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AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
NO ENSINO SUPERIOR
Vanessa Moreira Crecci
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
NO ENSINO SUPERIOR
1ª edição
Londrina
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2020
2
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio,
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2020
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AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO ENSINO SUPERIOR
SUMÁRIO
Avaliações: diagnóstica, formativa e somativa________________________ 05
4
Avaliações: diagnóstica,
formativa e somativa
Autoria: Vanessa Moreira Crecci
Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea
Objetivos
• Conhecer as competências e as habilidades
inerentes ao ato de avaliar a aprendizagem no
ensino superior.
5
1. Introdução
6
ser o principal instrumento de avaliação da maior parte das instituições
de ensino superior (IES). Algumas tentam, sobretudo nas áreas do
conhecimento relacionadas às humanidades, romper com o modelo
mais tradicional baseado no exame. Mas, assim, entram em outra lógica,
incentivam seminários que muitas vezes são realizados sem muita
articulação, as famosas sessões de apresentação de trabalho.
7
As especificidades desses conhecimentos que foram supostamente
transmitidos pelos professores universitários podem ou não ter mais
vínculo com o campo profissional que esses estudantes atuam ou
atuarão. Isto significa afirmar que os conhecimentos abordados pelos
professores, por vezes, estão vinculados com a prática profissional, em
outras circunstâncias, são abordados de forma distanciada da realidade
profissional.
8
De modo geral, os processos avaliativos no ensino superior são “frios”
na tentativa de serem imparciais e padronizados na tentativa de serem
democráticos. Hoffman (2005) destaca que a concepção de avaliação que
costuma marcar o percurso formativo de alunos e educadores tornou-se o
julgamento de valor dos resultados alcançados nos exames, “daí a presença
significativa de elementos como prova, nota, conceito, reprovação, registro,
etc. nas relações estabelecidas” (HOFFMAN, 2005, p. 19).
9
Mesmo no ensino superior, com estudantes adultos, pode-se desenvolver
estratégias para os avaliar de modo integral. Certamente, a quantidade
de estudantes implicará na utilização de recursos diferenciados daqueles
utilizados na educação básica. Em primeiro lugar é preciso compreender
que a medida que avaliamos os estudantes em sua integralidade, estamos
interessados em conhecer quais foram as competências desenvolvidas
em determinados períodos do desenvolvimento dos mais diversos
componentes curriculares.
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Inevitavelmente, todo professor universitário se torna um avaliador. Para
ser um competente avaliador, o professor universitário deverá saber
elaborar e aplicar procedimentos de avaliação de forma que subsidiem
e garantam efetivamente os processos progressivos de aprendizagem e
de recuperação contínua dos estudantes. No quadro a seguir, elencamos
habilidades que podem ser consideradas inerentes a competência de
avaliar no ensino superior.
Competência Habilidades
Avaliar estudantes
- Compreender os resultados da avaliação como resultados
universitários nas
passíveis de análises para o aprimoramento da prática
mais diversas áreas
pedagógica.
do conhecimento.
11
competências previstas. Para isso, diversos instrumentos podem ser
previstos. Por exemplo, momentos de devolutiva sobre o desempenho
dos estudantes, podem constar no calendário acadêmico dos cursos.
Diferentes momentos do percurso formativo dos estudantes podem ser
registrados nos sistemas. Os dados das avaliações podem ser utilizados
para orientar futuras ações. Mas para que tudo isso não se torne mais
uma obrigação burocrática para os professores, o tempo necessário
para utilizar essas tecnologias precisa ser oferecido.
12
2011, p.118). Para que utilizar a avaliação como processo de avanço
para estudantes do ensino superior, é preciso conhecer as diferentes
perspectivas que orientam as práticas avaliativas.
13
matemática básica. Será necessário que esse coordenador lance mão
de uma avaliação diagnóstica. A partir de então, os professores dos
mais diversos componentes curriculares poderão se organizar para
criar condições para que os estudantes avancem. Veja que não estamos
falando de uma prática complexa.
