissionais que atuam no cuidado e
na atenção, não só à pessoa com 60+ anos, mas também com as pessoas
que perpassam todo o ciclo até atingirem o que denominamos de pes-
soas com 60+ anos. Sabe-se que o processo do envelhecimento é indivi-
dual e sofre ações de diferentes meios, como cultural, histórico, familiar,
das próprias escolhas, transformando a velhice em uma fase heterogê-
nea, assim como o processo do envelhecimento pelo qual esse indivíduo
passará. Os instrumentos, no entanto, auxiliam no rastreio do quadro da
saúde global de cada indivíduo, e por meio dele proporcionam um olhar
especifico para as suas necessidades. Há instrumentos de rastreio que
indicam alterações em diferentes contextos, facilitando a construção de
um diagnóstico, como, por exemplo, o cognitivo, como o MEEM (miniexa-
me do estado mental) e outros que já indicam o problema para que a
atuação seja mais imediata, como o caso dos instrumentos relacionados
às ABVD e AIVD (atividades básicas e instrumentais da vida diária) que
indicam a fragilidade em realizar determinadas tarefas relacionadas ao
cotidiano. A disciplina também traçará um parâmetro de como estão as
tecnologias assistivas à população com 60+ anos em ambientes de ILPI e
no domicílio e como podem auxiliar na melhoria da qualidade de vida do
indivíduo. Uma atenção globalizada do indivíduo para que, durante o seu
processo de envelhecimento na fase da velhice, haja qualidade de vida
independente do quadro de possíveis doenças crônicas e relacionadas ao
processo que possam existir.

4 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida


TEMA 01
O QUE É A AVALIAÇÃO GERIÁTRICA
AMPLA (AGA)

Objetivos

• Apresentar ao estudante o que é a avaliação geriátri-


ca ampla.

• Identificar os benefícios que a AGA pode trazer para


as pessoas com 60+ anos.

• Exemplificar quais instrumentos podemos utilizar na


AGA.

5 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida


Introdução

Com o contexto de envelhecimento em todo o mundo e no Brasil, e com


o conhecimento de que cada processo é individual e, portanto, heterogê-
neo, faz-se necessário que o olhar para o cuidado seja único e embasado
na promoção da qualidade de vida do indivíduo.

A normalidade do processo de envelhecimento já permite que haja a pre-


sença de alterações relacionadas a variáveis físicas, sociais e emocionais,
e com isso podem comprometer aspectos como a autonomia e a inde-
pendência da pessoa, impactando sua qualidade de vida (FREITAS; COSTA;
GALERA, 2016).

Contudo, há fatores como multimorbidades, polifarmácia, síndromes ge-


riátricas, diminuição das capacidades funcionais e cognitivas que não são
necessariamente consideradas processos normais vinculados ao enve-
lhecimento humano e por isso se faz necessária essa atenção especial
(FREITAS; COSTA; GALERA, 2016).

O plano de avaliação geriátrico amplo favorece uma equipe multiprofis-


sional em intervenções na saúde da pessoa com 60+ anos mais especi-
ficas às suas fragilidades e com o acompanhamento específico às suas
necessidades, uma vez que o que se almeja é proporcionar a melhor qua-
lidade de vida que a pessoa possa ter, levando em consideração questões
biopsicossociais.

1. O que é AGA

A avaliação geriátrica ampla (AGA) é uma forma de obter informações por


meio de instrumentos de rastreio para a formulação de um diagnóstico
multiprofissional e interdisciplinar. Permite determinar as fragilidades,

6 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida


incapacidades do idoso para que seja feito um plano de cuidado e assis-
tência em médio e longo prazos, por diferentes profissionais da área da
saúde, abrangendo aspectos médicos, mas também psicossociais e fun-
cionais daquele indivíduo (ERMIDA, 2014; FREITAS; COSTA; GALERA, 2016).

PARA SABER MAIS


Para saber mais: a avaliação geriátrica ampla (AGA) também
tem outras denominações, como AGG (avaliação geriátrica
global), AGM (avaliação geriátrica multidimensional) e em in-
glês você pode encontrar como comprehensive geriatric asses-
sment (CGA).

A AGA é um diferencial no atendimento ao público com 60+ anos, pois


dá prioridade ao quadro funcional e à qualidade de vida baseado em
instrumentos que visam avaliar a saúde global do indivíduo, e com isso
proporciona uma melhor comunicação entre a equipe multiprofissional e
um melhor acompanhamento do paciente. Utilizamos preferencialmente
com pessoas com 60+ anos, frágeis e com multimorbidades, para que to-
dos os parâmetros sejam analisados, incluindo um diálogo entre médico
e pessoa com 60+ anos ou cuidador responsável

PARA SABER MAIS


A médica Marjory Waren, do Reino Unido, iniciou em 1936
o olhar mais global, por meio de um plano de assistência
em saúde e social para a pessoa com 60+ anos, nos Estados
Unidos, na década de 1960, intensificando em 1980 com
Epstein, que culminou o termo compreensive geriatric asses-
sment (CGA), uma avaliação global e multidimensional em
quatro pilares: físico, mental, social e funcional.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida7


Para que seja eficaz, existem aspectos que precisam ser considerados,
uma vez que esse primeiro contato é o que irá lhe fornecer informações
para levantar quais serão os profissionais a trabalhar junto com a equipe
no caso e também quais os instrumentos que devo aplicar para identificar
com mais precisão a deficiência identificada. Se a pessoa com 60+ anos
tiver um cuidador, que precisa estar junto, mas sem que este interfira,
a menos que seja necessário, uma comunicação clara e precisa, em que
deve ser explicado todos os aspectos a serem desenvolvidos no cuida-
do global, o ambiente precisa ser adequado e sem ruídos para que isso
não incomode durante a avaliação, para assim, então, escolher os instru-
mentos necessários, sempre com o objetivo final de possibilitar o máximo
a autonomia e independência da pessoa com 60+ anos, culminando em
uma boa qualidade de vida dentro do quadro funcional global apresenta-
do (ERMIDA, 2014).

LINK
O texto apresentado tem a proposta de rever os conceitos,
conteúdos e as características do AGA sob a visão de pes-
quisadores de Hong Kong. LUCK, J.K.H; OR, K. H; WOO, J. The
Comprehensive Geriatric Assessment technique to assess el-
derly patients. HKMJ. vol. 6, n. 1, 2000. Disponível em: <http://
www.hkmj.org/system/files/hkm0003p93.pdf>.
Acesso em: 5 mar. 2018.

1.1. Benefícios e evidências

Há indicativos, por meio de outros estudos, da importância da AGA como


tendo uma maior precisão diagnóstica, melhorando o quadro clínico –
funcional e mental, o humor, reduzindo também a iatrogenia, internações
e a mortalidade (FREITAS; COSTA; GALERA, 2016).

8 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida


Os benefícios podem ser em nível individual ou populacional, o que in-
fluencia em medidas públicas de atenção e cuidado a essa faixa da popu-
lação (Quadro 1).

Tabela 1 – Benefícios individuais e populacionais da AGA


INDIVIDUAIS POPULACIONAIS
Complementação do exame clínico e Direcionamento de políticas públicas
maior precisão diagnóstica para regiões específicas
Levanta a extensão do comprometi- Estudos clínicos para avaliação da capa-
mento global cidade funcional e melhoria na qualida-
de de vida
Prediz risco de comprometimentos Identificação de riscos da população
futuros com 60+ anos
Auxilia ao identificar iatrogenia Promoção de programas para promo-
ção da qualidade de vida e bem-estar.
Identifica a necessidade de ação multi-
profissional
Acompanhamento em médio e longo
prazo
Identifica mudanças na ergonomia
do ambiente em que a pessoa com
60+ anos reside
Levanta critérios para intervenções mais
pontuais, como hospitalares ou em ILPI
Fonte: adaptado do Centro de Inovação Unimed – BH, s/d

ASSIMILE
As ações, quando direcionadas ao processo individual e co-
letivo de uma população, auxiliam no melhoramento das
condições e da qualidade de atendimento, refletindo direta-
mente no cuidado prestado à estas pessoas, principalmente
quando se torna uma política pública e que sejam aplicadas
de forma efetiva.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida9


Cada vez mais, a AGA tem sido utilizada e aplicada nas diferentes espe-
cialidades médicas, mesmo que seus resultados ainda não estejam sen-
do utilizados de forma efetiva para acompanhamento em longo prazo.
A sua eficácia está ligada a uma articulação multiprofissional e para aque-
las pessoas com 60+ anos que de fato possam se beneficiar de uma aten-
ção global (FREITAS; COSTA; GALERA; 2016).

EXEMPLIFICANDO
Um estudo desenvolvido por Deschodt et al. (2015 apud
FREITAS; COSTA; GALERA; 2016) na Bélgica identificou que a
AGA é muito importante se aplicada nas unidades de emer-
gência com pessoas acima de 75 anos por apresentarem me-
lhores resultados em AIVD, mobilidade, cognição e questões
nutricionais se comparadas às pessoas com 75+ anos que
foram hospitalizadas. Indicaram no estudo que a AGA tem
potencial de rastreio para identificar aqueles que podem ser
hospitalizados ou serem readmitidos após uma alta.

Fica evidente que a AGA tem evidente benefício não só individualmente,


analisando cada indivíduo e considerando cada aspecto do seu contexto
histórico de envelhecimento, mas também como forma de atuação frente
a políticas públicas, riscos para o grupo etário e promoção de ações para
melhor qualidade de vida.

1.2. Aspectos avaliativos e instrumentos

A anamnese é a parte fundamental do contato entre o profissional da


saúde e a pessoa com 60+ anos. A partir de um bom rastreio inicial, é pos-
sível identificar onde estão as fragilidades de cada indivíduo e com isso
traçar um plano para que haja um acompanhamento em médio e longo
prazo que propicie uma melhora significativa para a qualidade de vida.

10 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
É importante ressaltar que essas medidas afetam diretamente a pessoa
com 60+ anos a ser cuidada e, indiretamente, a família e principalmente
seu cuidador, que em muitos casos é um membro próximo.

Considerando todos os aspectos que envolvem o indivíduo, em biológi-


cos, psicológicos e sociais, o AGA propõe a investigação considerando dez
frentes. As frentes consideradas dentro no AGA para a avaliação (FREITAS;
COSTA; GALERA, 2016):

• equilíbrio, mobilidade e risco de quedas;


• função cognitiva e condições emocionais;
• deficiências sensoriais e capacidade funcional;
• estado e risco nutricional;
• condições socioambientais;
• polifarmácia e medicações inapropriadas;
• comorbidade e multimorbidades;
• outros.

Dessa forma, ao fazer uma anamnese clara e precisa, identificamos a


complexidade de cada caso e direcionamos nosso atendimento de forma
a investigar aqueles aspectos que mais chamaram a atenção, direcionan-
do para demais profissionais a atuação em conjunto, para a promoção do
bem-estar e da qualidade de vida.

1.2.1. Instrumentos comuns

Para cada frente estabelecida, serão apresentados quais instrumentos


podemos utilizar para um aprofundamento no diagnóstico e acompanha-
mento posterior. É importante ressaltar que os instrumentos irão com-
plementar, não sendo os formadores de diagnóstico, mas a forma como
a ação deve ser orientada, baseada na avaliação clínica inicial (ERMIDA,
2014; FREITAS; COSTA; GALERA; 2016).

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida11


1.2.1.1. Equilíbrio, mobilidade e riscos de quedas

A marcha e o equilíbrio no indivíduo que envelhece sofre modificações


significativas, e com isso faz-se necessário um olhar mais diferenciado,
uma vez que o número de quedas em pessoas com 60+ anos é muito alto,
e identificando este problema inicialmente e que impactam na indepen-
dência do indivíduo (ERMIDA, 2014; FREITAS; COSTA; GALERA; 2016).
Existem sete testes indicados para avaliar a mobilidade e o equilíbrio des-
se grupo de pessoas dentro do AGA (Tabela 2):

Tabela 2 – Testes de mobilidade e equilíbrio utilizados junto ao AGA


INFORMAÇÕES
NOME AVALIA
COMPLEMENTARES
Get up and go Mathias, 1986 Equilíbrio sentado,
(teste de levantar e an- equilíbrio durante marcha
dar) equilíbrio na transferência
Timed get up and go Mathias et al., 1986 Relacionado ao anterior, mas
(teste de levantar e an- adicionando um tempo para re-
dar cronometrado) alizar a tarefa
Teste de equilíbrio e Tinetti, 1986 Gomes, Avalia o equilíbrio em nove ações.
marcha (POMA) 2003 (adaptado à popu- Avalia a marcha em sete ações
lação brasileira)
Avaliação de sarcope- Atrelado à velocidade Massa muscular por:
nia da marcha • métodos antropométricos;
• bioimpedância;
• densitometria corporal total
Velocidade de marcha Tempo normal >0,8 m/s. Medida pelo tempo em segun-
Avalia também o de- dos e milésimos de segundo para
sempenho muscular percorrer quatro metros, média
do tempo em três tentativas
Circunferência da pan- Também é importante Massa muscular, medida mais
turrilha para risco nutricional. sensível
Normal ³ 31 cm
Força de preensão pal- Scores segundo autores: Força total do corpo pelo dina-
mar EWGOP mômetro manual
Mulheres ³ 30 kg
Homens ³ 30 kg
FNHI
Mulheres ³ 16 kg
Homens ³ 26 kg
Fonte: adaptado de FREITAS; COSTA; GALERA, 2016

12 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
Nenhum teste apresentado acima responde a tudo o que precisamos
saber e, portanto, a combinação deles pode avaliar melhor o equilíbrio
e a marcha das pessoas com 60+ anos (ERMIDA, 2014; FREITAS; COSTA;
GALERA, 2016).

1.2.1.2. Função cognitiva e condições emocionais

A função cognitiva está relacionada à aquisição de novos conhecimentos,


como atenção, raciocínio, pensamento, memória, abstração, linguagem e
outros aspectos. Com alterações na cognição, a autonomia da pessoa é
comprometida e faz com que a pessoa se torne dependente com o tem-
po. Tais testes indicam se alguém tem problema e não confirmam diag-
nóstico, tampouco fazem o diagnóstico, sendo necessários mais exames,
mas auxiliam a entender qual parte está com mais comprometimento, ou
que necessitam de auxílio para a proposição de uma atuação em equipe
(Tabela 3) (ERMIDA, 2014; FREITAS; COSTA; GALERA, 2016).

Tabela 3 – Testes de cognição e depressão utilizados junto ao AGA


INFORMAÇÕES
NOME AVALIA
COMPLEMENTARES
Folstein et al., 1975. Principais aspectos da fun-
MEEM Bertolucci et al., 1994. ção cognitiva
Brucki et al, 2003
Categorias semânticas ou Linguagem, memória se-
Fluência verbal fonemas mântica, função executiva

Fácil aplicação. Funções executivas, memó-


A partir de quatro anos de ria, habilidades visuocons-
Teste do desenho escolaridade é o recomen- trutivas, abstração e com-
do relógio dado. preensão verbal
Critério de interpretação
por Sunderland et al., 1989

A versão com 15 questões é Quadros depressivos


GDS a mais utilizada

Fonte: adaptado de FREITAS; COSTA; GALERA, 2016

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida13


1.2.1.3. Deficiências sensoriais e capacidade funcional

As deficiências sensoriais são relacionadas às acuidades auditivas, olfati-


vas, visuais e do paladar que reduzem com o processo normal do enve-
lhecimento ou devido a determinadas doenças (PEDRÃO, 2016).

Os déficits visuais e auditivos são os mais queixosos e médicos especialis-


tas possuem testes específicos que podem ser aplicados para determinar,
mas investigar com o teste do sussurro e pedindo para tampar um olho e
observar o que está escrito em um papel podem ser o start para investi-
gações mais pontuais (PEDRÃO, 2016).

As capacidades funcionais estão relacionadas à execução de tarefas bási-


cas e instrumentais do nosso cotidiano, indicando a autonomia e a inde-
pendência para realização dessas atividades.

As atividades básicas de vida diária (ABVD) são exemplificadas como to-


mar banho ou vestir-se e compromete a independência da pessoa quan-
do alterado em algum aspecto. As atividades instrumentais de vida diária
(AIVD) são exemplificadas como telefonar ou arrumar a casa, sendo essas
atividades mais complexas e isso pode indicar a necessidade de um cui-
dador junto com a pessoa com 60+ anos (ERMIDA, 2014; FREITAS; COSTA;
GALERA, 2016).

As escalas utilizadas para rastreio das atividades básicas são: atividades


básicas de vida diária (ABVD), Katz e Barthel. Para as atividades instru-
mentais, temos as escalas: atividades instrumentais de vida diária (AIVD),
Lewton. Também há a Escala Pheffer para atividades funcionais (ERMIDA,
2014; FREITAS; COSTA; GALERA, 2016).

Já para atividades com uma abrangência externa à casa, como as ativi-


dades socioculturais, educacionais e de base motivacional, sendo as pri-
meiras a deixar de ser frequentadas, mas importantes para reabilitação e
promoção à saúde (FREITAS; COSTA; GALERA, 2016).

14 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
1.2.1.4. Estado de risco nutricional

O estado nutricional é um fator importante para sabermos qual o quadro


de saúde do indivíduo, podendo ser confirmado muitas vezes pelos exa-
mes de sangue. Por ser um grupo muito heterogêneo, não há um padrão
de avaliação nutricional geriátrica, sendo múltiplos fatores para um qua-
dro de desnutrição, entretanto, leva-se em consideração aspectos como
perda de peso sem motivo aparente (ERMIDA, 2014; FREITAS; COSTA;
GALERA, 2016).

Contudo, a miniavaliação nutricional (MAN) é o único instrumento valida-


do e específico para a população com 60+ anos que é utilizado e avalia o
risco de desnutrição da pessoa. O IMC (Índice de Massa Corporal) tam-
bém é um indicador de risco nutricional (ERMIDA, 2014; FREITAS; COSTA;
GALERA, 2016).

1.2.1.5. Condições socioambientais

São questões mais delicadas, pois geralmente não se faz visita ao local em
que a pessoa com 60+ anos mora. Mas para além do ambiente, também
a presença de uma rede de suporte social se faz importante. A pergun-
ta inicial seria: “Se o(a) senhor(a) ficar doente, com quem pode contar?”
Essa rede pode ser informal ou formal, mas precisa existir, pois se a pes-
soa com 60+ anos necessita de algum cuidado mais pontual, por ter um
comprometimento de autonomia ou dependência, isso irá comprometer
no cuidado do quadro de saúde global daquela pessoa (FREITAS; COSTA;
GALERA, 2016).

Uma escala a ser utilizada é o Apgar da família e dos amigos, que ava-
lia o suporte que a pessoa com 60+ anos recebe da família ou amigos.
Também há o Mapa Mínimo de Relações Sociais do Idoso, um instrumento
em gráfico que identifica os relacionamentos significativos para as pesso-
as com 60+ anos (DOMINGUES, ORDONEZ E SILVA, 2016; FREITAS; COSTA;
GALERA; 2016).

