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1) IDENTIFICAÇÃO:

Título do artigo: Câncer de mama e sofrimento psicológico: Aspectos


relacionados ao feminino
Nome do autor(es): Lucia Cecilia da Silva
Fonte de publicação do texto: SILVA, Lucia Cecilia da. Câncer de mama e
sofrimento psicológico: Aspectos relacionados ao feminino. Psicologia em
estudo. V. 13, n. 2, p. 231-237, Abr/Jun, 2008. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pe/a/Nt9QhBh3Z6T9pY8hRTgQVjQ#. Acesso em 18 de
novembro de 2023.

2) DESCREVER O PROBLEMA ENFOCADO NO TEXTO:


O presente artigo tem o objetivo de levantar alguns pontos de reflexão no
que se relaciona aos significados culturais da doença e do significado do seio
enquanto ícone da identidade feminina.

3) APONTAR EM ITENS OS OBJETIVOS DO AUTOR:


Compreender os significados culturais do câncer de mama;
Analisar a compreensão da mama enquanto ícone da identidade feminina.

4) RELACIONAR OS PRINCIPAIS ASSUNTOS:


O conceito de câncer de mama;
Tipos de tratamento;
A perspectiva biopsicossocial da mulher;
O contexto cultural do câncer de mama;
Câncer de mama e a identidade feminina;

5) RELACIONAR OS ARGUMENTOS DE APOIO:

O conceito do câncer de mama:


Os cânceres ou neoplasias malignas são as que mais acometem
mulheres no Brasil e no mundo, sendo o câncer de mama o segundo maior entre
as mulheres que, a partir dos 35 anos, a incidência cresce rápida e
progressivamente.
O câncer de mama é considerado de bom prognóstico se identificado nos
estágios iniciais. No entanto, no Brasil, 60% dos diagnósticos são de cânceres
em estágios avançados (III e IV), por isso o número de mastectomizadas
realizadas no país é considerado alto. Em tais condições observa-se uma
diminuição das chances de sobrevida, comprometimento dos resultados do
tratamento e, consequentemente, perdas na qualidade de vida das pacientes

Tipos de tratamento
O tratamento primário do câncer é a mastectomia, sendo a mastectomia
radical modificada a mais frequente, pois remove toda a mama e os linfonodos
axilares. Além da mastectomia, tratamentos complementares são geralmente
necessários, tais como: a radioterapia, a quimioterapia e a hormonioterapia.
A definição do tratamento é realizada embasando-se da idade da
paciente, o estágio da doença, características do tumor, medidas da capacidade
de proliferação do tumor, receptores hormonais, situação da menopausa e dados
clínicos da saúde da mulher em geral.

A perspectiva biopsicossocial da mulher


O artigo realiza uma reflexão sobre a importância de uma visão
biopsicossocial que vem sendo utilizada pela medicina no tratamento do câncer
de mama. Ou seja, tornou-se importante a investigação das relações existentes
entre os fatores psicossociais, a incidência, a evolução, a remissão e o
tratamento da doença.
Pesquisas afirmam que, ao receber o diagnóstico de câncer de mama, as
mulheres podem ter sentimentos de raiva, angústia, sofrimento e dor,
caracterizado pela visão do câncer como uma ‘sentença de morte’, ameaçando
a integridade biopsicossocial da mulher.
Além do diagnóstico, o tratamento repercute no entendimento do que se
refere à identidade da mulher, seja com a perda da mama ou demais efeitos
colaterais do tratamento como perda de cabelo, a parada ou irregularidade
menstrual e infertilidade. Além disso, as representações de dor insuportável, de
mutilações desfigurantes e de ameaça de morte não desaparecem com a
retirada do tumor, pois há sempre o fantasma da metástase e da recorrência.