14
A avaliação somativa, em geral, envolve a classificação e a mensuração
de conhecimentos supostamente adquiridos a partir de avaliações
realizadas no formato de exames. Interessa-se, aqui, conhecer em que
medida os estudantes adquiriram e incorporarem certos conhecimentos.
A depender do tipo de avaliação, poderíamos pensar que essa avaliação
também seria um instrumento para mensurar o desenvolvimento de
competências, no entanto, o que temos visto, geralmente, é que ainda
hoje pouco se lança mão de situações-problemas nas avaliações. Nos
cursos de exatas, ainda preponderam provas baseadas em exercícios
que exigem a reprodução de fórmulas. Nas Ciências Humanas, conceitos
ainda preponderam.
15
A avaliação formativa ocorre ao longo de todo percurso formativo
do estudante que deve ser acompanhando de maneira qualitativa.
Os professores podem criar portfólios de aprendizagem para que
os próprios estudantes registrem e arquivem suas atividades. As
devolutivas sobre os progressos devem ocorrer ao longo do tempo. O
estudante tende a ser analisado em sua integralidade, uma vez que todo
seu processo de aprendizagem será acompanhado. Mas não é apenas
o processo o responsável por essa análise, o próprio estudante pode
realizar espécies de auto avaliação de sua aprendizagem.
16
Quadro 2 – Modalidades de avaliação no ensino superior
Modalidade de
Objetivo Quando ocorre? Finalidade
avaliação
Analisar as Orientar o
competências e as Início do processo desenvolvimento
Diagnóstica
habilidades prévias educativo. do trabalho do
dos estudantes. professor.
Verificar o
Ao término
Testar a quantidade desempenho dos
de períodos
de conhecimentos estudantes ao
determinados
Somativa retidos em um final do processo.
(exemplos:
determinado Professor e aluno
bimestre ou
período. podem avaliar o
semestre).
resultado atingido.
Identificar o
percurso formativo
de cada estudante.
Essa modalidade,
evidencia mais do
que a quantidade
de aprendizagem
acumulada,
Compreender o Ao longo de
indicando o
percurso formativo todo percurso
processo que
Formativa do estudante. formativo.
cada estudante
percorreu,
bem como as
competências
e habilidades
desenvolvidas.
17
Em linhas gerais, a avaliação diagnóstica pode ser realizada no início
de um processo educativo (curso, disciplina, graduação etc.). Com isso, o
professor poderá notar quais são as competências e as habilidades que
os estudantes possuem previamente. A avaliação somativa, em geral,
é realizada ao final do curso. Seria uma espécie de ponto de chegada
no qual o estudante deve informar um determinado desempenho. A
mais abrangente e processual seria mesmo a avaliação formativa que
envolve o processo como um todo e uma diversidade de instrumentos.
Referências Bibliográficas
AVALIAÇÃO. Michaelis: Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Editora
Melhoramentos: 2020. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-
portugues/busca/portugues-brasileiro/avaliacao/. Acesso em: 18 maio 2020.
BLOOM, B. S.; HASTINGS, J. T.; MADAUS, G. F. Evaluación del aprendizaje. Buenos
Aires: Troquel, 1975.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva construtivista. 35.
ed. Porto Alegre: Mediação, 2005.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições.
17. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre:
Artmed editora, 2005.
18
Tipos e técnicas de avaliação
Autoria: Vanessa Moreira Crecci
Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea
Objetivos
• Conhecer diferentes tipos e técnicas de avaliação.
