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PSICOPEDAGÓGICOS
PROFESSORA
Drª Cristina Cerezuela
ACESSE AQUI
O SEU LIVRO
NA VERSÃO
DIGITAL!
EXPEDIENTE
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de
EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
FICHA CATALOGRÁFICA
Coordenador(a) de Conteúdo
Waléria Henrique dos Santos
Leonel
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.
Projeto Gráfico e Capa Núcleo de Educação a Distância. CEREZUELA, Cristina.
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
Instrumentos e Avaliação Psicopedagógicos.
e Thayla Guimarães
Cristina Cerezuela.
Editoração
Juliana Duenha Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. Reimpresso 2021.
Design Educacional 272 p.
Nayara G. Valenciano “Graduação - EaD”.
Revisão Textual 1. Instrumentos 2. Avaliação 3. Psicopedagógicos. EaD. I. Título.
Diego Marques de Oliveira
Ilustração
Rodrigo Barbosa
CDD - 22 ed. 371.26
Fotos
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Shutterstock Impresso por:
ISBN 978-85-459-2099-1
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- são, que é promover a educação de qua-
versão integral das pessoas ao conhecimento. lidade nas diferentes áreas do conheci-
Reitor
Wilson de Matos Silva
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
http://lattes.cnpq.br/4700644303894747
A P R E S E N TA Ç Ã O DA DISCIPLINA
INSTRUMENTOS E AVALIAÇÃO
PSICOPEDAGÓGICOS
Caro(a) aluno(a),
Você está entrando em um universo novo que envolve a área da saúde e da educação, com
o enfoque principal de estudar e auxiliar no processo de aprendizagem dos indivíduos.
Nesta disciplina, você terá a oportunidade de se apropriar dos principais aspectos históricos,
da fundamentação teórica e, principalmente, da instrumentalização para a atuação profissio-
nal nesta área do saber, que está em fase de ascensão social.
Porque a sociedade está, cada vez mais, reconhecendo o espaço e o valor que a psicopedagogia
ocupa para a contribuição dos processos de ensino e da aprendizagem na atualidade.
E, nesta disciplina, você vai estudar um dos fundamentos essenciais para sua futura prática
profissional: os instrumentos psicopedagógicos e a avaliação psicopedagógica.
Este conteúdo fará a diferença em sua formação, pois conhecer a causa do problema de
aprendizagem é necessário e requer do psicopedagogo um amplo conhecimento sobre o
que é o aprender e, principalmente, como avaliar esse processo.
Um aspecto muito relevante de que você vai se apropriar é a importância do olhar psicopeda-
gógico para o sujeito sistêmico. Pois os obstáculos que interferem na aprendizagem podem não
estar somente no sujeito, e sim no meio em que ele vive, quer na escola, quer no contexto social.
O Diagnóstico Operatório é o assunto que você vai estudar na terceira unidade desta disci-
plina. Neste momento de estudo, eu apresento estratégias para que você consiga aplicar as
provas piagetianas com segurança e conhecimento. Isso será possível, pois o objetivo principal
é discutir o modus operandi de cada prova.
O assunto que vamos discutir na quarta unidade é essencial para compreendermos um pouco
mais sobre o processo simbólico por meio das projeções. Isto é, por meio do instrumento
das Técnicas Projetivas, título da unidade, é possível analisar como o indivíduo transfere para
outro suas qualidades, sentimentos e desejos.
Para encerrar a disciplina, você estudará, na quinta unidade, a Práxis Psicopedagógica: enca-
minhamentos e intervenções. Nesta unidade, vou explicar sobre o informe psicopedagógico,
sua estrutura e importância para devolutiva do processo de avaliação, tanto para a família
quanto para o próprio sujeito avaliado. Por fim, nessa unidade, farei um link necessário para
a atuação psicopedagógica, que é a inclusão educacional. Entenderemos como o olhar psi-
copedagógico pode contribuir para a efetivação da inclusão.
Fique tranquilo, pois com os estudos e a prática da experiência cotidiana, você vai desenvolver
a capacidade de observar o sujeito para além da aparência, para além do sintoma manifesto,
e poderá compreender como ele aprende, quais são suas dificuldades e suas potencialidades.
Dessa forma, atuará significativamente para os avanços de processo de aprendizagem e de
desenvolvimento.
Vamos lá?
explorando Ideias
quadro-resumo
conceituando
Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento te ajudará conceituá-la(o) melhor, da maneira mais simples.
conecte-se
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01
9 UNIDADE 02
48
PRÁXIS O PROCESSO
PSICOPEDAGÓGICA: DIAGNÓSTICO:
POR ONDE COMEÇAR? A EOCA, OS TESTES
E AS ENTREVISTAS
UNIDADE 03
96 UNIDADE 04
166
DIAGNÓSTICO TÉCNICAS
OPERATÓRIO PROJETIVAS
PSICOPEDAGÓGICAS
UNIDADE 05
214 FECHAMENTO
266
PRÁXIS CONCLUSÃO GERAL
PSICOPEDAGÓGICA:
ENCAMINHAMENTOS
E INTERVENÇÕES
1
PRÁXIS PSICOPEDAGÓGICA:
POR ONDE
COMEÇAR?
PROFESSORA
Doutora Cristina Cerezuela
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Jorge Visca: o Pai da Psico-
pedagogia • A Epistemologia Convergente • O Enquadramento e o Contrato • O Diagnóstico • A
Gnosiologia e o Processo Corretor.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Estudar a importância do Psicopedagogo argentino Jorge Visca, no contexto histórico da psicope-
dagogia • Discutir os enfoques teóricos, técnicos e metodológicos de atendimento e avaliação de
acordo com a epistemologia convergente de Jorge Visca • Instrumentalizar o psicopedagogo para
a elaboração e execução das temáticas da epistemologia convergente: enquadramento e contrato •
Conceituar avaliação no processo diagnóstico da epistemologia convergente • Conceituar a gnosio-
logia e o processo corretor da epistemologia convergente.
INTRODUÇÃO
UNICESUMAR
O PAI DA
Psicopedagogia
“
[...] é um campo de conhecimento relativamente novo que surgiu
na fronteira entre a Pedagogia e à Psicologia. Encontra-se em fase
de organização de um corpo teórico específico, visando à integração
11
das ciências pedagógicas, psicológica, fonoaudiológica, neuropsico-
UNIDADE 1
“
Nessa época, os psicopedagogos prendiam-se a uma concepção
organicista e linear, com conotação nitidamente patolizante, que
encarava os indivíduos com dificuldades na escola como portadores
de disfunções, mentais e/ou psicológicos (SCOZ, 1994, p. 23).
12
UNICESUMAR
explorando Ideias
13
não deve ser vista com um olhar focado somente no indivíduo. É necessário
UNIDADE 1
2
A EPISTEMOLOGIA
CONVERGENTE
UNICESUMAR
situações de aprendizagem, a forma de aprender e a comunicação com o outro.
Visca (1987, 1991, 2014) tem como objeto de estudo o processo de aprendiza-
gem. Esse pressuposto teórico, fundamentado nas três áreas mencionadas, propõe
um esquema evolutivo da aprendizagem, que vai além do cognitivo, afetivo e das
carências sociais de formas isoladas. Ao contrário, propõe uma visão integrada,
visto que, por essa interação, é possível entender o indivíduo com uma unidade.
Para o autor, o conhecimento da psicanálise se encarrega de observar o mun-
do inconsciente do sujeito, sua dinâmica e seus vínculos com a aprendizagem.
O conhecimento da psicogenética de Piaget auxilia a estabelecer os processos
construtivos do conhecimento da criança e como ela opera cognitivamente dian-
te dos desafios do ensino.
A terceira área dessa fusão de saberes, o conhecimento da psicologia social, en-
carrega-se da análise da constituição do sujeito em relação à família e a outros grupos
e instituições que estão ligadas à aprendizagem e seu processo de desenvolvimento.
Você sabia que todo modelo teórico se constrói sobre alguns pontos de par-
tida que são aceitos como verdadeiros, denominados axiomas?
explorando Ideias
Axiomas, por definição, são verdades inquestionáveis universalmente válidas. Muitas ve-
zes, a palavra axioma pode ser empregada como princípio na construção de uma teoria
ou, também, como base para uma argumentação. Para saber mais sobre o conceito de
axioma relacionado à aprendizagem, leia o artigo do Prof. Vitor da Fonseca no link dispo-
nível em: https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6443
Fonte: a autora.
Comunitário
Institucional
Grupal
16
esse esquema com mais clareza. As formas institucionalizadas que os grupos formam
UNICESUMAR
podem tanto contribuir para os processos de aprendizagem quanto dificultá-los.
Quando falamos da importância de olhar para o indivíduo como um orga-
nismo sistêmico que está inserido em um organismo sistêmico macro, estamos
nos referindo a este esquema proposto por Visca (1997):
Comunidade
Instituição
Grupo
Indivíduo
É importante que sua leitura tenha como foco a aprendizagem da criança. Tente
analisar cada uma dessas áreas ao mesmo tempo e individualmente. Isto é, busque
perceber que cada interface é dialeticamente imbricada, promovendo ou obsta-
culizando o desenvolvimento da aprendizagem da criança.
Esse é o princípio da epistemologia convergente. Ela está organizada em cinco
unidades temáticas, a saber:
a) Enquadramento.
b) Contrato.
c) Diagnóstico.
d) Gnosiologia.
e) Processo corretor.
A teoria está presente em todas as obras de Jorge Visca, mas em especial, na obra
que o convidamos a ler, indicada na leitura complementar. Nela, o autor sistema-
tiza, em sua totalidade, a epistemologia convergente.
17
3
O ENQUADRAMENTO
UNIDADE 1
E O CONTRATO
O enquadramento
18
■ Interrupções regradas: são as condutas permitidas ou esperadas, feriados,
UNICESUMAR
férias, entre outros.
■ Honorários: valores e sistema de remuneração.
Pertença Comunicação
Cooperação Aprendizagem
Pertinência Telê
Mudança
Figura 4 - Graus de afastamento do enquadramento / Fonte: Visca (1987, p. 38).
Esses três vetores são cumulativos, ou seja, não haverá “pertinência” se não houver
a “cooperação”, e esta não existirá se não houver a “pertença”. Eles dizem respeito
ao resultado de uma mudança qualitativa que é indicada, durante o tratamento,
pela observação dos vetores da direita.
19
Para entender os vetores da direita:
UNIDADE 1
Visca (1987, p. 39) explica que esses vetores também são cumulativos e servem de
indicadores para saber se a pertença já evoluiu para a cooperação e desta para a
pertinência. Os vetores da direita são indicadores dos primeiros, são observáveis
através das constantes de enquadramento e apontam as resistências à mudança
pelo paciente.
Você entendeu a relação?
Veja, o grau de pertença pode ser negativo ou positivo, e pode ser estimado
de acordo com a comunicação, com a aprendizagem e com a telê.
Da mesma forma que a cooperação, que pode também ser tanto positiva
quanto negativa, pode ser analisada em função dos mesmos vetores da direita,
bem como a avaliação da pertinência:
20
UNICESUMAR
Pertença Comunicação
Cooperação Aprendizagem
Pertinência Telê
Mudança
Figura 5 - Relação integrada entre os vetores / Fonte: Visca (1987, p. 39).
Pertença Comunicação
Cooperação Aprendizagem
Pertinência Telé
Mudança
Figura 6 - O funil / Fonte: Visca (1987, p. 39).
21
A posição do cone invertido e o fato de se encontrar aberto em sua parte superior
UNIDADE 1
levaram o autor Pichon Rivière a chamá-lo de “o funil”, porque, como dizia ele,
era o meio pelo qual se ascendia a uma nova situação. Entre as formas ou graus
positivos e negativos e a transformação de pertença em cooperação, e desta para
pertinência, verifica-se um contínuo.
Com a prática psicopedagógica, você compreenderá que o cone invertido
é um esquema muito útil para analisarmos o grau de resistência ou de propen-
são à mudança. Visca (1987, p. 43) nos alerta para a evidência e a sutileza dos
indicadores em relação às resistências ou propensão às mudanças: “um e outro
são diferentes e, muito frequentemente, um indicador evidente também o é de
resistências mínimas, enquanto outro sutil revela resistências máximas”.
O contrato
Quando Jorge Visca publicou a primeira edição de sua teoria, em 1985, ele definia
o contrato “[...] como um acordo verbal entre duas ou mais pessoas: psicopeda-
gogo e paciente ou psicopedagogo, paciente e seus pais” (VISCA, 1987, p. 44).
Atualmente, a prática é realizar um contrato formal, por escrito e em duas
vias, sendo uma para o contratante e a outra para o contratado.
22
UNICESUMAR
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
PSICOPEDAGÓGICO
Cláusula 1ª. A especialista se obriga a aplicar os recursos diagnósticos de origem clínica conforme
a necessidade do paciente, seguindo a sequência abaixo descrita:
1 - QUEIXA: entrevista que aborda as múltiplas formulações feitas pelos pais, escola ou paciente.
11 - INFORME PSICOPEDAGÓGICO:
çã: relato dos resultados obtidos ao longo do diagnóstico nas áreas: pedagógica, cogntiva e
afetivo-social.
Encaminhamento: indicações de atendimentos que se fazem necessários, como tratamento
psicopedagógico, psicoterápico, fonoaudiológico, terapêutico-familiar e acompanhamento escolar.
23
UNIDADE 1
CONTRATANTE: Sr(a)
RG n.
Residente na
Bairro , Cidade , Fone:
Cidade, de de .
Assinatura do Contratante:
Assinatura do Contratado:
UNICESUMAR
O DIAGNÓSTICO
“
A primeira é um instrumento conceitual que, encontrando-se a
meio caminho entre o corpo legal e o caso particular, serve de veícu-
lo e elemento facilitador dos processos ascendentes, e descendentes
que todo especialista deve realizar durante sua tarefa diagnóstica.
O segundo, poder-se-ia dizer, é o manual de instruções de acordo
com o qual opero. Deve orientar em função de princípios, mas, de
maneira alguma, deve substituir o discernimento, a criatividade e a
espontaneidade (VISCA, 1987, p. 50).
25
Veja que o autor, de forma singular, revela os caminhos e ainda abre o espaço para
UNIDADE 1
26
Nesses itens da matriz de pensamento diagnóstico, conseguimos visualizar
UNICESUMAR
a fundamentação do Interacionismo, do Estruturalismo e do Construtivismo.
Você consegue identificá-los?
Releia os pontos de 1 a 4 e tente relacionar:
1.1 e 1.2 – se fundamentam no princípio interacionista.
1.3 – se fundamenta no princípio estruturalista.
1.4 – se fundamenta no princípio construtivista.
Ainda sobre o diagnóstico propriamente dito, ao nos explicar as possíveis
causas a-históricas, Visca (1987) descreve os obstáculos que dificultam a apren-
dizagem, classificando-os em três categorias: o obstáculo epistêmico, o obstáculo
epistemofílico e o obstáculo funcional.
Por uma questão didática, achamos que seria pertinente estudar os obstáculos
na última unidade deste livro, quando trataremos da intervenção psicopedagógi-
ca na perspectiva da educação inclusiva, para que as suas características fiquem
mais próximas de outras condições que consideramos impeditivas da aprendi-
zagem, facilitando, assim, a comparação e diferenciação entre elas.
2) O prognóstico – é uma hipótese sobre o estado futuro que o fenômeno
atual poderá adotar, condicionado aos seguintes itens:
■ 2.1 Sem agentes corretores – sem a incidência de nenhuma variável te-
rapêutica.
■ 2.2 Com agentes corretores ideais – imagina-se qual será a evolução do
sujeito em função de tudo que idealmente poderia ser feito com ele.
■ 2.3 Com agentes corretores possíveis – os que o sujeito e a família real-
mente podem assumir, tanto por fatores objetivos quanto subjetivos.
Procedimentos internos do
Ações do psicopedagogo
psicopedagogo
1 Entrevista Operativa
Primeiro sistema de hipóteses.
Centrada na Aprendizagem
Linhas de investigação.
(EOCA)
pensando juntos
E O PROCESSO
Corretor
Neste tópico, você vai estudar duas temáticas essenciais da Epistemologia Con-
vergente: a gnosiologia e o processo corretor. Você se apropriará da gnosiologia
da aprendizagem, isto é, o estudo de como ocorre o processo de aprendizagem.
Em seguida, verá uma introdução à temática que envolve a teoria sobre corrigir
os obstáculos que impedem que a aprendizagem aconteça.
A Gnosiologia
UNICESUMAR
Este esquema postula:
“
1. a existência de quatro grandes níveis: protoaprendizagem, deute-
roaprendizagem, aprendizagem assistemática, aprendizagem sistemá-
tica. 2. que a aprendizagem se dá em função de aspectos energéticos e
estruturais e pela tematização dos esquemas de ação. 3. que o processo
geral e as aprendizagens particulares respondem a princípios estrutu-
rais, construtivistas e interacionais (VISCA, 1987, p. 75).
Para Visca (1987, p. 77), é nesse nível de aprendizagem que a criança aprende
sobre a importância de cada membro dentro do contexto familiar, isto é, “adquire
especial significado” em relação ao “tratamento e a valorização dos membros entre
si”. Cada lugar ocupado é único, porque, neste momento, é produzida a tematiza-
ção, ou seja, “tudo vai influir para que a criança configure seu estilo de aprender”.
UNICESUMAR
complexos da cultura, e horizontalmente, porque só conhece os lugares mais
próximos de sua casa.
De acordo com Visca (1987), neste nível de aprendizagem, o sujeito vive em
comunidade, porém sem entrar em contato com as instituições educativas.
33
Se o esquema evolutivo da aprendizagem mencionado por Jorge Visca (1987)
UNIDADE 1
34
■ Ausência Total – implica na não aparição de uma determinada conduta;
UNICESUMAR
é um sujeito inteligente, porém não consegue realizar uma determinada
conduta, por exemplo: não consegue aprender a dirigir.
■ Dificuldade Parcial – a conduta existe, mas parcialmente, por exemplo – o
sujeito dirige, mas não estaciona o carro.
O sintoma da aprendizagem sistemática depende daquilo que é aprendi-
do nas instituições escolares. A Patogenia corresponde ao nível de integração
psicológica ou psicossocial. A escrita, por exemplo, é uma aquisição psicológica
e social, é produto da interação do sujeito com o meio.
A identificação de um estado patológico da aprendizagem implica em uma
avaliação. Quer dizer, um processo que permita conhecer o que o aluno aprendeu,
como aprendeu, e ainda, o que não aprendeu. Isto é, a avaliação é uma aliada da
aprendizagem, ela existe para retomada de estratégias e promoção da aprendi-
zagem (VILLAS BOAS, 2004).
O processo corretor
“
Processo é o transcurso do que vai sucedendo e é uma característica
de toda coisa de estar cada instante de uma forma distinta à anterior.
Processo é sinônimo de devenir, que significa o movimento pelo
qual as coisas se transformam [...]. Por outro lado, temos o termo
corretor que é formado por co e reger, sendo o primeiro elemento
– co – uma forma prefixal latina da preposição com, e o segundo,
– reger –, a ação do correto funcionamento de um aparelho ou or-
ganismo (VISCA, 1991, p. 87).
35
No processo corretor, o profissional não espera que as coisas aconteçam, mas
UNIDADE 1
36
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNICESUMAR
Ao final desta unidade, pudemos compreender os fundamentos teóricos que
envolvem a psicopedagogia. Compreender as cinco temáticas da epistemologia
convergente é essencial para o exercício ético e fidedigno da psicopedagogia.
Você estudou, nesta etapa, os critérios teóricos para elaboração de um en-
quadramento psicopedagógico, bem como seus graus de distanciamento e sua
avaliação em relação aos vetores do cone invertido (pertença, cooperação, perti-
nência, comunicação, aprendizagem e telé). O cone invertido, baseado na teoria
de Pichon Rivière, faz parte do método clínico psicopedagógico e permite analisar
as modificações da variável aprendizagem, tanto no aspecto individual do sujeito
quanto em sua coletividade.
Conheceu, também, como os contratos podem garantir a relação entre o pa-
ciente e o psicopedagogo. Essa temática não deve ser entendida como uma imposi-
ção do profissional para o paciente, mas sim como um critério de ação profissional
que envolverá o diagnóstico, a gnosiologia da aprendizagem e o processo corretor.
Em relação ao diagnóstico, conteúdo muito importante para a escolha dos
instrumentos para a avaliação psicopedagógica, você teve a oportunidade de co-
nhecer os níveis de abordagem (metacientífica, científica e técnica) que envolvem
a matriz do pensamento diagnóstico e o diagnóstico propriamente dito.
Encerramos esta unidade discutindo sobre a gnosiologia e o processo corretor,
duas temáticas essenciais da epistemologia convergente que serão retomadas na últi-
ma unidade desta disciplina. O valor desses conteúdos na escolha dos instrumentos e
avaliação psicopedagógicos diz respeito ao princípio do sujeito orgânico e sistêmico.
Assim, como todo ser é único, cada processo de avaliação é personalizado. O
olhar psicopedagógico volta-se para as especificidades que envolvem o processo
de aprendizagem e desenvolvimento do sujeito.
37
na prática
Visca (1987, 1991, 2014) tem como objeto de estudo o processo de ____________. Este
pressuposto teórico, fundamentado nas três áreas da psicologia (Freud, Piaget,
Pichon Rivière), propõe um esquema evolutivo da aprendizagem, que vai além
do __________, __________e das carências sociais de formas_________. Ao contrário,
propõe uma visão____________, visto que, por essa interação, é possível entender
o indivíduo com uma unidade.
38
na prática
39
na prática
5. O cone invertido é um instrumento conceitual que recebe este nome pela sua re-
presentação gráfica. Ele possui seis vetores de análise: os da esquerda – Pertença,
Cooperação e Pertinência – e os da direita – Comunicação, Aprendizagem e Telé.
Relacione cada vetor com seu significado e escolha a alternativa que apresenta a
sequência correta.
1) Pertença.
2) Cooperação.
3) Pertinência.
4) Comunicação.
5) Aprendizagem.
6) Telé.
( ) Distância afetiva (positiva ou negativa) que o sujeito pode viver.
( ) Apreensão instrumental da realidade.
( ) Processo de troca de informação.
( ) Eficácia com que se realiza as ações.
( ) Consiste nas ações com o outro.
( ) Sentimento de sentir-se parte (pode ser negativo ou positivo).
a) 6, 2, 3, 4, 5, 1.
b) 1, 3, 5, 2, 4, 6.
c) 6, 5, 4, 3, 2, 1.
d) 2, 4, 6, 1, 3, 5.
e) 6, 4, 2, 5, 3, 1.
40
aprimore-se
41
aprimore-se
42
aprimore-se
Artigo 11º
São deveres do psicopedagogo:
a) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técni-
cos que tratem da aprendizagem humana;
b) desenvolver e manter relações profissionais pautadas pelo respeito,
pela atitude crítica e pela cooperação com outros profissionais;
c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos
parâmetros da competência psicopedagógica;
d) colaborar com o progresso da psicopedagogia;
e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer definição clara
do seu parecer ao cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de do-
cumento pertinente;
f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a
título de exemplos e estudos de casos;
g) manter o respeito e a dignidade na relação profissional para a har-
monia da classe e a manutenção do conceito público.