O contexto cultural do câncer de mama


Ainda que a mulher seja social e culturalmente mais estimulada a
compartilhar, integrar e socializar experiências, o contexto cultural do câncer de
mama ‘impede’ que tais vivências sejam compartilhadas. Para compreender
esse fenômeno, é importante analisar a história do câncer no Brasil e no mundo.
No século XIX e primeiras décadas do século XX, o câncer era
considerado contagioso e associado a falta de limpeza, a sujeira física e moral,
principalmente para as mulheres, que a doença era resultado dos ‘pecados e
vícios’, em especial nas práticas sexuais, no qual o sexo oral era considerado a
causa principal para o acometimento do câncer entre as mulheres,
principalmente em relações afetivas homossexuais ou bissexuais. O câncer era
considerado um castigo através do qual o doente poderia alcançar sua redenção,
a libertação dos pecados caso conseguisse suportar com resignação o
sofrimento causado pela doença.
Durante os anos 30 e 40, a argumentação de cunho moral continua em
evidência, porém, mesclando-se com hipóteses novas advindas da observação
da vida moderna nas grandes cidades brasileiras que começam a se
industrializar, como o contato excessivo com geladeiras elétricas, gases
liberados por motores etc. Tal discurso, acompanhado de práticas higienistas,
norteava as ações dos órgãos de saúde pública.
A partir da década de 50, houve grande avanço no tratamento longitudinal
para pessoas com câncer. A noção moralizadora do câncer como castigo que
repara o pecado foi sendo gradativamente substituída, mas não integralmente,
pela noção de que a doença expressa o caráter do paciente, ou seja, pessoas
com câncer apresentariam personalidades estabelecidas anteriormente.
Apenas a partir da década de 70 começou-se a falar publicamente sobre
o câncer de mama enquanto fatores biológicos.

Câncer de mama e a identidade feminina


O artigo aponta que, segundo estudos, a primeira preocupação da mulher
e da família após o diagnóstico é o medo de não sobreviver, em seguida surgem
as preocupações em relação ao tratamento e condições financeiras para arcar
com os respectivos gastos. Estudos prospectivos que avaliaram a qualidade de
vida de mulheres submetidas à mastectomia demonstraram que elas sentiram
piora não só na imagem corporal, mas também na vida sexual, limitações no
trabalho e até mesmo mudanças nos hábitos e atividades de vida diária.
Foi verificado também que as mulheres apresentam o interesse sexual
diminuído, por causa dos efeitos secundários do tratamento, como menopausa
precoce, diminuição da libido e alteração na produção de hormônios sexuais, o
que torna o ato sexual doloroso, além de diminuir a excitação e inibir o orgasmo.
Além disso, ao receber a notícia de que, a partir da mastectomia, a mulher
perderá a mama, lugar privilegiado das representações culturais de feminilidade,
sexualidade e maternidade, é percebido o sentimento de ameaça da identidade
feminina, sentimento que fundamenta a existência da mulher.

6) LISTAR OS ITENS DO MÉTODO:


Trata-se de uma pesquisa teórica, o qual é realizado um levantamento
bibliográfico.

7) LISTAR OS RESULTADOS PRINCIPAIS:


Como resultados principais do levantamento de dados, observou-se a
etiologia do câncer de mama, a história do câncer e os impactos socioculturais
para a representação social do câncer perante pessoas diagnosticadas e
pessoas não diagnosticadas, além de buscar compreender o impacto na
identidade feminina da mulher.

8) RESUMIR AS CONCLUSÕES DO AUTOR:


As autoras concluíram que, apesar das mulheres serem socialmente
instruídas a falar mais sobre os sentimentos e vivências, devido ao contexto
histórico e cultural da representação do câncer, o tema não é facilmente
abordado. Além disso, questões ligadas à feminilidade do existir da mulher estão
diretamente conectadas à perda da mama. O sofrimento psicológico da mulher
que passa pela circunstância de ser portadora de um câncer de mama e de ter
de acolher um tratamento difícil, como vimos, transcende ao sofrimento
configurado pela doença em si. É um sofrimento que comporta representações
e significados atribuídos à doença ao longo da história e da cultura e adentra as
dimensões das propriedades do ser feminino, interferindo nas relações
interpessoais, principalmente nas mais íntimas e básicas da mulher.

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