19
1. Introdução
20
Agora, você compreenderá que para cada modalidade de avaliação
pode-se utilizar uma diversidade de tipos e técnicas de instrumentos
avaliativos. Logo de início, é importante compreender que um
mesmo instrumento de avaliação pode ser utilizado em mais de uma
modalidade de avaliação. Nesse tema, você compreenderá, a princípio,
o que é observação e autoavaliação. Em seguida, você conhecerá o que
são provas objetivas e dissertativas. Para, então, compreender o que
são os portfólios e mapas conceituais. Ao final, traçamos um mapa para
compreendermos como esses tipos e técnicas se relacionam com as
modalidades de avaliação.
21
Durkheim (apud DESPRESBITERIS; TAVARES, 2009) indica que no séc. XV,
durante os exames, os candidatos deveriam demonstrar conhecimentos
e graus de maturidade intelectual para obtenção dos títulos de bacharel,
licenciado e doutorado.
Você sabe qual diferença quando olhamos algo e quando observamos algo?
Olhar e observar são movimento distintos. Quando eu observo, eu preciso
estar atento para diversas nuances do objeto observável. Imagine que você
ficou responsável por observar crianças pequenas brincando no parque.
Ao observá-las, você estará atento aos perigos e às necessidades que as
crianças demonstrarem. Não estará passivamente olhando, mas analisando
circunstâncias e, possivelmente, prevendo situações.
22
A observação mediante o uso de fichas, também, acontece quando
professores e monitores avaliam a atuação de estudantes em contextos
de práticas laboratoriais. A observação pode ser utilizada com um método
de avaliação a ser desenvolvido a partir do uso de alguns instrumentos,
que podem ser uma ficha com itens previamente estabelecidos ou, até
mesmo, uma avaliação menos pautada e baseada na descrição qualitativa
do observador.
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habilidades, tais como identificar a ideia principal, tirar conclusões, analisar,
fazer generalizações, sintetizar, organizar informações, relacionar o texto
com conhecimentos prévios, construir títulos etc. No ensino superior, em
alguns casos como parte da composição das notas, os estudantes recebem
questionários para realizarem autoavaliação do desempenho. Por exemplo,
em uma disciplina de enfermagem, eles podem ser levados a descreverem
como foi o desempenho deles no estágio. Os autores enfatizam estudos
que apontam que os estudantes que aprendem de maneiras mais efetivas
são aqueles que reconhecem o que devem aprender.
24
2.2 Provas objetivas e dissertativas
Desse modo, para que as provas sejam criadas, parte-se dos programas
curriculares que estão articulados com matrizes de referências das grades
curriculares dos cursos. Esses programas curriculares dos componentes,
em geral, contemplam as competências, as habilidades e os conhecimentos
a serem desenvolvidos.
25
Estudantes (Pisa) — Programme for International Student Assessment —, da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Estimativa.
Reconhecer e explicar
Mudança e crescimento. questões científicas.
Compreensão dos
enunciados. Espaço e forma. Empregar evidências.
26
Uma taxonomia utilizada com frequência para o desenvolvimento de
questões de prova é a de Bloom. A seguir, você pode observar um
quadro resumo com as principais noções dessa taxonomia.
Usar a informação em um
Aplicação
situação.
Compreender o conceito ou
Análise informação em determinada
circunstância.
27
sequencialmente corretas nas alternativas da questão. A questão do
tipo interpretação corresponde àquelas que podem ser criadas com
a finalidade de que diferentes tipos de textos (notícias, científicos,
quadrinhos, ilustrações, gráficos, mapas etc.) sejam interpretados.
Por fim, destaca-se a questão do tipo asserção-razão que apresenta
duas afirmações que podem ser verdadeiras ou falsas e podem ou não
justificar uma a outra.
28
sejam problematizados. Dessa maneira, à medida que um estudante ou
grupo de estudante é lançado o desafio de se criar um mapa conceitual,
conceitos prévios poderão ser levantados. Despresbiteris e Tavares
(2009, p. 98) afirmam que “o mapa expressa uma rede de conceitos, uma
estrutura do pensar”.
