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ESCOLA SESI DOURADOS

A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NOS TEMPOS DE PANDEMIA DO


COVID-19 EM MATO GROSSO DO SUL

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Dourados, MS 2021

Beatriz Cassuci Lomba

Diego Correa da Silva


Fábio Araujo Gomes

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VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NOS TEMPOS DE PANDEMIA DO COVID-
19 EM MATO GROSSO DO SUL

Relatório apresentado para exposição de trabalhos na 3ª FICP – Feira da Iniciação


Científica no Pontal do Triângulo Mineiro, em Ituiutaba, Minas Gerais, sob orientação do
Prof. Fábio Araujo Gomes e coorientação do Prof. Diego Corrêa da Silva.

Dourados, MS 2021
AGRADECIMENTOS

Eu gostaria de prestar meu agradecimento a várias pessoas que me ajudaram ao


longo da pesquisa e sempre me incentivaram. Agradeço primeiramente todos os meus
professores que me acompanharam durante a minha trajetória, meu orientador e
coorientador, que foram essenciais para a realização dessa pesquisa e agradeço a minha
família, principalmente meus pais, que sempre me apoiaram nos estudos e na vida, para
que eu sempre tivesse as melhores oportunidades e conseguisse chegar até aqui.

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RESUMO

O trabalho aqui apresentado é fruto de pesquisas iniciais elaboradas no âmbito do


Programa de Iniciação Cientifica da Escola Sesi-Dourados que buscou esboçar os
apontamentos preliminares por nós elaborados sobre a “Violência contra a mulher nos
tempos de pandemia do Covid-19 em Mato Grosso do Sul” tendo como foco central os
casos de feminicídios.
Utilizamos como fontes principais relatórios e dados estatísticos elaborados por
órgãos do poder público, reportagens vinculadas nas mídias digitais além de bibliografias
que nos ajudaram a situar nosso objeto dentro de uma perspectiva da História do Tempo
Presente e nos estudos de Gênero com uma abordagem crítica adotada por pesquisadoras
feministas.
As análises dos dados nos permitiram afirmar que o isolamento social decorrente da
necessidade de frear a disseminação da contaminação pelo Corona Vírus contribuiu em
alguma medida para o aumento de casos de mortes violentas de mulheres e também de
feminicídios especialmente no ano de 2020, auge de pandemia que afligiu a sociedade em
nível global.
A nossa pesquisa não se finda com esse trabalho, pois a problematização do tema
nos abriu outros caminhos que iremos trilhar ainda no Programa de Iniciação da Escola
Sesi Dourados nos anos vindouros.

Palavras-chave: Feminicídio, Violência contra mulheres, Iniciação Científica.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 .............................................................................. 12

Figura 02 .............................................................................. 13

Figura 03 .............................................................................. 14

Figura 04 .............................................................................. 15

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
3. OBJETIVOS..................................................................................................................................... 10
3. METODOLGIA................................................................................................................................ 10
4. DESENVOLVIMENTO.................................................................................................................... 10
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................. 17
6. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................... 18
7. ANEXOS ____________________________________________________________19

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1. INTRODUÇÃO

“Que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria
substância, já que viver é ser livre”
Simone de Beauvoir
 
É notório que a violência contra a mulher não é simplesmente um problema recente,
considerando que ele já está enraizado na história da sociedade e se perdura desde milhares
de anos atrás. Segundo nossas pesquisas, a violência contra as mulheres já se manifesta
desde os primórdios da humanidade, onde as mulheres foram caladas, violentadas e
tiveram sua história esquecida, nesse sentido podemos nos basear em reflexões trazidas à
tona pela historiadora Ana Maria Colling “Esta maneira androcêntrica de identificar a
humanidade com os homens e de fazer das mulheres seres menores, a meio passo dos
homens e das crianças, é muito antiga – remontando à cultura grega (...)” (COLLING, p
12). Ademais, as mulheres sempre foram apresentadas como um sexo frágil, sorrateiro e
trapaceiro, de forma que esses ideais foram muitas vezes reforçados, inclusive pelo
discurso propagado pela Igreja Católica em textos como o clássico do século XVII o
Malleus Malificariun no qual os inquisidores comentavam sobre as mulheres daqueles
tempos, no referido livro.