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida15


1.2.1.6. Polifarmácia e medicamentos inapropriados

A grande maioria das pessoas com 60+ anos faz uso de múltiplos medica-
mentos para controlar diferentes doenças crônicas coexistentes. Esse uso
excessivo de medicamentos, não necessariamente errado, pode provocar
interações medicamentosas, sintomas e efeitos indesejados aos usuários.
Segundo Gnjidica et al. (2012), cinco ou mais medicamentos já são consi-
derados polifarmácia.

Além da polifarmácia, há medicamentos no qual há risco desfavorável


maior quando seu uso é feito por pessoas com 60+ anos e foi denomi-
nado por Beers como “medicamentos considerados inapropriados para
idosos”. Outro critério é o STOPP/START, em que o primeiro se refere a
medicamentos potencialmente inapropriados e o segundo como poten-
ciais omissões prescritórias. Há o teste da sacola de remédios proposto
por Costa et al. (2014), que é um inventário dos medicamentos que a pes-
soa com 60+ anos faz uso, geralmente investigado na anamnese (FREITAS;
COSTA; GALERA, 2016).

Na AGA, a importância da relação dos medicamentos se dá no sentido de


“desprescrever” medicamentos que podem inferir em condições da qua-
lidade do cuidado.

1.2.1.7. Comorbidades e multimorbidade

Multimorbidade é quando há presença em um indivíduo de duas ou mais


doenças crônicas, sendo mais prevalente nas pessoas com 60+ anos. A
comorbidade é a combinação de efeitos de doenças adicionais sobre a
condição principal (índice) apresentada pelo paciente (FREITAS; COSTA;
GALERA, 2016).

Exemplo da situação acima descrita é a pessoa com 60+ anos ter mul-
timorbidades e receber um diagnóstico de câncer, este último passa-
rá a ser a “doença índice” e, portanto, compreender o quadro ante-
rior à descoberta do câncer influenciará nas condutas subsequentes,

16 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
incluindo a expectativa de vida e as intervenções médicas (FREITAS;
COSTA; GALERA, 2016).

Uma escala utilizada é o Índice de Comorbidade de Charlson, que avalia


condições clínicas selecionadas que têm associação forte com a mortali-
dade e está dividida em duas partes, sendo a segunda relacionada à idade
da pessoa, que é ponderada em pessoas com idade a partir pessoas com
50 anos (FREITAS; COSTA; GALERA, 2016).

1.2.1.8. Outros

A autoavaliação é muito importante e necessária, a informação que o pa-


ciente tem sobre o que pensa da sua saúde e vida pode auxiliar em dife-
rentes conduções de tratamento e acompanhamento (FREITAS; COSTA;
GALERA, 2016).

A investigação sobre maus-tratos também é importante, porém delicada,


pois há diferentes contextos, como medo e quadros cognitivos alterados
que podem omitir sua presença. Também há questões de falso-negativo
(fraturas pela osteoporose) ou falso-positiva (hematomas por fragilidade
capilar). Apesar de não ser prática da AGA, o olhar atento a essas ques-
tões pode influenciar diretamente a qualidade de vida da pessoa com 60+
anos e da família (FREITAS; COSTA; GALERA, 2016).

Não foi falado do cuidador, tampouco de uma avaliação para ele, seja
informal (um familiar) ou formal, mas é necessário estar atento se ele é
bem capacitado e treinado para assistir o cuidado de forma a promover
a qualidade de vida de ambos. O cuidador também precisa ser cuidado e
avaliar sua carga de estresse é uma forma existente.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida17


QUESTÃO PARA REFLEXÃO
O envelhecimento é individual, progressivo e irreversível, mas procu-
rar chegar à velhice com a melhor qualidade de vida que se pode ter
é fundamental para que essa etapa do ciclo de vida seja proveitosa.
A AGA irá auxiliar na assistência multiprofissional para que esse pro-
cesso seja, de fato, realizado.

Atente-se para as diferenças individuais e para o processo individu-


al, olhe a pessoa como um todo e não apenas como a doença ou a
queixa que apresenta. Escute atentamente e proponha junto o tra-
tamento, como um acordo, pois há indicativos de que pessoas com
60+ anos são mais resistentes a seguir condutas quando estas não
são claras.

Atenda como gostaria de receber atendimento, afinal, como você se


imagina com mais de 60 anos?

2. Considerações Finais

• A escuta atenta no primeiro contato, assim como a investigação


detalhada na anamnese, auxilia na aplicação da AGA.

• A avaliação global é importante para determinar se há alterações na


capacidade funcional, cognitiva, sociais, psicológicas e culturais.

• Não há um único instrumento capaz de identificar as fragilidades e


deficiências apresentadas pela pessoa com 60+ anos, para tanto é
importante observar o histórico completo.

• A avaliação tem como principal objetivo melhorar a qualidade de


vida da pessoa com 60+ anos diretamente e de quem está a sua volta
indiretamente, mas não é a partir da AGA que será traçado o diag-
nóstico, e sim ele auxiliará para que o seu objetivo seja alcançado.

18 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
Glossário

• ILPI – Instituições de longa permanência para idosos: denomina-


dos antigamente de asilos.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 01
1. Qual a necessidade de se fazer uma avaliação geriátrica
ampla? Indique a que melhor representa:
a) Individualidade e heterogeneidade da velhice; acompa-
nhamento em longo prazo e melhora da qualidade de
vida.
b) Manejamento de riscos para o prolongamento da vida.
c) Prever a expectativa de vida das pessoas com 60+ anos.
d) Aplicar instrumentos e escalas.
e) Nenhuma das anteriores.
2. A AGA apresenta alguns indicativos de seus benefícios em
nível individual e populacional. São benefícios individual e
populacional respectivamente:
a) Promoção de políticas públicas e melhoria da qualida-
de de vida.
b) Promoção de programas para o aumento da expectati-
va de vida e identifica quais profissionais serão neces-
sários para o caso.
c) Uma boa anamnese e riscos para pessoas com 60+
anos.
d) Auxilia na identificação de iatrogenia e de riscos ao gru-
po etário com 60+ anos.
e) Acompanhamento em curto prazo e cuidado com a
família.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida19


3. Para investigar domínios físicos, cognitivos, psicoló-
gicos e sociais, quais escalas ou testes podemos usar
respectivamente?
a) Anamnese, fluência verbal, Katz, POMA.
b) Timed get up and go, desenho do relógio, ABVD, AIVD.
c) POMA, MEEM, GDS, Apgar da família e amigos.
d) d) Apgar da família e amigos, MAN, anamnese, POMA.
e) e) GDS, MEEM, Barthel, MAN.

Referências Bibliográficas
COSTA, E. F. A.; MONEGO, E. T. Avaliação Geriátrica. Ampla Revista da UFG, v.5, n.
2, 2003 on line. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2409521/
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pdf>. Acesso em 24 out. 2018.
ERMIDA, J. G. Avaliação geriátrica global. In: VERÍSSIMO, M. T. Geriatria fundamen-
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DOMINGUES, M. A. R. C; ORDONEZ, T. N.; SILVA, T. B. L. da. Instrumentos de avaliação
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FREITAS, E. V. de; COSTA, E. F. de A.; GALERA, S. C. Avaliação geriátrica ampla. In:
FREITAS, E. V. de; PY, L. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2016.
PEDRAO, R. A. A. O idoso e os órgãos dos sentidos. In: FREITAS, E. V. de; PY, L. Tratado
de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

Gabarito – Tema 01
Questão 1 – Resposta: A
Para se promover um acomanhamento de saúde em médio e longo
prazo, é necessário identificar quais são as fragilidades individuais
de cada pessoa com 60+ anos, e isso é auxiliado pela AGA.

20 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
Questão 2 – Resposta: D

Há indicativos, por meio de outros estudos, da importância da AGA


como tendo uma maior precisão diagnóstica, melhorando o quadro
clinico – funcional e mental, o humor, reduzindo também a iatroge-
nia, internações e a mortalidade. Os benefícios podem ser em nível
individual ou populacional, o que influencia em medidas públicas de
atenção e cuidado a essa faixa da população.

Questão 3 – Resposta: C

O POMA é uma escala para ver mobilidade e equilíbrio, que são domí-
nios físicos; MEEM é uma escala para identificar principais aspectos
da função cognitiva; GDS é a escala que avalia sintomas depressivos;
Apgar identifica a sua rede de suporte social.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida21


TEMA 02
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
DA FUNCIONALIDADE E MOBILIDADE
DO IDOSO

Objetivos

• Compreender os conceitos de funcionalidade e


mobilidade.

• Apontar quais são os instrumentos para verificar a


mobilidade da pessoa com 60+ anos.

• Discutir qual o impacto da mobilidade da pessoa com


60+ anos na sua qualidade de vida.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida22


Introdução

O envelhecimento é um processo natural e com ele está associado o


declínio funcional de diferentes sistemas. A redução da quantidade de
água no corpo e a redução de massa muscular, provocando a sarco-
penia, são exemplos de declínios funcionais normais relacionados ao
processo. A continuidade do cuidado com pessoas com 60+ anos abor-
dará neste texto questões ligadas à funcionalidade e à mobilidade, bem
como podemos articular esses dois pontos com a qualidade de vida. A
autonomia e independência são fundamentais para total funcionalidade
das pessoas com 60+ anos. Naturalmente, as funcionalidades podem ser
comprometidas, não sendo via de regra que isso impacte a qualidade de
vida dessas pessoas com 60+ anos. Existem, no entanto, diferentes esca-
las e instrumentos para analisar as dimensões da autonomia (cognição
e humor) e independência (mobilidade e comunicação) e elas auxiliam
a formular condutas clínicas de forma a promover a qualidade de vida
para a pessoa com 60+ anos, considerando a redução da funcionalida-
de. Os instrumentos e escalas apresentam vantagens e desvantagens,
por isso, muitas vezes, é necessária a combinação de instrumentos, mas
nenhum tem como objetivo diagnosticar e sim indicar a presença de al-
terações na funcionalidade.

1. Conceitos de funcionalidade e mobilidade

Funcionalidade é a habilidade de um indivíduo realizar atividades re-


lacionadas ao nosso dia a dia, são subdivididas em AUTONOMIA e
INDEPENDÊNCIA. A autonomia está vinculada a questões cognitivas e
comportamentais, de tomada de decisão, e a independência, a questões
de mobilidade, execução das atividades.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida23


PARA SABER MAIS
A funcionalidade irá permear os próximos Temas, pois é a
fundamentação básica do funcionamento do organismo hu-
mano, por isso é a parte fundamental para identificação da
fragilidade, que será abordada no próximo Tema.

Sendo subdividida em três categorias de atividades: básicas, instrumen-


tais e avançadas (Figura 1). Ao longo do dia, por muitas vezes, é necessá-
rio fazer uma escolha ou executar alguma atividade, por isso, quando há
declínio cognitivo de humor/comportamento, de mobilidade e comunica-
ção, há perda na autonomia e na independência segundo a CIF.

Figura 1 – Classificação de funcionalidade

FUNCIONALIDADE
Atividades de vida diária
(Básicas, Instrumentais e Avançadas)

AUTONOMIA (DECISÃO) INDEPENDÊNCIA (EXECUÇÃO)


Capacidade de decidir e opinar sobre Capacidade de realizar as ações
suas vontades por si próprio

Humor/
Cognição Mobilidade Comunicação
Comportamento

Fonte: adaptado de Avaliação multidimensional do idoso, 2017

24 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
PARA SABER MAIS
O declínio de nossas funcionalidades leva muitas pesso-
as com 60+ anos às denominadas síndromes geriátricas ou
Gigantes da Geriatria. As mais comuns são: incapacidade cog-
nitiva, incontinência esfecteriana, incapacidade comunicati-
va, imobilidade, instabilidade postural e Iatrogenia (MORAES;
MARINO; SANTOS, 2010).

Não é considerado parte do envelhecimento normal quando há qualquer


alteração funcional, indicando fragilidade, que o faça perder a autonomia
ou a independência, podendo ser considerada uma incapacidade funcio-
nal, muitas vezes relacionadas às Grandes Síndromes Geriátricas.

LINK
O artigo aqui posto irá trazer a questão da funcionalidade
pelo Índex de Katz para maior compreensão da temática.
DUARTE, Y. A. O.; ANDRADE, C. L. de; LEBRÃO, M. L. O Índex de
Katz na avaliação da funcionalidade dos idosos. Disponível em:
<http://hygeia.fsp.usp.br/sabe/Artigos/Indice_de_Katz_na_
avaliacao_da_funcionalidade.pdf>. Acesso em: 9 mar. 2018.

A mobilidade da pessoa é a capacidade de deambular e locomover-se


sem o auxílio de dispositivos ou pessoas. A mobilidade está vinculada,
portanto, à independência da pessoa, no nosso caso, de 60+ anos, em
executar as tarefas diárias de sua vontade. Nesse sentido, em 1963, Katz
desenvolveu uma estratificação para os graus de dependência do indiví-
duo com 60+ anos, associadas às atividades básicas (Quadro 1).

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida25


Quadro 1 – Classificação do grau de independência segundo Katz
CLASSIFICAÇÃO EXPLICAÇÃO
Independente Realização de todas as atividades básicas
Apresenta comprometimento de uma das fun-
Semidependente
ções: banhar-se, vestir-se, usar banheiro
Além de apresentar comprometimento nas fun-
ções do semidependente, também apresenta
Dependente incompleto
comprometimento na transferência ou inconti-
nência
Representa o grau máximo de dependência fun-
cional, sendo presente o comprometimento em
Dependente completo todas as funcionalidades de quem é considerado
semidependente, dependente incompleto, incluin-
do a capacidade de alimentar-se sozinho
Fonte: adaptado de Avaliação multidimensional do idoso, 2017

ASSIMILE
A incontinência separadamente não pode ser considerada,
por ser apenas uma função e não uma atividade. Portanto,
a funcionalidade é um conjunto de funções a serem analisa-
das para indicar comprometimento na independência e na
autonomia.

1.1. Instrumentos de avaliação de funcionalidade e mobilidade

Para avaliar a funcionalidade, um dos instrumentos que pode ser utiliza-


do é o Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional-20 (IVCF-20), que com-
põe 20 questões subdivididas em oito blocos, um deles sendo mobilidade.
Esse instrumento avalia o grau de independência e autonomia, além da
autoavaliação em saúde, outras comorbidades e a idade para se somar a
um score de até 40 pontos.

Os instrumentos que avaliam as atividades de vida diária, principalmen-


te as básicas e instrumentais, também auxiliam na determinação da

26 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
funcionalidade das pessoas com 60+ anos. Os instrumentos mais indi-
cados são: Índice de Katz e Escala de Lawton-Brody. As perguntas que se
apresentam em ambas as escalas estão relacionadas a: banho, alimen-
tação, locomoção fora da casa. A Escala de Lawton-Brody possui mais in-
formações, compreendendo oito questões, o Índice de Katz compreende
seis questões.
A mobilidade também é dividida em subsistemas que precisam ser ava-
liados de forma habitual para manter um controle sobre o quadro clínico
(Quadro 2).

Quadro 2 – Subdivisão e instrumentos para avaliação da mobilidade

SUBDIVISÃO EXPLICAÇÃO INSTRUMENTO


Alcance, preensão, Manipulação, com de- Pegar uma caneta em forma de pin-
pinça pendência direta da ça e entrelaçar as mãos e colocar na
ação dos MMSS nuca e nas costas (altura lombar)
Postura, marcha, Prevenção de quedas Timed up and go, Get up and go – po-
transferência e/ou manutenção ou dem ser aplicados associadamente
recuperação da inde-
pendência
Continência esfinc- Perda do controle es- O rastreio pode ser feito por meio
teriana fincteriano, levando à de perguntas simples do tipo: “Com
incontinência o mínimo de esforço ou sem esfor-
ço, há perda de urina ou fezes?” “Em
qual situação isso ocorre?”
Fonte: adaptado de Avaliação multidimensional do idoso, 2017

EXEMPLIFICANDO
A IU é a perda involuntária de urina. Pode ser considerada
transitória ou estabelecida, e para a primeira opção, fatores
como delirium, infecção urinária, uretrite, restrição de mo-
bilidade, aumento da ingestão de líquidos, medicamentos e
distúrbios psíquicos estão associados. Por isso, é sempre im-
portante analisar o quadro global da pessoa com 60+ anos
que está sendo atendida.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida27


Os instrumentos vão auxiliar na identificação do grau de funcionalidade
da pessoa com 60+ anos, e com isso o plano de atenção e cuidado global
precisa ser traçado, como a proposta da avaliação geriátrica ampla (AGA).

1.2. Funcionalidade, mobilidade e qualidade de vida

Quando há grau de dependência, não significa que a pessoa não tem au-
tonomia sobre as suas vontades. O contrário, no entanto, não é correto
afirmar. É de compreensão que os impactos do comprometimento da fun-
cionalidade de pessoas com 60+ anos são significativos para a qualidade
de vida, mesmo sabendo que isso não é necessariamente uma verdade.

A qualidade de vida é o resultado de como enxergamos nossa vida, é ba-


seado em nossa percepção de satisfação geral e, por isso, o declínio da
nossa capacidade, podendo limitar nossa independência, pode não alte-
rar a nossa satisfação com a vida (PEREIRA; TEIXEIRA; SANTOS, 2012).

Ao olharmos para a AGA, percebemos a importância, então, de se ques-


tionar qual é a percepção da pessoa com 60+ anos sobre sua vida, de for-
ma geral, nos aspectos de saúde, psicológico, econômico, com sua rede
de suporte social e holística.

A qualidade de vida da pessoa com 60+ anos está diretamente relaciona-


da à sua funcionalidade, cabe à família e aos profissionais de cuidado que
ajudem essa pessoa com 60+ anos a se adaptar à nova realidade, fazendo
com que a autopercepção da pessoa com 60+ anos seja positiva e man-
tendo alta a qualidade de vida.

28 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
A pessoa com 60+ anos de cujo cuidado você irá participar possui um
histórico de vida que precisa ser levado em consideração. Não tire
conclusões precipitadas, os instrumentos estão à disposição para au-
xiliá-lo na construção de uma conduta clínica para essa pessoa com
60+ anos.

O contexto social no qual ela está inserido é de fundamental impor-


tância, portanto atente-se para o ambiente em que o paciente está
inserido, para que a mobilidade dentro do domicílio seja funcional-
mente a favor do seu processo de envelhecimento e que proporcio-
ne bem-estar e a melhor qualidade de vida que a pessoa puder ter,
claro, sempre considerando a funcionalidade.

Façamos uma reflexão, o ambiente em que vivo está preparado para


o meu processo de envelhecimento e um possível declínio da minha
funcionalidade?

2. Considerações finais
• Funcionalidade é relacionada à habilidade do indivíduo decidir e
executar tarefas relacionadas às suas atividades básicas diárias.

• A mobilidade está ligada às questões de independência da pessoa


com 60+ anos em executar as atividades diárias.

• Os instrumentos utilizados para a funcionalidade e para a mobili-


dade são para auxiliar no plano de atenção que o profissional irá
planejar juntamente com a pessoa com 60+ anos e seu cuidador,
quando o tiver, mas lembre-se que esses instrumentos não fecham
diagnósticos.

• A diminuição da mobilidade, provocando algum grau de depen-


dência, não predizem se a pessoa com 60+ anos terá uma baixa
qualidade de vida.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida29


Glossário

• CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade.

• IU: incontinência urinária.