29
No exemplo, observamos ao centro a palavra “ocitocina” que foi
identifica como sendo o hormônio produzido pelo hipotálamo,
responsável pelas sensações de bem-estar e prazer. Inspirados nas
ideias de Ausubel, o processo de aprendizagem pode ser explicado
quando o ser humano organiza suas ideias. Para esse teórico da
aprendizagem, “as novas ideias e informações podem ser aprendidas
e retidas na proporção em que os conceitos relevantes e inclusivos
estejam adequadamente claros e disponíveis na estrutura cognitiva de
uma pessoa” (DESPRESBITERIS; TAVARES, 2009, p. 99).
30
A principio é preciso estabelecer o que se entende por conceito;
portanto, uma atitude importante será definir com os estudantes a
diferença entre o que vem a ser um acontecimento e o que vem a ser
um conceito. Em geral, um mapa conceitual pode ser um instrumento
interessante para a avaliação formativa, pois permite que o estudante
expresse de modo qualitivo suas percepções sobre determinados
conceitos. O importante é compreender esse insturmento com mais
um. Assim como a prova não pode ser sinônimo de avaliação, os
instrumentos de natureza qualitativa também não devem.
Por fim, cabe destacar que um mapa conceitual pode ser avaliado de
acordo com o uso das terminologias adequadas, conexões entre os
conceitos, apresentação e exposição das ideias do mapa.
31
estudantes devem ter participação ativa na produção das atividades, dos
conteúdos e dos critérios de avaliação dos portfólios.
32
no sentido de que a avaliação deve ser um ato acolhedor, integrativo e
inclusivo. Essa noção, pode levar com as instituições utilizem diversos
meios para realizar a avaliação dos estudantes. Esses meios estão
relacionados a diferentes perspectivas.
33
Provas: podem servir para que os
professores atestem o quanto os
Testar a quantidade
estudantes aprenderam.
de conhecimentos
retidos em um Mapas conceituais: esse instrumento
Somativa determinado pode ser uma alternativa para compor a
34
Os tipos e instrumentos de avaliação podem ser utilizados em diferentes
modalidades de investigação. Em suma, podemos afirmar que serão
articulados com as perspectivas que professores e instituições
atribuirem aos processos avaliativos. Nota-se que a avaliação formativa,
contempla a maior parte dos tipos e técnicas de avaliação, logo,
parece ser a mais democrática modalidade, uma vez que ao oferecer
diversidade dos meios avaliativos, tem potencial de incluir diferentes
perfis de aprendizagem.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
PISA. Relatório Brasil no PISA 2018. Brasília: INEP/MEC, 2019. Disponível em:
http://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pisa/documentos/2019/relatorio_
PISA_2018_preliminar.pdf. Acesso em: 20 maio 2020.
DESPRESBITERIS, Lea; TAVARES, Marinalva R. Diversificar é preciso–instrumentos
e técnicas de avaliação da aprendizagem. São Paulo: Senac, 2009.
FERRAZ, Ana P. do C. M.; BELHOT, Renato V. Taxonomia de Bloom: revisão teórica
e apresentação das adequações do instrumento para definição de objetivos
instrucionais. Gest. Prod., São Carlos, vol. 17, n. 2, p. 421-431, 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2010000200015
&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 14 ago. 2020.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem: componente do ato pedagógico.
São Paulo: Cortez Editora, 2011.
SÁ-CHAVES, I. Os “portfólios “ reflexivos (também) trazem gente dentro:
reflexões em torno do seu uso na humanização dos processos formativos. Porto:
Porto Editora, 2005.
35
Arguição, trabalhos
acadêmicos e testagem
Autoria: Vanessa Moreira Crecci
Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea
Objetivos
• Compreender o que é arguição e sua utilidade na
vida acadêmica.
36
1. Introdução
37
outras formas de apresentação oral que também acontece, como
apresentação de trabalhos individual ou coletiva.