Capítulo V – Dos instrumentos
Artigo 12º
São instrumentos da psicopedagogia aqueles que servem ao seu objeto
de estudo – a aprendizagem. Sua escolha decorrerá de formação pro-
fissional e competência técnica, sendo vetado o uso de procedimentos,
técnicas e recursos não reconhecidos como psicopedagógicos. [...]
Capítulo VII – Da publicidade profissional
Artigo 14º
Ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-
-lo com exatidão e honestidade. [...]
Capítulo IX – Da observância e cumprimento do Código de Ética
Artigo 16º
Cabe ao psicopedagogo cumprir este Código de Ética.
Parágrafo único - Constitui infração ética:
a) utilizar títulos acadêmicos e/ou de especialista que não possua;
43
aprimore-se
44
aprimore-se
45
aprimore-se
46
eu recomendo!
livro
filme
EXTRAORDINÁRIO
Ano: 2017
Sinopse: Auggie Pullman (Jacob Tremblay) é um garoto que nas-
ceu com uma deformação facial, o que fez com que passasse por
27 cirurgias plásticas. Aos 10 anos, ele, pela primeira vez, fre-
quentará uma escola regular, como qualquer outra criança. Lá,
precisa lidar com a sensação constante de ser sempre observado
e avaliado por todos à sua volta.
Comentário: além de se emocionar com essa história, você poderá fazer uma
análise de como a influência do meio e os estímulos adequados podem promover
o desenvolvimento de uma pessoa de forma mais plena. A leitura pelo viés da psi-
copedagogia proporcionará a observação do sujeito sistêmico e suas interfaces.
47
eu recomendo!
conecte-se
Neste vídeo, você terá a oportunidade de ouvir o próprio Jorge Visca explicando
sobre os pressupostos que fundamentaram sua teoria psicopedagógica, a episte-
mologia convergente. Apesar do áudio ser em Língua Espanhola, é de fácil com-
preensão.
Web: https://www.youtube.com/watch?v=J7_301moT-w.
48
anotações
2
O PROCESSO DIAGNÓSTICO:
A EOCA, OS TESTES
e as Entrevistas
PROFESSORA
Doutora Cristina Cerezuela
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A Entrevista Operativa Centrada
na Aprendizagem (EOCA) • Avaliação do Nível Pedagógico • Avaliação Funcional, Psicomotora e Neurop-
sicológica da Atenção • Entrevistas e Observações: o Olhar Psicopedagógico • Entrevista de Anamnese.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Fundamentar o modus operandi da Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) • Instru-
mentalizar o futuro psicopedagogo com modelos e exemplos de atividades para avaliação do nível
pedagógico na área de leitura, escrita e cálculos • Apresentar a importância de realizar as avaliações
funcionais (acuidade visual, discriminação auditiva e teste psicomotor) e dos testes de atenção (Cance-
lamento Lápis e Papel e Stroop Test) • Instrumentalizar o futuro psicopedagogo com modelos e exem-
plos de roteiros de entrevista e observações no processo de avaliação e diagnóstico psicopedagógico •
Apresentar o modus operandi da anamnese sob o olhar psicopedagógico.
INTRODUÇÃO
CENTRADA NA
Aprendizagem (Eoca)
“
[...] invariavelmente ainda que com intensidade diferentes, duran-
te a anamnese, tentam impor sua opinião, sua ótica, consciente ou
inconsciente. Isto impede que o agente corretor se aproxime ‘inge-
nuamente’ do paciente para vê-lo tal como ele é descobri-lo (VISCA,
1987, p. 70).
UNICESUMAR
empregará no segundo passo, os testes. Para Jorge Visca, não existe uma bateria
de testes fixa, que deve rigorosamente ser aplicada a todas as crianças que pas-
sam por um diagnóstico psicopedagógico. A EOCA impede esse uso desmedido,
mesmo porque seria improdutivo e exaustivo para a criança se o psicopedagogo
lançar mão de todas as opções de instrumentos avaliativos. A EOCA possibilita
uma tomada de decisão e a escolha de quais são as opções mais pertinentes a
cada caso.
Essa entrevista tem base na teoria social de Pichon Rivière, bem como na psi-
canálise. Entretanto, o foco é a aprendizagem, isto é, o objetivo dessa entrevista é
verificar o vínculo que a criança estabelece com a aprendizagem e com o aprender.
Pichon Rivière (2007) define vínculo como:
“
[...] um tipo particular de relação de objeto; a relação de objeto é
constituída por uma estrutura que funciona de uma determinada
maneira. É uma estrutura dinâmica em contínuo movimento, que
funciona acionada ou movida por fatores instintivos, por motiva-
ções psicológicas [...]. Podemos definir vínculo como uma relação
particular com o objeto. Essa relação particular tem como conse-
quência uma conduta mais ou menos fixa com esse objeto, forman-
do um pattern, uma pauta de conduta que tende a se repetir auto-
maticamente, tanto na relação interna quanto na relação externa
com o objeto (RIVIÈRE, 2007, p. 17).
A expressão pattern trazida pelo autor significa “padrão”. Quando o vínculo é es-
tabelecido, ele se repete sob várias formas, isto é, pode se manifestar em situações
diferentes que expressam a essência do vínculo. Como o vínculo é uma situação
subjetiva e particular, o psicopedagogo deve ficar atento a cada manifestação
da criança. A prova é muito simples e deve ser aplicada em, uma única sessão. É
muito importante observar a ação da criança diante da consigna.
“
Em todo momento, a intenção é permitir ao sujeito construir a entre-
vista de maneira espontânea, porém dirigida de forma experimental.
Interessa observar seus conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos
de defesa, ansiedades, áreas de expressão da conduta, níveis de operati-
vidade, mobilidade horizontal e vertical [...] (VISCA, 1987, p. 73).
51
Você deve estar perguntando: afinal, o que é a EOCA? A EOCA é um instru-
UNIDADE 2
explorando Ideias
É a frase de comando (ordem) que o psicopedagogo emite solicitando uma atividade, uma
execução ou uma resposta por parte do avaliado. A consigna permite observar a lógica
das ações assim como a resposta verbal permitirá observar a lógica das verbalizações. Há
dois tipos de consignas: a fechada e a aberta. A consigna fechada é a primeira a ser dita e
deve ser exatamente da forma expressa no protocolo do teste para evitar a influência ou
indução da resposta. A consigna aberta é realizada após várias tentativas, sem êxito, da
consigna fechada, e oferece mais elementos para auxiliar no entendimento do avaliado.
Fonte: a autora.
Atenção!
A consigna deve ser feita exatamente como foi formulada, pois, como vimos
em seu conceito, ela traz consigo uma determinada possibilidade de análise. A
pronúncia de forma diferente pode induzir a criança a oferecer alguma respos-
ta em específico ou diferente do que realmente precisamos observar, fato que
comprometeria a realização do instrumento. A partir deste momento, você pode
observar que os protocolados dos testes terão a consigna. Logo, esse termo deve
estar bem apropriado por todo futuro profissional.
As propostas a serem feitas na EOCA, assim como o material a ser usado,
variam de acordo com a idade e a escolaridade da criança. Como a EOCA é a
primeira entrevista com a criança, é importante iniciar o diálogo acolhendo-a e
buscando informações importantes, por exemplo, perguntar se ela sabe por que
está ali e o que acha que veio fazer. Esse é um segundo momento de escuta, em
que o psicopedagogo deve ficar atento às respostas verbais e às manifestações
não-verbais do entrevistado, neste caso, a criança.
Protocolo da EOCA
Quando a criança chegar à sala, a mesa deverá estar pronta, com apenas uma ca-
deira para criança e uma cadeira à frente, do lado oposto da mesa, para o psicope-
52
dagogo. A mesa deverá estar limpa, sem nenhum outro objeto (apenas os objetos
UNICESUMAR
relacionados). Os materiais deverão estar distribuídos sobre a mesa, ocupando o
espaço de forma organizada, porém espalhados.
Sugestão de materiais para a
realização da EOCA: folhas lisas,
folhas com pauta, lápis de escre-
ver novo sem ponta, apontador,
caneta esferográfica, borracha,
tesoura, papel fantasia (em qua-
drados de 10 x 10 cm), régua,
marcadores (canetas hidroco-
lor na embalagem), livros ou
revistas (de acordo com a faixa
Figura 1 - Materiais da EOCA de acordo com Jorge Visca etária), jogo (com sua regra, e de
(1987) / Fonte: A autora
acordo com a faixa etária). Podem
ser acrescentados outros materiais escolares, como lápis de cor na embalagem e,
para criança menores, massinha de modelar e jogos de encaixe.
Procedimentos da EOCA
falar; 2º) começar a desenhar, escrever, fazer cálculos, ler; 3º) perguntar o que
o psicopedagogo quer que ele faça; 4º) ficar parado. Essas formas de respostas
já podem proporcionar ao psicopedagogo uma leitura sobre o indivíduo. Se a
resposta ocorrer conforme as duas últimas relacionadas, sugerimos oferecer a
consigna aberta.
4º) Falamos a consigna aberta se tivermos como resposta a 3ª ou 4ª opção
relacionada: “você pode desenhar, escrever, fazer alguma coisa de matemática ou
qualquer outra coisa que lhe venha à cabeça […]” (VISCA, 1987, p. 73). Espera-se,
diante dessa consigna, uma atitude ou resposta e, se acontecer de o entrevistado
realizar uma atividade e limitar-se a ela, o psicopedagogo pode pedir-lhe que faça
outra coisa, por meio da seguinte consigna: “você já me mostrou como desenha
[por exemplo], agora eu gostaria que me mostrasse outra coisa qualquer que não
seja desenhar” (VISCA, 1987, p. 74).
Aparentemente, o psicopedagogo precisa ficar o máximo possível sem in-
terferir no início da prova, dar a consigna e aguardar as respostas. Contudo, não
esquematizadas em forma de consigna, mas com orientação do próprio criador,
o psicopedagogo, após o 4º passo, pode fazer algumas interferências na prova:
“
Esta atitude de relativa passividade do entrevistador não implica que
o mesmo deixe de assinalar situações como: ‘3 vezes 3 são 9’ (dian-
te de uma conta) ou ‘a régua desliza quando você traça uma linha’
ou ‘eu pensei que você ia expor o problema de maneira diferente’
[...]. Tais intervenções têm por intenção observar: a possibilidade
de modificação da conduta; a desorganização ou reorganização do
sujeito; as justificativas verbais ou pré-verbais; a aceitação ou recu-
sa do outro (assimilação, acomodação, introjeção, projeção, etc.)
(VISCA, 1987, p. 74).
A intervenção, neste caso, não é uma interferência negativa. Ela tem seus objetivos
e, se respeitada a sequência das consignas, pode oferecer informações adicionais
para a tomada de decisões em relação aos testes e até para o diagnóstico propria-
mente dito.
54
Observações e análises possíveis
UNICESUMAR
De acordo com Visca (1987), durante a realização da EOCA, é importante ob-
servar três aspectos: a temática, a dinâmica, e o produto.
A temática consiste em tudo o que o sujeito diz, o que terá,
como toda conduta humana, um aspecto manifesto e outro
latente [...].
A dinâmica consiste em tudo que o sujeito faz que não é es-
tritamente verbal: gestos, tons de voz, postura corporal etc.
Frequentemente, a posição na ‘ponta’ da cadeira, a maneira
de pegar os materiais etc. são tão ou mais reveladoras que os
comentários e, até mesmo, o produto.
O produto é o que o sujeito deixa plasmado no papel, etc.,
incluindo até, conforme o caso, a mesma sequência com que
foram produzindo os resultados (VISCA, 1987, p. 74, grifo
nosso).
Estamos estudando que tudo que podemos observar forma a hipótese diagnós-
tica. Dessa forma, esses aspectos, juntos, formam o primeiro sistema de hipótese.
Interessa-nos observar o processo seguido pela criança durante a solução de uma
tarefa: como a ordem é recebida, se planeja previamente os passos que seguirá,
quais as estratégias utilizadas diante de uma dificuldade, se é capaz de retificar, se
fica bloqueada e deixa o trabalho sem terminar, quais os resultados que obtém etc.
É importante registrar os aspectos positivos observados, assim como o potencial
de aprendizagem. No que se refere aos aspectos emocionais, a exploração nos
permite conhecer o comportamento pessoal do aluno: como ele se comunica,
qual a imagem que possui de si mesmo, quais os mecanismos de defesa utilizados
diante dos conflitos, quais as situações que lhe são mais gratificantes e em quais
mostra bloqueios, qual a sua capacidade de frustração, entre outras ações. Essas
informações nos ajudam a entender melhor as dificuldades apresentadas pela
criança, permitindo-nos oferecer uma orientação e propostas mais adequadas
à sua situação pessoal.
55
Sampaio (2012) apresenta que, por meio da EOCA, podemos observar a
UNIDADE 2
56
2
AVALIAÇÃO
UNICESUMAR
DO NÍVEL
Pedagógico
Você sabia que avaliar o nível pedagógico do aluno deve ultrapassar o que ele
produz? Isso mesmo, a avaliação psicopedagógica deve avançar o resultado ou
resposta que o aluno oferece durante o processo. O psicopedagogo deve observar
não apenas o que “o aluno aprendeu”, mas também – e principalmente – o “como
o aluno aprendeu”.
A seguir, você vai conhecer os testes que avaliam o nível pedagógico mais
utilizados para o processo diagnóstico da criança.
De acordo com Tonelotto, Fonseca e Tedrus (2005, p. 35) “[...] no Brasil, é muito
reduzida a experiência com instrumentos padronizados de avaliação, relativos
ao desempenho escolar, sendo que a maior parte das pesquisas abordando a te-
mática tem utilizado um instrumento proposto e padronizado por Stein (1994)”.
Este instrumento nominado Teste de Desempenho Escolar (TDE) teve o
objetivo inicial de avaliar as habilidades de leitura, escrita e cálculos (no teste a
autora Lilian Stein denomina aritmética). Conforme os estudos de Stein (1994),
57
“
O TDE é instrumento psicométrico composto por três subtestes:
UNIDADE 2
Esta foi a proposta da primeira versão do teste. Em 2019, Lilian Stein em parce-
ria com as pesquisadoras Claudia Hofheinz Giacomoni e Rochele Paz Fonseca
lançam a segunda edição do teste com uma nova configuração.
Na versão atual, o teste contempla atividades avaliativas do 1º ao 9º no ensino fun-
damental e amplia a forma de análise. A revisão do TDE permite que além do escore
dos acertos (predominância quantitativa do TDE I), o teste avalie também o tempo
de execução, a fluência e velocidade e a eficiência cognitiva para escrever, ler e calcular.
A segunda edição do TDE é produzida pela Vetor Editora e o material pode
ser adquirido de forma completa (1º ao 9º) ou fracionada (do 1º ao 5º ano e do
6º ao 9º ano do ensino fundamental).
UNICESUMAR
cada palavra errada é considerada um item ou unidade de medida, tabulada da
seguinte forma:
80 ou + erros 3 DA Média
50 ou mais 4 DA Acentuada
Realismo nominal
60
Aqui está escrito COPO (apontar a palavra COPO).
UNICESUMAR
E aqui (apontar a palavra COLO) está escrito colo ou água? Por quê?
Repetir com as palavras BODE, BOLA e CABRA.
10. Colocar dois cartões; um escrito BOI e outro escrito ARANHA, sobre a
mesa.
Nesses cartões estão escritas duas palavras: BOI e ARANHA.
Onde está escrito boi? Por quê? E aranha? Por quê?
Repetir com os cartões: PÉ e DEDO.
11. Dar uma folha de papel.
Escreva como você sabe as palavras: BARATA E ONÇA. Agora, leia o que você
escreveu.
Com a avaliação desse teste, você pode verificar em que nível de desempenho o
aluno está em relação ao realismo nominal:
Nível I – Primitivo: a palavra (significante) possui a mesma característica do
objeto (significado) que a representa. A criança confunde totalmente significante
e significado.
Nível II – Transição: a palavra oscila entre representar uma sequência de sons
e ser identificada ao objeto. A criança transita em seu entendimento.
Nível III – Superação: a criança identifica o signo linguístico pela sua repre-
sentação simbólica independentemente de seu significado. Ou seja, diferencia
significante (palavra) do significado (objeto). A palavra representa a fala e não
mais o objeto.
O teste de realismo nominal só tem funcionalidade se aplicado a crianças que
ainda não estão alfabetizadas.
61
Observações sobre a oralidade da criança
UNIDADE 2
62
a pontuação, entonação, tempo para realização da leitura e número de palavras
UNICESUMAR
lidas corretamente por minuto.
De acordo com Condemarín e Medina (2005), os processos cognitivos que
podem ser observados na leitura são: atenção concentrada; acuidade visual; coor-
denação ocular; percepções visual e auditiva; memorização; decodificação dos
fonemas (som) e dos grafemas (letra escrita); síntese visual, lateralidade; orienta-
ções espacial, temporal e sequencial; simbolização, verbalização, organização do
pensamento; associação de ideias, planejamento e conceituação.
07 a 08 anos 50 a 60
08 a 09 anos 60 a 85
09 a 10 anos 85 a 110
Quadro 4 - Gráfico de velocidade na leitura / Fonte: SIMON (1939 apud SAMPAIO, 2012, p. 130).
Para realizar a avaliação de leitura, é importante que você possa escolher o ma-
terial de acordo com a idade da criança que está sendo avaliada. Tanto a leitura
de texto quanto a de palavras (simples ou complexas) deve ocorrer conforme o
nível da escolarização. As pseudopalavras também podem ser elaboradas por
você, de acordo com a faixa etária. No vídeo que lhe sugerimos assistir, você verá
um caso interessante: uma das crianças entrevistadas soube escrever “CA-VA-LO”,
mas não soube escrever “VA-CA”. Isso significa, entre outras coisas, que ela não
sabia escrever, mas sim, havia decorado o desenho da escrita.
Da mesma forma, analisamos na leitura que, se a criança consegue ler uma
pseudopalavra, podemos considerar que a mesma está alfabetizada, pois conse-
gue fazer a correspondência grafema fonema para cada letra. As pseudopalavras
podem ser em vários tamanhos ou quantidade de sílaba, por exemplo: “linguiza”,
“prapligo”, “praneca”, “printefo” “martigole”, cliprijo”, entre outras que você criar.
63
Observações sobre a escrita da criança
UNIDADE 2
Os processos cognitivos que devem ser observados na escrita pouco diferem da-
queles solicitados na leitura, com exceção de algumas habilidades que são requi-
sitadas pelo ato de escrever. Para identificá-las, destacamos com o grifo: atenção
concentrada; percepções visual e auditiva; discriminações visual e auditiva; sín-
tese visual, lateralidade; coordenações visomotora e motora fina (grafomotora);
relação parte-todo, orientação espacial e temporal; orientação sequencial, noção
de causalidade; simbolização, compreensão verbal e estruturação linguística;
organização do pensamento, pensamento de análise e síntese; planejamento e
conceituação (CONDEMARÍN; MEDINA, 2005).
pensando juntos
Cada uma dessas formas do ato de escrever está estreitamente relacionada com
um aspecto funcional e cognitivo. Às vezes, a queixa é a de que a criança “não sabe
escrever” ou ainda “não escreve nada”. Por esse motivo, é necessário que você isole
qual aspecto funcional ou cognitivo da escrita está comprometido. Você deve saber
seguir algumas instruções, tanto no ditado quanto nas listas de repetições.
De acordo com Zorzi (1998, p. 114) é importante:
1. Aplicar um ditado por dia (palavras - frases - texto).
2. Antes de aplicar o ditado, ler o material para que o aluno
saiba o que irão escrever.
3. As palavras devem ser lidas de modo natural, isto é, do
modo como são pronunciadas nas conversações. Não forçar a
pronúncia artificial da palavra, ou seja, não produzir a palavra do
modo como se escreve quando este é diferente do modo de falar.
4. Não dar nenhuma pista para os alunos a respeito da forma
como as palavras devem ser escritas. O objetivo é o de verificar
como a criança, ela mesma, acredita ser a forma de escrever as
palavras apresentadas (ZORZI, 1998, p. 114).
64
Observem que o autor ressalta a importância da naturalidade da fala. O avaliador
UNICESUMAR
deve ter consciência de que sua forma de falar influencia o entendimento da criança.
Ditado de palavras
Ditado de frases
65
Ditado de texto
UNIDADE 2
66
Perguntas Sim Não
UNICESUMAR
Muitas pessoas gostam de passear à noite, pois o sol está
muito alto e claro.
Meu pai é mais velho que eu, mas meu avô é mais velho que
meu pai.
67
Perguntas Sim Não
UNIDADE 2
Atividades de Matemática
UNICESUMAR
investigarmos como está o conhecimento da criança diante desse saber.
A aquisição desse saber envolve o contexto diário, desde a mais tenra idade.
“
[...] Para nós humanos, a representação interna para quantidades nu-
méricas se desenvolve no primeiro ano de vida, servindo de base, mais
tarde, à aquisição de habilidades para o aprendizado dos símbolos
numéricos e a realização de cálculos (BASTOS, 2006, p. 197).
3
AVALIAÇÃO FUNCIONAL,
PSICOMOTORA E
Neuropsicológica da
Atenção
UNICESUMAR
De acordo com Teixeira (2010), a Escala Optométrica de Snellen é utilizada para
fazer uma sondagem da acuidade visual. Ela é muito fácil de se aplicada e possibilita
um indicativo da necessidade de procurar um especialista ou não. O interessante é
que a criança não precisa estar alfabetizada para realizar esse protocolo de avaliação,
pois ela apontará com as mãos a direção em que o “E” se encontra.
explorando Ideias
O Ministério da Saúde elaborou um material importante intitulado Olhar Brasil, cujo obje-
tivo é tratar da saúde e da acuidade visual dos cidadãos (BRASIL, 2008).
Vá até a unidade de saúde, mais próxima de você e solicite o manual. Caso não haja dis-
ponibilidade na versão física, você pode acessar o material pelo endereço: http://portal.
mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=1863-pse-manual-o-
lharbrasil&Itemid=30192.
Fonte: a autora.
Discriminação auditiva
temporal
“
[...] Fenômeno pelo qual o ser humano processa ativamente uma quan-
tidade limitada de informações, do enorme montante de informações
72
disponíveis através dos órgãos dos sentidos, de memórias armazenadas
UNICESUMAR
e de outros processos cognitivos (STERNBERG, 2000, p. 78).
Existem três principais tipos de testes que avaliam a atenção: os testes de can-
celamento, os testes de realização contínua e os testes de duplicação de tarefa.
Os testes de cancelamento avaliam funções como: percepção visual, orientação
espacial, atenção seletiva e a atenção sustentada.
Nesta disciplina, daremos dois exemplos: um teste de cancelamento e outro
de dupla tarefa (atenção dividida).
73
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DA ATENÇÃO
UNIDADE 2
Nome:................................................................................... Sexo:......................
Escola:.................................................................................. Série:......................
Data de nascimento:____/____/_____.