• MMSS: membros superiores.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 02
1. Consideramos funcionalidade para pessoas com 60+ anos:
a) Promover o bem-estar e a qualidade de vida por meio
da autonomia cognitiva e dependência.
b) Realizar tarefas de autonomia e independência.
c) Capacidade de realizar tarefas cotidianas subdivididas
em autonomia e independência.
d) Propor tarefas cognitivas e de mobilidade.
e) Tarefas cognitivas e mobilidade relacionadas à inde-
pendência e autonomia.
2. O que é mobilidade?
a) Sentar, deitar e levantar.
b) Opinar sobre a roupa que gostaria de usar.
c) Deslocamento com o auxílio de dispositivos, como
bengala.
d) Proporcionar melhor qualidade de vida sem usar cadei-
ra de rodas.
e) Capacidade de deambulação, equilíbrio e força sem o
auxílio de dispositivos.

30 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
3. São instrumentos que avaliam a funcionalidade e mobili-
dade, respectivamente.
a) Anamnese, MAN, MEEM, IVFC-20.
b) IVCF-20, Katz, Timed up and go, inquérito sobre perda
de urina.
c) Timed up and go, inquérito sobre perda de urina, IVFC-
20, Katz.
d) MAN, MEEM, Timed up and go, inquérito sobre perda de
urina.
e) IVCF-20, Katz, MAN, MEEM.

Referências Bibliográficas

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MORAES, E. N. de. Atenção à saúde do idoso: aspectos conceituais. Organização


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66, n. 5, p. 789-793, 2013.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida31


Gabarito – Tema 02

Questão 1­– Resposta: C

Funcionalidade é a habilidade de um indivíduo realizar atividades


relacionadas ao nosso dia a dia, são subdivididas em AUTONOMIA
e INDEPENDÊNCIA. A autonomia está vinculada a questões cogniti-
vas e comportamentais, de tomada de decisão, e a independência, a
questões de mobilidade, execução das atividades.

Questão 2 – Resposta: E

A mobilidade da pessoa é a capacidade de deambular e locomover-


-se sem o auxílio de dispositivos ou pessoas.

Questão 3 – Resposta: B

IVCF-20: Índice de Vulnerabilidade Clínico Funcional 20 (Funciona-


lidade)

Katz (Atividades Básicas de Vida Diária) (Funcionalidade)

Timed up and go – Quedas/manutenção ou recuperação da indepen-


dência (mobilidade)

Inquérito sobre perda de urina – Continência esfincteriana


(mobilidade)

32 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
TEMA 03
AVALIAÇÃO COGNITIVA DO IDOSO:
INSTRUMENTOS DE APLICABILIDADE

Objetivos

• Abordar o conceito de cognição.

• Apresentar os instrumentos para o rastreio cognitivo


da população com 60+ anos.

• Apresentar a doença mais prevalente na população


com 60+ anos.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida33


Introdução

No processo de envelhecimento normal, há declínios esperados que


impactam a funcionalidade da pessoa com 60+ anos. A funcionalidade,
que foi abordada no Tema “Instrumentos de avaliação da funcionalida-
de e mobilidade do idoso” é a capacidade do indivíduo decidir e execu-
tar tarefas básicas, instrumentais e avançadas da vida diária. A avaliação
cognitiva permitirá que identifiquemos alterações que possam não ser
normais desse processo de envelhecimento, podendo apresentar trans-
tornos cognitivos maiores (demências) ou menores (declínio acima do
normal) (APRAHAMIAN; BIRELLA; VANDERLINE, 2016). Ao usarmos nossa
autonomia, estamos decidindo, por exemplo, o que queremos vestir, co-
mer, comprar e assistir. Nesse sentido, o presente texto irá abordar a
questão da decisão da pessoa com 60+ anos, mais especificamente os
aspectos cognitivos, apresentando quais instrumentos existem e qual é
o mais adequado para cada função cognitiva apresentada. É importante
ressaltar que a autonomia é subdividida em cognição e humor/compor-
tamento, esta segunda parte não será aprofundada, mas será abordado
qual instrumento de rastreio pode ser utilizado para pessoas com 60+
anos, a fim de identificar alterações de humor. A prevalência das doenças
que comprometem a cognição também será abordada.

1. Funções cognitivas

A cognição é a capacidade de associar e adquirir conhecimentos por meio


de algumas das seguintes funções cognitivas: memória, linguagem, fun-
ção executiva, praxia, cognição socioemocional, habilidade visuoespacial
(SOUZA; TEIXEIRA, 2014).

A memória é a retenção e recuperação de informações que já acontece-


ram, está moldada em três momentos:

34 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
a) a informação é recebida e codificada pelos nossos sentidos;
b) a informação, então, é armazenada;
c) e quando for necessário, há a recuperação/evocação da mesma.
A linguagem é a forma pela qual há comunicação, por isso há aspectos que
precisam ser levados em consideração para avaliação, como a fonologia,
sintaxe e a semântica, para tanto, a compreensão, a nomeação, a repetição,
leitura e escrita podem ser investigados (CAIXETA; TEIXEIRA, 2014).
A função executiva está relacionada em como planejamos, organizamos,
guiamos, revisamos e monitoramos nossos objetivos por meio de nos-
so comportamento para atingirmos uma meta. É uma das funções mais
complexas, e tem por finalidade a adaptação a novas situações (CAIXETA;
TEIXEIRA, 2014; CECCHINE et al., 2016).
A praxia é a capacidade de assimilar a parte motora com a mental, resul-
tando em gestos que são atrelados ao processo de aprendizagem, como,
por exemplo, o assoprar para apagar uma vela. Quando há dificuldades
nesse campo, há a praxia (CAIXETA; TEIXEIRA, 2014).
Cognição socioemocional se relaciona com a nossa capacidade de reco-
nhecer as emoções, de motivação, de sensibilização e por isso tem ganha-
do uma atenção mais especial nos últimos anos (SOUZA; TEIXEIRA, 2014).
A habilidade visuoespacial está relacionada à orientação de espaço, onde
sabemos traçar caminhos mentais e nos localizar, principalmente em lo-
cais que frequentamos com mais assiduidade, por exemplo, casa e traba-
lho. Quando temos uma agnosia, temos a orientação espacial comprome-
tida, perdendo-nos com facilidade em locais conhecidos e não consegui-
mos traçar as rotas mentais (CAIXETA; TEIXEIRA, 2014).

PARA SABER MAIS


O declínio de cada função cognitiva poderá auxiliar na identi-
ficação de determinadas doenças e com isso nos levar a tra-
tamentos mais adequados. Muitas das quais não há cura.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida35


A partir da explanação das funções executivas, apresentaremos quais
são os instrumentos de avaliação cognitiva existentes. Tais instrumentos
funcionam como rastreio cognitivo e, portanto, não são para diagnósti-
co, apenas auxiliando no fechamento ou na exclusão de alguns tipos de
demências.

PARA SABER MAIS


É importante ressaltar que, para a aplicação dos instrumen-
tos indicados neste texto, é necessária uma capacitação,
uma vez que, enquanto aplicadores, não podemos facilitar
o processo de compreensão daquilo que estamos queren-
do obter, como, por exemplo, ficar repetindo as informações
que as pessoas com 60+ anos precisam responder, pois isso
pode influenciar na resposta, prejudicando o resultado do
teste aplicado.

1.1. Instrumentos utilizados para rastreio cognitivo

Antes de começarmos mostrando quais são os instrumentos, é necessá-


rio reforçar que a anamnese é o melhor instrumento de todos a se ini-
ciar um processo investigativo de uma doença, pois nela conseguimos
compreender o indivíduo como sendo um ser único, dotado de suas
particularidades.

A pessoa com 60+ anos irá detalhar na anamnese todas as suas quei-
xas, baseadas em cada função cognitiva relatada acima, para então ser
determinado com quais instrumentos investigaremos mais a fundo a
queixa e, com isso, ou encaminhar ao médico, ou solicitar mais exames,
por exemplo, de imagem, que serão complementares para um (provável)
diagnóstico.

36 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
LINK
Texto de Nitrini et al. de 1994, em que apresentam testes
neuropsicológicos para o rastreio das demências leves e mo-
deradas consideradas à época pelo DSM III. NITRINI, R. et al.
Testes neuropsicológicos de aplicação simples para o diag-
nóstico de demência. Arq. Neuropsiquiatr. v. 52, n. 4, p.457-
465., 1994. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/anp/
v52n4/01.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2018.

O primeiro instrumento utilizado que ajuda a identificar grande parte


das funções cognitivas listadas é o MEEM. Esse instrumento contém 30
perguntas e é a porta de entrada da avaliação inicial de rastreio cognitivo
na população com 60+ anos. No instrumento, há perguntas referentes
ao dia, mês e ano em que estamos, local em que se encontra, repetição
e evocação de palavras, conta matemática e escrita, desenho e reco-
nhecimento de objetos (Quadro 1), por exemplo, a fim de levantar quais
são as áreas que merecem maior investigação (APRAHAMIAN; BIELLA;
VANDERLINDE, 2016).

Quadro 1 – Tipos de perguntas encontradas no MEEM

MEEM TIPOS DE PERGUNTA

Orientação temporal Dia, mês, ano, dia da semana e hora

Orientação espacial Local em que está, cidade, estado

Memória imediata Repetição de três palavras

Atenção e cálculo Subtração (100-7) por cinco vezes

Evocação Evocação das palavras repetidas em memória imediata

Linguagem Escrita, desenho, reconhecimento de objetos

Fonte: adaptado de Aprahamian; Biella; Vanderlinde, p. 2.243, 2016

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida37


ASSIMILE
Há apenas uma consideração a ser feita relacionada ao MEEM,
pessoas com alta escolaridade tendem a conseguir “burlar” o
teste, portanto, é sempre aplicado associado a outros testes,
como o do desenho do relógio e o de fluência verbal.

Seguindo as funções cognitivas supracitadas, será indicado qual instru-


mento poderia ser aplicado para auxiliar no rastreio e com isso ajudar nos
demais exames para chegar a um provável diagnóstico (Quadro 2).

Para memória, há o teste de memória visual de Nitrini et al. (2004), em


que há uma prancha com dez figuras, sendo solicitado para que a pessoa
com 60+ anos memorize em três momentos: no primeiro, pede-se para
que nomeie em voz alta as figuras, e nos outros dois, apresenta-se a pran-
cha por 30 segundos cada, indicando que perguntará depois. Usando de
um distrator, em seguida, pergunte quais eram as figuras e depois de
um tempo apresente uma nova prancha com 20 figuras e pergunte quais
eram as dez. A vantagem é que não necessita levar em consideração a
escolaridade.

EXEMPLIFICANDO
Os desenhos apresentados por Nitrini et al. (2004) em sua
prancha de figuras são: sapato, chave, pente, avião, casa,
tartaruga, balde, livro, colher e árvore. Porém cada profis-
sional pode montar a sua prancha, mudando as figuras se
necessário.

Na função linguagem, temos a fluência verbal lexical, quando você escolhe


uma letra, e a fluência verbal semântica, geralmente usando a categoria
“animais”; solicita-se que em um período de um a dois minutos a pessoa

38 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
fale a maior quantidade de palavras com a letra ou a categoria escolhida.
O profissional que aplicará o instrumento anotará a cada 15 segundos
quais foram as palavras.

Para as funções executivas, há a Bateria de Avaliação Frontal, que é um


instrumento para a síndrome frontal, sendo subdividido em seis subtes-
tes: Similaridades (conceituação), Fluência Lexical (flexibilidade mental),
Série Motora (programação), Instruções Conflitantes (sensibilidade a inter-
ferência), Vai-não-vai (controle inibitório) e Comportamento de Preensão
(autonomia ambiental) (BEATO et al., 2007).

Para as praxias, há os testes «gestos arbitrários com as mãos” e “mímica”,


o primeiro é quando você posiciona o dorso da mão na testa, fazendo
anéis com os indicadores nos polegares alternados. Esses são testes para
avaliação de praxia ideomotora (SOUZA; TEIXEIRA, 2014).

Relacionado às capacidades visuoespaciais e praxia construtiva, existe o tes-


te do desenho do relógio, muito utilizado juntamente com o MEEM. Pede-
se que a pessoa com 60+ anos desenhe em uma folha um relógio com os
ponteiros e marque a hora dez para as duas (SOUZA; TEIXEIRA, 2014).

Quadro 2 – Funções cognitivas e testes indicados


FUNÇÃO COGNITIVA TESTES INDICADOS
Função cognitiva global MEEM
Memória Teste de memória visual
Linguagem Fluência verbal lexical e semântica
Funções executivas Bateria de avaliação frontal
Praxia Gestos arbitrários com as mãos e mímica
Capacidades visuoespaciais Teste do desenho do relógio
Fonte: adaptado de Souza; Teixeira, 2014

Nitrini et al. (1994) propõem que seja usada a Bateria Breve de Rastreio
Cognitvo, que é a aplicação de três testes: memória visual, fluência ver-
bal e desenho do relógio, os três testes auxiliam para além do MEEM
(APRAHAMIAN; BIELLA; VANDERLINDE, 2016).

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida39


Há também o instrumento MoCA, utilizado para déficits cognitivos leves,
porém com pessoas que tenham entre 10-13 anos de escolaridade, do-
mínios com: atenção e concentração, memória recente, linguagem, ha-
bilidades visuoconstrutivas, conceituação abstrata, cálculo e orientação,
seguindo a mesma linha do MEEM de identificação dos domínios mais
comprometidos (APRAHAMIAN; BIELLA; VANDERLINDE, 2016).

Em contrapartida, os cuidadores formais ou informais são pessoas mui-


to importantes para a identificação de declínios cognitivos e por isso há
um instrumento denominado “Questionário do informante sobre declínio
cognitivo do idoso (IQCODE)”, contemplando perguntas sobre desempe-
nho funcional e cognitivo da pessoa com 60+ anos (APRAHAMIAN; BIELLA;
VANDERLINDE, 2016).

Para além dos instrumentos de rastreio, há exames que podem subsi-


diar a identificação de declínios cognitivos, incluindo as reversíveis, como:
funções da tireoide, deficiência de vitaminas, infecção urinária. As neuroi-
magens também podem confirmar hipótese diagnóstica (APRAHAMIAN,
BIELLA, VANDERLINDE, 2016).

1.2. Tipos prevalentes de doenças do declínio cognitivo

As doenças/demências que afetam a cognição mais prevalentes serão


apresentadas a seguir. Existem vários tipos de demências, a mais preva-
lente para a população com 60+ anos é a do tipo Alzheimer.

CCL é o estágio entre a transição do estado cognitivo normal para alguma


demência. Há a presença de queixas com a memória e uma neuroimagem
apontando para um declínio leve, porém, como as funcionalidades ainda
estão preservadas, não pode ser considerado demência. O instrumento
MoCA é utilizado para identificação desses casos (PORTO; NITRINI, 2014).

Alzheimer é a doença neurodegenerativa mais prevalente para pessoas


com 60+ anos, afeta principalmente a memória recente, identificado por
meio da repetição de informações em curto espaço de tempo, também

40 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
apresenta dificuldade em novas aquisições de aprendizado. Não é re-
gra começar pela memória, pode apresentar queixas como o acometi-
mento visuoespacial primário, síndromes degenerativas frontotemporal
(CAIXETA et al., 2014).

A demência frontotemporal tem como maior mudança a personalidade,


tornando apático ou desinibido, com isso, apresenta alteração no desem-
penho de uma conduta social com atitudes inadequadas. Apresenta tam-
bém uma rigidez mental e inflexibilidade, prendendo-se a rotinas, tam-
bém pode apresentar mudanças de hábitos por comer compulsivamente,
geralmente álcool, doces e carboidratos. Em contrapartida, há preserva-
ção motora (CAIXETA et al., 2014).

Demência de Corpos (ou Corpúsculos) de Levy são depósitos anormais de


filamentos de alfa-sinucleína, acumulando-se inicialmente nas regiões de
sinapses neuronais, causando disfunção na transmissão. Há interferência
nas funções sociais e profissionais, com declínio nos aspectos da aten-
ção e no estado de alerta, alucinações visuais recorrentes e movimentos
parkisonianos. Quedas repetidas, síncopes e depressão também são sin-
tomas que a doença manifesta (TUMAS, 2014).

A doença de Parkinson é também neurodegenerativa, acometendo os


movimentos voluntários, alternando espontaneidade e rigidez, podendo
ser hipocinéticos ou hipercinéticos. Os sinais mais comuns são: bradici-
nesia, rigidez, tremor de repouso e instabilidade postural denominados
sinais cardinais. Há também as manifestações motoras características do
Parkinson: postura parkinsoniana, marcha parkinsoniana e bloqueio mo-
tor (PINHEIRO; BARBOSA, 2016)

Por ser de difícil diagnóstico, é necessário ter atenção e paciência, e nun-


ca se autodiagnosticar com alguma das demências acima mencionadas,
e tampouco dizer aos pacientes que “acha” que pode ser alguma delas.
Utilize todos os recursos de que dispõe e de uma equipe multiprofissional
para que o tratamento seja o adequado para amenizar os sintomas, uma
vez que doenças neurodegenerativas ainda não apresentam cura.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida41


QUESTÃO PARA REFLEXÃO
Os declínios cognitivos estão associados a prováveis demências, para
isso, os instrumentos e testes auxiliam no rastreio que podem levar
a um provável diagnóstico. Portanto, nunca devem ser usados unica-
mente a fim de diagnóstico.

Uma equipe multiprofissional pode auxiliar tanto na aplicação dos


testes como na atenção ao paciente com 60+ anos e a família após o
diagnóstico. É necessário apenas observar que grande parte dos ins-
trumentos leva em consideração a escolaridade da pessoa, portanto,
a atenção nesses casos se faz necessária, sendo a prancha de figuras
do Nitrini uma forma de auxílio para casos de analfabetismo ou baixa
escolaridade, assistindo nas determinações e nos encaminhamentos
necessários.

2. Considerações finais
• Há várias funções cognitivas e a percepção de qual delas apresenta
algum declínio é crucial para identificar quais instrumentos pode-
mos usar.

• Existem diferentes instrumentos que podem ser utilizados por todos


os profissionais que atuam com pessoas com 60+ anos e para cada
função cognitiva.

• É importante levar em consideração a escolaridade da pessoa com


60+ anos, uma vez que algumas dificuldades cognitivas se dão pela
baixa escolaridade e não por problemas de declínio cognitivo.

• A demência de maior prevalência é a doença de Alzheimer.

• A Escala de Depressão Geriátrica avaliará se a pessoa com 60+ anos


apresenta alguma variação de comportamento/humor que podem
estar associados diretamente com algumas demências ou para a
conclusão de exclusão de casos de demências.

42 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
Glossário

• MEEM – Miniexame do Estado Mental.

• MoCA – Avaliação Cognitiva de Montreal.