2. Arguição
38
entender aquele jogo de palavras. Há um clima de tensão na plateia. O
jogo aparentemente está difícil para o candidato. Após ele responder
perguntas de quatro membros da banca, todos são convidados a se
retirarem da sala e o clima de suspense aumenta. Ao retornarem,
finalmente, o veredito final é anunciado. Ao candidato é concedido o
título de doutor. A família se emociona. A banca o cumprimenta e todos
confraternizam aquele rito de passagem.
Fonte: Ilbusca/iStock.com.
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tópico, capacidade de exposição e de análise com base em evidências
circunstanciadas.
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Quadro 1 – Guia para elaboração de roteiro para realização de
apresentação presencial ou virtual
41
profissional, logo receberá feedbacks valiosos para o aprimoramento de
suas habilidades comunicativas. Há outros aspectos importantes no que
se refere a apresentação que estão descritas a seguir.
42
Quando os professores avaliam mediante a necessidade de exposição
de um trabalho oral, em alguns casos, solicitam que o trabalho
também seja entregue em seu formato escrito. Há certo receio de
que os estudantes não aprendam apenas mediante a elaboração de
uma exposição. O fato é que quanto mais variadas foram os modos
de avaliação, mais estudantes estão incluídos no processo avaliativo,
pois terão oportunidade de expressar seus diferentes estilos de
aprendizagem. A seguir, passamos a falar da parte escrita do trabalho
acadêmico.
43
Quadro 2 – Itens da estrutura de monografias, dissertações e teses
3.1 Monografia
44
ocorre na tradição acadêmica. No Brasil, em todo caso, convencionou-se
denominar de monografia o trabalho escrito apresentado ao final de um
curso.
3.2 Dissertação
3.3 Tese
45
vista inovador. No momento da apresentação desse estudo, ele precisa
defender sua tese.
46
inédita. Acerca do tema “como as crianças aprendem quando estão
brincando”, um pesquisador de doutorado deve entender que seu papel
vai além da descrição de um pequeno recorte como fizera o estudante
de graduação. Também, não se trata de um trabalho com uma análise
inicial. No doutorado, o candidato ao título de doutor deverá explicitar
quais foram as tendências teóricas e metodológicas encontradas
nos estudos. Na prática, isso significa que ele deverá correlacionar
tendências teóricos, metodológicas e achados. Por exemplo, ele poderá
interpretar que os autores que se baseiam na perspectiva de Howard
Gardner valorizaram mais os momentos coletivos para a aprendizagem
do que os autores que se apoiam nos estudos da neurociência.
4. Testagem
O que são os testes e como são constituídos? Quando e por quais razões
podem ser utilizados como práticas avaliativas? Gatti (1987) aponta
que o uso de testes educacionais começou a partir da década de 1960.
Nesse momento, assim como até hoje, os testes são associados aos
vestibulares. Naquele período, vivia-se sob forte influência do tecnicismo
e do economicismo na educação. Para Luckesi (2011), os testes chegam
ao Brasil nesse contexto, com um caráter mais excludente.
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Atualmente, um estudante realiza vários testes ao longo do processo
educativo. Temos as provas oficiais, tal como: Sistema de Avaliação da
Educação Básica (Saeb); Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e o
Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Para entender
melhor a função desses exames foi criado o quadro a seguir.
Teste Finalidade
48
Esse teste tem sido aplicado desde 2004 para
avaliar o rendimento dos concluintes dos
cursos de graduação em relação aos conteúdos
programáticos previstos nas diretrizes curriculares
dos cursos, bem como do desenvolvimento
de competências e habilidades previstas nas
Exame Nacional de
ementas dos componentes curriculares que
Desempenho dos
compõem o programa político pedagógico (PPP)
Estudantes (Enade).
dos cursos. O Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Superior (Sinaes) é composto também
pela avaliação de cursos de graduação, avaliação
institucional e resultado do ENADE.