CONSIGNA:
O aplicador com a folha virada para baixo vai dizer:
Nesta folha, você encontrará várias letras, você deverá virar a folha quando
eu falar e riscar todas as letras “A” que você encontrar. Dou o sinal para você
começar e quando você terminar, diga: “terminei”.
Data:___/____/____.
74
Para a elaboração deste material didático, a folha do teste foi reduzida, para ilus-
UNICESUMAR
trar o material. Na aplicação do teste, a apresentação na folha deve ser inteira e
não deve conter margens, apenas o diagrama das letras.
Nesse teste avaliam-se os parâmetros quantitativo e qualitativo. Na análise
quantitativa, observamos tempo de execução, número de erros por “omissão”, nú-
mero de erros por “comissão”. Na análise qualitativa, observamos presença de sinci-
nesias, organização e sistematização na localização dos “As”, estratégia e segurança.
Stroop Test
■ CARTÃO I
Consigna: “você deve ler o mais rápido que puder as cores desses retângulos,
coluna por coluna, na sequência de cima para baixo e da esquerda para a direita.
Preste bastante atenção”.
75
O examinador acionará o cronômetro assim que o sujeito começar a verba-
UNIDADE 2
NU
TU
NU
■ CARTÃO II
Consigna: agora, você deverá novamente dizer as cores o mais rápido que puder,
prestando muita atenção, da mesma forma que na anterior.
O examinador acionará o cronômetro assim que o sujeito começar a verba-
lizar. Anotar o tempo e os erros.
CADA NUNCA HOJE TUDO MARRON
76
■ CARTÃO III
UNICESUMAR
Consigna: “pela última vez, você deverá verbalizar as cores da mesma forma que
as anteriores”.
O examinador acionará o cronômetro assim que o sujeito começar a verba-
lizar. Anotar o tempo e os erros.
TUDO MARRON AZUL ROSA VERDE
77
4
ENTREVISTAS E
UNIDADE 2
OBSERVAÇÕES:
o Olhar Psicopedagógico
78
Entrevista Social do Aluno
UNICESUMAR
Segundo Weiss (2008), na entrevista social com a criança, procura-se estabelecer
uma conversa informal sobre os interesses dominantes, atividades, autovisão,
consciência ou não de uma problemática, expectativa sobre o diagnóstico. De-
ve-se, inclusive, explicar à criança o que acontecerá nas diferentes sessões, qual
o objetivo, e a importância de sua colaboração no processo. Criada a relação de
confiança, com mais facilidade pode a criança se engajar e, assim, colaborar nos
momentos do processo diagnóstico. Para Visca (1987), em todo o momento, a
intenção é permitir ao sujeito construir a entrevista de maneira espontânea, po-
rém dirigida de forma experimental.
No início, deve-se estabelecer uma relação clara, funcional e positiva com o edu-
cador, aprofundar-nos nos motivos dos encaminhamentos e localizar as possibi-
lidades e dificuldades do aluno em relação ao grupo e a aula.
Bassedas (1996) salienta que a entrevista do professor com o psicopedagogo deve
satisfazer a necessidade deste de obter do professor o máximo de informações sobre a
criança. Mesmo que, geralmente, as entrevistas sejam feitas com o professor regente,
deve se considerar que, algumas vezes, há mais de um professor responsável pela
criança. Nestes casos, é conveniente delimitar a participação de cada um ou, se for
conveniente, realizar entrevistas conjuntas dos professores.
80
5
ENTREVISTA DE
UNICESUMAR
ANAMNESE
Protocolo da Anamnese
81
gógica. Lembre-se de que a anamnese deve ser um diálogo, e este é um roteiro
UNIDADE 2
que deve ser preenchido por você durante a fala, de forma natural. Cuidado,
porquanto não é possível registrar todas as palavras: não a transforme em um
ditado! Você deve filtrar as informações e registrar o dado que importa para o
diagnóstico. É o momento de escutar de forma imparcial, por isso, não conte
casos semelhantes, não se envolva nem dê conselhos, muito mesmo expresse
julgamento. Seja cordial, porém e acima de tudo, profissional.
82
ANAMNESE
UNICESUMAR
• As informações fornecidas são sigilosas e serão divulgadas somente com a autorização formal
dos pais ou responsáveis.
• Solicitamos que as respostas sejam tão detalhadas quanto possível.
• Se houver a necessidade de mais espaço, use o verso das folhas.
83
Histórico educacional da familia
UNIDADE 2
Algum membro da família (direto ou indireto) apresentou algum problema de aprendizado na escola?
Pai: ( ) não ( ) sim - que tipo de problema?
Mãe: ( ) não ( ) sim - que tipo de problema?
Irmãos
Avós - maternos paternos
Tios ou tias - maternos paternos
Primos - maternos paternos
Sorriu:
Sentou sem suporte:
Engatinhou:
Andou sozinho:
Usou palavras isoladas: Usou frases com duas palavras:
Usou sentenças completas:
Apresentou problemas de fala:
Treinamento de toalete: durante o dia: durante à noite:
Outros:
C - Alimentação
Preferências particulares, aversões, hábitos alimentares, horários das refeições, alergia alimentar:
UNICESUMAR
1 - Doenças, infecções, anomalias e cirurgias
( ) asma Infecções tipo: ( ) caxumba
( ) alergia ( ) otite ( ) rubéola
( ) defeitos congênitos ( ) ferimentos
( ) convulsões ( ) problemas de audição ( ) Problemas de vista
( ) dor de cabeça persistente ( ) encefalia tipo:
( ) desmaios ( ) meningite ( ) usa óculos/lente de
( ) diabetes na criança ( ) epilepsia contato
( ) diabetes em membro da família - quem? ( ) doença renal
( ) strep thoat garganta ( ) doença do coração
( ) coqueluche ( ) febre reumática
( ) sarampo ( ) escarlatina
Sofreu cirurgiais? ( ) não ( ) sim - de que tipo e quando?
4 - Teve alguma reação significante a acidentes e hospitalizações? ( ) não ( ) sim - quado e porquê?
85
psi
Adaptação social
UNIDADE 2
B - Atividades atuais
1 - O que gosta de fazer em casa?
2 - O que gosta de fazer fora de casa?
3 - Prefere atividades solitárias ou em grupos?
4 - Já dormiu fora de casa? ( ) não ( ) sim Em: ( ) acampamento ( ) casa de parentes
( ) casa de amigo Como foi a experiência?
B - Expectativas futuras
1 - Quais são as suas expectativas com relação a criança?
2 - A criança expressa qualquer expectativa com relação ao futuro? ( ) não ( ) sim - quais são elas?
86
psicólogo e ou psiquiatra? ( ) não ( ) sim - quem e motivo:
UNICESUMAR
os B - Alcoolismo / Drogadição
1 - A criança já usou álcool ou drogas ilícitas? ( ) tem-se certeza que não ( ) não se tem certeza
( ) sim, usou Caso positivo ou se não tem certeza, quais substâncias teriam sido usadas, em que
quantidades e frequência?
2 - Outro(s) membro(s) da família da criança (pais, avós ou irmãos) tem histórico de abuso de álcool
ou drogas? ( ) não ( ) sim - que tipo de droga?
al Se sim, informe a relação da criança com essa pessoa
Local, data:
Dados do Psicopedagogo:
Nome completo:
Formação:
Assinatura:
ue Carimbo:
87
anotar as informações conforme são relatadas e, depois, perguntar os dados
UNIDADE 2
88
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNICESUMAR
Você estudou nesta unidade que a Psicopedagogia, por ser a área que estuda a
aprendizagem humana e suas complexidades, não se detém apenas em investigar
o processo da construção do conhecimento. Investiga, também, todos os
indivíduos envolvidos nesse processo, como instituição de ensino, educando,
família e comunidade.
O diagnóstico psicopedagógico é, em sua complexidade, uma investigação
sobre o sintoma apresentado pelo sujeito, o qual visa conhecer o porquê do não
aprender, do aprender com dificuldade ou lentamente, do fugir de situações de
possível aprendizagem.
Nesta dinâmica, a avaliação psicopedagógica permite conhecer o sujeito que
se apresenta como aquele que não aprende, ou mesmo aquele que se encontra
impossibilitado de aprender. Portanto, com a investigação psicopedagógica, po-
de-se chegar a uma hipótese diagnóstica que permite aproximar-se da causa das
dificuldades para aprender.
Para tanto, você estudou a Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem
(EOCA), bem como alguns dos principais protocolos que envolvem a avaliação
no nível pedagógico, avaliação da parte funcional, percepções psicomotoras, e
dois testes não-restritos de avaliação neuropsicológica da atenção. As entrevistas e
observações fazem parte desse momento de avaliação, e você teve a oportunidade
de estudar os fundamentos teóricos e técnicos dessa aplicação.
Diante desta perspectiva, a avaliação psicopedagógica é considerada o ponto
de partida para novas oportunidades de aprender, pois o diagnóstico não é o fim
do processo, mas o começo do aprender a aprender. E é a partir do diagnóstico
que recursos terapêuticos psicopedagógicos e também pedagógicos são plane-
jados para que o sujeito sinta-se novamente capaz de aprender.
Na próxima unidade, você vai estudar as provas do diagnóstico operatório
de Piaget. Até lá!
89
na prática
1. O processo diagnóstico consiste no conjunto de passos por meio dos quais obtemos
uma imagem do sujeito, em função do seu aprendizado. É por meio desse processo
que realizamos o diagnóstico, prognóstico e as indicações. Quais são os passos que
Visca (1987) propõe para a realização do processo diagnóstico?
3. Sobre a consigna, assinale (V) para as proposições verdadeiras e (F) para as propo-
sições falsas e depois escolha a alternativa que corresponda à sequência correta.
90
na prática
( ) A consigna aberta é a primeira a ser dita e deve ser feita exatamente da forma
expressa no manual, para evitar a influência ou indução da resposta.
( ) A consigna aberta é realizada após várias tentativas, sem êxito, da consigna
fechada.
( ) A consigna aberta oferece mais elementos para auxiliar no entendimento do
avaliado.
a) V, V, V, V, F, F.
b) F, F, V, F, V, V.
c) V, F, V, F, V, F.
d) V, F, V, V, F, F.
e) V, F, V, F, V, V.
91
na prática
5. De acordo com Jorge Visca (1987), durante a realização da Entrevista Operativa Cen-
trada na Aprendizagem, é importante observar três aspectos: a temática, a dinâmica
e o produto. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto.
De acordo com Jorge Visca (1987), durante a realização da EOCA, é importante ob-
servar três aspectos: a temática, a dinâmica, e o produto.
92
aprimore-se
FADA-FADA MUDO-MUDO
RUA-LUA FOCA-FOCA
RIO-PIO VELA-ZELA
GOLA-COLA CALA-CALHA
TENTE-DENTE CAIO-CAIO
TATO-TATO PANCA-PENCA
FINCO-VINCO MUNDO-MUDO
PICO-BICO GANHA-GANHA
FURO-FURO ZORRO-JORRO
SELO-ZELO QUEIJO-BEIJO
ZONA-ZONA FOSSA-VOSSA
MULA-NULA PONTO-PORTO
FITA-VIDA OPA-OBA
BRINCA-BRINCA LENHA-LENHA
SONHO-SONO JOGO-FOGO
BULA-GULA CAMA-DAMA
CABRA-QUEBRA TOCHA-TOCHA
93
aprimore-se
SAGA-SARA GLOTE-POTE
RUMBA-TUMBA FOSSA-VOSSA
CLAVE-CLAVE JOGO-FOGO
94
eu recomendo!
livro
Avaliação psicopedagógica.
Autor: Manuel Sánches-Cano, Joan Bonals e colaboradores
Editora: Artmed
Sinopse: Avaliação Psicopedagógica é um livro organizado pelos
pesquisadores espanhóis Manuel Sánchez-Cano e Joan Bonals,
que traz uma ampla contribuição para o exercício profissional
psicopedagógico, bem como para estudantes em formação e
profissionais preocupados com sua qualificação constante. Seus
23 capítulos estão categorizados em duas partes. Na primeira parte, discutem a
avaliação psicopedagógica de forma geral (conceitos, instrumentos, e técnicas);
na segunda, os capítulos apresentam uma abordagem direcionada à diversidade
inclusiva (deficiências, transtornos de aprendizagem, altas habilidades).
filme
Um laço de amor
Ano: 2017
Sinopse: Frank Adler (Chris Evans) é um homem solteiro que cria
sua jovem sobrinha Mary (Mckenna Grace), uma menina prodí-
gio. Frank planeja oferecer uma vida escolar normal para a jovem
de sete anos, mas os planos são frustrados quando as habilida-
des de matemática de Mary chamam a atenção da mãe de Frank,
Evelyn (Lindsay Duncan). Ela possui outros planos para a neta,
que podem separar Frank e Mary.
Comentário: as aproximações que podemos fazer desse filme com o saber psico-
pedagógico dizem respeito ao olhar clínico sobre o sujeito sistêmico. Como o olhar
psicopedagógico para o todo que envolve o desenvolvimento e a aprendizagem
da criança influenciam em sua dinâmica. Precisamos conhecer as dificuldades e
as potencialidades de cada um para fazer os encaminhamentos necessários.
conecte-se
95
3
DIAGNÓSTICO
OPERATÓRIO
PROFESSORA
Dra. Cristina Cerezuela
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • O diagnóstico operatório • As
provas do domínio da conservação • As provas do domínio da classificação • A prova do domínio da
seriação • As provas do domínio do espaço • As provas piagetianas do pensamento formal.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Discutir as provas do diagnóstico operatório e os conceitos de retorno empírico, argumentação (de iden-
tidade, de reversibilidade e de compensação) e contra-argumentação • Apresentar o modus operandi
das provas do diagnóstico operatório no domínio da conservação: de pequenos conjuntos discretos
no elementos; de quantidade de matéria; de quantidade de líquido; de comprimento; de superfície;
de peso e de volume • Discutir o modus operandi, das provas do diagnóstico operatório no domínio
da classificação (Dicotomia, Inclusão de Classes e Intersecção de Classes) e no domínio da seriação
(seriação de palitos) • Discutir o modus operandi das provas de espaço dimensional, bidimensional e
tridimensional. Apresentar o modus operandi das provas de combinação de fichas, permutação de
fichas e predição do pensamento formal.
INTRODUÇÃO
OPERATÓRIO
UNICESUMAR
minador, isto é, para que o examinador investigue mais o tipo de pensamento
utilizado pela criança, ele contra-argumenta, improvisa outras perguntas, até que
tenha segurança de que a resposta dada é a correta.
4º ter um bom desempenho justificando as contra-argumentações.
Neste material, vamos apresentar o modus operandi das provas e, na aula,
faremos a demonstração de sua aplicação. Familiarizem-se com os materiais e
com as consignas, para que possam tirar as dúvidas no dia da aula!
Para iniciarmos a descrição das aplicações das provas, é muito importante
que você se aproprie de alguns conceitos importantes:
CONSIGNA: é a frase de comando (ordem) que o psicopedagogo faz
solicitando uma atividade, execução ou resposta por parte do avaliado. A consigna
permite observar a lógica das ações, assim como a resposta verbal permitirá
observar a lógica das verbalizações. Há dois tipos de consignas: a fechada e a
aberta. A consigna fechada é a primeira a ser dita e deve ser feita exatamente da
forma expressa no manual, para evitar a influência ou indução da resposta. A
consigna aberta é realizada após várias tentativas sem êxito da consigna fechada,
e oferece mais elementos para auxiliar no entendimento do avaliado.
IDENTIDADE INICIAL: reconhecimento do material por meio da com-
preensão da consigna (VISCA, 2008).
RETORNO EMPÍRICO: é a capacidade do avaliado de compreender que,
após as manipulações do objeto, é possível retornar à situação que se encontra
no início da prova, isto é, a identidade inicial. A pergunta do retorno empírico
é o questionamento que o avaliador faz na busca de que o avaliado conserve a
identidade inicial (MAC DONELL, 1994).
CONSERVAÇÃO: ocorre quando a criança percebe que você manipulou
o material e entende que não houve alteração no produto inicial (quantidade,
tamanho, forma) (VISCA, 2008).
NÃO CONSERVAÇÃO: a criança entende que há uma alteração pela trans-
formação inicial do material, fato que não ocorreu (VISCA, 2008).
PEDIDO DE ARGUMENTAÇÃO: é o questionamento que o avaliador faz
para certificação da conservação ou não (VISCA, 2008).
ARGUMENTAÇÃO: é a resposta do aluno, que justifica suas afirmações.
Nos argumentos, podemos conhecer o grau de operatividade do pensamento da
criança. Quando há a conservação (o que corresponde a uma resposta do nível
3), a argumentação para justificar a resposta pode ser: de identidade, de compen-
sação ou reversabilidade. 99
ARGUMENTAÇÃO DE IDENTIDADE: o chamado argu-
UNIDADE 3
100
Esses vocábulos, a princípio, parecem diferentes dos que estamos acostuma-
UNICESUMAR
dos a falar em nosso cotidiano, mas muito importante que você estude e busque
compreender cada um deles, para que, no momento da aplicação das provas, seja
fácil dialogar com a criança e fazer cumprir os objetivos das provas piagetianas,
facilitando o diagnóstico.
2
AS PROVAS DO
DOMÍNIO
da Conservação
101
Conservação de pequenos conjuntos discretos de
UNIDADE 3
elementos
Essa prova é destinada para crianças de seis anos. As consignas que o Psicopedagogo
irá falar ao aplicar a prova estão indicadas pela sigla “Pp”, e a fonte está em itálico.
Na versão digital do livro, a fonte está em itálico, na cor vermelha.
CONSERVAÇÃO
DE PEQUENOS CONJUNTOS DISCRETOS DE ELEMENTOS
102
Pp: Se nossas fichas fossem moedas, seríamos igual-
UNICESUMAR
mente ricos ou um seria mais rico e o outro menos rico?
Criação de um Ou ainda,
argumento Pp: Se nossas fichas fossem docinhos, comeríamos o
(História) mesmo tanto, ou um comeria mais e outro comeria
Se necessário menos?
Neste caso, escolha apenas um argumento e o utilize
durante toda a prova.
Espaçar as fichas.
Pp: Há agora a mesma quantidade de fichas azuis e ver-
melhas ou há mais em uma fileira e menos em outra?
1ª
Transformação
Alongamento
Material testemunho
Material experimental
Pedido de Argu-
Pp: Como você sabe?
mentação
103
Obrigatório para resposta não conservadora e opcional
UNIDADE 3
Juntar as fichas.
Pp: E agora, tem mais de uma cor e menos da outra ou
2ª tem a mesma quantidade de fichas azuis e vermelhas?
Transformação
Achatamento Material testemunho
Material experimental
Pedido de Argu-
Pp: Como você sabe?
mentação
Obrigatório
Materialpara resposta não conservadora e opcional
testemunho
Pergunta de re- para resposta conservadora.
torno empírico Pp: Se colocar as fichas como estavam no começo, tere-
mos ou não aexperimental
Material mesma quantidade de fichas?
104
Material testemunho
Material experimental
Empilhar as fichas.
UNICESUMAR
Pp: Há, agora, o mesmo tanto de fichas vermelhas e
azuis ou há mais de uma e menos da outra?
3ª
Transformação
Material testemunho
Partição
Material experimental
Pedido de Argu-
Pp: Como você sabe?
mentação
De acordo com Mac Donell (1994), essa prova é também chamada de prova das
fichas. Ela tem como objetivo investigar a conservação da equivalência numérica.
O adjetivo agregado ao nome da prova, “conjuntos discretos”, tem relação com a
discreta diferença de quantidade de elementos, isto é, a equivalência numérica
por meio da qual, apesar das transformações configurais, a criança faz a corres-
pondência termo a termo. Nessa prova, a noção de conservação alcançada pela
criança é o que determina o estágio de pensamento em que ela se encontra. A
avaliação para as provas do domínio de conservação dá-se a partir de 3 níveis de
resposta das crianças: nível 1 (resposta não conservadora), nível 2 (resposta de
transição) e nível 3 (resposta conservadora).
De acordo com Jorge Visca (2008, p. 47), o nível 1 é a resposta mais prová-
vel de crianças com menos de 5 anos e idade. É um “[...] nível bem primitivo, o
entrevistado [...] pode começar a brincar com as suas ou com ambas as fichas,
construindo uma figura qualquer”. O nível 2 é a resposta provável para crianças
entre 5 e 6 anos de idade, é considerado ainda um nível não conservador, porém
105
mais avançado que o primeiro, oscilando entre as respostas conservadoras e não
UNIDADE 3
conservadoras. O nível 3, por sua vez, pode ser esperado em crianças a partir dos
5 anos. A explicação das características de cada um dos níveis de resposta das
provas que compreendem o domínio da conservação será descrita ao final de
todas as provas deste domínio.
Conservação de superfície
CONSERVAÇÃO DE SUPERFÍCIE
APLICAÇÃO
106
Pp: O dono deste campo resolveu construir uma casa
UNICESUMAR
aqui.
Colocar um quadrado no campo testemunho.
Pp: E agora, a vaca vai comer o mesmo tanto nos dois
campos ou come mais em um e menos no outro?
1º Subtração
m
e
n
t
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
o
Pedido de ar-
d Pp: Como você sabe?
gumentação
a
Pp: O dono deste outro campo também construiu uma
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
i casa no seu campo.
d Colocar um quadrado no campo experimental.
e Pp: Será que a vaca come o mesmo tanto nos dois,
n mais ou menos em um do que no outro?
2º Subtração TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
t TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
i
d
a
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
d
e TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
Pedido de Ar-
Pp: Como você pode explicar?
gumentação
i
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
n Pp: Agora os dois resolveram construir mais casa.
i Colocar alternadamente mais 3 quadrados em cada
c campo.
TESTEMUNHOEXPERIMENTAL
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
i Pp: E agora, a vaca vai comer o mesmo tanto nos dois
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
a campos ou come mais em um e menos no outro?
l Caso a criança não estabeleça a identidade inicial, não
3ª Subtração
continuar
TESTEMUNHO a aplicação da prova.
EXPERIMENTAL
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
107
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
tal) decideEXPERIMENTAL
TESTEMUNHO colocar de outro jeito.
Modificar a disposição dos quadrados do campo expe-
rimental.
Pp: Como a vaca vai comer agora? O mesmo tanto nos
1º Transformação
dois, ou mais
TESTEMUNHO em um e menos no outro?
EXPERIMENTAL
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
Pedido de argu-
Pp: Como você pode me explicar?
mentação
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
Argumento de identidade: É o mesmo tanto de “gra-
ma” (superfície), pois a quantidade de casas é igual.
Argumento de Inversão/Reversibilidade: Há o
mesmo tanto de grama (superfície), pois se afastar-
Os argumentos da TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
mos ou juntarmos as casas, a quantidade continua a
criança podem ser:
mesma.
Argumento de compensação: Aqui nesta superfície
tem mais espaço entre as casas, e aqui as casas estão
juntas.
108
Obrigatório para resposta não conservadora e opcional
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
UNICESUMAR
para resposta conservadora.
Colocar os quadrados do campo experimental com a
Retorno empírico
mesma disposição inicial.
Pp: E agora,EXPERIMENTAL
TESTEMUNHO a vaca come menos, mais ou o mesmo
tanto nos dois campos?
