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Dourados, MS 2021
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VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NOS TEMPOS DE PANDEMIA DO COVID-
19 EM MATO GROSSO DO SUL
Dourados, MS 2021
AGRADECIMENTOS
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RESUMO
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LISTA DE FIGURAS
Figura 01 .............................................................................. 12
Figura 02 .............................................................................. 13
Figura 03 .............................................................................. 14
Figura 04 .............................................................................. 15
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SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
3. OBJETIVOS..................................................................................................................................... 10
3. METODOLGIA................................................................................................................................ 10
4. DESENVOLVIMENTO.................................................................................................................... 10
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................. 17
6. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................... 18
7. ANEXOS ____________________________________________________________19
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1. INTRODUÇÃO
“Que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria
substância, já que viver é ser livre”
Simone de Beauvoir
É notório que a violência contra a mulher não é simplesmente um problema recente,
considerando que ele já está enraizado na história da sociedade e se perdura desde milhares
de anos atrás. Segundo nossas pesquisas, a violência contra as mulheres já se manifesta
desde os primórdios da humanidade, onde as mulheres foram caladas, violentadas e
tiveram sua história esquecida, nesse sentido podemos nos basear em reflexões trazidas à
tona pela historiadora Ana Maria Colling “Esta maneira androcêntrica de identificar a
humanidade com os homens e de fazer das mulheres seres menores, a meio passo dos
homens e das crianças, é muito antiga – remontando à cultura grega (...)” (COLLING, p
12). Ademais, as mulheres sempre foram apresentadas como um sexo frágil, sorrateiro e
trapaceiro, de forma que esses ideais foram muitas vezes reforçados, inclusive pelo
discurso propagado pela Igreja Católica em textos como o clássico do século XVII o
Malleus Malificariun no qual os inquisidores comentavam sobre as mulheres daqueles
tempos, no referido livro.
No entanto, apesar dessa questão estar muito presente nos dias atuais, esse contexto
de violência e inferiorização da mulher já se dá a muito tempo. E é presente em vários
momentos da história, onde o papel da mulher era definido com base em conceitos
machistas e quando elas realizavam algum feito considerado “relevante” para a sociedade,
sua história era “apagada” e, até nos tempos atuais, é ainda, muitas vezes escondida e
esquecida. Nesse sentido destacamos que, esse trabalho vai na direção contrária daquilo
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que a História, durante muito tempo fez com as mulheres, ou seja, silencia-las dentro de
nossa sociedade como aponta a historiadora Ana Maria Colling:
A História sempre foi uma profissão de homens que escreveram a história dos
homens, apresentada como universal, na qual o “nós” é masculino e a história
das mulheres desenvolve-se à sua margem. Estes homens descreveram as
mulheres, foram seus porta-vozes, e com este procedimento as enclausuraram,
tornando-as invisíveis " (COLLING, p.12)
O ano de 2020 e 2021 foi marcado pela pandemia do Covid-19, que ocasionou
diversas outras questões além de apenas as infecções pelo vírus, como por exemplo a sua
possível influência no número de casos de violência contra a mulher. Segundo a
especialista Nathalia Schuengue em seu texto “Violência contra a mulher cresce durante
pandemia de Covid-19” para o site PEBMED, a violência conta a mulher aumentou, no
entanto, o número de denúncias diminuiu possivelmente dadas as circunstâncias de
isolamento.
Esse contexto não é especifico da realidade brasileira, pois pode ser percebido
também quando analisamos estudos, nos quais dados provenientes da Organização das
Nações Unidas apontam para um aumento global da problemática, que também é objeto de
nosso estudo, nesse sentido:
2. JUSTIFICATIVA:
“A história deve ser analisada não somente como um campo de dominação, manipulação e
destino, mas como lugar de luta, de resistência e transgressão(...)”Ana Maria Colling
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congregamos da visão que estudar a violência de gênero é, em grande medida, um “ lugar
de luta, de resistência e transgressão” desta forma entendemos que trazer a tona dados
sobre a forma como as mulheres sofreram de maneira especial nessa pandemia acaba sendo
a nossa contribuição para seguirmos firmes, resistindo e sobrevivendo em uma sociedade
tomada pelo machismo e pautada pelo patriarcado.