49
educacional. É preciso integrar os processos avaliações nas tomadas
de decisão, e não se deve negar as evidências e ignorar o processo de
avaliativo. Segundo Gatti (1987, p. 34) é necessário recolocar as questões
que emergem avaliação “sob uma perspectiva mais positiva, parece
ser um passo importante a ser dado no processo de democratização
da educação. Com vistas a uma transparência maior de Políticas e das
políticas que dizem respeito ao ensino”.
Referências Bibliográficas
ARGUIÇÃO. Michaelis: Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. São Paulo:
Editora Melhoramentos, 2020. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/
moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/arguição/. Acesso em: 30 maio
2020.
BRASIL. Portal do INEP. Disponível em: http://www.inep.gov.br/. Acesso em: 8 jul.
2020.
GATTI, B. A. Testes e Avaliações do Ensino no Brasil. Educação e Seleção, São Paulo,
n. 16, p. 12-21, 1987.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições.
17. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez Editora,
2002.
50
Avaliação e recuperação da
aprendizagem
Autoria: Vanessa Moreira Crecci
Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea
Objetivos
• Compreender a avaliação como um elemento
fundamental da aprendizagem.
51
1. Afinal, como a avaliação pode ser uma aliada
da aprendizagem?
52
2. A relação entre aprendizagem e avaliação
53
Você, enquanto estudante de Pós-Graduação, já realizou um curso
de nível superior e, por essa razão, já sabe por experiência própria
uma série de coisas que favorecem o desenvolvimento de uma
avaliação formativa e processual. Sendo assim, é provável que já tenha
aprendido sobre como certos instrumentos favorecem esse movimento.
Compreendeu que a avaliação formativa identifica o percurso de
aprendizagem de cada estudante. Essa modalidade, evidencia mais do
que a quantidade de aprendizagem acumulada, uma vez que tem por
objetivo avaliar o processo que cada estudante percorreu, bem como
as competências e habilidades desenvolvidas. Para isso, entendeu que
a avaliação pode ser interpretada de um ponto de vista abrangente,
dando a oportunidade para que o estudante faça uma reflexão sobre
sua própria aprendizagem.
Pode-se dizer que entre aplicar duas ou três provas utilizando a média
ponderada para a composição da nota; ou desenvolver a avaliação
de modo processual mediante a utilização de vários instrumentos, a
segunda possibilidade pode ser mais trabalhosa, pois ainda não temos
instrumentos suficientemente elaborados nas instituições para fazer
esse acompanhamento mais pontual. No entanto, há meios para que o
professor crie estratégias e processos que facilitem o desenvolvimento
do trabalho para que uma avaliação efetiva e aliada ao processo de
aprendizagem seja incorporada em seu cotidiano. Veja, a seguir, o
esquema de um ciclo pensado para que você possa refletir sobre a
avaliação como aliada da aprendizagem.
54
Figura 1 – Ciclo da avaliação como aliada da aprendizagem
55
seu percurso formativo de um determinado período com a consciência
de seus avanços e de suas necessidades de melhoria.
56
de trabalho, a versão escrita do trabalho apresentado e uma
autoavaliação circunstanciada com os documentos do portfólio.
Passados os dois primeiros meses de aula, ela aplica uma avaliação com
perguntas do tipo teste e dissertativa. A correção dessa avaliação é feita
de modo coletivo. Apesar da quantidade de estudantes, ela aposta que
trabalhar um período da aula com pequenos grupos será um momento
profícuo. O objetivo da atividade a ser desenvolvida em grupo será a
correção da prova. Em grupo, os estudantes vão avaliar cada uma das
questões para entenderem quais foram seus acertos e erros. Ao final da
atividade, um relatório elaborado pelo grupo sobre o modo como cada
integrante desenvolveu a prova deverá ser entregue para a professora.
57
Figura 2 – Atividades em grupo
Fonte: Skynesher/iStock.com.