• CCL – Comprometimento Cognitivo Leve

• Movimentos parkinsonianos – São movimentos típicos, como


tremor, bradicinesia, rigidez e instabilidade postural.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 03
1. Quais são as funções cognitivas apresentadas no texto?
a) Memória, praxia, cognição socioemocional, habilidade
visuoespacial.
b) Autonomia e independência.
c) Linguagem, função executiva, praxia, cognição socioe-
mocional, habilidade visuoespacial.
d) Memória, linguagem, função executiva, praxia.
e) Memória, linguagem, função executiva, praxia, cogni-
ção socioemocional, habilidade visuoespacial.
2. Quais os dois instrumentos que podemos utilizar para o
rastreio global?
a) MoCA e fluência verbal.
b) MEEM e MoCA.
c) Fluência verbal e teste do relógio.
d) Teste do relógio e MEEM.
e) Katz, MEEM e GDS.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida43


3. Qual a demência mais prevalente na população com 60+ anos?
a) CCL.
b) Mista.
c) Alzheimer.
d) Parkinson.
e) Frontotemporal.

Referências Bibliográficas

APRAHAMIAN, I.; BIELLA, M. M.; VANDERLINDE, F. Rastreio cognitivo em idosos. In:


FREITAS, E. V. de; PY, L. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2016.
BEATO, R. G. et al. Brazilian version of the Frontal Assessment Battery (FAB). Preliminary
data on administration to healthy elderly. Dementia & Neuropsychologia, v. 1,
p. 59-65, 2007.
CAIXETA, L. et al. Neuropsicologia das doenças degenerativas mais comuns.
In: CAIXETA, L.; TEIXEIRA, A. L. (Orgs.) Neuropsicologia geriátrica: neuropsiquiatria
cognitiva em idosos. Porto Alegre: Artmed, 2014.
CAIXETA, L.; TEIXEIRA, A. L. Modelo integrado para avaliação neurocognitiva no idoso.
In: ______. Neuropsicologia geriátrica: neuropsiquiatria cognitiva em idosos. Porto
Alegre: Artmed, 2014.
PINEIRO, J. E. S.; BARBOSA, M. T. Doença de Parkinson e outros distúrbios do movi-
mento em idosos. In: FREITAS, E. V. de; PY, L. Tratado de geriatria e gerontologia.
4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
PORTO, F. H. de G.; NITRINI, R. Neuropsicologia do envelhecimento normal e do com-
prometimento cognitivo leve. In: CAIXETA, L.; TEIXEIRA, A. L. (Orgs.) Neuropsicologia
geriátrica: neuropsiquiatria cognitiva em idosos. Porto Alegre: Artmed, 2014.
SOUZA, L. C. de; TEIXEIRA, A. L. Rastreio cognitivo em idosos na prática clínica.
In: CAIXETA, L.; TEIXEIRA, A. L. (Orgs.) Neuropsicologia geriátrica: neuropsiquiatria
cognitiva em idosos. Porto Alegre: Artmed, 2014.
TUMAS, V. Neuropsicologia da doença de Parkinson e da demência com corpos de
Levy. In: CAIXETA, L.; TEIXEIRA, A. L. (Orgs.) Neuropsicologia geriátrica: neuropsi-
quiatria cognitiva em idosos. Porto Alegre: Artmed, 2014.

44 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
Gabarito – Tema 03

Questão 1­– Resposta: E

A cognição é a capacidade de associar e adquirir conhecimentos por


meio de algumas das seguintes funções cognitivas: memória, lingua-
gem, função executiva, praxia, cognição socioemocional, habilidade
visuoespacial

Questão 2 – Resposta: B

O MEEM como rastreio global e o MoCA para pegar comprometimen-


tos cognitivos leves.

Questão 3 – Resposta: C

Alzheimer é a doença neurodegenerativa mais prevalente para pes-


soas com 60+ anos.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida45


TEMA 04
INSTRUMENTOS DE MEDIDA DA
CONDIÇÃO SOCIAL DO IDOSO E
SUPORTE SOCIAL DO IDOSO

Objetivos

• Apresentar o conceito de suporte social.

• Indicar quais são os suportes sociais formais e


informais.

• Apresentar os instrumentos para avaliação da rede


de suporte social.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida46


Introdução

O processo de envelhecimento é heterogêneo, assim como a fase da ve-


lhice, sendo assim, nenhuma pessoa com 60+ anos é igual a outra e, por-
tanto, suas relações familiares também não são iguais. Há pessoas com
60+ anos que vivem sozinhas, outras que vivem com cônjuge ou que mo-
ram com parte de família, como filhos e netos. Há aqueles que são in-
dependentes e outros que apresentam algum grau de dependência, há
também os que possuem a autonomia preservada e outros com a mesma
comprometida. As nossas relações, sejam elas familiares, sejam em nos-
sa vizinhança e comunidade, serão importantes para o auxílio na manu-
tenção por mais tempo como autônomos e independentes, Profa. Sugiro
que substitua para maior esclarecimento, serão importantes para auxiliar
na manutenção de nossa condição de autonomia e independência por
mais tempo, sem considerar, na medida do possível, a nossa condição de
saúde. Quando há problemas em nossa rede de suporte social, compro-
metemos a nossa autonomia e independência e isso pode se acentuar
para pessoas com a idade mais avançada, por exemplo 80+ anos, pois
acredita-se que a dependência e os impactos à saúde são aumentados.
Contudo, quanto mais bem relacionado, tanto com familiares, vizinhos
e comunidade, mais favorável para a saúde física, mental e social será e
com isso melhor a qualidade de vida.

1. Conceituando suporte social

O suporte social é a rede de pessoas com hierarquia de laço na troca


do dar e receber. Também pode ser considerado um recurso que auxilia
nas questões adversas ao cotidiano, evitando estresses desnecessários
(LEMOS; MEDEIROS, 2016; DOMINGUES, ORDONEZ; SILVA, 2016).
As relações de suporte são vínculos construídos que permeiam todo o seu
processo de envelhecimento. A base se forma com as relações composta

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida47


primeiro por sua família direta, depois pela indireta, seguido de amigos e co-
munidade (LEMOS; MEDEIROS, 2016; DOMINGUES, ORDONEZ; SILVA, 2016).
Algumas das funções das redes de suporte social são descritas no Quadro
1 abaixo, porém podem sofrer adaptações às necessidades dos indivídu-
os para que a rede de suporte seja garantida por completo.

Quadro 1 – Funções das redes de suporte social


FUNÇÃO COMO? O QUÊ?

Dar e receber apoio Emocional, material ou com serviços e informações


Manter e afirmar Sua identidade social
Estabelecer Novos contatos sociais
Possibilitar Que as pessoas acreditem que são amadas e cuidadas
Dar-lhes garantia Pertencem a uma rede de relações comuns e mútuas
Ajudá-los A encontrar sentido nas experiências do desenvolvimento
Auxiliar Em expectativas pessoais e grupais
Avaliar As próprias realizações e competências
Fonte: adaptado de Lemos e Medeiros, 2016

Há quatro categorias que estruturam as redes de suporte social:


Propriedades Estruturais, Natureza das Relações, Tipos de Interação, Grau
de Desejabilidade (Quadro 2) (LEMOS; MEDEIROS, 2016).

Quadro 2 – Categorias de estrutura das redes de suporte social


TIPO EXEMPLOS
Propriedades Tamanho, estabilidade, homogeneidade, simetria, complexidade e
Estruturais grau de ligação entre seus membros
Natureza das Formais e informais; envolvendo amigos e familiares e pessoas
Relações afetivamente próximas e distantes
Que proporcionam relações afetivas, informativas ou instrumen-
Tipos de Inte-
tais. As afetivas e as instrumentais adquirem importância redobra-
ração
da na velhice, principalmente em casos de incapacidade funcional
Grau de Dese- De livre escolha e compulsórias, agradáveis e desagradáveis, fun-
jabilidade cionais e disfuncionais
Fonte: adaptado de Lemos e Medeiros, 2016; e Domingues, Ordonez e Silva, 2016

48 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
O suporte social ajuda as pessoas com 60+ anos a enfrentar o estresse
advindo do processo de envelhecimento e com isso contribui diretamen-
te para o bem-estar das mesmas. As pessoas que formam a rede devem
promover e encorajar a autonomia e independência da pessoa com 60+
anos o máximo possível (LEMOS; MEDEIROS, 2016).

LINK
Revisão sistemática dos instrumentos sobre a rede de
suporte social para pessoas idosas. DOMINGUES, M. A. R.
C. et al. Revisão sistemática de instrumentos de avaliação
de rede de suporte social para idosos. Temática Kairós
Vulnerabilidade/Envelhecimento e Velhice. v. 15, n. 6, 2012.
Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/
article/viewFile/17310/12856>. Acesso em: 28 mar. 2018.

Há dois tipos de sistema de suporte social à pessoa com 60+ anos: formais
e informais. Os formais, podemos contar como exemplos os Centros-dia,
Hospital-dia, que garantem a permanência da pessoa com 60+ anos du-
rante o dia, para aqueles que precisam de uma atenção multiprofissional
direcionada; atendimentos domiciliares, principalmente para quem vive
só e é dependente parcial ou totalmente dependente e, por fim, as ILPI,
surgindo em muitos países para abrigar pessoas com 60+ anos pobres e
sem família (LEMOS; MEDEIROS, 2016).
Há leis que regulamentam os locais para o suporte de pessoas com 60+
anos, o mais conhecido é a Lei 10.741/2003, denominada Estatuto do Idoso.
Os sistemas informais são o convívio em casa com familiares, com vizi-
nhança e na comunidade no qual está inserido, onde há uma constru-
ção de relações primárias para enfrentamento das dificuldades diárias.
Para esses sistemas, deve-se levar em conta a seguinte estrutura (LEMOS;
MEDEIROS, 2016):
• distância geográfica das pessoas que auxiliam a pessoa com 60+
anos, sendo de fácil ou difícil contato;

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida49


• homogeneidade ou heterogeneidade como ponto de vista social,
cultura, idade e sexo;
• proximidade social e afetiva, pois com isso podemos mobilizar a
rede conforme a necessidade;
• a frequência que as pessoas da rede entram em contato com a pes-
soa com 60+ anos, preservando a rede, claro, visando sempre a
qualidade dessa troca.
Dentro das redes informais, mais precisamente as relações familiares, as
mulheres são as principais cuidadoras, sendo enraizadas pela sociedade
como sendo consideradas no papel de “tarefa desempenhada pela mu-
lher” (DOMINGUES; ORDONEZ; SILVA, 2016).

Assim como os vizinhos, sendo as pessoas geograficamente mais próxi-


mas e podendo auxiliar nas pequenas tarefas diárias, a comunidade tam-
bém é um dos pilares mais fortes da rede de suporte social para pessoa
com 60+ anos, muitas vezes substitui a família, que mora longe ou até
mesmo que abandonou esse familiar na fase mais avançada do processo
de envelhecimento (DOMINGUES; ORDONEZ; SILVA, 2016).

PARA SABER MAIS


Importante observar a tendência das redes informais, uma
vez que os casais do século XXI optam por não ter filhos ou
ter até no máximo dois, diminuindo a rede de suporte para o
cuidado da pessoa com 60+ anos.

Independente da rede, formal ou informal, sua identificação, indicando


cada papel e suas relações de cada membro que a ela pertence, é de
extrema importância para que as ações sejam planejadas. O desenvolvi-
mento dessas relações e do contexto de envelhecimento têm auxiliado
por manter cada vez mais a pessoa com 60+ anos em seus domicílios e
comunidade.

50 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
2. Instrumentos que avaliam a rede de suporte social

Para que haja essa identificação de pessoas e papéis na rede de supor-


te social, há alguns instrumentos como SSQ (Social Suport Questionaire),
Medical Outcomes Study (MOS), Family Apgar, também podemos fazer o
genograma da família, o ecomapa, diagrama de escolta e o mapa mínimo
de relações do idoso (DOMINGUES; ORDONEZ; SILVA, 2016).

ASSIMILE
Os instrumentos irão auxiliar na compreensão do universo
no qual a pessoa com 60+ anos está inserida, e com isso eles
servem como complemento da anamnese.

Há duas formas de avaliar o apoio social: percebido e recebido. O SSQ


avalia o suporte social percebido e sua satisfação com relação ao que
compõe esse suporte, em um questionário com 27 perguntas, no qual
a pessoa com 60+ anos indica até nove pessoas, ou nenhuma, e após
isso, indicará seu grau de satisfação em uma escala de seis pontos que
varia de muito satisfeito a muito insatisfeito (DOMINGUES; ORDONEZ;
SILVA, 2016).

MOS avalia cinco dimensões de apoio social: apoio material, apoio afeti-
vo, apoio emocional, apoio interação social positiva e apoio de informa-
ção (Quadro 3). São 20 perguntas e as respostas são representadas por
“Nunca”, “Raramente”, “Às vezes”, “Quase sempre”, “Sempre” (DOMINGUES;
ORDONEZ; SILVA, 2016).

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida51


Quadro 3 – Dimensões do instrumento MOS de apoio social
APOIO OBJETIVO
Material Provisão de recursos práticos e auxílio material
Afetivo Demonstrações de amor e afeto
Emocional Alguém com quem possa se abrir
Interação social positiva Alguém para dividir momentos alegres e divertidos
Alguém que consiga informar quando necessário sobre
Informação
algum assunto ou uma situação
Fonte: adaptado de Pavarini et al., 2012

EXEMPLIFICANDO
Como sabemos quais são as pessoas que formam nossa rede
de suporte social? Podemos elencar, por exemplo, quem se-
riam as pessoas com as quais nós podemos contar para ca-
sos de emergência, para auxiliar em pagamentos de conta e
compras da casa, para fazer companhia quando se sente so-
zinho ou para tirar dúvidas e angústias? Essas serão as pes-
soas que estarão relacionadas nas respostas de grande parte
dos instrumentos.

Family Apgar ou funcionalidade familiar é um instrumento com cinco


questões sobre as cinco funcionalidades básicas de uma família: adapta-
ção, companheirismo, desenvolvimento, afetividade e capacidade resolu-
tiva. O instrumento busca avaliar a satisfação dos membros da família e
aponta como resultado a disfuncionalidade ou funcionalidade da mesma,
com isso podem-se propor rearranjos familiares. Também apresenta as
respostas como o instrumento do MOS em cinco pontos, porém, há um
espaço para se colocar comentários que o profissional achar relevante
(PAVARANI et al., 2012; DOMINGUES; ORDONEZ; SILVA, 2016).

Também existem três instrumentos que são gráficos: genograma, ecoma-


pa, diagrama de escolta.

52 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
O genograma é a representação gráfica da estrutura familiar e sua dinâ-
mica, permite incluir dados sociodemográficos, história clínica e as rela-
ções interpessoais, sendo necessárias pelo menos três gerações da famí-
lia (Quadro 4).

Quadro 4 – Estrutura do genograma


DADOS EXEMPLOS
Nome, idade, data de nascimento, casamento e
Sociodemográficos morte, localização geográfica, profissão
Vínculo consanguíneo, doenças de transmissão he-
História clínica reditária, causa de morte
Relações interpessoais Proximidade e conflito
Fonte: adaptado de Domingues, Ordonez e Silva, 2016

Os símbolos (Figura 1) são os que irão identificar os dados acima descritos no


Quadro 4, e para isso, a investigação sobre as relações é de extrema impor-
tância, para que o genograma seja feito de forma a contribuir para identificar
onde está a fragilidade e o problema na rede da pessoa com 60+ anos.

Figura 1 – Símbolos do genograma

Fonte: Correia EC, Martins G. Genograma: um instrumento de saúde mental.


Revista das faculdades santa cruz 2009; 7(2): 17-29.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida53


LINK
Artigo apresentando como se dá a construção de um
genograma, com todos os membros da família presentes da
relação estudada. CORREIA, E. C.; MARTINS, G. T. Genograma:
um instrumento de saúde mental. Revista das Faculdades
Santa Cruz, v. 7, n. 2, 2009. Disponível em: <http://www.
santacruz.br/v3/revistaacademica/13/cap3.pdf>.
Acesso em: 5 abr. 2018.

O ecomapa também avaliará as relações familiares por símbolos (Figura


2), mas com objetivo principal de avaliar as pessoas que habitam a mesma
residência. Também podemos aplicar para círculos externos como saúde,
vizinhança, por exemplo. Os membros da família são representados no
centro do círculo e as linhas indicam as suas conexões. A rede social fa-
miliar é apresentada mais em círculos externos (PAVARANI et al., 2012;
DOMINGUES; ORDONEZ; SILVA, 2016).

Figura 2 – Símbolos do ecomapa

Fonte: PAVARINI et al., 2012

O diagrama de escolta avalia as estruturas funcionais e de apoio da rede


social por níveis de proximidade, são dispostos três círculos e coloca-se o
nome daqueles de maior a menor proximidade, respectivamente, e com

54 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
isso preenche-se com perguntas sobre a estrutura, como nome, idade, sexo,
tempo de relação e funcionalidade, que significa se você possui alguém
com quem possa confidenciar questões importantes e também se pode
contar com alguém que possa cuidar de você em situações de doença, por
exemplo (PAVARANI et al., 2012; DOMINGUES; ORDONEZ; SILVA, 2016).

O mapa mínimo de relações é um instrumento misto entre perguntas


e parte gráfica. O instrumento é um alvo dividido em quatro quadran-
tes com três círculos, sendo um círculo central representado pela pes-
soa com 60+ anos (Figura 3). Cada quadrante representa: amigos, família,
comunidade e relações com sistema social e de saúde. No círculo mais
próximo ao centro, são postas as pessoas citadas com mais frequência e
assim, por conseguinte, com os símbolos específicos seguindo as pergun-
tas estruturadas.

Figura 3 – Mapa mínimo de relações

Família
Amigos

Comunidade

Sistema
Social/Saúde

Fonte: adaptado de Pavarini et al., 2012

PARA SABER MAIS


O mapa mínimo de relações foi desenvolvido em uma tese de
doutorado de uma professora do curso de Bacharelado em
Gerontologia pela Universidade de São Paulo, sendo um dos
instrumentos mais utilizados para verificação de relações.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida55


QUESTÃO PARA REFLEXÃO
Imaginemos que estamos com 60+ anos e somos viúvos(as), com um
filho e sem netos, como será que nossa rede de suporte social será?
Apesar de reduzida, significa que a rede é insuficiente ou até mesmo
inexistente? E se fosse o contrário, tivéssemos cinco filhos, dez netos
e o cônjuge vivo, podemos afirmar que eu tenho uma rede de supor-
te social forte e funcional? Por esses questionamentos, podemos en-
tender que compreender a estrutura que existe ao redor da pessoa
com 60+ anos pode determinar a qualidade de vida que a mesma
terá, por isso, a rede de suporte social é tão importante quanto qual-
quer outro aspecto já trabalhado nas outras aulas.

3. Considerações Finais

• Existem redes de suporte social formal e informal.

• Existem instrumentos gráficos, de perguntas com graduação em


cinco pontos e misto.

• A rede é para fornecer à pessoa com 60+ anos condições de promo-


ver sua autonomia e independência, mesmo na presença de algum
declínio físico ou cognitivo.

• Os instrumentos avaliam como a rede de suporte é funcional e pode


auxiliar a pessoa com 60+ anos no cotidiano e assim identificar onde
está disfuncional.

Glossário

• ILPI – Instituições de Longa Permanência.