Por outro lado, ainda, acreditamos que a produção de conhecimento baseado em
elementos e pressupostos científicos podem contribuir na maior conscientização das
pessoas, principalmente após a difusão dos resultados por nós alcançados.
Nesse sentido destacamos que além da violência ser nosso objeto de pesquisa o
tema tem sido encarado até mesmo como um problema de saúde pública, na medida que,
os dados até aqui analisado, atestam o crescimento dessa violência impactando assim a na
estrutura básica da sociedade que seria a família “A família, base da sociedade, tem
especial proteção do Estado” (Art. 226 CF/88).
Entendemos que, a partir do momento em que se estuda a violência contra a
mulher, podemos contribuir de alguma forma para tão emergenciais mudanças na nossa
cultura, pensamos em transformar o que já está enraizado historicamente na nossa
sociedade há milhares de anos, em busca de fazer uma completa “transformação” na
história e na sociedade atual, para tanto nos fundamentamos nos apontamentos da obra
clássica “ Gênero: Uma Categoria Útil Para A Análise Histórica” escrito por Joan Scott na
qual ela de defende com maestria a importância de trabalhos como nosso que buscam
também escrever uma “nova história” na qual a participação das mulheres, a sua inclusão e
porquê não sua defesa esteja no cerne das discussões “Não é exagerado dizer que por mais
hesitante que sejam os princípios reais de hoje, tal metodologia implica não só em uma
nova história das mulheres, mas em uma nova história” (SCOTT, 1995, p.4).
Por fim, acreditamos na função social da Ciências e seu impacto nas mudanças de
paradigmas historicamente construídos, acreditamos que através de nossas pesquisas
possamos “iluminar” as pessoas no sentido de tira-las do obscurantismo da violência de
gênero formando assim uma sociedade mais justa e igualitária e verdadeiramente livre para
todos e todas nós, concluímos assim exaltando aqui o nosso papel de cientistas, pois com
apontado pelo astrofísico Carl Sagan “A ciência , por si mesma, não pode defender linhas
de ação humana, mas certamente pode iluminar as possíveis consequências de linhas
alternativas de ação” (SAGAN, 2006, p.45),
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3. OBJETIVOS
Geral:
Comprovar a hipótese de que o isolamento social devido a pandemia de Covid-19
favoreceu o aumento de casos de violência contra a mulher.
Descobrir como e porque a violência conta as mulheres foi naturalizada.
Consequências para a sociedade como um todo em relação a esse grande e
possivelmente crescente número de casos de violência contra a mulher.
Específicos:
Analisar dados estatísticos e relatórios produzidos por órgão de Estado;
Focar no recorte temporal 2019/2020;
Destacar os casos de feminicídios em Mato Grosso do Sul.
3. METODOLGIA
O assunto aqui proposto se encaixa, por um lado, no âmbito da chamada “História
do tempo presente”, que tem ganhado destaque nos últimos anos entre pesquisadores e
pesquisadoras. A esse respeito, utilizamos indicações metodológicas contidas, por
exemplo, em Marc Bloch (2001) e em Chauveau & Tétard (1999).
Utilizamos ainda nesta pesquisa, fontes documentais, relatórios, dados estatísticos e
bibliográficas das áreas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
As fontes documentais foram acessadas via websites de agencias públicas e
Organizações Não Governamentais que disponibilizam farto acervo para consulta pública.
Dessa forma a partir dessas análises pudemos fazer um breve panorama sobre os
casos de feminicídio em Mato Grosso do Sul dentro do contexto da pandemia do COVID-
19.
4. DESENVOLVIMENTO
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sentido, ocorreu de forma maciça o isolamento social, fato que obrigou famílias inteiras a
restringirem sua mobilidade ao espaço domiciliar na tentativa de evitar a disseminação do
novo Coronavírus.