58
A partir do modo como a professora Eliane realiza seu trabalho, você
pode observar como o ciclo da avaliação como aliada da aprendizagem
pode ocorrer na prática. Veja, no segundo infográfico, a movimentação
ocorrida na sala de aula.
59
no modo como avalia e colabora com os professores que estão em
início de carreira, explicando seus procedimentos de avaliação.
60
aprendizagem dos estudantes. A seguir, um exemplo de uma questão
dissertativa comentada extraída da prova da estudante Olívia que
cursa a disciplina de Didática no curso de Pedagogia.
Resposta:
Comentário professora:
Cara Olívia, você abordou um ponto importante. De fato, a sala de aula está
repleta de desafios e os profissionais precisam estudar para lidarem com as
transformações que ocorrem todos os dias. No entanto, observo que você não
citou nenhum estudo ou teórico que defenda esse importante movimento.
Mas você terá chance de rever. Na correção dessa questão, retome os estudos
realizados nas aulas do curso de Didática para circunstanciar sua resposta.
61
este tipo de devolutiva à resposta dos alunos, ele precisa estruturar
uma avaliação que realmente enfoque aspectos significativos da
aprendizagem e do desenvolvimento de competências profissionais.
Portanto, pode elaborar provas mistas (questões de múltipla escolha
e questões dissertativas. E também precisa dosar a quantidade de
perguntas na prova.
62
4. Avaliação e estilos de ensino e de
aprendizagem
O modo como a avaliação é promovida na sala de aula está relacionada
à própria compreensão de ensino e de aprendizagem. Quando um
professor se baseia em uma perspectiva na qual ele acredita que seu
trabalho seja o de transmitir os conteúdos, certamente, a prova dele
tenderá a mensurar o quanto de conteúdos os estudantes adquiriram
nas aulas dele.
Exemplo de
Estilos de ensino Avaliação
instrumento
Foca no processo
Produção de
desenvolvido para a Trabalho escrito.
conhecimento
produção de conhecimento.
Analisa se as competências Provas com questões
Desenvolvimento de
previstas no plano de ensino articuladas com as com
competências
foram atingidas. as competências.
Fonte: a autora.
63
O curioso sobre estes estilos de ensino é que, também, os estudantes
interagem com as práticas dos professores de diferentes maneiras.
Há, ao menos, duas formas distintas. Um grupo de pesquisadores
realizou estudos para verificar de que maneira estudantes lidavam com
a tarefa que envolvia a leitura de um texto acadêmico. Em síntese, os
pesquisadores compreenderam que parte dos alunos focalizaram a
compreensão do texto no todo. Enquanto que a outra parte, realizou
uma abordagem focalizada na memorização e reprodução de fatos do
texto. Tais resultados fizeram com os pesquisadores sintetizassem os
estilos de aprendizagem em “abordagem profunda” e “abordagem de
superfície” (GARCIA, 2009).
64
para que o engajamento seja mais efetivo. Isso implica oportunizar
ao estudante participação ativa em todo processo avaliativo. Assim,
encerramos mais uma discussão sobre avaliação! Espero que você tenha
aproveitado.
Referências Bibliográficas
GARCIA, Joe. Avaliação e aprendizagem na educação superior. Estudos em
Avaliação Educacional, São Paulo, v. 20, n. 43, p. 201-213, 2009. Disponível em:
http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/eae/article/view/2045. Acesso em: 10
ago. 2020.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições.
17. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
RUSSELL, Michael K.; AIRASIAN, Peter W. Avaliação em Sala de Aula: Conceitos e
Aplicações. Porto Alegre: AMGH Editora, 2014.
SANTOS, Leonor. O ensino e a aprendizagem da matemática em Portugal: Um olhar
através da avaliação. In: Investigación en educación matemática: Octavo Simposio
de la Sociedad Española de Investigación en Educación Matemática (SEIEM): A
Coruña, 9-11 set./2004. Servizo de Publicacións, 2004. p. 127-154.
65
BONS ESTUDOS!
66