E devemos apontar o defeito na formação da primeira mulher, que foi formada de


uma costela curva, isto é, a costela do peito, que se encontra encurvada, por assim
dizer, em direção contrária à do homem. E devido a este defeito é um animal
imperfeito, sempre engana. E fica claro, no caso da primeira mulher, que tinha
pouca fé; pois quando a serpente perguntou por que não comiam de todas as
árvores do Paraíso, ela respondeu: “De todas as árvores, etc..., não é que por
acaso morramos”. Com o qual mostrou que duvidava, e que tinha pouca fé na
palavra de Deus. E tudo isso é mostrado pela etimologia da palavra; pois Femina
provem de Fé e Menos, considerando que é muito débil para manter e conservar a
fé. (KRAMER; SPRENGER, 2010, p. 52)

No entanto, apesar dessa questão estar muito presente nos dias atuais, esse contexto
de violência e inferiorização da mulher já se dá a muito tempo. E é presente em vários
momentos da história, onde o papel da mulher era definido com base em conceitos
machistas e quando elas realizavam algum feito considerado “relevante” para a sociedade,
sua história era “apagada” e, até nos tempos atuais, é ainda, muitas vezes escondida e
esquecida. Nesse sentido destacamos que, esse trabalho vai na direção contrária daquilo

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que a História, durante muito tempo fez com as mulheres, ou seja, silencia-las dentro de
nossa sociedade como aponta a historiadora Ana Maria Colling:

A História sempre foi uma profissão de homens que escreveram a história dos
homens, apresentada como universal, na qual o “nós” é masculino e a história
das mulheres desenvolve-se à sua margem. Estes homens descreveram as
mulheres, foram seus porta-vozes, e com este procedimento as enclausuraram,
tornando-as invisíveis " (COLLING, p.12)

O ano de 2020 e 2021 foi marcado pela pandemia do Covid-19, que ocasionou
diversas outras questões além de apenas as infecções pelo vírus, como por exemplo a sua
possível influência no número de casos de violência contra a mulher. Segundo a
especialista Nathalia Schuengue em seu texto “Violência contra a mulher cresce durante
pandemia de Covid-19” para o site PEBMED, a violência conta a mulher aumentou, no
entanto, o número de denúncias diminuiu possivelmente dadas as circunstâncias de
isolamento.
Esse contexto não é especifico da realidade brasileira, pois pode ser percebido
também quando analisamos estudos, nos quais dados provenientes da Organização das
Nações Unidas apontam para um aumento global da problemática, que também é objeto de
nosso estudo, nesse sentido:

Segundo a ONU Mulheres (2020), países como Canadá, Alemanha, Espanha,


Reino Unido, Estados Unidos e França relataram aumento de casos de violência
durante os primeiros meses da crise do coronavírus. Outros países como Singapura,
Chipre, Argentina e Austrália também apresentaram aumento de solicitações de
ajuda em linhas telefônicas, com 33%, 30%, 25% e 40% a mais de ligações nesse
período, respectivamente. (Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no
Brasil - 3ª edição - 2021 p.7)

2. JUSTIFICATIVA:

“A história deve ser analisada não somente como um campo de dominação, manipulação e
destino, mas como lugar de luta, de resistência e transgressão(...)”Ana Maria Colling

Iniciamos aqui o nosso caminhar nas trilhas da iniciação científica e escolhemos


como nosso objeto de pesquisa a “Violência contra mulheres nos tempos de pandemia do
Covid-19 em Mato Grosso do Sul”. Tema que por um lado assenta-se nas reflexões da
historiadora Ana Maria Colling, que ilustrou a epígrafe deste texto, nesse aspecto