O fato acima ilustrado de forma resumida foi a tônica geral que marcou o ano de
2020, órgãos de saúde pública frisaram através da grande mídia a importância da
implementação dessas medidas, pois diante de uma doença nova na qual inicialmente
pouco se sabia e até bem pouco tempo não existia vacina para garantir a proteção da
população, o isolamento das famílias parecia ser a decisão mais acertada.
No entanto, para além da prevenção contra o contágio pela COVID-19, tivemos um
“efeito colateral” bastante importante também divulgado pela mídia que impulsionou
questionamentos por nossa parte e acabou desaguando no trabalho aqui desenvolvido que
seria a violência contra mulheres durante o ano pandêmico, ou seja 2020/2021, tendo como
foco o recorte geográfico do estado de Mato Grosso do Sul e com atenção especial aos
casos de feminicídios.
O feminicídio, do ponto de vista legal, foi tipificado apenas no ano de 2015 pela lei
13.104, de 9 de março de 2015, que qualificou o crime de feminicídio, alterando assim o
Artigo 121 do Código Penal, onde consta a seguinte redação:
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
§ 2º -A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino
quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Aumento de pena
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade
se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta)
anos ou com deficiência;
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.”
(NR)quando ele é cometido contra a mulher por razões da condição de
sexo feminino. Considera-se que há razões de condição de sexo
feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar e
menosprezo ou discriminação à condição de mulher (BRASIL, 2015)
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Brasil na qual lê-se no seu título “Violência contra mulheres cresce em 20% das cidades
durante a pandemia”.
A referida reportagem utiliza como fonte de dados principal uma pesquisa realizada
pela Confederação Nacional dos Munícipios (CNM), tivemos acesso aos dados dessa
pesquisa que traz informações diversas pertinentes aos impactos da pandemia nos
municípios, dentre os parâmetros analisados estava a situação das violências nas cidades
pesquisadas, desta maneira destacamos os dados referentes ao nosso objeto de estudo.
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pelo site Primeira Notícia. Essa problemática também foi noticiada pelo G-MS do dia
06/08/2020 que destacou o seguinte fato “ Feminicídios chegam a 22 apenas neste ano e
polícia faz ação para colocar agressores na cadeia em MS”.
As informações aqui citadas são convergentes quando cruzadas com dados e
relatórios por nós analisados e nesse sentido citamos as taxas de homicídios de mulheres e
feminicídios ocorridos entre 2020/2021 com destaque para Mato Grosso do Sul, para tanto
apontamos que:
120
100
80
60
40
20
0
2019 2020
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Figura 3: Número de homicídios com vítimas do sexo feminino e feminicídios em 2020 e
2021
Outro dado que destacamos diz respeito sobre as taxas de homicídios femininos e
feminicídios, por unidades da federação. Mato Grosso do Sul é o segundo estado em
números de feminicídios do Brasil, número que deixa claro o risco que as mulheres correm
em nossa sociedade, conforme tabela abaixo citada.
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Figura 4 – Número de homicídios e feminicídios por estados
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nossa hipótese inicial era que o contexto pandêmico teria influenciado os números
de violência contra a mulher, mais especificamente feminicídios, considerando que muitas
vezes os seus agressores são seus parceiros, com quem, devido ao isolamento social,
muitas mulheres passaram mais tempo junto, sem poder sair de casa para receber o apoio
necessário. Essa hipótese foi logo confirmada com a análise de relatórios e reportagens
sobre os casos de violência contra a mulher nos anos de 2020 e 2021.
Como objetivo futuro pretendemos aprofundar as discussões aqui esboçadas focando mais
especificamente na cidade de Dourados-MS, além de buscar compreender melhor a
divergência entre dos dados de assassinatos de mulheres quando comparados aos casos de
feminicídios.
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6. BIBLIOGRAFIA
Relatórios:
Anuário de Segurança Pública 2021
Mapa do Feminicídio Mato Grosso do Sul 2020
Nota Técnica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública: Violência doméstica durante a
pandemia de Covid-19
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7. ANEXOS
Documentos 3ª FICP
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