2º Transformação
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
Pedido de argu-
Pp: Como você sabe?
mentação
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
Contra-argumen- Fazer a contra-argumentação de acordo com a respos-
tação ta dada: não conservadora ou conservadora.
109
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
forma simultânea
TESTEMUNHO no campo experimental (desordena-
EXPERIMENTAL
TESTEMUNHO EXPERIMENTAL
Pedido de argu-
Pp: Por quê?
mentação
Visca realizou uma experiência com crianças de idades diferentes e pôde relatar
como a construção da noção de superfície é construída paulatinamente. E as
crianças mais novas não conseguem justificar as suas respostas com argumentos.
A avaliação da prova de conservação de superfície também apresenta 3 níveis de
resposta, que serão apresentados ao final deste tópico. A seguir, vamos ver uma
prova que eu, particularmente, gosto muito: conservação de matéria.
UNICESUMAR
Material 2 porções de massa de modelar de cores diferentes
Aplicação
Criação de um
Pp: Se esses dois pedaços de massa fossem comida,
argumento
comeríamos o mesmo tanto ou não?
(História)
Nesse caso, aplicar toda a prova com este argumento
Se necessário
Pergunta de reas- Pp: E então como temos de massa: nós dois o mesmo
seguramento tanto ou um menos e o outro mais?
111
Testemunho Experimental
Pedido de Argu-
UNIDADE 3
Pedido de Argu-
Pp: Como você pode me explicar?
mentação
112
Obrigatório para resposta não conservadora e opcional
UNICESUMAR
Pergunta de re- para resposta conservadora.
torno empírico Pp: Se voltar a fazer a bola com esta panqueca, terá ou
não a mesma quantidade para comer?
Obrigatório
Testemunho para resposta não conservadora e opcional
Experimental
para resposta conservadora.
Retorno empírico
Voltar a fazer a bola.
Pp: E agora, as duas têm o mesmo tanto ou não?
Testemunho Experimental
Pedido de Argu-
Pp: Como você sabe?
mentação
Conservação de peso
CONSERVAÇÃO DE PESO
Material
114
Aplicação
UNICESUMAR
Colocar sobre a mesa dois pedaços de massa disformes
ou duas bolas com quantidades visivelmente diferentes
e a balança.
Pp: Você conhece este material?
Pp: Sabe como usamos uma balança?
Caso não saiba como funciona a balança:
Pp: Quando os dois braços ficam na mesma altura é por-
que os pesos são iguais, se um pratinho fica mais alto, é
Estabelecimento porque pesa menos e se fica mais baixo, pesa mais.
de Identidade Pedir para estabelecer a identidade inicial:
Inicial Pp: Eu gostaria que fizesse duas bolas, uma de cada cor,
com o mesmo peso.
Caso a criança não pese as bolas, solicitar que o faça
para constatar a igualdade do peso.
Pp: Que cor você prefere?
A cor escolhida será do material testemunho (que não é
modificado).
Caso a criança não estabeleça a identidade inicial, não
continuar a aplicação da prova.
Pergunta de
Pp: E então, como pesam as bolas, o mesmo tanto ou
reasseguramen-
uma mais e a outra menos?
to
Pedido de argu-
Pp: Como você sabe disso?
mentação
115
Argumento de identidade: “Isso pesa sempre o
UNIDADE 3
Pedido de argu-
Pp: Como você pode me explicar?
mentação
116
UNICESUMAR
Obrigatório para resposta não conservadora e opcional
para conservadora.
Retorno empírico
Voltar a fazer a bola.
Pp: E agora, as duas pesam o mesmo tanto ou não?
Pedido de argu-
Pp: Por quê?
mentação
117
Conservação de volume
UNIDADE 3
Essa prova só pode ser aplicada para crianças que tenham se apropriado da con-
servação de peso, pois ela requer uma operação mental que é uma sequência
conceitual da provas anteriores.
CONSERVAÇÃO DE VOLUME
1a 1b
Aplicação
Colocar
Testemunho
osExperimental
dois copos e as duas porções de massa
disforme sobre a mesa.
Apresentação do Pp: O que você pode me dizer desse material?
material Caso a criança não se refira à semelhança do tamanho
dos copos e à diferença nas cores das massas, questio-
Testemunho Experimental
ná-la.
Testemunho Experimental
118
Colocar água até um pouco mais do que a metade em
UNICESUMAR
um dos copos e pedir:
Pp: Eu gostaria que você colocasse nesse outro copo o
mesmo tanto de água que eu coloquei neste aqui.
Gostaria que você fizesse duas bolas, uma de cada cor,
com o mesmo tamanho.
Que cor você prefere?
A cor escolhida será a do material testemunho (que
não é modificado).
Estabelecimento Pp: Se eu colocar esta bola dentro deste copo, o que
da identidade você acha que vai ocorrer com o nível da água, vai su-
inicial bir, vai descer ou vai ficar igual?
Caso ele diga que vai baixar ou ficar igual, deve-se co-
locar a bola dentro do copo e comparar com a água do
outro copo (sem bola).
Pp: E se eu colocar essa outra bola neste outro copo, o
que você acha que vai acontecer com o nível da água:
vai subir o mesmo tanto, mais ou menos do que no
outro copo? Como você sabe?
Caso a criança não estabeleça a identidade inicial, não
continue a aplicação da prova.
Testemunho Experimental
Pedido de argu-
Pp: Como você sabe?
mentação
Testemunho Experimental
Testemunho Experimental
119
Argumento de identidade: “Subirá o mesmo porque
UNIDADE 3
Testemunho Experimental
Pedido de argu-
Pp: Como você pode me explicar?
mentação
Testemunho Experimental
120
Contra-argumen- Fazer a contra-argumentação de acordo com a respos-
UNICESUMAR
tação ta dada:
1a
não1bconservadora ou conservadora.
Testemunho Experimental
Pedido de Argu-
Pp: Como você sabe?
mentação
121
As respostas do nível 1, como mostra o quadro de avaliação (Quadro 8), são
UNIDADE 3
respostas mais comum entre crianças entre 8 e 9 anos, que já estão em transição
do operatório concreto para o operatório formal. As respostas que contemplam
o nível 3 é o que se espera de crianças a partir dos 11-12 anos com um desen-
volvimento cognitivo normal, ou seja, que já se encontra no início do estágio do
pensamento formal.
Segundo Jorge Visca (2008, p. 77), quando a criança compreende que a “quantida-
de de líquido – transvasado em recipientes com distintas dimensões – permanece
constante apesar das mudanças de forma”, indica que ela resolveu um impasse
entre a “impressão perceptual e o conceito”.
1a 1b 2 3 4a 4b 4c 4d
1a 1b
Testemunho Experimental
122 1a 2
Testemunho Experimental
Aplicação
UNICESUMAR
1a 1b 2
Colocar 3 copos4a1a e 4b
os 4c
1b na frente 4d
da criança.
1a 1b
Pp: O que você pode me falar destes copos?
Caso não fale sobre a igualdade do tamanho, perguntar:
Pp: Como eles são de tamanho?
1a 1b
Colocar o líquido de uma das garrafas no copo 1a até,
1a 1bTestemunho
2 3 Experimental
4a 4b 4c 4d
mais ou menos, a metade.
Estabelecimento
Pp: Coloque neste copo (1b) a mesma quantidade que
de identidade
eu coloquei
1a neste
1b (1a), nem mais, nem menos.
inicial
1a 1a 21b
Testemunho Experimental
Testemunho Experimental
Pedido de argu-
Pp:1aPor quê?1b
mentação Testemunho Experimental
1a 3 123
Testemunho Experimental
Argumento de identidade: “Há a mesma quantidade
UNIDADE 3
o outro?”.
1a 1b
Testemunho Experimental
Pp: E 1a
se eu voltar
1b a colocar o líquido desse copo (apontar
Pergunta de re-
o copo 2) neste outro (apontar o copo 1a), haverá ou
torno empírico
não a mesma quantidade para beber?
1a 1b
1a 2
Colocar o líquido
Testemunho do copo 2 no copo 1b.
Experimental
Testemunho Experimental
Retorno empí-
rico 1a 1b
Testemunho Experimental
1a 2
Testemunho Experimental
1a 3
Colocar água de 1a no copo 3.
Testemunho Experimental
Pp:1aE agora, como
1b temos para beber: a mesma quantida-
de, ou um tem
Testemunho mais e o outro menos?
Experimental
2ª 1a 1b
Transformação: Testemunho Experimental
Achatamento 1a 3
Testemunho Experimental
1a 4a 4b 4c 4d
Testemunho Experimental
1a 1b
Pedido de Argu-
Pp: Como você
Testemunho sabe?
Experimental
mentação
1a 4a 4b 4c 4d
1a 2
1a 1b
Testemunho Experimental
Contra-argumen- Fazer a contra-argumentação de acordo com a resposta
UNICESUMAR
Testemunho Experimental
rico 1a 1b
Testemunho Experimental
1a 3
Testemunho Experimental
Colocar o líquido de 1a dividido nos copos 4.
1a 4a 4b 4c 4d
Pp: Se eu beber
Testemunho
o líquido desses copos, beberei mais,
Experimental
3ª menos ou1a o mesmo 1b
tanto do que você?
Testemunho Experimental
Transformação:
Partição
1a 4a 4b 4c 4d
Testemunho Experimental
Pedido de Argu-
Pp: Como você pode me explicar?
mentação
Conservação de comprimento
125
numérica. Isso ocorre, geralmente, em crianças que já estão nas etapas do desen-
UNIDADE 3
CONSERVAÇÃO DE COMPRIMENTO
Aplicação
Esperimental
Pergunta de
Pp: Os dois animais vão caminhar o mesmo tanto nestes
Esperimental
reasseguramen-
dois caminhos ou um caminhará mais e outro menos?
to Testemunho
Esperimental
Pedido de argu-
Pp: Por quê?
mentação
Testemunho
Esperimental
126
Argumento de identidade: É o mesmo caminho para
UNICESUMAR
caminhar que havia no início, isto é, caminhos diferentes,
o que acontece é que você dobrou a corrente, mas ela
continua desigual.
Os argumentos Argumento de Inversão/Reversibilidade: “Se colo-
da criança po- carmos o caminho todo esticado como antes, fica mais
dem ser longo que o outro e, agora, mesmo terminado aqui,
continua sendo igual, mais longo”.
Argumento de compensação: “Este caminho A é mais
longo, o que acontece é que termina antes porque tem
mais curvas”.
Esperimental
Pedido de Argu-
Pp: Como você pode me explicar?
mentação
127
Geralmente, as crianças por volta dos 6 e 7 anos não estão aptas a conservar
UNIDADE 3
Para avaliação das provas, Visca (2008) nos chama a atenção de que as idades,
apesar de serem um parâmetro estabelecido, podem ser consideradas uma variá-
vel, pois o nível de resposta da criança se adequa conforme a estimulação que ela
recebe do ambiente em que vive. Mas com isso você já está familiarizado, não é
mesmo? Você está estudando e se formando para atuar e já está desenvolvendo
a capacidade de olhar a criança com um olhar diferenciado, valorizando as
atitudes, as dinâmicas e os produtos. Enfim, tudo que ela apresenta durante um
processo de avaliação diagnóstica.
Nível de Estágio de
Características
resposta Pensamento
128
Nível de Estágio de
UNICESUMAR
Características
resposta Pensamento
Jorge Visca (2008) nos ensina que as respostas não conservadoras geralmente
são esperadas para as crianças menores que 5-6 anos, o que equivale ao estágio
intuitivo global do pensamento. O nível intermediário, isto é, quando a criança
se mostra ora conservadora ora não conservadora frente às transformações do
objeto, é o que se espera como resposta de crianças entre 5-6 e 7 anos de idade;
são ações mentais que equivalem ao estágio do pensamento intuitivo articulado.
Para as crianças a partir dos 7 anos, espera-se e já se apresenta um pensamento
no nível conservador, ou seja, que julgue que as quantidades estabelecidas na iden-
tidade inicial permaneçam as mesmas diante das transformações e que consiga
utilizar os argumentos para justificar tal operação mental. Essa é a fase do desen-
volvimento cognitivo que corresponde ao período do operatório concreto, período
em que são capazes de estabelecer ações internalizadas e justificar logicamente.
129
3
AS PROVAS DO
UNIDADE 3
DOMÍNIO
da Classificação
Dicotomia
explorando Ideias
Dicotomia
di. co.·to.·mi.·a
Dicotomia é uma palavra de origem grega (dikhotomía) que indica uma classificação que
é fundamentada em uma divisão entre dois elementos.
130
Entre as definições apresentadas pelo Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, trazemos
UNICESUMAR
as duas que ilustram a nossa discussão: a definição geral e a definição aplicada à lógica.
1 Classificação em que se divide cada coisa ou cada proposição em duas, subdividindo-se
cada uma destas em outras duas e assim sucessivamente.
2 Lógica: Divisão de um conceito em outros dois, que, embora complementares, são opostos
entre si, uma vez que se estendem e englobam o sentido do primeiro como, por exemplo:
animais: aves e répteis.
Fonte: MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Dicotomia. Disponível em:
http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=dicotomia. Acesso em: 17 maio
2019.
Veja a prova que divide um conceito em outros dois, considerando um atributo: forma
(círculos e quadrados); tamanhos (grande e pequeno) cores (azul e vermelha):
DICOTOMIA
Aplicação
Pedido de ar-
Pp: Por que você fez assim?
gumentação
131
Colocar as duas caixas na frente da criança.
UNIDADE 3
132
Caso a criança não consiga classificar segundo outro crité-
UNICESUMAR
Insinuação ou
rio, o entrevistador pode fazer
demonstra-
- INSINUAÇÃO E / OU
ção
- DEMONSTRAÇÃO.
Jorge Visca (2008) faz algumas observações sobre a realização dessa prova. Uma
delas é que, se a criança atribuir um nome diferente do correto, mas que tenha coe-
rência com o critério, por exemplo, denominar o círculo de “redondo”, ou as fichas
pequenas de “menor”, o aplicador não deve corrigir, mas deve considerar correto
para a análise da avaliação, que pode ser em três níveis: ausência de classificação;
nível intermediário e êxito, como é possível identificar no quadro a seguir:
Nível de Estágio de
Características
resposta Pensamento
- Coleções figurais.
- Montagem de figuras complexas (trem,
flor).
Nível I
- Composição com as peças que tenham Intuitivo Global
Ausência
alguma semelhança, com sucessivas trocas
de critério, utilizando ou não todas elas.
- Pode classificar por um critério.
133
Nível de Estágio de
UNIDADE 3
Características
resposta Pensamento
1º Subestágio
Nível III
- Classifica por 3 critérios. do operatório
Êxito
concreto
Inclusão de classes
Inclusão de classes
- 10 bananas.
- 3 maçãs.
Material
134
Aplicação
UNICESUMAR
Pergunta Pp: Que frutas você conhece?
exploratória do Assegurar-se de que a criança conheça o termo genérico
conhecimento frutas.
dos elementos Caso não conheça os elementos, utilizar outro material.
Pergunta
Caso não mencione as bananas e as maçãs:
exploratória da
Pp: As bananas são frutas?
hierarquia de
Pp: As maçãs são frutas?
classe
Pergunta de subtração
QUE NÃO
EXIGE rever- Pp: Se eu tirar as bananas do grupo, o que sobra?
sibilidade de Pp: Como você pode me explicar?
pensamento
QUE NÃO
EXIGE rever- Pp: Se você tirar as maçãs do grupo, o que sobra?
sibilidade de Explique-me.
pensamento
QUE NÃO
EXIGE rever- Pp: E se eu tirar as frutas do grupo, o que fica?
sibilidade de Por quê?
pensamento
135
Um detalhe a que Jorge Visca (2008) nos chama a atenção sobre a aplicação desta
UNIDADE 3
prova é que o material utilizado deve fazer parte do universo cultural da criança.
O conceito cotidiano que ela possui sobre a classe que você está indagando é fun-
damental para contextualizar a prova e, com isso, ser mais fidedigno à avaliação
do nível de resposta obtido com a prova.
1º Subestágio
Nível III - Todas as questões são resolvidas cor-
do operatório
Êxito retamente.
concreto
136
Intersecção de classes
UNICESUMAR
Esta prova tem como objetivo investigar a capacidade lógica da criança em relação
ao manejo das classes. Isto é, a capacidade de reconhecer que, dados três conjuntos
de elementos, um deles pode possuir concomitantemente os atributos dos outros
dois (VISCA, 2008). Terceiro e último grau de dificuldade das provas que compõem
o domínio da classificação, a prova de intersecção de classes é adequada para aplicar
em crianças a partir dos 6-7 anos de idade (MAC DONELL, 1994).
INTERSECÇÃO DE CLASSES
Aplicação
Pp: Por que você acha que coloquei estas fichas (apontar
as redondas e vermelhas) aqui no meio?
Comparação
de elementos Pp: Existem aqui mais fichas azuis, mais fichas vermelhas
da mesma ou o mesmo tanto? Você pode me explicar?
classe (cor)
137
Comparação
UNIDADE 3
de elementos Pp: Existem aqui mais fichas quadradas, mas fichas redon-
de mesma clas- das ou o mesmo tanto? Você pode me explicar?
se (forma)
Comparação
de elementos Pp: Você acha que tem mais, menos ou o mesmo tanto de
que não são da fichas quadradas ou de fichas vermelhas?
mesma classe Como você sabe?
(inclusão)
Comparação
de elementos
Pp: Você acha que tem mais, menos ou o mesmo tanto de
que não são da
fichas redondas ou de fichas vermelhas?
mesma classe
(intersecção)
138
o nível 3 de resposta demonstra que a criança se encontra no 1º subestágio do
UNICESUMAR
pensamento operatório concreto, e esse tipo de resposta é o esperado, geralmente,
em crianças a partir dos 7-8 anos de idade.
Nível de Estágio de
Características
resposta Pensamento
139
4
A PROVA DO
UNIDADE 3
DOMÍNIO
da Seriação
Seriação de palitos
140
SERIAÇÃO
UNICESUMAR
- 10 palitos graduados (de 10,6cm a 16cm, com diferença de
0,6cm entre eles).
- 01 palito para inclusão (com diferença de 0,3cm, entre o 5°
e 6° palito).
- 01 anteparo (pode-se usar a placa da conservação de
Material superfície).
Aplicação
141
Pp: Agora eu vou colocar este anteparo aqui (colocar o ante-
UNIDADE 3
Uma das análises que podemos fazer com esta prova é se a criança tem a capaci-
dade de compreender que um critério pode ser reversível, isto é, se considera que
um elemento pode ser, ao mesmo tempo, maior que seus precedentes e menor
que os seguintes. Esse raciocínio, em geral, é o esperado por crianças a partir dos
6-7 anos. O quadro a seguir – avaliação da prova de seriação de palitos – mostra
os três níveis de respostas
Nível de Estágio do
Características
resposta Pensamento
- Ausência de série.
Nível I - Pequenas séries (pares, trios e escada)
Intuitivo global
Ausência sem considerar o tamanho dos palitos
seguindo apenas a parte superior.
142
UNICESUMAR
explorando Ideias
“Se os adultos não dispusessem de pelo mesmo duas operações lógicas, a seriação e a
classificação, o mundo que nos rodeia seria caótico, vale dizer, heterogêneo, ou seja, que
cada objeto se apresentaria sem nenhuma relação com outros [...] ambas as operações
permitem introduzir um princípio de ordem que dá coerência ao mundo que nos rodeia: é
maior que, menor que, igual e pertence ou não pertence a tal classe” (VISCA, 2008, p. 135).
5
AS PROVAS DO
DOMÍNIO DO
Espaço
143
Espaço unidimensional
UNIDADE 3
ESPAÇO UNIDIMENSIONAL
- 8 cubos (6cm).
- 16 cubos (3 cm).
- 1 anteparo.
- 1 base (5 cm de altura).
- 1 varinha (60 cm).
Material
Aplicação
144
As crianças menores que 7 anos, em geral, não conseguem êxito nessa prova. Por
UNICESUMAR
isso, ela é mais indicada para aplicar em crianças a partir dos 7 anos. Jorge Visca
(2008) apresenta duas divisões, em estágios, para cada nível de resposta. Observe
as possibilidades de análise de desempenho no quadro a seguir:
Nível de Estágio do
Características
resposta Pensamento
crianças entre 4 anos e 4 anos e 6 meses. E o segundo nível (lla e llb) são respostas
geralmente dadas por crianças entre 4 anos e 6 meses a 7 anos de idade.
Diante dessa importante consideração do precursor da Psicopedagogia no
Brasil e no mundo, reflita: essas capacidades são inatas ou são desenvolvidas na
criança? Se são desenvolvidas, como você, enquanto psicopedagogo, pode con-
tribuir para seu desenvolvimento?
Você verá, a seguir, a prova que envolve duas dimensões.
Espaço bidimensional
O objetivo dessa prova, de acordo com Visca (2008, p. 187), é “investigar a capa-
cidade de localizar um ponto em função de duas dimensões”. Isso significa que
objetos que podem ser definidos neste espaço podem possuir até duas dimen-
sões. O espaço bidimensional é o plano, e é possível dimensionar comprimento
e largura. A seguir, veja o modus operandi da prova:
ESPAÇO BIDIMENSIONAL
Material
Aplicador
146
Aplicação
UNICESUMAR
Colocar todo o material sobre a mesa.
O entrevistador coloca uma folha sulfite na frente do cliente
e diz:
Pp: Veja o que eu vou fazer nesta folha (fazer um ponto no
canto superior esquerdo da criança – respeitando o sentido
da escrita da criança. Este ponto deve ser aproximadamente
entre o centro da folha e o quadrante superior).
Colocar outra folha ao lado da primeira.
Pp: Eu quero que você faça na sua folha um ponto que esteja
no mesmo lugar que o meu ponto na minha folha. De modo
que, se colocarmos a sua folha sobre a minha e olharmos
Construção
contra a luz, possamos ver que eles coincidem. Para isso,
do modelo
você pode usar estes materiais. Você só não pode colocar a
folha sobre a minha.
Observar quantas medidas ele usa.
Caso o cliente não tenha êxito na primeira tentativa, dar ou-
tras oportunidades.
Se a criança obteve êxito, o aplicador fará as seguintes per-
guntas:
Pp: Por que você mediu assim?
Pp: E se você utiliza somente uma medida?
Pp: Você necessitará de duas medidas?
A criança deverá reproduzir, na sua folha, o ponto que o aplicador fez na folha tes-
te. Para isso, ela poderá utilizar qualquer um dos materiais disponibilizados para
a prova. É importante analisar essa prova por duas perspectivas: “por um lado, o
melhor nível alcançado pelo sujeito e, por outro, a sucessão de procedimentos em
virtude dos quais os obtém (o que indica suas características de desempenho)”
(VISCA, 2008, p. 189). A classificação de desempenho veremos a seguir:
147
Nível de Estágio do
UNIDADE 3
Características
resposta Pensamento
Em geral, as crianças que obtêm êxito nessa prova tem 9 anos ou mais. Nesta
idade, espera-se que a criança tenha uma estrutura de pensamento organizada
para compreender o conceito avaliado. A próxima prova faz parte do domínio
do espaço, mas é uma prova destinada à avaliação do pensamento formal, isto é,
indicada para crianças acima de 11-12 anos de idade.