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congregamos da visão que estudar a violência de gênero é, em grande medida, um “ lugar
de luta, de resistência e transgressão” desta forma entendemos que trazer a tona dados
sobre a forma como as mulheres sofreram de maneira especial nessa pandemia acaba sendo
a nossa contribuição para seguirmos firmes, resistindo e sobrevivendo em uma sociedade
tomada pelo machismo e pautada pelo patriarcado.
Por outro lado, ainda, acreditamos que a produção de conhecimento baseado em
elementos e pressupostos científicos podem contribuir na maior conscientização das
pessoas, principalmente após a difusão dos resultados por nós alcançados.
Nesse sentido destacamos que além da violência ser nosso objeto de pesquisa o
tema tem sido encarado até mesmo como um problema de saúde pública, na medida que,
os dados até aqui analisado, atestam o crescimento dessa violência impactando assim a na
estrutura básica da sociedade que seria a família “A família, base da sociedade, tem
especial proteção do Estado” (Art. 226 CF/88).
Entendemos que, a partir do momento em que se estuda a violência contra a
mulher, podemos contribuir de alguma forma para tão emergenciais mudanças na nossa
cultura, pensamos em transformar o que já está enraizado historicamente na nossa
sociedade há milhares de anos, em busca de fazer uma completa “transformação” na
história e na sociedade atual, para tanto nos fundamentamos nos apontamentos da obra
clássica “ Gênero: Uma Categoria Útil Para A Análise Histórica” escrito por Joan Scott na
qual ela de defende com maestria a importância de trabalhos como nosso que buscam
também escrever uma “nova história” na qual a participação das mulheres, a sua inclusão e
porquê não sua defesa esteja no cerne das discussões “Não é exagerado dizer que por mais
hesitante que sejam os princípios reais de hoje, tal metodologia implica não só em uma
nova história das mulheres, mas em uma nova história” (SCOTT, 1995, p.4).
Por fim, acreditamos na função social da Ciências e seu impacto nas mudanças de
paradigmas historicamente construídos, acreditamos que através de nossas pesquisas
possamos “iluminar” as pessoas no sentido de tira-las do obscurantismo da violência de
gênero formando assim uma sociedade mais justa e igualitária e verdadeiramente livre para
todos e todas nós, concluímos assim exaltando aqui o nosso papel de cientistas, pois com
apontado pelo astrofísico Carl Sagan “A ciência , por si mesma, não pode defender linhas
de ação humana, mas certamente pode iluminar as possíveis consequências de linhas
alternativas de ação” (SAGAN, 2006, p.45),

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3. OBJETIVOS

Geral:
 Comprovar a hipótese de que o isolamento social devido a pandemia de Covid-19
favoreceu o aumento de casos de violência contra a mulher.
 Descobrir como e porque a violência conta as mulheres foi naturalizada.
 Consequências para a sociedade como um todo em relação a esse grande e
possivelmente crescente número de casos de violência contra a mulher.
 

Específicos:  
 Analisar dados estatísticos e relatórios produzidos por órgão de Estado;
 Focar no recorte temporal 2019/2020;
 Destacar os casos de feminicídios em Mato Grosso do Sul.

3. METODOLGIA
 
O assunto aqui proposto se encaixa, por um lado, no âmbito da chamada “História
do tempo presente”, que tem ganhado destaque nos últimos anos entre pesquisadores e
pesquisadoras. A esse respeito, utilizamos indicações metodológicas contidas, por
exemplo, em Marc Bloch (2001) e em Chauveau & Tétard (1999).
Utilizamos ainda nesta pesquisa, fontes documentais, relatórios, dados estatísticos e
bibliográficas das áreas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
As fontes documentais foram acessadas via websites de agencias públicas e
Organizações Não Governamentais que disponibilizam farto acervo para consulta pública.
Dessa forma a partir dessas análises pudemos fazer um breve panorama sobre os
casos de feminicídio em Mato Grosso do Sul dentro do contexto da pandemia do COVID-
19.

4. DESENVOLVIMENTO

A pandemia da Covid-19 trouxe inúmeros desafios para a sociedade contemporânea


em escala global; o distanciamento social, fechamento de escolas, os chamados
“lockdown” mudaram hábitos, posturas e maneiras de viver e nos relacionar. Nesse

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sentido, ocorreu de forma maciça o isolamento social, fato que obrigou famílias inteiras a
restringirem sua mobilidade ao espaço domiciliar na tentativa de evitar a disseminação do
novo Coronavírus.
O fato acima ilustrado de forma resumida foi a tônica geral que marcou o ano de
2020, órgãos de saúde pública frisaram através da grande mídia a importância da
implementação dessas medidas, pois diante de uma doença nova na qual inicialmente
pouco se sabia e até bem pouco tempo não existia vacina para garantir a proteção da
população, o isolamento das famílias parecia ser a decisão mais acertada.
No entanto, para além da prevenção contra o contágio pela COVID-19, tivemos um
“efeito colateral” bastante importante também divulgado pela mídia que impulsionou
questionamentos por nossa parte e acabou desaguando no trabalho aqui desenvolvido que
seria a violência contra mulheres durante o ano pandêmico, ou seja 2020/2021, tendo como
foco o recorte geográfico do estado de Mato Grosso do Sul e com atenção especial aos
casos de feminicídios.
O feminicídio, do ponto de vista legal, foi tipificado apenas no ano de 2015 pela lei
13.104, de 9 de março de 2015, que qualificou o crime de feminicídio, alterando assim o
Artigo 121 do Código Penal, onde consta a seguinte redação:

Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
§ 2º -A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino
quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Aumento de pena
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade
se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta)
anos ou com deficiência;
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.”
(NR)quando ele é cometido contra a mulher por razões da condição de
sexo feminino. Considera-se que há razões de condição de sexo
feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar e
menosprezo ou discriminação à condição de mulher (BRASIL, 2015)

Em levantamentos preliminares pudemos observar reportagens nas quais eram


estampadas a realidade que afligiu, e ainda aflige, as mulheres no período por nós
pesquisado, como por exemplo reportagem vinculada no dia 13/08/2021 pela Agência

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Brasil na qual lê-se no seu título “Violência contra mulheres cresce em 20% das cidades
durante a pandemia”.
A referida reportagem utiliza como fonte de dados principal uma pesquisa realizada
pela Confederação Nacional dos Munícipios (CNM), tivemos acesso aos dados dessa
pesquisa que traz informações diversas pertinentes aos impactos da pandemia nos
municípios, dentre os parâmetros analisados estava a situação das violências nas cidades
pesquisadas, desta maneira destacamos os dados referentes ao nosso objeto de estudo.

Figura 1 – casos de violência nos municípios e aumento na pandemia

Fonte: Pesquisa CNM – Covid-19 – Edição 21 – de 09 a 12/08

Em outra reportagem vinculada no website G1 de 07/06/2021 traz como manchete


“ Uma em cada quatro mulheres foi vítima de algum tipo de violência na pandemia no
Brasil, aponta pesquisa” essa reportagem utiliza como fonte uma pesquisa feita pelo
DataFolha que trouxe diversos dados sobre as violências que as mulheres brasileiras
sofreram em 2020, acreditamos ser pertinente destacar aqui o fato informado pelo G1 que
“as mulheres sofreram mais violência dentro da própria casa e os autores de violência são
pessoas conhecidas da vítima” informação fundamental para melhor compreendermos o
aumento de casos dentro do contexto do isolamento social.
Em Mato Grosso do Sul os números também apresentaram um acréscimo em 2020,
conforme noticiado em jornais locais como a manchete “Casos de violência doméstica
crescem 413% durante isolamento social em Campo Grande” publicada no dia 11/05/2021

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pelo site Primeira Notícia. Essa problemática também foi noticiada pelo G-MS do dia
06/08/2020 que destacou o seguinte fato “ Feminicídios chegam a 22 apenas neste ano e
polícia faz ação para colocar agressores na cadeia em MS”.
As informações aqui citadas são convergentes quando cruzadas com dados e
relatórios por nós analisados e nesse sentido citamos as taxas de homicídios de mulheres e
feminicídios ocorridos entre 2020/2021 com destaque para Mato Grosso do Sul, para tanto
apontamos que:

Figura 2: Tabela com número de mortes de mulheres em 2019 e 2020

Números relacionados à mortes de mulheres em 2019 e


2020 no Mato Grosso do Sul

120

100

80

60

40

20

0
2019 2020

Assasinato de mulheres Feminicídios


Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública

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Figura 3: Número de homicídios com vítimas do sexo feminino e feminicídios em 2020 e
2021

Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021

Outro dado que destacamos diz respeito sobre as taxas de homicídios femininos e
feminicídios, por unidades da federação. Mato Grosso do Sul é o segundo estado em
números de feminicídios do Brasil, número que deixa claro o risco que as mulheres correm
em nossa sociedade, conforme tabela abaixo citada.

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Figura 4 – Número de homicídios e feminicídios por estados

Fonte: Mapa feminicídio

Um aspecto importante a ser comentado diz respeito as diferenças entre os casos de