56 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 04
1. São exemplos de redes de suporte formal e informal,
respectivamente:
a) Vizinhança e ILPI.
b) Hospital psiquiátrico e Centro-dia.
c) Filhas e netas.
d) ILPI e Hospital-dia.
e) Centro-dia e vizinhança.
2. Qual será o maior desafio das redes de suporte social para
um futuro próximo, por exemplo, 50 anos?
a) Manter a qualidade de vida.
b) Não haverá desafios.
c) Falta e/ou diminuição das redes de suporte social infor-
mal, pela formação nuclear familiar estar diminuindo
cada vez mais.
d) O aumento da rede de suporte social, não sendo possí-
vel definir papéis para atuação.
e) Não haverá pessoas com 60+ anos no mundo.
3. Qual a principal diferença do genograma para o ecomapa?
a) Genograma são perguntas e o ecomapa é por diagrama.
b) Relações familiares por gerações; relações familiares
dos que habitam a mesma residência.
c) Genograma não é importante e o ecomapa traça a fun-
cionalidade da família.
d) Ambos possuem a mesma função.
e) A diferença está apenas no uso dos símbolos.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida57


Referências Bibliográficas

DOMINGUES, M. A. C.; ORDONEZ, T. N.; SILVA, T. B. L. da. Instrumentos de avaliação


de rede de suporte social. In: FREITAS, E. V. de; PY, L.. Tratado de geriatria e geron-
tologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

LEMOS, N. D.; MEDEIROS, S. L. Suporte social ao idoso dependente. In: FREITAS, E.


V. de; PY, L. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2016.

PAVARANI, S. C. I. et al. Protocolo de avaliação gerontológica: módulo rede de suporte


social. São Carlos: Edufscar, 2012.

Gabarito – Tema 04

Questão 1­– Resposta: E

Os formais, podemos contar como exemplos os Centros-dia, Hospital-


dia, que garantem a permanência da pessoa com 60+ anos durante
o dia para aqueles que precisam de uma atenção multiprofissional
direcionada; atendimentos domiciliares, principalmente para quem
vive só e é dependente parcial ou totalmente dependente, e por fim
as ILPI, surgindo em muitos países para abrigar pessoas com 60+
anos pobres e sem família. Os sistemas informais são o convívio em
casa com familiares, com vizinhança onde há uma construção de re-
lações primarias para enfrentamento das dificuldades diárias.

Questão 2 – Resposta: C

Importante observar a tendência das redes informais, uma vez que


os casais do século XXI optam por não ter filhos ou ter até no má-
ximo dois, diminuindo a rede de suporte para o cuidado da pessoa
com 60+ anos.

58 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
Questão 3 – Resposta: B

O genograma é a representação gráfica da estrutura familiar e sua


dinâmica, permite incluir dados sociodemográficos, história clínica e
as relações interpessoais, sendo necessárias pelo menos três gera-
ções da família. O ecomapa também avaliará as relações familiares
por símbolos, mas com objetivo principal de avaliar as pessoas que
habitam a mesma residência.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida59


TEMA 05
O QUE É QUALIDADE DE VIDA?
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Objetivos

• Conceituar qualidade de vida.

• Conceituar qualidade de vida na velhice.

• Indicar quais instrumentos são utilizados para verifi-


car a percepção da qualidade de vida.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida60


Introdução

A expectativa de vida aumentada no mundo faz com que revisitemos


quais são nossas prioridades e como estamos levando o nosso proces-
so de envelhecimento. Fatores como melhoria na saúde e saneamento,
assim como diminuição da mortalidade, são indicativos de que houve
melhoria na qualidade de vida, mas o que isso significa? Como podemos
comprovar a melhoria em nossa qualidade de vida? A qualidade de vida
(QV) é uma temática multidisciplinar e, portanto, multiprofissional, sendo
necessário considerar todos os aspectos envolvidos, individuais ou coleti-
vos. O contexto e a comunidade aos quais a pessoa que está no processo
de envelhecimento pertence é tão importante quanto a própria vivência e
estarão diretamente ligados à percepção positiva ou negativa da QV. Por
ser um processo contínuo e de mudanças, as investigações sobre a per-
cepção da QV não podem ter referência de longa duração, uma vez que
eventos que aconteceram há apenas alguns dias podem mudar a condição
do relato, com isso, as perguntas geralmente referem-se há um período
de no máximo duas semanas, justamente para termos uma rotina muito
dinâmica de acontecimentos pessoais e coletivos que podem influenciar
diretamente em nossa resposta. Este texto abordará o conceito de quali-
dade de vida proposto pela OMS, assim como quais são os instrumentos
que a própria organização propõe que façamos uso para avaliar nossa
qualidade de vida.

1. Conceituando Qualidade de vida

O termo qualidade de vida foi culminado em 1920 por Pigou em um livro


para a economia The Economics of Welfare. Foi redefinido e reapresentado
após a II Guerra Mundial na área da saúde como sendo o bem-estar físico,
emocional e social (PASCHOAL, 2016).
O presidente Eisenhower, em 1960, traz o conceito de QV no relatório
Comissões dos objetivos nacionais, relacionados à educação, à saúde, ao

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida61


bem-estar e ao crescimento econômico dos americanos e pela defesa de
um mundo não comunista (PASCHOAL, 2016).
Aos poucos, o conceito de QV foi incorporado às políticas públicas e so-
ciais, substituindo ou adicionando alguns termos utilizados à época, como
“boa vida”, “felicidade” e “bem-estar”. A fim de minimizar as desigualdades
sociais, também surgiram movimentos sociais e iniciativas públicas com o
intuito de melhorar a vida do coletivo (PASCHOAL, 2016).
Dessa forma, o conceito ficou muito enraizado nos aspectos que abrangem
somente a saúde, sendo considerado por diferentes autores como sinôni-
mos. Para tanto, é de difícil compreensão (PEREIRA; TEIXEIRA; SANTOS, 2012).
Para a elaboração de um instrumento que avaliasse a qualidade de vida e
sem ter um conceito único, a OMS definiu como sendo qualidade de vida
“a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e
sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expec-
tativas, padrões e preocupações”, sendo abordado por aspectos subjetivos
onde há inter-relação com aspectos físicos, psicológicos, grau de indepen-
dência, e as relações com as pessoas e suas crenças, tudo isso inserido
em um ambiente (FLECK; 2000).

PARA SABER MAIS


Indicadores como mortalidade infantil, esperança de vida,
taxa de evasão escolar, nível de escolaridade, taxa de violên-
cia, saneamento e poluição foram incluídos para a ampliação
da QV em termos de boas condições de saúde.

Os aspectos das percepções individuais são importantes, mas o seu aces-


so a determinados bens e serviços, como emprego, renda mensal, educa-
ção formal básica, alimentação e acesso à saúde, saneamento básico, ha-
bitação e transporte público bom também são fatores que indicam qual
o tipo de qualidade de vida daquele grupo populacional (GORDIA et al.,
2011; PASCHOAL, 2016).

62 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
PARA SABER MAIS
Por envolver autopercepção, é necessário que se compreen-
da o ambiente em que a pessoa está inserida e suas limita-
ções, bem como o que a mesma (re)conhece como sendo
qualidade de vida antes de propor alterações em sua roti-
na ou vida, porque sua percepção é diferente da pessoa que
está atendendo.

1.1. Qualidade de vida na velhice

Os diferentes aspectos e influências que são característicos do indivíduo


que está na fase da velhice fez com que Lawton, em 1983, construísse
um modelo de qualidade de vida específico para esse grupo de pessoas
que estão com 60+ anos, baseado na inter-relação de quatro dimensões:
condições ambientais; competência comportamental; qualidade de vida
percebida; bem-estar subjetivo (Quadro 1) (PASCHOAL, 2016).

Quadro 1 – Dimensões de QV na velhice

DIMENSÃO DESCRIÇÃO

Contexto físico, ecológico e competência adaptativa (emo-


Condições ambien-
cional, cognitiva e comportamental). O ambiente sendo fa-
tais
vorável adequando às necessidades das pessoas
O enfrentamento pessoal frente às diferentes situações do
Competência com-
cotidiano, dependendo de experiências vividas durante o
portamental
seu desenvolvimento ao longo do curso de vida
Avaliação da própria vida, que sofre influência dos valores
Qualidade de vida
agregados pelas expectativas não só pessoais, mas tam-
percebida
bém sociais;
Satisfação com a própria vida global e específica em de-
terminados aspectos. Envolve os antecedentes pessoais,
Bem-estar subjeti-
traços da personalidade e de autorregulação (significado
vo
pessoal, sentido de vida, religiosidade, senso de controle,
eficácia pessoal e adaptabilidade)
Fonte: adaptado de Paschoal, 2016, p. 188

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida63


ASSIMILE
O envelhecimento do indivíduo, por consequência da fase da
velhice, está vinculado de forma mais direta e, sendo assim
determinado, pela habilidade do mesmo em manter sua au-
tonomia e independência.

Para as pessoas com 60+ anos, a distância do idealizado para o realizado é


o grau de satisfação e qualidade de vida que o mesmo indicará ter. Sendo
o idealizado a opinião em relação a diferentes itens da vida e o realizado a
situação atual relacionado aos mesmos itens de vida acima, por exemplo,
se o realizado for próximo do idealizado, maior será a indicação de boa
qualidade de vida (PASCHOAL, 2016).

1.2. Instrumentos de avaliação de QV


A OMS, ao consultar especialistas, formulou o WHOQOL para o desenvol-
vimento do conceito e instrumentos que avaliam a qualidade de vida das
pessoas. Existe o WHOQOL completo, o bref e o old.
Um deles é o WHOQOL 100, que é constituído por cem questões dividi-
das em seis domínios: físico, psicológico, nível de independência, relações
sociais, meio ambiente e espiritualidade/religiosidade/crenças pessoais,
distribuídas em 24 facetas, com quatro perguntas cada e uma 25ª com
perguntas gerais sobre a QV (Quadro 2) (FLECK, 2000).
Quadro 2 – WHOQOL 100

DOMÍNIOS FACETAS

1. dor e desconforto
Físico 2. energia e fadiga
3. sono e repouso
4. sentimentos positivos
5. pensar, aprender, memória e concentração
Psicológico 6. autoestima
7. imagem corporal e aparência
8. sentimentos negativos

64 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
9. mobilidade
10. atividades da vida cotidiana
Nível de independência
11. dependência de medicação ou de tratamentos
12. capacidade de trabalho
13. relações pessoais
Relações sociais 14. suporte (apoio) social
15. atividade sexual
16. segurança física e proteção
17. ambiente no lar
18. recursos financeiros
19. cuidados de saúde e sociais: disponibilidade
e qualidade
Meio ambiente
20. oportunidades de adquirir novas informações
e habilidades
21. participação em e oportunidades de recreação/lazer
22. ambiente físico: (poluição/ruído/trânsito/clima)
23. transporte
Espiritualidade/
religiosidade/ 24. espiritualidade/religiosidade/crenças pessoais
crenças
Fonte: adaptado de Fleck, 2000

EXEMPLIFICANDO
As respostas são dadas em uma escala de cinco pontos, por
exemplo, uma das perguntas do WHOQOL-bref é: “Em que
medida você acha que sua dor (física) impede você de fazer
o que você precisa?” Sendo as respostas possíveis: “Nada”;
“Muito pouco”; “Mais ou menos”; “Bastante”; “Extremamente”.

O WHOQOL-bref é a versão curta do WHOQOL, com 26 questões, passando


a ser duas questões gerais sobre QV e as outras 24 distribuídas em quatro
domínios: físico; psicológico, relações sociais; meio ambiente, com as
mesmas 24 facetas, neste caso, cada faceta representa uma pergunta. Cada
pergunta pode somar até cinco pontos, quanto maior a pontuação, melhor é
a percepção sobre sua qualidade de vida (Quadro 3).

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida65


Quadro 3 – WHOQOL-bref

DOMÍNIOS FACETAS
1. dor e desconforto
2. energia e fadiga
3. sono e repouso
Físico
10. atividades da vida cotidiana
11. dependência de medicação ou de tratamentos
12. capacidade de trabalho
4. sentimentos positivos
5. pensar, aprender, memória e concentração
6. autoestima
Psicológico
7. imagem corporal e aparência
8. sentimentos negativos
24. espiritualidade/religiosidade/crenças pessoais
13. relações pessoais
Relações sociais 14. suporte (apoio) social
15. atividade sexual
16. segurança física e proteção
17. ambiente no lar
18. recursos financeiros
19. cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade
Meio ambiente 20. oportunidades de adquirir novas informações
e habilidades
21. participação em e oportunidades de recreação/lazer
22. ambiente físico: (poluição/ruído/trânsito/clima)
23. transporte
Fonte: adaptado de Fleck, 2000

LINK
Texto que apresenta quais pesquisas existem na enfermagem
a respeito da qualidade de vida, baseado no instrumento
WHOQOL. ANGELIM, R. C. M. et al. Avaliação da qualidade de
vida por meio do WHOQOL: análise bibliométrica por meio da
produção de enfermagem. Revista Baiana de Enfermagem.
Salvador, v. 29, n. 4, p. 400-410, 2015. Disponível em:
<https://portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem/article/
viewFile/11857/pdf_21>. Acesso em: 2 abr. 2018.

66 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
A partir dos dois questionários acima colocados, foi criado o WHOQOL-old,
sendo composto por 24 itens distribuídos em seis facetas: Funcionamento
do Sensório (FS), Autonomia (AUT), Atividades Passadas, Presentes e
Futuras (PPF), Participação Social (PSO), Morte e Morrer (MEM) e Intimidade
(INT) (Quadro 4).
Quadro 4 – WHOQOL-old: facetas e conceitos
FACETAS CONCEITO/CONTEÚDO
Funcionamento sensorial, impacto da perda de habili-
Habilidades sensoriais (FS)
dades sensoriais
Independência na velhice, capacidade ou liberdade de
Autonomia (AUT)
viver de forma autônoma e tomar decisões
Atividades passadas, pre- Satisfação sobre conquistas na vida e coisas que se an-
sentes e futuras (PPF) seiam
Participação nas atividades cotidianas, especialmente
Participação social (PSO)
na comunidade
Preocupações, inquietações e temores relacionados à
Morte e morrer (MEM)
faceta
Intimidade (INT) Capacidade de ter relacionamentos pessoais e íntimos
Fonte: adaptado de Manual WHOQOL-old, s/d

O WHOQOL-old é para aplicação em pessoas com 60+ anos considerando


a transculturalidade e o perfil diferenciado para medição da QV, levando
em consideração as particularidades referentes ao processo de envelhe-
cimento, mais especificamente a fase velhice.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO


Por ser considerada a percepção do indivíduo, a QV é algo muito sub-
jetivo, não sendo, portanto, comparável. Nesse sentido, como pode-
mos determinar um protocolo de ação se, para nossa concepção, a
pessoa possui baixa QV, enquanto que a mesma afirma ter boa QV?
Levar o contexto no qual a pessoa está inserida, sua história de vida
e como ela lida com suas possíveis limitações são fundamentais para
entender como a pessoa com 60+ anos considera sua QV.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida67


2. Considerações Finais

• A QV é um conceito subjetivo e pessoal, levando em consideração a


própria percepção.

• A QV para pessoas com 60+ anos é dividida em real e ideal.

• O principal instrumento é o WHOQOL, desenvolvido por uma equi-


pe especializada da OMS.

• A autonomia e a independência da pessoa com 60+ anos está dire-


tamente ligada com a sua própria percepção de QV.

• Por se considerarem as especificidades do processo de envelheci-


mento, foi desenvolvido a partir do WHOQOL 100 e do WHOQOL-bref,
o WHOWQOL-old, com 24 questões em cinco pontos de escala para
resposta, sendo do extremo negativo para o extremo positivo e uma
resposta neutra.

Glossário

• OMS – Organização Mundial de Saúde.


• QV – Qualidade de vida.
• WHOQOL – World Health Organization Quality of Life.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 05
1. Segundo a Organização Mundial de Saúde, é considerado
qualidade de vida:
a) A percepção do outro sobre seus valores e sua relação
com seus objetivos, expectativas e preocupações.

68 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
b) A percepção individual, mas com a opinião do outro so-
bre seus valores e sua relação com seus objetivos, ex-
pectativas e preocupações.
c) A percepção individual sobre seus valores e sua relação
com seus objetivos, expectativas e preocupações.
d) Não ter doenças e também não ter valores e relação
com seus objetivos, expectativas e preocupações.
e) Ter autonomia e independência, levando em conside-
ração os seus valores e sua relação com seus objetivos,
expectativas e preocupações.
2. Quais são as dimensões de QV na velhice abordada por
Lawton?
a) Condições sociais; competência comportamental; qua-
lidade de vida; bemestar social.
b) Condições ambientais; competência ambiental; quali-
dade de vida; bem-estar comportamental.
c) Condições sociais; competência ambiental; qualidade
de vida; bem-estar comportamental.
d) Condições ambientais; competência comportamental;
qualidade de vida percebida; bem-estar subjetivo.
e) Condições comportamentais; competência ambiental;
qualidade de vida; bem-estar percebido.
3. Quais são os domínios do WHOQOL-bref?
a) Físico; psicológico; relações sociais; meio ambiente.
b) Espiritualidade; psicológico; relações sociais; meio
ambiente.
c) Físico; nível de independência; relações sociais; meio
ambiente.
d) Físico; psicológico; relações sociais; espiritualidade.
e) Espiritualidade; psicológico; relações sociais; nível de
independência.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida69


Referências Bibliográficas

FLACK, M. P.; CHACHAMOVICHA, E.; TRENTINIB, C. M. Projeto WHOQOL-OLD: método e


resultados de grupos focais no Brasil. Rev. Saúde Pública, v. 37, n. 6, p. 793-799, 2003.
FLECK, M. P. A. O instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização
Mundial da Saúde (WHOQOL-100): características e perspectivas. Ciência e Saúde
coletiva. v. 5, n. 1, p. 33-38, 2000.
GORDIA, A. P. et al. Qualidade de vida: contexto histórico, definição, avaliação e fato-
res associados. Revista Brasileira de Qualidade de Vida. v. 3, n. 1, p. 40-52, 2011.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Manual WHOQOL-old, s/d. Disponível em:
<http://www.ufrgs.br/psiquiatria/psiq/WHOQOL-OLD%20Manual%20POrtugues.
pdf>. Acesso em: 2 abr. 2018.
PASCHOAL, S. M. P. Qualidade de vida na velhice. In: FREITAS, E. V. de; PY, L. Tratado
de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
PEREIRA, É. F.; TEIXEIRA, C. S.; SANTOS, A. dos. Qualidade de vida: abordagens, concei-
tos e avaliação. Rev. Bras. Educ. Fís. Esporte. São Paulo, v. 26, n. 2, p. 241-250, 2012.

Gabarito – Tema 05

Questão 1­– Resposta: C

É a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da


cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus
objetivos, expectativas, padrões e preocupações.

Questão 2 – Resposta: D

Os diferentes aspectos e influências que são característicos do in-


divíduo que está na fase da velhice fez com que Lawton, em 1983,
construísse um modelo de qualidade de vida específico para esse
grupo de pessoas que estão com 60+ anos, baseado na inter-relação
de quatro dimensões: condições ambientais; competência compor-
tamental; qualidade de vida percebida; bem-estar subjetivo.