ESPAÇO TRIDIMENSIONAL
148
êxito nas respostas das duas provas anteriores. É uma prova do diagnóstico do
UNICESUMAR
pensamento formal, que avalia a capacidade da criança em medir três dimensões.
Veja a prova:
ESPAÇO TRIDIMENSIONAL
15 cm
10 cm
aprox.
20 a 25 cm
20 a 25 cm aprox. aprox.
Aplicação
Características
resposta Pensamento
1º Subestágio
Nível I - Só realiza cálculos visuais.
do operatório
Ausência - Utiliza 1 medida
concreto
- Utiliza 2 medidas.
Nível II 2º Subestágio
- Pode utilizar 3 medidas depois de várias
Intermediá- do operatório
tentativas e tateamentos. Isto é, não em-
rio concreto
prega a métrica, mas sim, a suposição.
150
6
AS PROVAS
UNICESUMAR
PIAGETIANAS DO
Pensamento Formal
pensando juntos
Predição
PREDIÇÃO
Aplicação
152
Ao aplicar essa prova, você verá que algumas crianças não alcançaram esse nível
UNICESUMAR
de raciocínio e escolhem a cor de acordo com suas preferências ou ao mero acaso.
De acordo com o quadro a seguir, o nível de resposta não relacionada à predição
é o nível 1.
Estágio de
Nível de resposta Características
Pensamento
1º subestágio
Nível I - As justificativas não são relaciona-
do operatório
Ausência das à predição.
concreto
Combinação de fichas
153
COMBINAÇÃO DE FICHAS
UNIDADE 3
Aplicação
Nível de Estágio do
Características
resposta Pensamento
154
Nível de Estágio do
UNICESUMAR
Características
resposta Pensamento
1º subestágio
Nível III
- Combinações sistemáticas completas do operatório
Êxito
formal
Permutação de fichas
PERMUTAÇÃO DE FICHAS
155
Aplicação
UNIDADE 3
Visca (2002) relata que algumas crianças maiores solicitam lápis e papel para rea-
lizar a prova. O registro matemático permite uma organização clara e sistemática
de sua forma de pensar. Crianças com esse nível de operatividade alcançam o
nível 3 de resposta, como mostra o quadro a seguir:
Nível de Estágio do
Características
resposta Pensamento
1º subestágio
Nível I - As tentativas não possuem nenhum méto-
do operatório
Ausência do sistematizado.
concreto
156
Nível de Estágio do
UNICESUMAR
Características
resposta Pensamento
157
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 3
158
na prática
a) Jean Piaget.
b) Jorge Visca.
c) Nádia Bossa.
d) L. S. Vigotski.
e) Sara Paín.
1) Domínio da conservação.
2) Domínio da classificação.
3) Domínio da seriação.
4) Domínio dos espaços.
5) Domínio do pensamento formal.
159
na prática
4. Nas provas do diagnóstico operatório, a criança precisa realizar 4 ações para que
consiga concretizá-las a contento. Assinale a alternativa que apresenta a sequência
correta das ações da criança.
5. Quais são os tipos de argumentos que uma criança pode fazer em uma prova de
diagnóstico operatório no domínio da conservação?
160
na prática
a) 1, 2, 3.
b) 3, 2, 1.
c) 3, 1, 2.
d) 2, 3, 1.
e) 2, 1, 3.
161
na prática
162
aprimore-se
Como ampliação dos estudos, sugiro que acompanhe algumas publicações que com-
plementam sua formação. Entre tantas opções disponíveis no universo on-line, eu indi-
co a Revista Psicopedagogia, disponível no portal Periódicos Eletrônicos em Psicologia.
O portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC) é uma fonte da Biblio-
teca Virtual em Saúde e Psicologia da União Latino-Americana de Entidades de Psi-
cologia (BVS-Psi ULAPSI), e constitui em uma base de dados on-line de grande valor
científico. O objetivo desse portal é contribuir para a divulgação e ampliação das
discussões científicas produzidas nos países da América Latina acerca dessa área
de conhecimento.
A edição 107, de agosto de 2018, traz um estudo de caso interessante que dialoga
com o assunto discutido nesta unidade. De autoria de Ana Paula Aragão de Moraes,
o artigo “Das provas operatórias à construção de estruturas cognitivas: um estudo de
caso em psicopedagogia” apresenta um estudo com foco nas provas operatórias de
Jean Piaget utilizadas numa avaliação psicopedagógica com uma criança de 9 anos.
Leia o resumo do artigo e veja como vale a pena conferir o artigo na íntegra!
RESUMO
O artigo apresenta um estudo de caso com foco nas provas operatórias de Jean
Piaget utilizadas numa avaliação psicopedagógica com uma criança de 9 anos. A análi-
se das provas operatórias apontou que ela apresentava um ritmo de desenvolvimen-
to do raciocínio mais lento do que a média. Apresentamos, então, propostas de inter-
venção psicopedagógica, que tiveram por base as teorias de Jean Piaget e de Vygotsky,
visando contribuir no processo de desenvolvimento do pensamento lógico de sujeitos
que apresentam dificuldades para aprender, como é o caso do sujeito avaliado.
Unitermos: Raciocínio. Operações Mentais. Provas Operatórias. Prática Psicopedagógica.
O artigo refere-se ao estudo de caso de um menino com dificuldades na apren-
dizagem escolar, submetido a uma avaliação psicopedagógica no Núcleo de Prá-
tica Psicopedagógica da Faculdade Metodista Granbery (NPPFMG), espaço reser-
vado para realização de atividades práticas supervisionadas, dentro do curso de
pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Foram utilizados vários
163
aprimore-se
instrumentos avaliativos, no entanto, neste estudo, vamos nos deter, mais espe-
cificamente, na aplicação das provas operatórias piagetianas, momento em que a
criança apresentou dificuldade nas habilidades do raciocínio ou operações mentais.
O resultado da análise das provas operatórias demonstrou que, apesar de estar
com 9 anos completos, a criança encontrava-se em processo de transição do nível
pré-operatório para o operatório concreto, revelando que seu ritmo de desenvol-
vimento do raciocínio estava mais lento, abaixo da média, pois a idade em que as
crianças passam por essa transição está entre os 6/7 anos1,2. As provas apontaram
que ele ainda não havia desenvolvido estruturas cognitivas que viabilizam opera-
ções de conservação, de classificação, seriação complexa e operações espaciais (me-
dida de espaço uni e bidimensional).
Portanto, o objetivo deste artigo é refletir sobre o papel que a análise das provas
operatórias tem na intervenção psicopedagógica que trata do desenvolvimento do ra-
ciocínio a partir de experiências ativas, desenvolvidas dentro de propostas de atividades
interventivas que visam ao avanço cognitivo de sujeitos com dificuldades no processo
de desenvolvimento do pensamento lógico. O referencial teórico fundamenta-se na
teoria de Jean Piaget e nas contribuições de Vygotsky para o processo de intervenção.
Fonte: Moraes (2018).
164
eu recomendo!
livro
filme
conecte-se
165
4
TÉCNICAS
PROJETIVAS
Psicopedagógicas
PROFESSORA
Dra. Cristina Cerezuela
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Técnicas Projetivas Psicopeda-
gógicas de Jorge Visca • Técnicas Projetivas Psicopedagógicas: Domínio Escolar • Técnicas Projetivas
Psicopedagógicas: Domínio Familiar • Técnicas Projetivas Psicopedagógicas: Domínio Consigo Mesmo.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Fundamentar as técnicas projetivas psicopedagógicas • Discutir o modus operandi e a análise psicope-
dagógica das técnicas projetivas: “Parelha Educativa (par educativo)”, “Eu com meus amigos”, e “Plano
de Sala de Aula” • Discutir o modus operandi e a análise psicopedagógica das técnicas projetivas do
domínio familiar: “Os quatro momentos de um dia”, “Família educativa”, e “O plano de minha casa” • Dis-
cutir o modus operandi e a análise psicopedagógica das técnicas projetivas do domínio consigo mesmo:
“Desenho em episódios”, “O dia do meu aniversário”, “Nas minhas férias” e “Fazendo o que mais gosta”.
INTRODUÇÃO
PSICOPEDAGÓGICAS
de Jorge Visca
UNICESUMAR
aspectos emocionais podem influenciar positiva ou negativamente a aprendizagem.
“
As técnicas projetivas são um recurso entre outros que permite in-
vestigar essa dimensão, no que se refere ao vínculo ou vínculos que
o sujeito estabelece com a aprendizagem propriamente dita, assim
como também com as circunstâncias dentre as quais se opera essa
construção (VISCA, 2008, p. 15).
APRENDIZAGEM
Cognitiva
Dimensão Motora
Afetiva
Positivo ou Negativo
Dificuldade de
Reconhecer/aceitar/comunicar
Com a técnica projetiva, é possível observar o processo simbólico por meio das
projeções. Isso quer dizer: a ação em que o indivíduo transfere para outro suas
qualidades, sentimentos e desejos, bem como o que está em nível consciente e
quanto em nível inconsciente. Esse ato de projetar-se pode ocorrer no desenho,
no discurso, na dramatização e em qualquer outra situação em que os sentimen-
tos do aluno possam ficar no anonimato.
“
O princípio básico é de que a maneira do sujeito perceber, inter-
pretar e estruturar o material ou situação reflete os aspectos funda-
mentais do seu psiquismo. É possível, desse modo, buscar relações
com a apreensão do conhecimento como procurar, evitar, distorcer,
omitir, esquecer algo que lhe é apresentado. Pode se detectar, assim,
170
obstáculos afetivos existentes nesse processo de aprendizagem de
UNICESUMAR
nível geral e especificamente escolar (WEISS, 1992, p. 112).
Como esse processo é clínico, cabe ressaltar que, para aplicar qualquer um dos
instrumentos psicopedagógicos, é necessário estudar e se dedicar ao processo.
pensando juntos
“Na psicopedagogia, a qualidade da análise que fazemos do outro e para o outro é uma
grandeza diretamente proporcional ao estudo do referencial teórico que a fundamenta”.
explorando Ideias
Kurt Lewin foi um psicólogo de origem alemã, naturalizado norte-americano para fugir do
nazismo. É considerado o fundador da moderna Psicossociologia Experimental. As expe-
riências que ele levou a cabo mostraram que a conduta do indivíduo varia de acordo com
o meio em que se encontra inserido.
Ao criar, em 1935, uma Teoria Dinâmica da Personalidade, demonstrou que a personali-
dade apenas pode ser definida em situação social – segundo Kurt Lewin, o indivíduo e o
meio em que está integrado fazem parte de um sistema único, proposta de sua famosa
teoria do campo.
Referência:
AZEVEDO (2019, on-line)¹.
171
Neste sentido, não importa simplesmente conhecer somente o vínculo que a
UNIDADE 4
172
2
TÉCNICAS PROJETIVAS
UNICESUMAR
PSICOPEDAGÓGICAS:
Domínio Escolar
Parelha educativa
Esta prova também é conhecida como “Par educativo”. A autoria é atribuída a duas
pedagogas argentinas: Malvina Oris e Maria Luisa Siquier de Ocampo. Inicial-
mente, a prova foi utilizada para avaliar jovens que entravam no ensino médio e
depois, gradativamente, foi sendo aplicada em criança de escolas primárias que
apresentam dificuldades de aprendizagem.
O objetivo é verificar a relação vincular latente, pois é possível abordar a
investigação em relação aos objetos que envolvem a aprendizagem, quem está
ensinando e quem está aprendendo.
173
PARELHA EDUCATIVA
UNIDADE 4
Domínio: escolar.
Autor: Malvina Oris e María Luisa S. de Ocampo.
Idade: a partir de 6/7 anos.
Investigar: vínculo com a aprendizagem.
Material: folhas, lápis preto e borracha.
Consigna Desenhe duas pessoas: uma que ensina e outra que aprende.
Todas as anotações que o entrevistador desejar fazer deverão ser feitas em uma
folha separada, e lembre-se: NUNCA escreva no desenho da criança!
Para a avaliação, devem ser seguidos os critérios de correção e análise propos-
tos por Visca (1995; 2008). Diversos autores (RACCANELLO, 2008; SAMPAIO,
2012; WEISS, 2008) sistematizaram os indicadores e características aliando-os
aos significados originais do autor.
INDICADORES CARACTERÍSTICAS SIGNIFICADOS
174
INDICADORES CARACTERÍSTICAS SIGNIFICADOS
UNICESUMAR
Desvalorização do perso-
Grande nagem que foi desenha-
do pequeno.
Tamanho dos persona-
gens
Dimensão razoável Valorização adequada.
Supervalorização do perso-
Grande nagem que foi desenhado
grande.
175
INDICADORES CARACTERÍSTICAS SIGNIFICADOS
UNIDADE 4
Não comprometimen-
to com o conteúdo e a
Grande distância
transmissão de conheci-
mentos.
Distâncias entre os
Supervalorização do co-
personagens e o ob-
Mínima distância nhecimento sobre o ato
jeto de aprendizagem
de transmissão.
Ênfase na aprendizagem
Escolar sistemática. O vínculo pode
Âmbito onde se dá a ser positivo ou negativo.
cena Estabelecimento de um me-
Extraescolar lhor vínculo com a aprendi-
zagem assistemática.
Supervalorização do
Só cabeça intelectual que resulta
persecutório.
176
INDICADORES CARACTERÍSTICAS SIGNIFICADOS
UNICESUMAR
Também é uma projeção, em que se pode analisar o vín-
culo estabelecido através:
-Do conteúdo do relato mesmo.
Relato -Por sua correspondência com o desenho.
-Por sua relação com o título.
Obs.: Tanto no relato quanto no título, podemos observar
os mecanismos de dissociação, negação e repressão.
Você percebeu que, somente pela descrição do que pode ser considerado no
produto, temos uma clareza dos objetivos da prova. Para Sara Paín (1992, p. 60)
no diagnóstico dos problemas de aprendizagem com a utilização das técnica:
projetivas “interessa especialmente o exame dos conteúdos manifestos nos pro-
tocolos e sua relação com os sentimentos agressivos ou de medo associados às
situações representadas”. Os significados mais frequentes explorados pelo autor
indicam a representação que o sujeito apresenta para com quem ensina e a sua
própria representação.
Esta prova foi elaborada pela psicopedagoga argentina Sara Bozzo de Shettini e tem
como fundamento o entendimento de que, quando estamos inseridos em um gru-
po, não importa somente a forma que a educação é ministrada neste contexto, mas
sim as condições internas e os vínculos que o sujeito assume dentro desse grupo.
Domínio: escolar.
Autor: Sara Bozzo de Shettini.
Idade: a partir de 7/8 anos.
Investigar: vínculo com os colegas de classe.
Material: folha tamanho sulfite, lápis preto e borracha.
177
O que você pode me falar do seu desenho?
UNIDADE 4
Os vínculos subjetivos que essa prova pode indicar dizem respeito à multiplici-
dade de subvínculos a partir do sujeito e como ele expressa o contexto solicitado.
Por isso é muito importante o relato que o entrevistado faz do desenho, pois ele
pode revelar informações explícitas que o desenho traz, ou também contradições
entre o que o desenho revela e a fala da criança. Entretanto, todas as informações
direcionam para uma análise principal: qual é o tipo de inserção no grupo que a
criança tem efetivada ou que gostaria de ter.
178
Lado a lado Comunicação superficial.
UNICESUMAR
Posição Comunicação profunda: reflexiva e
Concêntrica
sensível.
Esta prova tem como objetivo conhecer a representação do campo geográfico que
a criança tem da sua sala de aula bem como sua inserção nesse espaço; podendo
essa representação ser a real como ser a desejada pelo entrevistado.
Domínio: escolar.
Autor: desconhecido.
Idade: a partir de 8/9 anos.
Investigar: representação do campo geográfico da sala de aula e a localização da
criança (real e desejada).
Material: folhas lisas, lápis preto, borracha e régua (se o entrevistado solicitar).
179
Desenhe o plano da sua sala de aula. É como se você esti-
UNIDADE 4
Consigna
vesse vendo sua sala de cima.
Como nas demais provas, é interessante observar os relatos que a criança faz
de cada complemento do desenho. Outro aspecto é sua reação inicial diante da
consigna. Isto é, de agrado ou de desagrado.
180
Bom vínculo com o docente e
UNICESUMAR
Em frente
com a aprendizagem.
De acordo com Jorge Visca (2008, p. 93), essa prova pode também permitir a
observância de dois aspectos: “a representação que se tem da mesma, enquanto
campo físico e a representação – que pode ser objetiva ou não – da dinâmica”.
Para analisar o aspecto físico, o autor se apoia nos estudos do psiquiatra argentino
José Bleger, que discorre sobre os três campos que envolvem essa representação:
■ O campo geográfico - que representa aquilo que ocorre ou está posicio-
nado fora do sujeito.
■ O campo psicológico - que representa a experiência do entrevistado dian-
te do contexto.
■ O campo da consciência - que significa a produção da representação em si.
PSICOPEDAGÓGICAS:
Domínio Familiar
“
Os problemas apresentados no desempenho escolar exigem do
psicopedagogo uma avaliação das características psicológicas de-
monstradas pela criança, no sentido de identificar se os problemas
decorrem de uma limitação cognitiva ou de uma limitação afetiva.
Esses dois níveis devem ser considerados na análise estrutural dos
problemas (BALESTRA, 2012, p. 49).
UNICESUMAR
O que você pensa a respeito de sua casa? Não é um dos lugares mais significati-
vos para você? Segundo Jorge Visca (2008, p. 111), “a casa é um dos lugares mais
significativos, é onde um sujeito aprende e estuda. Essas aprendizagens estão
vinculadas tanto às pessoas como aos lugares nos quais se produzem”.
A forma com que a criança representa sua casa está carregada de conteúdo
afetivo e, muitas vezes, não condiz com o espaço real habitado. Por vezes, o
entrevistado nega a existência de um espaço na representação gráfica, fazendo-a
de forma consideravelmente reduzida em relação ao tamanho da folha; outras
vezes, o desenho é tão amplo e rico em detalhes que uma folha é insuficiente
para representá-lo. Tanto um aspecto quanto o outro não caracteriza um vínculo
positivo com a aprendizagem.
Domínio: familiar.
Autor: desconhecido.
Idade: a partir de 8/9 anos.
Investigar: representação do campo geográfico do lugar em que se habita e a locali-
zação real dentro do mesmo.
Material: folhas tamanho sulfite, lápis preto, borracha e régua (se solicitada).
Para avaliar essa prova, você pode observar os seguintes indicadores: detalhes do
desenho (tamanho, mobílias, objetos, inclusão de pessoas, portas), localização
e os comentários sobre o quarto do entrevistado, o lugar de estudo e o lugar da
reunião familiar, que estão descritos no quadro a seguir:
183
INDICADORES CARACTERÍSTICAS SIGNIFICADOS
UNIDADE 4
Privilegia a aprendizagem
Interior da casa formal, de tipo intelec-
Espaços apresen- tual.
tados Valorização da aprendiza-
Horta, galinheiro, jardim, par-
gem vinculada ao corpo e à
que e espaços abertos
natureza.
184
INDICADORES CARACTERÍSTICAS SIGNIFICADOS
UNICESUMAR
Escolha do dormi- A maneira como e por quem foi escolhido possui gran-
tório de importância a partir de 8 ou 10.
De acordo com Jorge Visca (2008), essa técnica é uma adaptação da prova “De-
senho em episódios”, que é do domínio consigo mesmo. Contudo, a diferença
principal entre uma prova e outra consiste na investigação do emprego do tempo
em um dia normal.
Domínio: familiar.
Autor: desconhecido; técnica difundida por Elsa Schmid-Kitsikis.
Idade: a partir de 6/7 anos.
Investigar: vínculos ao longo do dia.
Material: folhas tamanho sulfite e lápis preto.
185
Aqui tem uma folha pra mim e outra para você.
UNIDADE 4
Capacidade de adaptação
Desenho adequado à con-
às exigências externas e
signa
tolerância à frustração.
Consigna
Dificuldade de adaptação às
Desenhos inadequados à
exigências externas e baixa
consigna
tolerância à frustração.
186
INDICADORES CARACTERÍSTICAS SIGNIFICADOS
UNICESUMAR
Vida monótona e sem cria-
Eleição automática
tividade.
Dinamismo, criatividade
Eleição em função de carga
Os momentos e uso enriquecedor do
afetiva positiva
escolhidos tempo.
187
INDICADORES CARACTERÍSTICAS SIGNIFICADOS
UNIDADE 4
Sequência
do relato em
concordância Reforça os aspectos assinalados na sequência espacial.
com a sequência
espacial
Sequência do rela-
to em concordân-
Reforça os aspectos assinalados na sequência temporal.
cia com a sequên-
cia temporal
Discrepâncias no
relato com as se- Severa desorganização temporal e espacial e, conse-
quências espacial quentemente, severas dificuldade de aprendizagem.
e temporal
Família educativa
188
FAMÍLIA EDUCATIVA
UNICESUMAR
Domínio: familiar.
Autor: desconhecido.
Idade: à partir de 6/7 anos.
Investigar: vínculo de aprendizagem com o grupo familiar e com cada um dos
integrantes do mesmo.
Material: folhas tamanho sulfite, lápis preto e borracha.
É importante lembrar que cada técnica deve ser realizada em função da criança
em particular. Como já mencionado, em relação aos demais testes, não são todos
os instrumentos que são aplicados em todas as pessoas. As escolhas têm relação
com 1º sistema de hipóteses que você formulou com a realização da EOCA e,
durante a realização do processo diagnóstico, você pode ter a necessidade de am-
pliar a investigação em um ou mais domínios. Para avaliar essa prova, é necessário
observar os seguintes indicadores:
189
INDICADORES CARACTERÍSTICAS SIGNIFICADOS
UNIDADE 4
Há carência de modelos
Fora do processo significativos de identifica-
ção.
190
INDICADORES CARACTERÍSTICAS SIGNIFICADOS
UNICESUMAR
Este aspecto é muito próximo ao anterior.
As pessoas desenhadas realizando uma determina-
da atividade podem ser os pais, irmãos, avós etc.,
com quem, por única parte, existe um vínculo afetivo
Relação de parentesco mais global que o exclusivamente relacionado com a
com a criança aprendizagem.
Assim mesmo, em função destes dois vínculos,
existirão por parte do sujeito sentimentos positivos,
negativos ou ambivalentes que auxiliam, em um sen-
tido ou outro, nos processos de identificação.
Observe que, nas provas de Visca (1995; 2008), cada informação que a criança dá
tem a relação com algo subjetivo e que pode revelar algo importante sobre o seu
vínculo com a aprendizagem. Por esse motivo, em praticamente cada aplicação,
é necessário observar o tamanho do desenho, o tamanho dos personagens, a lo-
calização na folha, a atividade que estão realizando, a participação da criança em
seu próprio desenho. Para Jorge Visca (1995, p. 7),“[...] na execução dos desenhos,
o papel representa, de modo geral, o mundo exterior do sujeito e os desenhos, a
forma pela qual ele se expressa nesse mundo.”