“homicídios femininos” e “feminicídios” elemento que traz à tona o seguinte
questionamento “Por que existe essa discrepância entre esses dois dados?” e para
respondermos isso com clareza cabe um aprofundamento futuro em nossas pesquisas.
Contudo levantamentos preliminares, parece nos dar alguns direcionamentos que apontam
para as seguintes hipóteses: 1) A falta de uma real aplicabilidade da lei do feminicídio
pelas autoridades competentes, que na instauração do inquérito policial não utilizam esse
parâmetro para o enquadramento do autor. 2) A cultura patriarcal e machista que, ainda
hoje, permeiam as instâncias judicias brasileiras dificultando a aplicabilidade dessa
legislação. 3) Como a legislação é relativamente nova, falta a conscientização do poder
público sobre a necessidade dessa legislação.
Desta maneira, faz-se necessário de nossa parte buscarmos mais elementos para a
fundamentação dessas possibilidades, contudo o foco dessa pesquisa nos parece ter sido
alcançado na medida que, os dados aqui apresentado e por nós até aqui analisados nos
qualificam para afirmarmos que o isolamento social implementado em função da crise
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sanitária do Coronavírus, contribuiu para o aumento de casos de feminicídios em Mato
Grosso do Sul, podemos observar que esse fenômeno tornou nosso estado mais inseguro
para mulheres que, mesmo recolhidas em seus lares, foram mortas com ainda mais
frequência por companheiros, esposos, namorados e familiares.
O nosso trabalho não se encerra por aqui, tendo em vista inúmeras possibilidades de
análises que nosso objeto, em grande medida nos impôs, inspirando-nos para trilharmos
mais caminhos em busca da construção de conhecimento sobra as mazelas e violência que
mulheres e meninas estão expostas tão próxima à nós. É nossa responsabilidade social,
mais que dar voz às vítimas dar ouvidos a essa agonias e sofrimentos difundindo para além
de dados as dores que vitimizam nossas mulheres contribuindo assim para um futuro livre
das violências de gênero.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme já mencionamos em outros momentos neste trabalho, a pandemia de


covid-19 e o consequentemente o isolamento social, causou o aumento no número de
feminicídios além do aumento de outros dados no que tange a violência contra a mulher,
situação presente no Brasil e também em outras partes do mundo. O foco de nosso projeto
foi a ampliação de casos de feminicídio em Mato Grosso do Sul, e dentro disso
constatamos que o nosso estado tem a 2ª maior taxa de feminicídio do Brasil.

Nossa hipótese inicial era que o contexto pandêmico teria influenciado os números
de violência contra a mulher, mais especificamente feminicídios, considerando que muitas
vezes os seus agressores são seus parceiros, com quem, devido ao isolamento social,
muitas mulheres passaram mais tempo junto, sem poder sair de casa para receber o apoio
necessário. Essa hipótese foi logo confirmada com a análise de relatórios e reportagens
sobre os casos de violência contra a mulher nos anos de 2020 e 2021.

Verificamos também, quando analisados os casos de assassinato de mulheres e


feminicídios, que ainda há uma grande discrepância entre esses números, o que nos levou a
indagarmos e a pensar o motivo, nos levando ainda a hipótese de que os números de
feminicídio não estariam sendo contabilizados e classificados corretamente de acordo com
o que preconiza a legislação que versa sobre o que vem a ser feminicídio diferenciando-o
do assassinato de mulheres.

Como objetivo futuro pretendemos aprofundar as discussões aqui esboçadas focando mais
especificamente na cidade de Dourados-MS, além de buscar compreender melhor a
divergência entre dos dados de assassinatos de mulheres quando comparados aos casos de
feminicídios.

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6. BIBLIOGRAFIA

BRASIL, Presidência da República. Lei nº 13.104, de 9 de março de 2015. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/Lei/L13104.htm>. Acesso em:
20 de agosto de 2021.
BLOCH, Marc. Apologia da História, ou O ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Zahar,
2001.
CHAUVEAU, A.; TÉTARD, Ph. (Org.). Questões para a história do presente. Bauru:
Edusc, 1999.
COLLING, Ana Maria. Tempos diferentes, discursos iguais a construção do corpo
feminino na história. Dourados, MS: Ed. UFGD, 2014.
KRAMER, Heinrich; SPRENGER, James. O Martelo das Feiticeiras (Malleus
Maleficarum). Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2010.
PERROT, Michelle. Os excluídos da história. São Paulo, Editora Contexto, 2017.
SAGAN, CARL. O mundo assombrado pelos demônios. São Paulo, 1ª ed. Companhia das
Letras, 2006.
SCOTT, Joan Wallach. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação &
Realidade. Porto Alegre, vol. 20, nº 2, jul./dez. 1995, pp. 71-99. Disponível em
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/185058/mod_resource/content/2/GêneroJoan
%20Scott.pdf Acesso em 23 de julho de 2021.

Relatórios:
Anuário de Segurança Pública 2021
Mapa do Feminicídio Mato Grosso do Sul 2020
Nota Técnica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública: Violência doméstica durante a
pandemia de Covid-19

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7. ANEXOS

 Documentos 3ª FICP

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