70 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
Questão 3 – Resposta: A

O WHOQOL-bref é a versão curta do WHOQOL, com 26 questões,


passando a ser duas questões gerais sobre QV e as outras 24 distri-
buídas em quatro domínios: físico; psicológico, relações sociais; meio
ambiente, com as mesmas 24 facetas, neste caso, cada faceta repre-
senta uma pergunta.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida71


TEMA 06
AVALIAÇÃO DE FRAGILIDADE E
VULNERABILIDADE DO IDOSO:
INSTRUMENTOS DE APLICABILIDADE

Objetivos

• Apresentar o conceito de vulnerabilidade na saúde


pública.

• Apresentar o conceito de fragilidade no idoso.

• Apresentar os instrumentos que podem ser utilizados


para avaliar a fragilidade.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida72


Introdução

Estamos construindo ao longo das temáticas conceitos que apoiam o pro-


cesso de promoção do envelhecimento ativo e da alta qualidade de vida
com base em rastreio de saúde/doença por meio de instrumentos es-
pecíficos. Os aspectos respaldados pela autonomia e independência irão
proporcionar a compreensão do processo de envelhecimento da pessoa
com 60+ anos, o qual estamos atendendo e, a partir desse inquérito, con-
seguiremos direcionar o cuidado e um acompanhamento específico, uma
vez que a velhice é heterogênea. Nesse sentido, a atenção prestada nessa
construção às pessoas com 60+ anos se dá pelo fato de ser o perfil etá-
rio populacional que mais cresce no Brasil e no mundo, sendo que para
alguns países, como Estados Unidos, Itália e Inglaterra (especialmente os
desenvolvidos), o número de crianças de 0-14 anos já foi ultrapassado pelo
de pessoas com 60+ anos. Historicamente, as pessoas do grupo conside-
radas “idosos” são vistos como grupo mais vulnerável, juntamente com as
crianças, que também são consideradas vulneráveis e, portanto, as pes-
soas idosas têm maior probabilidade de apresentar declínios funcionais.
Ser uma pessoa com 60+ anos não pode ser sinônimo de pessoa frágil,
sendo erroneamente tratado como um problema do envelhecimento, di-
ficultando ou diminuindo a intervenção precoce e com isso podendo, em
alguns casos, reverter o processo de fragilização daquela pessoa idosa.

1. Definições de fragilidade e vulnerabilidade

O termo vulnerabilidade pode ser empregado em diferentes áreas, como


em economia, informática e ciências jurídicas, por exemplo. A vulnerabi-
lidade no contexto da saúde pública vem sido compreendida como um
risco no qual a pessoa está inserida vindo de um constructo de problemas
que abrange diferentes áreas, como saúde ambiental, mental, doenças
infecciosas e crônicas, envelhecimento e saúde, entre outras (OVIEDO;
CZERESNIA, 2015).

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida73


A partir desse aspecto de risco relacionado à saúde/doença da pessoa, de-
senvolveram-se três dimensões específicas para o processo: aspectos indi-
viduais, coletivos e contextuais (CORRÊA, 2010; OVIEDO; CZERESNIA, 2015).

• Individual: relacionado a problemas específicos, destacando ques-


tões comportamentais e racionais.

• Coletivo: relacionado a temas sociais, como questões econômicas,


de gênero, exclusão social, crenças religiosas entre outras.

• Contextual: relacionado a como os serviços de saúde atuam para


reduzir o contexto de vulnerabilidade, podendo atuar juntamente com
setores como educação, justiça, cultura, bem-estar social, entre outros.

PARA SABER MAIS


O termo vulnerabilidade na saúde pública teve início nos
Direitos Humanos, na década de 1980, com a epidemia de
HIV/aids, preocupados com as múltiplas dimensões da epi-
demia e consequência de seu impacto social.

A Associação Internacional de Geriatria e Gerontologia, juntamente com


a Organização Mundial de Saúde, propôs no ano 2012 uma conferência
para que fosse estabelecido um consenso sobre a definição de fragilidade,
no sentido operacional, para que o tratamento a partir de uma triagem
fosse realidade na população mais suscetível a tal condição. Não se che-
gou a um consenso sobre a definição-padrão que levasse à identificação
precoce de pacientes de alto risco, mas há um “senso clínico” a respeito
(ANDRADE et al., 2012; DUARTE; LEBRÃO, 2016) tratado a seguir.

Sendo assim, optaram por duas definições, sendo uma delas mais am-
pla, relacionada à uma condição geral do indivíduo, e uma outra como
uma síndrome clínica direcionada à fragilidade física. A definição, portan-
to, ficou sendo definida como “um estado clínico em que há um aumento

74 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
da VULNERABILIDADE do indivíduo à maior dependência e/ou mortalidade
quando exposto a um estressor. Pode ocorrer como resultado da presença de
multimorbidades diversas”.

Para a fragilidade física, foram estabelecidos três pontos:

• uma síndrome clínica com múltiplas causas e fatores resultando


em diminuição da força, resistência e função fisiológica, levando
a uma maior vulnerabilidade, podendo desenvolver maior depen-
dência ou morte;

• tem potencial prevenção ou tratamento com exercícios físicos ade-


quados, balanço nutricional proteico-calórico, vitamina D e redução
da quantidade de medicamentos tomados;

• rastreio simples e rápido a partir de testes desenvolvidos e validados,


permitindo que a equipe multiprofissional identifique objetivamen-
te as pessoas frágeis.

Além de uma condição física, também foi discutida como uma condição
psicológica ou uma associação de ambas. Há, então, a presença de duas
abordagens para definição de fragilidade física: o modelo de acumulação
de déficits que gera o índice de fragilidade e o fenótipo de fragilidade, que
é a presença de um ou mais de cinco componentes, devido a um siste-
ma de diferentes variáveis de desregulação, sendo seus componentes a
perda de peso, fadiga, fraqueza, lentidão e redução da atividade física. As
duas definições são consideradas hoje para determinar a pré-fragilidade,
que é a condição entre frágil e não frágil, tendo a força física como fator
determinante.

São critérios preestabelecidos para investigação de fragilidade em pesso-


as com 70+ anos e todos os indivíduos com perda de peso não intencional
maior ou igual a 5%.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida75


PARA SABER MAIS
Em 1970, a FCA utilizou oficialmente o termo idoso frágil para
representar pessoas idosas que viviam em condições socioeco-
nômicas desfavoráveis e apresentavam fraqueza física e déficit
cognitivo, exigindo maiores cuidados com o passar da idade.

A fragilidade está diretamente ligada a questões de senescência e senili-


dade no processo de envelhecimento humano. Também podemos rela-
cionar as comorbidades e as incapacidades com a fragilidade, porém não
sendo sinônimos para tais relatos. Para tanto, Moraes et al. (2015) propu-
seram uma escala visual de fragilidade (Figura 1).

Figura 1 – Escala visual de fragilidade por Moraes et al

Fonte: retirado de <http://www.ivcf-20.com.br/institucional/escala-visual-de-fragilidade/5/15>

76 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
ASSIMILE
A incapacidade funcional em sua maioria não permite rever-
são e indica o limite final da fragilidade de uma pessoa, de-
mandando maiores cuidados, principalmente dos familiares,
e um serviço de atenção em saúde mais específico, também
é onde há maior institucionalização da pessoa com 60+ anos,
levando a quadros precoces de incontinência urinária, úlce-
ras de pressão e, consequentemente, a morte.

Existem dois grupos que mais trabalham com fragilidade: Canadian


Initiative on Frailty and Ageing (Iniciativa Canadense sobre Fragilidade e
Envelhecimento), que aponta a fragilidade como o acúmulo de diferentes
fatores (Quadro 1), e Fried et al. (2001 apud DUARTE; LEBRÃO, 2016), que
apontam como sendo um processo fisiopatológico único levando à uma
síndrome geriátrica (Quadro 2).

O grupo de Fried et al. (2001 apud DUARTE; LEBRÃO, 2016) tem uma abor-
dagem mais utilizada para determinarmos no Brasil as pessoas idosas
que estão no índice de fragilidade

Quadro 1 – Fragilidade para o grupo Canadian Initiative on Frailty and Ageing


FATORES
Doenças potencialmente não relacionadas, disfunções subclínicas e deficiência em
determinados órgãos, partes ou sistemas do organismo.
Déficits potenciais presenciais no indivíduo: sinais, sintomas, condições geriátricas,
alterações laborais e incapacidades.
Somando os déficits acumulados em níveis diferentes (clinico, fisiológico, funcio-
nal), pode predizer mortalidade.
Portanto, a fragilidade para este grupo de pesquisa seria o número de déficits para
uma condução de dose-resposta relacionando à mortalidade.
Fonte: adaptado de Duarte e Lebrão, 2016

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida77


EXEMPLIFICANDO
Quando há presença de declínios relacionados à autonomia
e à independência, precisamos estar atentos para a presença
de situações de pré-fragilidade ou já fragilidade instalada.

Quadro 2 – Fragilidade para o grupo de Fried et al.


(2001 apud DUARTE; LEBRÃO, 2016)

FISIOPATOLÓGICO ÚNICO
Resultante de modificações dos mecanismos biológicos que levam
a alterações de diferentes sistemas que são inter-relacionados e,
eventualmente, ao rompimento do equilíbrio homeostático. Com
isso, compensam quando há agentes estressores pela sua reserva
de resiliência. No conjunto final, há impacto na capacidade de res-
posta do organismo para manter esse equilíbrio homeostático.
Há também a presença de alterações de fenótipo em cinco mani-
festações clínicas, sendo o desenvolvimento de uma ou duas ma-
nifestações considerados pré-frágil e três ou mais já presentes em
pessoas idosas fragilizadas:
• perda de peso não intencional;
• fadiga;
• diminuição da força muscular por fraqueza;
• baixo nível de atividade física;
• diminuição da velocidade da marcha e do equilíbrio.
Fonte: adaptado de Duarte e Lebrão, 2016

Duarte e Lebrão (2016) mostram na forma de esquema (Figura 2) o que


foi proposto por Fried et al. (2001).

78 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
Figura 2 – Modelo conceitual proposto por Fried et al. (2001)
Síndrome clínica
de fragilidade

Fenótipo

Sintomas
Alterações Peso Desfechos
sobrepostas Fraqueza adversos da
Fadiga fragilidade
Anorexia
Diminuição da ingestão
Doenças calórica Quedas
(fisiopatológica) Inatividade
Lesões
Doenças agudas
Sinais Hospitalização
Sarcopenia Incapacidade
Osteopenia Dependência
Alterações no equilíbrio e na
marcha Institucionalização
Declínio na função
Desnutrição Morte
e na reserva
↓Velocidade de caminhada
fisiológica

Risco
↓Resiliência (habilidade em
responder aos estressores)

Fonte: retirado de Duarte e Lebrão, 2016

Com isso, a vulnerabilidade ficaria entre fenótipo, sinais e sintomas e as


alterações presentes nos sistemas de comunicação, musculares, quebran-
do a homeostase do organismo, levando à fragilidade.

LINK
O texto aborda a relação entre o envelhecimento, a presen-
ça de doenças e a fragilidade no Brasil. LOURENÇO, R. A. A
síndrome de fragilidade no idoso: marcadores clínicos e bio-
lógicos. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto. Ano
7, jan./jun. 2008. Disponível em: <http://www.e-publicaco-
es.uerj.br/index.php/revistahupe/article/view/9277/7183>.
Acesso em: 13 abr. 2018.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida79


Apesar de não se ter um consenso a respeito do conceito de fragili-
dade, podemos concluir que o número elevado de doenças crônicas,
podendo estar relacionadas entre elas ou não, mais as limitações no
desempenho das atividades de vida diária, seja instrumental, seja bási-
ca, levam a uma maior prevalência de fragilidade e vulnerabilidade nas
pessoas com 60+ anos.

1.1. Instrumentos utilizados

Para a fragilidade, podemos retomar os instrumentos (Quadro 3) que já


foram apresentados em outras temáticas, sendo em sua maior parte ins-
trumentos autorreferidos (NUNES et al., 2015).

Quadro 3 – Instrumentos para as fragilidades


de manifestações clínicas
MANIFESTAÇÃO CLÍNICA EXEMPLOS DE INSTRUMENTOS
Perda de peso não intencional MAN
Fadiga Center for Epidemiological Stu-
dies – Depression, uma esca-
la validada por Batistoni, Neri e
Cupertino (2010)
Diminuição da força muscular Dinamômetro
por fraqueza
Baixo nível de atividade física Questionário Internacional de
Atividade Física, também valida-
do para o português, existindo
versão curta e longa1
Diminuição da velocidade da Timed up and go
marcha e do equilíbrio
Fonte: adaptado de Nunes et al., 2015

1
Link para a versão longa: <http://www.webipaq.com.br/index_quest.php>.
Link para a versão curta: <https://www.google.com.br/search?q=Ipaq_versao_curta_questionario.pdf&oq=Ipaq_versao_
curta_questionario.pdf&aqs=chrome..69i57j69i60.4008j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8> (terá que abrir pelo buscador do
Google, pois o arquivo faz download direto)

80 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
O Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional–20 possui dois instru-
mentos para ser aplicado, um primeiro para a versão profissional de
saúde e um para a versão do idoso/família. Cada um possui 20 questões
que fazem o rastreio da sua condição de vulnerabilidade, apontando
para a presença de fragilidade ou pré-fragilidade. O primeiro instrumen-
to pode somar até 40 pontos, e o segundo, até 62 pontos. Quanto maior
a pontuação, maior o risco e, portanto, a condição de fragilidade da pes-
soa em questão.

LINK
http://www.ivcf-20.com.br/arquivos/iarquivos/Questionario_
idoso_familia.pdf - Índice de Vulnerabilidade Clínico Funcional
para o idoso e a família
http://www.ivcf-20.com.br/arquivos/iarquivos/Questionario_
profissional_saude.pdf – Índice de Vulnerabilidade Clínico-
Funcional para os profissionais da saúde

Contudo, se utilizarmos os instrumentos para rastreio e não diagnóstico,


percebendo declínios funcionais, conseguimos identificar quadros de fra-
gilidade ou pré-fragilidade e assim, muitas vezes, reverter determinados
quadros.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
A atenção ao indivíduo que envelhece é fundamental para que a qua-
lidade de vida seja posta em primeiro plano. Estamos trabalhando
desde o primeiro Tema com a escuta ativa na anamnese, mais a apli-
cação de instrumentos para rastreio de doenças para que se possa
traçar um plano de atenção e cuidado em médio e longo prazo.
Para a fragilidade e a vulnerabilidade, não será diferente, utilizare-
mos instrumentos novos e já conhecidos para que possamos propor-
cionar melhor qualidade de vida à pessoa que está com 60+ anos.
A nossa reflexão de vida poderia ser: o que estamos somando e fa-
zendo de diferente para que nossa velhice seja com mais saúde e
qualidade possível?

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida81


2. Considerações Finais

• A vulnerabilidade na área da saúde pública está diretamente rela-


cionada a risco.

• A fragilidade é determinada por diferentes fatores, não sendo neces-


sariamente associada ao envelhecimento.

• Quanto maior o déficit funcional de uma pessoa, maior sua vulnera-


bilidade e, portanto, maior a condição de fragilidade.

• Os instrumentos para se determinar fragilidade podem ser utiliza-


dos para determinar outras condições, sendo assim, a fragilidade
é uma questão a ser analisada de forma ampla, como a Avaliação
Geriátrica Ampla, em que conseguimos determinar riscos para situ-
ações de saúde/doença da pessoa com 60+ anos.

Glossário

• FCA: Federal Council on Aging.

• Dinamômetro: aparelho para aferição da força muscular.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 06
1. O termo que representa a vulnerabilidade na saúde cole-
tiva é:
a) Violência.
b) Dependência.
c) Risco.
d) Solidariedade.
e) Suscetibilidade.

82 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
2. Segundo Moraes et al., a fragilidade é dividida em três par-
tes, que são:
a) Média dependência, alta dependência e morte.
b) Baixa complexidade, atividades de vida diária e fase fi-
nal de vida.
c) Baixa complexidade, média dependência e fase final de
vida.
d) Alta complexidade, alta dependência e morte.
e) Baixa complexidade, alta complexidade e fase final de
vida.
3. São sintomas de fragilidade descritos por Fried et al. (2001):
a) Perda de peso não intencional, fadiga, baixo nível de
atividade física.
b) Perda de peso não intencional, declínio cognitivo e bai-
xo nível de atividade física.
c) Ganho de peso, declínio cognitivo, fase final da vida.
d) Perda de peso não intencional, fadiga, fase final da vida.
e) Ganho de peso, fadiga, baixo nível e atividade física.

Referências Bibliográficas

ANDRADE, A. N. et al. Análise do conceito fragilidade em idosos. Texto Contexto


Enferm, v. 21, n. 4, p. 748-56, 2012.
BATISTONI, S. S. T.; NERI, A. L.; CUPERTINO, A. P. F. B. Validade da escala de depressão
do Center for Epidemiological Studies entre idosos brasileiros. Rev Saúde Pública. v.
41, n. 4, p. 598-605, 2007.
CORRÊA, C. S. Violência urbana e vulnerabilidades: o discurso dos jovens e as
notícias de jornais. Dissertação de Mestrado em Psicologia – Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.
DUARTE, I. A. O.; LEBRÃO, M. L.. Fragilidade e envelhecimento. In: FREITAS, E. V. de; PY,
L. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida83


MORAES, E. N. de et al. Disponível em: <http://www.ivcf-20.com.br/institucional/
escala-visual-de-fragilidade/5/15>. Acesso em: 13 jul. 2018.
NUNES, D. P. et al. Rastreamento de fragilidade em idosos por instrumento autorre-
ferido. Rev Saúde Pública. v. 49, n. 2, 2015.
OVIEDO, R. A. M.; CZERESNIA, D. O conceito de vulnerabilidade e seu caráter biosso-
cial. Interface. Botucatu, v. 19, n. 53, p. 237-250, 2015.

Gabarito – Tema 06

Questão 1­– Resposta: C

A vulnerabilidade no contexto da saúde pública vem sido compre-


endida como um risco no qual a pessoa está inserida, vindo de um
constructo de problemas que abrange diferentes áreas, como saúde
ambiental, mental, doenças infecciosas e crônicas, envelhecimento e
saúde entre outras.

Questão 2 – Resposta: E

Figura 1, onde encontra-se a caracterização dividida para idoso frágil


por Moraes.

Questão 3 – Resposta: A

Há também a presença de alterações de fenótipo em cinco manifes-


tações clínicas, sendo o desenvolvimento de uma ou duas manifesta-
ções considerados pré-frágil e três ou mais já presentes em pessoas
idosas fragilizadas:

• perda de peso não intencional;


• fadiga;
• diminuição da força muscular por fraqueza;
• baixo nível de atividade física;
• diminuição da velocidade da marcha e do equilíbrio.

84 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
TEMA 07
TIPOS DE INSTRUMENTOS
DE AVALIAÇÃO UTILIZADOS
EM INSTITUIÇÕES DE LONGA
PERMANÊNCIA

Objetivos

• Descrever os conceitos de ILPI.

• Apresentar quais instrumentos podemos utilizar nas


instituições.