O terceiro domínio sistematizado por Jorge Visca (1995, 2008) é o “vín-
culo consigo mesmo”. Para a verificação deste vínculo, há 4 provas, como já
mencionado: “Desenho em episódios”, “O dia do meu aniversário”, “Nas minhas
férias”, e “Fazendo o que mais gosta”.
191
4
TÉCNICAS PROJETIVAS
UNIDADE 4
PSICOPEDAGÓGICAS:
Domínio Consigo Mesmo
São quatro provas que compõem o domínio “Consigo mesmo”. Todas têm o ob-
jetivo de identificar o vínculo que a criança possui com suas atividades, com seus
interesses, com suas interações sociais e pessoais. A representação que ela tem
de si mesmo, seu autoconceito e sua autoimagem são aspectos relevantes para
investigar os obstáculos da aprendizagem.
Desenho em episódios
192
DESENHO EM EPISÓDIOS
UNICESUMAR
Domínio: consigo mesmo.
Autor: desconhecido, técnica difundida por Elsa Schmid-K.
Idade: a partir de 6 anos.
Investigar: delimitação da permanência da identidade psíquica em função da quali-
dade dos afetos.
Material: folha de tamanho sulfite e lápis preto.
193
INDICADORES CARACTERÍSTICAS /SIGNIFICADOS
UNIDADE 4
De acordo com Jorge Visca (2008, p. 158), essa técnica é muito adequada para
investigar “o vínculo de aprendizagem que o sujeito possui consigo mesmo e
pode-se observar alguns indicadores gráficos vinculados ao tempo, ao espaço e
a causalidade [...]”. Esses conteúdos também podem exigir da criança sua repre-
sentação do vínculo com o raciocínio lógico matemático e suas interfaces.
194
Consigna Desenhe o dia do aniversário de uma criança.
UNICESUMAR
O que você pode me falar do seu desenho?
Questionar sobre os aspectos que a criança não mencionar.
Quantos anos o(a) aniversariante está fazendo?
Exploração da Pro- Quem são os convidados? E suas idades?
dução O que são do aniversariante? Amigos, parentes?
Explorar outros aspectos específicos do desenho.
O que mais você pode falar do seu desenho?
* Anotar as respostas em folha separada.
Pequeno Desvalorização.
Tamanho dos
personagens Supervalorização (persecu-
Grande
tório).
Tamanho do ani-
versariante
Revela o vínculo que a criança estabelece consigo mesmo.
Posição do aniversa-
riante
195
INDICADORES CARACTERÍSTICAS SIGNIFICADOS
UNIDADE 4
Posição de abertura às
Em lugar público
aprendizagens.
Capacidade criadora
Espaço geográfico Mundo imaginário do im-
possível, compensador de
Fora de contexto real pos- sentimento de frustração,
sível com baixa tolerância à mes-
ma e uma predominância do
princípio do prazer sobre o
da realidade.
Menor aceitação de si
Menor que a idade da mesmo.
criança Desejo de não crescer e
de não aprender.
Idade do aniversa-
Aceitação de si mesmo.
riante
Tendência a tolerar a
Coincidente
frustração que a aprendi-
zagem implica.
196
INDICADORES CARACTERÍSTICAS SIGNIFICADOS
UNICESUMAR
Mundo interno resultante
de identificações múlti-
plas que geralmente indi-
Rodeado de pessoas ca uma adequada capa-
cidade de aprendizagem
em termos qualitativos e
Situação do aniver- quantitativos.
sariante
Aprendizagem com caracte-
rística predominantemente
assimiladora, com dificul-
Sozinho
dade na descentração do
pensamento, e percepção
do ponto de vista do outro.
Presentes recebi-
Representam os objetos desejados.
dos
“
Sem dúvidas, a administração e interpretação requerem uma es-
pecial sensibilidade e sutileza por parte do entrevistador para
apreender o dinamismo da aprendizagem: os processos passados,
seu estado atual e os desejos e alternativas futuras quanto ao mesmo;
visto que aqui o vínculo de aprendizagem se apresentará como uma
questão latente e não manifesta. [...] É importante para a interpre-
tação da prova levar em conta o meio sócio-cultural a que pertence
o entrevistado, em alguns casos, é relevante o lugar que o mesmo
ocupa na constelação familiar (VISCA, 2008, p. 160).
197
UNIDADE 4
explorando Ideias
UNICESUMAR
corresponde a uma recompensa pelo trabalho, como se fosse uma premiação,
um benefício. Para outros, a exclusão da rotina trabalhista implica em um vazio
muito significativo. Esse sentimento também pode se manifestar em crianças.
Veja os indicadores mais significativos dessa prova a seguir:
Sujeito estabelece um
Adequação vínculo positivo consigo
Consigna mesmo.
Integração harmoniosa
Coerência interna do relato do ego em termos de
condutas ou rigidez.
Relato Estados intermédios de
integração do ego, integra-
Incoerência interna do relato
do em termos de condutas
aprendidas.
199
INDICADORES CARACTERÍSTICAS SIGNIFICADOS
UNIDADE 4
Apresenta criatividade e
Realiza algo totalmente
flexibilidade. Capacidade
diferente
de aprendizagem.
Desenhos Capacidade de aprendi-
Faz uma atividade repara- zagem criativa, repara-
dora dora, com modificação
dos esquemas internos.
Domínio: escolar.
Autor: desconhecido.
Idade: a partir de 6/7 anos.
Investigar: atividades favoritas.
Material: folha sulfite, lápis preto e borracha.
200
Consigna Desenhe o que mais gosta de fazer.
UNICESUMAR
Fale sobre o seu desenho.
Questionar sobre os aspectos que a criança não mencionar.
O que você está fazendo?
Exploração da pro- Você faz isso frequentemente ou só de vez em quando?
dução Dê um título para o seu desenho.
Explorar outros aspectos do desenho.
O que mais você pode falar do seu desenho?
* Anotar as respostas em folha separada.
201
INDICADORES CARACTERÍSTICAS SIGNIFICADOS
UNIDADE 4
Consolidação no tema.
Desenhar, apagar e
Manter ou mudar o Tendência ao perfeccionismo
não mudar o tema
tema (analisar o que foi apagado).
Desenhar, apagar e
Indecisão.
mudar o tema
Ambas dimensões
Realização possível
Contexto espacial são associadas
e temporal onde Uma das dimensões
ocorre a cena permite a realização e Realização impossível
a outra não
202
Ao encerrar as provas das técnicas projetivas, queremos ressaltar que estamos
UNICESUMAR
discutindo, no decorrer desse tópico, que a projeção é uma maneira do indivíduo
revelar seus sentimentos ou até mesmo seu desejo ou sua repulsa em relação a
outra pessoa ou objeto. Podemos, dessa forma, dizer que essas emoções afetam
o desenvolvimento e o desempenho da criança.
“
Alguns autores tentaram dividir o ser humano em diversas partes
e considerar que os aspectos emocionais, afetivos e até tempera-
mentais estão dissociados e funcionam independentemente dos
aspectos relacionados à inteligência [...]. Todavia, parece-nos mais
apropriado considerar que toda conduta tem um aspecto afetivo
e um aspecto cognitivo que são absolutamente indissociáveis. O
aspecto afetivo fornece a energia para a ação, ao passo que nossa
inteligência proporciona a estrutura, isto é, a maneira de realizarmos
a ação (DELVAL, 2013, p. 53).
Você concorda que toda conduta, isto é, toda ação do indivíduo, é em função de
aspectos afetivos e de aspectos cognitivos? Você considera que as situações que
produzem essa ação influenciam no seu resultado ou desempenho? Ao analisar
essas proposições, podemos aferir que, em nossa prática profissional, devemos
ter uma sensibilidade ética e competência técnica para entender que os vínculos
que a criança estabelece com a aprendizagem podem ser produto das suas cir-
cunstâncias. Pois, como você verá na leitura complementar deste tópico, as coisas
não são como são, e sim são como somos.
203
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 4
204
na prática
1. Sobre as técnicas projetivas, assinale (V) para as proposições verdadeiras e (F) para
as proposições falsas em relação ao texto da Psicopedagoga Maria Lucia Lemme
Weiss. Depois, escolha a alternativa que corresponda à sequência correta.
205
na prática
206
na prática
6. Sobre as técnicas projetivas, assinale (V) para as proposições verdadeiras e (F) para
as proposições falsas. Depois, escolha a alternativa que corresponda à sequência
correta.
207
na prática
1) Domínio escolar.
2) Domínio familiar.
3) Domínio consigo mesmo.
( ) Parelha educativa, Eu com meus amigos, Plano de sala de aula.
( ) Os quatro momentos de um dia, Família educativa, O plano de minha casa.
( ) Desenho em episódios, O dia do meu aniversário, Nas minhas férias, Fazendo
o que mais gosta.
a) 3, 2, 1.
b) 3, 1, 2.
c) 3, 2, 1.
d) 1, 3, 2.
e) 1, 2, 3.
208
aprimore-se
Mais uma vez, convido você a fazer uma leitura que vai auxiliar em sua formação. O
professor adjunto da Universidade Estadual de Londrina, Dr. Fabiano Koich Miguel
discute com propriedade os mitos e verdades no ensino das Técnicas Projetivas.
Leia o resumo e veja como vale a pena conferir o artigo na íntegra.
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi esclarecer mal entendidos comumente encon-
trados no ensino de técnicas projetivas. Foram desenvolvidos três temas: o mito da
exclusividade da psicanálise sobre esses instrumentos, a reavaliação da nomencla-
tura das técnicas e o mito da ausência de validade. Encontrou-se que há publicações
que dão suporte à utilização dessas técnicas por psicólogos de diversas abordagens,
exemplificando com um teste desenvolvido pelo behaviorista Skinner. A possibilida-
de de uma nova terminologia, questionada por outros pesquisadores, foi apresen-
tada. Além disso, a revisão concluiu que as técnicas demonstram cientificidade em
diversos contextos da Psicologia.
Palavras chave: Avaliação psicológica; Técnicas projetivas; Validade.
Introdução
O início do século XXI foi marcado por um período de transformações na área de
avaliação psicólogica, em que se enfrentava o problema da utilização inadequada de
diversos testes e instrumentos (Noronha e cols., 2002; Primi, 2010; Wechsler, 2012).
Vários resultados surgiram das ações tomadas naquele momento com o objetivo de
reverter a precária situação então vigente, como debates, eventos científicos, aumen-
to do número de pesquisas publicadas em periódicos reconhecidos, entre outros.
[...]
Diante desse problema ainda presente e continuamente sendo abordado por
pesquisadores da área, o objetivo deste artigo é esclarecer algumas questões po-
tencialmente mal compreendidas e que costumam aparecer durante o ensino na
graduação por meio de uma revisão da literatura relacionada ao tema. O foco será
nas técnicas projetivas, que formam um grupo dentro dos procedimentos de avalia-
209
aprimore-se
210
aprimore-se
211
eu recomendo!
livro
Fundamentos psicanalíticos
Autor: Emérico Arnaldo de Quadros
Editora: InterSaberes
Sinopse: este livro apresenta um diálogo entre a psicanálise e
a psicopedagogia. Fundamentando-se na teoria psicanalítica de
Sigmund Freud e na teoria do vínculo de Enrique Pichon-Rivière,
o texto contribui de forma ímpar ao estudo essencial e à prática
psicopedagógica.
livro
212
eu recomendo!
filme
Divertida Mente
Ano: 2015
Sinopse: Riley é uma garota divertida de 11 anos de idade, que
deve enfrentar mudanças importantes em sua vida quando seus
pais decidem deixar a sua cidade natal, no estado de Minnesota,
para viver em San Francisco. Dentro do cérebro de Riley, convivem
várias emoções diferentes, como a Alegria, o Medo, a Raiva, o No-
jinho e a Tristeza. A líder deles é Alegria, que se esforça bastante
para fazer com que a vida de Riley seja sempre feliz. Entretanto, uma confusão na
sala de controle faz com que ela e Tristeza sejam expelidas para fora do local. Agora,
elas precisam percorrer as várias ilhas existentes nos pensamentos de Riley para que
possam retornar à sala de controle – e, enquanto isto não acontece, a vida da garota
muda radicalmente.
conecte-se
213
5
PRÁXIS PSICOPEDAGÓGICA:
ENCAMINHAMENTOS
e Intervenções
PROFESSORA
Drª Cristina Cerezuela
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • O Informe Psicopedagógico • A
Devolutiva do Processo de Avaliação e Diagnóstico • O Processo Corretor • Possibilidades e limites das
intervenções psicopedagógicas • A Psicopedagogia à luz da Inclusão Educacional.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Analisar as informações imprescindíveis para um informe psicopedagógico • Discutir sob o olhar psico-
pedagógico, a importância da devolutiva ao sujeito, à família e à instituição • Analisar o conceito de Pro-
cesso Corretor no atendimento psicopedagógico • Discutir as possibilidades e limites das intervenções
psicopedagógicas nos aspectos: clínico, preventivo e teórico • Relacionar a atuação psicopedagógica
frente ao processo de inclusão educacional.
INTRODUÇÃO
Você está chegando à última unidade desta disciplina. Espero que ela es-
teja agregando vários saberes à sua formação. Muitos conceitos diferentes
trabalhados, não é mesmo? E não, para por aqui: nesta unidade, quere-
mos que você tenha uma visão mais ampla das possibilidades da atuação
psicopedagógica. Estamos alinhavando as ideias principais para que você
costure uma trajetória profissional fértil. É uma semente que esperamos
que seja fecundada em uma base preparada.
Por isso, vamos estudar, nesta unidade, cinco pontos essenciais para a
atuação psicopedagógica. O primeiro deles é o Informe Psicopedagógico,
nome atribuído ao primeiro tópico, que discute a representação efetiva
desse documento. Ele pode ser uma das formas mais promissoras de di-
vulgação de seu trabalho. Cada detalhe é importante, cada processo é um
exercício para a práxis. Logo, estude com dedicação, pois esse documento
é a principal fundamentação para a realização do próximo tópico.
A Devolutiva do Processo de Avaliação e Diagnóstico, é uma das
cinco temáticas da Epistemologia Convergente, e precisa ser realizada com
muita sabedoria. Tanto os pais ou responsáveis quanto a própria criança
avaliada e o contexto escolar que ela frequenta esperam não apenas a reve-
lação das possíveis causas que obstaculizam o processo de aprendizagem,
mas sim, e de forma contundente, esperam as possibilidades de soluções
para quaisquer hipóteses diagnósticas apresentadas.
Para isso, o estudo do Processo Corretor, assunto do terceiro tópico,
é imprescindível para sua formação. As técnicas estudadas e os objetivos
da intervenção psicopedagógica são meios de assegurar a qualidade do
seu atendimento.
Os dois últimos tópicos dizem respeito, respectivamente, às Possibili-
dades e limites das intervenções psicopedagógicas e à Psicopedagogia
à luz da Inclusão Educacional, assuntos que, tenho certeza, farão você
pensar com satisfação sobre as oportunidades que virão.
Vamos vencer esse desafio?
1
O INFORME
UNIDADE 5
PSICOPEDAGÓGICO
UNICESUMAR
ético, mas sem deixar de contemplar nenhuma informação importante.
Veja, no modelo a seguir, os itens que devem ser imprescindíveis no informe
psicopedagógico.
INFORME PSICOPEDAGÓGICO
I. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Nome do cliente:
Data de Nascimento:
Idade: anos meses.
Filiação:
Período da Avaliação: Início:______________ término:________________.
Escola: Ano:
II. MOTIVO DO ENCAMINHAMENTO
(Razões que motivaram o encaminhamento do aluno para avaliação)
Copiar o motivo enviado pela escola e o motivo apresentado pelos pais, (ou
responsáveis) no momento da entrevista. Quando necessário, faça a adequa-
ção do texto, omitindo dados sigilosos e/ou pejorativos.
III. INSTRUMENTOS UTILIZADOS
Instrumentos utilizados para avaliação/coleta de dados.
IV. SÍNTESE DAS ÁREAS AVALIADAS
Correlacionar os dados significativos da anamnese (excluindo as informações
que já são de domínio da escola. Ex.: quantidade de filhos, escolaridade dos
pais ou responsáveis das informações, fornecidas pela escola, da análise do
material escolar, das observações espontâneas e dirigidas, dos comporta-
mentos apresentados durante o processo, de avaliação e o desempenho do
aluno [a], nas áreas avaliadas [testes formais e informais]).
• Anamnese com inclusão do diagnóstico médico (laudo).
• Observações realizadas no contexto escolar.
• Comportamento durante a avaliação.
• Sensorial (auditiva / visual / tátil).
• Socioemocional: (testes formais e informais) anamnese, dados fornecidos
pela escola, informação social, desenhos projetivos (HTP realizado pela psicó-
loga), descrevendo inclusive o desenho da figura humana (imagem corporal),
provas projetivas psicopedagógicas (Parelha educativa, Eu e meus compa-
nheiros, Fazendo o que mais gosto, entre outros).
• Intelectual: testes formais (WISC, realizado pelo profissional da psicologia).
• Estruturas cognitivas: provas piagetianas.
217
• Psicomotora: coordenação global dinâmica, global estática, motora fina,
UNIDADE 5
218
que possam comprometer a intimidade das pessoas, grupos e
UNICESUMAR
instituições sob seu atendimento.
Parágrafo 1º
Não se entende como quebra de sigilo informar sobre o cliente
a especialistas e/ou instituições, comprometidos com o aten-
dido e/ou com o atendimento.
Parágrafo 2º
O psicopedagogo não revelará como testemunha fatos de que
tenha conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que
seja intimado a depor perante autoridade judicial (ASSOCIA-
ÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA, 2011, on-line)¹.
219
2
A DEVOLUTIVA DO
UNIDADE 5
PROCESSO
de Avaliação e Diagnóstico
220
os procedimentos adotados, isto é, tudo que foi realizado com a criança. Depois
UNICESUMAR
de feito esse relato, é importante que ocorra uma exposição do que o paciente
tem de melhor: suas potencialidades, suas atitudes positivas diante dos desafios.
Toda valorização do que ele faz de melhor. Em seguida, inicia-se a comunicação
dos obstáculos que estão impedindo o desenvolvimento pleno do paciente, quer
na vida acadêmica, quer em sua interação com o meio. O resultado positivo de
todo o processo depende muito da condução que o psicopedagogo terá durante
a devolutiva. A devolutiva faz parte do continuum do tratamento.
Você verá, com os estudos, que é imprescindível que o psicopedagogo tenha
propriedade teórica para explicar à família o que o quadro identificado significa.
Não basta apenas informar o resultado; é necessário explicar os parâmetros que
delinearam o resultado. Por exemplo: para uma criança que apresenta um déficit
cognitivo, o psicopedagogo deve ter condições de explicar como seria um desen-
volvimento normal, quais respostas e testes realizados pela criança indicaram tal
diagnóstico. Em outras palavras, a devolutiva deve ir além de apresentar conclusões;
ela deve possibilitar aos pais a percepção das responsabilidades que o caso possa
vir a desenvolver. Essa percepção deve ocorrer em todas as dimensões, deve ir à
essência do problema. Por isso, o psicopedagogo deve ser claro, direto e objetivo.
Os encaminhamentos também precisam ser fundamentados e, após a coleta
e análise de dados, o psicopedagogo pode concluir que um outro profissional, ou
mesmo uma equipe multiprofissional, seja requisitado para acompanhar e/ou dar
continuidade a algum aspecto do tratamento ou do próprio diagnóstico. É necessário
que o psicopedagogo mostre quais indicativos o fizeram chegar a essa solicitação.
Quando a devolutiva se encerra, é importante que os pais não tenham dúvi-
das. É necessário que o psicopedagogo deixe claro como a criança aprende, quais
são as possibilidades de mudança do quadro da queixa e, principalmente, quais
são suas potencialidades!
221
3
O PROCESSO
UNIDADE 5
CORRETOR
UNICESUMAR
todo clínico para modificar o estado de um objeto, neste caso, a aprendizagem.
Processo Corretor consiste no conjunto de operações clínicas que facilita a apa-
rição e estabilização de condutas; é o processo que acontece entre duas pessoas
para um adequado funcionamento do sujeito, neste caso, a aprendizagem. No
Processo Corretor, o profissional não espera as coisas acontecerem, mas pro-
voca-as em função dos traços particulares do sujeito. Para os atendimentos, é
necessário considerar três unidades de análise: o sujeito, o psicopedagogo – ou
agente corretor –, e a relação que se estabelece entre ambos.
Existem várias concepções teóricas de como aplicar o processo corretor. Va-
mos nos fundamentar na concepção teórica da epistemologia convergente de
Visca (1987). Para ele, um processo corretor reflete ou deveria refletir o esquema
de referencial no qual se opera. O esquema da epistemologia convergente é:
1. Epistemologia convergente é o esquema conceitual confi-
gurado em virtude da assimilação recíproca das contribuições
das escolas psicanalíticas, de Genebra e da psicologia social.
2. A personalidade se caracteriza por ser uma configuração
constituída a partir da interação da organização biológica com
o meio.
3. Configuração que, na sua gênese, constitui uma totalidade
indiscriminada, a qual, em virtude da evolução, se diferencia
em sistemas.
4. A personalidade possui unidade funcional, porém não es-
trutural (VISCA, 1987, p. 88).
Queremos chamar à sua atenção que Visca (1987) deixa claro que não existe dois
processos iguais; eles podem diferenciar-se em três unidades básicas de análise:
a relação, o sujeito e o processo corretor.
Para o emprego do processo corretor, utiliza-se uma série de recursos clínicos,
por exemplo: a mudança de situação, a informação, a informação com redun-
dância, o modelo de alternativa múltipla, a informação intrapsíquica, a mostra,
o acréscimo ao modelo, o assinalamento, a interpretação, a proposição conflitiva
e a explicação de interesses, o desempenho de papéis, entre outros.
Visca (1987) ainda apresenta alguns critérios para a utilização desses recursos,
a saber:
223
a) todo recurso é utilizado para incidir sobre um existente
UNIDADE 5
a) O enquadramento
UNICESUMAR
tratamento neste quesito são:
1) É sintomático: o tratamento centra-se no ponto de urgência
do paciente que é não poder integrar os objetos de conheci-
mento [...].
2) É situacional: isto quer dizer que baseamo-nos quase ex-
clusivamente naquilo que ocorre na sessão [...].
3) É operativo: No tratamento psicopedagógico, a relação é
feita principalmente em torno de uma tarefa precisa e concreta
[...] (PAÍN, 1992, p. 77-79, grifo do autor).
b) Os objetivos
225
Diante disso, os objetivos do tratamento psicopedagógico podem ser resu-
UNIDADE 5
pensando juntos
c) Técnicas
226
1) Organização prévia da tarefa: para independizar o pa-
UNICESUMAR
ciente do psicólogo [psicopedagogo], é importante que aquele
discrimine o estímulo da aprendizagem como diferente do
educador e assuma a tarefa como coisa própria, alheia a uma
exigência que venha de fora [...].