• Apresentar os tipos de tecnologias assistivas presen-


tes que podem ser aplicadas às pessoas idosas.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida85


Introdução

O século XXI tem sido revolucionário em termos tecnológicos, com acesso


cada vez mais rápido à internet e a atualização de informações a cada se-
gundo, e tudo ao alcance de nossas mãos. O avanço tecnológico também
proporcionou que a população vivesse mais, com melhorias na medici-
na a partir de técnicas que prolongaram a vida. Questões mais simples,
como o cuidado no saneamento básico, como o tratamento de água para
quase toda a população brasileira, corroboraram com esse aumento da
expectativa de vida. Outros fatores, como a diminuição da mortalidade
infantil, fazem com que a população com 60+ anos cresça e permaneça na
fase da velhice por mais tempo. Com o aumento do número de pessoas
idosas e especialmente com 80+ anos, a institucionalização acaba sen-
do uma alternativa ou um “mal necessário” para famílias sem estrutura
para cuidar dessas pessoas idosas que possuem um comprometimento
na independência e, principalmente, na autonomia ou para aquelas que
decidem abandonar seus entes. A velhice para o mundo traz inúmeros
desafios e em diferentes áreas, e a tecnologia pode ser um aliado nesse
processo. Talvez precisamos decidir a partir de agora como transforma-
remos a nossa velhice aliada com as tecnologias já disponíveis e as que
ainda serão criadas para a melhora da nossa qualidade de vida.

1. Instituições de longa permanência para idosos

As ILPIs são moradias coletivas, sendo denominadas como as novas casas


das pessoas, principalmente com 60+ anos, geralmente com declínios das
condições de saúde em que a pessoa não consegue se manter nos cuida-
dos básicos sozinha (independência ou autonomia comprometidos) e sem
familiares para dar esse suporte. Também devem preservar a intimidade e
identidade dos residentes, promover a autonomia o máximo possível, as-
sim como a manutenção dos laços afetivos (BORN; BOECHAT, 2016).

86 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
Há diferentes denominações para as ILPIs, como clínicas geriátricas, casas
de repouso, residências abrigadas ou protegidas e residenciais para a ter-
ceira idade (PERRACINI, 2016).

PARA SABER MAIS


Nem todos os pesquisadores são a favor de institucionali-
zar a pessoa com 60+ anos, muitos deles optam por adaptar
a casa para assistir a pessoa idosa nas necessidades que a
mesma precise.

As instituições devem proporcionar um ambiente com a melhor assistên-


cia à necessidades daqueles que lá vivem e para tanto os instrumentos e
as tecnologias estão presentes para monitorar se tal assistência vem sen-
do provida. Por isso, possuir poucas pessoas idosas auxilia no controle de
pessoas que terão contato com os residentes, promovendo uma atenção
mais direcionada às necessidades daquele indivíduo (PERRACINI, 2016).

A regulamentação das ILPIs no Brasil é feita pela Anvisa por meio da RDC
nº 283/20051, que aprovam e avaliam a implementação das instituições,
públicas ou particulares, em todo território nacional. Tal regulamentação
prediz como deve ser o espaço, qual quadro mínimo de funcionários para
o número de pessoas residentes, bem como a formação do profissional
responsável pela instituição.

As ILPIs são consideradas equipamentos sociais, ligados ao Serviço Social


de Assistência Social (SUAS), portanto, têm caráter multiprofissional, mas
com profissionais ligados mais à área da saúde, como médicos, enfermei-
ros e técnicos em enfermagem, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas,
gerontólogos, psicólogos, entre outros.

1
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_283_2005_COMP.pdf/a38f2055-c23a-4eca-94ed-
76fa43acb1df

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida87


PARA SABER MAIS
A sociedade, muitas vezes, denomina as Instituições de Longa
Permanência de asilos, sendo considerado um nome pejora-
tivo. Por ser malvisto por grande parte das pessoas, há uma
proposta já implementada na Holanda de formarmos espa-
ços considerados “vila”, nesse caso específico, para pessoas
que sofrem de declínio cognitivo (demência), sendo projeta-
da para promover atividades para as pessoas idosas, como,
por exemplo, ir ao mercado fazer compras com o pagamen-
to em um dinheiro desenvolvido especificamente para a vila.
Disponível em: <https://awebic.com/cultura/asilo-e-coisa-do-
-passado-conheca-a-vila-holandesa-projetada-para-idosos-
com-alzheimer/>. Acesso em: 13 jul. 2018.

No Brasil, há propostas similares (de bairros), mas voltado a pessoas que


ainda conseguem viver com autonomia e independência, fazendo com
que a própria comunidade do bairro auxilie no cotidiano.

Talvez essas propostas sejam nosso futuro, dos nossos filhos e netos,
uma vez que a taxa de fecundidade tem sido cada vez menor, não só no
mundo, como aqui no Brasil também, e isso leva a termos menos pessoas
para cuidar das futuras gerações.

Nesse sentido, quais são os instrumentos que temos hoje para avaliação
do cuidado das ILPI com as pessoas idosas e as tecnologias presentes no
cotidiano?

1.1. Instrumentos de aplicação

No Brasil, por meio da Anvisa, há um instrumento no qual as ILPIs são sub-


metidas para avaliação, divididos em nove categorias: a) dados de iden-
tificação; b) características da clientela; c) condições gerais e processos

88 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
operacionais; d) recursos humanos; e) processamento da roupa; f) ali-
mentação; g) saúde; h) monitoramento e avaliação do funcionamento; i)
Infraestrutura física. A Anvisa é a responsável por regulamentar e fiscali-
zar as instituições, sejam essas públicas ou privadas.

Um estudo do Rio Grande do Norte, de Lucena e Oliveira (2016), apresen-


ta um instrumento de Indicadores Observáveis de Qualidade do Cuidado
nas ILPIs (IOQ), subdividido em sete categorias, em resposta de cinco pon-
tos Likert2.

Bruning (2017) apresenta um instrumento de infraestrutura para as ILPIs


a partir de uma instituição de Joinville (SC), sendo analisado, por exemplo:
acesso externo, piso interno e externo, banheiros de usuários e funcioná-
rios, cozinha, janelas, quartos.

O município de Curitiba também apresenta um instrumento de supervisão


em ILPIs feito pela Fundação de Ação Social (FAS), dividido em nove catego-
rias: a) identificação da instituição; b) documentação; c) características dos
moradores; d) recursos humanos na ILPI; e) atividades e serviços oferta-
dos; f) atividades e serviços; g) características físicas da instituição; h) paga-
mento dos serviços/contribuições; i) supervisão da FAS (CURITIBA, 2009).

Nos Estados Unidos, há um instrumento denominado Minimum Data Set


(MDS)3, com a segunda versão proposta em 2000 para avaliação do cui-
dado prestado pela instituição para as pessoas idosas. É um instrumento
muito longo, mas que avalia a condição dos residentes para além da ins-
tituição e do quadro de funcionários.

2
Tipo de escala psicométrica, utilizada em muitas escalas para pesquisa de opinião.
3
https://www.cms.gov/Medicare/Quality-Initiatives-Patient-Assessment-Instruments/NursingHomeQualityInits/
downloads/MDS20MDSAllForms.pdf

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida89


LINK
Artigo de revisão sobre a aplicação do instrumento ameri-
cano de avaliação do planejamento e monitoramento das
pessoas idosas que vivem em ILPI. HUTCHINSON, A. M. et al.
The Resident Assessment Instrument-Minimum Data Set 2.0
quality indicators: a systematic review. BMC Health Services
Research. v. 10, n. 166, 2010. Disponível em: <https://www.
ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2914032/pdf/1472-6963-
10-166.pdf>. Acesso em: 20. abr. 2018.

LINK
Avaliação das ILPIs de Olinda (PE) por meio do Instrumento
da Anvisa. ANGELA, B. H. B.; SILVA, D. I. B.; LIMA, M. A. S.
Avaliação das Instituições de Longa Permanência para idosos
do Município de Olinda-PE. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. v.
14, n. 4, p. 663-673, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.
br/pdf/rbgg/v14n4/a06v14n4>. Acesso em: 2. mai. 2018.

Um estudo de Medeiros et al. (2016) aponta que não há um instrumento


capaz de avaliar o cuidado prestado pelas instituições e propõe a aplica-
ção de diferentes instrumentos que avaliam os residentes. São mais de 30
instrumentos em diferentes áreas, com explicação de cada instrumento.

1.2. Tecnologias

Procurando sobre as tecnologias disponíveis hoje nos sites de buscas, po-


demos dividir a pesquisa em tecnologias assistivas de uso amplo e aplica-
tivos de uso direcionado.

Um recurso tecnológico que vem sendo utilizado pelas instituições são


os prontuários e arquivos eletrônicos, em que há o acesso à ficha médica

90 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
de cada idoso por meio de um sistema computadorizado, isso facilita na
composição de relatórios e estratégias para desenvolvimento de ativida-
des que venham a contribuir para uma melhora da qualidade de vida dos
residentes dos locais.

Algumas tecnologias na era da robótica têm feito sucesso entre as institui-


ções e os domicílios para pessoas com 60+ anos. Os robôs que estão sen-
do desenvolvidos nos últimos 20 anos (começo do século XXI) têm assis-
tido as pessoas idosas com tarefas do cotidiano, ou até mesmo servindo
como companhia, como é o caso do Ifbot, um robô japonês lançado em
2007 que apresentava funções como conversar, cantar, expressar senti-
mentos e aplicação de alguns testes cognitivos para comunicação com as
pessoas idosas que viviam em uma ILPI.

O desenvolvimento da robótica para assistência a pessoa idosa ganhou


mais corpo para o uso em domicílios, sendo explorado melhor na próxi-
ma temática sobre quais são os assistentes robóticos que existem dispo-
níveis no mercado.

1.2.1. Tecnologias assistivas

As TAs são técnicas, estratégias e produtos que visam compensar ou ali-


viar uma deficiência que uma pessoa possa vir a ter, seja ela criança, adul-
to ou idosa, melhorando a autonomia e qualidade de vida dessas pesso-
as. É um recurso para o usuário e não para o profissional que atuará para
assistência (BERSCH, 2017).

Existem 12 tipos de categorias que se enquadram nas tecnologias assisti-


vas (Quadro 1).

Quadro 1 – Tipos de TAs


TIPO EXEMPLOS
Auxílios para vida diária e vida prática Talheres modificados, roupas desenhadas
para facilitar o vestir e despir, abotoadores,
velcro, barras de apoio e transferência

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida91


Comunicação aumentativa e alterna- Pranchas de comunicação
tiva

Recursos de acessibilidade ao com- Teclados modificados, softwares de reco-


putador nhecimento de voz, mouses especiais
Sistema de controle de ambiente Controle remoto para ligar e desligar apare-
lhos, abertura e fechamento de janelas
Projetos arquitetônicos para acessi- Adaptação da estrutura por meio de ram-
bilidade pas, elevadores, adequação de mobiliário e
banheiro
Órteses e próteses Próteses são peças que substituem as par-
tes ausentes do corpo
Adequação postural Adaptação para utilizadores de cadeiras de
rodas
Auxílios de mobilidade Bengalas, muletas, andadores, carrinhos,
cadeiras de rodas
Auxílios para ampliação da função vi- Lentes, lupas manuais e eletrônicas
sual e recursos que traduzem conte-
údos visuais em áudio ou informação
tátil
Auxílios para melhorar a função audi- Aparelhos de surdez, sistema de legendas,
tiva e recursos utilizados para traduzir sistema de alerta táctil-visual
os conteúdos de áudio em imagens,
texto e língua de sinais
Mobilidade em veículos Adaptação do automóvel
Esporte e lazer Recursos para a prática de esporte e lazer
Fonte: adaptado de Bersch, 2017

EXEMPLIFICANDO
É comum com o processo de envelhecimento termos a vi-
são diminuída, com isso os aparelhos celulares trazem recur-
sos como aumentar a fonte (fazendo com que a letra fique
maior). A questão da acessibilidade também é algo comu-
mente apresentado nos aparelhos smartphone.

92 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
1.2.2. Aplicativos de dispositivos móveis para uso das pessoas idosas

Na era das TICs, há muitos aplicativos para celulares que irão auxiliar a
pessoa com 60+ anos no desenvolvimento de habilidades, sejam essas
cognitivas com treinos, sejam para atividades como aprender a utilizar o
celular, ou marcar consultas médicas, ou até mesmo acompanhamento
de uso de medicamentos.

Por se tratar de uso exclusivo e pessoal para cada indivíduo, os tipos de


aplicativos existentes serão abordados no próximo Tema, quando falare-
mos da permanência na própria residência da pessoa idosa.

ASSIMILE
As tecnologias têm auxiliado o nosso cotidiano de forma di-
reta e indireta, com nossa autonomia e independência pre-
servados, podemos decidir quais serão as tecnologias que
nos ajudarão em nosso cotidiano.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO


As tecnologias vieram e se fazem mais presentes no nosso cotidiano,
podendo proporcionar melhorias na nossa qualidade de vida. Em um
futuro não muito distante, será necessário determinar que tipo de
local será melhor para acolher pessoas idosas: uma ILPI, uma vila ou
bairro, ou mantê-las no próprio domicílio (objeto da nossa próxima
temática)?

2. Considerações Finais

• As ILPIs são moradias coletivas para pessoas com 60+ anos com
comprometimento da autonomia ou independência ou não, sendo
um equipamento social.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida93


• As ILPIs são regulamentadas pela Anvisa no Brasil, tendo um instru-
mento específico para avaliação e implementação.

• O uso de softwares, um tipo de recurso tecnológico, para acom-


panhamento da saúde das pessoas residentes das ILPIs, auxilia no
levantamento de necessidades para a criação de atividades que pro-
movam a qualidade de vida.

• As TA estão presentes no cotidiano das ILPIs para a melhora da qua-


lidade de vida das pessoas idosas residentes, não sendo exclusivas
para uso por parte dessa população.

Glossário

• ILPI: Instituição de Longa Permanência para Idosos.

• Anvisa: Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

• TAs: tecnologias assistivas.

• TICs: tecnologias da informação e comunicação.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 07
1. Qual órgão brasileiro regulamenta as ILPIs?
a) SUS.
b) ABNT.
c) Ministério da Saúde.
d) Anvisa.
e) SUAS.

94 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
2. Qual das alternativas abaixo não é uma tecnologia assistiva?
a) Comunicação aumentativa e alternativa.
b) Auxílios de mobilidade.
c) Sistema de controle de ambiente.
d) Sistema de controle de postura.
e) Auxílios para vida diária e vida prática.
3. O instrumento da Anvisa que avalia as ILPI possui nove ca-
tegorias, qual não é uma delas?
a) Roupa de cama.
b) Dados de identificação.
c) Alimentação.
d) Infraestrutura física.
e) Saúde.

Referências Bibliográficas

BERSCH, R. Introdução à tecnologia assistiva. 2017. Disponível em: <http://www.


assistiva.com.br/Introducao_Tecnologia_Assistiva.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2018.

BORN, T.; BOECHAT, N. S. Qualidade dos cuidados ao idoso institucionalizado.


In: FREITAS, E. V. de; PY, L. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2016.

BRUNING, L. Instrumento de avaliação da infraestrutura para instituições. Trabalho


de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia de Infraestrutura). Joinville (SC),
2017.

CURITIBA. Prefeitura Municipal de Curitiba. Protocolo qualidade em instituições de


longa permanência para idosos – PQILPIs, 2009.

G1. ILPI Japão contratam robô. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/


Tecnologia/0,,MUL108078-6174,00-ASILO+CONTRATA+ROBO+PARA+ENTRETER+IDO
SOS.html>. Acesso em: 20 abr. 2018.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida95


LUCENA, I. M. de; OLIVEIRA, W. I. F. de. Instrumento válido para avaliação da qua-
lidade do cuidado nas instituições de longa permanência para idosos: um estudo
descritivo. Anais Congresso Nacional Envelhecimento Humano. 2016. Disponível
em: <http://www.editorarealize.com.br/revistas/cneh/trabalhos/TRABALHO_EV054_
MD4_SA10_ID2126_10102016232333.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2018.
MEDEIROS, P. A. de et al. Instrumentos desenvolvidos para o gerenciamento e cui-
dado de idosos em Instituições de Longa Permanência: uma revisão sistemática.
Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, n. 11, p. 3.597-3.610, 2016.
PERRACINI, M. Planejamento e adaptação do ambiente para pessoas idosas. In:
FREITAS, E. V. de; PY, L. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2016.

Gabarito – Tema 07

Questão 1­– Resposta: D

A regulamentação das ILPIs no Brasil é feita pela Anvisa por meio da


RDC nº 283/20054, que prediz como deve ser o espaço, qual quadro
mínimo de funcionários para o número de pessoas residentes, que
aprovam e avaliam a implementação de ILPIs públicas e particulares
no território nacional.

Questão 2 – Resposta: D

De acordo com o quadro, podemos ver que o item que não corres-
ponde a uma tecnologia assistiva é sistema de controle de postura.
TIPO EXEMPLOS
Auxílios para vida diária e vida prá- Talheres modificados, roupas dese-
tica nhadas para facilitar o vestir e despir,
abotoadores, velcro, barras de apoio e
transferência.
Comunicação aumentativa e alter- Pranchas de comunicação
nativa

4
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_283_2005_COMP.pdf/a38f2055-c23a-4eca-94ed-
76fa43acb1df

96 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
Recursos de acessibilidade ao com- Teclados modificados, softwares de
putador reconhecimento de voz, mouses espe-
ciais
Sistema de controle de ambiente Controle remoto para ligar e desligar
aparelhos, abertura e fechamento de
janelas
Projetos arquitetônicos para acessi- Adaptação da estrutura por meio de
bilidade rampas, elevadores, adequação de mo-
biliário e banheiro
Órteses e próteses
Adequação postural Adaptação para utilizadores de cadei-
ras de rodas
Auxílios de mobilidade Bengalas, muletas, andadores, carri-
nhos, cadeiras de rodas
Auxílios para ampliação da função Lentes, lupas manuais e eletrônicas
visual e recursos que traduzem
conteúdos visuais em áudio ou in-
formação tátil.
Auxílios para melhorar a função Aparelhos de surdez, sistema de legen-
auditiva e recursos utilizados para das, sistema de alerta táctil-visual
traduzir os conteúdos de áudio em
imagens, texto e língua de sinais
Mobilidade em veículos Adaptação do automóvel
Esporte e lazer Recursos para a prática de esporte e lazer

Questão 3 – Resposta: A

No Brasil, por meio da Anvisa, há um instrumento no qual as ILPIs


são submetidas para avaliação, dividido em nove categorias: a) dados
de identificação; b) características da clientela; c) condições gerais
e processos operacionais; d) recursos humanos; e) processamento
da roupa; f) alimentação; g) saúde; h) monitoramento e avaliação
do funcionamento; i) infraestrutura física. A Anvisa é a responsável
por regulamentar e fiscalizar as instituições, sejam essas públicas ou
privadas.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida97


TEMA 08
AVALIAÇÃO AMBIENTAL:
NO DOMICÍLIO E NA INSTITUIÇÃO DE
LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS

Objetivos

• Apresentar a avaliação ambiental e quais são as


modificações com o processo de envelhecimento nas
funcionalidades.

• Trazer a ambientação em Instituições de Longa


Permanência.

• Trazer a ambientação nas residências das pessoas ido-


sas e as tecnologias que podem auxiliar no ambiente
e nos cuidados.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida98


Introdução

O processo normal de envelhecimento humano traz alterações nas fun-


cionalidades de diferentes sistemas do nosso corpo humano. Algumas
das alterações elevam riscos relacionados principalmente a queda nas
pessoas com 60+ anos. Para que evitemos as quedas, o ambiente será
um fator que auxiliará nesse processo, como, por exemplo, barras na pa-
rede para aquelas pessoas que têm dificuldade de marcha, closed caption
(legenda que podemos adicionar pela televisão em programas que dispo-
nibilizam o recurso) nos programas da televisão para os que apresentam
redução na acuidade auditiva. A ergonomia do ambiente, ou seja, a rela-
ção da pessoa com outros sistemas, como os ambientes e equipamentos
nele existentes, é o que ajudará para que haja maior conforto e segurança
daquele ambiente para as necessidades específicas de quem o habita. O
importante, antes de alterar qualquer ambiente, para que seja ergonômi-
co e confortável para as necessidades da pessoa idosa, é que se converse
com ela e que as decisões sejam tomadas juntas, respeitando a autono-
mia e a independência que a pessoa idosa tenha preservado. O presente
texto abordará como o ambiente pode ser adaptado, levando em consi-
deração as alterações do envelhecimento humano nas instituições e nos
domicílios. Também apresentará quais são as tecnologias presentes que
podem ajudar na ambientação da pessoa idosa em seu domicílio.

1. Avaliação Ambiental

O ambiente é denominado como conjunto de atributos físicos, afetivos e


espirituais do qual fazemos parte, a função social do ambiente também
impacta a nossa relação com ele (PERRACINI, 2016).

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida99


PARA SABER MAIS
É sempre mais difícil para as pessoas com 60+ anos a acei-
tação na mudança de ambiente, por exemplo, mudança de
casa, pois os atributos afetivos são muito intensos.

O ambiente, no entanto, pode ser considerado um facilitador ou uma bar-


reira, depende de como ele estará organizado às suas necessidades e está
compreendido em dois níveis:

• individual: é o ambiente domiciliar ou institucional, aquele ligado


diretamente a você;

• social: seria o ambiente social ampliado, formal ou informal.

Com o processo de envelhecimento, é normal haver declínios das funcio-


nalidades, processo de senescência. Dentre os declínios esperados estão
a diminuição da visão, audição, paladar, marcha, entre outros.

EXEMPLIFICANDO
O impacto no equilíbrio e na marcha pelo envelhecimento
leva a maior risco de quedas em ambientes que não são ade-
quados à nova realidade da pessoa idosa, independente do
ambiente ser individual ou social.

Perracini (2016) apresenta as alterações sensoriais do processo de


envelhecimento e qual o seu impacto no ambiente em que as pessoas idosas
estarão inseridas (Quadro 1).

100 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
Quadro 1 – Alterações sensoriais e consequências para o ambiente
ALTERAÇÕES COM O
CONSEQUÊNCIAS NO AMBIENTE
ENVELHECIMENTO
Diminuição da acui- Detalhes podem passar desapercebidos,
dade visual como degraus, objetos no chão, fios de tele-
Diminuição do cam- fone e outros
po visual periférico Dificuldades com letras pequenas
Lentidão na adapta- Em refeitórios, especial dificuldade em servir-
ção claro-escuro se. É comum esbarrar em quinas, pessoas e
Diminuição na aco- pés de móveis
modação Dificuldade com o entroncamento de corre-
Diminuição na no- dores
ção de profundidade Risco de queda durante a noite
Diminuição na dis- Dificuldade com excesso de luminosidade
Visão criminação de cores pela janela ou porta
Diminuição da capa- Dificuldade em andar em ambientes com
cidade de se adap- sombras
tar ao ofuscamento Instabilidade corporal ao entrar e sair de am-
bientes mais claros
Dificuldade em seguir pistas mal sinalizadas
Dificuldades com pisos desenhados, degraus
e escadas, assim como em ambientes com
excesso de padronagem
Desorientação em ambientes com cores mo-
nocromáticas (como ter a mesma cor do piso,
azulejo e bacia/pia do banheiro)

Presbiacusia Dificuldades em ambientes ruidosos


Diminuição do equi- Dificuldade na discriminação de sons e inten-
líbrio corporal sidade alta
Risco aumentado de queda
Dificuldades em lidar com pisos lisos, irregu-
lares e com desníveis
Dificuldade com armários, prateleiras e gave-
Audição e
tas acima da cabeça ou abaixo da cintura
sistema ves-
Dificuldades em andar em ambientes am-
tibular
plos, sem referência visual de paredes e por-
tas e em ambientes escuros
Desorientação espacial em ambientes com
muitas pessoas
Dificuldade em virar-se rapidamente para
desviar de móveis e obstáculos

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida101


Diminuição da sensa- Dificuldade em refeitórios com muitas mesas
ção gustativa e do in- e pouco espaço entre elas
teresse pela comida Desorientação e agitação em refeitórios com
Paladar muito estímulo visual e auditivo
Dificuldade com toalhas e pratos sem cores
contrastantes
Diminuição na per- Dificuldade em perceber odores corporais e
Olfato cepção de odores ambientais, como urina, gás e alimentos es-
tragados
Fonte: retirado de Perracini, 2016, p. 2.093

Os sistemas cardiopulmonar, muscular, neurológico, ósseo, conjuntivo,


geniturinário, tegumentar são outros sistemas do organismo que sofrem
alterações com o processo de envelhecimento e precisam de uma aten-
ção especial relacionados ao ambiente (PERRACINI, 2016).

PARA SABER MAIS


É devido às mudanças fisiológicas do processo de envelhe-
cimento que podemos adequar o ambiente às necessidades
reais, por exemplo, uma pessoa idosa que perdeu quase
toda a visão não pode permanecer em ambientes com mui-
tos móveis, pois eles dificultarão a sua mobilidade, levando a
um risco maior de queda.

Segundo Perracini (2016), o ambiente precisa ser preparado para


atender às necessidades de todos os indivíduos que por ele circulam e com
isso se faz necessária a atenção aos seguintes aspectos:

• acessibilidade e uso;
• facilidade de circulação, com conforto;
• conservação de energia;
• comunicação com aspectos sensoriais e relacionados à interação
social;

102 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
• segurança, para que se evitem acidentes e quedas;

• proteção para não causar ansiedade ou medo;

• privacidade.

É importante que a pessoa idosa opine sobre a sua vontade, principal-


mente quando a autonomia e a independência estão preservadas, uma
vez que a opinião da pessoa idosa importa para a conduta de como ela
levará a vida e, consequentemente, para sua qualidade de vida.

LINK
Explicação de um conceito usualmente aplicado que é o aging
in place, sendo a escolha da pessoa idosa de onde ela quer
envelhecer. WILES, J. L et al. The meaning of “aging in place”
to older people. The Gerontologist. v. 52, n. 3, p. 357-366,
2012. Disponível em: <https://www.aarp.org/content/dam/
aarp/livable-communities/old-learn/research/the-meaning-
-of-aging-in-place-to-older-people-2011-aarp.pdf>.
Acesso em: 25 abr. 2018.

A seguir, será apresentada a ambiência nos locais que podem servir de


residência à pessoa idosa, como as ILPI e os próprios domicílios. Em se-
guida, também serão apresentadas algumas tecnologias que favorecem a
ambiência da pessoa idosa.

1.1. ILPI

No Tema 7, abordamos os vários instrumentos e tecnologias que podem


auxiliar as ILPIs. Portanto, o planejamento de espaço coletivo tem de ter
adequação para os possíveis declínios no desempenho das atividades de
vida diária, promovendo um ambiente que seja confortável, seguro e com
acessibilidade.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida103


Por ser uma residência coletiva, a parte da individualização por muitas ve-
zes fica descoberta nesses ambientes, por isso a recomendação é que não
seja uma instituição que abrange muitos idosos. Também é recomendado
que a fachada do prédio lembre uma casa de fato, pois semelhanças com
unidades de clínica médica ou hospitais não são desejáveis. O ambiente
deve estimular fisicamente e cognitivamente os residentes com programas
e atividades na instituição, também promovendo a intergeracionalidade.

É importante que a família da pessoa que está na ILPI, quando houver,


seja engajada a participar e acompanhar a vida da pessoa idosa, assim
como integração com a comunidade próxima ao local, para aqueles que
têm condições de sair e utilizar os serviços ao redor da instituição. Os
próprios residentes devem ser estimulados a conviver e ajudar uns aos
outros, promovendo independência, interdependência e individualidade.

No instrumento proposto pela Anvisa, há a presença da avaliação da in-


fraestrutura física; ao analisarmos a forma como o ambiente precisa es-
tar preparado, faltam algumas perguntas mais direcionadas. Nesse sen-
tido, se você pudesse fazer alguma proposição ao instrumento, o que
adicionaria?

1.2. Residência

Quando a pessoa idosa não é institucionalizada, as famílias ou as próprias


pessoas com 60+ anos optam por permanecer em suas próprias residên-
cias, aquelas nas quais geralmente passaram muitos anos de suas vidas.

Há um movimento para que haja a adaptação (ergonomia) do ambiente


em que a pessoa vive para os declínios provenientes do processo natural
do envelhecimento, e para além da adaptação do espaço físico, é neces-
sária a aceitação de um membro como cuidador informal ou da contra-
tação de serviços de cuidado formal, uma vez que os declínios esperados
no processo de envelhecimento farão parte da rotina dessa pessoa idosa
(NETO; MOREIRA, 2016).

104 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
A ambiência na residência precisa ser adaptada às necessidades das pes-
soas idosas, o caso mais corriqueiro é a retirada de tapetes dos domicí-
lios, pois eles provocam muitas quedas nos residentes. É comum que a
pessoa idosa seja contra a retirada, mas é necessário conversar e explicar
o motivo pelo qual a retirada é necessária, principalmente para pessoas
que tem a acuidade reduzida ou o equilíbrio comprometido.

Para ser assistida de forma a manter maior qualidade de vida, há diferen-


tes tecnologias existentes que são um recurso a ser usado, principalmen-
te para aquelas pessoas com 60+ anos que possuem algum leve compro-
metimento de independência, mas que preferem morar sozinhas ou que
não possuem familiares próximos.

ASSIMILE
Uma casa muito escura, cheia de móveis e tapetes, é um lo-
cal com baixa ambiência e isso faz com que aumentem os
riscos dessa pessoa idosa de quedas no domicilio. É preciso
ter atenção para que o ambiente seja confortável para as al-
terações normais do processo de envelhecimento.

1.2.1. Tecnologias que auxiliam a permanência no ambiente domiciliar

Quando falamos de cuidado formal, podemos utilizar três formas para


a realização da ação, a contratação de cuidadores de forma individu-
al, a contratação de instituições de cuidado como as Home Care e as
Teleassistência.

A contratação de cuidadores pode ser de forma particular ou por empre-


sas especializadas. A Home Care faz um acompanhamento da saúde da
pessoa idosa mais especializado, com diferentes profissionais, sendo um
serviço de atendimento domiciliar, podendo disponibilizar de cuidadores
(Anvisa, 2018).

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida105


A opção da Teleassistência é a contratação de um tipo de plano de saúde
que monitora via telefone a pessoa idosa, uma das opções é o envio de
alertas aos quais a pessoa precisa responder, caso não haja resposta, há
um contato telefônico e, caso não haja o atendimento, uma ambulância
é deslocada à residência para compreensão do problema, às vezes uma
queda, por exemplo.

Aplicativos de celular que assistem em suas necessidades de acompa-


nhamento de medicamentos ou no acompanhamento de sinais físicos
de saúde, como frequência cardíaca e pressão arterial. O que dificulta
é que, necessariamente, a pessoa idosa precisa saber usar o aparelho
smartphone.

Nas universidades, há pesquisas que desenvolvem não só aplicativos que


podem auxiliar nesse processo de cuidado pessoal no domicílio, mas, por
exemplo, dispositivos que detectam quando a pessoa está em risco de
queda e mandam um alerta em uma pulseira ou colar para que o idoso
tenha cuidado.

Os robôs como assistentes pessoais também têm sido utilizados para aju-
da no domicilio, desenvolvendo tarefas domésticas e fazendo companhia
para as pessoas idosas.

SITUAÇÃO-PROBLEMA

Esta é uma disciplina que trabalha com a avaliação do processo de


envelhecimento com aplicação de instrumentos para diferentes pro-
fissionais, não só da área da saúde, e para diferentes funcionalidades.
É importante compreender que cada indivíduo é único e possui suas
especificidades com relação ao processo de envelhecimento em si,
com isso, os instrumentos a serem utilizados para investigação do
quadro geral de saúde irão variar de acordo com a anamnese.

106 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
As pessoas idosas gostam de contar suas experiências de vida, mas
para contar determinados detalhes que possam vir a ser fundamen-
tais para o plano de atenção a ser desenvolvido, é necessário que
ganhemos a confiança do idoso, e para que isso aconteça, a escuta
atenta é sempre um bom caminho a seguir, assim como determina-
dos comportamentos e gestos. Você, profissional que trabalha com o
envelhecimento e a pessoa idosa, consegue perceber antes mesmo
que a pessoa possa lhe contar, e assim investigar melhor determina-
do aspecto.

Além das pessoas idosas, há os cuidadores desses nossos pacientes


(clientes), que podem ser familiares ou contratados e que também
podem ajudar no relato da queixa, ou, às vezes, acabam não sendo
nada colaborativos. O segundo caso, geralmente acontece mais no
caso de familiares, e é necessário também ganhar a confiança e, em
alguns casos, até mesmo contatar outros familiares que aquela pes-
soa idosa possa vir a ter.

Para uma boa compreensão da saúde da pessoa idosa, é preciso en-


tão compreender a queixa por meio de uma escuta atenta na anam-
nese e com isso levantar quais os instrumentos necessários para veri-
ficação da condição de saúde, seguido de compreensão do relato de
outras pessoas (cuidadores, por exemplo) que possam vir a conviver
com a pessoa idosa. Finalizando em um plano de ação de cuidado, ge-
ralmente de médio a longo prazo, que promovam melhorias na quali-
dade de vida. Postos os fatos, temos a seguinte situação.

Senhor João tem 82 anos, é casado com a senhora Maira de 76 anos,


tem três filhos e cinco netos. É hipertenso, diabético e tem problemas
para enxergar as coisas com nitidez. Faz acompanhamento uma vez
por ano no médico do posto de saúde perto da sua casa. Reclama
que tem esbarrado em todos os móveis da casa e que por isso já caiu

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida107


duas vezes. Tem alguns amigos e vizinhos com quem tem boa relação
e participa do grupo da igreja toda semana. Possui um irmão e uma
irmã vivos, mas não mantém boa relação com eles.

Tem a cognição preservada e só necessita de ajuda para atender ao


telefone, uma vez que reclama “das letras” serem pequenas e não
ouvir direito o que falam com ele. O senhor João diz que, apesar da
idade avançada, ele considera sua saúde ótima e diz que tem boa
qualidade de vida ao lado de sua esposa. Diante do exposto, seguem
alguns questionamentos.
1. Quais instrumentos podemos aplicar para melhor compreender
quais são as alterações provocadas pelo envelhecimento no se-
nhor João?
2. O que podemos dizer relacionado à autonomia e independência
do senhor João? Ele é considerado um idoso frágil? Explique.
3. Pedir para que o senhor João descreva os ambientes em que ele
mais permanece em sua residência.
4. Apesar de ter três filhos e cinco netos, como descobrir se eles fa-
zem parte da rede de suporte social do senhor João?
5. Proponha um plano de atenção em médio prazo para o senhor
João.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO


Para considerarmos que um ambiente está propício para aquela pes-
soa idosa, pensemos em como gostaríamos que o nosso local esti-
vesse para as nossas limitações de saúde. Sempre pergunte à pessoa
que receberá intervenção se ela está confortável com as sugestões
de modificações no domicílio. Para utilização de recursos tecnológi-
cos, sempre veja se a pessoa idosa consegue usar/interagir com a
tecnologia, para que ela não se atrapalhe mais do que se ajude.

108 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
2. Considerações finais

• O ambiente é um conjunto de atributos físicos, sociais, afetivos e


espirituais.

• É necessário que o ambiente, uma instituição ou a própria casa da


pessoa idosa seja ergonomicamente apropriada para as alterações
que o envelhecimento ativo pode proporcionar.

• As instituições são residências coletivas, mas elas podem apresen-


tar um ambiente mais parecido com o domicílio da pessoa idosa,
transformando o local em um ambiente aconchegante, promoven-
do a individualização do residente.

• As tecnologias existentes, como Teleassistência, os robôs, auxiliam


no cotidiano das pessoas idosas em seus domicílios e promovem a
melhoria da qualidade de vida.

Glossário

• Intergeracionalidade: situações entre duas ou mais gerações.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 08
1. Segundo o conceito de ambiente, qual das alternativas a
seguir não é um atributo?
a) Afetivo.
b) Social.
c) Psicológico.
d) Físico.
e) Espiritual.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida109


2. O ambiente pode ser considerado dois aspectos contras-
tantes, sendo eles:
a) Facilitador ou barreira.
b) Bonito ou barreira.
c) Facilitador ou ergonômico.
d) Claro ou escuro.
e) Facilitador ou errôneo.
3. A Teleassistência é uma tecnologia capaz de:
a) Acompanhar a pessoa idosa em consultas médicas.
b) Monitorar a pessoa por vídeo e mantém a qualidade de
vida.
c) Monitorar a pessoa idosa pelo telefone e mantém a qua-
lidade de vida.
d) Informar a pessoa idosa a hora de tomar o medicamento.
e) Monitorar a pessoa idosa pelo telefone e detectar pro-
blemas remotos.

Referências Bibliográficas

ANVISA. Home Care. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/resultado-de-bus-


ca?p_p_id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=-
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BRASIL. Ministério da Saúde. Atendimento domiciliar. Disponível em: <http://por-


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CAMARANO, A. A.; KANSO, S. As instituições de longa permanência para idosos no


Brasil. R. bras. Est. Pop. Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, p. 233-235, jan./jun. 2010.

110 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida
NETO, J. B. F.; MOREIRA, A. C. M. Cuidados em domicílio: conceitos e práticas. In:
FREITAS, E. V. de; PY, L. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2016.
PERRACINI, M. Planejamento e adaptação do ambiente para pessoas idosas. In:
FREITAS, E. V. de; PY, L. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2016.

Gabarito – Tema 08

Questão 1 – Resposta: C

O ambiente é denominado como conjunto de atributos físicos, afeti-


vos e espirituais do qual fazemos parte, a função social do ambiente
também impacta na nossa relação com o mesmo.

Questão 2 – Resposta: A

O ambiente, no entanto, pode ser considerado um facilitador ou uma


barreira.

Questão 3 – Resposta: E

A opção da Teleassistência é a contratação de um tipo de plano de


saúde que monitora via telefone a pessoa idosa, uma das opções é o
envio de alertas aos quais a pessoa precisa responder, caso não haja
resposta, há um contato telefônico e, caso não haja o atendimento,
uma ambulância é deslocada à residência para compreensão do pro-
blema, às vezes uma queda, por exemplo.

Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida111


112 Principais instrumentos e recursos tecnológicos para avaliação do idoso e da qualidade de vida

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