2) Graduação: para favorecer a autonomia intelectual muito
importante que a exigência proposta pela situação de apren-
dizagem se adeque às possibilidade reais, da criança, levando
em conta sua estrutura mental, suas estratégias, seus conheci-
mentos prévios, os imperativos culturais de seu ambiente, seus
interesses pessoais e que se tenha cuidado especialmente com
a gradação correta das dificuldades sucessivas em cada tema,
de modo que o sujeito possa efetuar por si mesmo a assimila-
ção do elemento novo no contexto de redundância que evite
qualquer confusão [...].
3) Autoavaliação: pelo mesmo motivo, toda tarefa tem uma
finalidade bem determinada indicada e tal determinação
mantém-se vigente durante todo o exercício [...].
4) Historicidade: O paciente frequenta, em média, três ses-
sões semanais; assim, durante três horas semanais, separadas
entre si por muitas horas, sua vida transcorre no cenário pecu-
liar do consultório, onde lhe cabe um papel bem definido. Este
pequeno transcurso forma uma pequena história chamada
tratamento, que apenas como sequência adquire fisionomia;
nos casos dos problemas de aprendizagem resgatar essa se-
quência é construir uma memória; um esquema, continente
de recepção de experiências do qual o paciente carece [...].
5) Informação: Um aspecto especial a ser levado em conside-
ração é a informação que precisamos dar ao sujeito para que
possa aplicar suas estruturas cognitivas num nível da realida-
de. Esta informação só é admitida na medida que se integra
com pautas e esquemas que permitiram ao sujeito construir
o mundo que ele habita até o presente momento.
6) Indicação: Assinalamento e interpretação. A maioria das
intervenções do psicopedagogo tem por objetivo explicitar
227
verbalmente as variáveis que definem num momento dado,
UNIDADE 5
4
POSSIBILIDADES E
LIMITES
das Intervenções
Psicopedagógicas
UNICESUMAR
perfeitamente adequado para um contexto e para outro, não. A diferença é que
compõe um conceito de igualdade.
Pense no seguinte jogo de palavras: todas as intervenções são iguais no enten-
dimento de que cada uma é diferente da outra. Ao brincarmos com as palavras,
estamos tocando em um assunto muito sério: a psicopedagogia clínica diz respeito
ao modo de abordar o seu objeto de estudo, isto é, as características distintas de atua-
ção psicopedagógica, que pode ser definida como intervenção psicopedagógica.
A atuação/intervenção psicopedagógica pode ser caracterizada em: caráter
preventivo, caráter clínico e caráter teórico; em relação ao espaço, a intervenção
pode acontecer em dois ambientes diferentes: o institucional e o clínico.
Jorge Visca (1991) se dedicou a explicar que usar o termo clínica, se referindo
ao atendimento em consultório, é um grande equívoco. Isso porque psicopeda-
gogia clínica,
“
[...] Não significa isto de forma nenhuma. Na escola se faz clíni-
ca, na comunidade se faz clínica... no sentido de perceber o
sujeito como ele é. Diagnosticar este sujeito, trabalhar com este
sujeito, mesmo que seja um grupo ou uma comunidade, aceitando
este sujeito como ele é. Eu acho que o consultório é um laboratório
de pesquisa, mas agora acredito que o objetivo do psicopedago-
go seja trabalhar com a sociedade em geral. Pesquisar a forma de
aprendizagem que existe na sociedade em geral (VISCA, 1991, p.
16-17, grifos nossos).
De acordo com Scoz (1992), a grande questão das escolas é encontrar caminhos
que possibilitem ao professor a revisão de sua própria prática, descobrindo al-
ternativas possíveis para melhorar sua ação. O psicopedagogo pode, entre outras
atividades, orientar estudos, mediar a apropriação dos conteúdos, atender crian-
ças e professores e, assim, contribuir muito para a constituição de um novo olhar.
Você conhece alguma escola em sua região ou em sua cidade que tenha um
profissional da psicopedagogia? São raras, não é mesmo? Por isso, podemos afir-
mar que existe um campo de atuação que não é muito explorado. A partir dessa
constatação, podemos inferir, entre outras conclusões, pelo menos duas princi-
230
pais: 1ª) a ausência desse profissional exige de toda equipe escolar um empenho
UNICESUMAR
e um conhecimento a mais para atuar e buscar diminuir os índices de fracasso
escolar; 2ª) é um setor que você pode almejar ingressar para exercer a psicopeda-
gogia, oferecendo um trabalho de qualidade que fará um diferencial no contexto
da instituição educativa.
No contexto escolar, é primordial compreender a necessidade do trabalho
psicopedagógico, que torna possível uma consistente abordagem e uma poste-
rior intervenção, tendo um olhar singular para o educando e para a escola. Ao
explorar as dinâmicas que ocorrem no interior da instituição e a relação entre
educando, educador e família, o trabalho do psicopedagogo pode fazer diferença
nos processos de aprendizagem.
O psicopedagogo pode atuar de forma preventiva nas instituições educa-
cionais, percebendo as dificuldades de aprendizagem que já se apresentarem
instaladas e atuando no diagnóstico e nas terapias psicopedagógicas. Com esse
empenho, o profissional da psicopedagogia tem assumido diariamente contornos
diferenciados, pois ele tem possibilidades de olhar e compreender a história da
criança e as multifacetas do desenvolvimento.
De acordo com Weiss (2008), no mundo atual, as crianças vão cada vez mais
cedo para as instituições de educação, cabendo aqui o objeto de estudo da psi-
copedagogia na função preventiva: trabalhar com o ser humano em desenvol-
vimento enquanto educável. Entretanto, a psicopedagogia atua de forma ampla,
tanto na escola quanto na família e na comunidade; ela esclarece sobre as etapas
da evolução ligadas aos processos de aprendizagens e as condições determinantes
dessas dificuldades.
É bastante significativo o número de alunos que apresentam dificuldades
na aprendizagem dos cálculos, da leitura, da escrita e até mesmo dificuldade
na organização do pensamento. Todas essas questões exigem uma abordagem
terapêutica. Dado este fato, fica implícita a necessidade de ação preventiva do psi-
copedagogo, que vai atuar como parte integrante da vida escolar desse aluno, pois
esse profissional é capaz de colaborar para que estabeleça com o ato de aprender
uma relação prazerosa e desafiadora, superando seus limites (WEISS, 2008).
Dois aspectos que a psicopedagoga Scoz (1992) destaca imprescindíveis para
a atuação preventiva dizem respeito à formação técnica e à sensibilidade ética do
psicopedagogo. Cada profissional deve ter, de forma clara, o domínio teórico do
que se propõe a executar e, de forma igual, sensibilidade para escutar, entender
o outro e conhecer as limitações de seu próprio trabalho.
231
b) O trabalho clínico do psicopedagogo
UNIDADE 5
Você pode estar questionando: mas, na atuação clínica fazemos também o tra-
balho preventivo,' ou não?
A resposta para essa pergunta é sim! No atendimento clínico, fazemos tam-
bém o trabalho preventivo. O trabalho clínico não deixa de ser um trabalho
preventivo, pois quando atendemos uma criança, tratando de um diagnóstico já
instalado, estamos alterando suas estruturas cognitivas e emocionais, prevenindo
o agravamento do quadro e até mesmo o aparecimento de outros problemas.
Paín (1992) destaca que o atendimento terapêutico se inicia no primeiro
contato para o diagnóstico. Você verá, no decorrer dessa formação, que o atendi-
mento geralmente é realizado em duas etapas: primeiramente o diagnóstico e, na
sequência, o tratamento. É possível, porém, observar mudanças na criança a partir
do primeiro contato, pois para ela não há distinção entre esses procedimentos.
Podemos inferir, pela nossa prática, que um dos motivos que pode levar a essa
mudança na criança se dá pelo simples fato de ela receber um olhar diferenciado.
“
[...] o tratamento começa com a primeira entrevista diagnóstica, já
que o enfrentamento do paciente com sua própria realidade, realidade
esta que provavelmente nunca precisou se organizar em forma de
discurso, o obriga a uma série de aproximações, avanços e retrocessos
mobilizados de um conjunto de sentimentos contraditórios. Os pou-
cos assinalamentos realizados [...] para orientar o motivo da consulta
e a história vital, bem como as perguntas destinadas a confirmar ou
descartar hipóteses plausíveis, chegam a ser para o paciente descober-
tas deslumbrantes e desencadeadoras de uma série de lembranças e
de esquecimentos injustificáveis (PAÍN, 1992, p. 72).
Em nossa prática, percebemos que muitas crianças que estão passando por mo-
mentos difíceis na escola são encaminhadas para a avaliação psicopedagógica e,
durante o processo (que geralmente leva entre dez a doze sessões distribuídas em
um pouco mais de 2 meses de atendimento), algumas questões são resolvidas. A
subjetividade do indivíduo em relação à sintomatologia do problema é um campo
fértil para trabalhar com o olhar psicopedagógico.
O profissional, ao dar atenção aos sinais e sintomas que a criança apresenta,
inicia um trabalho nomeado por Sara Paín (1992) de técnica da condução do
processo psicológico da aprendizagem. Para esse momento, o que é muito im-
232
portante saber é que, apesar de chamar condução do processo psicológico, essa
UNICESUMAR
técnica tem enfoque estritamente voltado para a aprendizagem. O diferencial do
tratamento psicopedagógico terapêutico é que o olhar do profissional volta-se
em construir situações de ensino que possibilitem a aprendizagem, interessando
em principal, não por aquilo que a criança não sabe ou não aprende, mas sim os
fatores que determinam esse não aprender no sujeito e pela significação que a
atividade cognitiva tem para ele.
As crianças manifestam esses sinais e sintomas de diversas maneiras; entre
elas podemos chamar a atenção para a comunicação em si e pelos movimentos
corporais, tais como: movimentos repetidos com as mãos (como apertar ou tor-
cer), expressões faciais com os olhos, a boca e a testa; movimentos de corpo de
retração ou expansão diante de certas atividades, o desinteresse e ou a apatia (de
forma generalizada ou focalizada) e ainda a motivação exacerbada somente para
determinadas atividades.
Ao observar esses sintomas e sinais correlacionados às respostas cognitivas
que a criança oferece diante das atividades e ao seu histórico de vida, o psicope-
dagogo consegue, já no primeiro contato, iniciar um processo que chamamos de
levantamento de hipóteses diagnósticas. Esse levantamento de hipótese direcio-
na algumas de suas atividades avaliativas para identificar com maior clareza o
fenômeno apresentado, confirmando ou excluindo as hipóteses iniciais. Por esse
motivo, o tratamento psicopedagógico se inicia desde o primeiro contato com
a criança.
O trabalho clínico terapêutico do psicopedagogo consiste em entender o
sintoma, relacioná-lo à não-aprendizagem e eliminá-lo. Este é objetivo principal
do tratamento. Logo, diagnóstico e tratamento estão dialeticamente ligados e se
apresentam fazendo parte da unidade do sujeito.
Para o atendimento terapêutico, trabalhamos com um conceito próprio da
psicopedagogia que se chama enquadramento. Essa concepção de enquadre e de
unicidade permite que se direcione todo o trabalho clínico para eliminar, de for-
ma mais assertiva, os obstáculos de aprendizagem. No entanto, só é possível rea-
lizar um bom enquadre e um bom tratamento terapêutico quando o profissional
busca atingir os objetivos básicos do tratamento psicopedagógico, mencionados
no tópico que discutimos o processo corretor.
Em outras palavras, a psicopedagogia trabalha para que a criança goste de
aprender, estabeleça um vínculo positivo com a aprendizagem, consiga aprender
de forma autônoma e, ainda, melhore seu autoconceito e sua autoestima.
233
O campo de atuação da psicopedagogia é focado no estudo do processo de
UNIDADE 5
234
A linguística traz a compreensão da linguagem como um
UNICESUMAR
dos meios que caracterizam o tipicamente humano e cultural:
a língua enquanto código disponível a todos os membros de
uma sociedade, e a fala como fenômeno subjetivo, evolutivo
e historiado de acesso à estrutura simbólica;
A pedagogia contribui com as diversas abordagens do pro-
cesso ensino-aprendizagem, analisando-o do ponto de vista
de quem ensina;
Os fundamentos na neuropsicologia possibilitam a compreen-
são dos mecanismos cerebrais que subjazem ao aprimoramento
das atividades mentais, indicando-os a que não correspondem,
do ponto de vista orgânico, todas as evoluções ocorridas no plano
psíquico (BOSSA, 2007, p. 28-29, grifos nossos).
“
A elaboração teórica visa criar um corpo teórico da psicopedagogia,
com processo de investigação e diagnóstico que lhe sejam especí-
ficos, por meio de estudos das questões educacionais e da saúde
no que concerne ao processo de aprendizagem. Implica, desta ma-
neira, uma reflexão constante sobre a pertinência da aplicação das
235
diversas teorias ao campo da psicopedagogia, por meio de avaliação
UNIDADE 5
Veja que destacamos duas expressões. A primeira, é “leitura e releitura”, pois que-
remos voltar sua atenção para a quase obrigação de estarmos em ininterruptas
consultas ao aporte teórico. A releitura pode ressignificar a prática e elucidar al-
guns casos atuais que, no momento da primeira leitura, não estavam relacionados
à sua prática. A segunda expressão destacada é “processo de aprendizagem e
processo de não-aprendizagem”. Esse destaque diz respeito à necessidade de pro-
dução de forma igual para os sucessos e insucessos da aprendizagem. Cada pro-
dução chega ao profissional como uma oportunidade de construir uma prática
nova e ou reconstruir uma prática antiga com novos pressupostos, como novas
estratégias com as quais outros profissionais obtiveram êxito.
236
5
A PSICOPEDAGOGIA
UNICESUMAR
À LUZ DA
Inclusão Educacional
O que você pensa a respeito da inclusão? Você sabe o que a definição de inclusão
contempla? Você conhece alguém que necessita de um atendimento diferenciado
ou necessita ser incluído como público alvo das políticas públicas inclusivas?
Nesta unidade, vamos discutir um assunto muito importante: a inclusão sob o
olhar da psicopedagogia. Você está aprendendo com essa formação em que a psi-
copedagogia é uma área de conhecimento que estuda o processo de aprendizagem
e da não-aprendizagem. A contribuição dessa área, segundo Scoz (1992), direciona
ao entendimento do desenvolvimento dito normal quanto ao desenvolvimento pa-
tológico. A metodologia clínica permite ao profissional relacionar aos dois aspectos
as características individuais e as características contextuais do sujeito aprendiz.
Em relação às políticas públicas de inclusão, sabemos que o público-alvo
se reúne em 3 grupos: as pessoas com deficiências, as pessoas com transtornos
globais do desenvolvimento e as pessoas com altas habilidades/superdotação.
Entretanto, o público-alvo do atendimento psicopedagógico vai além dessa classi-
ficação. A psicopedagogia abrange uma análise clínica e sistêmica do sujeito, então
abarca para além do campo epistemológico contemplado pelo da atendimento
educacional especializado pautado nas políticas públicas.
O quadro a seguir (Quadro 2) mapeia o atendimento educacional especializado.
237
Deficiência física
UNIDADE 5
Múltiplas Visão
PÚBLICA
Surdocegueira subnormal
FEDERAL Altas habilidades
Superdotação
DO AEE
Transtornos do
espectro autista
Transtornos globais
do desenvolvimento Psicoses
“
O objetivo da inclusão nas escolas é criar um mundo em que todas
as pessoas se reconheçam e se apoiem mutuamente, e esse objetivo
não é atingido por nenhuma falsa imagem da homogeneidade em
nome da inclusão. Uma das maneiras de reconhecer as caracterís-
ticas ou as diferenças individuais dos alunos é proporcionar-lhes
oportunidades para encontrarem-se com outros grupos formados
em torno de características ou questões específicas e lhes permitir
compartilhar informações, apoio e estratégias para transformar o
preconceito, a discriminação e as práticas da vida.
“
Nessa linha de pensamento, a educação inclusiva deve ter como
ponto de partida o cotidiano, o coletivo, a escola e a classe comum,
238
onde todos os alunos com necessidades educativas, especiais ou
UNICESUMAR
não, precisam aprender e ter acesso ao conhecimento, à cultura e
progredir no espaço pessoal e social (BRASIL, 2004, p. 5).
Perante essa nova postura que a escola deve assumir, surge o desafio aos educado-
res e aos que fazem parte do quadro escolar, pois adequar o espaço para trabalhar
as diferenças de forma criativa e produtiva, respeitando o direito de igualdade de
oportunidades faz-se fundamental. A psicopedagogia atua ao auxiliar o processo
de inclusão da criança, tanto em relação ao seu próprio desenvolvimento e apren-
dizagem quanto no assessoramento aos profissionais que atendem a criança.
Segundo Scoz (1992, p. 2), a instrumentalização do professor é fundamental
para lidar com as dificuldades de aprendizagem. “Para isso, é necessário que o
professor consiga subsídio para definir os limites e as possibilidades de sua ação
profissional”. É a partir daí que verificamos a suma importância de um profissio-
nal da psicopedagogia para esse acompanhamento. Como afirmam Bassedas et
al. (1996), devemos lembrar que o assessoramento psicopedagógico faz sentido
na medida em que tenta colaborar com o professor na solução, mais ou menos
imediata, dos problemas que surgiram durante a sua prática docente.
O desempenho do psicopedagogo em uma instituição fundamenta-se em in-
vestigar, por meio do processo diagnóstico, os motivos que podem estar obstruin-
do o curso regular do aprendizado institucional, a circulação das informações, as
atribuições das lideranças e dos liderados, bem como as razões que podem levar
ao insucesso organizacional. Sendo assim, cabe ao psicopedagogo realizar um
processo de socialização de seus conhecimentos junto à equipe pedagógica e ao
corpo docente, para viabilizar as estratégias metodológicas para a inclusão. Isto
é, promover um olhar diferenciado para as diferenças.
O estudo psicopedagógico abarca inteiramente seu propósito quando ex-
pande a abrangência sobre as peculiaridades e necessidades de aprendizagem
daquele aluno, pensando “nele” e “sobre ele” como um ser único, que tem suas
especificidades e diferenças perante o grupo. Exercitar esse olhar dá espaço para
que a escola disponibilize recursos para atender às necessidades de aprendiza-
gem. Dessa maneira, o fazer pedagógico se modifica, podendo tornar-se uma
ferramenta poderosa no ambiente escolar.
Esses desafios que surgem para o psicopedagogo na instituição escolar co-
municam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e profissional sugere
a consolidação de uma identidade própria e particular que seja apta a agrupar
atributos, habilidades e competências de desempenho na instituição escolar.
239
Segundo Bossa (2007, p. 23),
UNIDADE 5
“
[...] Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no
processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade
educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações me-
todológicas de acordo com as características e particularidades dos
indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já que no
caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes respon-
sáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/
prático das políticas educacionais, fazendo com que os professores,
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
à sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da
criança ou, da própria ensinagem.
Orientar os pais.
Auxiliar os
educadores e
consequentemente
à toda comunidade
aprendente.
Buscar
instituições parceiras
(envolvimento com
toda a sociedade).
Colaborar no
desenvolvimento Acompanhar a
de projetos implementação e
(Oficinas implantação de
psicopedagógicas). nova proposta
metodológica
de ensino.
Promover encontros
socializadores entre
corpo docente, discente,
coordenadores, corpo
administrativo e
de apoio e
dirigentes.
240
Você pode dimensionar a importância desse papel?
UNICESUMAR
Na sua prática, você verá que o psicopedagogo pode auxiliar na discussão e na
formação de educadores que atuam diretamente com o aluno. Por muitas vezes,
a comunidade escolar fica carente de informações práticas e toda contribuição é
bem-vinda para ajudar a lidar com as dificuldades de aprendizagem.
A didática que o professor já possui, aliada ao olhar psicopedagógico que você
pode orientar, inserida na sala de aula, pode contribuir para uma aprendizagem
realmente significativa. Quando o educando se percebe como um protagonista
nesse processo de aprendizagem, o desejo de aprender é muito maior.
pensando juntos
Os obstáculos da aprendizagem
Você já deve ter percebido que, atualmente, é muito comum ouvirmos das insti-
tuições de ensino ou das famílias a queixa de não-aprendizagem. O foco principal
do motivo da existência da queixa é a busca por sua superação. Para ser mais
específico, é necessário recorrer ao aspecto etiológico da queixa, isto é, a causa
primitiva (origem) que desencadeou um funcionamento inadequado, quer do
cognitivo, quer do funcionamento neurológico, quer afetivo, das inter-relações
ou, ainda, por essas causas combinadas.
A Psicopedagogia tem muito a contribuir na identificação da gênese do pro-
blema e, como dito anteriormente, um diagnóstico e sua respectiva atuação psi-
copedagógica precisam compreender o processo de aprendizagem do sujeito e
os obstáculos postos frente ao aprender.
Visca (1991) identifica três tipos de obstáculos da aprendizagem:
241
Obstáculo Epistêmico – Estrutura cognitiva defasada em
UNIDADE 5
242
em relação à independência pessoal e responsabilidade so-
UNICESUMAR
cial. Sem apoio continuado, os déficits de adaptação limitam
o funcionamento em uma ou mais atividades diárias, como
comunicação, participação social e vida independente, e em
múltiplos ambientes, como em casa, na escola, no local de tra-
balho e na comunidade.
C. Início dos déficits intelectuais e adaptativos durante o pe-
ríodo do desenvolvimento (ASSOCIAÇÃO AMERICANA
DE PSIQUIATRIA, 2014, p. 33).
explorando Ideias
243
Freud (1976, apud VISCA, 1991) foi o primeiro a falar sobre o impulso epis-
UNIDADE 5
Você pode concluir que, ao aprender, é inevitável deparar-se com situações novas.
Para algumas pessoas, é natural aprender coisas novas e isso não causa nenhum
desconforto físico e/ou emocional.
Ao levar em consideração a epistemologia genética de Piaget, você pode infe-
rir que o aprender gera uma mudança em nossas estruturas que já estão acomo-
dadas, gerando um desequilíbrio. Para algumas crianças, esse desequilíbrio pode
provocar ansiedades e os diferentes tipos de medo mencionados, bloqueando a
criança para a aprendizagem.
244
Obstáculos funcionais da aprendizagem
UNICESUMAR
A teoria de Jorge Visca (1991) revela-nos que o obstáculo funcional é um con-
junto de obstáculos que podem ser de ordem emocional e de ordem estrutural.
Segundo o autor:
Além dos obstáculos epistêmicos e epistemofílico, não é difícil
deparar-se com perturbações que não seja o resultado de uma
detenção, retardamento ou involução no desenvolvimento da
estrutura cognitiva, nem respondam a um mero vínculo con-
fusional, de medo ao ataque ou de temor à perda.
Na prática este terceiro tipo de obstáculo se apresenta como a
afecção de uma função específica: dificuldade para antecipar
– mesmo quando o nível intelectual geral seja ótimo – difi-
culdade para a organização voluntária do movimento ou para
discriminação visual – mesmo quando o órgão da visão não
apresenta nenhuma alteração [...] (VISCA, 1991, p. 54).
Você pode estar pensando sobre as inúmeras questões que dificultam o sucesso
do processo de ensino e de aprendizagem da escola e da educação como um todo.
Não há uma única resposta plausível para justificar tal fracasso.
A necessidade de justificativa se dá pelo entendimento com vistas a melhorar
o ensino, e não para buscar uma forma de rotular a criança ou culpabilizá-la por
sua condição. A intenção é clara: precisamos entender o que a criança apresenta
para promover a aprendizagem. Nossa experiência profissional e nossa com-
preensão da teoria de Jorge Visca nos direcionam para a seguinte conclusão: os
transtornos funcionais específicos da aprendizagem (TFEs) podem ser
considerados obstáculos funcionais da aprendizagem, devido ao fato de
que esses transtornos não se enquadram nos outros dois obstáculos e nem nas
dificuldades e aprendizagem.
No próximo tópico, você estudará que as dificuldades de aprendizagem são
originárias de causas exógenas ao indivíduo, enquanto os TFEs são originários
de causas endógenas.
245
UNIDADE 5
explorando Ideias
Você sabia que Transtornos Funcionais Específicos da Aprendizagem (TFEs) – termo mais
atual – e os Distúrbios de Aprendizagem – termo na literatura mais antiga –, apesar da
diferença de nomenclatura, significam o mesmo quadro clínico? Para saber mais, leia o ar-
tigo "Mau desempenho escolar: uma visão atual de autoria de Cláudia Machado Siqueira e
Juliana Gurgel-Giannetti. Para saber mais, acesse: http://www.scielo.br/pdf/ramb/v57n1/
v57n1a21.pdf.
Os quatro critérios devem ser preenchidos apoiados em uma análise clínica “do”
e “sobre” o indivíduo, envolvendo a família, a escola, análise médica e análise psi-
cológica. Lembrando que a exclusão da deficiência intelectual deve ser realizada
pelo profissional de psicologia.
246
a) Dislexia
UNICESUMAR
Você já deve ter ouvido falar da dislexia. Saiba que se trata de um distúrbio
de leitura que pode ocorrer em adultos e crianças (BODER, 1973; ELLIS, 2001).
A diferença do distúrbio nessas duas fases de desenvolvimento do ser humano é
decorrente da forma com que o mesmo se apresenta, podendo ser do desenvol-
vimento ou adquirida.
De acordo com Marcelli e Cohen (2009, p. 107), “[...] a dislexia caracteriza-se
pela dificuldade de adquirir a leitura na idade habitual sem que haja qualquer debi-
lidade ou deficiência sensorial. Associam-se à dislexia dificuldades ortográficas [...].”
Para esta disciplina, é importante apresentar algumas das principais carac-
terísticas a serem observadas no aluno do Ensino Fundamental. Entre essas ca-
racterísticas, citamos que o primeiro motivo para suspeitar de um quadro diag-
nóstico de dislexia é o atraso na aquisição das competências da leitura e escrita.
Lembrando que este atraso deve ser em pelo menos 2 anos em relação à idade e
ao nível de escolarização em que a criança se encontra.
Segundo Estill (2009), há sinais que a criança demonstra em suas atitudes e
em seus materiais:
• Demora nas aquisições e desenvolvimento da linguagem
oral.
• Dificuldades de expressão e compreensão.
• Alterações persistentes na fala.
• Copiar e escrever números e letras inadequadamente.
• Dificuldade para organizar-se no tempo, reconhecer as ho-
ras, dias da semana e meses do ano.
• Dificuldades para organizar sequências espaciais e tempo-
rais, ordenar as letras do alfabeto, sílabas em palavras longas,
sequências de fatos.
• Pouco tempo de atenção nas atividades, ainda que sejam
muito interessantes.
• Dificuldade em memorizar fatos recentes – números de te-
lefones e recados, por exemplo.
247
• Severas dificuldades para organizar a agenda escolar ou da
UNIDADE 5
rotina diária.
• Dificuldade em participar de brincadeiras coletivas.
• Pouco interesse em livros impressos e escutar histórias (ES-
TILL, 2009, p. 2-3).
b) Discalculia
Você imaginaria que aproximadamente 3 a 6% das crianças têm discalculia
do desenvolvimento? (BASTOS, 2006). Mas o que é discalculia? Como o próprio
248
nome sugere, a discalculia pode ser “[...] considerada um problema de aprendiza-
UNICESUMAR
gem específico com a característica principal da dificuldade para compreender e
aprender matemática” (FARRELL, 2008, p. 73).
De acordo com o DSM-5, a discalculia é um termo para se referir a “[...] um pa-
drão de dificuldade caracterizado por problemas no processamento da informação
numérica, aprendizagem de fatos aritméticos e realização de cálculos precisos ou
fluentes” (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 2014, p. 67).
Para Marcelli e Cohen (2009, p. 370), “[...] é um fracasso na aprendizagem
dos rudimentos do cálculo e na capacidade de manejar um número pequeno de
maneira adequada”. Dentre as principais características a serem observadas no
ensino fundamental, destacamos, de acordo com Bastos (2006, p. 202):
• Erro na formação de números, que frequentemente ficam
invertidos;
• Dislexia;
• Dificuldades na identificação de números (visual e auditiva);
• Incapacidade para estabelecer uma correspondência recípro-
ca (contar objetos e associar um numeral a cada um);
• Escassa habilidade para contar;
• Dificuldade na compreensão de conjuntos e de quantidade;
• Dificuldade em entender o valor segundo a habituação de
um número;
• Inabilidade para efetuar somas simples;
• Inabilidade para reconhecer sinais operacionais e para usar
separações lineares;
• Dificuldades para ler corretamente o valor de números com
multidígitos;
• Memória pobre para fatos numéricos básicos;
• Dificuldades de transportar números para local adequado
na realização de cálculos;
• Ordenação e espaçamento inapropriado dos números em
multiplicações e divisões (BASTOS, 2006, p. 202).
249
Você conhece algum discalcúlico? Já viu essas características em algum aluno
UNIDADE 5
c) Disgrafia
Você deve ter percebido que, para introduzir cada TFE, trazemos vários auto-
res que os conceituam e os caracterizam. Isso é importante para mostrar o corpo
teórico que sustenta nossa escrita e para que você identifique as aproximações e
distanciamentos entre os estudos dos pesquisadores.
A disgrafia é um distúrbio neurológico que afeta especificamente a produ-
ção da escrita. “[...] São divididos em três tipos principais, a saber: desordem de
integração visual-motora, mais comumente chamada de disgrafia; deficiência em
revisualização; e deficiência de formulação e sintaxe” (MYKLEBUST; JONHSON
1983 apud JARDINI, 2003, p. 30).
Se você ler a pesquisa de Morais (2006, p. 136-137), vai entender a “[...] dis-
grafia como uma deficiência na qualidade do traçado gráfico, sendo que essa
deficiência não deve ter como causa um ‘déficit’ intelectual e/ou neurológico [...]”.
Segundo Marcelli e Cohen (2009), a disgrafia pode estar associada a:
Distúrbio da organização motora:
• Debilidade motora;
• Leves perturbações da organização cinética e tônica (dis-
praxia menor – dispraxia é uma disfunção motora neuroló-
gica que impede o cérebro de desempenhar os movimentos
corretamente);
Distúrbio espaço-temporal:
• Desordem na organização sequencial do gesto e do espaço;
• Transtorno do conhecimento;
• Transtorno da representação e da utilização do corpo, sobre-
tudo em sua orientação espacial;
Perturbação da Linguagem e da Leitura
• Pode estar associada à dislexia e disortografia;
250
Transtornos Afetivos:
UNICESUMAR
• Ansiedade;
• Agitação;
• Inibição, podendo chegar até a constituição de um verda-
deiro sintoma neurótico em que o significado simbólico da
escrita e do lápis que segura na mão torna-se prevalente. Ver-
dadeiras condutas fóbicas ou obsessivas em face da escrita
podem se manifestar por uma disgrafia cuja característica na
maioria dos casos deve ser isolada, podendo variar segundo a
natureza da escrita ou da pessoa a quem se dirige o escrito, e
cotejada com uma habilidade gestual e manual gestual e ma-
nual conservada em outro âmbito (desenho) (MARCELLI;
COHEN, 2009, p. 90, grifos nossos).
Você pode observar, na prática, que as crianças com essas características podem
apresentar também, de acordo com Cinel (2003), uma preensão inadequada do
lápis contra o papel e um descontrole no gesto gráfico; o traçado é impulsivo,
apressado, confuso, com a escrita irregular e instável.
d) Disortografia
Disortografia é a dificuldade de fixar as normas ortográficas da escrita de
nossa língua.
Veja exemplos típicos de quem apresenta disortografia a seguir:
Sintomas Exemplos
251
Sintomas Exemplos
UNIDADE 5
Para Marcelli e Cohen (2009, p. 107) disortografia são erros constatados nas escri-
tas que se assemelham aos erros observados na leitura, como: confusão, inversão,
omissão, dificuldades de transcrever os homófonos (os homônimos não homó-
grafos: chá-xá, seco-ceco, etc.), confusão de gênero, de número, erros sintáticos
grosseiros (a gente – "agente").
UNICESUMAR
EPISTÊMICO atraso cognitivo
Transtornos do déficit
de atenção (TDAH) Dislexia
OBSTÁCULOS DA Discalculia
APRENDIZAGEM OBSTÁCULO Transtornos específicos
Disgrafia
SEGUNDO JORGE FUNCIONAL da apendizagem (TFE)
VISCA Dislalia
Transtornos relacionados Disortografia
ao funcionamento na
área sensorial ou motora
Medo à confusão
OBSTÁCULO
Medo ao ataque
EPISTEMOFÍLICO
Medo à perda
As dificuldades de aprendizagem
de aprendizagem, esse “algo” não é transitório e pode causar sérios prejuízos para
sua escolarização e sua autoestima.
No processo de aprendizagem escolar, o desempenho, a motivação e a persistên-
cia diante das tarefas escolares, segundo Schunk (1995 apud FUNAYAMA, 2005),
são influenciados pelas percepções e julgamento dos estudantes sobre as suas pró-
prias capacidades. Para Paín (1992), a dificuldade pode estar ligada a fatores indi-
viduais, da ordem da dominância familiar, como também a fatores externos, ligada
à qualidade de estímulos do meio, a escola e a aspectos sociais da aprendizagem.
Weiss (1987 apud CAMPOS, 1994, p. 212) afirma que cabe à escola conhecer o
modelo de aprendizagem de cada aluno para poder ampliá-lo ou reformulá-lo. A
partir da análise de aspectos orgânicos, cognitivos, afetivos e sociais, a escola terá
condições de identificar como o aluno pode aprender e como realmente aprende,
que recursos mobiliza, o que já conhece e como se utiliza do que conhece, seus
interesses e motivações.
Você vai perceber, no decorrer deste curso e mais tarde, em seu exercício
profissional, que diagnosticar as dificuldades de aprendizagem não é uma tarefa
simples. Pelo contrário, Parente e Ranña (1987, p. 48) afirmam que “[...] o estudo
das dificuldades de aprendizagem constitui-se num campo amplo e complexo,
envolvendo determinantes sociais, culturais, pedagógicos, psicológicos e médi-
cos”. E complementamos com a necessidade da exclusão dos outros obstáculos
durante a avaliação, para alcançarmos uma hipótese diagnóstica assertiva.
Os autores estudados nesta disciplina ressaltam a necessidade dos múltiplos
olhares sobre os diversos fatores antes do diagnóstico, e também evidenciam a
importância da diferenciação entre dificuldade de aprendizagem das crianças
com as dificuldades escolares.
Díaz e Resa (1997) investigam as consequências na educação dos ambientes
socioculturalmente desfavorecidos. O comprometimento do desempenho escolar
devido a esses fatores, muitas vezes, pode ser levado a diagnósticos equivocados. Por
isso, é muito importante uma abordagem com profundidade nos estudos de caso
antes de apresentar uma hipótese diagnóstica e indicar medidas de intervenção.
Neste caso, em específico, não nos referimos apenas à pobreza econômica, mas aos
aspectos econômicos, culturais e sociais. Os autores afirmam que:
É um facto [sic] constatado que aparecem maiores dificul-
dades cognitivas, afectivas [sic] e emocionais, em indivíduos
pertencentes às faixas sociais mais pobres. Esta situação gera
254
uma série de circunstâncias, que fazem com que as crianças
UNICESUMAR
pertencentes a estas classes não encontrem as mesmas oportu-
nidades de desenvolvimento pessoal, escolar e laboral (DÍAZ;
RESA, 1997, p. 185).
Fatores biológicos
Díaz e Resa (1997) apresentam duas divisões aos fatores biológicos responsáveis
pelas dificuldades de aprendizagem, a saber: fatores pré-natais e os neonatais.
a) Fatores pré-natais
Os autores constatam que há intensa e direta associação entre certas condi-
ções de saúde durante a gravidez e desenvolvimento do feto e o desenvolvimento
de suas condições psico e fisiológicas. Entre elas:
Síndrome fetal de alcoolemia. Sua repercussão nas dificulda-
des de crescimento e deficiência mental na infância [...].
Perturbações no recém-nascido por uso de heroína por parte
da mãe durante a gestação [...].
Mal formação, atraso do crescimento e possíveis abortos, por uso
de outras drogas (álcool, tabaco, excesso de antibióticos) [...].
Má nutrição do feto por deficiente alimentação da mãe. É uma
variável por vezes associada a algumas das anteriores referidas
[...] (DÍAZ; RESA, 1997, p. 187).
Estas causas estão relacionadas diretamente às atitudes e aos hábitos que a mãe possui
durante a gravidez. Informações que o psicopedagogo só terá acesso por meio da
anamnese, por isso, é muito importante que a mãe entrevistada sinta-se segura e à
vontade para responder todas as questões da forma mais verdadeira possível.
255
b) Fatores neonatais
UNIDADE 5
Fatores familiares
Você verá neste tópico que os estudos demonstram a estreita correlação entre o
nível sociocultural da família e o aproveitamento escolar da criança. É possível
relacionar quatro pontos que influenciam a vida escolar da criança, são eles: o
código linguístico empregado pela família; o nível cultural dos pais; o nível ocu-
pacional dos pais e o nível socioeconômico da família.
Existe uma correspondência direta entre o nível sociocultural da família e o
sucesso escolar, pois famílias que possuem hábitos culturais e que estimulam e
valorizam o trabalho escolar do seu filho apresentam prole com melhores índices
de desenvolvimento acadêmico. Esses argumentos relacionam-se com a quanti-
dade de estímulo e subsídios que a família oferece à criança. Outra questão diz
respeito às famílias menos organizadas, com problemas emocionais ou proble-
mas de comunicação familiar ou, ainda, com atitudes e modelos paternos que
promovam aprendizagens inadequadas. Esse modelo de estrutura familiar pode
256
incidir sobre o desenvolvimento social e cognitivo das crianças. Neste sentido,
UNICESUMAR
é possível estabelecer uma relação inversamente proporcional: quanto menos
organizada a família, maior será o esforço que a criança terá que despender para
se desenvolver com sucesso educacional e social.
a) Código linguístico
O código linguístico usado pela família pode influenciar no desenvolvimento
escolar da criança. Famílias que usam os códigos linguísticos mais "elaborados" e
o “restrito” entendem sobre o saber cotidiano e saber científico, enquanto que a fa-
mília menos favorecida tem menos acesso ao código linguístico elaborado, apresen-
tando maiores condições de permanecer apenas na reprodução do saber cotidiano.
257
Fatores socioculturais
UNIDADE 5
a) Classe social
O vínculo entre a condição social a que a criança pertence e a sua escolari-
zação refere-se à carência de estímulos para desenvolver suas capacidades que
permitiriam potencializar a aprendizagem. Essa afirmação remete-nos, mais uma
vez, a nosso aporte teórico, que defende a ideia de que os seres humanos se de-
senvolvem mais sobre as bases sócio-históricas do que sobre as bases biológicas,
e que o ambiente enriquecido de estímulos favorecem o desenvolvimento de suas
potencialidades e, em consequência, seu sucesso escolar.
b) O contexto escolar
Ao nos referirmos ao âmbito escolar, destacamos que há duas vertentes que
circundam esse assunto: primeira, aquela que considera que é o aluno que fra-
cassa, pois não consegue desenvolver-se a contento, e a segunda refere-se àquela
que atribui esse fracasso à própria instituição escolar, que foi incapaz de encontrar
caminhos eficazes de adaptação e superação das necessidades do aluno. Sendo
assim, a produção do fracasso escolar ocorre “na” e “pela” própria escola.
De acordo com Díaz e Reza (1997), esses constantes fracassos na aprendi-
zagem escolar provocam aos alunos atitudes de rejeição em relação à escola e a
tudo o que a mesma significa, e isso pode causar ou agravar as suas dificuldades
de aprendizagem.
Quantos conceitos diferentes estamos vendo nesse tópico, não é mesmo?
Espero que você se familiarize com cada um deles em seu aspecto técnico e ob-
jetivo, e que sua ética e subjetividade possam auxiliar em cada análise individual.
258
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNICESUMAR
Ao final desta unidade, podemos afirmar que muito se avançou na discussão do
atendimento psicopedagógico. Você percebeu quantos conceitos novos foram
abordados?
Nesta unidade, você teve a oportunidade de conhecer quais as informações
imprescindíveis para um informe psicopedagógico. Teve acesso à informação
de que esse documento precisa ser, ao mesmo tempo, completo e sintético. Que,
além de mostrar um retrato fiel da criança avaliada, pode tornar-se uma vitrine
de seu trabalho.
Outro aspecto que fundamentamos foi a importância da devolutiva para o
sujeito, a família e a instituição. O destaque da Epistemologia Convergente vai
para que os três interessados no processo recebam com equidade de qualidade
o comunicado oficial, em principal a criança avaliada.
O processo corretor do atendimento psicopedagógico é um conceito espe-
cífico, que precisa de muito estudo e formação continuada após a sua formação
inicial. Devemos aproveitar as oportunidades científicas e toda evolução tecno-
lógica a nosso favor, para conseguirmos superar as dificuldades da criança.
Você se apropriou nesta unidade das possibilidades e limites das intervenções
psicopedagógicas em seus três aspectos: clínico, preventivo e teórico, bem como
a relação dessa atuação com o processo de inclusão educacional. Discutimos as
causa endógenas e as causas exógenas das dificuldades de aprendizagem e carac-
terizamos o público-alvo de nosso olhar psicopedagógico.
Para encerrar, em relação ao aspecto teórico da atuação psicopedagógica, aqui
fica um convite incentivador para você que está fazendo parte de uma formação
inovadora: o Bacharelado em Psicopedagogia, a consolidação e o reconhecimento
de nossa profissão recebem uma forte influência da produção científica que rea-
lizamos. Quanto mais divulgarmos nosso trabalho, em forma de pesquisa, mais
perto estaremos de uma aprovação do Projeto de Lei nº. 3.124/97 - de autoria do
Deputado Barbosa Neto, que está em tramitação no Senado desde 1997.
Então, animei-te com esse convite? Vamos produzir?
259
na prática
Em primeiro lugar, o objetivo do tratamento é conseguir uma ________ que seja uma
________ para o sujeito [...]. Em segundo lugar, o objetivo do tratamento é conseguir
uma aprendizagem ____________ por parte do sujeito [...]. Por último, salientamos
o último objetivo psicopedagógico, que é o de propiciar uma correta __________. A
260
na prática
4. Visca (1987) propõe que o processo diagnóstico se inicie desde o primeiro contato
com os pais ou com o próprio sujeito, e termine somente com a devolução. Ele, no
desenvolvimento da Epistemologia Convergente, sistematizou o processo diagnósti-
co em cinco passos e com uma ordem distinta. Assinale a alternativa que apresenta
os cinco passos na ordem correta.
5. Ao definir o trabalho clínico, a pesquisadora Bossa (2007) esclarece que ele se es-
tabelece na relação entre um sujeito com sua história pessoal e sua modalidade de
aprendizagem. Sobre essa afirmação, é correto afirmar que:
261
na prática
262
aprimore-se
O SÍMBOLO DA PSICOPEDAGOGIA
Prezado Psicopedagogo,
É com imensa satisfação que apresentamos o Símbolo da Psicopedagogia, eleito
por maioria de votos no VIII Congresso Brasileiro de Psicopedagogia, realizado em
São Paulo de 9 a 11 de julho de 2009.
A Diretoria Executiva da ABPp, por quase uma década, tem se mobilizado de dife-
rentes formas para que fosse criado e adotado um símbolo que representasse a ati-
vidade profissional do Psicopedagogo. A ideia foi encampada pelo Conselho Nacio-
nal da ABPp que, após vários estudos e sugestões trazidas pelas Seções e Núcleos,
propôs-se a fazer um trabalho reflexivo com o grupo de conselheiras, para que as
ideias pudessem ser gestadas a partir dos conceitos que norteiam a identidade da
Psicopedagogia, a fim de que a escolha pudesse ser a que melhor se adaptasse aos
objetivos propostos.
Assim, ao se definir e conceber o símbolo da profissão, buscamos produzir uma
síntese das consciências particulares, estabelecendo, consequentemente, através
daquela concepção, a consciência coletiva do segmento profissional.
Inspirado nos valores éticos inerentes à nossa profissão e nos princípios e signifi-
cados da simbologia, o símbolo deveria traduzir toda a grandeza da Psicopedagogia.
Nossa proposta para sua criação tinha como objetivo estabelecer o vínculo com nos-
sa história e resgatar seu real significado que, hoje mais do que nunca, permanece
através da legitimidade que a sociedade lhe atribui. Como resultado de todo esse
processo, a proposta de se partir da simbologia da Fita de Möbius foi aprovada.
263
aprimore-se
264
eu recomendo!
livro
filme
conecte-se
“The Potter” é uma animação que fará você refletir sobre várias questões que envolvem
os processos de ensino e aprendizagem e, por que não dizer, o trabalho psicopedagógico.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Pz4vQM_EmzI.
265
conclusão
conclusãogeral
geral
conclusão
conclusão
geral
geral
266
266
referências
ABPP. Código de ética do psicopedagogo. São Paulo: ABPP, 2019. Disponível em: http://www.
abpp.com.br/. Acesso em: 05 ago. 2019.
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orientação. Brasília: Ministério da Saúde, 2008.
CINEL, N. C. B. Prováveis causas dos distúrbios e estratégias para a correção da escrita. Revis-
ta do Professor. Porto Alegre, ano 19, n. 74, p. 18-25, abr/jun, 2003.
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CHEZ-CANO, M.; BONALS, J. (Org.). Avaliação psicopedagógica. Porto Alegre. Artmed, 2008.
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tores, 13 min, color. 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=J7_301moT-w.
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VISCA, J. Psicopedagogia: novas contribuições. 4. imp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.
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Acesso em: 12 ago. 2019.
5 Em: https://www.pearsonclinical.com.br/wisc-iv-escala-wechsler-de-inteligencia-para-crian-
cas-kit.html. Acesso em: 13 ago. 2019.
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gabarito
UNIDADE 1 UNIDADE 4
1. D 1. A
2. A 2. C
3. B 3. C
4. E 4. E
5. C 5. B
6. D
UNIDADE 2 7. E
1. B
UNIDADE 5
2. A
3. E 1. D
4. C 2. A
5. D 3. C
4. E
UNIDADE 3 5. E
6. B
1. A
2. B
3. E
4. E
5. E
6. C
7. D
272